JORNAL LABORATÓRIO VOLTA A SER IMPRESSO Cachoeira - Bahia Junho de 2018 Edição
103 Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Centro de Artes, Humanidades e Letras
Começou a Copa
Cachoeirano está otimista com a equipe de Tite (página 8) Jogadores da seleção municipal fazem as suas apostas sobre as chances da seleção brasileira (página 9) As fotos desta capa foram produzidas pelos estudantes Monalysa Pereira (São João), Ana Célia Coelho (comércio) e Bruno Leite (Pouso da Palavra)
São João na Cachoeira!
Cobertura completa nas páginas 3, 4, 5, 6 e 7
Comércio investiu em novidades para aumentar as vendas no Dia dos Namorados (página 10)
Culinária espanhola pousa na casa de Damário (Confira na página 12)
INEDITORIAL 2 OPINIÃO De aluna da UFRB para assessora da SSP CACHOEIRA | BAHIA Junho 2018
Fui aprovada no vestibular para Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), campus de Cachoeira, em 2012. Filha de radialista e procedente de Cruz das Almas, entrei de peito aberto, disposta a melhor conhecer uma profissão que amo desde pequena. Ali, soube o que é a diversidade, engajei-me na luta feminista e também me tornei muito mais humana. Minha trajetória na UFRB foi bem intensa. Vivi a universidade da melhor forma possível, dividida entre os estudos e as farras da saudosa Praça 25 de Junho. Não fui a aluna nota 10 da turma. Também não fui das piores. Apaixonada pelo rádio – influência de meu pai – foquei parte de minha passagem pela universidade aprendendo com a professora Rachel Neuberger, a qual dedico toda minha admiração. Apesar do breve período aqui na terra, ela deixou um legado de amor ao radiojornalismo, que me contaminou por inteiro. Lembro-me como se fosse hoje quando começamos a cursar disciplinas que mostravam o trabalho de uma redação. A que se referia à mídia impressa foi, na ocasião, a que mais me seduziu, mesmo indo para prova final com o professor Péricles Diniz. Não sosseguei enquanto não conquistei a capa do jornal Reverso com uma matéria sobre o aumento da violência nos campi da UFRB em Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Amargosa e Cachoeira. O Reverso foi o trampolim para que eu pudesse obter um estágio na área de jornalismo, em Salvador. Deixo um conselho para os alunos da UFRB que pretendem trabalhar em as-
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Reitor da UFRB Prof. Dr. Silvio Soglia Diretor do CAHL Prof. Dr. Jorge Cardoso Filho Edição e Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz
sessorias de comunicação social ou em redações de jornais, rádios, televisões e sites: estagiar é fundamental no término do período acadêmico, é uma porta larga para o acesso ao mercado de trabalho. Tive a oportunidade de estagiar na Ascom da Secretaria da Segurança Pública da Bahia e hoje faço parte da equipe de jornalistas da pasta. As seleções para estágio exigem sempre elaboração de matérias e, em todas vezes, contei com a ajuda e a boa vontade do professor Péricles na correção dos textos. Isto é o que vocês também devem fazer. Procurem absorver o conhecimento e a experiência que têm os docentes, para que já entrem no jornalismo com espelhos a serem seguidos. Atuar como jornalista de uma secretaria estadual – notadamente da Segurança Pública, foco principal de todas as mí-
dias e plataformas – é um desafio. Mas, graças ao Deus e a meus esforços, consolidei-me como repórter e assessora e venho, aos poucos, conquistando espaço nesse mundo incrível do jornalismo. Futuras focas, contem comigo.
Natália Verena NOTA DA REDAÇÃO Após um período de interrupção, o Reverso está de volta com sua versão impressa distribuída gratuitamente nas ruas de Cachoeira e São Félix, principalmente, mas também enviada a leitores das cidades onde há campus da UFRB, como Cruz das Almas, Feira de Santana, Santo Antonio de Jesus, Santo Amaro e Amargosa. A todos, desejamos uma boa leitura!
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CIDADE
Chega logo, São João!
