A História da Câmara dos Deputados

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OS PRIMEIROS 75 DEPUTADOS BRASILEIROS idéias já haviam chegado ao Brasil e incendiado a imaginação dos inconfidentes de Minas Gerais. O certo é que, quando passou o pesadelo napoleônico, Portugal e os portugueses já não eram os mesmos. Logo deflagraram a Revolução Liberal do Porto, que eclodiu a 24 de agosto de 1820, tornou-se vitoriosa e exigiu a volta a Lisboa de D. João VI, que estava no Brasil – e até havia sido coroado no Rio – havia 16 anos. E lá se foi D. João VI, deixando a colônia entregue ao primogênito, o príncipe Pedro de Alcântara, nomeado príncipe regente. Os revolucionários portugueses exigiam mais. Além da volta de D. João VI a Lisboa pediam a convocação imediata de uma assembléia constituinte. As Cortes, como se chamava esse parlamento eleito pelo povo, foram imediatamente convocadas e seriam compostas por 250 deputados, 75 deles representando o Brasil. Em agosto de 1821, tomaram posse em Lisboa os primeiros 10 deputados eleitos do Brasil, a bancada de Pernambuco. Em seguida apresentaram-se os representantes de 12 províncias: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Maranhão, Santa Catarina, Alagoas, Bahia, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Pará, Piauí e Ceará. Ao todo, apenas 53 dos 75 brasileiros eleitos tomariam parte na Cortes. Os representantes de Minas, do Mato Grosso e de São Pedro do Rio Grande do Sul preferiram não viajar. Ficaram no Brasil, atentos às manobras poucos discretas do príncipe D. Pedro, cujos passos apontavam o caminho da independência. Enquanto isso acentuava-se a cada dia, em Lisboa, o dissídio entre os próprios deputados brasileiros, divididos entre a lealdade à metrópole e às conspirações pela Independência. O debate era tão radical que, em função das notícias que chegavam do Brasil, D. João VI foi pressionado a determinar a volta a Lisboa do príncipe D. Pedro. Quando a ordem chegou ao Rio, provocou uma reação generalizada de protestos. Os brasileiros se organizaram e, no dia 9 de janeiro de 1822, atendendo petição que lhe foi levada por paulistas e cariocas, D. Pedro anunciou que não acataria as ordens, desobedeceria ao pai e não voltaria a Portugal. Foi o Dia do Fico, espécie de ensaio do grito de “Independência ou morte!”. Ora, desobedecer é uma forma de afirmar-se e D. Pedro logo passou a agir, como se fosse ele o rei. Ou imperador, como seria proclamado. Uma semana depois, 13


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