Uma Semana Para Se Perder - Spindle Cove Vol2 - Tessa Dare

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viviam chovia constantemente. Várias vezes por dia. Então eles tinham palavras para designar chuva leve, pesada e muito intensa. E cerca de dezoito termos diferentes para tempestades, além de um sistema de classificação inteiro para neblina.” “Por que você está me dizendo isso?” Ele passou lenta e levemente o dedo pelo braço dela. “Porque estou de pé aqui, querendo lhe fazer um elogio adequado, mas meu vocabulário escasso não me permite. Acho que preciso é de uma excursão científica. Preciso me aventurar em alguma selva onde a beleza tome lugar da chuva e caía do céu em intervalos regulares de tempo. Onde a beleza marque todas as superfícies, sature o solo e paire como vapor no ar. Porque sua aparência, neste exato momento...” O olhar dele encontrou o dela no reflexo. “Lá, eles teriam uma palavra para isso.” Encantada pelo toque de Colin, e por seu tom caloroso e enternecido, Minerva viu seus próprios olhos marejarem no espelho. Ela recuou um pouco, apoiandose no peito dele. O coração dele bateu em sua coluna, ecoando por seu peito como um distante tambor indígena. “Haveria tantas palavras para beleza lá”, continuou ele, aproximando os lábios da orelha dela e diminuindo a altura da voz para um murmúrio. “Palavras para chuvas diárias de graça e um tipo de neblina encantadora que desaparece quando você tenta pegá-la. Beleza que é anunciada por trovões impressionantes, mas que se revela ser momentânea. E além de todas essas, existe uma palavra... uma palavra que até os anciãos mais grisalhos e sábios só pronunciaram duas vezes em toda sua vida, e o fizeram de forma contida, receosa. Uma palavra para uma torrente cataclísmica de beleza com o poder de alterar paisagens, aplainar montanhas e alterar o curso de rios, deixando pessoas penduradas em árvores, vivas e ressentidas, xingando seus deuses.” Um toque de frustração sensual fez sua voz ficar rouca. “E eu também amaldiçoarei os deuses com eles, Minerva. Pois uma monção violenta me deixou em frangalhos quando olhei para você há pouco. Ela me mudou por dentro, e não tenho um mapa desse novo mundo.” Eles olhavam para o espelho. Um para o outro, e para si mesmos. “Eu me apaixonei por você”, disse Minerva, resignada. “Se eu pareço mudada, de alguma forma, só consigo imaginar que seja por causa disso.” Ela o observou atentamente, à espera de sua reação. O rosto dele se transformou em uma máscara, congelada no tempo. Eternamente lindo e sem emoções. E então, finalmente... a sugestão de um sorriso malandro apareceu no canto de sua boca. “Oh, Min...” “Pare.” Ela se empertigou, distanciando-se dele. Minerva sabia que ele iria fazer alguma observação jocosa para dissipar a tensão. Oh, Min, não se aflija. Você logo vai superar isso. Ou Oh, Min, pense no pobre Sir Alisdair. “Não faça isso.” Ela deu as costas para o espelho e ficou de frente para ele. “Não ouse fazer uma piada. Precisei de muita coragem para dizer o que eu disse. E você não precisa dizer nada. Mas insisto que você seja homem suficiente para aceitar o que ouviu. Não vou deixar que você faça pouco caso dos meus


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