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Prefeitura da Cachoeira divulga a grade de atrações e os preparativos para o tradicional festejo
Gabriella Freitas
Aproximadamente 30 grupos musicais se apresentarão nos palcos espalhados pela cidade para as comemorações pelo São João em Cachoeira. O palco 1 ficará no Jardim Grande (Praça Ubaldino de Assis) e o palco 2 situado na Rua 25 de Junho. Segundo dados da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), cerca de 30 mil pessoas visitam Cachoeira por dia durante os festejos e a cidade já se prepara para receber os turistas. Neste ano, o clima junino é misturado à celebração dos jogos da Copa do Mundo. A preparação para as duas festividades exige cuidado em todos os detalhes, e assim, já é possível encontrar bandeirolas nas cores da seleção brasileira espalhadas por
muitos pontos da cidade. Sem telões Mas, infelizmente, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, este ano não haverá telões com transmissão ao vivo, como ocorreu em anos anteriores, já que os jogos não coincidirão com os dias e horários de festa. Assim como todos os anos, a prefeitura anuncia esforços para manter a tradição da Feira do Porto, na qual produtores rurais da cidade e região ribeirinha trazem seus produtos para serem
Há poucos dias do São João, Cachoeira já começa os preparativos para a festa mais tradicional do Nordeste. Fotos: Monalysa de Melo Pereira. comercializados no Cais do Porto. O São João Feira do Porto 2018 é realizado pela Prefeitura de Cachoeira e pela pasta de Cultura e Turismo, além do apoio das demais secretarias municipais e Bahiatursa.
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CIDADE
CACHOEIRA | BAHIA Junho 2018
Artistas discutem espaço nas festas populares Caio Batista
eventos públicos em Muritiba ou Cruz das Almas, por exemplo”.
Divulgada a programação oficial dos festejos, surgem as observações a respeito da falta de artistas da terra, que deveriam ser melhor aproveitados nos eventos típicas locais, como o aniversário da cidade, em 13 de maio, ou o São João. Nestes períodos, eles costumam realizar apresentações em circuitos alternativos. Para Ricardo Reina, agitador, apoiador e figura presente na cena do reggae em Cachoeira, uma das justificativas para que os artistas de reggae locais, que são tidos como lado B perto de nomes consagrados como Edson Gomes e Sine Calmon, não toquem nas festas populares da cidade é justamente o fato de não serem muito conhecidos do grande público. Dessa forma, contou, “os gestores acabam dando prioridade a atrações que agradem essa maioria”. Apesar disso, Reina não vê grandes prejuízos nessa conjuntura, pois os artistas locais acabam se valendo desses circuitos paralelos: “Há alguns espaços e eventos para se tocar em Cachoeira, como é o caso dos shows no CD Lanches ou na Quinta do Preto Velho, que acontece no bar de Paulo Lomba (comerciante da Rua 25 de junho), onde eu sou um dos artistas convidados. Reina é soteropolitano, músico e professor com raízes no Recôncavo. “Minha família materna é de São Félix, minha mu-
Motivação
Dono do CD Lanches, Antônio Carlos ajuda a movimentar o cenário reggae cachoeirano
lher é cachoeirana e sobrinha de Sine Calmon e eu trabalho em São Félix”, contou. Alternativos De acordo com o dono de um dos locais onde acontecem esses shows alternativos de reggae, Antônio Carlos, responsável pelo popular CD Lanches e um dos principais incentivadores da cena regueira do Recôncavo, há algumas dificuldades na realização dos eventos, seja por falta de recursos ou porque alguns dos artistas não estejam alinhados ao espírito colaborativo dessas festas. “Há muitos dos artistas que tocam aqui que me ajudam a organizar os eventos, mas na maioria dos casos eu preciso dar conta sozinho da maior parte das coisas: a divulgação, o aluguel do som, a captação de verba, além de me preocupar A Sexta do Reggae é um dos eventos apoiados pelo CD Lanches.
