Revista
Integração REDE LA SALLE
ANO XLV - DEZEMBRO 2016 Nº 118
Cultura digital: caminho para aprendizagem de excelência
2017, UM ANO DE CELEBRAÇÕES!
A Província La Salle Brasil-Chile, formada por Brasil, Chile e Moçambique, comemora datas especiais. São 140 anos de presença lassalista no Chile, 110 no Brasil e 25 em Moçambique. Essas celebrações marcam a história de dedicação à educação humana e cristã, e o sonho de São João Batista de La Salle!
Rua Honório Silveira Dias, 636 - Porto Alegre/RS - Brasil
Sumário
Mensagem do Presidente 5 Nos Tempos de La Salle 6 Características do Santo Fundador relacionadas ao tema central
Canal Aberto 7 Novidades e curiosidades sobre a área da comunicação
Entrevista 8 Pensando a educação nos novos tempos
Aniversários 25
Obras Assistenciais 53
Histórias e relatos de lassalistas sobre suas vivências na Rede La Salle
Breve histórico de Comunidades Educativas em comemoração ao seu aniversário
Relatos de experiências das Obras Assistenciais
Rede La Salle 16
Variedades 28
Iniciativas e acontecimentos na Instituição
Dicas de filmes, livros e sites, e calendário de eventos da área educacional
Descrição de projeto, evento ou iniciativa em âmbito pastoral
Sou Lassalista 12
Cultura 18 Iniciativas culturais em Rede
Experiências 30
Eventos 20
Apresentação de experiências e projetos de destaque nas unidades
Apresentação de eventos que envolvem a Rede La Salle
Matéria de Capa 22 Para novas perguntas, novas respostas
Pastoral 54
Artigos 56 Reunião de artigos sobre educação
Opinião 69 Textos opinativos sobre a área educativa
Diário de Classe 40 Breves relatos de atividades desenvolvidas nas escolas
Educação Superior 48 Relatos de atividades realizadas nas IES Lassalistas
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Editorial São João Batista de La Salle recorreu aos recursos de sua época para inovar na educação. Hoje, não há como negar que o uso das novas tecnologias é meio privilegiado para acessar conteúdos, desenvolver habilidades, competências e valores junto com os educandos. A exemplo do que fez nosso Santo Fundador, o processo ensino-aprendizagem atual requer o envolvimento com três eixos: colaboração, produção de significado e experiência. Ao levá-los em conta, as instituições de ensino tornam-se locais que cultivam sonhos e projetos juvenis, que conduzem as transformações no aqui e no agora. O trabalho colaborativo é legado desde as primeiras Comunidades Lassalistas no século XVII e nos mobiliza hoje a pensarmos em novas formas educativas que respondam às necessidades e aos desafios do século XXI. Esses são temas desta edição da Revista Integração. Nela, leitor(a), você pode conhecer alguns exemplos de práticas da educação lassalista associadas à cultura digital por meio de entrevistas, artigos, reportagens e relatos. CAPA Setor de Comunicação e Marketing
Desejamos uma excelente leitura. Viva Jesus em nossos corações! Para sempre! Comissão Editorial
Envie suas sugestões, críticas e opiniões para: revistaintegracao@lasalle.org.br
Expediente REVISTA INTEGRAÇÃO ANO XLV – Nº 118 JANEIRO DE 2017 ISSN 1982-3991 Provincial: Ir. Edgar Nicodem Diretor Provincial de Missão: Ir. José Kolling Diretor Provincial de Formação: Ir. Marcelo Salami Diretor Provincial de Gestão e Ecônomo: Ir. Olavo José Dalvit Secretário Provincial: Ir. Antônio Cantelli
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REVISTA INTEGRAÇÃO JANEIRO 2017
Comissão Editorial: Ir. José Kolling – Coordenador Ir. Alvimar D’Agostini
Coordenação Setor de Comunicação e Marketing : Graciela Dias de Oliveira
Ir. Cledes Antonio Casagrande Ir. Nelso Antonio Bordignon Graciela Dias de Oliveira
Edição e Reportagens: Gabriela Boni – Mtb 15441
Lúcia Rosa Mary Rangel Rosemari Fackin Vanessa Guimarães
Parecer (Artigos): Ir. José Kolling Revisão: Cristiani Fernandes
Realização: Direção Provincial de Missão e Setor de Comunicação e Marketing da Rede La Salle
Diagramação: Setor de Comunicação e Marketing Fechamento da edição: Dez/2016
Mensagem do Presidente
Cultura digital: caminho para aprendizagens de excelência A cultura digital expressa um dos desejos mais antigos da humanidade: comunicar-se. Não se trata apenas de fazer circular informações das mais diversas áreas do conhecimento, mas, efetivamente, de estabelecer interações que permitam tanto o indivíduo, quanto a sociedade expressar-se da forma mais livre, integrada, superando inúmeras barreiras. A cultura digital pode favorecer o desenvolvimento de processos democráticos por meio do acesso à informação, ao conhecimento, à educação. Além disso, pode ampliar horizontes com a finalidade de configurar uma sociedade mais participativa, inclusiva, em harmonia com a criação e com maior consideração pela diversidade. Na cultura digital, sinais locais e globais, novas e velhas tradições, configuram um jogo dialético permanente entre tradição e invenção. É nesse cruzamento de matrizes milenares e tecnologias de ponta que são configurados, em tramas complexas, os símbolos, os processos culturais, sociais e econômicos da sociedade atual. A aprendizagem de excelência ocupa um lugar de destaque na reconfiguração constante das dinâmicas da sociedade. Na sociedade do século XXI, a aprendizagem é cada vez mais aberta, interativa e contínua. Educar para habilidades e competências no contexto da cultura digital requer o conhecimento de novos códigos e linguagens. Criar, inventar, construir, experimentar, comunicar, cooperar, ressignificar e aprender são caminhos de uma aprendizagem de excelência no contexto da cultura digital. São todos verbos de ação, movimento e que expressam dinamismos fundamentais da educação de excelência. Desde as suas origens no século XVII, na França, a Rede La Salle sempre procurou responder às necessidades educativas das novas gerações. Por isso, La Salle, com os primeiros Irmãos, constituiu uma comunidade para animar as obras educativas. A palavra central é comunidade, ou seja, um grupo de pessoas que se comprometem com uma determinada missão. Uma comunidade que se propõe ser sinal de esperança para as crianças, os jovens e os adultos. Em função desse compromisso, desenvolveu novas iniciativas como, por exemplo, o Guia das Escolas. A preocupação fundamental foi de proporcionar uma aprendizagem de excelência em condições de constituir um diferencial na vida de crianças, adolescentes, jovens e adultos, preparando-os para assumir a sua missão na transformação da sociedade. Hoje, a Rede La Salle continua comprometida com propostas educativas de excelência, com o objetivo de atender às necessidades das pessoas e das organizações que vivem em uma sociedade em acelerado processo de transformação. Por isso, organiza espaços de convivência, ensino e aprendizagem, tanto físicos quanto virtuais, para proporcionar uma aprendizagem de excelência. Com isso, queremos incidir nos itinerários formativos com o propósito de contribuir na configuração de uma sociedade mais humana e humanizadora, justa e solidária, em consonância com os valores e os princípios da Rede La Salle. Em 2017, a Rede La Salle está em festa. Vamos celebrar 140 anos de presença no Chile, 110 no Brasil e 25 em Moçambique. Celebrar 140, 110 e 25 anos de presença lassalista é um convite para olhar o passado com gratidão e o futuro com esperança. Um dos sinais de esperança que a Rede La Salle pode propiciar hoje é uma aprendizagem de excelência para as novas gerações. Para novas perguntas, novas respostas. IR. EDGAR GENUINO NICODEM Provincial da Província La Salle Brasil-Chile e Presidente da Rede La Salle
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Nos Tempos de La Salle
Cultura digital e valores de formação humana “Aculturar-se” no meio digital é um requisito da vida e das relações na sociedade e na escola Mary Rangel Decana do Unilasalle Rio de Janeiro
A cultura digital tem recebido crescente atenção na formação de alunos e de professores, até porque, na escola, a comunicação entre docentes, alunos e famílias tem sido recorrente ao uso da internet. Assim, “aculturarse” no meio digital é um requisito da vida e das relações na sociedade e na escola. O cuidado que se requer é o da atenção a valores, uma atenção requerida no sentido de se preservarem os parâmetros éticos e morais que são parte do processo educativo e da construção de relações sadias, solidárias, fraternas, inclusivas, de modo que a comunicação informatizada aproxime, e não afaste, os seres humanos. Cabe então às famílias acompanharem a comunicação de seus filhos em termos que valorizem as relações e os cuidados que essa valorização recomenda. Cabe também observar o tempo que crianças e jovens dedicam às conversas com uso de celular, assim como o teor do que estão falando. Reafirma-se então que, quando se trata de cultura digital, é preciso pensar na formação humana e nos princípios que orientam essa formação. Somos responsáveis pelas crianças e pelos jovens que constituem o presente e o futuro de uma sociedade sadia. Todas as meditações de La Salle se fazem no sentido do cuidado que se deve ter com alunos e alunas que fazem parte de nossa vida como educadoras e educadores lassalistas, cujo processo educacional é conduzido com firmeza e ternura, traduzindo o amor, a atenção, a presença, o cuidado, a orientação firme e, ao mesmo tempo, afetiva do docente. 6
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Alunos durante aula no La Salle Abel
Se tendes para com eles a firmeza de pai para tirá-los e afastá- los do mal, deveis ter-lhes também a ternura de mãe para acolhê-los e fazer-lhes todo o bem que depende de vós (DE LA SALLE, Meditação 101, 3, 2, 2012, p. 232). A pedagogia de La Salle chega, portanto, aos dias atuais, com parâmetros axiológicos e epistemológicos relevantes a serem considerados e praticados em favor da formação socioeducacional dos alunos. Esses parâmetros de formação, que se encontram no Guia das Escolas, nas Meditações e nas Cartas, contribuem às reflexões e aos fundamentos de uma educação de qualidade, em suas dimensões espiritual, humana, técnica e política. A visão transcendente da vida, própria da dimensão espiritual, é pautada em valores que inspiram o fazer docente, trazendo à contemporaneidade o pensamento de La Salle, suas iniciativas inovadoras, seus paradigmas, seus princípios do “bem viver”.
Pedi hoje a Deus a graça de velar de tal modo sobre as crianças a vós confiadas, que tomeis todas as precauções possíveis para preserválas de quedas graves. Rogai-lhe serdes para elas guias tão bons que as luzes adquiridas por vós com o auxílio de Deus e a fidelidade em desempenhar devidamente vosso emprego vos façam perceber tão acuradamente tudo o que possa ser obstáculo ao bem de suas almas, que arredeis do caminho de sua salvação tudo quanto possa prejudicá-las (DE LA SALLE, Meditação 197, 3, 2, 2012, p. 448).
Referência DE LA SALLE. Meditações. In: Obras completas de São João Batista de La Salle. Coordenador: Edgard Hengemüle; tradutores: Albino Afonso Ludwig et al. Canoas, RS: Unilasalle, 2012. (Volume II-B).
Canal Aberto
Tempo de inovar, de transformar e de avançar Simpósio da Google For Education traz reflexões para a educação lassalista Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing da Rede La Salle
Reitor do Unilasalle Canoas/RS e Diretor Presidente da Associação Nacional de Escolas Católicas (ANEC), Ir. Paulo Fossatti esteve presente em novembro na sede do Google, no Vale do Silício (EUA), para o Simpósio Global de Educação. Ele integrou a comitiva de executivos da área vindos de 14 países para este encontro, que debate, anualmente, políticas para transformação da educação. No final do segundo semestre de 2016, o Unilasalle Canoas inclusive formalizou sua parceria com a Google for Education. As mudanças que surgem impactam diretamente na sala de aula: professores e alunos passam a ter acesso gratuito a ferramentas que permitem a produção de conhecimento de forma colaborativa e dinâmica. À Revista Integração, Ir. Paulo fala sobre reflexões a partir do evento da Google, aliadas à realidade da Rede La Salle.
R.I – De que forma a experiência Google pode contribuir para a educação lassalista? Ir. Paulo – Acredito que as novas ferramentas oferecem uma sabedoria coletiva e a produção do conhecimento em grupos, uma herança cultural colaborativa já apregoada por La Salle. E o Google For Education tem por meta oferecer ferramentas gratuitas, acessíveis a todos e em todos os lugares. Por meio dela, por exemplo, podemos fazer uma viagem virtual à lua ou ao fundo do oceano sem sairmos de nossas casas ou escolas. São diversas inovações, como Google Classroom, aplicativos para visitas virtuais a museus, documentos compartilhados, comunicação entre professores e alunos por meio de vídeos, de voz e de texto, provas online com correção instantânea e muito mais. Google For Education educa e inspira, não limita nem mata os sonhos dos jovens. Ela facilita a tecnologia parceira da experiência. Ou seja, enquanto a escola tradicional se move na era da informação, a proposta Google nos toca na esfera da experiência. R.I – O que as tendências educacionais trazem em termos de reflexão para a Rede La Salle?
Ir. Paulo Fossatti integrou comitiva
Ir. Paulo – La Salle renovou a escola para que ela pudesse responder às necessidades de seu tempo. Para tal, ele ousou, inovou, permitiu-se ultrapassar fronteiras filosóficas, culturais e educacionais de seu tempo. Esta mesma
realidade nos é posta hoje. Temos um grande desafio de, inspirados em La Salle, renovar a escola para os tempos atuais. R.I – Como a educação católica pode caminhar cada vez mais alinhada às novas tecnologias sem dissipar sua essência? Ir. Paulo – As novas tecnologias não substituem os conteúdos, os valores, a identidade institucional. São ferramentas facilitadoras para que as escolas católicas possam se reinventar e resgatar seu lugar na sociedade. Portanto, as instituições católicas que quiserem continuar no mercado educacional, sem sombra de dúvida, terão necessariamente que dar respostas criativas aos desafios de seu tempo, como o uso racional e crítico das novas tecnologias.
Saiba mais O Google for Education é uma plataforma para otimizar o ensino e o aprendizado. Possui ferramentas adaptadas para o contexto das instituições de ensino. Um exemplo é o Google Classroom, a partir do qual professores podem criar e receber tarefas, se organizar com a criação de pastas no Google Drive para cada uma das tarefas e conversar em tempo real com seus estudantes – seja dentro ou fora da sala de aula.
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Entrevista
Pensando a educação nos novos tempos O modelo educacional nomeado como educação 3.0 propõe formas novas de educar, de ensinar e também adaptações às instituições de ensino Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing da Rede La Salle
Aprender torna-se a capacidade de articular saberes, linguagens e técnicas. Foto: La Salle Medianeira
Nos tempos atuais, o ser humano dificilmente é explicado sem as tecnologias, da mesma forma que as tecnologias não são explicadas sem os seres humanos. Essa é a compreensão trazida pela educação 3.0, tema desta seção da Revista Integração. Contribuem com suas visões e experiências os educadores Cleber Ratto, do Unilasalle Canoas, Fernando Becker, da UFRGS, e Cristina Martins, doutoranda em Educação pela PUCRS. Confira! R.I – De que forma resumiriam os períodos anteriores à chamada era da educação 3.0 ou Terceira Revolução Educacional? Cristina – Para chegarmos à educação 3.0, houve um percurso sócio8
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histórico, com três pontos marcantes dentro da cultura humana. Em um primeiro, temos a criação da instituição “escola”. Em um segundo movimento, temos uma resposta desta instituição à Revolução Industrial, disseminando a perspectiva da educação em massa. E, atualmente, a Sociedade da Informação vem novamente reconfigurar a atuação educacional, principalmente pelo estabelecimento da cultura digital. Fernando – Caracterizaria os dois em um pacote único para confrontálos com a educação 3.0. Ambos não admitem a autonomia do sujeito como objetivo educacional. Ou por considerar que a obediência é um valor inquestionável ou por professar a crença de que a repetição, no
plano do comportamento, ou a cópia, no plano da cognição, são valores máximos em termos de aprendizagem dos conhecimentos disponíveis – do “acervo cultural da humanidade”. Cleber – A chamada educação 3.0 refere-se a um conjunto de transformações culturais que acabam por exigir novos modos de organização das práticas educativas. A educação 1.0 corresponderia ao período em que a educação, como privilégio de poucos, consistia em um processo de formação individualizado. A educação 2.0, por sua vez, estaria relacionada ao ideário educacional moderno, de massificação. Já a educação 3.0 seria a marca dos processos educativos contemporâneos, que precisariam recuperar o sentido
Entrevista de formação humana para a vida em comum. Vale ressaltar que qualquer novo modo de nomear a educação não nos livra dos grandes desafios de sempre. R.I – Como analisam a relação da cultura digital com a educação 3.0? Fernando – Penso que é impensável a educação 3.0 sem a cultura digital. Dizendo de outro modo, o modelo 3.0 expressa a proposta educacional de quem pensa a educação para a era da cultura digital. Sem sucatar a mídia impressa, a cultura digital acessa os bens culturais ou científicos por recursos tecnológicos, impensáveis há poucas décadas. Segundo entrevistados, educação 3.0 pode ressignificar a ação educativa. Foto: La Salle Sobradinho
Cristina – A cultura digital traz elementos que possibilitam pôr em prática diversas questões preconizadas necessária e inarredável discussão pela Sociedade da Informação, como, dos modelos educativos pautados por exemplo, a globalização. As na homogeneização do ensino e tecnologias da informação e da no disciplinamento dos modos de comunicação digitais potencializam aprender. Por outro lado, a educação 3.0 processos emergentes, como não pode ser pensada como simples “avanço”. conectividade, “A educação 3.0 propõe formas A cultura ubiquidade, digital acesso, produção, novas de educar e ensinar para compartilhamento também desenvolver competências e produz de informações habilidades visando um novo s u a s e velocidade sujeito para o mundo social” formas de das mudanças. Fernando Becker exclusão e Logo, a educação sofrimento, 3.0 propõe uma características de todas as épocas da readequação ao contexto sociocultural humanidade. As tecnologias por elas do século XXI. mesmas, ou novos modelos educativos, não garantem resultados livres de uma Fernando – A educação 3.0 não possível e necessária crítica. significa trocar giz e quadro verde por lousa eletrônica ou caderno por tablet. Muito mais que isso, propõe formas R.I – Como se dá a concepção do conhecimento, da técnica e da novas de educar e ensinar, mudando metodologias, conteúdos e recursos convivência na Educação 3.0? didáticos visando um novo sujeito para Cleber – Cada vez mais estamos o mundo social, político e econômico. diante de uma variedade de modos de conhecer e de conviver, e as Cleber – Foi o desenvolvimento da internet o grande responsável pela técnicas deveriam trabalhar em
favor da expressão e da viabilização dessa diversidade. Aprender, há muito, deveria ter deixado de ser mero acúmulo de informações ou de habilidades específicas, para tornar-se, efetivamente, capacidade de articular saberes, linguagens e técnicas em favor de uma vida melhor, que faça sentido. Fernando – Conhecimento, técnica e convivência fazem, na educação 3.0, um todo indissolúvel. O conhecimento é o bem maior, pois é ele que possibilita as tomadas de consciência progressivas de ser e de estar no mundo por parte do sujeito humano; este tem por objetivo humanizar esse mundo. Ao contrário do que se pensava em passado recente, de que a técnica invariavelmente desumanizava, hoje vislumbramos no uso das tecnologias amplas possiblidades de avanços na humanização. Mas isso está longe de acontecer espontânea ou automaticamente; trata-se de uma conquista trabalhosa. Cristina – Neste cenário pósmoderno, a velocidade exponencial
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Entrevista na produção de informações e sua que emergem com a educação 3.0, distribuição, assim como a necessidade não tão focada em conteúdo, mas em do “aprender a aprender”, são desenvolver habilidades por meio constantes. Conhecimento emerge do de metodologias que aproximem os ato de conhecer, o que neste contexto é estudantes de seus problemas reais. mais dinâmico e integra processamento de dados a criação de conhecimento. Cleber – A educação para as Logo, conhecimento habilidades e “As relações entre é movimento, como competências professores e estudantes no antecede em diz Henri Lefebvre. contemporâneo exigem cada muito a chamada Não que em tempos anteriores não fosse, vez mais relações de diálogo educação 3.0, mas este movimento e compreensão intercultural” por já tratar-se torna-se constante. de um esforço Cleber Ratto suscitado por Em relação à convivência são potencializadas as políticas, projetos e práticas educativas que buscam recuperar o caráter mais possibilidades comunicativas, o que interfere nas relações sociais, criando amplo da formação humana, para além novos espaços de convivência. do acúmulo de informações ou domínio estrito de técnicas. Mas ao discurso R.I – Como dialogam o ensino das habilidades e competências, que para as competências e habilidades também pode servir aos interesses e esse novo momento no campo do chamado “capitalismo flexível”, educacional? devemos agregar a busca por sentido e o valor ético (fundamentação do Fernando – Acredito que o agir moral) e político (fundamentação da vida em sociedade) da formação. diálogo entre essas duas instâncias será intenso. A escola atual faz Formar é sempre formar para muito discurso das competências e determinados projetos de mundo habilidades, mas pouco realizou a e de humanidade. Assim, por mais respeito. Competências intelectuais, “avançados” que sejam nossos recursos pedagógicos, não podemos perder de psicológicas e morais e habilidades na escolha de temas, planejamento e vista o sentido do que estamos fazendo. realização de projetos são qualidades fundamentais para o indivíduo integrarR. I – Quais readaptações são se à sociedade atual e, espera-se, futura. prementes nas instituições de Uma das competências fundamentais ensino e no vínculo entre os sujeitos que a escola deve mirar é a da da aprendizagem (professoresautonomia – intelectual e moral. Pode alunos)? Que reorganizações haver desenvolvimento intelectual sem são implicadas aos processos de moralidade, mas não moralidade adulta aprendizagem e às metodologias sem desenvolvimento intelectual. Por nesse contexto? isso, na educação 3.0 o desenvolvimento cognitivo deverá estar no centro das Fernando – No cerne das atenções. readaptações das instituições de ensino deverão comparecer uma pedagogia Cristina – As necessidades de ativa, operatória e uma prática grupal. aprendizagem estão se readaptando O aluno não deverá mais ir à escola a este contexto, em que os problemas para saber lá o que vai aprender e se tornam cada vez mais complexos. posicionar-se passivamente para ouvir O ensino para as competências pode preleções. O educando deverá ir à responder melhor a tais necessidades escola sabendo o que vai fazer lá e já 10
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preparado para trabalhar. O processo de aprendizagem será compreendido, por professores e estudantes, como realização de todos. Cristina – Acredito que integrar tecnologias digitais às práticas pedagógicas e a projetos interdisciplinares torna-se fundamental, não apenas com visão instrumental, mas também de abertura a metodologias que deem protagonismo à aprendizagem do estudante. Cleber – As relações entre professores e estudantes no contemporâneo exigem cada vez mais relações de diálogo e compreensão intercultural. Não se trata apenas de “atualizar” o professor em termos de linguagem e domínio da técnica. Nossos problemas não são apenas de diferença “geracional”. Os grandes desafios do mundo atual passam pela necessidade de fazer dialogarem com as referências globais e totalizantes com referências locais e singulares. R.I – Que ações concretas, relacionadas à educação 3.0, são possíveis de serem pensadas e aplicadas nas instituições de ensino de forma mais concreta, sem ser um modismo? Fernando – Muito trabalho em grupo, tipo projeto, envolvendo conteúdos sociais, políticos, artísticos, literários, científicos, sempre com busca intensa de conhecimentos científicos e tecnológicos. Cristina – Um exemplo que proponho é promover um diálogo mais significativo entre os componentes curriculares e as aéreas de conhecimento, frente à apropriação de saberes, principalmente relacionados ao pensamento crítico, sobre e com as tecnologias digitais e o ciberespaço. A proposta que vem sendo discutida sobre a Base Nacional Comum
Entrevista Curricular traz como tema integrador “Culturas Digitais e Computação”, logo, tencionar sua aplicabilidade nos campos de experiências e nas áreas do conhecimento da Educação Básica é uma ação concreta importante. Cleber – De modo geral, a melhoria da infraestrutura tecnológica disponível; a ampliação do acesso à rede; a formação de professores com maior capacidade de dialogar com a cultura digital e com as práticas sociais que daí decorrem, além da criação de uma cultura institucional que valoriza “o novo” advindo das tecnologias atuais, sem desconsiderar o valor da tradição e dos saberes já acumulados ao longo de séculos de cultura analógica. R.I – Qual(ais) a(s) contribuição(ões) que a educação 3.0 pode trazer para os espaços escolares e acadêmicos? Cleber – A chamada educação 3.0 pode contribuir na medida em que nos
coloca a pensar sobre os desafios das práticas educativas no contemporâneo. Não se trata de acolhê-la como um “novo modelo” que vai redimir-nos ou salvar-nos de nossos velhos desafios. A educação 3.0 pode ser a oportunidade de repensarmos nossas práticas, nossas crenças e nossos valores pedagógicos, não necessariamente para descartá-los, mas para dar-lhes outros sentidos. Fernando – Acredito que ela pode ressignificar profundamente a ação educativa da sociedade atual. Se a educação tem por função preparar as novas gerações para que vivam com intensidade o seu tempo, atual ou futuro, a 3.0 poderá conseguir um aumento significativo na busca da autonomia intelectual e moral.
