Percy Jackson e a maldição dos titans

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Grover respirou fundo. “Eu encontrei dois.” “Dois meio-sangues?” perguntou Thalia, surpresa. “Aqui?” Grover assentiu. Encontrar um meio-sangue já era bastante raro. Naquele ano, Quíron pusera os sátiros para trabalhar horas extras e os enviara aos quatro cantos do país observando os alunos da quarta à oitava séries dos colégios em busca de possíveis recrutas. Eram tempos difíceis. Estávamos perdendo campistas. Precisávamos de todos os novos lutadores que pudéssemos encontrar. O problema era que não havia muitos semideuses por aí. “Um irmão e uma irmã,” disse ele. “Têm dez e doze anos. Não sei quem são seus pais, mas são fortes. E nosso tempo está se acabando. Eu preciso de ajuda.” “Monstros?” “Um,” Grover parecia nervoso. “Ele suspeita. Não acredito que já tenha certeza, mas é o último dia do ano letivo. Estou certo de que não permitirá que eles deixem a escola antes de descobrir. Pode ser nossa última chance! Cada vez que tento chegar perto deles o monstro está sempre lá, me impedindo. Não sei o que fazer!” Grover olhou desesperado para Thalia. Tentei não me sentir incomodado com isso. Normalmente, Grover olhava pra mim esperando respostas, mas Thalia tinha precedência. Não apenas porque o pai dela era Zeus. Thalia tinha mais experiência que qualquer um de nós em combater monstros no mundo real. “Certo,” disse ela. “Esses meio-sangues estão no baile?” Grover assentiu. “Então vamos dançar,” disse Thalia. “Quem é o monstro?” “Ah!” falou Grover olhando em volta, nervoso. “Você acabou de conhecê-lo. O vicediretor, Dr. Streppe.” O estranho nas escolas militares é que as crianças ficam enlouquecidas quando acontece algum evento especial e elas podem tirar o uniforme. Acho que é porque tudo é tão rígido, o restante do tempo elas sentem que precisam compensar ao máximo, ou coisa assim. Havia balões pretos e vermelhos espalhados por todo o piso do ginásio, e os caras os chutavam um na cara do outro, ou tentavam estrangular uma ao outro com as correntes de papel crepom grudadas nas paredes. As meninas se moviam de lá para cá amontoadas como num jogo de futebol americano, do jeito como sempre fazem, usando montes de maquiagem, blusas de alças finas, calças de cores berrantes e sapatos que pareciam instrumentos de tortura. Volta e meia cercavam algum pobre coitado como um cardume de peixes, aos gritinhos e risadinhas, e quando finalmente se afastavam, o cara estava com fitas no cabelo e rabiscos de batom na cara inteira. Alguns dos caras mais velhos se pareciam mais comigo — pouco à vontade, junto às paredes do ginásio, tentando se esconder, como se a qualquer minuto fossem ter de lutar pelas suas vidas. No meu caso, é claro, isso era verdade... “Lá estão eles,” Grover acenou com a cabeça para duas crianças mais novas discutindo na arquibancada. “Bianca e Nico di Angelo.” A menina usava um gorro verde frouxo, como se estivesse tentando esconder o rosto. O menino era, obviamente, seu irmão menor. Ambos tinham cabelo escuro e sedoso e pele morena, e usavam muito as mãos quando falavam. O menino estava embaralhando algum tipo de figurinhas. A irmã parecia repreendê-lo por alguma razão. Ficava olhando em volta, como se sentisse que havia algo errado. Annabeth disse: “Eles já... quer dizer, você já contou a eles?” Grover sacudiu a cabeça.


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