com a segurança do local também”, contou Antônio. Segundo ele, não há um incentivo público para os artistas menos famosos da cidade. Em função disso, além desses espaços onde ocorrem os eventos em Cachoeira,
O assessor da Secretária de Cultura da cidade, Gilson Santana, esclareceu que desde quando a prefeitura assumiu a realização da festa, antes por conta da Bahiatursa e governo do estado, “fica a cada ano mais difícil motivar os artistas que fazem parte do folclore e da tradição dessas festividades, pois não se chega a um consenso entre as partes e um acordo acaba não sendo fechado”, devido a cada gestor do município encarar e abordar os festejos e a cultura de maneiras diferentes.
eles acabam se apresentando em cidades vizinhas do Recôncavo. “Nós apoiamos festas como a Sexta do Reggae, em São Félix, e como o poder público acaba dando prioridade aos artistas grandes, muitas das bandas da cidade são contratadas para tocar também em
Fotos:
Shagaly Ferreira
Antônio Carlos e Ricardo Reina falam das dificuldades das bandas de reggae na região
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CIDADE
Dia santo também se comemora:
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festa junina diferente no Recôncavo da Bahia
do evento é o local onde acontecem. A praça em frente ao terminal rodoviário da cidade é considerada pequena para os brincantes, como afirmou o morador local, Luan Carvalho. “O que me chama atenção na organização da festa é o local onde acontece, a praça, próximo a rodoviária. Creio que a escolha não é muito boa, tendo em vista que o espaço é apertado e a pessoa tem que dividir com mesas, cadeiras e barracas.” Ele concluiu sugerindo uma mudança, pois “a cidade tem uma orla tão extensa e espaçosa, que poderia ser mais utilizada. Acho que essa é uma mudança que eu faria, da praça para orla”.
A cidade de São Félix oferece uma alternativa aos turistas, com sua festa junina realizada durante o dia. Fotos: Leilane Fernandes. Giovane Alcântara Acontece durante os dias 22 e 23 de junho, na cidade de São Félix, o Forró da Praça. Diferente de outras festas juninas que ocorrem no Recôncavo, toda a sua programação é realizada durante o dia. A diretora de Cultura, Artes e Eventos Populares da prefeitura local, Elba Pereira, explicou o motivo da festa acontecer dessa forma. Segundo ela, “o artista local Roni Macedo observou que, durante o dia,
as pessoas que vinham para se divertir no São João de Cachoeira não tinham nada para fazer. Ele apresentou à assessoria de comunicação do município uma proposta que, hoje, nós chamamos de Forró da Praça”. O evento, que ocorre desde 2009, tem por objetivo recepcionar os turistas que chegam para aproveitar o São João de Cachoeira e procura preservar a tradição do forró pé-de-serra, do samba de roda, das quadrilhas juninas e dos trança-fitas, dando
visibilidade, principalmente, aos artistas locais. Feira do Porto Para a escolha de um São João diurno, outros dois fatores são preponderantes: a Feira do Porto, que agrega atrações da música brasileira, e a preocupação com a segurança do público que frequenta os festejos - em sua maioria, adolescentes e idosos. Para muitos, o maior problema
Elba Pereira, diretora de Eventos
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REPORTAGEM
Tradição junina movimenta a economia de Cachoeira
O mês de junho na região Nordeste é movido pelas tradições que cultuam os santos Antônio, João e Pedro. As comidas e bebidas típicas são as principais atrações das festas juninas. Na Bahia é difícil falar em festas juninas sem pensar em licor e nesse quesito as bebidas produzidas na cidade de Cachoeira se destacam em todo o estado e movimentam a economia da região, gerando emprego nas fábricas da cidade.
A produção do licor é artesanal em quase todo o processo, por isso exige o emprego de mão de obra durante o ano inteiro nas fábricas, que chegam a contratar até 60 pessoas no período de maior movimento. O fabrico do licor acabou se tornando um ofício que passa de geração em geração. Nas principais fábricas de Cachoeira a produção é comandada e auxiliada por familiares dos fundadores. Nas fábricas de licor que existem na cidade de Cachoeira, a maioria dos funcionários trabalha temporariamente. Este é o caso de Cida, que é assistente social e durante o período junino tira férias do trabalho para ajudar a organizar a fábrica da família. Localizada no centro da cidade, emprega 10 pessoas na baixa temporada e durante o período dos festejos juninos chega a empregar 60 pessoas na produção e venda do licor.
