António Jacinto e a sua época

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A cabeça de Salomé entre as crónicas de Ana Paula Tavares

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Essa era a função de Fernão Lopes, o então cronista-mor que no ano de 1434, passa a ser escritor oficial do Reino Português, tendo como missão relatar os feitos heróicos dos reis deste país. Desse tempo, a crónica traz consigo os fragmentos do quotidiano narrados por escritores que lidavam com as circunstâncias diárias, como uma forma de pensar a sociedade onde viviam. No final do século XVIII, com a difusão da imprensa em França, notadamente, a crónica assume uma forma embrionária, quando regista o dia-a-dia da sociedade para um determinado público leitor. Em 1799, o pequeno texto adere ao journal des débats, quando este periódico cria a sessão feuilleton no rodapé da página. Caracterizado pelo traço horizontal ao “rés-do-chão”, rez-de-chaussée, o pequeno texto ficava separado das demais publicações do jornal. De início, o rodapé dedicava-se à publicação de entretenimento, como moda, divulgação de espetáculos, convites para bailes e, posteriormente, juntava-se crítica literária e teatral. O rodapé serviu de modelo adotado por outros jornais franceses, principalmente a partir de 1830 e ficou conhecido por “folhetim”. Composto por textos de variedades, a secção tomou as páginas dos jornais da Europa, não sendo diferente nos periódicos do Brasil, país em que o folhetim foi a grande sensação no jornalismo do século XIX. As chronicles, como eram conhecidas em França, eram textos de variedades que se multiplicaram em colunas diversas apresentando títulos como: “Notas de Arte”; “Fatos diversos”; “Balanço literário”; “Revista Semanal”; “A semana”; “Comentários da Semana”, entre múltiplas titulações que correspondiam à curiosidade de uma faixa de leitores muito peculiar. No início do século XX, a modernidade acena para a transformação operada na indústria do jornalismo, que passa pela transição da pequena para a grande imprensa. A passagem de uma imprensa quase artesanal, com empreendimento pessoal, para uma imprensa capitalista, faz-se, consequentemente, refletir no plano de produção e circulação dos jornais. Deste modo, a indústria passa doravante a ocupar-se e a preocupar-se, sobretudo, em atrair uma grande massa de leitores.

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