Cariri Revista - Edição 3

Page 35

“MASTIGANDO HUMANOS” = “SHINE” + “DON’T GIVE UP” Embriões concebidos, Daniel estava preparado para solar, bem acompanhado. Em abril, o álbum “Mastigando Humanos”, com 12 músicas inéditas, duas novas versões de hits e um encarte recheado de referências ao Cariri, saía nacionalmente pela Fora do Eixo Discos em parceria com o site Toque no Brasil, que se ateve ao preceito de DP e torna públicas as músicas para download, vídeos, fotos e biografia pelo link www. danipeixoto.tnb.art.br. O título do CD até sugere leituras antropofágicas. Todavia vem mesmo do romance psicodélico de Santiago Nazarian, escritor amigo, que também assina a letra da canção homônima. A deglutição voraz à qual Daniel se refere tem mais a ver com as próprias sendas existenciais. Desde que saiu do Crato para tentar a vida e atentar às artes, diz que não fez muito além de absorver, degustar e digerir provas humanas, alheias e pessoais. Na mescla de programações eletrônicas com percussões e incidências regionalistas, Peixoto compôs um saladão rítmico que chama “electro-brega-industrialpop-punk-tropical”. Liga trip hop, menções às sonoridades 90’s e vertentes do rock com sotaques nacionais no estrondo de pandeiros, atabaques, “um tamborzão mais frenético”, elementos de samba, macumba, carimbó, tecnobrega e forró para refrescar o fundamento eletrônico. O ecletismo na pluralidade do trabalho e “a participação de muita gente bacana” não abreviam a capitania de Dani em “Mastigando Humanos”. Sempre confessional, DP é um catalisador do que vive, um amplificador do que o cerca. Abre o disco na delicadeza embalada de “Olhos Castanhos”, romantiza com a viajante “A Fish Alone” e começa a acelerar na inequívoca brasilidade melodiosa, sexual e bem humorada de “Flei”. A canção-título do disco evidencia as

farragens mandatórias, que não abrandam em “Shine”, quando se une ao luzente vocal de Nayra Costa para chamar às pistas. E a levada caliente ecoa no acelerado hit “Come to Me”. Dani amaina na declarativa “My Love Has Green Lips” e mareja pop nas ondulações híbridas de “Praia do Futuro”, que também sapecam em “Raio de Fogo”, com participação de Thalma de Freitas (vocalista da Orquestra Imperial). Na entusiástica “Don’t Give Up”, divide créditos com o rapper Xis e Clowie de Wolf. A diversão bomba na descarada “Eu só Paro se Cair”, e “I Trust My Dealer” volta com novos arranjos e efeitos, antes do agitado remixe de Discokillah para “Come to Me” ganhar os apaziguamentos de despedida da acalentadora “Desacelerando”, com backing vocal da também cearense Laya Lopes. EURO DISCO “Mastigando Humanos” mal começava a ser devorado no Brasil, elogiado pelas revistas Rolling Stones e MixMag, abalizado por sites como MadDecente do Dj Diplo de NY, e Daniel já seguia em excursão por Paris e Berlim. Tendo garantido o lançamento digital do trabalho pelo selo francês Abtjour Records, com distribuição pela inglesa Pias Records (a mesma de artistas como Adele, Radiohead e Massive Attack), ele explica que “o label francês decidiu dividir o disco em dois por acreditar que 14 faixas seria muito para um lançamento na Europa, já que a maioria lança EPs”. Batizada “Shine”, nome fácil, curto e com o apelo pop que a canção confere, no dia 18 de julho saía na Europa a primeira versão compactada do CD, que traz a faixa homônima, além de “Flei”, “Eu só Paro se Cair”, “Come to Me” (Discokillah remix) e “I Trust my Dealer”. DP, que grava clipe de “Shine” com uma equipe “muito competente na Holanda”, adianta que “em alguns CARIRI REVISTA 35


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.