Retales de masoneria 105 - Marzo 2020

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Retales de masonería – Nº 105 – Marzo 2020

O prédio próprio (Período de 1918 a 1924) Uma das primeiras preocupações dos componentes da Loja recém-fundada - Estrela Uberabense - foi a aquisição de um terreno para a construção de sede própria. Tão evidente era esse justo anseio, que, já na segunda reunião, em 3 de maio de 1918, após uma interpelação em Loja, o irmão Francisco Riccioppo, informava haver, na Rua Major Eustáquio (conhecida como “Beco da Maçonaria”), um terreno pertencente à antiga Loja Maçônica “União Fraternal”, cujo Templo, ali existente, havia sido incendiado. Em face da informação, tomaram providências imediatas, ficando Miguel Del Re incumbido de sindicância a respeito. Foi feita à Câmara Municipal uma petição para o alinhamento e consequente licença para cercá-lo, ficando Francisco Riccioppo encarregado do assunto. Para o despacho da petição à Câmara Municipal, pela sua Comissão Executiva (da qual faziam parte Monsenhor Inácio Xavier da Silva e Fernando Sabino de Freitas - filiado à própria antiga Loja “União Fraternal”), exigiu-se a documentação comprobatória do direito de posse do imóvel. Sendo então, infrutíferas as buscas em cartórios, recorreram ao Grande Oriente. De sindicância em sindicância, descobriram que o terreno pertencera à antiga Loja “Amparo da Virtude” II. Extinto, o imóvel passou para o Grande Oriente que, por sua vez, permitiu nele a construção ou adaptação do prédio para a “União Fraternal”. Também extinta, o terreno, após o incêndio do prédio, ficou abandonado, durante muitos anos. Em agosto, três meses decorridos, descobriram-se títulos em poder de um filho do primeiro comprador, Joaquim Vaz de Melo - títulos estes que não se achavam assinados nem pelo adquirente nem por Maximiano José de Moura, Tesoureiro da antiga “Amparo da Virtude” II, o qual tinha poderes para efetuar a venda. Em vista dos resultados obtidos e nada podendo fazer-se, ficou resolvido instituir-se a questão judiciária, entregando-se a causa ao Dr. Manoel Lacerda, advogado em Uberlândia, maçom dedicado, para reivindicações de direitos, à espera de procuração do Grande Oriente. Nesse ínterim, o vizinho foi, aos poucos, invadindo o terreno e nele fazendo plantações, até que a Loja “Estrela Uberabense”, em 9 de janeiro de 1919, incumbiu o Irmão André Vona de medi-lo e cercá-lo, em presença de testemunhas, levando à sessão seguinte o resultado do seu trabalho. O terreno foi encontrado já dividido em duas partes: uma parte medindo 34 metros e 1/2 e outra, anexa a este, medindo 16 metros e 1/2, já apoderada a parte maior pelo vizinho. Em 23 de outubro de 1919, decorridos dois meses, o Grande Oriente envia a procuração necessária diretamente ao Dr. Manoel Lacerda, mas que não é encontrado em Uberlândia pelo emissário enviado àquela cidade. Várias pranchas ele dirigidas não tiveram resposta e o prazo para reivindicação de direitos estava esgotando-se. Afinal, com muita dificuldade e perda de tempo, conseguiu-se que a procuração lhe fosse entregue. Em 9 de setembro de 1920, o Dr. Manoel Lacerda esteve em Uberaba e acabou substabelecendo a procuração ao Dr. Leopoldino de Oliveira que, após efetuar completo e minucioso exame do assunto, revelou e reconheceu que o terreno fora adquirido ilegalmente por certa pessoa, confessando também que nada podia fazer, mesmo porque o prazo para qualquer providência havia muito já prescrito, pois haviam decorridos 40 anos... Todavia estava em entendimento amigável com o referido vizinho, o qual concordou, finalmente, com que a Loja “Estrela Uberabense” ficasse proprietária do lote menor... Resignada, a Loja pediu, logo ao Grande Oriente procuração para receber e registrar o imóvel que lhe coube, e assim se fez.

A ideia da construção do prédio para a sede da Loja nunca esmoreceu. Enquanto se processavam os entendimentos para a tomada de posse do antigo terreno da “União Fraternal”, de quando em quando, à discussão do assunto era levada em discussão, e um frêmito de entusiasmo se apoderava de todos. Todavia, com o tempo, dadas as dificuldades financeiras da época, esse entusiasmo foi-se arrefecendo.

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