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O POVO FALA: A RENÚNCIA DE BENTO XVI (PAG. 11) Cachoeira - Bahia Abril de 2013 Edição

66 Cachoeira festeja Iemanjá e Santo Amaro a Purificação

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Fieis, simpatizantes e admiradores formaram um manto branco em Cachoeira para a tradicional celebração à Rainha do Mar, que acontece sempre no primeiro domingo após o 2 de fevereiro. Participaram dos festejos terreiros de Cachoeira e de cidades da região, como São Félix, Muritiba, Maragogipe, Governador Mangabeira, Cruz das Almas e Santo Amaro, onde também teve festa para Nossa Senhora da Purificação (páginas 6 e 7).

Região vai ter unidade dos Bombeiros (pag. 3)

Foto: Drielle Costa

Cachoeira sedia torneio de futebol de base (pag. 5) Foto: Rodrigo Daniel Silva

Foto: Maeli Souza

A festa atraiu muita gente e mostrou a força do sincretismo baiano (Foto: Roquinaldo Freitas)

SEU BAIRRO: Curiachito, lugar de festas e muito geladinho (pag. 9)


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OPINIÃO

CARTA AO LEITOR Semestre novo, turma nova: nosso Reverso volta a circular, mais uma vez como jornal laboratório da turma de quarto semestre para a disciplina Jornalismo Impresso I. Como sabemos, com perfil essencialmente factual, buscando uma cobertura informativa e o mais ágil possível dos fatos relevantes para as comunidades de Cachoeira e São Félix. Isso, sem deixar de estender nossa atenção ao entorno deste Recôncavo tão expressivo e rico em histórias e patrimônios concretos e imateriais. Claro, sempre à mercê de um calendário acadêmico que expressa os tempos e contratempos próprios à academia, o que muitas vezes implica em atrasos ou defasagens entre o momento em que nossa equipe de repórteres-estudantes vai a campo em busca da notícia e quanto finalmente este trabalho é apresentado aqui, nas páginas impressas do nosso jornal laboratório. Pois se é justamente isto o que ele é, um jornal laboratório, tem na experiência de aprendizagem prática por parte dos nossos futuros jornalistas o seu primordial e mais importante compromisso. Isto alcançado, nossa missão está orgulhosamente cumprida! Então viva, estamos de volta! Péricles Diniz

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Como manda o figurino

Se a vida imita a arte e a atuação se dá conforme o figurino, os blocos de rua, cortejos, bailes e agremiações carnavalescas entram em cena para demonstrar que no carnaval, tudo é espetáculo. A transversalidade dessa festa de forte apelo popular e características distintas a cada localidade assinala a fantasia (vestimentas, alegorias, adereços e abadás), como um dado substancial da cena carnavalesca. E não se trata aqui, de apontar isoladamente, a dimensão lúdica de personagens presentes na incorporação da cena festiva, tal qual o pierrô e a colombina, mas de perceber as implicações do figurino na construção das novas formas de sociabilidade, em que a aparência instaura o teatro moderno das relações socioculturais. O carnaval é em si, uma festa com forte cunho libertário. Historicamente atrelada a comemorações regadas a muita bebida, comida, música e dança, a permissividade aos deleites da carne era um aspecto circunstancial da festa, onde até mesmo alguns abusos eram mais tolerados e em certo grau a ordem era transgredida. No palco dessas festividades, os foliões representavam papéis distintos, por ora, potencializados pelo uso de máscaras, adereços e fantasias. Nesse contexto, em que a festa tomava o espaço público como arena simbólica de comemorações, a segregação sociocultural também estava presente em cena, na medida em que os movimentos considerados inferiores eram proibidos de desfilar em locais nobres da cidade. Imbuída de uma função lúdica e alegórica, a fantasia marca contextos socioculturais singulares e ao longo do tempo se constitui como instrumento de identificação, autoafirmação, transgressão e artisticidade. Luiz Lasserre Jornalista

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Reitor da UFRB Prof. Dr. Paulo Gabriel S. Nacif Diretora do CAHL Profa. Dra.Georgina Gonçalves Coordenação Editorial Prof. Dr. Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Editor Prof. Dr. J. Péricles Diniz Redatora Fabiana Dias Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz

Reginaldo Silva

Muito escutamos dizer que vivemos numa sociedade “doente”, metáfora repetida a torto e a direito, a cada novo fato decorrente da violência urbana – e são tantos e cada vez mais negativamente surpreendentes. A informação de que uma terrível e superresistente bactéria (KPC) mata doentes em hospitais, e que pode fazer estragos se não for controlada, para além de adicionar um ingrediente a mais de temor a arregalar as

No carnaval baiano o uso dos abadás e a conformação dos blocos instaura em certa medida, a lógica do grupo e o desejo de “estar junto”, mas também reitera a divisão de classes sociais, demarcando espaços privilegiados na festa. O espaço público é tomado pela hegemonia de camarotes e dos blocos particulares com seus padrões fenotípicos e socioeconômicos. A separação do folião-pagante do folião-pipoca é demarcada pelo uso de fantasias e pela prática de isolamento desse coletivo por cordas. O abadá é assim o passaporte para a folia e essa configuração da festa repercute drasticamente sobre o caráter democrático e popular do carnaval. Já a fantasia dos blocos afros e afoxés salientam o desejo de afirmação dos movimentos negros, historicamente reprimidos e segregados, exibindo anualmente desfiles caracterizados pela estética negra. Nessa miscelânea de cores e ritmos, surge o tapete branco do Afoxé Filhos de Gandhy, simbolizando a paz, sendo um candomblé dessacralizado que leva para as ruas um cortejo sob a cadência dos atabaques e agogôs. As vestimentas e os adereços que reforçam o sincretismo cultural presente na emblemática performance do bloco em seus desfiles, fazendo referências a cultura pregada por Gandhi e as tradições da religião de matriz africana. Resignificada ao longo do tempo, a fantasia do Afoxé Filhos de Gandhy é atualmente um forte atributo de sedução para os mais de 16.000 associados. A troca de colares por beijos, já se tornou uma tradição que embala a festa, chegando mesmo a concorrer com o

INEDITORIAL

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Secretário de Obras e Meio Ambiente garante Corpo de Bombeiros em Cachoeira Wagner Santana

Vanhise Ribeiro Jornalista foco principal dessa agremiação. O apelo à irreverência e a criatividade é feito pelas Muquiranas, primeiro bloco de travestidos do carnaval de Salvador, reunindo foliões fiéis que protagonizam a transgressão e a ousadia e que fazem da fantasia um convite à diversão. Já no bloco Os Mascarados, os foliões se permitem escolher a fantasia e encarnar o personagem apelando para o exótico, o criativo e o espontâneo. Ao resgatar a artisticidade e a alegoria dos antigos carnavais, o bloco abre alas para diversidade e transgressão, sendo atualmente um dos desfiles mais democráticos do carnaval de Salvador. Nele, a fantasia faz o bloco e a pluralidade toma conta do desfile. Nota-se que no carnaval a fantasia se constitui como um instrumento de mediação e potencialização da aparência dos indivíduos, demonstrando que não basta participar da cena é preciso o figurino adequado para entrar nela e se colocar em evidência.