Cintia Falcão
O fabrico do licor acaba se tornando um oficio que passa de geração em geração. Antônio Reis, dono da fábrica do licor colonial, junto com seu filho Rodrigo Ramos, comandam a produção e distribuição do licor para os festejos juninos.
Fotos: Janeise Santos
Os licores produzidos em Cachoeira, se destacam em todo o estado e movimentam a economia da região, gerando emprego nas fábricas da cidade.
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Cachoeira tem marcas tradicionais de licor O Colonial é uma marca do licor produzido no município de Cachoeira, que é um polo conhecido da fabricação da bebida. Foi fundado no ano de 2015, produzido pela família de Andreia Freitas. Neste mês de junho, época dos festejos juninos, a demanda aumenta e a busca na cidade cresce cada vez mais. Andreia Freitas relatou que o licor era produzido por um tio que mora na zona rural. Devido à demanda, entraram em negociação e ela começou a produzir o licor com ajuda de parentes. Ela informou que, por enquanto, não pretende passar a produzir industrialmente e vai dar continuidade ao licor caseiro, embora não descarte essa possibilidade. “Trabalhamos o ano todo e investimos mais, porque a procura na cidade aumenta e os trabalhos também”, ressaltou. Os sabores mais vendidos são jenipapo, tamarindo, cajá, maracujá cremoso, amendoim e milho verde.
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ENSAIO Bárbara Lima, Isabel Christiny e Kathleen Ribeiro
Diamila dos Santos Rodrigues
O nome é referêcia ao Município de Cachoeira, que recebeu o título de Patrimônio Nacional por preservar a arquitetura da época colonial. Todos os anos a cidade fabrica milhares de litros, vendidos para todo o Brasil, assim fortalecendo a economia e gerando emprego
Roque Pinto Outra marca de destaque é a Oceano, também conhecida como o Licor de Roque Pinto, que faz 100 anos de história. Tem hoje à frente do negócio Roseval Ferreira Pinto, filho de Roque Pinto. O estabelecimento foi reconhecido como Patrimônio Imaterial e recebe diariamente propostas para ser industrial, mas eles garantem que não aceitam “para não perder a essência, o perfil, o padrão”, como dizem. Preferem mexer com a economia local buscando as frutas, os rótulos, as tampas. Nessa época junina o estabelecimentos chega a empregar 60 pessoas no seu fabrico de licor.
O licor cachoeirano tem grande fama dentro do Recôncavo, destacando-se por ser uma bebida típica do São João. Porém, Antônio Reis da Cunha, 50 anos, pedreiro, percebeu entre um trabalho e outro que na véspera da festa os estabelecimentos de produção da bebida não conseguiam atender à demanda. A partir disso, desenvolveu o início da produção do Cachoeira Colonial – Licor caseiro, projeto familiar que já completa dois anos desde o surgimento.
“Muita gente acha que quem trabalha com licor só trabalha no São João, engano. São João é só pra vender, a produção é o ano todo”, garantiu Antônio. Mesmo depois da tão esperada época do frio as vendas continuam, apesar de uma baixa na procura. Segundo ele, “estamos chegando devagarzinho no mercado, são quatro pessoas que produzem, quando a gente está fazendo, todo mundo experimenta e opina, se tiver bom pra três e não tiver bom pra um, não adianta, a gente faz algo que chegue no consenso de um gosto bom pra todo mundo”.
Marcas apreciadas em todo o Brasil são produzidas artesanalmente na cidade de Cachoeira.
Fotos: Silvoney Santos
Antonio e Andreia estão envolvidos em estudos para a elaboração de um novo sabor, exótico e exclusivo, para ser vendido no próximo ano.
