Educação Ambiental – Ciclo Ensino Médio - Ciências Humanas

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ENSINO MÉDIO

1º, 2º e 3º ANO

CIÊNCIAS HUMANAS

GEOGRAFIA

E HISTÓRIA

A META DO ACORDO DE PARIS É MANTER O

AUMENTO DA TEMPERATURA

MÉDIA GLOBAL INFERIOR A

2°C

PROPOSTAS

GASES DO EFEITO ESTUFA (GEEs) E O

AQUECIMENTO GLOBAL: QUAL O PAPEL DA ATIVIDADE HUMANA NO DESEQUILÍBRIO DA

CONCENTRAÇÃO DESSAS SUBSTÂNCIAS E COMO

Há a possibilidade de se contextualizar os aspectos referentes à atividade humana com a produção de Gases do Efeito Estufa (GEEs) e o desenvolvimento histórico das diferentes sociedades (principalmente entre os séculos 18 e 21), além de abordar como esses cenários influenciaram, principalmente nos últimos 250 anos, a transformação da Terra pela busca de recursos naturais e espaços para viver.

Como o processo de industrialização está relacionado com o aumento da produção de GEEs uma vez que muitos deles não são gerados naturalmente? Como, em termos sociais, a industrialização e o consumismo se relacionam e de que modo isso acentuou a geração de resíduos e o processo de exclusão socioeconômica de parte da população? Como e por que as mudanças climáticas podem agravar a oferta de recursos básicos de água e alimentos para subsistência e ocasionar um êxodo migratório em várias partes do planeta? Quais seriam as áreas mais afetadas do mundo e sob qual aspecto geográfico elas seriam prejudicadas? E no Brasil em particular?

A TECNOLOGIA PODE SER FUNDAMENTAL PARA CONTROLAR SUA EMISSÃO
ATIVIDADES
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O fenômeno da globalização tem, entre outras características, a distribuição planetária dos efeitos da poluição, tenham eles sido gerados dentro do país ou em outras regiões do globo. Enquanto algumas nações produzem os GEEs majoritariamente pela atividade industrial, outras o fazem por ações ligadas a atividades agropecuárias e desmatamento.

No Brasil, segundo o relatório do Observatório do Clima (OC-SEEG, 2019), mais de 70% das emissões de GEEs estão vinculadas a atividade agropecuária (produção de alimentos e desmatamento), o que demonstra uma peculiaridade em relação aos países mais industrializados. Como funcionam as correntes atmosféricas que dispersam os poluentes pelo planeta? Como a derrubada de florestas afeta a geração e/ou a neutralização dos GEEs? Por que ecossistemas como os que compõem a Amazônia e outras florestas tropicais pluviais são tão importantes para colaborar com o controle dos efeitos das mudanças climáticas?

O estudo sobre a história da evolução socioeconômica do Brasil e suas estratégias desenvolvimentistas é fundamental para que o professor e os alunos elaborem um olhar crítico sobre o modelo de desenvolvimento existente no Brasil atual e as consequências para o compromisso de combate às mudanças climáticas postulado pela ONU.

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O CLIMA E AS VARIAÇÕES DE TEMPERATURA

O clima da Terra é quente perto da Linha do Equador e frio nos polos. A diversidade de temperatura e ambientes faz com que o planeta seja capaz de abrigar uma variedade enorme de seres vivos.

Ao longo da história geológica da Terra, o clima global (constituído pela média de todas as regiões) esfriou e esquentou pelas razões mais distintas. Ainda assim, o aquecimento rápido como o que é observado hoje é incomum. O consenso científico é de que o clima está esquentando como resultado da adição de GEEs, que retêm o calor drasticamente na atmosfera e são provenientes de atividades humanas.

Com base na figura a seguir, é possível observar a temperatura média da Terra nos últimos anos analisando-se a linha preta. As previsões de aquecimento no futuro são apresentadas pelas linhas vermelha, verde e roxa. Tais estimativas, desenvolvidas com modelos de computador, fazem suposições diferentes sobre a quantidade de GEEs que futuramente será liberada pela humanidade na atmosfera.