De polícia e antibióticos

nossas pupilas bombardeadas por más notícias, pode também servir de elemento para um (livre) raciocínio sobre causas do estado de coisas em que nos encontramos imersos. O principal fator detectado pelos cientistas para o surgimento das superbactérias hospitalares é o uso indiscriminado de antibióticos pela população, típico caso em que o remédio exagerado favorece a doença. Nesta perspectiva – pegando carona na recorrente figura da “sociedade doente” – podemos enxergar nas ações policiais (no País, de modo geral, e na Bahia, especificamente) correspondência com o problema gerado pelo mal uso dos medicamentos no caso das preocupantes infecções nas UTIs e enfermarias. Se a criminalidade é uma “moléstia social”, cabe examinar se o “remédio” ministrado pelo Estado está surtindo os efeitos desejados no “enfermo”. A julgar pela receita mais comum – repressão policial em doses cavalares – estamos diante de um tratamento altamente agressivo, que põe em risco a saúde do organismo. E que pode, como no caso dos antibióticos, gerar focos ultrarresistentes do mal. Um estudo de dados mostra que somente em 2010, as nossas polícias Militar e Civil mataram 221 pessoas em operações no Estado. Em 2009, foram 402 óbitos – 34% a mais que em 2008 (298 mortos). Em três anos, as instituições que têm o dever de garantir a lei e a ordem, obedecendo o preceito primordial da Constituição Federal do direito à vida, mataram 1.130 pessoas. em atos com respaldo jurídico: em todas as ocorrências os mortos teriam revidado e foram aba-

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tidos. Trata-se de instrumento legal amplamente utilizado e lavrado em delegacias, sob o título de “auto de resistência”. Antes que os “realistas” de plantão vejam neste raciocínio traços de ingenuidade diante da escalada de crimes que põem em risco nossas famílias e patrimônio ou, pior, mais um discurso perigoso e teórico do que chamam pejorativamente de “turma dos direitos humanos”, vale um alerta: a escalada de ações letais da polícia vem sendo proporcional à aura de insegurança expressa em ações cada vez mais ousadas, cruéis e indiscriminadas dos bandidos. Afinal de contas, as gerações que crescem vendo pais e vizinhos tratados como gente de última categoria, alvos de revistas arbitrárias, xingamentos, tapas e tiros estão sendo muito bem educadas para reproduzir tanta violência. A verdade é que as polícias humilham, matam e ninguém está seguro. Se o ato mais extremo (matar) durante as ações policiais está neste patamar, não é difícil imaginar que muitas outras violências com o aval do Estado – espancamentos, invasões de domicílios, torturas e que tais nas madrugadas, em barracos da periferia e blitzes em ruas desertas – façam mais atual que nunca o verso de Gil e Caetano na canção Haiti: “Ninguém é cidadão”. Assim como no caso das bactérias, auxilia muito a compreensão de que atacar os sintomas da doença, em vez de tratar das causas, pode deixar o paciente moribundo. Antibióticos e polícia são importantes e necessários. Mas desde que usados com inteligência e sabedoria.

A cidade de Cachoeira vai contar com uma unidade do corpo de bombeiro ainda este ano, segundo assegura o secretário de Obras e Meio Ambiente, Emadei Dayube Filho. O projeto também prevê a instalação de hidrantes em pontos estratégicos da cidade. Para o secretário, contudo, esta medida ainda não é suficiente para manter a segurança da população. Ele defende que os governos federal e estadual deveriam destinar maiores recursos à cidade, já que é um município tombado. “Deveria haver uma diferenciação no repasse das verbas. Esse repasse é feito somente pelo número de habitantes e não corresponde aos gastos necessários para preservar o patrimônio histórico da cidade”, afirmou.

Foto: Drielle Costa

O grupamento dos Bombeiros mais próximo está há 67 km de Cachoeira

Risco A região atualmente sofre com o risco de incêndios. Segundo o grupamento do corpo de bombeiros de

Santo Antônio de Jesus, a distância e a falta de hidrantes são os maiores obstáculos. A demora para que uma unidade do grupamento se desloque até Cachoeira, por exemplo, varia entre uma e duas horas.

CIDADE

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Em caso de emergência, o princípio de incêndio deve ser controlado com o uso de extintores adequados – à base de água, gás carbônico (CO2) e pó químico – e o disque 193 dos bombeiros deve ser acionado imediatamente. O comerciante José Ribeiro, 62, proprietário da Ótica Paraguaçu, reclama do grande risco à sua propriedade. “É uma grande irresponsabilidade do poder público. O corpo de Bombeiros em Feira de Santana não é suficiente para a segurança da cidade”, criticou. “Sinto-me mais seguro com o Corpo de Bombeiros em Cachoeira. A insegurança é grande, principalmente porque a maioria das construções tem muita madeira e fica muito próxima uma das outras”, afirmou José Carlos, 42, proprietário do Stillo Moveis.