aplicam e se adequam ao contexto do século XXI, ter como mote somente este pensamento educacional não é cabível atualmente. Algo que é necessário ir além, por exemplo, é o papel do professor, o qual não pode ser transmissor de informações e de conhecimentos já consolidados. A internet está aí e cumpre esta parte, com exceção de regiões onde a cultura digital ainda não está desenvolvida. Por exemplo, o professor pode assumir uma postura de condutor e mediador de aprendizagens e dar protagonismo aos processos e caminhos que seus estudantes constroem em momentos de aprendizagem formal.
Cristina – Uma contribuição seria poder refletir e revisitar a educação numa perspectiva tradicional, a qual está enraizada nestes espaços. Isso não significa desconsiderá-la, mas sim selecionar seus elementos que se
Entrevistados
Cleber Gibon Ratto Psicólogo pela Universidade Católica de Pelotas. Psicoterapeuta. Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Tem experiência nas áreas da Psicologia e da Educação. Atualmente é pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado/Doutorado) do Centro Universitário La Salle – Unilasalle Canoas.
Fernando Becker Professor Titular dos Programas de PósGraduação em Educação e em Informática UFRGS. Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Autor de “A epistemologia do professor; o cotidiano da escola” (Ed. Vozes); “Educação e construção do conhecimento” (Ed. Penso); “Epistemologia do professor de matemática” (Ed. Vozes), entre outros.
Cristina Martins Licenciada em Computação e Psicopedagoga Clínica e Institucional pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle Canoas. Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Educação na mesma instituição, bolsista CAPES/PROEX.
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Sou Lassalista
Os lassalistas e as transformações Campanha de Matrículas 2017 inspira novas ideias a partir do movimento #Transformeagora Transformações positivas que começam na escola podem mover a sociedade a partir da ação dos alunos no presente. É nisso que acredita a Rede La Salle, que fala sobre o tema em sua Campanha de Matrículas 2017, lançada em setembro. Junto a ela, o movimento #Transformeagora, que tem mobilizado a comunidade lassalista. Veja alguns depoimentos de quem tem orgulho em ser La Salle e coloca em prática ideias para um hoje melhor!
La Salle Manaus/AM “A escola lassalista se destaca justamente por oferecer a educação integral, preparando o aluno não só para o vestibular, mas para a vida como um todo. Um mundo melhor é construído a partir de um ser humano melhor e essa é a maior contribuição dos lassalistas: formar pessoas melhores! Somente a formação intelectual não basta. É preciso a formação humana, ética, cristã.” – Ana Rocha da Costa, colaboradora.
La Salle São Carlos/SP “Estudar no La Salle é aprender com professores que têm nos ensinado o respeito mútuo e o desejo de fazer a diferença na sociedade. E ser lassalista é dar valor à educação acadêmica sem perder os valores cristãos e a ética, dando sempre importância à amizade, à formação de cidadãos responsáveis e de pessoas de bem.” – Rebeca de Camargo Pinto, aluna.
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Sou Lassalista La Salle Pão dos Pobres – Porto Alegre/RS “Trabalhar na Rede La Salle, hoje, é uma oportunidade de fazer a diferença na vida de inúmeros jovens para transformar o mundo por meio do conhecimento. É poder contribuir para o crescimento pessoal e espiritual de pessoas que ajudarão a transformar a nossa sociedade tão carente de valores e práticas éticas, desenvolvendo a autonomia e o bem viver.” – Rafael Gorski Trindade, colaborador.
La Salle Botucatu/SP “Como ex-aluna, além do ótimo ensino que recebi, carrego lembranças muito valiosas das atividades esportivas, da Banda Marcial e das amizades que perduram até hoje. Isso foi importante na minha formação como pessoa e quero que minha filha tenha essa oportunidade também.” – Simone Cury Dorini Leme, mãe da aluna Júlia Dorini Leme.
La Salle Brasília/DF “A obra educativa lassalista é imensa e todos os dias milhares de educadores se unem para desenvolver um mundo melhor para se viver. Temos ações suficientes para compreender que o grande investimento da educação não é exclusivamente cognitivo: o mundo se torna melhor pelo projeto de conhecimento que se associa à sensibilidade humana.” – Wágner Moreira Pinheiro, professor.
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Sou Lassalista
Experiências acadêmicas que agregam Veja a seguir algumas atividades realizadas nas Instituições de Educação Superior da Rede La Salle Faculdade La Salle Estrela/RS Alunos e professores se mobilizaram em agosto ao realizar a Mostra de Iniciação Científica (MIC). Vinte e nove trabalhos feitos por acadêmicos foram apresentados em sala de aula. A MIC teve sua sétima edição e se consolida como uma mostra que repercute dentro da instituição de ensino por ser um diferencial.
Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde/MT Um novo desafio foi assumido pela Faculdade: por meio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, oportuniza a promoção do primeiro curso de Pós-graduação em nível de Mestrado em Lucas do Rio Verde/MT. Em julho, tiveram início as aulas do Mestrado Interinstitucional em Economia do Desenvolvimento.
Unilasalle Rio de Janeiro – Niterói/RJ Em outubro, em João Pessoa/PB, o Unilasalle-RJ se fez representar no XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção, maior evento nacional da área, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção. O encontro reuniu a comunidade acadêmica, pesquisadores, professores e estudantes, entre outros.
Faculdade La Salle Manaus/AM O Curso de Relações Internacionais realizou, em outubro, o I Encontro Literário. Esse projeto tem como objetivos o debate e as trocas literárias entre acadêmicos e convidados externos. O tema escolhido para início do debate foi “Vinte anos de Crise 1919 – 1939”, do autor Edward Carr.
Unilasalle Canoas/RS Educar além das salas de aula. Foi o que inspirou uma turma de acadêmicos e colaboradores do Unilasalle, que fez a “caminhada das poderosas” durante o Outubro Rosa, focado na prevenção do câncer de mama.
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Sou Lassalista
Crescimento e inspiração Liliane Dutra da Silva, da Sede Provincial, fala sobre sua história na Rede La Salle em 2012. Jamais pensei que teria a oportunidade de um dia caminhar pelos jardins da Casa Geral, em Roma, conhecer o Ir. Álvaro (então Irmão Superior Geral), os Irmãos Conselheiros, assim como os lassalistas de diferentes países e continentes. Essa experiência me possibilitou crescer nos aspectos cultural, linguístico e afetivo. A expressão “sentido de pertença” fez mais sentido a partir da vivência do CIL, que considerei um presente de Deus, recebido quando precisava de uma revitalização. R.I - O que é ser La Salle hoje?
em Porto Alegre/RS, e lá fui eu sem saber o que significava trabalhar em uma mantenedora. Aos poucos, fui percebendo a grande responsabilidade que é estar na mantenedora. Temos o papel de ser referência, apoio, fonte de informações para os Irmãos e para as unidades. É um papel exigente.
Liliane - Ser La Salle hoje é trazer fé e zelo para minha vida, minhas atividades, meus relacionamentos; é buscar crescimento pessoal e profissional, tentando superar limitações. Esta é a forma com que busco “regar” a semente que La Salle plantou. Tem sido um privilégio ver o crescimento dela nas escolas, na Sede Provincial, no trabalho que os Lassalistas empreendem no mundo inteiro.
R.I - Qual um momento que destacaria de sua história lassalista?
R.I - De que forma a cultura digital contribui para a educação de excelência?
Liliane - Como ponto alto de minha vida lassalista, cito dois momentos: o primeiro deles foi integrar o grupo de coordenação do Programa 2. Esta foi uma atividade especial, com a qual muito aprendi sobre pedagogia e espiritualidade lassalistas. Outro momento significativo foi (e continua sendo) a experiência do CIL (Centro Internacional Lassalista) sobre Espiritualidade Lassalista em Roma,
Liliane – A cultura digital tem um espaço cada vez maior em nossas vidas: incentiva a socialização de saberes, a adquirir informação com maior agilidade, a aproximar pessoas pela conectividade. Contudo, é preciso desenvolver nosso senso crítico nesse contexto. E esse é um grande desafio para a educação e a formação.
Para Liliane, ser La Salle é trazer fé e zelo para a vida
Nascida em Santana no Livramento/RS, Liliane Dutra da Silva está há 27 anos na Rede La Salle. Na Sede Provincial de Porto Alegre/RS, sempre exerceu a função de Secretária. Primeiramente, nas Comissões Provinciais e Direção Provincial, depois na Secretaria Provincial e, atualmente, na Direção de Gestão. Formada em Letras, fez cursos de pós-graduação em Secretariado Executivo, Gestão de Pessoas e Gestão de Projetos Sociais. Nesta seção da Revista, comenta sua vivência como lassalista. R.I - Como iniciou sua trajetória na Rede La Salle? Liliane - Foi como aluna do Curso de Letras, no então CELES, atual Unilasalle Canoas/RS. Quando estava cursando o 3º ou 4º semestre, uma colega comentou que havia uma vaga na “mantenedora” do La Salle,
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Rede La Salle
Um horizonte inspirador Ano de 2017 é de celebrações relacionadas à presença lassalista nos países da Província Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing Edgar Nicodem, celebrar esses períodos é “um convite para olhar o passado com gratidão e o futuro com esperança”. Do Ensino Básico à Educação Superior, das Obras Assistenciais à Formação para a Vida Consagrada, a Província segue direcionamentos e
Selo comemorativo marca festejos
O sonho de transformar a sociedade para torná-la mais justa, fraterna, solidária e sustentável acompanha a história da humanidade. Os lassalistas participam desse ideal e são chamados a dar sua contribuição com ânimo e criatividade. Levando em conta essa motivação, em janeiro de 2012 foi consolidada a Província La Salle Brasil-Chile, fruto do diálogo e do desejo de fortalecer a vitalidade e a viabilidade da missão na América Latina. Sua origem se deu com a reestruturação das Províncias do Brasil e da Delegação do Chile, tendo como referência o processo de reestruturação das Províncias que vem ocorrendo no Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs. Sendo um grupo formado por Brasil, Chile e Moçambique, a Província prospera, ano após ano, renovando a esperança na educação do século XXI. O ano de 2017 é especial, pois são celebrados 140 anos de presença lassalista no Chile, 110 no Brasil e 25 em Moçambique. Segundo o Ir. Provincial,
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objetivos do quadriênio 2015-2018. Ao partilharem diversos horizontes, Irmãos e Colaboradores levam adiante, nas instituições da Província, a missão de responder com fidelidade criativa às necessidades e urgências do mundo atual.
Conheça mais sobre os três países! Chile – Os Irmãos chegaram ao Chile em 1877, provenientes do Equador e da França. Incialmente contribuíram com os mais necessitados em obras vinculadas à Igreja. Somente 30 anos depois, tendo fortalecido a formação de Irmãos chilenos, começaram a ter obras educativas próprias. além de novos projetos de cunho social.
Brasil – Neste país, a Rede La Salle iniciou sua missão com a chegada de 12 Irmãos, em 1907, ao Rio Grande do Sul. A Obra Lassalista foi se expandindo e, atualmente, engloba unidades de Educação Básica, Educação Superior e Centros de Assistência Social em 9 estados brasileiros e no Distrito Federal, além do trabalho em conjunto com as Fundações La Salle e O Pão dos Pobres de Santo Antônio. Também há o convênio com escolas estaduais, que adotam a Proposta Educativa Lassalista.
Moçambique – Apresenta um cenário em que crianças e jovens vivem em zonas de “fronteira, deserto e periferia”. É essa razão que motiva os Irmãos de La Salle a investirem na transformação de vidas pela educação nessa região da África desde 1992.
Rede La Salle
Olhar de qualidade PROAVI aperfeiçoa-se a cada ano como instrumento para qualificação da Rede La Salle Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing O Programa de Avaliação Institucional surgiu com o intuito de aperfeiçoar a qualidade da educação das Instituições que integram a Rede La Salle, na perspectiva de consolidar a proposta fundamentada na Missão Educativa. Suas características respondem às políticas e metas estabelecidas pelas Diretrizes da Educação Nacional. O PROAVI aperfeiçoa-se a cada ano sendo um instrumento essencial para qualificação da Rede La Salle em diversos quesitos. Em 2016, a novidade foi a realização da iniciativa na Educação Básica, além da edição anual que já acontece na Educação Superior.
têm a possibilidade de responder ao questionário a partir de recursos online, como aparelhos mobile. Em 2016, foram 4.390 participantes. Por meio do PROAVI é possível mensurar o nível de satisfação dos acadêmicos em relação ao seu curso e à instituição, como explica o ViceReitor do Unilasalle Canoas/RS, Ir. Cledes Casagrande, que assessora o setor de Educação Superior da Rede La Salle: “Existe a necessidade de que as IES façam uma avaliação de seu impacto e se a ação educativa está sendo adequada. Com os resultados, é possível perceber o que é preciso qualificar ou manter”.
Cada IES recebeu os resultados consolidados da avaliação na perspectiva institucional e por curso, também apoiando as metas e o planejamento para 2017. Segundo Ir. Cledes, para além do dispositivo legal, o PROAVI é referência para a gestão lassalista, a fim de que se possa analisar o andamento das instituições. “É um indicador de qualidade e serve para correção de rumos. Os elementos que estão sendo avaliados dizem sobre nossa missão, visão, sobre nossos valores e a qualidade que queremos entregar”, completa.
O Programa aconteceu em âmbito nacional em 29 escolas e colégios lassalistas ao longo de agosto e foi direcionado a alunos a partir do 4º ano do Ensino Fundamental e a todos os professores. Foram 17.817 participantes, que puderam realizar a proposta de modo online em suas unidades. Os detalhamentos com relação aos resultados e às demais orientações foram disponibilizados pela Assessoria Educacional da Rede La Salle. Dessa forma, as Comunidades Educativas puderam utilizá-los para o planejamento de 2017. No caso da Educação Superior, o PROAVI é direcionado aos alunos da graduação das cinco Instituições de Educação Superior Lasalistas (IES). Desde 2015, os participantes
Em 2016, PROAVI aconteceu na Educação Básica e Superior Lassalistas
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Cultura
Base Nacional Comum Curricular A formação de uma identidade nacional inclusiva e democrática Vera Melis Paolillo Professora Doutora em Educação, Consultora e Palestrante FTD Educação
Pedagogia para a paz é superar preconceito e desesperança. Foto: La Salle São Paulo
Na relação cotidiana, no ambiente escolar, educandos podem compartilhar ideias, projetos e experiências a fim de considerar o processo de construção de conhecimento como forma de criar um mundo mais justo e acolhedor. Mas, nessa perspectiva, iremos além dos conhecimentos e saberes escolares. Estaremos criando oportunidades para que todos possam exercitar as competências sociais, o diálogo, as diferenças, a escuta, os fazeres construídos por todos. Aprender a conviver pode ser compreendido também como saber viver com os outros. O que consiste em desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências, na realização de projetos comuns, preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo sua identidade e respeitando as ideias dos outros. 18
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Este é um tema pouco explorado nas escolas: Direitos Humanos. Inicialmente, conceituá-los como direitos básicos, incluindo a ideia de liberdade e pensamento, expressão e igualdade perante a lei. Os educadores precisam reconhecer que por conta da diversidade social que se vive dentro da comunidade escolar, garantir os direitos humanos por vezes é uma difícil tarefa, pois é neste contexto escolar que ocorrem conflitos. Os seres humanos são complexos e, mesmo a despeito de sua racionalidade, entram em conflitos associados a valores, a ideias, a histórias de vida e à cultura, entre outros. Será, então, no contexto escolar que os seres humanos devem aprender por meio dos modelos que apresentamos, atitudes e comportamentos que os preparem para viver em sociedade no presente e no futuro.
As crianças precisam ser crianças, o adolescente precisa viver sua fase tendo o docente como aquele que irá permitir esta vivência. Pedagogia para a paz é livrar as crianças e os jovens do ambiente contaminado pelo preconceito e pela desesperança. O docente, utilizando seus saberes pedagógicos e sua experiência, irá atuar como mediador ensinando os educandos a enfrentar conflitos com respeito e interesse pelo outro. Este também é um caminho alternativo para a convivência e não violência. A Resolução CNE/CEB número 1, de 30 de maio de 2012, estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, indicando às escolas do país que utilizem as concepções e práticas educativas fundadas nos Direitos Humanos e em seis processos: promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais.
Cultura incorporar estratégias de aprendizagem mais flexíveis e abrangentes. Uma escola que busca incorporar situações de aprendizagem que convidem os educandos a colocarem em prática as melhores atitudes e habilidades para expressar e controlar emoções pode contribuir para uma convivência na perspectiva da cultura da paz.
