A EM quer enganar quem?

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A "ESQUERDA MARXISTA" QUER ENGANAR QUEM? Reportando em 30 de agosto o primeiro debate do PED, transmitido por internet, um texto do grupo “Esquerda Marxista” acusa de "reformismo" o candidato a presidente do PT, Markus Sokol, pela chapa Constituinte Por Terra, Trabalho e Soberania, e a nós, da Corrente O Trabalho do PT. Dizem eles: “Sokol e a corrente O Trabalho – que não utiliza em nenhuma parte de sua tese a palavra 'socialismo'– aderiu ao financiamento público e à Reforma Política. Além disso, traz como objetivo a reforma do Estado, quando, os revolucionários sabem, é impossível reformar o Estado Capitalista com suas instituições que funcionam para garantir a exploração dos trabalhadores e os interesses da burguesia. A verdadeira tarefa do proletariado é pôr fim ao Estado Capitalista e construir um Estado Operário" Mas o mesmo texto, poucas linhas antes, informava que Serge Goulart, o candidato da EM, falando sobre a reforma política afirmou: "Mudança é acabar com o Senado, mudança é proibir o financiamento por empresas, é permitir que os sindicatos financiem os partidos da sua classe, é reformar para destroçar a legislação eleitoral que existe nesse país.” (grifo nosso). Assim, a EM condena, por não falar de "socialismo", a proposta de plebiscito pela Constituinte para fazer a reforma política, defendida por Markus Sokol, porque seria "impossível reformar o Estado Capitalista". Mas, o desatento redator da EM não percebeu que seu próprio candidato contrapõem essa reforma "do Estado" a uma outra reforma, inferior e mais limitada, uma "reforma da legislação eleitoral". Para Serge Goulart e a EM é "impossível reformar o estado capitalista". Por isso defendem apenas a "reforma eleitoral", deixando intocado todo o resto do "estado capitalista"?! A quem querem enganar? As jornadas de junho revelaram um fosso entre os representados (o povo com suas aspirações sociais) e a representação política, particularmente o Congresso Nacional. As manifestações abalaram as instituições do Estado – Judiciário, Legislativos e Executivos em todos os níveis – instituições em larga medida herdadas da ditadura militar e que continuam sendo um obstáculo. A presidente Dilma deu um passo – ainda que limitado – para responder à pressão das ruas, ao propor um plebiscito para uma Constituinte específica fazer a reforma política. Imediatamente o PMDB, o STF, o PSDB, e toda a grande mídia bombardearam a proposta. E foram seguidos também pela Força Sindical e a Conlutas que, como se sabe, denunciaram o “diversionismo” de Dilma. A eles, vemos agora, junta-se a EM, cobrindo sua adaptação as instituições apodrecidas desse Estado, com a bombástica proclamação de que "a tarefa do proletariado é construir um Estado Operário"! É um fato: nos dias atuais, só os revolucionários são conseqüentes na luta por reformas (isto é, as conquistas que os trabalhadores arrancam por sua luta de classes no quadro do regime burguês). O imperialismo quer destruir e impedir essas conquistas, e os sectários e ultra-esquerdistas comentam e acompanham essa destruição. No caso da EM, desde a ruptura de Serge e seu grupo com a 4 a Internacional, há mais de sete anos, abandonaram o programa revolucionário com uma retórica aparentemente radical. Eis o que diz o Programa de Transição, programa de fundação da 4ª Internacional, referindo-se aos países coloniais e semi-coloniais: “Esses países atrasados vivem em condições do domínio mundial do imperialismo. É por isso que seu desenvolvimento tem um caráter combinado: reúne em si as formas econômicas mais primitivas e a última palavra de técnica e da civilização capitalista. É isto que determina a determina a política do proletariado dos países atrasados: ele é obrigado a combinar a luta pelas tarefas mais elementares da independência nacional e da democracia burguesa com a luta socialista contra o imperialismo mundial. Nessa luta, as palavras-de-ordem democráticas,


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