Rio Paraguaçu é limpo em São Félix Matheus Buranelli

No último mês de fevereiro, a prefeitura de São Félix iniciou o serviço de limpeza do Rio Paraguaçu, que deve levar entre 15 dias a um mês para ser finalizado. A retirada da lama e transporte dos dejetos ficou a cargo da empresa terceirizada JM Construtora, mesma que anteriormente prestou este serviço à Cachoeira. Desde o início de fevereiro, a equipe tem trabalhado seis dias por semana . Segundo o operador de retro-escavadeira Jocimar dos Santos, 26 anos, há anos o rio só era limpo com a água que descia da

barragem. Dessa vez foi feita a retirada da lama e lixo depositados à margem. Até mesmo uma cobra já foi encontrada. Os detritos são deixados num terreno baldio disponibilizado pela prefeitura. Além dos benefícios sanitários, a limpeza do rio também torna o lugar mais agradável. Cícero Sampaio, 35 anos, mora em Salvador e aproveitou sua folga de carnaval para visitar São Félix. “O rio estava mesmo precisando disso. Vai ficar bem melhor agora”, sublinhou o visitante.

Foto: Jenypher Pereira

Dezenas de caçambas de lixo foram retiradas de dentro do Paraguaçu


4 CIDADE Cachoeirano conserta quase todos os eletrodomésticos por R$ 10 CACHOEIRA | BAHIA Abril 2013

Foto: Janaina Rayberg

André Luís Martins da Costa é um cachoeirano que há 23 anos conserta vários eletrodomésticos por preços muito baixos.

Ele aprendeu a profissão nas aulas de Artes Industriais que eram ministradas pelo professor Raimundo Cerqueira, no Colégio Estadual da Cachoeira. Em sua época de escola, descobriu que aquela era a profissão que queria seguir. Trabalhou por algum tempo na Odebrecht e no Banco Econômico, mas voltou a prestar esse serviço porque sentia falta. Clientela fixa

A placa, na entrada da oficina, mostra a versatilidade do artista em consertos

Lívia Milenna canta Canções para Maria e relança Olhos de Pagu Alissandro Lima

Para André, versado em artes industriais, o preço baixo e a qualidade do serviço mantêm clientela fixa e fiel Paloma Teixeira

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As lojas especializadas no conserto de eletroeletrônicos costumam cobrar preços altos, fazendo com que a maioria desses equipamentos seja descartada, já que, para boa parte dos consumidores, seria mais

vantajoso adquirir um novo produto. André tem uma grande clientela fixa e alguns vêm de várias cidades em busca do seu serviço, inclusive de Salvador. Segundo ele, a maioria é de mulheres que trazem sempre chapinhas e secadores, pois são produtos que dão defeito com facilidade. Geralmente cobra R$ 10 pela mão de obra, mas, dependendo do trabalho, o preço pode variar, emnora isso não seja comum. “O dinheiro é muito pouco. Trabalho aqui porque gosto. No início teve uma fase boa, agora é por amor. Mesmo se eu ganhar na loto vou continuar aqui”, declarou. Para auxiliar na renda mensal, ele faz viagens de barco pelo Rio Paraguaçu, levando turistas para passeios

Com 12 anos de carreira, a cantora santamarense Lívia Milenna realizou seus primeiros shows, este ano, através do projeto intitulado de Canções para Maria. No espetáculo, ela interpreta músicas que remetem ao universo das Marias, que protegem e conduzem milhões de brasileiros. O repertório foi construído com canções que marcaram épocas e se tornaram hinos nacionais, como Nossa Senhora, Maria Maria e Baião da Penha. Segundo a cantora, as músicas foram escolhidas após pesquisas e sugestões de amigos e familiares. O show também é composto por canções que foram sucessos nas vozes de interpretes e compositores como Maria Betânia, Caetano Veloso e Luiz Gonzaga. Ainda são apresentados durante o espetáculo poesias de Vinicius de Moraes e Ariano Suassuna, que fazem menção a nossa senhora. Misturas rítmicas são as marcas desse espetáculo, que mistura samba com jazz e rock roll com reggae. A música Let it Be dos Beatles foi uma das canções que teve sua ritmia modificada, sendo interpretada em reggae. Segundo Lívia, músicas como Ave Maria no Morro, canção de Herivelton Martins e interpretada por Dalva de Oliveira, são impossíveis de se mudar devido à sua significação para o pu-

blico, por isso algumas não sofreram mudanças, como Mãe da Manhã de Gilberto Gil e Minha Nossa Senhora de Fátima Guedes. A direção do espetáculo é assinada por Márcio Valverde, compositor de canções gravadas por Maria Betânia, Roberto Mendes e Tereza Cristina. Além da direção musical, Márcio integra a banda que acompanha Lívia nessa viajem por diversas épocas da nossa música popular. A cantora revelou que nos próximos dois meses estará realizando shows do projeto que já se encontra em fase de captação de recursos para se tornar um DVD. Segundo Lívia está é a melhor maneira de se amadurecer o projeto até o seu registro final. Além do projeto Canções para Maria, a cantora também está relançando este ano o seu CD Olhos de Pagu. Na obra, a cantora trabalha o universo feminino por diversas perspectivas, a partir de letras de um ponto de vista masculino, de um ponto de vista feminino e de um ponto vista hibrido. O CD possui 14 canções de compositores, como Roberto Mendes, Jorge Portugal, Jota Veloso e Márcio Valverde. Uma das marcas desse trabalho são os vários ritmos interpretados pela cantora e as temáticas trabalhadas nas canções que compõe a obra, como a música Geledés que fala da postura da mulher negra no século XXI.

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ESPORTES

Cachoeira sedia Copa de Futebol de Base Roquinaldo Freitas No mês de fevereiro último, os portões do estádio 25 de Junho foram abertos para a II Copa de Futebol de Base de Cachoeira. A competição reuniu oito times nas categorias sub-15 e sub-17 das localidades de Cachoeira, São Félix, Armargosa, Santo Antônio de Jesus e Salvador. Os times foram divididos em dois grupos, com os melhores de cada grupo se enfrentando nas semi-finais e decidindo assim quem passaria à grande final e quem disputaria a terceira e quarta colocação. A entrada franca estimulou a presença da torcida, que participou ativamente durante toda a semana, marcando o ritmo das partidas nas arquibancadas e incentivando os jogadores em campo. Para Antônio Ribeiro de Souza, 41 anos, foi a oportunidade de conhecer pela

primeira vez o estádio. Natural de Cruz das Almas, ele veio prestigiar o campeonato. “É importante dar oportunidade para os meninos e uma forma de lazer para a cidade, eu como sou motorista e tô sempre viajando não pude acompanhar todas as partidas, mas se pudesse estaria aqui a semana toda com certeza”, disse.

