O Jesus que eu nunca conheci - Philip Yancey

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beber o cálice que estou para beber?” “Podemos”, insistem em sua ingenuidade. Às vezes me pergunto se teria desejado juntar-me aos Doze. Não importa. Diferente dos outros rabis, Jesus escolheu seu círculo mais íntimo de discípulos, em vez de deixar que eles o escolhessem. Tal era o magnetismo de Jesus que eram necessárias apenas algumas frases para persuadi-los a deixar seus empregos e famílias para se juntarem a ele. Dois pares de irmãos — Tiago e João, Pedro e André — trabalhavam como sócios em barcos pesqueiros e, quando ele os chamou, abandonaram o negócio (ironicamente, depois que Jesus lhes deu o mais bem-sucedido dia de pescaria). Todos, menos Judas Iscariotes, vieram da província natal de Jesus, a Galiléia; Judas procedia da Judéia, o que mostra como a reputação de Jesus se havia espalhado pelo país. Eu ficaria aturdido com a estranha mistura representada pelos Doze. Simão, o Zelote, pertence ao partido violentamente oposicionista à Roma, enquanto Mateus, o coletor de impostos, tinha sido recentemente empregado pelo governador-fantoche de Roma. Nenhum mestre como Nicodemos ou rico patrocinador como José de Arimatéia fez parte do grupo dos Doze. É preciso olhar muito para detectar alguma capacidade de liderança. Em minha observação, na verdade, o predicado mais óbvio dos discípulos parece ser sua obtusidade. “Também vós não entendeis?”, Jesus pergunta, e novamente: “Até quando vos sofrerei?”. Enquanto estava tentando ensinar-lhes a liderança de servo, discutiam sobre quem merecia a posição mais favorecida. A fé formal deles exaspera Jesus. Depois de cada milagre, impacientavam-se pelo próximo. Ele podia alimentar cinco mil — e quatro mil? A maior parte do tempo um


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