Revista MixTape

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Dance para se divertir, dance para se expressar, dance para começar a sonhar M Foto: Arquivo do grupo

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sociedade tem na dança uma das manifestações artísticas mais antigas. Desde os povos pré-históricos com suas pinturas nas paredes, há sinais de que ela já existia. Passados séculos, no Renascimento, período de grandes transformações artísticas, sociais e culturais, a dança passa a ser mais acessível às classes menos favorecidas, e com isso se popularizam ritmos antes exclusivos das elites. Hoje, podemos dizer que ela expressa os sentimentos mais profundos: alegria, tristeza, raiva, fúria, liberdade. Quando se dança, nada mais importa, apenas os passos que seguem a melodia. Das clássicas às populares, ela está presente em cada cultura, e participa de momentos únicos: a dança do baile de 15 anos, da festa de formatura, do casamento, das comemorações de fim de ano, das reuniões familiares, da saída com os amigos, entre outras atividades. Para culturas indígenas, dança é ritual, é pedido por colheitas melhores, é religiosidade, é agradecimento. Dança representa também trabalho, muito trabalho. Das companhias de dança às apresentações teatrais, ela se faz presente, emocionando, alegrando, fazendo pensar. São vários estilos: ballet, ballroom, bolero, capoeira, can can, cha-cha-cha, contemporânea, contra-dança, country, flamenco, foxtrot, funk, jazz, mambo, merengue, religiosas, sacra, rumba, salsa, samba, swing, tango, valsa, entre outras. Algumas são para todos, outras ainda tem como público as classes mais abastadas. “Dançando para não dançar” Danças como o balé clássico ainda são destinadas principalmente para famílias de classe média. Para esse tipo de dança tem-se o ethos de dançarinos magros e bonitos, como se a fisionomia interferisse no talento apresentado no palco.

Por Analine Molinário e Laila Carvalho

Em ensaio, dançarinas se preparam para apresentação

A bailarina Thereza Aguilar que estudou em Staatliche Ballettschule Berlin, na Antiga Alemanha Oriental e em Havana, no Balé de Camaguey e no Balé Nacional de Cuba, retorna ao Brasil em 1995 percebendo que o balé continuava elitizado. Sendo totalmente contra isso, ela cria no Rio de Janeiro o “Dançando para não dançar”, que tem com o objetivo principal trazer maior perspectiva de vida a crianças e adolescentes de comunidades carentes. No total, são atendidas 13 favelas: Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Rocinha, Mangueira, Chapéu-Mangueira, Babilônia, Macacos, Tuíuti, Jacarezinho, Salgueiro, Dona Marta, Oswaldo Cruz e Borel. O projeto tem espaço próprio para atender crianças, de ambos os sexos, entre 7 e 14 anos. Porém, as aulas não se limitam ao prédio, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Aulas são ministradas dentro das comunidades, o que permite a muitos a oportunidade de participar. “No Brasil a dança clássica é uma profissão elitizada. Sempre foi e não deixou de ser. O Dançando veio para iniciar um processo de popularização dessa arte, restrita as classes mais abastadas. Hoje, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas já assistiram a pelo menos um dos muitos espetáculos produzidos pelo projeto em locais públicos” - comenta Thereza. 55

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