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Fotos: Rodrigo Daniel Silva

Integração Para José Carlos, 42 anos, técnico da equipe São Gonçalo de São Félix (vice-campeã do torneio na categoria sub-15), o esporte é de fundamental importância na vida desses jovens como um meio de integração social e prevenção à criminalidade. José Carlos disse que realiza um trabalho de prevenção contra as drogas com 90 jovens de São Félix e região, por intermédio de atividades dentre diversas mo-

Fotos: Lorena Soares

A prática de esportes, como o futebol, tem contribuído para o desenvolvimento de jovens , que assim ganham alternativas saudável às drogas

Os garotos da seleção sub-15 e sub-17 de Cachoeira mostraram categoria durante a II Copa de Futebol de Base

dalidades esportivas como o futebol, voleibol, capoeira etc. A Prefeitura de Cachoeira, de acordo com o prefeito Carlos Pereira, apoia a prática esportiva na cidade. “Estamos fazendo um trabalho de incentivo nas escolinhas de futebol, com 15 agentes esportivos, visando aproximar os jovens do esporte. A Copa de Futebol de Base de Cachoeira é apenas o primeiro de vários projetos voltados para o esporte”, salientou. Na final da categoria sub-17, o time da casa enfrentou o Geração de Craques de São Félix (Afiliado ao Vitória de Salvador) e, jogando com o regularmento no bolso, administrou o empate em 0x0 consagrando-se campeã, tendo fei-

Por ter feito a melhor campanha, o time sub-17 enfrentou o Geração de Craques de São Félix com o regulamento no bolso, garantindo o empate

to a melhor campanha durante o campeonato. O jovem Igor Lopez da Silva, 17, eleito a revelação do campeonato, destacou: “Só tenho

que agradecer ao apoio da minha família, agradecer também ao pessoal que organizou a competição, ao professor e meu time.”


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REPORTAGEM

Festejos a Iemanjá animam fevereiro em Cachoeira

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Festa da Purificação é tradição em Santo Amaro

Naiara Moura Fieis, simpatizantes e admiradores formaram um manto branco em Cachoeira para a Festa de Iemanjá, realizada no dia 3. A tradicional celebração à Rainha do Mar acontece sempre no primeiro domingo após o 2 de fevereiro. Participam dos festejos terreiros de Cachoeira e cidades da região, como Santo Amaro, São Félix, Muritiba, Maragogipe, Governador Mangabeira e Cruz das Almas. Balaios pomposos chegaram ao longo do dia e entre as oferendas era possível encontrar, além dos perfumes, rosas brancas, espelhos, pentes, sabonetes, jóias, bijuterias e os axés (comidas preparadas para o Orixá, a exemplo do arroz ou milho branco cozido). Para a turista paulista Lucille Kanzawa, a beleza da festa estava em fazer registros fotográficos. “Eu fui pra a festa do Rio Vermelho, em Salvador, e resolvi vir para a daqui também. Eu vim mesmo para fotografar. E achei curiosas as oferendas com comida, como ovo cozido, é diferente, eu nunca tinha visto”, completou. O morador de Cachoeira, professor e candomblecista Edson Bispo considera a festa um movimento de resistência importantíssimo para a cultura negra local. Ele explicou que tanto as oferendas, quanto a participação na festa são feitas como um com-

Foto: Alissandro Lucas Lima

Lorena Soares

promisso, mas de forma espontânea. “A Festa de Iemanjá é um ato cívico de devoção e homenagem para todo o povo de santo. Esse dia representa para a cultura da cidade um movimento de resistência e existência, porque Cachoeira é verdadeiramente uma cidade negra” disse. O xiré, canto de saudação aos orixás, foi iniciado por volta das 15 horas Com o término da cerimônia, o cortejo de barcos levando os presentes seguiu para a Pedra da Baleia, onde foram entregues. A festa é uma realização da Associação Cultural Yemanjá Ogunté (ACYO), em parceria com a Prefeitura Municipal de Cachoeira, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, com o apoio da Secretaria de Cultura do estado da Bahia e da Fundação Hansen Bahia.

Fotos: Roquinaldo Freitas

Confira, abaixo, alguns depoimentos sobre a festa: Estudante de cinema da UFRB, Mateus Sousa: “Estou participando da festa pela primeira vez e vim mais pela curiosidade de ver como acontece aqui em Cachoeira. Espero que muitas pessoas também venham visitar e participar, mesmo que somente como espectador.” Filho de santo do terreiro Ile Axé Xangô Bodê, Teodoro de Jesus: “Fui nascido e criado no Candomblé e sei que esse é um momento de uma felicidade maior para todos que participam”.

Prefeito de Cachoeira, Carlos Pereira: “Cachoeira é reconhecida nacionalmente pela sua cultura e isto se deve muito ao povo de santo. E a prefeitura tem estimulado para que essa cultura se fortaleça e isso traga benefícios para a cidade, como um incentivo ao turismo”.

Curador Joel Miranda, mais conhecido como Seu Joé: “A cada ano que passa, eu tenho mais força pra vir trazer o presente. É uma felicidade cada vez maior, em pedir misericórdia e entregar o presente nas águas para a nossa mãe,Iemanjá”

Vendedora ambulante, Lucia Kátia da Silva: “Todos os anos eu trago o presente logo cedo e, em seguida, aproveito a festa para trabalhar”. Membro da comissão organizadora da festa, filho de santo do terreiro Ibece A La Keto de Governador Mangabeira, Antonio Luiz Santos Lima: “Felizmente tivemos a ajuda dos trabalhadores do comércio e tivemos o apoio da prefeitura. Com todos os irmãos unidos, nós conseguimos fazer uma bonita festa para a nossa mãe Iemanjá”.