Estudantes superam desafios para ação protagonista. Foto: La Salle São João
Em seu Artigo 6º, há regulamentação da inserção da educação em direitos humanos de modo transversal, devendo ser contemplada na construção de Projetos Político-Pedagógicos (PPP), nos regimentos internos, nos Planos de Desenvolvimento Institucionais, nos Programas Pedagógicos do Curso, nos materiais didáticos e pedagógicos e nos diferentes processos de avaliação. Quando se estuda inclusão, logo associamos aos direitos especiais, mas queremos discutir a função da escola inclusiva. Esta definição implica em uma mudança de atitude diante das diferenças individuais com vista à efetivação do trabalho da diversidade. Portanto, cabe nesta perspectiva uma revisão das condições didático-pedagógicas para que todos os alunos tenham acesso ao conhecimento. A escola contemporânea, neste início do século XXI, tem fundamentos teóricos e legais para ser sensível às diferenças de origem pessoais, sociais, econômicas, culturais e políticas. Entretanto, podemos observar que a escola inclusiva ainda é concebida dentro do histórico de permitir acesso aos educandos com alguma deficiência. Claro que jamais poderemos deixar de garantir este direito, mas o que advogamos é que
hoje há uma diversidade de educandos que deveria ser reconhecida e, assim, poderíamos revisitar práticas que não dialogam com a realidade atual. A reorganização da escola visando a inclusão de todos pode ser relacionada à oportunidade de aprender a conviver e à garantia de um ambiente de aprendizagem sem preconceitos, livre de violência e injustiças. Educar para a paz significa mediar conflitos, ensinar acerca desta mediação, garantir reflexões e atitudes justas no ambiente escolar e na sociedade. Oportunizar o desenvolvimento e o exercício das competências sociais não implica em deixar de lado o grupo de competências conhecidas como cognitivas, como interpretar, refletir, pensar abstratamente, generalizar aprendizados, mesmo porque as competências cognitivas estão relacionadas estreitamente com as socioemocionais. Evidências científicas e teóricos revelam que alunos que desenvolveram competências socioemocionais apresentam maior facilidade de aprender os conteúdos escolares.
A Base Nacional Comum Curricular (2016, segunda versão) apresenta-se como uma ferramenta que visa orientar os sistemas e a rede de escolas para garantir: a unidade nacional do currículo para a formação de uma identidade nacional inclusiva e democrática, as condições de realização do direito de aprender e desenvolver-se para todos os estudantes e a articulação das diversas etapas e modalidades da Educação Básica. Este recurso propõe a unidade nacional do currículo para a formação de uma identidade nacional inclusiva e democrática, o direito de aprender e desenvolver-se para todos os estudantes em ambientes que sejam favoráveis e articulação das diversas etapas e modalidades da Educação Básica. Nesta perspectiva, a escola toma para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na sociedade. Buscará eleger, como objeto de ensino, conteúdos que estejam em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico. Mais do que transmitir conhecimentos específicos, as propostas educativas das escolas devem fortalecer valores e atitudes, promover a sociabilidade e a capacidade criativa, estimular o potencial cognitivo, propiciar uma atitude positiva frente ao aprender. A escola organizase para auxiliar no desenvolvimento integral do educando, de sua autonomia e na melhora da sua qualidade de vida.
As crianças e os jovens enfrentam diariamente desafios que solicitam uma ação protagonista de seu desenvolvimento e, assim, o ensino deve LASALLE.EDU.BR
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Eventos
Acordo de Cooperação pela Dignidade e Direitos das Crianças e Adolescentes Iniciativa valoriza trabalho conjunto das Instituições Católicas para um novo conceito de cidadania Francine Junqueira Coordenação Escritório da Rede La Salle, em Brasília
Rede La Salle assinou o acordo ao lado da CNBB e de outras instituições católicas
Foi assinado em 16 de setembro de 2016, em Brasília/DF, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o acordo de Cooperação pela Dignidade e Direitos das Crianças e Adolescentes Brasileiros ou acordo Mesa pro Bice Brasil (Bureau International Catholique de l’Enfance - Oficina Internacional Católica da Infância). A iniciativa, proposta pela Rede La Salle a convite do Ir. Provincial, Edgar Nicodem, está alinhada ao Projeto Provincial e tem os objetivos de valorizar o trabalho conjunto das Instituições Católicas do Brasil e de contribuir para a construção de um novo conceito de cidadania. Um conceito pautado no respeito à dignidade, na promoção 20
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e na garantia dos direitos de cada criança e adolescente. A atuação nas políticas públicas, na educação e na participação são os eixos principais, mediante estratégias de diálogo entre gerações e o exercício de direitos. A Rede La Salle assinou o acordo, ao lado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC); do Bureau International Catholique de l’Enfance (BICE); da Cáritas Brasileira; da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); da Pastoral da Criança – organismo vinculado à CNBB; da Pastoral do Menor – organismo ligado à CNBB; da Rede Jesuíta Brasil; da Rede Salesiana do Brasil (RSB) e da União Marista do Brasil (UMBRASIL).
Compareceram à cerimônia o representante do Ministério da Educação, José Rafael; a deputada federal Érika Kokay, representando a Frente Parlamentar da Defesa do Criança e do Adolescente; Ivana Guest, representante do Ministério de Desenvolvimento Social; o Provincial da Província La Salle Brasil-Chile, Ir. Edgar Genuino Nicodem, e o presidente do Bice, Olivier Duval. O acordo com suas ações é voltado para gestores de políticas públicas, Conselhos Federais, Estaduais e Municipais, Fóruns, Organizações da sociedade civil e autoridades ligados ao trabalho da promoção, da defesa e da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.
Eventos
Agitando para o Enem “Aulão” especial com foco no exame motiva estudantes lassalistas Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing da Rede La Salle
Evento integrou alunos e proporcionou aprendizados
Na Rede La Salle, há uma dedicação contínua para o Exame Nacional do Ensino Médio. Mas, pensando na proximidade da edição de 2016, foi desenvolvida uma nova oportunidade para estudar os conteúdos com muita descontração, motivando ainda mais os alunos. Música, espor te, dança e aprendizados. Assim aconteceu a primeira edição do Agita La Salle, na manhã do dia 17 de agosto, com foco no Enem. Estiveram reunidos no Unilasalle Canoas/RS cerca de 400 alunos de escolas lassalistas de Porto Alegre e da Região Metropolitana: Colégios La Salle Dores, La Salle Santo Antônio, La Salle São João (Porto Alegre/RS), Colégios La Salle Canoas e La Salle Niterói (Canoas/RS) e Colégio La Salle Esteio/RS.
Nesta edição do Agita, os participantes analisaram com os educadores um tema-chave da área de Ciências da Natureza, a energia, assunto presente em diversas questões do Enem. Em clima olímpico, houve presença de atletas do Vôlei. E os professores brincaram usando acessórios de Pokémon, mas o foco do encontro foi a caçada por novos conhecimentos! “O evento Agita La Salle foi bastante proveitoso para nós, alunos. Tivemos aulas interdisciplinares que puderam auxiliar nos estudos para o Enem, sendo importante como forma de revisão para a prova. Contudo, além dos estudos, foi ótimo para melhorar a integração entre os alunos das diversas escolas da Rede”, disse Giovana de Oliveira Spagnol, da turma
231, da 3ª série do Ensino Médio do La Salle Dores. A segunda edição aconteceu em 13 de outubro, reunindo os participantes no mesmo local. O foco desta vez foi o tema Linguagens. “Acreditamos que os estudantes são os construtores de seu conhecimento quando mediados pelos professores. Com o Agita La Salle, trazemos uma proposta diferenciada para reuni-los e fazê-los ver o Enem sob uma nova perspectiva”, afirmou Rosemari Fackin, Assessora Educacional da Rede La Salle. Posteriormente, o projeto, que foi lançado na modalidade piloto, será estendido a outras unidades da Rede La Salle no Brasil.
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Matéria de Capa
Para novas perguntas, novas respostas Estabelecimento da cultura digital inspira ações educativas nas instituições da Rede La Salle Gabriela Boni Setor de Comunicação e Marketing da Rede La Salle
Google For Education, nos EUA, ocasião em que foram debatidas propostas educacionais para um mundo conectado. Indo além das tecnologias propriamente ditas, a cultura digital como um todo emerge expressando o desejo antigo da humanidade em comunicarse de forma mais livre, integrada, superando barreiras. Nesse contexto, entra em cena a dialética tradiçãoinvenção: são novos movimentos sociais, culturais e econômicos, fazendo com que a aprendizagem de excelência ocupe lugar de destaque na reconfiguração constante das dinâmicas da sociedade.
Alunos da Educação Infantil do La Salle Manaus usufruem das tecnologias móveis
Cada vez mais, as tecnologias aliamse aos espaços escolares e acadêmicos no Brasil e no mundo. Ora “temidas” pela questão da substituição de conteúdos, de valores e de identidade, ora vistas como caminho fundamental, as tecnologias, entendidas no contexto da cultura digital, podem transpor modismos quando utilizadas de forma racional, crítica e criativa. Diante do momento atual, marcado por mudanças sociais velozes e de grande impacto, as tecnologias tornam-se presentes e necessárias aos ambientes educativos. Tanto educadores como educandos sentem o desafio de redescobrir novas possibilidades de aprender e de ensinar. Nesse sentido, destaca-se a importância do pensamento inovador para instigar e atender às demandas locais e globais, tal como é a referência do legado de São João Batista de La Salle para os lassalistas. 22
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Na Rede La Salle, a inovação é parte fundamental da ação educativa e alia-se à sua tradição educacional. Sendo um visionário em seu tempo, La Salle deu passos pioneiros na educação a partir do olhar às necessidades das crianças e jovens humildes, possibilitando que fossem educados com exemplos de suas próprias realidades. Contextos estes que La Salle e os Primeiros Irmãos ousaram transformar. “São João Batista de La Salle usou as ferramentas de sua época para inovar na educação. Hoje não temos como negar que o uso das novas tecnologias é meio privilegiado para transmitirmos conteúdos, desenvolvermos habilidades, competências e valores aos nossos educandos”, afirmou Ir. Paulo Fossatti, Reitor do Unilasalle Canoas/RS e Diretor Presidente da Associação Nacional de Escolas Católicas (ANEC), que participou em novembro do simpósio da
“Se queremos cidadãos que sejam capazes de produzir reflexões adequadas a cada momento histórico, de apontar soluções para problemas que surgirem, cidadãos participativos que façam diferença nos momentos de crise, temos que organizar ações de efeito didático-pedagógico durante todo o processo de escolarização”, defende Fernando Becker, docente dos Programas de Pós-graduação em Educação e em Informática da UFRGS, para quem o conhecimento, a capacidade cognitiva ou as competências intelectuais e afetivas dos humanos são construídas em ambientes interativos. Atenta às evoluções no cenário educacional, a Rede La Salle prospera qualificando suas frentes de atuação e agregando inovações em tecnologias da educação e da informação. A preocupação com o ensino de qualidade, adequado às complexidades do mundo, mobilizam as Comunidades Educativas Lassalistas a avançar com segurança nos campos da excelência.
Matéria de Capa Ao aliar sua tradição e um perfil contemporâneo, a Rede La Salle vive a cultura digital ressignificando suas práticas educativas, sempre priorizando a formação integral, humana e cristã. Os espaços lassalistas de convivência, ensino e aprendizagem, tanto físicos quanto virtuais, atualizam-se constantemente e são pensados para proporcionar aprendizagens transformadoras e o protagonismo dos alunos. Curiosidade e atenção – O Centro Educacional La Salle de Manaus/AM, por exemplo, iniciou em 2016 o uso de tecnologias móveis em sala de aula, trazendo o iPad para a realidade dos alunos da Educação Infantil. O recurso pedagógico permite trabalhar com os conteúdos propostos por meio de diversos jogos e aplicativos associados a diferentes temas. Em seu planejamento semanal, a educadora do Pré-escolar II agenda o uso do iPad e é feita uma pesquisa sobre o jogo educativo conforme o assunto que será trabalhado em sala de aula. Assim, os alunos aprendem brincando. Sua curiosidade é estimulada, além da concentração, da atenção e do raciocínio.
A inspiração à criatividade também 3.0, não tão focada em conteúdo, mas vem de iniciativas que harmonizam em desenvolver habilidades por meio brincadeiras antigas com a tecnologia, de metodologias que aproximem os como o projeto Entre Sacis e Iaras, da estudantes de seus problemas reais. Escola Fundamental La Salle Esmeralda, de Porto Alegre/RS. Com o resgate de Solução para desafios – No lendas do folclore brasileiro, é feito Colégio La Salle Canoas/RS, a Robótica um planejamento em comum acordo Educacional integra o currículo do Ensino entre educadores e, no laboratório Fundamental, nas aulas de Matemática. de informática, Além de aproximar acontece a “Quando falamos em cultura os alunos do conceito continuidade básico de informática, digital, estamos falando das atividades tem como objetivo desse novo ecossistema que partiram principal estimular que configuramos no nosso da imaginação o raciocínio lógico, cotidiano com elementos e do papel. a criatividade, as diversificados: seres humanos, i n v e s t i g a ç õ e s No ambiente tecnologias, objetos...” digital, os alunos científicas e o trabalham cores, trabalho em grupo. Luciana Backes formas e, depois, Partindo de uma podem inserir esses trabalhos em um situação-problema, os estudantes portfólio. elaboram o robô, fazem a programação e criam estratégias para solucionar o Em um cenário em que o “aprender desafio proposto. a aprender” torna-se constante, as necessidades de aprendizagem estão “Adoro as aulas de Robótica, pois são se readaptando. O ensino para a momentos em que aprendemos muito aprendizagem de competências pode e de maneiras diferentes. As aulas são responder melhor a tais necessidades sempre em grupo, nos possibilitando que emergem com a chamada Educação conhecer melhor os nossos colegas. A programação não é fácil, então a troca dos grupos que fazemos é necessária. O momento em que conseguimos terminar o robô e fazer com que ele exerça todos os movimentos é mágico!”, considera Bruna Gattermann, estudante do La Salle Canoas. Com as aulas, é possível notar um grande progresso dos alunos, segundo Anelise Bruch, educadora do Colégio. “O que fica muito claro, contribuindo para as aulas de Matemática, é a solução de problemas. Os alunos apresentam uma facilidade para resolvê-los, melhorando suas notas”.
Robótica Educacional no La Salle Canoas instiga raciocínio e promove trabalho em grupo
Plataformas digitais – Para apoiar as coordenações pedagógicas a analisar melhor o desempenho dos alunos, o Colégio La Salle Abel, de Niterói/RJ, desenvolveu uma aplicação chamada
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Matéria de Capa
Utilização da impressora 3D no Laboratório FabLab, do Unilasalle Canoas
Análise de Dispersão de Respostas. “Essa análise é útil para avaliar o grau de aprendizagem de conteúdos específicos. Também serve para detectar possíveis erros, possibilitando ajustes no processo ensino-aprendizagem”, afirmam Claudia Valle e Eldon Albuquerque, educadores de Tecnologia Educacional do Colégio La Salle Abel, de Niterói/RJ. Ao realizar provas objetivas, os alunos marcam as respostas em um cartão, confeccionado de acordo com as características de cada exame. Os cartões são digitalizados e, com a ajuda de um software, as respostas de cada questão são geradas para um arquivo. Após o cadastramento do gabarito, é possível ter uma visão global sobre o desempenho da turma, mostrando índices de acertos, maior ou menor aproximação da resposta mais adequada, ou seja, a frequência de marcação de cada resposta e as questões em que a turma teve menor e ou melhor desempenho. “Quando falamos em cultura digital, estamos falando desse novo ecossistema que configuramos no nosso cotidiano com elementos diversificados: seres humanos, tecnologias, objetos, culturas, natureza, linguagem, religião, emoções, sociedade. Uma cultura que é construída no conviver cotidiano em territórios 24
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localizados e no ciberespaço. Assim, para além da Educação 3.0, precisamos pensar a educação nesse ecossistema cada vez mais complexo, visando ações coletivas, criadoras, autorais e reflexivas. Ao longo da história da humanidade, jamais vivemos um momento em que as transformações são fortemente intensas e rápidas, promovendo um fluxo de interações incrível. Portanto, o grande desafio da educação consiste em participar desse grande fluxo e refletir sobre a sua direção”, contextualiza Luciana Backes, docente do Unilasalle Canoas/RS. Grupos e comunidades se constituem inseridos em um contexto, daí a relevância de o conhecimento ser contextual, construído em qualquer espaço e a todo momento, esfacelando as fronteiras entre a educação e o cotidiano, o científico e o senso comum. “Assim, no contexto da ubiquidade, trazemos o cotidiano para a sala de aula, por meio da mídia social do Facebook ou a sala de aula para o cotidiano, por meio do comunicador Whatsapp”, diz Luciana ao exemplificar iniciativas do grupo de pesquisa Convivência e Tecnologia na Contemporaneidade - COTEDIC Unilasalle/CNPq, no qual procurase refletir sobre as metodologias de maneira inovadora. “O fundamental é a ação dos estudantes e do educador na
construção do conhecimento, mantendo o fluxo de interação pela comunicação”, completa. A cultura digital traz elementos que possibilitam colocar em prática diversas questões preconizadas pela Sociedade da Informação, como, por exemplo, a globalização. Com sua tradição e internacionalização, a Rede La Salle recorre ao seu “DNA” como fonte de inspiração para saltos qualitativos que a conduzam a novos patamares. Este compromisso, inerente à Missão Educativa Lassalista, impele aos educadores métodos e exercícios que atendam à individualidade dos alunos, potencializando o legado criativo, dinâmico e inovador que uma geração pode deixar para a outra. Nesta reportagem e ao longo da Revista Integração, você, leitor, pode conferir outros exemplos dessas iniciativas lassalistas. Nas palavras de São João Batista de La Salle, uma instituição de ensino de qualidade é “aquela que funciona bem”, que “ensina a bem viver”. É nesse sentido que a Rede segue adiante com esforços, novas ideias e projetos para crescer com o que de melhor a cultura digital pode oportunizar.
Aniversários
La Salle Esmeralda: ensinamentos com sua história Instituição de ensino lassalista completa 35 anos de existência Ir. Roberto Carlos Ramos Direção da Escola Fundamental La Salle Esmeralda Sônia Maria Fraga Vice-Direção da Escola Fundamental La Salle Esmeralda de estudo), Posto de Saúde local (no encaminhamento dos estudantes a profissionais especializados), Plano Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e Programa Mesa Brasil do SESC. 6. Ambiente Vocacional: promoção da cultura vocacional por meio da comunidade educativa em pastoral, de acolhida aos Noviços em sua missão e ambiente incentivador às novas vocações à vida religiosa.
Inauguração da Escola em 1981
A Escola Fundamental La Salle Esmeralda está presente na Vila Esmeralda, no bairro Agronomia, Porto Alegre/RS, desde 1981, acolhendo crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, principalmente associadas às pressões do tráfico de drogas, do desemprego e dos problemas socioeconômicos, entre outros. Conta com 49 colaboradores, entre professores e funcionários, distribuídos desde a Educação Infantil até o 9º ano. Como lassalistas, herdamos a missão de São João Batista de La Salle. Por meio da fé e do zelo, a Escola mantém a tradição de uma educação voltada ao serviço educativo aos e com os pobres. Muitos fatos e histórias vividas na Escola La Salle Esmeralda, nos seus 35 anos de existência, nos ensinaram e modificaram as diferentes fases de formação das pessoas e do contexto social no qual está inserida, expressados por meio dos seguintes pilares:
1. Cristão: são relevantes o interesse e a participação nas reflexões e o respeito pelo sagrado presente na comunidade escolar. 2. Lassalista: somos a resposta concreta do Sonho de La Salle. 3. Ensino-Aprendizagem: o forte vínculo afetivo estabelecido educando/ educador favorece a aprendizagem. 4. Solidariedade na Rede: vivenciamos a expressão dos sentimentos de fraternidade e solidariedade demonstrados pela ajuda recebida das escolas coirmãs (uniformes, materiais escolares...). Os estudantes da La Salle Esmeralda também participam de campanhas na Comunidade repartindo o pouco que têm. 5. Parcerias com a Sociedade Civil e Estado: prefeitura Municipal de Porto Alegre (convênio de bolsas
7. Comunidade Local: com confiança e respeito mútuo pela comunidade, a Escola desempenha um papel de grande relevância social e de referência para os que buscam valores e princípios morais baseados na educação de qualidade. 8. Espírito de Fraternidade: os colaboradores conhecem a maioria dos estudantes e procuram compreender a história de vida de cada um. Foi preciso um trabalho de conquista, paciência, respeito, firmeza, acolhida, partilha e vivência das mensagens que Cristo nos deixou, além dos princípios éticos, espirituais e morais da Educação Lassalista. São João Batista de La Salle plantou a semente da educação de serviço educativo aos e com os pobres e nós educadores somos desafiados a cultivála gradativamente em nosso ambiente escolar.
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Aniversários
Faculdade La Salle celebra 15 anos de atividades Atualmente, IES de Lucas do Rio Verde conta com nove opções de graduação e outras em nível de pós Patrícia Lunkes Setor de Comunicação e Marketing da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde a Univerde. A partir de então, a gestão administrativa e acadêmica da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde concentra as ações e os investimentos na estrutura física e pedagógica, padronizando a oferta de ensino, pesquisa e extensão aos altos padrões da Rede La Salle de Ensino Superior em termos administrativos e pedagógicos.