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O clima da Terra está esquentando. Durante o século 20, a temperatura média do planeta aumentou 0,6°C (1,1° F). Os cientistas estão descobrindo que a mudança na temperatura tem causado variações em outros aspectos da Terra e que os efeitos do aquecimento global são de longo alcance. Entre outros desdobramentos, provocam a elevação da temperatura da atmosfera e dos oceanos e, consequentemente, o derretimento de mais neve e gelo das regiões polares, ocasionando o aumento do nível do mar.

Efeitos diferentes do aquecimento global foram vistos em escalas continentais. No século 20, as temperaturas do Ártico aumentaram duas vezes mais do que a média global e a quantidade de precipitação em diferentes regiões do planeta mudou, assim como a ocorrência de eventos climáticos extremos (secas, ondas de calor e intensidade de furacões e tufões), tem se tornado mais frequente.

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De acordo com os resultados dos modelos de computador resumidos pelo IPCC, haverá mais aquecimento global no futuro. Para as próximas duas décadas, projeta-se um aumento de cerca de pelo menos 0,2°C. Se ações humanas continuarem a emitir tantos ou mais Gases do Efeito Estufa, isso causará mais aquecimento durante todo o século 21 do que o que foi visto no século passado. Atualmente, vários modelos de computador preveem que, ao longo deste século, a temperatura média da Terra poderá aumentar entre 1,8° e 4,0°C (3,2°F e 7,2°F) dependendo, em grande parte, de como a sociedade controlará as emissões de GEE.

Embora em termos globais a humanidade não tenha, até o momento, atingido as metas do Protocolo de Kyoto (redigido e assinado, em 1997, no Japão), em que os países se comprometeram a reduzir a emissão de GEEs em 5,2% na comparação com os níveis de 1990, há várias estratégias sendo implantadas em diferentes regiões do planeta. Recentemente, muitas empresas têm tentado neutralizar emissões com mecanismos denominados “créditos de carbono”, visando equacionar estratégias em que os GEEs produzidos sejam capturados por florestas plantadas ou naturais, sempre certificadas. Hoje, há um mercado que movimenta milhões de dólares em créditos de carbono para companhias que ainda usam como matriz energética derivados de petróleo ou carvão.

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QUAL A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS/BENS DE CONSUMO, A GERAÇÃO DE LIXO, OS LIXÕES E/OU ATERROS SANITÁRIOS E OS GASES DO EFEITO ESTUFA? QUAIS PROCESSOS NATURAIS E ARTIFICIAIS ESTÃO ENVOLVIDOS E COMO PODEM SER CONTROLADOS?

A produção de alimentos e bens de consumo para a manutenção das necessidades da humanidade, que está prestes a ultrapassar 8 bilhões de habitantes, é um importante fator de pressão sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis.

Os esforços de coleta seletiva e reciclagem vêm crescendo no Brasil e no mundo, mas, apesar de novas tecnologias estarem disponíveis, ainda há um longo caminho a percorrer para que ocorram aumentos significativos nos índices de reciclagem dos resíduos como um todo.

A plataforma Recicla Sampa tem uma série de conteúdos sobre reciclagem que podem servir de referência para professores e alunos entenderem o que vem sendo feito, de modo a permitir uma abordagem histórica e socioeconômica sobre o tema.

Há materiais sobre reciclagem de vidro, plástico, metal, papel, tecidos; ações no Brasil e ao redor do mundo de coleta seletiva; e vídeos sobre cooperativas, centrais de triagem e ações socioambientais que proporcionam ao professor um universo amplo de temáticas para o desenvolvimento da atividade. Com base nesse material, os estudantes podem desenvolver trabalhos sob diferentes abordagens: produção agrícola x produção industrial; países industrializados x países em desenvolvimento; e regiões do Brasil de diferentes perfis (agrícola ou industrializado), seu papel na produção de alimentos/bens de consumo e na emissão de GEEs de acordo com sua situação socioeconômica.