A festa de Nossa Senhora da Purificação em Santo Amaro começa sempre no dia 23 de janeiro, data que abre a Novena na Igreja Matriz, seguindo até o início de fevereiro e culminando com a procissão do dia dois. A novena não é realizada no último domingo de janeiro, pois nessa data ocorre a tradicional lavagem do adro da igreja. Segundo o secretário de cultura e turismo do município, Rodrigo Velloso, a festa é muito antiga. “Minha mãe ia com a mãe dela quando tinha três anos, disse. “Senhoras da cidade pegavam água no chafariz para lavarem toda a igreja, mas com o tempo e a mistura religiosa, foi decidido por um padre que só fariam no adro”, acrescentou. Cortejos de baianas saem em direção à praça com flores, arranjos e água de cheiro, atraindo multidões. Há também o lado profano, com blocos de trio elétrico que antes saíam da Rua Direita até a Praça da Matriz, mas hoje passam pelo circuito da Avenida Ferreira Bandeira, conhecida como Estrada dos Carros. Este ano, a festa profana iniciou-se em 25 de janeiro, quando completou um mês do falecimento de Dona Canô. Uma missa reuniu fiés, amigos e familiares da matriarca dos Velloso. “Minha mãe

O secretário Rodrigo Veloso. adorava a festa, então a gente tem que correr atrás das coisas que ela tanto pedia”, ressaltou Rodrigo, desmentindo boatos de que não haveriam os festejos. Durante a tarde, uma mostra do Unicirco, do ator Marcos Frota, foi o ponto de partida para a abertura da festa, que teve também manifestações da cultura local, como capoeira, maculelê, Negô Fugido, Burrinha de Acupe e os sambas de roda de Nicinha de São Brás e de outras localidades. À noite, Caetano Velloso abriu sua temporada de shows, seguido pela dupla Zezé de Camargo e Luciano. As comemorações homenagearam o forrozeiro Luíz Gonzaga, com o Palco Gonzagão, na frente da Igreja Matriz, e o poeta Vinícius de Moraes, com outro palco atrás da prefeitura. Diversos artistas abrilhantaram ainda mais a Festa da Purificação: Geraldo Azevedo, Targino Godim, Tribahia, Luíz Caldas, Gilberto Gil, Jau, Chiclete com Banana, Tuca Fernandes, Padre João Carlos, Margareth Menezes, entres outros, no Palco Gonzagão. No Palco Vinícius de Moraes, apresentaram-se Mariana de Moraes, Flávio Venturini, Tunay e Wagner Tiso, Angêla Ro Ro, Chico César e vários artistas locais.


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REGIÃO

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Obras no Centro de Ciências da Saúde da UFRB estão paradas em Santo Antonio de Jesus

Juntos, os prédios de laboratório e do setor administrativo prevêem investimento de quase R$ 6 milhões Reginaldo Silva Iniciadas no ano de 2007, as obras de construção do complexo de prédios que forma o Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Santo Antonio de Jesus, estão paradas em dois dos prédios. Devido ao abandono das empresas que construíam as estruturas, um prédio de laboratórios e outro que irá servir ao setor administrativo do centro não foram concluídos, obrigando a direção a improvisar salas de outros prédios para abrigar os dois setores. Contando, entre todos os centros da UFRB, com uma das maiores áreas para construção de sua estrutura, o CCS foi penalizado pela inviabilidade financeira das empresas vencedoras das licitações para as obras. Segundo o diretor Luis Favero, quando perceberam que não teriam condições de concluir os prédios, as empresas simplesmente abandonaram as obras e foram embora, deixando operários sem salários e encargos trabalhistas. “Como, pela legislação, quem está contratando é co-responsável, então o passivo trabalhista ficou para a gente. Os trabalhadores já conseguiram receber”, afirmou Favero. Licitação O prédio de laboratórios está orçado em aproximadamente R$ 4 milhões, enquanto

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Curiachito, lugar de festas religiosas e muito geladinho

Greve dos vigilantes afetou bancos e universidades em todo o Recôncavo Lorena Bernardes

Diretor do CCS lamenta diante do que seria seu local de trabalho. que a estrutura o setor administrativo tinha das impagáveis e isso as obriga a abandoprevisão inicial de quase R$ 1,5 milhão. nar as obras. Com as obras interrompidas e a necessida- Luis Favero preferiu não falar em desonesde de novas licitações, os valores deverão tidade das empresas ou falta de fiscalizaser reajustados. ção por parte do governo, mas disse que Para o diretor do CCS, o processo de licita- é preciso rever o processo. Ele informou ção, apesar do rigor da legislação, permite que a UFRB acabou gastando duas vezes, que algumas empresas sem a musculatura já que foi obrigada a adaptar áreas antigas financeira necessária participem e ganhem para garantir espaços de pesquisa para os as licitações. Segundo ele, o que acontece é cursos. “A gente precisou pegar os prédios que empresas sem capital para as constru- antigos e adaptá-los para o funcionamento ções pedem empréstimos bancários para de laboratórios, então ali foi um gasto muioferecer a garantia solicitada no edital, mas to grande”, disse, ressaltando, no entanto, após concluir a primeira etapa das obras e que o investimento não será perdido. receber os recursos se deparam com dívi- Ele reconheceu que o espaço utilizado não

Com obras paradas somente o mato cresce sobre os prédios

Fotos: Erik Victor

é o ideal para os estudos de laboratório. Os dois prédios destoam da realidade do CCS, já que no entorno são erguidos outros dentro do cronograma da universidade. O mapa de obras do centro conta com pavilhão de salas de aula, residência estudantil, um prédio pré-moldado com pequenos laboratórios e um almoxarifado, todos já construídos. Em construção estão um prédio de salas de aula, um prédio voltado para pesquisa, a biblioteca, auditório e um prédio voltado para o curso de psicologia. Já está licitado também um novo pavilhão de salas de aula que fazem parte do projeto de acréscimo de cursos no centro.

No final do mês de fevereiro, os vigilantes do estado da Bahia decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, para reivindicar seus direitos trabalhistas.De acordo com o representante do Sindicato Nacional dos Vigilantes (Sindvigilantes), Fernando Pereira, a categoria luta pelo cumprimento da Lei 12.740/12, sancionada em dezembro de 2012, que garante o adicional de 30% de periculosidade, taxa correspondente aos perigos da profissão. “Os vigilantes trabalham todos os dias arriscando suas vidas para proteger o patrimônio alheio. A atividade de vigilância é uma profissão de risco e se enquadra na lei”, declarou Pereira. Com a paralisação, as atividades acadêmicas do Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cachoeira, foram suspensas. Em nota, a direção do centro informou que devido à falta do serviço de segurança, não haveria aula.