Faculdade tem se consolidado na oferta de cursos de Pós-Graduação
A missão educativa da Rede La Salle em Lucas do Rio Verde/MT tem origem com a Faculdade de Lucas do Rio Verde, mantida pela Univerde (União das Escolas Superiores de Lucas do Rio Verde), credenciada pelo Ministério da Educação em 7 de dezembro de 2001, dia em que foi assinada a Portaria Ministerial nº. 2.653, publicada no Diário Oficial da União em 10 de dezembro daquele ano. A Univerde surgiu da visão empreendedora de um grupo de lideranças locais que enxergava a necessidade de formação em nível superior em um pequeno município do interior do Brasil, à época com menos de 20 mil habitantes. A então Univerde iniciou com a oferta de dois cursos superiores de graduação em 2002: Administração e
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Ciências Contábeis. Nos anos seguintes, foram implantados os cursos de Direito (2004) e de Turismo (2006). O pujante desenvolvimento econômico e social fez a pequena cidade do interior de Mato Grosso ganhar destaque e atrair a atenção de investidores do Brasil e do mundo, fazendo com que novas necessidades sociais e econômicas surgissem, demandando formação qualificada em nível superior. Era necessário profissionalizar a gestão institucional e, dessa forma, em 2007, os então gestores da Univerde buscaram a expertise da Rede La Salle para dar uma nova dinâmica à sua atuação. Em 1º de janeiro de 2008, a Rede La Salle, por meio da mantenedora Sociedade Porvir Científico, incorpora
Novos cursos de graduação foram implantados e, atualmente, a IES conta com nove opções de graduação e outras tantas em nível de pós-graduação lato sensu. A IES atende, no segundo semestre de 2016, 1.300 alunos nos cursos de graduação e outros 343 em pós-graduação, em nível de Especialização e MBA - La Salle Business School nas áreas da Agricultura, Inovação, Gestão e Negócios, Direito, Educação e Saúde e também um Mestrado Interinstitucional - MINTER em Economia com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, iniciado em 2016. O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) aprovado para o período de 2016-20 projeta a solidificação dos Cursos nas áreas de Ciências Agrárias e das Engenharias. Para tal, o Plano Diretor prevê a ampliação do atual quadro de instalações para atender aos novos Cursos, inclusive uma Fazenda Escola para a área das Ciências Agrárias, buscando tornar-se referência nacional e internacional nesta área, já que a dimensão do Agronegócio é a força geradora do desenvolvimento regional.
Aniversários
Celebrações Confira mais algumas das comemorações lassalistas de 2016
Talca - Chile Em 2016, o Colégio De La Salle, em Talca, Chile, completou 105 anos de história. Especialmente durante a Semana de La Salle, em maio, a instituição promoveu atividades festivas, artísticas e esportivas, integrando a comunidade escolar e celebrando a história que iniciou em 1911. Alunos, professores, colaboradores e familiares se envolveram no chamado “Festejo Lassalista 2016”, que revelou muitos talentos.
La Salle Botucatu/SP
Crédito: foto São Carlos
A Câmara Municipal de São Carlos/ SP realizou, em 19 de agosto, sessão solene comemorativa aos 60 anos da presença dos Irmãos Lassalistas no município. O Provincial e Presidente da Rede La Salle, Ir. Edgar Nicodem, esteve em visita à cidade e aos Irmãos. Em São Carlos, a Rede La Salle está representada pelo Colégio Diocesano La Salle, dirigido pela congregação lassalista desde a década de 50.
Altamira/PA - Brasil Em 16 de outubro, a presença lassalista em Altamira completou 35 anos, e avança com a atuação dos projetos do Centro de Assistência La Salle. A Obra oportuniza a pessoas de baixa renda a inclusão em atividades que possibilitam o exercício da cidadania, da promoção da condição socioeconômica, cultural, educacional e de participação na comunidade. Oferece cursos nas áreas de Formação e Qualificação Profissional, Cultura e Lazer, Lideranças Comunitárias e Educação Socioambiental.
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Variedades
Inspirações para transformar Confira nesta seção algumas dicas culturais que a Revista Integração apresenta aos educadores
Websérie Hora de Transformar Em 2016, a Rede La Salle estreou em seu canal do Youtube a websérie Hora de Transformar, focada em alunos dos Anos Finais e do Ensino Médio. A iniciativa faz parte do projeto #TransformeAgora, lançado com a Campanha de Matrículas 2017. Ao todo, são cinco episódios que trazem, de forma divertida e inusitada, temas para reflexão do jovem, como uso consciente das redes sociais, voluntariado e empreendedorismo, entre outros. A sugestão é que os educadores compartilhem os vídeos em sala de aula. Confira acessando o Youtube da Rede La Salle! /redelasalle
Livros Infância e Cultura Digital: diálogo com gerações Autores: Jackson Benites Wendel Freire Marcelo Piantkoski Michelle Azambuja Editora: Appris O livro traz uma abordagem atual e consistente da educação, focalizando a proposta da transformação, os pilares da cultura digital e a sua diferença em relação às mídias tradicionais. Oferece aportes aos educadores que instigam a pensar em um novo tempo e em novas perspectivas para atualizar suas práticas educativas.
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REVISTA INTEGRAÇÃO JANEIRO 2017
Ensino Híbrido Personalização e Tecnologia na Educação (Digital)
Educando para a Inovação e Aprendizagem Independente
Autores: Lilian Bacich Adolfo Tanzi Neto Fernando De Mello Trevisani
Autores: Ronaldo Mota David Scott
Editora: Penso O livro é resultado das reflexões dos participantes do Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido desenvolvido pelo Instituto Península e pela Fundação Lemann, ambas são organizações sem fins lucrativos voltadas à educação. Apresenta aos educadores possibilidades de integração das tecnologias digitais ao currículo escolar, de forma a alcançar uma série de benefícios no dia a dia da sala de aula.
Editora: Campus Aborda o desafio de educar pessoas em um mundo no qual as habilidades associadas com inovação estão se tornando cada vez mais relevantes. Trata das metodologias educacionais compatíveis com este panorama que aponta para o desenvolvimento econômico e social sustentável. Nesse sentido, segundo a obra, a inovação seria a estratégia central para satisfazer novas necessidades pedagógicas.
Site
Calendário de Eventos Fique por dentro de alguns eventos da área educativa que serão realizados no Brasil
#Transformeagora No site www.lasalle.edu.br/ transformeagora, da Rede La Salle, é possível acompanhar novidades da instituição a partir de iniciativas especiais. Uma delas é um vídeo que sintetiza o movimento #TransformeAgora e que reflete sobre o protagonismo de cada pessoa para fazer desse um mundo melhor de se viver.
Também é possível conferir as novidades dos canais online da Rede e a ação Histórias para Todos, com quatro audiobooks que apresentam fábulas de Esopo.
Seis estudantes lassalistas, de 10 a 12 anos, realizaram de forma voluntária a atividade de narrar as histórias. A ação, destinada a crianças com deficiência visual e também para as que ainda não sabem ler, foi realizada com a intenção de que elas possam desfrutar de um momento lúdico, criativo e inspirador seja em família ou na escola. Ao final de cada episódio, é feito um convite que visa à reflexão a respeito da temática e que pode ser trabalhada em sala de aula. Os episódios foram gravados em MP3 e estão disponíveis para download no site. Confira!
Maio 2017 Simpósio Internacional sobre Gerenciamento dos Resíduos Agropecuários e Agroindustriais Período: 9 a 11 de maio. Local: Foz do Iguaçu/PR. Saiba mais: sigera2017.sbera.org.br. Encontro de Ensino de Ciências por Investigação Período: 15 a 17 de maio. Local: São Paulo/SP. Saiba mais: fe.usp.br. II Semana das Licenciaturas Período: 15 a 19 de maio. Local: Lucas do Rio Verde/MT. Saiba mais: lasalle.edu.br/ faculdade/lucas/. Universos Paralelos – Arte Sequencial Período: 18 a 20 de maio. Local: Canoas/RS. Saiba mais: unilasalle.edu.br/canoas.
18º Congresso Mundial de Linguística Aplicada Período: 23 a 28 de julho. Local: Rio de Janeiro/RJ. Saiba mais: aila2017.com.br. Agosto 2017 IX Congresso Brasileiro de História da Educação Período: 15 a 18 de agosto. Local: João Pessoa/PB. Saiba mais: ixcbhe.com. Outubro 2017 II Colóquio de Práticas Pedagógicas Período: 23 e 24 de outubro. Local: Lucas do Rio Verde/MT. Saiba mais: lasalle.edu.br/ faculdade/lucas/.
Julho 2017 IV Congresso Nacional de Educação Católica (ANEC) Período: 19 a 21 de julho. Local: Belo Horizonte/MG. Saiba mais: anec.org.br/congresso/.
Edição do Universos Paralelos, no Unilassall (abril 2016)
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Experiências
Uso das tecnologias para qualificar a vida de pessoas com deficiências Iniciativa começou com pesquisa do grupo de estudantes de Ensino Médio Carlos Leandro de Oliveira Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Santo Antônio
Estudantes realizaram encontros sistemáticos para a realização do projeto
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No Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre/RS, o projeto “ Óculos para Cegos” é destinado a estudantes de nível médio e visa beneficiar deficientes visuais. A iniciativa começou com pesquisas do grupo de estudantes de Ensino Médio sobre acessibilidade urbana. Depois de ter o assunto do trabalho escolhido, que é facilitar a locomoção dos deficientes em meio urbano, os estudantes começaram a trabalhar na construção de um primeiro protótipo para ajudar deficientes visuais a criar autonomia em seu deslocamento. Assim, encontraram neste projeto possibilidades de incluir, por meio da tecnologia, os deficientes visuais, para que seguissem diferentes percursos sem o auxílio de bengala ou de um acompanhante.
Ao formar-se o grupo de trabalho, o professor apresentou aos estudantes uma ferramenta de prototipagem que facilitaria o uso de eletrônica no projeto e que, por ser de baixo custo e por possuir muitos usuários ao redor do mundo, seria a ferramenta ideal. A placa Arduino tornou-se a alternativa mais barata e de fácil acesso aos alunos. Os estudantes realizaram pesquisa para construir um instrumento que viesse a contribuir para a qualidade de vida de pessoas com deficiência visual. Além de realizarem a pesquisa, envolveram-se na construção dos óculos.
No Brasil, a acessibilidade dos deficientes é ainda dificultada pelos acessos escassos, como rampas e sinaleiras com sinais sonoros. Por esse
Os estudantes realizaram encontros sistemáticos no turno inverso. Realizaram pesquisas e assistiam a aulas expositivas sobre conceitos da Física
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motivo, a criação de um projeto de viabilização à adaptação dos deficientes é de grande ajuda.
para compreender os processos de funcionamento do dispositivo no qual foi construído utilizando a plataforma de programação Arduino Uno. Depois de vários testes de caminhadas e até mesmo de corridas, concluiu-se que o protótipo funciona conforme o esperado e que detecta os obstáculos com pouco atraso. Logo após foi criado o DLUDV (Dispositivo de Locomoção Urbana para Deficientes Visuais). Essa nova versão foi desenvolvida com o foco principal de aumentar a praticidade, melhorar a estética e aprimorar ainda mais a precisão. Na segunda fase, o DLUDV conta com três sensores ultrassônicos, para aumentar o campo de segurança em volta do deficiente, além de possuir um Arduino Nano para aumentar a comodidade dos óculos e também um interruptor como forma de ligar e desligar o sistema.
Experiências
Cantina do La Salle Niterói recebe Selo de Qualidade A cantina do Colégio é acompanhada por nutricionista, que avalia a qualidade dos produtos Caroline da Conceição Assessoria de Comunicação do Colégio La Salle Niterói
Entrega do Selo de Qualidade
O Colégio La Salle Niterói, de Canoas/RS, orgulha-se em ter recebido na sua cantina, Dona Inês, o selo de qualidade nutricional de Cantina Saudável, em outubro. O Colégio é a segunda escola a receber esse selo no estado do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo certificar à comunidade que o estabelecimento comercial está cumprindo normas que resultem em uma refeição segura e de qualidade. Certificado pelo CRN-2 (Conselho Regional de Nutrição), o Colégio caracteriza-se como um espaço de formação, educação e desenvolvimento de hábitos de vida e práticas saudáveis, inclusive de alimentação. Novos sabores - A maioria dos lanches vendidos e/ou preparados nas cantinas escolares encontra-se
com baixo teor de nutrientes e com alto teor de açúcar, gordura e sódio. Com base nestes dados, o Colégio La Salle Niterói implantou, com a empresa Confeitaria Dona Inês, o projeto da “Cantina Escolar Saudável”, seguindo as orientações do Ministério da Saúde e da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP). Na cantina, não são comercializados guloseimas, refrigerantes, salgadinhos industrializados, alimentos com gorduras-trans, embutidos e frituras, evitando, assim, o consumo em excesso de açúcar, gordura e sódio. A cantina do Colégio é acompanhada por nutricionista, que avalia previamente a qualidade nutricional dos produtos a serem vendidos. Além disso, ela elabora e supervisiona o cardápio
de almoço oferecido diariamente à comunidade escolar. Todo este trabalho concedeu à cantina escolar, no seu primeiro ano de operação, a premiação com o Selo de Qualidade do CRN-2 para cantinas escolares. O local foi avaliado pela equipe de nutricionistas fiscais, segundo critérios estabelecidos pelo Conselho com base em requisitos de segurança alimentar e nutricional. A atuação dos profissionais nestes estabelecimentos visa à segurança alimentar e ao controle das condições higiênicosanitárias, desde o fornecimento da matéria-prima até o seu consumo, como armazenamento, conservação, manipulação e distribuição.
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Experiências
Prevenção e Combate ao Bullying e ao Cyberbullying No La Salle Águas Claras, iniciativa é focada no Ensino Fundamental I Ariela Farias Serviço de Orientação Educacional do Colégio La Salle Águas Claras
Equipe pedagógica e estudantes são envolvidos em trabalho de capacitação com ações preventivas
O Serviço de Orientação Educacional (SOE) do Colégio La Salle Águas Claras/DF trabalha com os estudantes do Ensino Fundamental medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recorrentes de bullying e cyberbullying. O tema é abordado por meio reflexões baseadas no livro “Tudo Bem ser Diferente”, do autor Todd Parr. A equipe pedagógica e os estudantes são envolvidos em um trabalho de capacitação com implementação de ações preventivas como, por exemplo, palestras e atividades lúdicas trabalhadas em todos os componentes curriculares. As professoras regentes e os professores promovem discussões livres sobre limites claros de comportamento, aceitável ou não, dentro do ambiente escolar, enfatizando as normas disciplinares. São realizadas várias ações de combate ao bullying e ao
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cyberbullying, como: jogos virtuais; publicação de mensagens nos blogs das turmas sobre promoção dos valores e da conscientização; produção de cartazes com frases e desenhos; jogos e atividades de Educação Física para promoção da cooperação e do respeito; criação de um símbolo para representar o projeto em uma bandeira exposta em cada sala; produção textual com o tema abordado; enquete com o tema “Toda Brincadeira Tem Hora para Acabar”; composição e apresentação de uma música relacionada ao tema; entre outras. Para encerrar as atividades, são explorados vídeos que trabalham valores morais e sociais nas aulas de Ensino Religioso. Todos os estudantes escreveram uma mensagem e colocaram um bilhete na carteira para o colega da turma do turno contrário. O trabalho de conscientização é de grande importância para o combate ao
bullying e ao cyberbullying ao longo do ano, pois a família é a base educacional na formação do discente, em parceria com a escola.
“O que eu aprendi com o projeto?” “Esse projeto é muito importante, porque uma criança que sofre bullying é muito afetada emocionalmente e às vezes fisicamente. Bullying é coisa séria e não devemos nunca praticar, porque a pessoa que sofre as agressões pode não querer mais ir à escola e as crianças precisam aprender que toda brincadeira tem hora para acabar.” Depoimento da estudante Ana Carolina Nascimento.
Experiências
Transformando o processo educacional Robótica Educacional proporciona um aprendizado prático na busca por soluções e desafios Tiago Costa Pereira Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Brasília
Estudantes do Colégio La Salle Brasília
O Colégio La Salle Brasília/DF tem como proposta gerar meios para tornar o aprendizado mais eficiente e inspirador. Para isso, investe em tecnologias para transformar o processo educacional por meio da organização, da socialização, da liderança, do desenvolvimento científico e da disciplina. Tudo isso permite que o aluno construa o conhecimento a partir de suas experiências, tornando a absorção do conhecimento mais consolidada no campo cognitivo. E a Robótica Educacional vem ao encontro de tudo isso. É uma metodologia de ensino que tem como objetivo fomentar no aluno a investigação e a materialização dos conceitos
aprendidos no conteúdo curricular. Favorece a interdisciplinaridade, promove a integração de conceitos de diversas áreas, tais como: Linguagem, Matemática, Física, Eletricidade, Eletrônica, Mecânica, Arquitetura, Ciências, História, Geografia, Artes, etc. Desenvolve aspectos ligados ao planejamento e à organização de projetos, motiva o estudo e a análise de máquinas e de mecanismos existentes no cotidiano de modo a reproduzir o seu funcionamento. Estimula a criatividade tanto na concepção das maquetes como no aproveitamento de materiais reciclados e desenvolve o raciocínio e a lógica na elaboração de programas para controle de mecanismos.
Mas também vai muito além da construção de projetos e da programação de robôs. A Robótica Educacional proporciona um aprendizado prático que desenvolve no aluno a capacidade de pensar e de achar soluções aos desafios propostos. Incentiva o trabalho em grupo, a cooperação, o planejamento, a pesquisa, a tomada de decisões, a definição de ações, promove o diálogo e o respeito a diferentes opiniões, fazendo aflorar no aluno suas mais infinitas e inimagináveis possibilidades de criação. O resultado é um indivíduo muito mais preparado para enfrentar os desafios educacionais e profissionais.
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Experiências
O Terceirão do Colégio La Salle São João Tradição lassalista e práticas inovadoras resultam na preparação dos alunos para processos seletivos Daniele Lopes Assessoria de Comunicação do Colégio La Salle São João
Curso conta com corpo docente qualificado, material próprio e número de alunos reduzido
Pensado para que o aluno tenha uma preparação qualificada em um ambiente seguro, iniciou, em 2015, no Colégio La Salle São João, de Porto Alegre/RS, o Terceirão Curso Preparatório para Enem e Vestibular. Destinado a alunos da 3ª série do Ensino Médio, oferece a revisão de conteúdos por meio de aulas dinâmicas e interativas, que acontecem três vezes na semana, no turno inverso. As disciplinas são divididas em módulos. Para a Diretora do La Salle São João, Ana Poppe, o Terceirão alia a retomada de conteúdos à ressignificação das aprendizagens: “O cenário do Ensino Médio encontra-se em um momento de transição com inúmeros questionamentos e, neste período, é necessário buscar alternativas que 34
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contemplem as novas demandas educacionais”. Em abril deste ano, a Escola deu as boas-vindas à segunda turma do Terceirão com processos pedagógicos reavaliados e aprimorados, além de diferenciais “que extrapolam a dinâmica e o cotidiano da sala de aula”, conforme a Diretora. As aulas são acompanhadas de atividades, como Coaching Vocacional (dinâmicas de autoconhecimento para orientação na escolha profissional), Cine Terceirão (sessões de cinema seguidas de debates), Aulão Interdisciplinar Noturno e Madrugadão ENEM (próximo à data do Exame), entre outras. O curso conta com um corpo docente altamente qualificado, material didático próprio e número
de alunos reduzido, proporcionando um atendimento personalizado com o professor. O Terceirão oferece, ainda, um ambiente de ensino equipado com sistema multimídia, local para estudo em grupo e espaço de convivência. O comprometimento do La Salle São João com a realização do Terceirão vai ao encontro da proposta pedagógica da Rede La Salle. O planejamento pedagógico do curso busca assegurar uma preparação qualificada, bem como a formação integral dos jovens, contribuindo com o desenvolvimento de habilidades e com a aquisição de competências necessárias para enfrentar os desafios da transição da vida escolar para a acadêmica.
Experiências
Feira Meio Ambiente em Destaque Estudantes lassalistas propõem melhorias a partir da reflexão sobre a “Casa Comum” Carta Aberta desenvolvida por alunos dos Ensinos Fundamental II e Médio do Colégio La Salle Peperi, na realização da Feira Meio Ambiente em Destaque Nova) e vistoriar poços artesianos, regularizando aqueles que não estão conforme a lei.