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ESPORTES
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Cachoeirano otimista para a Copa do Mundo
Neste mês de junho, os olhares de todo o planeta e, principalmente, dos brasileiros, estão voltados para os estádios russos, onde 32 seleções nacionais disputam o maior torneio internacional de futebol Os moradores de Cachoeira não escondem o otimismo com relação à Copa do Mundo 2018, realizada durante este mês de junho, na Rússia. De forma apaixonante, acreditam muito que a delegação possa trazer essa taça para o Brasil.
Almir Neto acredita que a seleção canarinho é uma das fortes concorrentes ao título. Fotos: Jelson Junior Para o cidadão cachoeirano Almir Neto, devido à qualidade dos jogadores convocados, é certeza que o Brasil é um forte candidato a vencer a Copa do Mundo. Descontraído comentou: “não vejo uma seleção no nível técnico e tático como a Seleção Brasileira”. Sobre os jogadores escolhidos, disse que “Tite convocou o que havia de melhor. Claro, que nem todos são
inquestionáveis, como os nomes de Fred, Taison, Renato Augusto e outros que não passam por um bom momento técnico em suas carreiras”. Outro cachoeirano a opinar sobre a copa foi Irlan Freitas, que enxergou avanços na Seleção Brasileira e atribuiu elogios ao técnico: “se Tite usar sua malícia e sua tática contra os grandes adversários podemos chegar na final.” Questionado sobre o afastamento de Daniel Alves e a ausência de baianos na seleção, disse que é “trágico, só de pensar que Fagner pode entrar jogando no lugar de Daniel, chega dói o coração”. Para ele, é “normal a ausência de jogadores baianos na seleção, se não demostrar um futebol acima do normal, não irão”. Para Erielson Santos, esse ano será redenção após o episodio de 2014 aqui no Brasil. Ele acredita que o Brasil irá fazer uma ótima copa do mundo devido à dinâmica forte de jogo que vem apresentando. Questionado sobre os nomes escolhidos, disse que “Tite foi um homem muito inteligente e não fez escolha através da mídia. Ele buscou nomes de confiança e que vêm apresentando um ótimo futebol nos seus respectivos clubes”. Expectativas Após o vexame da Copa de 2014 no Brasil, na qual a seleção sofreu uma derrota de 7 X 1 para a Alemanha, o ânimo dos brasileiros em relação à Verde e Amarela caiu bastante. A sensação de derrota continuou após Dunga
Adailane Souza
assumir o comando da Seleção e ter um péssimo início nas eliminatórias para a Copa de 2018. Como nem tudo estava perdido, Tite deixou o comando do Corinthians para tentar mudar o cenário da seleção canarinho. Sob o seu comando, a equipe brasileira obteve muitas vitórias, classificando-se de forma invicta nas Eliminatórias Sul-Americanas e vem embalada por um modelo de jogo bem definido pelo técnico. Essa boa fase fez com que as expectativas dos brasileiros aumentassem e passassem a acreditar que o Mundial deste ano possa ser o da redenção e recuperação do respeito após o vexatório 7 X 1 na Copa de 2014.
Erielson Santos confia nas escolhas de Tite
O Brasil irá estrear contra a Suíça, no dia 17 de junho. A segunda partida será no dia 22, contra a seleção de Costa Rica. Para fechar a primeira fase, a seleção brasileira irá enfrentar a Sérvia, no dia 27 de junho.
