Rev. Gibson da Costa - Confissões Teológicas: Um ministro unitarista (re)pensando a fé no século XXI

Page 189

É exatamente aí que me afasto plenamente da ortodoxia cristã. Não creio que o Cristianismo possa ser definido como sendo o que acreditamos. Não em sua essência. Não em seu início. Penso que se tornou isso, mas não penso que seja isso que ele deva ser. A passagem que eu li do evangelho de João fala um pouco sobre isso. A narrativa sobre o duvidoso Tomé e como ele teve de tocar a ferida de Jesus antes de poder acreditar tem sido interpretada e usada através dos séculos para tentar incutir culpa nas pessoas, para forçá-las a abandonar suas dúvidas e fazê-las aceitar algo que é inacreditável – que Jesus apareceu em carne após ter sido executado. Tomé é ridicularizado e usado como um exemplo do que não deveríamos ser, como se para que nossa fé fosse vista como mais autêntica, não exigiríamos tais provas. Há vários níveis no livro de João, e ele, como um livro e como um documento teológico, tem um relacionamento único com o evangelho de Tomé – e não é por acaso que o discípulo duvidoso nesta narrativa é chamado de Tomé. E, tanto no evangelho de João como no de Tomé, o que é importante é que se acredite. Não em nome da própria crença, mas por causa de onde ela lhe levará. Em seu início, o Cristianismo era uma experiência que as pessoas tinham. Era um visão radical de comunidade inclusiva. Uma nova sociedade que praticava um amor transformador. Crer na possibilidade disso, comprometer sua vida 189


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.