Foram mais de 50 projetos expostos na Feira
“O Colégio La Salle Peperi é uma escola com 58 anos de história e tradição da Educação Infantil ao Ensino Médio. Nossa proposta pedagógica está baseada em uma educação de qualidade e no desenvolvimento integral do sujeito, ou seja, somos protagonistas na construção do nosso saber. Com base nesses pilares, aliando à pergunta do Papa Francisco – ‘Que tipo de mundo queremos deixar a quem nos suceder, às crianças que estão crescendo?’ -, à Campanha da Fraternidade 2016 (‘Casa Comum, Nossa Responsabilidade’) e à preocupação com o meio ambiente, desenvolvemos a Feira Meio Ambiente em Destaque, nos dias 10 e 11 de outubro de 2016. Na realização da Feira, envolveramse estudantes, professores, direção, pais, além da comunidade migueloestina. Por meio de 53 projetos expostos, buscamos propor novas ideias para melhorar o dia a dia da sociedade, mostrar que existem formas mais ecológicas de sanar nossas necessidades cotidianas, reduzir a emissão de poluentes sólidos e gasosos e algumas propostas para o nosso
município, as quais queremos partilhar. Um dos projetos que ajudariam a melhorar a qualidade de vida da nossa população e o desenvolvimento da cidade seria a implantação de um aterro sanitário municipal como meio de acondicionar o lixo de maneira correta e sustentável. Assim, além de evitar doenças e de contaminar o solo, a cidade se desenvolveria sem poluir o ambiente. Outro aspecto levantado foi a escassez da água potável. Com o crescimento desordenado da cidade, a falta de planejamento não dá destino correto aos esgotos e lixos industriais, escoando todas as impurezas nos rios, tanto no centro como nas regiões interioranas. Dessa forma, também sugerimos a realização de campanhas para conscientizar a população sobre a preservação das nascentes, o aprimoramento da cobertura vegetal como meio de conter a erosão, e a preservação da mata ciliar. Também é importante melhorar o sistema de drenagem das águas para evitar alagamentos, melhorar o saneamento básico nas proximidades do Rio Guamerim (Loteamento Vila
No campo energético, temos como contribuição a geração de energia sustentável, utilizando a energia solar, que pelo alto custo é uma energia pouco utilizada, mas acreditamos que com a conscientização das pessoas e com a necessidade de uma fonte renovável, em alguns anos vão ser extremamente utilizadas em nosso país outras fontes de energia limpa. Por que não começar com São Miguel do Oeste/SC, a partir de um projeto de iluminação com pequenos postes em jardins e praças com recarga à luz do sol? E, também, que tal incentivar financeiramente os agricultores de nosso município a implantarem em suas propriedades sistemas de biodigestores? Temos plena consciência de que nós, estudantes e cidadãos, somos igualmente responsáveis pelo cuidado e pela fiscalização do meio ambiente. Além disso, é preciso cobrar das autoridades competentes as soluções. Acreditamos que nossa Feira nos pede mudanças urgentes para produzirmos energia com fontes mais limpas, como o sol e o vento, recriarmos florestas e cultivarmos a terra com agroecologia, que, em especial, pede uma conversão ecológica, uma mudança de estilo de vida, bem como a cobrança de uma atitude dos poderes e governos, novas propostas e um cuidado com a Casa Comum”.
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Experiências
Cultura Digital: a nova realidade da educação La Salle Canoas possui diversos projetos nos quais a tecnologia faz parte das atividades propostas Patrícia Martins Jardim Assessoria de Comunicação do Colégio La Salle Canoas
La Salle Canoas utiliza benefícios da internet para proporcionar uma nova forma de leitura
Com o acesso à internet disponibilizado no ambiente escolar, a cultura digital nas salas de aula passou a ser uma realidade para os alunos no século XXI. Esta constatação faz parte dos esforços que as instituições vêm fazendo para oferecer um aprendizado cada vez mais inventivo e interessante aos estudantes.
hábito da leitura dos alunos, em meio ao mundo tecnológico e digital. Desta forma, o projeto, que tem como objetivo a construção de um livro digital, visa utilizar os benefícios da internet para proporcionar aos estudantes uma nova forma de leitura, com conteúdo construído a partir do trabalho de todas as turmas.
Para acompanhar estas transformações no cenário educativo, o Colégio La Salle Canoas/RS possui diversos projetos nos quais a tecnologia faz parte das atividades propostas. Entre eles pode-se destacar o projeto Leitura Solidária, realizado com os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Ao longo de 2016, os alunos realizaram produções textuais e vídeos com base no tema da Campanha da Fraternidade, refletindo sobre o meio ambiente e a responsabilidade de todos. O lançamento da 1ª edição do Livro Digital foi realizado na Feira do Livro de Porto Alegre/RS, em 2015. Após a conclusão do trabalho, o livro digital produzido pelos alunos é disponibilizado por meio de um link para a comunidade, fazendo com que o projeto ultrapasse os muros da escola.
Segundo a professora de Língua Portuguesa, Elisa Ávila, o Leitura Solidária partiu da percepção dos professores em relação à perda do 36
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No La Salle Canoas, o uso de plataformas digitais em sala de aula também é utilizado nas aulas de Matemática, a partir da Robótica Educacional do projeto Lego Education. As aulas de Robótica buscam contribuir para a formação dos alunos do Ensino Fundamental II na compreensão de um mundo que apresenta questões cada vez mais focadas nos avanços tecnológicos. A proposta é trabalhar os conteúdos do currículo com a construção de robôs e com a programação. De acordo com a professora de matemática, Anelise Bruch, “os alunos criam ou recriam os robôs com base no conteúdo que está sendo trabalhado e fazem a programação recorrendo a um software”.
Experiências
Uso consciente de recursos naturais é tema de oficina no La Salle Carmo Projeto Sustainable Living incentiva reflexão sobre meio ambiente Cassandra Brunetto Assessoria de Comunicação e Marketing do Colégio La Salle Carmo
Turmas participaram de uma intervenção em shopping de Caxias do Sul
No Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS, os estudantes do Carmo English Learning vêm desenvolvendo, ao longo do ano, o projeto Sustainable Living. A atividade tem por objetivo proporcionar ao grupo o questionamento, a ação e a reflexão sobre aspectos relacionados ao meio ambiente e à utilização consciente de recursos naturais. Com este propósito, os educandos dos 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental II participaram, ao longo do último trimestre letivo de 2016, de uma oficina ministrada pela designer de produto Danielle Rossi. Durante as aulas, realizadas em Língua Inglesa, os jovens tiveram a oportunidade de produzir e de customizar sua própria bolsa - uma ecobag - utilizando uma camiseta “velha”.
Os alunos participaram também de uma oficina de fotografia com a professora Daniéle Da Meda, graduada em Fotografia pela University of Westminster, de Londres. O projeto contempla uma produção fotográfica em grupo que trata da produção de lixo reciclável. A inspiração para o
projeto surgiu a partir da exposição “Hungry World: What the World Eats”, realizada pelo fotógrafo Peter Menzel. Em novembro, as turmas participaram de uma intervenção realizada diretamente com o público, no Shopping San Pelegrino, em Caxias do Sul.
Proposta contempla produção fotográfica LASALLE.EDU.BR
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Experiências
Projeto oportuniza experiência profissional para auxiliar na escolha vocacional Nano Estágios, do Colégio La Salle Dores, esclarece caminhos para alunos conforme áreas de interesse Guilherme Neto Assessoria de Comunicação do Colégio La Salle Dores
Alunos podem ter a experiência de conhecer realidades profissionais
Vivenciar uma experiência profissional durante o Ensino Médio pode ser um fator decisivo na escolha da carreira a seguir. Nesta perspectiva, o Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre/RS, vem desenvolvendo, desde 2015, o projeto Nano Estágios. Com foco nos estudantes da 2ª Série do Ensino Médio, tem como proposta oportunizar a estes alunos uma experiência de aproximação com o mercado de trabalho, direcionada à profissão em que tenham interesse em seguir na graduação. Para a realização do projeto, foram firmadas parcerias com diversas empresas e instituições de ensino 38
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que atendem os estudantes dentro da área profissional de sua escolha, como Engenharias, Arquitetura, Química e Jornalismo. Na prática, são realizadas, em média, quatro visitas mensais às empresas, no turno inverso, com acompanhamento de um profissional parceiro que recebe e orienta os alunos naquela área específica. Experiência inovadora - Um exemplo prático é a experiência do aluno Lucas Rauber, que optou por conhecer um pouco mais sobre a carreira de Jornalismo. O Nano Estágio de Lucas aconteceu em parceria com a Rádio Guaíba, do grupo Record RS, no qual o aluno acompanhou, durante quatro encontros, os processos e os
setores para atuação na área. Segundo Lucas, participar do Projeto Nano Estágios forneceu uma experiência inovadora. “Foi única a oportunidade de conhecer a redação de uma rádio e de trabalhar com os profissionais, antes mesmo de decidir que carreira seguir na graduação”, explicou. Ao fim da prática profissional, um evento é organizado para que os alunos participantes apresentem suas experiências para colegas, familiares e representantes das empresas parceiras.
Experiências
Mostra Literária 2016 na Escola La Salle RJ A cada ano, alunos da La Salle RJ abrem os livros infantis, fazendo sair deles o universo do “faz de conta” Luiza Gould Assessoria de Comunicação e Marketing do Unilasalle Rio de Janeiro Chapeuzinho Vermelho e lobo mau pela estrada afora ao ritmo de... funk? Na versão do 1º período da Escola La Salle Rio de Janeiro, de Niterói/RJ, a história é contada com muita atitude pelos pequenos. Enquanto isso, o 2º A foi passear lá pelo mundo dos Saltimbancos. Não faltaram gatinhos e gatinhas da “História de uma Gata”. O 2º B optou por contos de fada. As meninas viraram princesas e os meninos, uma mistura de príncipe/monstro na valsa de “A Bela e a Fera”. Era a vez do 3º período, e a dramaturgia passou a dar o tom da festa. Os alunos que se despediram em 2016 da Escola encenaram João e Maria, comandados por José Luis de Sousa Neto. Com apenas cinco anos, ele decorou cada cena para narrar o clássico. O show ficou completo quando toda a turma cantou junta a música de Chico Buarque batizada com o nome da fábula. A cada ano, os alunos da La Salle RJ abrem os livros infantis, fazendo sair deles o fantástico universo do “faz de conta”. Essa é a proposta da Mostra Literária, criada para incentivar a leitura e estimular a criatividade em danças e peças inspiradas nas histórias infantis e apresentadas aos familiares. “Trabalhamos com esmero na construção de cidadãos valorosos, críticos, conscientes e responsáveis. É dando asas à imaginação, através do mundo mágico da leitura, que este desafio acontece”, resumiu a coordenadora Karla Bustamante na abertura do espetáculo, no dia 28 de outubro.
O baile de “A Bela e a Fera”. Foto: Beatriz Siqueira
Chapeuzinhos e lobos. Foto: Beatriz Siqueira
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Projeto Produzindo Fábulas Com o objetivo de reconhecer a presença de valores sociais e humanos nas fábulas, os alunos dos sextos anos do Colégio La Salle Xanxerê/SC desenvolveram, na disciplina de Língua Portuguesa, o projeto “Produzindo Fábulas”. Fizeram uso de recursos áudiovisuais socializando o que aprenderam por meio de vídeos e de Power Point. Segundo a professora Sirlei Boff, a utilização dos meios digitais “oportuniza inúmeras possibilidades de tornar a didática mais envolvente e assimilativa e vem colaborar significativamente com os métodos pedagógicos”.
Robótica Educacional O projeto Robótica Educacional, adotado pelo Colégio La Salle Carazinho/RS desde 2008, é desenvolvido para alunos a partir do 3º ano do Ensino Fundamental. Tem como objetivo promover o estudo de conceitos multidisciplinares, como Física, Matemática e Geografia. Há variações no modo de aplicação e interação entre os alunos, estimulando a criatividade, a inteligência e promovendo a interdisciplinaridade. Usando ferramentas adequadas para realização de projetos, é possível explorar alguns aspectos de pesquisa, construção e automação.
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Por dentro das profissões O La Salle Sobradinho/DF realiza anualmente uma vitrine de oportunidades aos formandos para levá-los a conhecer melhor algumas profissões. Em setembro, o pátio coberto se engrandeceu com estandes diversos de carreiras, onde professores e monitores esclareceram dúvidas a respeito dos cursos oferecidos às áreas de interesse nos quesitos: como se dá a formação acadêmica, como é a grade de disciplinas, o mercado de trabalho e as especializações. O Colégio oportuniza também “visitas guiadas” em instituições.
Conhecendo a vida dos Irmãos Lassalistas Os alunos das turmas 131 e 132, do La Salle Niterói realizaram uma expedição à comunidade dos Irmãos Lassalistas de Canoas/RS. Com o acompanhamento do professor e postulante Feiruque dos Santos e das professoras Patrícia Cousseau e Josiane Souza, os estudantes foram convidados a conhecer um pouco sobre a vida dos Irmãos. A atividade teve como objetivo proporcionar um maior envolvimento entre a comunidade educativa e a comunidade religiosa. O passeio terminou com um delicioso lanche.
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La Salle em Cena Preocupado em incentivar bons hábitos de leitura e instigar a capacidade criadora do educando, o Centro Educacional La Salle, de Manaus/ AM, promoveu o projeto La Salle em Cena, com alunos da 2ª série do Ensino Médio. Depois de lerem obras literárias clássicas, como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, as turmas fizeram adaptações a fim de apresentá-las no Teatro La Salle. Acredita-se que o projeto oportuniza a utilização da literatura como recurso pedagógico para potencializar o pensamento crítico e o desenvolvimento artístico.
Muro da Gentileza O Muro da Gentileza é um projeto de alunos do Ensino Médio do La Salle Xanxerê/SC, coordenado pela professora Carla Gasparetto. A iniciativa surgiu a partir de uma notícia revelando que em Teerã, capital do Irã, há muros batizados “da gentileza”. Lá pessoas colocam pertences que podem ser reutilizados por quem precisa. Os alunos, sentindo-se motivados, começaram a arquitetar a proposta para Xanxerê. O objetivo é doar produtos deixados no muro exterior ao Colégio. Foram escritas frases para que a comunidade entendesse o porquê do espaço: “Se você precisa, pegue”; “Se você pode, doe”.
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“Põe no Mapa” contextualiza notícias Alunos da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio do La Salle São João, de Porto Alegre/RS, estão mapeando acontecimentos do Brasil e do mundo de forma diferenciada. A tarefa faz parte da atividade “Põe no Mapa”, desenvolvida nas aulas de Geografia pela professora Fernanda Alvarenga. A cada aula, um aluno traz uma notícia, a apresenta e propõe um debate. Após, resume a informação em um pequeno adesivo, localiza o local de ocorrência no mapa exposto na sala de aula e cola o registro. O resultado ilustra a compreensão de fatos sociais, políticos e econômicos.
Tecnologia, uma aliada do professor No La Salle Águas Claras/DF, professores desenvolvem jogos de tabuleiros e demais atividades lúdicas, visando à melhor aplicabilidade dos conhecimentos e contribuindo para que o estudo seja mais prazeroso e próximo à realidade dos estudantes. Os professores usam o aplicativo Khan Academy, tornando a tecnologia uma aliada dentro da sala de aula. Pelo site, é possível acompanhar o desempenho e o raciocínio lógico de cada aluno, em tempo real, na execução dos exercícios e no diagnóstico de dificuldades.
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Premiação Projeto Delfos Na Escola La Salle Pão dos Pobres, de Porto Alegre/RS, o projeto Delfos tem como objetivo iniciar os alunos dos Anos Finais no campo da pesquisa científica. A escolha dos temas parte dos interesses dos próprios alunos e os assuntos são aprofundados ao longo do ano. Como resultado, percebe-se um avanço no domínio das ferramentas tecnológicas, ressignificando o uso de aparelhos eletrônicos, além do desenvolvimento da capacidade de pesquisa. Em novembro, houve a premiação dos projetos, um momento muito especial para alunos e professores.
Destaque no CONEA A Escola Agrícola La Salle, de Xanxerê/SC, celebra o destaque a partir dos resultados da avaliação anual do Conselho Estadual de Ensino Agrícola de Santa Catarina (CONEA). A Escola conquistou o primeiro lugar, com média final de 6,69, enquanto que a média geral das instituições avaliadas ficou em 5,13. No exame do CONEA são premiados também os três melhores alunos do Estado. Entre os quase 900 estudantes que o realizaram, o La Salle Agro esteve representado nessas colocações de destaque, além da quarta e da quinta posições.
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Caminhada da Gentileza Em outubro, a 7ª edição da Caminhada da Gentileza, do Colégio La Salle Niterói, contou com a participação de mais de 500 pessoas. O maior diferencial foi presença de mais de 300 jovens da Rede La Salle, que participavam do Encontrão de Jovens. Esse movimento visou articular os saberes escolares e cotidianos na busca por soluções para a sociedade, possibilitando a vivência de situações em que as pessoas aprendam a gostar de fazer o bem às outras e, por meio do diálogo, estimulem a solidariedade e a melhor convivência social.
Café Literário Para incentivar o hábito da leitura, o La Salle Peperi, de São Miguel do Oeste/SC, proporcionou à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental I um momento de contação de história com a “Mala Mágica”. Os estudantes puderam usar a criatividade com diferentes acessórios e entrar no clima da festa dos livros. Já os estudantes do Ensino Fundamental II, Ensino Médio e colaboradores tiveram um dia específico para comparecer caracterizados de acordo com o personagem principal do livro que estavam lendo!
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Destaque no Concurso de Redação da URI O La Salle Medianeira, de Cerro Largo/RS, conquistou pelo segundo ano consecutivo a premiação máxima do Concurso de Redação da Universidade Regional Integral (URI) de Santo Ângelo, lançado em 2015 e que tem a participação de diversas escolas de Ensino Médio da região. Dessa vez a estudante Carolina Bracht Tonel, da 1ª série do Ensino Médio (centro), foi a vencedora com a redação que melhor contemplou o tema “O que eu posso fazer, enquanto cidadão brasileiro, por um Brasil melhor?”. A orientadora foi a professora Marta Schoffen.
VII Mostra Lassalista de Dança No dia 4 de novembro, o Colégio La Salle São Paulo prestigiou a VII Mostra Lassalista de Dança, que abordou o tema: Brasilidade. A mostra contemplou a troca de conhecimentos de diversos grupos, incentivando a prática da dança como instrumento de saúde e de bem-estar. Para abrilhantar o evento, participaram o Projeto Integrarte do Colégio La Salle São Paulo, Grupo Angu de Dança, Colégio Santa Maria de Nazaré e Studio de Dança Arte em Cena.
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Caça ao livro A Biblioteca Machado de Assis do Colégio La Salle Núcleo Bandeirante/DF preparou, na Semana da Criança 2016, uma atividade lúdica para alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. Na “Gincana de Caça ao Livro”, cada participante tentava encontrar um determinado livro no meio de um pequeno acervo pré-selecionado, marcando pontos para a sua equipe. A gincana foi acompanhada de muita música, transformando a brincadeira em uma verdadeira festa. Todos puderam experimentar uma biblioteca diferente do comum.
Jornadas de Formação O Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS, realiza, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio, a segunda etapa das Jornadas de Formação. A atividade conta com dinâmicas individuais e em grupo, que orientam o trabalho de formação, tendo como foco a reflexão e a ação sobre os valores lassalistas. A vivência das Jornadas Lassalistas Internacionais pela Paz da Rede La Salle é, também, um dos temas abordados na ocasião.
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Educação Superior
Lançada plataforma para inserir profissionais em vagas qualificadas Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde apresenta projeto La Salle Conecta Patrícia Taís Lunkes Setor de Comunicação e Marketing da Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde exclusividade da Faculdade La Salle, visto que todo o investimento está sendo subsidiado pela Instituição, ou seja, o aluno terá acesso gratuito enquanto manter-se matriculado e depois de ter concluído o curso”. Da mesma forma, não haverá custos às empresas: “Entendemos que é uma forma efetiva de contribuir para o crescimento das organizações e da carreira de nossos acadêmicos, motivo pelo qual este é um dos grandes projetos estabelecidos pelo Planejamento Estratégico para 2016, da mesma forma que o MINTER em Economia, a estruturação de laboratórios de análises técnicas e a implantação do Curso de Agronomia, entre outros”.
Projeto tem foco no autodesenvolvimento e na inserção no mercado de trabalho
Diversas empresas da região veem a Faculdade La Salle Lucas do Rio Verde/ MT como um “celeiro” de talentos em busca de qualificação, motivo pelo qual procuram a Instituição para anunciar as suas oportunidades de trabalho. Trata-se de uma das formas mais efetivas de ocupar as suas melhores vagas com profissionais competentes e perfil adequado. Neste sentido, no mês de agosto, a Instituição de Educação Superior Lassalista lançou o projeto La Salle Conecta. O objetivo é promover a inserção dos acadêmicos e egressos no mercado de trabalho, por meio de uma plataforma virtual que permite aos alunos e ex-alunos da 48
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IES cadastrarem os seus currículos e às empresas promoverem as suas vagas e oportunidades de carreira. A principal vantagem da plataforma é facilitar a comunicação dos alunos com o mercado de trabalho, pois à medida que o aluno/egresso cadastra o seu currículo, informará o seu objetivo profissional e seus interesses, então quando uma empresa incluir alguma vaga no sistema, o aluno/egresso receberá um alerta sobre esta oportunidade. Para o Diretor Administrativo, Prof. Paulo Renato Foletto, trata-se de um investimento significativo que a IES está realizando “sendo esta uma
O projeto atuará com um sistema on-line para conectar acadêmicos e egressos ao mercado de trabalho, sistema desenvolvido pela empresa Trabalhando.com em parceria com a Universia Brasil. A plataforma permite a oferta de vagas de estágio, trainees e efetivas para os alunos e ex-alunos e os conecta a uma comunidade de trabalho em âmbito nacional e internacional. O La Salle Conecta está em funcionamento e já conta com mais de 200 acadêmicos cadastrados.