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ESPORTES
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Jogadores da seleção cachoeirana fazem suas apostas Texto: Leonardo Gonçalves Fotos: Bruno Brito
A Copa do Mundo está chegando e como é de costume a cidade de Cachoeira respira emoção em verde e amarelo. A cidade histórica é constantemente lembrada pela vibração da torcida, conquistas de títulos
Rogério Sodré, zagueiro da LCD no futebol amador e por revelar grandes jogadores. “O pessoal se reúne em bares para assistir aos jogos da Copa do Mundo e a cidade praticamente para. O futebol prende muito e Cachoeira é uma cidade do futebol. O campeonato aqui é um exemplo, é um espetáculo”, afirmou Raimundo Rocha, vice-presidente da Liga Cachoeirana de Desportos (LCD). Desde 1946, ano em que aconteceu o primeiro Intermunicipal, a seleção cachoeirana
Jeferson Silva, o Nan, joga no ataque
foi campeã oito vezes. É a maior vencedora do torneio ao lado da cidade de Itabuna. De quatro em quatro anos, no período dos jogos da Copa do Mundo, a cidade é decorada por bandeirolas com as cores nacionais, à espera da chegada dos jogos para fazer a sua
festa. E com os jogadores não é diferente, crescem a emoção e a expectativa para os jogos. “Tá um clima muito bom! Já tem o São João, que é tradicional e é ano de Copa do Mundo, todo mundo se sente envolvido, a cidade tá apoiando o Brasil e tá todo mundo animado para o dia 17 de junho. Com fé em Deus, a seleção vai começar com o pé direito.”, declarou Jeferson Silva (Nan) atacante da liga. Neymar é destaque Os jogadores do campeonato de futebol amador de Cachoeira, que esperam a convocação para a disputa da 63ª edição do Campeonato Baiano Intermunicipal, declararam suas expectativas para a Copa do Mundo. Segundo Rogério Sodré, zagueiro titular da L.C.D. na última edição do intermunicipal, a
Jogadores do Fluminense em jogo contra o Bangu pelo campeonato cachoeirano estar lá também, porque o Brasil tem bons acredita que Neymar deve ser o destaque. É jogadores, como o Paquetá por exemplo, o jogador ícone que leva o nome do Brasil mas Tite ficou dois anos parado para apren- para fora”, afirmou. Opinião semelhante der e foi buscar os melhores. Formou um à do vice–presidente da Liga Cachoeirana, Raimundo Rocha, que acredita no potencial grupo”, completou. do time comandado por Tite “ Com certeza Neymar vai ser o destaque, logo depois pode vir o Marcelo, mas acredito que seja o Neymar”. A Seleção pentacampeã fará sua estreia no dia 17 de junho, na cidade russa de Rostov, contra a Suíça. Depois, fechará a fase de grupos jogando em São Petersburgo, no dia 22, e em Spartak, dia 27, contra Costa Rica e Sérvia, respectivamente.
Para Raimundo Rocha, vice-presidente da Liga Cachoeirana de Desportos, a cidade praticamente para durante os jogos da Copa do Mundo Seleção Brasileira tem tudo para ser campeã, De acordo com Hilder Sales, volante conconta com um treinador experiente e com vidado para defender o time de Cachoeira
um time forte dentro de campo. “Acho que Tite chegou no patamar de ter só jogadores da confiança dele, a gente sabe que só estão os melhores ali, mas que outros poderiam
no próximo Intermunicipal, a copa deverá ser vencida pelo Brasil e terá como principal estrela o brasileiro Neymar. “Não só para mim, mas tenho certeza que todo mundo
O volante Hilder Sales foi convidado para defender Cachoeira no intermunicipal
10 REGIÃO Maragojipe sofreu as consequências da greve CACHOEIRA | BAHIA Junho 2018
Desde que a prefeitura decretou situação de emergência, dia 28 de maio, foram suspensos todos os serviços públicos municipais que necessitam do uso de veículos e maquinários para sua realização, com algumas exceções. Os alunos da rede pública também se encontram sem aula, desde então.
