Economia e filosofia na escola austriaca

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gicas de validade universal, já que para ele há uma única racionalidade subjacente à ação e o conhecimento que obtemos dela é também universal na medida em que a mesma lógica é aplicada na construção da teoria. A crença na racionalidade única da teoria confere-lhe um caráter objetivo e, portanto, podemos dizer que, enquanto no plano do ator enfatiza-se o subjetivismo, a teoria que descreve as leis a priori das escolhas subjetivas, em si mesma, é objetiva por apoiar-se em um racionalismo em que se prega a lógica universalmente válida. Finalmente, no caso de Hayek não apenas a ação individual é compreendida na óptica da subjetividade do agente como até mesmo a teoria que a explica é vista como uma construção mental subjetiva, que depende dos esquemas de classificação fornecidos pela ordem sensorial. Assim, em Hayek, no estudo do conhecimento do ator e da teoria, o subjetivismo é uma consideração indissociável da análise. A tabela a seguir resume estas conclusões. Autor

Menger

Tipo de epistemologia

Aceita o Aceita o subjetivismo nos subjetivismo nos domínios do agente domínios da teoria

Naturalismo

Mises

Racionalismo

X

Hayek

Subjetivismo evolucionista

X

X

O nome de Menger pode vir associado à Economia Subjetiva no sentido de que ele enfatiza o papel da informação e do agente econômico, e também em contraposição à teoria do valor trabalho tida como uma teoria do “valor objetivo”. O valor em Menger é um fenômeno pessoal mas, na medida em que ele adere à idéia da naturalidade das escolhas, a sua teoria do valor pessoal é também objetiva. O seu objetivismo não diz que o valor econômico viceja no mundo externo fora do indivíduo, mas que se deve interpretar o próprio indivíduo considerado como uma “máquina natural”. Se a teoria é tida como objetiva, também se pode inferir que ela é “exata” ou de validade universal, independentemente da subjetividade do analista. É o caso de Menger mas não o de Hayek, embora este último também busque assegurar a objetividade em teoria validando-a intersubjetivamente em uma alegada semelhança de nossas ordens sensoriais. No The Sensory Order, Hayek escreve: 180


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