Educação Superior
Fórum de Ensino Superior aborda desigualdade social em Estrela Faculdade La Salle Estrela organiza a 7ª edição do evento Andréia Rabaiolli Setor de Comunicação e Marketing da Faculdade La Salle Estrela
No encontro, foram apresentados os resultados da pesquisa feita por alunos e mestres
A Faculdade La Salle de Estrela/RS realizou em outubro o 7º Fórum de Ensino Superior, momento em que abordou as desigualdades sociais do município. No encontro, foram apresentados os resultados da pesquisa feita por alunos e mestres, “Desvelando o que Queremos Esconder”. O estudo foi debatido entre jornalistas e representantes da sociedade. “A pesquisa foi fundamental para entender a opinião da população sobre os problemas sociais do município”, salientou o diretor-geral da Faculdade, Irmão Marcos Corbellini, que coordenou o estudo. O levantamento trouxe números interessantes que geraram a reflexão dos participantes. Por exemplo, 20,6% das pessoas já sofreram algum tipo de discriminação por serem
pobres. A pesquisa foi aplicada nos 17 bairros de Estrela e envolveu 399 pessoas entrevistadas. Os entrevistados responderam a 30 perguntas pertinentes a gênero, raça, renda, escolaridade e idade: 53% das pessoas entrevistadas concordaram que mulheres negras e índias são as que mais sofrem desigualdade social. Dos pesquisados, 66% acreditam que as mulheres são menos valorizadas do que os homens no salário em cargos de mesmo nível. Esses números permitiram concluir que os entrevistados concordam que há desigualdade ou discriminação em Estrela, mas há uma apatia em relação aos mais necessitados. “Ao mesmo tempo em que as pessoas entendem que há desigualdade social, não parece existir movimento na comunidade para
reverter esta situação. A pesquisa é uma ferramenta para repensar se essa realidade percebida é uma realidade justa”, enfatizou a professora mestre Andréa Gerhardt, que participou do estudo. A Instituição convidou dois representantes da sociedade e dois jornalistas para se debruçarem nos números e refletirem sobre a situação: o Secretário da Saúde, Elmar Schneider, o advogado Daniel Horn e os jornalistas Carine Krüger, do jornal Nova Geração (Estrela) e Fernando Weiss, do jornal A Hora (Lajeado). O Fórum ocorre desde o primeiro ano em que a Faculdade se instalou em Estrela e é um espaço aberto à comunidade, reunindo alunos, egressos e empresários.
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Educação Superior
Faculdade La Salle participa de Feira de Profissões Iniciativa orienta alunos finalistas do Ensino Médio quanto às suas escolhas profissionais Antonio Marcos Araújo Oliveira Assessoria de Comunicação da Faculdade La Salle Manaus No dia 17 de setembro, a Faculdade La Salle Manaus/AM participou da Feira de Profissões realizada pela Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco, com o intuito de orientar os alunos finalistas do Ensino Médio quanto às suas futuras escolhas profissionais. Na oportunidade, a empresa Supera Ginástica Cerebral (Unidade D. Pedro), representada por Jorge Lucas Ferreira da Silva e Marcelo Vieira de Aguiar, apresentou a palestra “Técnicas de Estudo e Memorização: aspectos físicos e mentais importantes para estudo, concentração e distração, memorização por associação”. A iniciativa foi a convite da Faculdade. O professor Davi Denis Dalla Vecchia, da Faculdade La Salle, apresentou aos alunos da Fundação Bradesco, bem como aos convidados oriundos de outras instituições de ensino, o tema: “O que você precisa saber para escolher a profissão certa”. Em sua exposição, abordou técnicas aplicadas pela Neurolinguística, a respeito de dimensões correlacionadas ao aspecto ser-pensar-fazer-sentir associado à eficiência e eficácia do fazer dimensão profissional.
Receptividade junto aos participantes possibilitou perspectiva de novas ações
Na opor tunidade, foram apresentados os cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pela instituição, reconhecida na capital amazonense por sua qualidade e excelência. A receptividade junto aos participantes possibilitou a perspectiva de novas ações estreitando ainda mais o relacionamento da IES junto à comunidade local, bem como uma melhor exposição da marca La Salle. Houve palestras e foram apresentados cursos da IES
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Educação Superior
Unilasalle-RJ inaugura Centro Tecnológico e dá início às comemorações pelos 15 anos IES Lassalista celebra novos espaços e perspectivas para o futuro Luiza Gould Setor de Comunicação e Marketing do Unilasalle Rio de Janeiro importância de termos uma visão do presente na perspectiva de um futuro sem esquecer da nossa história. Uma visão sem um visionário é apenas um sonho”.
Centro Tecnológico da Instituição. Foto: Beatriz Siqueira
Em 20 de outubro, o Unilasalle-RJ deu início às comemorações de seus 15 anos com uma série de eventos. Na data, o Centro Universitário inaugurou sua Capela, o Centro de Convenções Irmão Amadeu e seu Centro Tecnológico, com cinco andares de laboratórios para uso dos alunos das Engenharias e Sistemas de Informação. O Arcebispo Emérito de Niterói, Dom Frei Alano Maria Pena, realizou a benção da Capela Universitária La Salle, junto ao reitor do Unilasalle-RJ, Irmão Jardelino Menegat, e a diversos convidados que iluminaram o novo espaço com velas. “Vejo que a capela está se tornando pequena desde o primeiro dia”, comemorou Menegat.
Visionários de La Salle - No momento dos discursos, Ir. Edgar Nicodem, Provincial da Província La Salle Brasil-Chile, pontuou o que representa cada uma das conquistas: “A Capela traz a identidade. La Salle sempre nos pede para olhar todas as coisas com os olhos da fé. No Centro Tecnológico está a promoção da pessoa, da dignidade humana a partir da profissionalização. Já o Centro de Convenções mostra à comunidade a necessidade de um espaço cultural, no qual manifestamos nossos sonhos e nossas expectativas de futuro.”
Na ocasião, ele lançou o Plano de Desenvolvimento Institucional 20172021. Cinco cursos de graduação passarão a integrar o Centro Universitário, com um deles aberto a cada ano (Engenharia Elétrica em 2017, Arquitetura em 2018, Engenharia Mecânica em 2019, Psicologia em 2020 e Engenharia do Meio Ambiente em 2021). Já em relação às estruturas, serão quatro prédios: edifício exclusivo para os setores administrativos, coordenações e reitoria; expansão de 36 salas de aula no Bloco B; expansão do estacionamento, em quatro andares; além de centro para a realização de eventos desportivos e culturais. Enquanto as novidades não chegam, as atenções seguem voltadas para o Centro Tecnológico UnilasalleRJ. O dia 20 de outubro contou com o descerramento da placa, benção de Dom Alano e passeio pelas novas instalações.
Sonhos e futuro. Pilares também da fala do Ir. Jardelino Menegat: “A palavra que mais me vem à mente hoje é visão. Sempre destaquei a LASALLE.EDU.BR
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Educação Superior
Conheça o Fablab do Unilasalle Canoas O laboratório é o primeiro de uma Instituição de Educação Superior Comunitária no RS Lisiane Machado Setor de Comunicação e Marketing do Unilasalle Canoas
Espaço conta com equipamentos como impressora 3D e máquina de corte, entre outros
Fablab é uma abreviação em inglês para “laboratório de fabricação”, um espaço em que pessoas de diversas áreas se reúnem para realizar projetos de fabricação digital de forma colaborativa. A grande novidade é que o Unilasalle Canoas/RS recebeu esta certificação e passa a integrar a rede mundial de Fablabs, sendo a primeira Instituição de Educação Superior Comunitária no Rio Grande do Sul a possuir o espaço. Além de estar à disposição dos alunos para atividades de aula e para projetos acadêmicos, o espaço tem como característica abrir suas portas 52
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para a comunidade, permitindo que ideias sejam colocadas em prática. De acordo com o coordenador do espaço, Prof. Me. Fabrício Kipper, o Fablab é um local de compartilhamento, não só do espaço físico e de equipamentos, como de ideias. “No Fablab é possível materializar ideias, prototipar produtos com baixo custo e curto espaço de tempo. Queremos desenvolver na comunidade o consumo consciente. Desenvolve a empresa e quem está no entorno, além do benefício ambiental, com menor gasto logístico e menos poluentes emitidos”.
Para isso, o espaço conta com equipamentos como impressora 3D, máquina de corte, fresadora CNC, plotter de recorte, além de torno de madeira e serras.
Saiba mais Conheça essa e outras iniciativas do Unilasalle Canoas acessando: www.unilasalle.edu.br/canoas/.
Obras Assistenciais
Uma missão voltada à comunidade Conheça mais sobre as iniciativas realizadas pelo Centro Educacional La Salle, de Presidente Médici/MA Ir. Heider Costa Direção da Comunidade La Salle Presidente Médici Esse trabalho é muito significativo e contribuiu em muito na formação humana e cristã dessas pessoas. Esse trabalho de missão jamais será esquecido pela comunidade local, que demonstrou, a partir de sua participação em todas as atividades, muito interesse e gratidão pelo trabalho lassalista na região. Apesar de os Irmãos não terem mais presença fixa na cidade, eles continuam, pelo serviço prestado, tendo muita credibilidade.
Uma das iniciativas é a Ciranda do Conhecimento, que desperta crianças para o aprendizado
O Centro Educacional La Salle de Presidente Médici/MA é um local de formação humana e cristã para a comunidade local, para os municípios e para a Diocese de Zé Doca/MA. Além disso, desenvolve projetos ligados à ação social, que se encontram legalmente aprovados pelo Conselho de Assistência Social do município através do nº 001/2012. As dependências são utilizadas para a realização de encontros e de projetos que abrangem cursos/ atividades relacionados à educação e a demais atividades comunitárias do município. Entre elas, atividades ligadas à Igreja Católica: Encontro das Pastorais da Juventude, Familiar e Vocacional, pastorais em que os Irmãos Lassalistas contribuem com assessoria e apoio na Diocese de Zé Doca. O Centro contribui por meio da parceria com o Instituto Federal do Maranhão com a cedência de espaço e informatização para o acesso desses alunos à Plataforma do Curso
Técnico em Agropecuária. Entre outras atividades, destaca-se o Projeto Ciranda do Conhecimento, o qual surgiu da necessidade de motivar crianças e adolescentes para uma relação prazerosa com a escola e dar um sabor novo para cada dia de aula. Este projeto vem dando certo desde 2012, sendo realizado pelos Irmãos Lassalistas e Colaboradores.
Os trabalhos foram concluídos em 2016 com a certeza de que tudo o que foi feito significou muito na vida das pessoas e em nossa formação como profissionais, principalmente na formação dos alunos, que serão multiplicadores do conhecimento adquirido com esse trabalho nas suas famílias. Agradecemos, portanto, a todos que direta ou indiretamente contribuíram com esse trabalho e nos apoiaram nessa missão que continua com eficácia e eficiência.
A partir de 2014, buscou-se parceria junto ao Poder Público Municipal. Em 2016, a Prefeitura Municipal de Presidente Médici quis renová-lo dando oportunidade apenas para crianças com necessidades especiais ou de aprendizagem. Destaca-se ainda o excelente trabalho realizado pelos Educadores do Projeto Missão Universitária Lassalista, realizado em 2016 com a comunidade local e com os colaboradores lassalistas, atendendo, durante uma semana, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos da sede e do interior de nosso município.
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Pastoral
Encontros Provinciais de Jovens Lassalistas Iniciativa da Pastoral integra estudantes de todo o Brasil Cilene Bridi Equipe Provincial de Pastoral Salle Dores, La Salle Santo Antônio, La Salle São João e La Salle Esmeralda, de Porto Alegre/RS, La Salle Canoas/ RS, La Salle Sapucaia, de Sapucaia do Sul/RS, La Salle Esteio/RS, La Salle Caxias e La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS, La Salle Carazinho/RS, La Salle Medianeira, de Cerro Largo/ RS, La Salle Peperi, de São Miguel do Oeste/ SC, La Salle Xanxerê/SC e La Salle Niterói (Região Sul). Os Encontrões da Região Sudeste e Sul também contaram com a presença de um grupo de ex-alunos que participaram do evento e contribuíram com o desenvolvimento das atividades. Grupo da Região Sul
No ano de 2016, sob o tema pastoral “La Salle e Fraternidade: uma experiência de Misericórdia”, a Pastoral Lassalista realizou três encontros que reuniram 700 jovens de 30 Comunidades Educativas Lassalistas do Brasil. Os Encontros de Jovens Lassalistas têm o objetivo de integrar os estudantes, celebrar a caminhada dos grupos de jovens e da pastoral das Comunidades Educativas, partilhar a mesma fé e fortalecer a mística e a espiritualidade lassalista.
Nos dias 07 a 09 de outubro, no Colégio La Salle Curitiba/PR, se reuniram também 180 jovens provenientes dos Colégios La Salle Abel, de Niterói/RJ, La Salle São Paulo/ SP, La Salle São Carlos/SP, La Salle Botucatu/SP, La Salle Toledo/PR, La Salle Pato Branco/PR e La Salle Curitiba/PR. (Região Sudeste). Nos dias 14 a 16 de outubro, no Colégio La Salle Niterói, de Canoas/RS, se reuniram 340 jovens provenientes dos Colégios La Salle Pelotas/RS, La
Nos dias 16 a 18 de setembro, no Colégio La Salle Núcleo Bandeirande/ DF, se reuniram 180 jovens. Eles eram provenientes dos Colégios La Salle Manaus/AM, La Salle Rondonópolis/ MT, La Salle Lucas do Rio Verde/MT, La Salle Brasília/DF, La Salle Sobradinho/ DF, La Salle Águas Claras/DF e La Salle Núcleo Bandeirante/DF (Região Centro-Norte). Encontrão da Região Centro-Norte
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A pauta de todos os Encontrões foi unificada, contando com momentos de aprofundamento da temática, oficinas, caminhada, celebração eucarística, confraternização e muita animação juvenil. Em todos eles, Ir. Éder Polido, Coordenador da Pastoral da Província La Salle Brasil-Chile, oficializou a realização do Encontrão Nacional de Jovens Lassalistas em julho de 2017, como parte das celebrações dos 110 anos de presença Lassalista no Brasil, com Peregrinação a Aparecida, unindo-nos à Celebração dos 300 anos de Aparecida.
Pastoral
Curso Crescer inspira estudantes da Rede Dinâmica é voltada para a vivência de experiências missionárias Cilene Bridi Equipe Provincial de Pastoral O Curso Crescer é uma das únicas formações para jovens lassalistas que é realizada a nível nacional desde 2015. Este curso já acontece desde 2011, na antiga Província de Porto Alegre e desde sempre foi preparado pela Equipe de Jovens Missionários Lassalistas – Panela Velha, com a assistência da Equipe Provincial de Pastoral. É um curso baseado nas experiências realizadas pelos Irmãos Lassalistas do Equador. Sua dinâmica é voltada para a vivência de experiências missionárias, por isso os jovens que fazem o curso são convidados a “Crescer para dentro, Crescer para o outro e Crescer para o Serviço”.
Em 2016, cursistas de diferentes regiões do Brasil realizaram a primeira e a segunda etapas
Em 2016, 30 cursistas das diferentes regiões do Brasil realizaram a primeira e a segunda etapas em julho no Centro de Pastoral La Salle, em Canoas/ RS. Em novembro, a terceira etapa foi marcada pela Missão Jovem, que ocorreu em São Leopoldo, na qual os jovens trabalharam com as famílias, estudantes de escolas públicas e se hospedaram em casas de famílias da comunidade. Esperamos, com essa formação, que os jovens das diferentes regiões do Brasil possam ousar multiplicar essa experiência em suas realidades!
Curso é baseado nas experiências realizadas pelos Irmãos Lassalistas do Equador
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Artigos
Do computador às novas tecnologias móveis no ensino da Língua Inglesa Cristiane Rissetti Toffanello* De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o caráter prático do ensino da língua estrangeira permite a produção de informação e o acesso a ela, o fazer e o buscar autônomos, o diálogo e a partilha com semelhantes e diferentes. Segundo Warschauer (2004), a Língua Inglesa tem como função social integrar os indivíduos nos ambientes sociais globalizados pelo uso da internet e pelo uso das tecnologias para a inserção do ser humano nas práticas comunicativas e educativas.
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O ensino de línguas com recurso do computador é internacionalmente, segundo Warschauer (2004), conhecido como CALL (Computer-Assisted Language Learning) – Aprendizagem de Línguas Assistida por Computador. As práticas adaptadas pelo CALL têm-se modificado ao longo dos anos, em função de diferentes abordagens de ensino de línguas que utilizam o computador como instrumento e lhe atribuem papéis diferentes. Warschauer (2004) afirma que somente no final dos anos 80, como resultado das mudanças introduzidas pela internet e pelos computadores com caraterísticas multimídias, é que surgiu um novo olhar sobre as novas tecnologias no processo de ensino aprendizagem das línguas estrangeiras. Esta nova perspectiva deu origem ao CALL Integrativo. Neste cenário, a Internet representa uma enorme plataforma de aprendizagem, que pode acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar.
de comunicação entre os aprendizes de uma determinada língua estrangeira e falantes nativos dessa língua. Popularizaram-se as interações via e-mails, grupos de chats, fóruns entre outros. Assim como Warschauer (2004), Leffa (2006) destaca que a internet permitiu ao aluno usar a língua-alvo para se integrar em comunidades de diferentes partes do mundo e trocar experiências. Dessa maneira, a informática passa a ser usada no ensino de línguas estrangeiras como uma fonte dinâmica, que possibilita a integração de todas as tecnologias até então desenvolvidas, como a escrita, o áudio, a televisão, o telefone, em um único recurso: o computador.
Com o passar do tempo, o advento da internet possibilitou contatos globalizados por meio de novas formas
Atualmente, os tablets estão também dividindo espaço com o computador no que diz respeito à execução de
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Instrumentos tecnológicos são desafio para o educador
tarefas com os mais variados fins devido ao grande número de usuários (ANATEL, 2015). Por isso, pode-se perceber que, ao incorporarem as tecnologias móveis (TMs) em sala de aula, os alunos estarão realizando o que Warschauer (2004) aponta como mudança configurando a transposição e a adequação das tecnologias aos dias de hoje. Nas TMs também há diversas possibilidades de incremento para as aulas de Língua Inglesa. Atualmente, fala-se em aplicativos, cuja principal função é facilitar o desempenho de atividades práticas do usuário em dispositivos móveis. A partir dos pressupostos da abordagem integrativa de Waschauer (2004), percebe-se uma grande aderência a atividades destinadas ao CALL Integrativo pelo
Artigos * Cristiane
Rissetti Toffanello Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Santo Antônio. Graduada em Letras pela PUCRS. Mestre em Letras pela UniRitter.
* Parecer: Ir. José
Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências
Aplicativo foi incorporado às aulas do La Salle Santo Antônio
computador com atividades que podem ser baixadas e desenvolvidas em tablets e smartphones por alunos e professores por meio de diferentes aplicativos. Para desenvolver a habilidade da escrita (writing skill) de uma forma dinâmica, como sugere Leffa (2006), o aplicativo Jumbled Sentences 1, da Innovative Net Learning Limited, foi incorporado às aulas de Língua Inglesa com as turmas de 4º ano do Ensino Fundamental do Colégio La Salle Santo Antônio com o objetivo de trabalhar a estrutura linguística de uma maneira lúdica. Assim como Warschauer e Healey (1998) mencionam como sendo um dos benefícios do trabalho com as ferramentas educacionais a individualidade do processo de aprendizagem, Tapscott (2010) também sinaliza como sendo uma das vantagens dos dispositivos móveis o gerenciamento individual do aprendiz, visto que cada indivíduo tem seu tempo de aprendizagem. Há, portanto, um ponto de convergência entre os dois autores quando ambos se referem ao uso de máquinas incorporadas ao processo de ensino e aprendizagem. Aprender uma língua estrangeira (LE) implica um movimento de integração no qual os alunos compartilham informações e experiências que serão internalizadas e transformadas em algo que faça sentido para eles
(Warschauer, 2004). Portanto, a interação entre os recursos didáticos por parte do professor com os alunos é fundamental para o desenvolvimento das competências e habilidades que envolvem o ensino e aprendizagem da LE. A língua estrangeira precisa ser vista como um instrumento mediador para o desenvolvimento do indivíduo, isto é, desenvolver uma língua estrangeira significa concebê-la como um instrumento, um artefato cultural que permeia nossas relações com o mundo (LANTOLF; THORNE, 2006). Aprender/ desenvolver uma LE é entender que cultura e língua são uma unidade, que esse conhecimento desperta outras áreas do indivíduo, como identidade, motivação, afetividade. Portanto, vai além de adquirir vocabulário e formas gramaticais. Instr umentos tecnológicos que deem conta das habilidades comunicativas é um desafio para o educador que deve levar em conta essas novas demandas atuais. Além disso, deve-se considerar que uma boa ferramenta tecnológica com fins educacionais é aquela que agrega conhecimentos, estimula o raciocínio independente, instiga novas percepções e conduz o aprendiz de LE a utilizar a língua num contexto de uso real da língua.