receosos por conta do atraso no ano letivo. Joelma dos Santos, mãe de Pedro, estudante do terceiro ano da Escola Municipal Antônio Rebouças, disse que seu filho estava sem aula desde o dia 25, pois “disseram que não tinham merenda na escola e liberaram as crianças. As aulas municipais já começaram
para o retorno das aulas. Disse também que a prefeitura ainda não conseguiu regularizar o abastecimento de 100% dos transportes escolares e que não seria justo as aulas voltarem sem que todos os alunos possam estar presentes. Complicações Além das aulas, o comércio ainda sofre com a falta de movimento e pouca venda de seus produtos. As lanchonetes, barzinhos e pizzarias esperavam uma melhora nas vendas, pois geralmente nos feriados e finais de semana, uma parte da população que mora fora da cidade vem visitar parentes e amigos e acabam aumentando o movimento no co-
Sem condições para a realização das aulas, as escolas municipais ficaram com as portas fechadas, aguardando o retorno à normalidade. Fotos: Eliane Cruz. No último dia 2 de junho, a secretária de atrasadas, e agora isso,” reclamou. educação do município foi questionada so- A secretária de Educação informou que bre quando as aulas voltariam, pois tanto os mandaria um comunicado para os responresponsáveis quanto os professores estavam sáveis quando tivesse certeza de uma data
Sem aulas, garotinha brinca com seus materiais escolares.
Liane França
mercio local. No entanto, o primeiro final de semana após a greve aconteceu o contrário e, em decorrência de tão pouco movimento na praça principal da cidade, às 20h os bares fecharam as portas. O comerciante Roberto Almeida contou que estava esperando mais movimento e se decepcionou. “Acredito que os comentários sobre acontecer outra greve fizeram com que o povo ficasse com medo de vir para a cidade e não ter como voltar. Os moradores não saíram, pois estão sem dinheiro, falo isso por que estou passando pelo mesmo”, disse. Segundo ele, o preço de tudo aumentou, “teve gente comprando gás de R$120,00, batata de quase R$ 10,00 o quilo, então as pessoas tiveram que cortar os gastos, lazer ficou em último plano, pois o dinheiro não está dando nem para o essencial”, desabafou. Roberto tem bar e pizzaria no centro da cidade há mais de 30 anos e declarou estar passando por uma de suas piores fases no comércio.
TEXTO-LEGENDA O comércio e os Namorados O movimento de vendas no comércio de Cachoeira e São Félix para o Dia dos Namorados foi marcado pela expectativas por parte dos consumidores, que como sempre aguardavam muitas promoções, variedade de estoque e preços mais baixos.
Ana Célia Coelho
Os lojistas, por sua vez, investiram nas prateleiras e apostaram no romantismo dos baianos para aumentar as suas vendas
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COMPORTAMENTO
Me Encontre No Tinder: Os Relacionamentos na Era Digital
Mbeni Ware , de 33 anos; e André Felipe, de 27, estudam na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cachoeira, mas nunca haviam se visto. Através do Tinder, conversaram, marcaram um encontro e hoje estão juntos. Quando Mbeni começou a usar o aplicativo, acreditou que não daria em nada: “Eu achava que era só pra se pegar, que não tinha nada sério”. André estava à procura de um relacionamento, e como se descreve uma pessoa caseira, o aplicativo foi um facilitador. O casal criticou a forma como as pessoas estão usando o app e como as conversas eram rasas antes de se conhecerem. “Todas as pessoas que conheci antes do André já iniciavam a conversa dizendo que não queriam nada sério ou então paravam de responder por dias”, disse Mbeni.
