REVISTA BUSINESS - PORTAL GERSON LIMA - ED 40 - AGOSTO/2022

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Pois bem, um assassinato por motivo fútil e vil. Após um grande imbróglio jurídico, processo onde Doca Street foi representado pelo renomado advogado Evandro Lins e Silva, o mesmo fora absolvido com a tese de "legítima defesa da honra". O advogado de Doca, um grande nome da advocacia, lembrado até os dias atuais, como argumentos de defesa enalteceu a figura masculina e menospreza a figura da mulher. Ficou célere a frase; “Senhores jurados, a “mulher fatal”, encanta, seduz, domina, como foi o caso de Raul Fernando do Amaral Street”. Enfim por cinco votos a dois, o Juri condenou Doca a uma pena de 18 meses pelo crime e seis meses por ter fugido da justiça. A decisão evidente foi considerada um escândalo e causou inúmeros protestos. Serviu para o surgimento de vários movimentos sociais em defesa da mulher e cunhou o lema; quem ama não mata. Após anulação do 1º Juri sob forte protestos, num segundo o mesmo foi condenado a 15 anos de prisão. Pois bem, conforme o início dessa crônica, até hoje alguns advogados atendendo ao rogo do cliente utiliza desta tese e dos argumentos esculpidos no 1º julgamento do Doca Street. Como o Poder Judiciário é uma caixa com muitos mistérios, até hoje não foi formado um entendimento pacífico a afastar os absurdos argumentos absolutórios, sendo que após aprovação da lei inicialmente citada, esta tese será definitivamente enterrada, provavelmente no túmulo de Ângela. Na época, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: "Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras".


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