ANATEL – AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES. Brasília: ANATEL, 2015. Disponível em: www.anatel.gov.br/institucional/ index.php?option=com_ content&view=ar ticle&id=565>. Acesso em 8 de julho de 2015. LANTOLF, James P; THORNE, Steven L. Sociocultural theor y and the genesis of second language development. Oxford: OUP, 2006. LEFFA, Vilson J. Nem tudo que balança cai: Objetos de aprendizagem no ensino de línguas. Polifonia. Cuiabá, v. 12, n. 2, p. 15-45, 2006. PCNs. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais, 2006. Disponível em: <portal.mec.org.br/ seb/arquivos/pdf>. Acesso em 15 de Junho de 2015. TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010. WARSCHAUER, M. Technological change and the future of CALL. In: S. Fotos; & C. Brown (Eds.). New perspectives on CALL for second and foreign language classrooms. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 15-26, 2004. WARSCHAUER, M; HEALEY, D. Computers and language learning: an overview. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. Lang. Teach.v. 31, p. 57-71.
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Artigos
Robótica Educacional: promovendo aprendizagens significativas Ingrid Nára Courtois* protótipos, tornando a aprendizagem significativa e contextualizada. A busca por novos conhecimentos surge à medida que se tornam necessários para solucionar problemas. Pensar e raciocinar de forma lógica se torna essencial em todo processo de construção e reconstrução.
Alunas do La Salle Caxias em aula de Robótica Educacional
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Na era da informação e do conhecimento, com a presença crescente das tecnologias nas atividades humanas, urge formar pessoas capazes de utilizá-las de forma crítica e aptas a buscar novas soluções para os problemas cotidianos. À escola cabe esse importante papel na formação de indivíduos com competências e habilidades para viver na sociedade atual, configurandose como um dos grandes desafios educacionais de nossos tempos o de encontrar formas de aliar o ensino à tecnologia.
de produção do conhecimento, gerando novas demandas para educadores e educandos. Dentre os diversos recursos tecnológicos disponíveis, encontra-se a Robótica, que inicialmente era vista, por sua complexidade, como matéria de formação técnica e profissionalizante para níveis médio e superior, tornando-se, hoje, um campo acessível aos propósitos educacionais, por meio de kits padronizados, softwares de uso irrestrito e propostas com materiais alternativos, facilmente encontrados no mercado.
A interação da tecnologia com a educação transpõe as fronteiras do educar convencional e permite o surgimento de novas maneiras de aprender e de ensinar. As tecnologias educacionais presentes no mundo contemporâneo influenciam as estruturas do pensamento e
A Robótica Educacional é um ambiente de aprendizagem que alia conhecimento e tecnologia. Nesse ambiente, são desenvolvidos projetos, nos quais os educandos têm a oportunidade de aplicar os conhecimentos científicos na construção e programação de
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Os projetos são apresentados de forma lúdica, transdisciplinar e desafiadora, convidando alunos e professores a ensinar, aprender, descobrir e inventar em processos coletivos. A criatividade, a resolução de problemas e a tomada de decisões diante de situações novas, competências indispensáveis na educação do século XXI, são evidenciadas no ambiente tecnológico da Robótica Educacional. Segundo Seymour Papert (1994), a aprendizagem se dá mais efetivamente na experiência concreta, que é uma possibilidade da Robótica Educacional, com a construção de protótipos que exigem processos de planejamento, desenvolvimento e depuração. Afirma ainda que, quando o aluno questiona e avalia as soluções implementadas em um projeto, ele começa a entender seu próprio pensamento e a refletir sobre suas ideias, tomando consciência de sua aprendizagem. Por meio da Robótica Educacional, d e s e nvo l ve m - s e habilidades e competências cognitivas e socioemocionais, dentro de um trabalho inter e multidisciplinar, nas diferentes áreas do conhecimento, com a mediação do professor. Os alunos são estimulados a observar, investigar, testar hipóteses, fazer representações e comunicar ideias.
Artigos Segundo Vigotsky (apud Mool, 1996), a interiorização dos saberes se dá por meio da linguagem. Ele afirma que a construção do conhecimento decorre de ações partilhadas que implicam um processo de mediação entre sujeitos e que a interação social é condição indispensável para a aprendizagem. Atuando nessa direção, verifica-se que a Robótica Educacional ocorre em ambientes colaborativos, nos quais a interação entre os pares promovem o desenvolvimento cognitivo e a busca de novos saberes para a resolução de problemas e o professor é o mediador que coordena a realização dos projetos, a busca de informações e a construção de conhecimentos. Relato de Experiência - No Colégio La Salle Caxias, desenvolvese a Robótica Educacional nas modalidades curricular e extracurricular. Na modalidade curricular, os projetos ocorrem quinzenalmente e estão relacionados com os conteúdos trabalhados nos diferentes componentes curriculares e com temas da atualidade. Já na modalidade extracurricular, desenvolvem-se projetos com módulos de duração semestral, que contemplam a evolução da ciência e da tecnologia. Os projetos são elaborados em diferentes graus de complexidade, de acordo com o nível e o desenvolvimento dos diferentes grupos, destacandose os projetos de tecnologias para a saúde e máquinas simples: do tear à robótica, explorando o espaço, energias renováveis e pneumática. No desenvolvimento dos projetos, são utilizados os kits de montagem da Brink Robótica, software que aciona uma interface para a comunicação entre o computador e o modelo robótico, guias de montagem e materiais alternativos para
acabamento de modelos e resolução de desafios. Além disso, foram criados projetos envolvendo programação com a plataforma Arduino. Anualmente, o resultado dos projetos é apresentado para a comunidade educativa, em uma mostra realizada na Escola. O cenário atual exige uma nova postura diante do ato de aprender e de ensinar. Para Alarcão (2003), criar, estruturar e dinamizar situações de aprendizagem e autoconfiança nas capacidades individuais são competências que o professor de hoje precisa desenvolver. Na Robótica Educacional, o educador assume o papel de mediador da aprendizagem e os educandos, os de responsáveis pela busca dos conhecimentos e das ações necessárias para que seu projeto seja concluído. A Robótica Educacional tem se mostrado uma ferramenta valiosa no processo de aprendizagem, criando uma rede de conceitos e estratégias que provocam a exploração e a descoberta. O conhecimento é significado de forma autônoma e a partir da assimilação lúdica. Sem dúvida, a utilização dessa tecnologia necessita ser mais explorada nos propósitos educacionais da atualidade e cabe aos educadores e às instituições de ensino adequar-se a essa nova realidade. * Ingrid
Nára Courtois Integrante do corpo docente do La Salle Caxias. Coordenação de projetos de Robótica Educacional e Matemática por meio de games e desafios do Colégio. Especialista em Educação Matemática pela ULBRA. Especialista em Psicopedagogia na Gestão Institucional pelo Unilasalle Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade de Caxias do Sul.
Referências ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortês, 2003. MORIN, Edgar; CIURANA, EmilioRoges; MOTTA, Raúl Domingo. Educar na era planetária. 3. ed, São Paulo: Cortês, 2009. PERRENOUD, Philippe. Desenvolver Competências ou Ensinar Saberes. Porto Alegre. Artmed, 2011. ARMSTRONG, Alison; CASEMENT, Charles. A criança e a máquina. POA : ARTMED, 2001. PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. POA : ARTMED, 1994. MOOL, Luis C. Vigotsky e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. POA: ARTMED, 1996. LITWIN, Edith. Tecnologia Educacional: política, histórias e propostas. POA: ARTMED, 2001. LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.São Paulo: Editora 34 Ltda, 2001. W E I N S T E I N, C a ro l Simon; NOVODVORSKY, Ingrid. Gestão da sala de aula. POA : Mc Graw Hill Educacion.AMGH Editora.LTDA, 2015.
Parecer: Ir. José Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
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Artigos
Ressignificando o Aprender Matemático Jaqueline G. Camargo* A aprendizagem acontece a partir do momento em que eles testam suas hipóteses, exercitam o conhecimento aprendido e formam os conceitos. Tudo isso somado às ferramentas de “dicas” e “Vídeo-aula”, que mostram passo-a-passo a resolução das questões, junto à troca com os colegas e inferências do professor, contribuem para um processo de aprendizagem “suave” e alegre.
Experiência educativa na Escola La Salle Pelotas
As tecnologias digitais têm apontado a construção de um novo paradigma educacional. A tecnologia da informação e da comunicação aplicada à educação, com uma proposta interacionista, pode ser utilizada no processo de ensino e de aprendizagem, como ferramentas para o desenvolvimento de aspectos cognitivos e sociais de qualquer pessoa.
e etc. Mas o foco do nosso trabalho é a Matemática. A proposta fornece um ambiente de comunicação colaborativa, que para Moran (2000, p.13), é através de um ambiente colaborativo que “podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema na atualidade” e possibilita aos alunos modelos diferentes de aprendizagem.
A experiência educativa realizada por meio do uso da Plataforma Khan Academy, com uma turma de terceiro ano da Escola La Salle Pelotas/RS, permite que os alunos exercitem e aprendam Matemática de uma maneira diferenciada e divertida.
Ao re c e b e re m missões determinadas pela professora, os alunos são desafiados a praticar e a dominar certas habilidades matemáticas, que começam nos Fundamentos da Matemática e prosseguem até o conteúdo da série. Conforme isso vai acontecendo, os educandos vão pontuando, recebendo medalhas como premiação e liberando novos avatares. O conceito de Gamificação¹ oferece ao trabalho com o Khan Academy em sala de aula um tom desafiante, lúdico e eficaz.
A Khan Academy, ONG educacional criada e sustentada por Salman Khan, tem como missão fornecer educação de alta qualidade para qualquer um, em qualquer lugar. A plataforma oferece conteúdos relacionados a diversas áreas do saber, tais como História, Medicina e Saúde, Finanças, Física, Química, Biologia, Astronomia, Economia, Ciência da Computação 60
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Como destaca Porto (2006), quando trata da interatividade e participação como alguns dos elementos pertencentes a essas novas tecnologias, “uma relação interativa com os meios permite ao usuário assumir o papel de sujeito.” Ainda segundo a autora, os novos sistemas multimídias são quase humanos, pois possibilitam uma relação próxima de diálogo e comunicação exclusiva dos indivíduos. (...) o usuário é estimulado a querer participar, a discutir e compartilhar as descobertas com os amigos. (...) Nesse processo, ele explora caminhos, cria e experimenta possibilidades – o que muitas vezes não lhe é possibilitado pela escola, em nome de atender às exigências curriculares” (PORTO, 2016, p.46). O trabalho com a Plataforma começa com a seleção de uma habilidade a ser dominada. Essa seleção pode ser indicada pela professora ou escolhida pelo próprio aluno. Depois de selecionada
¹ O conceito de gamificação (WERBACH e HUNTER, 2012 em FARDO, 2013), consiste na utilização de elementos dos jogos para motivar a pessoa a alcançar um objetivo, despertando o interesse, aumentando a participação e promovendo a autonomia, na busca principal de, na educação, alcançar a aprendizagem.
Artigos uma habilidade a ser dominada, a plataforma apresenta questões relacionadas a ela, tantas quantas forem necessárias para que o aluno compreenda o conceito. A plataforma só entende que a habilidade foi dominada quando o aluno consegue resolver sem erro e sem pedir dica, cinco questões consecutivas. O professor pode acompanhar o desenvolvimento dos alunos com relatórios gerados pela própria plataforma, que mostra as atividades desenvolvidas por cada aluno; quantas questões cada um resolveu para cada habilidade; quais as facilidades e dificuldades que enfrentou; que tempo dedicou àquela habilidade; se pediu dica ou assistiu a vídeo-aulas. Com esse acompanhamento, o professor pode recomendar atividades, de acordo com o desenvolvimento de cada aluno. Na sala de aula regular, costumamos trabalhar com um conceito, avaliar, retomar, avaliar novamente e seguir para o próximo conceito. Ao fim de um ciclo – bimestre ou trimestre – basta que o aluno alcance 70% do que foi trabalhado para que seja aprovado e avance para a próxima etapa. Mas o que foram esses 30% que o estudante não alcançou? Salman Kham chama atenção para isso, refletindo o fato de que: mesmo aquele aluno com 95%, o que era aquele 5% que não sabia? Talvez ele não soubesse o que acontece quando você eleva algo à potência zero, e depois você vai agregar isso no próximo conceito... Mais pra frente bons alunos começam a errar álgebra de repente, e começam a errar cálculo de repente, apesar de ser esperto, apesar de ter bons professores, e isso frequentemente acontece porque eles tem esses buracos
de queijo suíço que continuaram a construir sobre sua fundação. (KHAM, 2016) Com o trabalho realizado, foi possível perceber essas lacunas e investir esforços para que sejam sanadas, permitindo assim uma aprendizagem com mais qualidade. Os alunos estão bem envolvidos e contentes com o trabalho desenvolvido nos períodos das aulas de Informática e, também, em casa – aqueles alunos que tem acesso a internet. Por vezes, também usamos as vídeo-aulas em sala, como complementação da explicação de alguns conteúdos. Encontrei inspiração em Moran (2000, p. 11), quando afirma que “todos estamos experimentando que a sociedade está mudando nas suas formas de organizar-se, de produzir bens, comercializá-los, de divertir-se, de ensinar e de aprender” . Uma aluna de 9 anos, relata que aprendeu as horas com a Khan. “Não entendia de jeito nenhum antes!” E complementa que “no Khan é legal, porque, além de aprender, a gente ganha medalhas e avatares; não é como outros jogos de matemática”. Outra aluna, de 8 anos, diz que o Khan a ajuda a se esforçar. Os resultados já estão sendo percebidos no dia a dia da sala de aula. Eles estão muito motivados com a aprendizagem de Matemática, percebem o erro como parte do processo de aprendizagem e aprenderam que, com determinação, podem alcançar o que quiserem. Ficou claro que o software educacional colabora para o aprendizado porque se percebe o desenvolvimento da criatividade, a capacitação dos alunos para atuar em um mundo informatizado, oportunizando a reflexão e o olhar crítico sobre os meios de comunicação.
* Jaqueline
G. Camargo Integrante do corpo docente da Escola La Salle Pelotas. Graduada em Pedagogia (UFPEL) e Pós-Graduada em Psicopedagogia (UNICID). Parecer: Ir. José Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências FARDO, Marcelo Luis. A gamificação aplicada em ambientes de aprendizagem. Renote – Revista Novas tecnologias em Educação, v. 11, nº 1, 2013. http://seer.ufrgs.br/renote/ article/viewFile/41629/26409. Acesso em 17 de outubro de 2016. KHAN, Salman. Vamos usar o vídeo para reinventar a educação. Disponível em: https://www.ted. com/talks/salman_khan_let_s_ use_video_to_reinvent_education/ transcript?language=pt-br. Acesso em:17 out. 2016. MORAN, José Manoel. Ensino e aprendizagens inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas; In: MORAN, José Manoel; MASSETO, Marcos Tadeu; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 8ª Edição Campinas, SP: Papirus, 2000. PORTO ALEGRE. Província Lassalista de Porto Alegre. Proposta Educativa Lassalista – Projeto Político Pedagógico. Porto Alegre. 1999. PORTO, Tania Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis… relações construídas. SCIELO, Revista Brasileira de Educação, vol.11, nº31, Abr.2006. http://www.scielo.br/pdf/rbedu/ v11n31/a05v11n31.pdf. Acesso em:17 out. 2016.
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Artigos
Desejo no aprender versus brincar no processo da leitura e escrita Mara Regina Silveira Vieira*
Trabalhar com o lúdico viabiliza ao professor valorizar criatividade da criança
Brincar é um instrumento fundamental na aprendizagem, pois estimula a criança a pensar através do lúdico, despertando seu desejo de aprender, bem como auxilia no desenvolvimento do respeito, da autonomia e do trabalho em equipe, favorecendo um convívio social harmônico. A importância de trabalhar jogos e brincadeiras no ensino fundamental promove um resultado melhor e eficaz no aprendizado, principalmente quando acrescentamos os conteúdos escolares na brincadeira. As atividades lúdicas proporcionam ao educador um meio facilitador para auxiliar seus alunos no melhor entendimento dos conteúdos. A aprendizagem é um processo vincular, que se dá entre 62
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ensinantes e aprendentes, ocorrendo, portanto, entre subjetividades. Para aprender, o sujeito coloca em jogo o seu organismo herdado, seu corpo e sua inteligência. A aprendizagem tem um caráter subjetivo, pois o aprender implica em desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente. Para Fernández (2001 p: 32): “O desejar é o terreno onde se nutre a aprendizagem”. É importante lembrar que a criança deve desejar aprender, conhecer e construir seu próprio pensamento e que o ensinante possa ajudá-lo nesta busca do conhecimento. Segundo Fernández, (1994, p.68), para que o conhecimento seja aprendido deve ter a significação de algo bom que uma pessoa tem para
dar alguém que é único, original e significativo para o outro. A tarefa é motivar e auxiliar neste processo de aprendizagem, na busca desse conhecimento, em que uma pessoa consegue transmitir seu desejo de conhecer a outra. A leitura e a escrita são muito importantes nesta fase do desejo de aprender, pois o gosto de querer ler vem de um processo que se inicia no lar. Mesmo antes da aprendizagem da leitura, a criança aprecia o valor sonoro das palavras aprende a gostar pelo afeto, quando a mãe canta ao embalar o bebê, narra histórias, joga e brinca.
Artigos Segundo um dos princípios educativos de La Salle, relativo à importância do afeto:
estimular a curiosidade, a criatividade e a discussão, bem como o raciocínio da criança.
O amor é a base da pedagogia Lassalista. Esse sentimento que também é enfatizado por grandes educadores como Tagore, Paulo Freire, Lorenzo Milani e Paul Geheeb, cada vez, por sorte, mais realçado nos tempos atuais. A afetividade tem sido retomada como fator relevante ao ensinoaprendizagem, favorecendo a qualificação, o acolhimento, a valorização do ser humano, a singularidade e sensibilidade (Rodrigues, José Paz, Portal Galego da Língua - 2016).
A vida da criança gira em torno do brincar, e é por essa razão que os educadores têm utilizado a brincadeira na educação, por ser uma peça fundamental na formação da personalidade, tornando-se uma forma de construção de conhecimento. Diz Santo (1997), “brincar é a forma mais perfeita para perceber a criança e estimular o que ela precisa aprender e desenvolver.”
Entende-se que a escola é a continuidade do lar, a aprendizagem deve ser muito além, deve haver uma relação com o outro que permita a criança sentir o verdadeiro sentido do desejo de aprender, a afetividade é importante na formação da criança, faz com que se sinta feliz, segura de si, capaz de conviver com o ambiente escolar, valorizando na sua formação, acreditando na sua qualificação. Silva (1994, p.12), também nos diz que: “É tão importante o papel de quem convive com a criança, pois é, sobretudo, através do afeto que a criança desenvolve e aprende”. O processo de leitura e escrita só atinge seu objetivo quando o sujeito deseja comunicar-se com o mundo, através do lúdico entre jogos e brincadeiras que favorecem a aprendizagem. A ludicidade é importante no desenvolvimento cognitivo e social da criança. Quando o sujeito brinca, se desenvolve, socializa, descobre seu papel no mundo, na sociedade e seus limites, explora o mundo e aprende a viver dentro de sua realidade. Cabe ao educador articular os processos de desenvolvimento e aprendizagem, propor desafios,
Brincar é o momento em que a criança desenvolve sua linguagem na comunicação com o outro. Dessa forma, inventa histórias, sonha acordada, cria um passado e um futuro (“quando crescer, quero ser...”) ou, então, brinca que é um professor. Nessas brincadeiras, sua personalidade começa a ganhar forma no instante em que se coloca como líder ou como ouvinte. Trabalhar com o lúdico viabiliza ao professor valorizar a criatividade da criança, deixar que crie regras para um bom andamento dos trabalhos, para tomar decisões e para que se desenvolva a sua autonomia, orientar o sujeito a conhecer-se como ser integrante de uma sociedade, e que, como todos, têm seu papel nela. Conforme Piaget (1998), “a primeira linguagem que a criança compreende é a linguagem do corpo, a linguagem da ação”. É através do corpo que a criança interage com o meio. Aprender a ler pressupõe uma interação com o meio. Após todo um resgate de contato, o processo se instala naturalmente por meio de códigos, desenhos e o mediador têm condições de ir ampliando gradativamente e de forma prazerosa esta construção.