um acordo e voltar a trabalhar”, afirmou. Além da universidade, o funcionamento das agências bancárias também foi prejudicado pela greve dos vigilantes. Cartazes colocados nas portas dos bancos anunciavam a falta de atendimento ao público. Somente os caixas eletrônicos funcionavam. A lavradora Rita Pereira da Cruz, 56 anos, moradora da zona rural de Cachoeira, contou que foi até a uma agência bancária resolver alguns problemas, mas não foi atendida devido à paralisação. “O ruim é que a gente vem, chega aqui e não resolve nada e perde o dinheiro da passagem”, comentou. Com base em informações divulgadas no portal de notícias da Globo, o G1, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que “os vigilantes são empregados de empresas de vigilância e segurança e não dos bancos. Portanto, não cabe à FEBRABAN se manifestar sobre questões trabalhistas dos vigilantes”. Foto: Maeli Souza

Atraso Para o estudante de Serviço Social João Paulo Aguiar, a situação ficou complicada. Ele lembrou as últimas greves que aconteceram na universidade (de professores e estudantes) e as suas consequências. “O semestre está atrasado. Acho que a direção deveria procurar outros meios para manter as aulas, porque podemos ter prejuízos”, observou. Porém, ele acredita que o movimento dos vigilantes seja justo. “Eles estão lutando por uma causa”, completou. O vigilante Luiz Cláudio dos Santos Gomes, que trabalha há quase cinco anos no CAHL, revelou que existe uma boa relação entre os vigilantes e a direção da instituição. São mais de 20 profissionais que cuidam da segurança do centro. “Estamos querendo entrar em

Em fun;ao da greve, as aulas no CAHL foram suspensas. Os serviços bancários também deixaram de ser oferecidos. A principal reivindicação dos vigilantes eram 30% de periculosidade.

SEU BAIRRO

Tássio Santos Há algumas semanas eu me mudei para um dos bairros mais conhecidos e populares de Cachoeira. Fácil localização, vizinhança universitária e conforto na moradia foram um dos fatores que seduziram a mim – e meus parceiros de casa – a morar no bairro Vereador Plácido Ferreira Guimarães, ou Curiachito para os mais chegados. Por não ser natural de Cachoeira e a pouco residir na cidade, não sabia sequer que eu estava morando no tal do Curiachito. “Em Cachoeira tudo é Centro.” Este é um dis-

Vendedora de doces, em sua janela, a espera de clientes

curso muito comum, já que os bairros cachoeiranos não são registrados. Uma pena, já que a cidade tem uma ótima relação com os bairros. Digo isso porque venho de um município que tem o dobro de habitantes e não há muitas nomeclaturas para as regiões na sede. Meu logradouro fica no final da Rua Quintino Bocaiúva, principal via do bairro. Por sinal há questionamentos sobre se foi, de fato, o local que deu origem ao Curiachito, fenômeno que está acontecendo atualmente na Rua do Morumbi, já que a população local costuma chamar a rua principal e as adjacências do mesmo nome, forçando a origem de um bairro. Ao localizar para meus amigos onde estou residindo, é nítida a reação deles em perceber que moro na “rua da galinha”. No lugar, há um abatedouro de frango e o mau cheiro está entre as maiores queixas dos moradores. Geralmente os abatedouros procuram se estalar em regiões um pouco mais afastadas de domicílios para evitar

anos, no mês de setembro, com novena e festa profana no último domingo das celebrações. O catolicismo não é a única religião a expressar festejos aqui. Casas de candomblé também costumam bater tambor, e uma dessas é o terreiro de Pai Geo, que sempre cumpre obrigações, embora a vizinhança pareça não se importar com esse tipo

tamarindo. Há 12 anos ativamente nesse marcado, Tiago Leite, ou Pinto, como assim é conhecido na região, afirma que dá para tirar uma renda extra no fim do mês com a venda dos geladinhos. Visitei algumas casas que produziam essa opção para se refrescar no calor forte de Cachoeira, mas foi na casa de Tia Rita que encontrei algo muito curioso. A sua famí-

de barulho. “Aqui quase todo mundo é de candomblé, a vizinhança é amigável e não se importa com isso”, disse Marcela Bintencut, uma das filhas da casa.

lia, além de fazer geladinho para vender, fabrica para consumo próprio. Ela disse que seus filhos e netos saíam para comprar geladinho fora, daí veio a ideia de fazer seu próprio negócio, porque além que economizar, dava para lucrar um pouco.

Fotos: Maeli Souza justamente esse constrangimento com a vizinhança. Festa populares Quando falamos em Curiachito logo vem à mente as festa religiosas que acontecem no bairro. Boa parte das manisfestações é realizada, tecnicamente, na localidade conhecida como Cucuí de São Cosme e Damião, mas elas estão tão interligadas que os sons acabam alcançando as duas partes, convidando ambos os moradores. A Festa de São Cosme e Damião é a mais conhecida, pois reune mais de 300 fiés todos os

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Placas de geladinho Em uma observadora caminhada pelo bairro, reparei que o número de casas que vendem geladinho é muito alto. Não chega a ser uma coisa fora do normal, assustadora. Mas o número de anúncios por metro quadrado com certeza é maior do que qualquer outro lugar da cidade. Tem geladinho e geladão de todos os sabores e os preços vão de R$ 0,30 a R$ 0,60. Os sabores mais procurados são os de amendoim e coco, mas são fortes concorrentes o de acerola, manga, abacaxi e

Seu Eraqui, 81 anos, um dos moradores mais antigos do bairro.


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ECONOMIA

CACHOEIRA | BAHIA Abril 2013

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Carnaval na Ilha é marcado por trabalho infantil Apesar de ilegal, prática resiste em Itaparica e em várias cidades do Recôncavo.