Segundo ela, “depende do interesse da pessoa que está usando, e tem muita gente que você percebe que quer relacionamento, mas fica fazendo esse tipo de joguinhos”. Sobre preconceitos por ter se conhecido na plataforma, o casal costuma lembrar de algumas reações típicas: “Mentira que tu conheceu seu namorado no Tinder” ou “Ninguém quer nada sério [sobre o app]”, são frases que
Mbeni disse ouvir dos amigos quando conta sobre o seu namoro. “As pessoas realmente não acreditam, elas dizem que o Tinder é para curtição ou pra frustração”, disse André sobre a imagem que as pessoas tem sobre o aplicativo. Para os familiares, eles evitaram contar como se conheceram por conta de experiências ruins no passado. Era Digital Antes do que chamamos a Era Digital, o namoro tinha como objetivo o casamento, e formar uma família era primordial para a época. Quem não se casava era mal visto pelos outros. A idealização do amor era bem diferente, o amor romântico, narrado em músicas, filmes e novelas. Casais namoravam em praças ou parques, quando não eram unidos pelo acaso ou amigos em comum. Era necessário ser visto para atrair pretendentes. Outros tempos, alguns diriam. Hoje, os namoros nem sempre garantem casamento e estão muito mais focados na descoberta dos prazeres a dois do que no dever. É possível conhecer pretendentes sem sair de casa. Na Era Digital, nossos vínculos, comportamentos e o nosso cotidiano se modificaram completamente através do avanço tecnológico. No começo, facilitado pelos bate-papos online (comum no final dos anos 1990 e 2000), com o uso quase extinto nos dias de hoje é possível conhecer outras pessoas com gostos parecidos ao seu. Há também sites especializados em unir perfis semelhantes, para facilitar o trabalho de quem está a fim de
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Artigo:Lucas Neves Fotos: Adrielly Novaes
Para Mbeni e André, o Tinder surgiu como uma alternativa para conhecer novas pessoas e acabou unindo o casal, há cerca de três meses. conhecer ou começar um relacionamento. O risco é que não há garantias de quem está por trás da tela. Indo de encontro a este problema, surge o Tinder, um aplicativo de relacionamentos para celular que extrai os principais dados da sua conta no Facebook (nome, idade, gostos e sua rede de amigos), permitindo que você fique disponível a uma conversa online, se houver interesse por parte dos dois perfis. É possível ver os amigos em comum e até onde o outro trabalha ou estuda, numa análise muito rápida, como uma forma de garantir que o outro é o quem diz ser. A vantagem de aplicativos como esse, é a facilidade do processo de seleção dentro do seu ambiente, dando uma sensação maior de controle, além de eliminar elementos como gestos e posturas que podem influenciar na abordagem em um primeiro contato.
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Culinária espanhola pousa na casa de Damário
A
Maria Lara Pires
Galeria de Arte Pouso da Palavra foi inaugurada em 2000 pelo poeta e jornalista Damário Dacruz, nascido em Salvador, mas considerado cidadão cachoeirano. Em março deste ano o lugar ganhou um toque amarelo e vermelho: a taberna espanhola Dom Pepe foi reinaugurada lá. Manuel Mayan, descendente de espanhol, é dono do restaurante e mora na cidade há quatro anos, porém desde a infância se relaciona com o Recôncavo.
de de fazer algo para continuar incentivando a dinâmica cultural em Cachoeira. Inicialmente, o restaurante Dom Pepe se instalou em Fory Escultor, localizado na Rua 13 de Maio.
Dois cardápios Acima, Manoel Mayan, responsável pelo espaço. Nas fotos abaixo, detalhes da área externa do Pouso da Palavra, bar e mural com dados de Damário. Segundo ele, a amizade com os artistas da região - como Suzart, Pirulito, Damário e o polonês Michel - teve grande influência na sua permanência na cidade. A perda em 2010 do amigo poeta, considerado um irmão, despertou-lhe a vonta-
Dona Graça, que foi companheira de Damário, propôs a Manuel uma parceria com o Pouso e assim o projeto ganhou vida. Um memorial do poeta cachoeirano recepciona aqueles que chegam no lugar e direciona os olhares para os quadros e fotografias expostos nas paredes. Manuel revelou que a taberna está em funcionamento, mas ainda há muitos
Fotos: Bruno Leite
planos para serem realizados, como a reabertura da galeria em homenagem ao fundador, uma boutique de produtos regionais, uma futura livraria e um cantinho para charutos e cachaças. Ele falou sobre a busca de uma identidade moderna no espaço, mas sempre prevalecendo aspectos que foram importantes na proposta inicial da casa, que são legados de Damário e da poesia. “Quando uma pessoa dessa falece, como que vai suprir o que ela fazia de uma forma tão especialíssima? E houve tentativas diversas da própria família. Se eu vou ter bons resultados ou não, o tempo dirá, como diz minha mãe, mas era necessário dar uma repaginada”, contou.