* Mara
Regina Silveira Vieira Integrante do corpo docente do colégio La Salle Esteio. Graduada em Pedagogia (PUCRS) e Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional (FAPA). Parecer: Ir. José Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências FERNANDÉZ, A. Os idiomas do aprendente. Porto Alegre: Artmed, 2001. FERNANDÉZ, A . A mulher escondida na professora: Uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. SANTOS, Santa Marli Pires dos. (org). O lúdico na formação do educando. Petropólis, Rio de Janeiro, 1997. Brincoteca, o lúdico em diferentes contexto. Petropólis, Rio de janeiro: Vozes, 1997. SILVA, Maria Cristina Amaral da. Arte de contar histórias. Revista do professor, RS,CPOEC AnoX, nª37, janeiro-março. 1994. PIAGET, J. A psicologia da criança. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 1998. RODRIGUES, José Paz, Portal Galego da Língua – 2016. http://pgl. gal/o-educador-defensor-dos-maisdesfavorecidos-e-do-ensino-gratuitosegundo-o-filme-o-senhor-de-la-salle/, acessado em 07/03/2016
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Artigos
As TICs e sua integração curricular: o quanto estamos bem preparados? Irmão Leonardo H. Ortiz Bravo* A UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação e Diversificação, a Ciência e a Cultura, faz referência a esse respeito: Os docentes em exercício precisam estar preparados para oferecer a seus estudantes oportunidades de aprendizagem apoiadas nas TICs, para utilizá-las e para saber como estas podem contribuir na aprendizagem dos estudantes, capacidades que atualmente formam parte integral do catálogo de competências profissionais básicas de um docente (UNESCO, 2008). Presença das novas tecnologias: “integração curricular”
Desde algumas décadas atrás, o sistema educacional chileno investiu tempo e elevados recursos econômicos para modernizar a infraestrutura tecnológica das escolas, dos colégios e das universidades do país, apresentando as TICs como um instrumento a serviço da educação dos estudantes. Assim surgiu ENLACES, um projetopiloto cuja intenção era contribuir para a melhoria da qualidade da educação através das ferramentas informáticas educativas e do desenvolvimento duma cultura digital: ENLACES é o Centro de Educação e Tecnologia do Ministério da Educação. Nasceu em 1992 como um projeto-piloto, com o objetivo de entregar infraestr utura tecnológica, conteúdos digitais educativos e capacitação docente em todas as escolas e liceus subvencionados 64
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do país. Ao longo dos anos, ENLACES se transformou no motor da inovação e da incorporação das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na educação chilena (ENLACE, Perguntas Frequentes, 2016). A presença das novas tecnologias nas escolas deu lugar à sua “integração curricular”. Possuir modernos laboratórios computacionais ou um equipamento multimídia de última geração numa sala de aula, com conexão à rede global, não foi suficiente; se fazia necessário saber o que fazer com esses recursos: Um dos temas de maior preocupação dos sistemas educacionais é a integração curricular das TICs. Uma vez que se tenha a tecnologia e os professores aprendam a usá-la, o tema que surge é como integrá-la ao currículo (Sánchez, Jaime, 2012).
O Ministério de Educação do país, em sintonia com ENLACE, achou oportuno elaborar um painel de competências TICs para docentes, ratificando a necessidade de utilizá-lo adequadamente nas salas de aula. Não se trata que os docentes façam o mesmo que fizeram até hoje, mas usando as TICs, que mudem suas práticas pedagógicas, valendo-se das novas tecnologias” (Estándares y Competencias TIC para la profesión docente, 2011). Devido a estas e a outras iniciativas, a sociedade chilena viu-se envolvida em profundas transformações na sequência da incorporação das TICs em todos os âmbitos do trabalho humano: na casa, no trabalho, na forma de alimentar-se, nos hospitais, no pagamento de impostos, etc. Estas mudanças afetaram os costumes dos indivíduos, seus hábitos, formas de trabalhar e de comunicar-se:
Artigos Chile ocupa o posto 38 entre as 143 economias da classificação de TICs do Fórum Econômico Mundial, na qual o 1º lugar corresponde a Singapura. Colômbia ocupa o 64º, México o 69º, Brasil o 84º e Argentina o 91º (Oliver Cann, 2015). A partir dos resultados nacionais obtidos na medição SIMCE TICs (prova pioneira a nível latino-americano que se caracteriza por avaliar habilidades para desenvolver-se na sociedade da informação e do conhecimento), aplicada no ano de 2013, numa amostra de 11.185 estudantes da 2ª série do Ensino Médio, se pôde observar que nas escolas chilenas os alunos manejam um nível de habilidades básicas, as que se relacionam principalmente com a comunicação e a busca de informação em meios digitais. Não obstante, no momento de medir suas habilidades cognitivas mais complexas (como representar, organizar, analisar e integrar a informação), se reconheceu que muito poucos deles são capazes de realizar atividades relacionadas com este tipo de habilidades de forma correta. Por outro lado, o estudo revelou que os estabelecimentos que participaram da medição contavam com os espaços e a tecnologia suficientes para que os alunos desenvolvessem ditas habilidades; sendo fundamental para essa incumbência a integração curricular.
Por estas razões, saber se o pessoal docente destes estabelecimentos realmente possui as competências necessárias para assumir um compromisso efetivo com o processo de ensino-aprendizagem num entorno melhorado pelas tecnologias se converte numa necessidade, tanto por parte dos docentes que exercem suas atividades dentro e fora das salas de aula, como da parte daqueles que lideram e acompanham o trabalho educativo. Descobrir que os professores e equipes diretivas possuem as competências necessárias para fazer bom uso das TICs em suas respectivas áreas ofereceria a todos – donos de escolas, dirigentes, docentes, pais e alunos – a tranquilidade de saber que o dinheiro investido em equipamento tecnológico foi capital bem gasto. Também existiria a possibilidade de ir pensando em propostas de capacitação de nível intermediário e/ ou avançado sobre o bom uso das TICs para um pessoal bem treinado. Pelo contrário, se eles não contarem com as competências requeridas, se abriria a possibilidade de ir pensando em propostas de aperfeiçoamento e orientações pertinentes sobre o bom uso das TICs num contexto escolar; como também na criação de estruturas de acompanhamento e supervisão de atividades escolares.
* Ir. Leonardo
H. Ortiz Bravo Coordenação da Equipe de Pastoral e membro da Equipe de Marketing do Colégio Diocesano La Salle, de São Carlos/ SP. Professor de Religião e Licenciado em Educação (Universidad Raúl Silva Henríquez). Mestre em Informática Educativa (Universidad Tecnológica Metropolitana de Santiago) e Mestre em Currículo e Avaliação de Projetos Educativos (Universidad Andrés Bello). Parecer: Ir. José Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências ENLACE. Preguntas Frecuentes. Consulta en línea: domingo 13 de marzo de 2016. Fuente: http://www. e n l a c e s. c l / t p _ e n l a c e s / p o r t a l e s / tpe76eb4809f44/uploadImg/File/ Enlaces_FAQ.pdf SÁNCHEZ, J. Integración Curricular de las TICs: Conceptos e Ideas. [Consulta] Disponible en: http://www. c5.cl/mici/pag/papers/inegr_curr.pdf Estándares de Competencias Tic para Docentes. Documento de la UNESCO. 8 de enero de 2008. [Consulta] Disponible en: http://www.oei.es/tic/ UNESCOEstandaresDocentes.pdf MINISTERIO DE EDUCACIÓN. Estándares y competencias TIC para la profesión docente. Marzo de 2011. [Consulta] Disponible en: http:// www.enlaces.cl/libros/docentes/files/ docente.pdf OLIVER CANN, Chile lidera la revolución tecnológica en América Latina entre una pobreza digital muy extendida. Weforum. Consulta en línea: domingo 13 de marzo de 2016. Fuente: http://www3.weforum. org/docs/Media/SP_GITR15_Final.pdf
Professores e equipes diretivas precisam fazer bom uso das TICs LASALLE.EDU.BR
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Artigos
Que Ensino Médio queremos? Gelso da Silveira Medeiros Júnior* Marileide Meneses e Silva** Rodrigo Borges Medeiros*** Sandro Monteiro da Costa**** seja, apesar da liberdade da nova conjuntura social, os alunos vivenciam o entijolamento de conteúdos, currículos e procedimentos.
Ensino Médio, segundo autores, pode ser pensado como processo de desconstrução criativa
Pensando bem, por que existe a preocupação recorrente com o Ensino Médio (EM)? Por que tantas conjecturas mais ou menos engenhosas, mas que costumam esboroar-se quando se percebem que as estruturas curriculares pouco mudaram no decorrer dos tempos? Estaríamos ligados à ideia de que “tudo que é sólido se desmancha”? E, se tudo se liquefaz, em que aspectos ocorreriam tais mudanças? Percebemos que os conceitos se desfazem ao mesmo tempo em que são ressignificados e reinseridos, depurados de antigos preconceitos e cristalizações, em uma nova ordem social. O EM pode ser pensado, portanto, como um processo de desconstrução criativa que sustenta as transformações necessárias a essa nova ordem. Os padrões sociais que balizavam procedimentos (e na prática ainda reafirmam velhos hábitos e técnicas pedagógicas) tornaram-se obsoletos, liquefizeram66
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se. Conforme Bauman (2001, p. 12), um traço permanente da modernidade é o derretimento dos sólidos, fato que provocou a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Da mesma forma que para Bauman a modernidade entrou em uma fase aguda de privatização e individualização que desvinculou os poderes de derretimentos dos sólidos da tradição de seu reenraizamento na ordem moderna, e, dessa forma, permitiu unir a construção individual da vida, da vida política e da sociedade, o EM, nas escolas, precisaria ter nova tessitura que possibilitasse um novo traçado estrutural que favorecesse mudanças nos padrões de referências que regem nossos currículos: ensino mais aberto e flexível. Apesar de possuirmos uma modernidade do imediatismo, que se liquefaz com extrema rapidez, ainda vivenciamos nas escolas a modernidade engessada, ou
O fato é tão sério que o aluno só sente que “teve aula” quando há entrega de fichas e parafernálias concretas, etc. Essa materialidade aponta para a falsa impressão de que é no outro que se tem o conhecimento e não em si mesmo, não no fazer individual que processa informações e as transforme em conhecimento próprio. E é justamente essa falsa impressão que provoca as frustrações e os insucessos decorrentes desse hábito de enjaulamento e não da descoberta, do livre pensar. Sendo assim, como professores atuantes e preocupados com a Educação, deveríamos pensar num EM que atendesse às várias demandas da atualidade. São muitos os envolvidos e pensar numa forma de aglutinar todos os interesses se torna, por vezes, uma difícil tarefa. Um EM perfeito teria de agradar a alunos, professores, coordenadores, administradores e pais. Trabalhar de forma equilibrada e prática os elementos teóricos, sem a velha dicotomia entre teoria e prática. Portanto, o que pensamos é no desenvolvimento prioritário do raciocínio. Para implementação do EM que atenda a essas necessidades, o perfil docente deverá se adaptar às situações por mais imprevisíveis que sejam, devendo estar preparado não para uma questão específica, mas para a certeza da mudança no meio do processo. O professor desse EM também deve ser
Artigos aberto, maleável e experiente. Além dessa tessitura acadêmica, urge o traço de “vendedor” para convencer que o aluno tem que se dedicar em seus estudos e em sua formação, que ele precisa resolver problemas que o façam criar soluções e não serem imediatistas e pensarem só nas provas, que eles precisam ler bons livros e periódicos. Diante disso a escola precisa rever suas práticas, não apenas pedagógicas, mas, também financeiro-administrativas que estreitam maior flexibilização das ações transformadoras. É essencial ousar mais, ser pioneiro tanto nos conceitos didático-metodológicos, quanto nos aspectos financeiros, criar estratégias e procedimentos que proporcionem o avanço na cadeia molecular pedagógica, que mostre nova face, novas perspectivas, sem prejuízo da qualidade global da escola e da rede, respeitando o “capital humano e intelectual” do qual a empresa tanto necessita. Isso talvez seja possível se pensarmos o EM como uma continuação do Ensino Fundamental, selecionando o peso da carga de disciplinas e conteúdos para redesenhar uma divisão de aulas, em especial interdisciplinares, que comportem conteúdos menores, mas, ao mesmo tempo, significativos segundo aqueles já trabalhados durante os quatro anos do Ensino Fundamental. A interconexão dos conteúdos permitiria não só enxugar a quantidade de informações passadas aos alunos, que se torna exaustiva, mas também mostrar significativo o conteúdo que estes aprendem. Um dos questionamentos feitos pelos alunos é justamente quanto à importância e aplicabilidade de determinados conteúdos para a vida de cada um deles, conectando e contextualizando o ensino ao mundo e à realidade social.
Para tal reestruturação, será necessário não somente um corpo de profissionais qualificados pela formação acadêmica e alicerçados na experiência de ensino, mas também de profissionais cientes da importância da troca de informações entre disciplinas afins. Reuniões pedagógicas constantes seriam necessárias, ao menos até a implantação e a vivência de uma nova experiência curricular para que os docentes estejam em perfeita conexão com a nova proposta que se anuncia. A construção curricular que se desenha, então, buscando um ensino mais conectado com a atualidade, não se comporia em um curto espaço de tempo. Uma forma de se atingir mais rapidamente o resultado desejado seria trabalhar com projetos especiais interdisciplinares e temáticos em que, por opção do aluno, diretamente o maior interessado no processo educativo, elencasse a construção curricular mais adequada para seus anseios, quer visando uma formação mais integralizada, quer visando uma preparação adequada para os exames de vestibular. Esses projetos, inicialmente, seriam auxiliares a uma grade curricular mais tradicional, mas também modificada, servindo como preparação para as discussões temáticas dos projetos. Desta feita, a resistência da comunidade escolar, principalmente de pais e alunos, seria menor quanto à preparação para os exames de finais de ano. Ao longo do tempo, a grade curricular tradicional se moveria para uma composição do principal objetivo curricular da escola, os projetos interdisciplinares. Outra modificação importante seria a introdução de uma forma de avaliação diferenciada e qualitativa, que servisse não somente para avaliação pura e simples da compreensão do conteúdo, mas também como forma
de construção do conhecimento, de fortalecimento de habilidades e competências. Toda essa transformação só será possível com uma estreita relação do corpo docente que, buscando uma análise profunda do atual desenho de conteúdos por disciplinas, reestruturasse-o. Para tal, reuniões pedagógicas constantes, como já aventado acima, são imprescindíveis. Esses seriam passos iniciais para a transformação mais profunda do EM. A pressão de uma orientação educacional nacional prevista na LDB, somada à expectativa dos exames de acesso às universidades por pais e alunos, são as grandes barreiras que ainda impedem um avanço mais rápido e significativo de tais questões.
*Gelso da Silveira Medeiros Júnior
Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Abel. Mestre em Matemática pela UNIRIO. **Marileide Meneses e Silva
Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Abel. Doutora em Literatura pela PUC-RJ. ***Rodrigo Borges Medeiros
Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Abel. Mestre em História pela UFF. ****Sandro Monteiro da Costa
Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Abel. Mestre em Ensino de Física pela UFRJ. Parecer: Ir. José Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2001. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2003.
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Artigos
Tecnologia nas salas de aula: qual o real sentido? Marcelo Mocarzel* domina, uma real revolução na maneira como se avaliam as aprendizagens. Por que isso parece tão distante, mesmo das escolas privadas?
Segundo o autor, é preciso se capacitar e contribuir para a mudança
Em qualquer debate educacional, a tecnologia é entendida como um elemento essencial. De acordo com estudiosos e profissionais, para se alcançar os alunos e as alunas do século XXI, é preciso que o professor traga a tecnologia para o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando que crianças e jovens façam uso da linguagem digital. O sociólogo suíço Philippe Perrenoud, ao elencar as novas competências para ensinar, explicita que é condição sine qua non para o professor explorar as potencialidades didáticas da cultura tecnológica, fazendo com que os educandos aprendam de maneira mais significativa. De fato, a tecnologia digital veio para ficar e negá-la é privar dos alunos o acesso a métodos diferenciados para a aquisição de saberes, competências e habilidades. Muitos educadores ainda resistem em integrar a tecnologia aos currículos, por ignorância ou conservadorismo, perdendo oportunidades significativas de encantar seus alunos e levá-los a outro 68
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patamar. Existe, ainda, um problema temporal que é pouco observado: muitas pessoas da área, quando defendem as novas tecnologias, ainda estão se referindo ao uso de computadores em sala de aula. Isso deveria estar superado e ter deixado de ser pauta há pelo menos uma década. Nos anos 1960, o matemático sulafricano Seymour Papert já havia comprovado a importância do uso de computadores e do ensino da linguagem de programação para crianças, mas até hoje isso soa como novidade. Da mesma forma, aulas em apresentações digitais, exibição de filmes e uso de editores de texto não representam novidades; já deveriam estar internalizados e ser entendidos como pontos de partida. As novas tecnologias educacionais vão muito além disso: há iniciativas com hologramas, impressoras 3D, robótica, redes de compartilhamento e muito mais. Recentemente fomos apresentados a um modelo de provas digitais, realizadas em tablets e que criam estatísticas precisas sobre o que o aluno domina e não
Sabemos que a realidade desigual do Brasil – e de outros países – impede que inovações como essa se coloquem como factíveis em um curto prazo; muitas escolas sequer têm computadores ou acesso à internet. Mas nós, educadores, precisamos entender que o futuro é agora e que de nada adianta tratarmos tecnologias obsoletas e superadas como inovações: isso apenas ajuda a aumentar a desigualdade que já é tão marcante em nossa sociedade. É preciso se abrir ao novo, pesquisar, se capacitar e contribuir para a mudança que queremos ver em nossos alunos e nossas alunas. *Marcelo
Mocarzel Integrante do corpo docente do Unilasalle Rio de Janeiro. Pedagogo, Mestre em Educação pela UFF e Doutorando em Comunicação pela PUC-Rio. Professor da Faculdade de Educação da UFF. Diretor Pedagógico do Instituto Maia Vinagre, Niterói/RJ. Conselheiro Estadual de Educação do Rio de Janeiro (2016-2020).
* Parecer: Ir. José
Kolling Diretor de Missão da Rede La Salle. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Doutor em Mediação Pedagógica (ULA – Costa Rica).
Referências PAPERT, Seymour. Mindstorms: children, computers, and powerful ideas. New York City, Basic Books, 1980. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Opinião
Aprendendo a Matemática por meio de games e desafios Desempenho do aluno é avaliado, em tempo real, pela interface do professor Ingrid Nára Courtois Integrante do corpo docente do Colégio La Salle Caxias
também acompanham seu desempenho, que é expresso na forma de medalhas e troféus virtuais. Além das atividades propostas semanalmente, os alunos participam de competições nacionais e internacionais com outras escolas que também utilizam a plataforma como recurso de aprendizagem. Nessas competições, eles são incentivados a resolver quizzes em seis rounds, com duração de 24 horas cada um. A escola que mais pontua recebe um troféu virtual, que vai sofrendo up grade a cada competição.
Iniciativa engaja alunos do La Salle Caxias
As crianças e os jovens, em fase de descobertas, são inseridos no meio digital pela experimentação em diversos ambientes virtuais. Familiarizados com as tecnologias digitais, esse recurso torna-se uma possibilidade muito enriquecedora no processo de ensinoaprendizagem, sobretudo quando envolve jogos, os quais despertam o interesse, a persistência e a habilidade de resolver desafios, aspectos essenciais no aprendizado matemático. Nesse contexto, desenvolve-se, no Colégio La Salle Caxias, de Caxias do Sul/RS, o projeto Matemática por meio de Games e Desafios. Favorecendo a aprendizagem e estimulando os alunos na construção do pensamento lógico-matemático de forma significativa, o projeto é oferecido nas modalidades curricular (8os e 9os anos, do Ensino Fundamental II e 1ª série do Ensino Médio) e extracurricular (6os e 7os anos do Ensino Fundamental II). As atividades são realizadas na forma
de quizzes e jogos educativos. São selecionadas conforme as necessidades de cada grupo, utilizando-se de uma plataforma digital. O desempenho do aluno é avaliado, em tempo real, pela interface do professor, que faz as intervenções necessárias durante o processo de aprendizagem. Na interface do aluno, os aprendizes, por sua vez,
Sem dúvida, explorar a solução de problemas por meio de jogos tem se mostrado uma importante chave do aprendizado. É o aprender fazendo, aprender jogando. É a tecnologia aliada ao conhecimento, garantindo motivação e melhor desempenho.
Tecnologia aliada ao conhecimento
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Opinião
O uso das novas tecnologias e os projetos de pesquisa em sala de aula Realidade da sociedade atual faz com que cheguem às escolas alunos curiosos, inquietos e com espírito investigativo Rosilene Carvalho Nogueira Direção da Escola Fundamental La Salle Sapucaia Jovens e crianças plugados em uma sociedade cada vez mais conectada. A realidade da sociedade atual faz com que cheguem, cada vez mais, às escolas, alunos curiosos, inquietos,
com espírito investigativo e ansiosos por um mundo a explorar. A forma de agir e pensar destes “nativos digitais” faz com que os projetos de pesquisa sejam uma proposta de
trabalho que possibilita a autonomia, a cocriação, a coautoria em um ambiente de produção colaborativa de conhecimento. Na Escola Fundamental La Salle, de Sapucaia do Sul/RS, o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação fazem parte do processo investigativo de sala de aula, sendo mais um elemento de auxílio na formulação e na investigação das hipóteses levantadas a partir dos projetos das salas temáticas.
TICs fazem parte do processo investigativo de sala de aula
Nos PPGs (Projetos de Pesquisa em Grupos) e nos PPIs (Projetos de Pesquisa Individuais), o uso de notebook, celulares, tablets e lousa interativa, entre outros, propicia que o processo ocorra de forma interativa e dinâmica, sendo a internet um dos elementos de ligação da escola com o mundo. Isso contribui para que, por meio do método investigativo, alunos, turmas e grupos interciclos comprovem ou não suas hipóteses, encontrando alternativas para as situações-problema levantadas nos projetos de pesquisa. O resultado disto é a tecnologia a serviço da comunidade a partir de um conhecimento que se reverte em ações práticas, contribuindo para a superação e para o enfrentamento dos fenômenos cotidianos.
Tecnologia a serviço da comunidade 70
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