Em países de forte produção agropecuária como o Brasil, é possível diminuir a geração de GEEs associados à atividade com métodos produtivos de caráter concessionário entre os ecossistemas e a produção agrícola. Essas estratégias passam por agricultura sinantrópica, sistemas agroflorestais, sistemas baseados em agricultura familiar, orgânica e biodinâmica e sistemas de policultivo. Neste há o rodízio de culturas em contrapartida aos grandes sistemas de monocultura dependentes de agroquímicos e sementes híbridas. Neste caso, a produção normalmente é composta por insumos como soja, cana e algodão, entre outros itens de origem vegetal que, em sua maioria, não se transformam em alimentos para a população.

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Como ocorre a reciclagem no Brasil? Qual o potencial econômico e social da reciclagem para geração de renda e inserção de pessoas na trama social economicamente ativa?

No Recicla Sampa existem inúmeros conteúdos, entre matérias, entrevistas e vídeos, que contam como funciona o universo da reciclagem em São Paulo, no Brasil e no mundo e sobre o potencial socioambiental e econômico dessa atividade. Com a reciclagem assumindo mais relevância, há uma diminuição da pressão sobre os recursos naturais extraídos e a possibilidade de a cadeia produtiva reintroduzir esses materiais por meio de processos industriais menos impactantes no que diz respeito à produção de GEEs.

Há, ainda, a opção pouco explorada, ao menos no Brasil, de reciclagem de material orgânico para produção de adubo, que pode retornar à agricultura como importante fonte de recuperação nutricional do solo. Outro aspecto fundamental em relação aos aterros sanitários que recebem os resíduos domésticos dos municípios, em que majoritariamente são descartados resíduos orgânicos, é a captação de gases para geração de energia, como é feito no Aterro Bandeirantes, em Perus. Gerenciado pela concessionária Loga, que atua na coleta de lixo nas regiões norte e oeste do município de São Paulo, é um local em que se desenvolve importante estratégia de controle de emissão dos GEEs e geração de créditos de carbono.

Os resíduos domiciliares das zonas sul e leste de São Paulo são coletados pela concessionária Ecourbis, que faz a sua destinação final no aterro sanitário Central de Tratamento de Resíduos Leste (CTL). Esse aterro, além de estar funcionando, dispõe de uma central de visitação que permite aos alunos acompanhar o funcionamento da operação de disposição adequada de resíduos. Nas operações de coleta e destinação de lixo, ambas as concessionárias (Loga e Ecourbis) são integradas por modernas instalações de centrais de reciclagem abertas à visitação de estudantes do ensino médio, o que torna a vivência mais real e significativa.

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LIXO NO MAR: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

A atividade proposta se inicia com o vídeo “Mancha de lixo do Pacífico é 16 vezes maior que o esperado – 80 mil toneladas flutuam na maior concentração de plástico no mar do planeta”, disponível no Recicla Sampa.

Que lixo é esse? De onde ele vem? Como esses materiais chegam até os oceanos? Por que não tiveram a destinação adequada?

Essas e outras perguntas sobre a produção de bens de consumo e sua transformação em lixo descartado inadequadamente ao redor do planeta são objeto desse projeto investigativo a ser transformado em um fórum de debate em que os alunos apresentarão suas descobertas e propostas de solução. O resultado dessa pesquisa e do fórum poderão ser compartilhados em apresentações multimídia, podcasts, cartazes e outras opções de divulgação que a escola julgar interessantes para estimular os estudantes.

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Fazer com que os alunos mergulhem no tema é fundamental para que possam entender suas responsabilidades socioambientais com o planeta em que vivemos, pois boa parte do lixo que hoje flutua nos oceanos não é produzida nas cidades localizadas em zonas costeiras.

Segundo dados do eCycle, a quantidade estimada de plástico nos oceanos é de 5,25 trilhões de embalagens, pesando em torno de 268.940 toneladas. Atualmente, 90% do plástico encontrado nesse ambiente vem de dez rios, sendo oito deles da Ásia (Yangtze, Indo, Amarelo, Hai, Ganges, das Pérolas, Amur e Mekong) e dois da África (Nilo e Níger).