Mário Jorge A exploração do trabalho infantil, fato recorrente durante todo ano, ganha visibilidade durante o carnaval da Bahia, tanto nos circuitos oficiais, quanto nos alternativos, como na Ilha de Itaparica e Vera Cruz, que estão entre os destinos mais procurados por moradores das cidades do Recôncavo durante o verão. Neste ambiente de lazer, várias crianças trocam a brincadeira pelo trabalho, como no caso do menor D.S.M, de 14 anos, que afirma trabalhar durante todo o ano carregando compras na feira livre de Nazaré das Farinhas e nesse carnaval juntou-se a outros colegas para vender queijo assado na brasa e revelou que seu objetivo com esse trabalho é comprar uma sandália Kenner, que custa em torno de R$ 70. O menino, que corre ligeiro ente as mesas espalhadas pela areia oferecendo seu produto, revelou que entre uma venda e outra ainda consegue se divertir. “Quando a gente tem uma folguinha, dá pra brincar rapidinho” disse. Estatuto Essa prática contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que em seu artigo 60 estabelece ser proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. Segundo o conselheiro tutelar Jadeison Go-

Fotos: Reisânia Karla Almeida

Entre o sol e a brasa, crianças enfrentam o calor da praia para trabalhar mes, de Governador Mangabeira, apesar do trabalho de identificação e conscientização das famílias, ainda existem alguns casos nas cidades do Recôncavo. “Infelizmente ainda temos diversos casos de crianças trabalhando em nossos municípios, precisamos assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida das crianças e dos adolescentes” e conclama a união de

todos, “O ECA deixa claro que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, a proteção dos direitos, por tanto, é responsabilidade de todos nós”, concluiu. Órgãos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes atuantes nas cidades do Recôncavo: Conselho Tutelar - Orgão de garantia de direitos da criança e do adolescente. PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos que realiza atividades diariamente com crianças e adolescentes no turno oposta da escola.

Emprego ainda é a maior preocupação para os sanfelistas

Rodrigo Daniel Silva

Em diversos levantamentos realizados em São Félix, a população tem apontado o emprego como a sua maior preocupação. No ano passado, por exemplo, uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) perguntou aos sanfelistas qual o principal problema da cidade? Cerca de quatro em cada 10 disseram a falta de emprego. “Eu tenho 22 anos, nunca achei um emprego aqui”, esbravejou com um tom de indignação Ricardo de Brito. Ele, entretanto, não é o único nessa condição. Nerivaldo Oliveira, de 20 anos, disse que ele e a irmã são custeados pelos pais, pois não conseguem uma ocupação fixa. Sem opção em São Félix, muitos deixam a cidade e vão em busca de novas oportunidades em outros estados. É o caso dos jovens Ricardo e Nerivaldo, que já foram para Belo Horizonte e Mato Grosso, respectivamente. Contudo, retornaram para a sua terra natal já que conseguiram somente empregos temporários. Informalidade O cantor Edson Gomes, que reside em São Félix, compôs a música Camelô, que narra a história de quem sobrevive na informalidade. Na sua cidade, a escassez de emprego faz com que a população recorra aos famosos bicos. Pai de cinco filhos, Edson Barbosa Silva, de 40 anos, há 13 desempregado, contou que precisa fazer bico como mototáxista para sobreviver todos os dias. Ele afirmou que, no ano passado, ficou oito meses sem trabalhar após se acidentar com a moto. “O dinheiro que tinha gastei em transporte (para Salvador, onde fez o tratamento) e medicamento”, acrescentou. Neste período, Barbosa, contou com o apoio dos familiares e amigos. Não ter assistência médica é um das de-

corrências da economia informal. “O trabalhador que vive na informalidade não tem assegurado os seus direitos trabalhistas como aposentadoria, 13º salário, seguro desemprego. E o Estado deixa de arrecadar impostos”, explicou Sielia Barreto, economista e professora da UFRB. A artesã Eunice Coutinho tem três filhos e um marido desempregado. Para superar as dificuldades impostas pela falta de emprego, confecciona objetos artesanais para vender. Ela é uma das 15 mulheres que participam do grupo Mãos Talentosas. Segundo ela, as peças produzidas e vendidas são suas únicas fontes de renda. O grupo deseja fundar uma associação para criar parceiras com empresas. Estão à espera, no entanto, de um apoio do governo municipal.

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A renúncia do Papa

Escolha equivocada, criança troca mar e diversão por trabalho durante o carnaval

Foto: Larissa Molina O mototáxi é uma das poucas fontes de renda para a população de São Felix

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O Papa Joseph Ratzinger - Bento XVI - anunciou em fevereiro último que renunciaria, levando nova polêmica à Igreja Católica. Os moradores de Cachoeira e São Félix têm sua opinião a respeito. As fotos são de Paloma Teixeira. Confira: José Cardoso de Araujo, “Doidão Bahia”, 62 anos, escultor “ Quem sabe porque renuciou é ele, mas acredito que o motivo é grave, mas como é algo fechado , o motivo verdadeiro da renúncia a gente não sabe, mas acho que não é pela doença.”

Cid José da Cruz, 40 anos, Padre da Paróquia de Cachoeira Bahia “ Na verdade todo ser humano é dotado de liberdade de vontade, e para sua renuncia ele expressou seu ato de liberdade e sabedoria, acredito que deve ter uma razão para esta decisão, nada do que ter a liberdade de escolha. Para o governo da Igreja se percebe que não tem mais condições governar, é um ato de coragem a renúncia um gesto de humildade ceder o poder”

Ligue 100 - Serviço nacional de denúncias de violação de direitos, violência sexual contra crianças e adolescentes e defesa dos direitos dos idosos. CREAS - Centro de Referência Especializado da Assistência Social - dispõe de Assistentes Sociais, Psicólogos e Advogados que oferecem atendimento para os casos de violação de direitos.

O POVO FALA

Janaina Ryberg

Contramão Em 2012, pelo segundo ano consecutivo, o número de demissões foi superior ao de contratações. Naquele ano, entre admissões e desligamentos, o saldo negativo foi de 27 postos de trabalho ao longo do ano, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Neste aspecto, a cidade vai na contramão do país. O comércio e a construção civil, os segmentos que mais contrataram no Brasil, foram os que mais demitiram em São Félix. Os outros setores ficaram praticamente estagnados. Com ressalva para o setor de serviços, que gerou 26 novos empregos. A economista Sielia Barreto indica um caminho para dinamizar a economia sanfelista. Para ela, a cidade precisa encontrar os seus potenciais econômicos. Investir nos segmentos de serviços e empresas. “Inclusive na parte imobiliária, já que em Cachoeira está difícil encontrar casa. São Félix poderia ser uma cidade dormitório”, recomendou. Ainda de acordo com a economista, o munícipio tem que valer-se do turismo de Cachoeira e construir hotéis e restaurantes.

