Manual do ceo josh kaufman

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Travamento sob ameaça Muito pouco pode ser feito sob as garras do medo. — FLORENCE NIGHTINGALE, PIONEIRA DA ENFERMAGEM PROFISSIONAL

Você

está dormindo profundamente quando ouve um barulho no meio da noite. Quase imediatamente você está alerta — o seu ritmo cardíaco aumenta, suas pupilas dilatam para absorver mais luz e detalhes e os hormônios de estresse como a adrenalina e a cortisona invadem a sua corrente sanguínea. A sua mente automaticamente identifica a fonte provável do ruído, rotas de fuga e potenciais armas de defesa. Em um piscar de olhos, você está pronto para se defender da ameaça, independente de qual seja. Quando a sua mente percebe uma ameaça potencial — real ou imaginária — o seu corpo imediatamente se prepara para reagir. Essa reação fisiológica automática foi projetada para ajudálo a eliminar a ameaça por meio de uma de três ações: lutar, fugir ou congelar. Enquanto você estiver no “modo de proteção”, é difícil fazer qualquer outra coisa além de se fixar na ameaça. Você não vai conseguir pegar no sono enquanto não realizar uma busca pela casa — o seu corpo só sairá do modo de proteção depois que você se certificar de não haver ameaça. A escolha subconsciente de lutar, fugir ou congelar depende em grande parte da Simulação Mental da situação realizada automaticamente pelo seu cérebro. Se o seu cérebro previr que você poderá vencer se lutar, você luta. Se o seu cérebro previr que você pode “ganhar” se fugir, você foge. Se o seu cérebro previr que você não tem como fugir, você congela na esperança de a ameaça o ignorar. Congelar faz seu cérebro entrar no modo de Travamento sob Ameaça — o modo de proteção — que faz que seja difícil fazer qualquer outra coisa além de se fixar na ameaça. O Travamento sob Ameaça é uma reação construtiva desenvolvida para ajudá-lo a se defender, mas, como muitos instintos antigos, ela é muitas vezes inapropriadamente acionada no nosso ambiente moderno. As ameaças que você enfrenta são muito menos graves hoje, mas muitas vezes são crônicas. Na Idade da Pedra, quando a ameaça era um predador ou um chefe furioso de uma tribo, o “travamento” era construtivo, já que concentrava a nossa energia em permanecermos vivos e/ou continuarmos fazendo parte da tribo. Apesar de os pensamentos que passam pela nossa cabeça no dia a dia terem pouco em comum com os dos nossos ancestrais, o hardware no qual esses pensamentos estão ocorrendo — nosso cérebro — ainda é em grande parte o mesmo e está constantemente em busca de ameaças muito antigas em um ambiente muito novo. Em consequência, comemos demais e nos exercitamos de menos e os comportamentos instintivos de lutar, congelar ou fugir como se a nossa vida dependesse disso não são muito construtivos quando estamos lidando com um chefe insatisfeito ou com o pagamento vencido da hipoteca. O recente tumulto no mercado de ações é um excelente exemplo do Travamento sob Ameaça em ação. A crise do mercado de ações no final de 2008 provocou uma onda de pânico e desespero, mesmo entre pessoas que não corriam nenhum perigo de perder a casa ou o emprego. A mera possibilidade de coisas ruins acontecerem paralisa empresas inteiras justamente no momento em que é necessário aumentar a produtividade para manter a empresa em uma situação confortável. Em


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