Se for mantida a mesma quantidade de descarte de resíduos plásticos realizada hoje, estima-se que, em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Em relação a outros materiais de consulta sobre a poluição decorrente dos plásticos, recomenda-se:

1. O relatório “Solucionar a poluição plástica – transparência e responsabilização”, elaborado pelo WWF (2019), que permite uma discussão profunda sobre o tema;

2. O documento “What a waste 2.0: a global snapshot of solid waste management to 2050”, produzido, em 2018, pelo Banco Mundial, em parceria com o WWF. O estudo apresenta dados que mostram o Brasil como o quarto maior produtor de plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. Como o material está em inglês, é importante a presença do professor do idioma para viabilizar o entendimento do conteúdo e demonstrar aos alunos o quanto essa língua pode abrir opções de estudo e conhecimento ao permitir a imersão em textos ainda não disponíveis em português. As questões socioeconômicas e da falta de infraestrutura de serviços públicos em distintas regiões do Brasil podem alavancar parte da discussão, mostrando as diferenças regionais existentes no país, quais aspectos sociopolíticos estão envolvidos e quais soluções podem ser pensadas para que isso deixe de ocorrer.

Há duas vertentes para se trilhar o caminho das discussões: uma delas passa pela evolução histórica da sociedade pré e pós-Revolução Industrial até hoje, envolvendo também os aspectos culturais e valores de distintas regiões/ países ao redor do planeta. A outra, sob o viés da geografia, pode explorar as questões das diferenças socioeconômicas entre nações e dentro de um mesmo país (Brasil) com base nas características regionais — essa abordagem pode ser implantada em relação ao município de São Paulo e às suas diferenças internas, verificadas entre as prefeituras regionais conforme as composições demográficas e socioeconômicas de cada uma delas.

O CAMINHO DO LIXO: COMO A HUMANIDADE, AO LONGO DOS SÉCULOS, AUMENTOU SEU POTENCIAL DE PRODUÇÃO E CONSUMO DE BENS, ASSIM COMO A GERAÇÃO DE LIXO

Para começar a entender a questão do lixo no município de São Paulo, a plataforma Recicla Sampa tem um conjunto de vídeos que abordam essa questão.

É SUGERIDA A EXIBIÇÃO DOS VÍDEOS A SEGUIR ANTES DO INÍCIO DAS ATIVIDADES:

RECICLAGEM DE VIDAS

REDE DE SOLIDARIEDADE

RECICLÁVEIS X LIXO COMUM

DOIS HÁBITOS, UMA CIDADE MÁQUINA
DE RECICLAR
IMPACTO DO LIXO
O CAMINHO
MENOS É MAIS
DO LIXO
HUMANAS
CIÊNCIAS

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Um balanço da quantidade e da composição do lixo produzido nos últimos cinco anos no município de São Paulo pode ser encontrado no site da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo (SP Regula) e traz informações interessantes para embasar a atividade. Até que ponto os seres humanos consomem por necessidade ou por impulso? A questão da globalização vem sendo abordada nas últimas décadas e também está diretamente ligada ao aumento do consumo de bens essenciais e supérluos.

O vídeo A História das Coisas, disponível no YouTube, é uma animação que pode ser utilizada sob a ótica de diversas outras disciplinas e, neste caso, poderia auxiliar no que diz respeito aos hábitos de consumo. Com ele os alunos podem problematizar sobre quais são os aspectos geográicos e socioeconômicos envolvidos na produção de bens de consumo em determinadas regiões do planeta e que, posteriormente, são distribuídos para todo o mundo. Como um produto fabricado do outro lado da Terra chega ao Brasil a um preço tão baixo a ponto de competir com a indústria nacional?

O que é computado — e o que não é — para valorar um bem de consumo de maneira a torná-lo economicamente acessível? Como isso impacta os recursos naturais do planeta?

Essas e outras questões irão guiar os estudantes na busca de informações sobre o caminho do lixo, tema que poderá ser objeto de um trabalho escrito a ser apresentado ao professor ou compartilhado na internet no qual os docentes de informática e língua portuguesa serão parceiros de viagem dos professores de história e/ou geograia.

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E
A ABORDAGEM PODE SER IMPLANTADA EM RELAÇÃO AO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
ÀS SUAS DIFERENÇAS INTERNAS

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