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Nivalda Santos Reis Ferreira, 48 anos lavradora “ Ele já tem bastante idade, acredito que a doença faz as pessoas deixarem mesmo o trabalho, por causa da doença eu também não pude mais lavrar pela falta de ar”

Vilobaldo C. Costa, 36 anos, agente de trânsito: “ É por causa da liberação da maconha e casamento gay, já que o papa não queria, e ele não tem autonomia de decidir sozinho. É pela politica e não pela doença, a gente quando quer fazer algo e outro obriga a fazer o contrário abate a pessoa” Professor de filosofia e teologia, Ratzinger também é musico e culto, com título Honoris Causa em várias universidades. Durante seu pontificado, fez declarações polêmicas contra o casamento gay, uso de preservativos e extinção do celibato. Anunciou que a renúncia se deve ao fato de estar perdendo o vigor para as atribuições de seu cargo: “Cheguei a certeza de que minhas forças, devido a idade avançada já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino.” Os veículos de comunicação especulam sobre a causa ser o vazamento de dados confidenciais da Igreja que levaram a prisão de um mordomo e outras a uma queda que o papa levou em uma de suas viagens.

Rosangela Cordaro, 49 anos produtora cultural da Identidade Brasil: “ O problema é político, a Igreja pressiona o papa e ele não aceita determinadas questões, ninguém entrega o poder assim”

Valdemir Silva Vera Cruz, 43 anos pastor do Evangelho Quadrangular “ Segundo o ponto de vista do sacerdócio ele tomou uma decisão penosa porém sábia, apesar de que algumas pessoas não entenderam, mas outras aceitaram com facilidade porque para uma pessoa de 85 anos é uma função muito desgastante”

Magno do Rosário Pereira, 29 anos agente de cultura do ponto de Cultura de São Felix “ Pelo atual momento da Igreja a renovação é imprescindível, mas mediante a tantos conflitos com grupos ativistas do uso de preservativos e casamento gay, é preciso que se ache uma pessoa com mente mais aberta que Bento XVI.”


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Drielle Costa

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Alunos de Mutuípe visitam redação do Correio em Salvador

As turmas do 1° ao 3° ano do ensino médio do Colégio Estadual José Aloisio Dias, do Município de Mutuípe, foram a Salvador no dia 19 de dezembro do ano passado, para visitar a redação do jornal Correio e as instalações da Rede Bahia, acompanhados pela professora de Português, Marcia Maria Rocha. A visita foi coordenada pelos professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia José Péricles Diniz e Juciara Nogueira, para conhecer o trabalho em uma redação de jornal.

“Achei muito interessante, me acrescentou bastante, nunca tinha ido a uma emissora de TV”. O professor Mouraci Ribeiro, professor de Química, acrescentou: “Esta experiência serve para motivar alguns alunos, que têm interesse na área, além de informar como funciona um jornal, como é a construção de um jornal”. Além da visita às instalações da Rede Bahia, os adolescentes fizeram um passeio turístico por Salvador, visitando o Zoológico, o centro histórico da capital baiana e o Forte de Santo Antonio da Barra, onde conheceram o Museu Náutico da Bahia.

A escola faz parte do projeto do Governo Federal Ensino Médio Inovador, que trás para os alunos oficinas no turno oposto ao que estudam, incentivando assim a participação nas aulas. A professora Marcia e os alunos estão desenvolvendo através da oficina Literatura e novas tecnologias e do projeto de extensão da UFRB Jornal na Escola, que prevê a edição, pelos alunos do projeto, de um jornal escolar. A visita Os alunos chegaram à Rede Bahia ainda no inicio da tarde e visitaram a redação do

Fotos: Juciara Nogueira

A visita à redação do Correio

Estudantes de Mutuípe visitam o Museu Náutico, no Farol da Barra

Correio, onde são produzidas as matérias, quebrando a rotina dos repórteres e editores. Em seguida, os alunos se direcionaram ao salão de Unirede da emissora, conduzidos pela jornalista Linda Bezerra, editora de produção, responsável pelos assuntos que saem no jornal. Linda Bezerra fez uma palestra sobre o fazer jornal diariamente, qual a rotina de repórteres e editores e como são dividas as funções. Falou também para os adolescentes sobre sua historia de vida e sobre a importância da leitura para o crescimento pessoal. Os alunos fizeram perguntas para a editora interagindo durante a palestra. Ao final da palestra o professor José Péricles Diniz agradeceu à editora: “Foi uma palestra muito enriquecedora.” A aluna Jaqueline Oliveira do 3° ano declarou:

Professor Péricles Diniz, a estudante Drielle Costa, professora Márica Rocha e o jornalista Marrom

Projeto Casa de Barro ganha sede em Cachoeira Samili Cintra Criada em 25 de julho de 2005, a organização Casa de Barro – Cultura Arte Educação inaugurou recentemente uma sede no município de Cachoeira. Na ocasião aconteceram recitais de poesia, exposição das obras de artistas locais, apresentações musicais, dentre outras coisas. O local será utilizado também como espaço administrativo

e para as atividades menores que o grupo realizar, como a oficina O Corpo Fala, que abriu a programação do mês de março. Por todos os cantos da casa há livros espalhados, sempre perto de tapetes, esteiras e cadeiras onde encostar e que parecem estar convidando a todos para a leitura. Segundo Luísa Mahin Nascimento, coordenadora geral e co-fundadora, desde 2001 há ideias e realizações de ações, porém só conseguiram o CNPJ e se transformaram em asso-

ciação legal em 2005. Disse também que sempre desejaram ter uma sede, mas como todo projeto social que depende da ajuda de terceiros isso só se tornou possível este ano. Oficinas Durante todo mês de março as escolas planejaram levar turmas para participar das oficinas de pintura, colagem e expressão corporal que aconteceram na sede com o

Foto: Paloma Teixeira objetivo de apresentar o local e torná-lo um ambiente onde as crianças se sintam a vontade e não tenham vergonha de entrar. A Casa de Barro realiza vários projetos

além das oficinas, como, Caruru dos 7 poetas – Recital com gostinho de dendê, que promove interação entre a tradição cultural e religiosa baiana de origem afro-barroca e literatura. E o Dedinho de prosa, cadinho de memória, que investiga a memória oral e que no ano passado foi responsável pelo lançamento de um livro escrito por crianças e adolescentes que transformaram os registros feitos em historinhas. A sede funciona na Rua do Amparo, Nº 34 e fica aberta das 9 às 17 hpras a qualquer um que esteja interessado em participar de suas atividades.


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