Edição 8 - Abril de 2017
Laís Abreu e Jéssica Anitelli são destaques nas entrevistas Antes da passagem no Brasil, Jojo Moyes é nossa Inspiração
Aline Valek
a mistura perfeita das artes com as palavras
Sumário Editorial
pág. 4
Painel da Literatura Nacional
pág. 5
Top do Mês
pág. 6
Inspiração
pág. 8
Achei no Wattpad
pág. 10
Amamos Ebooks
pág. 12
Publiquei no Mulheres que Lêem
pág. 14
Capa
pág. 16
Escritor Feriadista
pág. 20
Falando Nisso
pág. 21
Editorial
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bril é quase o mês dos feriados. Entre a Páscoa e Tiradentes, sobra muito tempo para aquela leitura de tirar o fogo e conhecer novos autores nacionais. Na capa, vamos falar sobre a Aline Valek e suas mil e uma habilidades artísticas. O “Painel da Literatura Nacional” acompanha a Páscoa: todos os livros têm títulos com a palavra “doce”. O TOP do Mês tem três indicações nacionais maravilhosas: Paula Santino, autora iniciante de romances policiais; “A Promessa”, de M. Pattal, primeiro livro da série; e o segundo livro de Carol Dias, “Inversos”, que será lançado ainda esse mês. A Inspiração do mês é uma autora que desembarca no
Brasil em breve: falaremos sobre Jojo Moyes e seus livros que destroem nosso emocional. Também vamos conversar sobre mulheres na literatura com a cobertura do evento “Mulheres que Leem Mulheres”. Da web, entrevistamos a Laís Abreu, que escreve no Wattpad, e a Jéssica Anitelli, que publica em e-book. Você conhece o Escritor Feriadista? Nessa edição, vamos conhecer um pouco mais sobre ele e spoiler: não se espante se você descobrir que faz parte desse grupo. Outra novidade é Pindorama, uma história em quadrinhos totalmente brasileira, distópica e incrível! Não deixe de conhecer. Boa leitura!
Organização Carol Dias Paula Tavares
Diagramação Tati Machado
Redação Carol Dias Lyli Adams Tati Machado Thayanne Porto
Revisão
Carol Dias Thayanne Porto
Contato
contato@publiqueirevista.com (21) 99575-2012 publiqueirevista.com
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áscoa e doce são duas palavras que combinam muito bem! Nessa edição tão próxima à data, selecionamos oito livros para o Painel da Literatura Nacional com a palavra “doce” no nome. Confira:
Você pode conferir todas as sinopses no nosso site! É só acessar publiqueirevista.com e aproveitar todo o nosso conteúdo feito especialmente para você! ;) 5
TOP DO MÊS Em toda edição, uma seleção especial de livros e destaques do mundo literário para você! Por Carol Dias
Livro do mês
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osso Livro do Mês é “A Promessa”, do M. Pattal, que conta a história da Polly. Ela se torna a estrela pop de um reality show musical e toda a sua vida muda, principalmente quando ela conhece Max, jogador de futebol que abala as suas estruturas. O livro faz parte de uma série de cinco livros. É possível ler o primeiro e o segundo, “O Passo”, na Amazon, em formato e-book. Ainda este ano, o autor promete lançar o terceiro e o quarto; um no primeiro e o outro no segundo semestre. O quinto e último começou a ser escrito recentemente. Veja a sinopse da história: “Promessas são feitas para serem cumpridas. Pelo menos era assim que Polly pensava em sua adolescência quando fez uma promessa que não conseguiu manter, principalmente após ocorrer uma tragédia em sua família, a qual ela culpa o pai de ser o responsável.
E tudo piora quando ele decide abandonar o lar deixando-a para trás, o que faz surgir em seu coração um ódio mortal. Na companhia de sua mãe, Angela, Polly consegue uma virada em sua vida, tornando-se uma estrela pop através de um sucesso repentino ao ser descoberta em um reality show musical. Mas, apesar da fama e do sucesso, as coisas não vão bem em sua vida pessoal; discussões constantes com a mãe e seu namoro com Renan que parece estar perto do fim, ainda mais quando ela conhece Max, um jogador de futebol que começa a mexer com o seu coração. Conseguirá Polly perdoar seu pai e se entender com sua mãe? Estará ela disposta a manter o seu namoro, mesmo parecendo estar por um fio? E o mais importante: será capaz de enfim cumprir ‘A Promessa’?”
Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 6
Autor do mês
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ossa Autora do Mês é a Paula Santino, que estreou com “Horas Sombrias” em 2016. A paulista é apaixonada por romances, distopias, cultura pop, bandas americanas e séries de televisão. Em especial, ela gosta das policiais, que inspiraram o gênero do seu livro. Paula é formada em pedagogia, apaixonada pelo que faz, mas desde novinha publica histórias na internet. Seu romance de estreia conta a história de Katherine Hinnesbourgh, que é a única testemunha do assassinato de sua melhor amiga. A mocinha se apaixona pelo policial Andrew Wentz, que certamente vai fazer você suspirar.
Lançamento do mês
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gente também faz a Publiquei para enaltecer o trabalho da equipe. No dia 30 de abril, Carol Dias lança o segundo livro da série “Clichê”, que ganhou o nome de “Inversos”. No romance, conheceremos a vida de Bruna Campello, que é assistente pessoal do cantor Carter Manning. Para quem leu o primeiro livro, vai se lembrar dele como o irmão mala do protagonista. Trabalhar para ele não é nada fácil, mas fica ainda mais difícil quando Carter encontra duas garotinhas na porta de casa, que dizem (e aparentam) ser suas filhas. Abaixo, você lê a
sinopse e conhece um pouquinho mais da história: “Como assistente pessoal de Carter Manning, Bruna sabia exatamente o que esperar do cantor: música, mulheres e um pouco de (muita) arrogância. Seria preciso uma interferência do universo para que ele se mostrasse alguém decente. E não é que o universo resolveu agir?! As pequenas, Sam e Soph, serão a prova final de Carter, para mostrar que mesmo o cara mais idiota possui algo além de uma camada de egocentrismo.”
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nspiração I Por Thayanne Porto
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o início deste mês, uma notícia fez os fãs de romance pirarem: Jojo Moyes virá ao Brasil e fará eventos com leitores no Rio e em São Paulo. A escritora britânica ganhou o título de autora best-seller com “Como Eu Era Antes de Você”, o livro mais vendido no Brasil em 2016, que fez milhares de pessoas chorarem copiosamente — eu inclusive. Então não teria outro nome melhor para a Inspiração desta edição. Jojo Moyes nasceu Pauline Sara Jo Moyes em 4 de agosto de 1969 em Londres, na Inglaterra. Com 23 anos, recebeu uma bolsa do The Independent, um dos mais influentes do país, para fazer pós-graduação em Jornalismo na City Universida-
de. Depois, Jojo trabalhou no veículo por 10 anos; nesse tempo, passou um ano em Hong Kong como repórter no Sunday Morning Post. A britânica lançou seu primeiro livro, “Sheltering Rain”, em 2002 — no Brasil, o título foi traduzido como Em Busca de Abrigo, lançado em 2015 pela Bertrand Brasil. Seu sucesso foi logo reconhecido pela crítica e Jojo se tornou uma das pessoas a ganhar o prêmio “Romance do Ano” da Romantic Novelist’s Award duas vezes: o primeiro com “Foreign Fruits” (“A Casa das Marés”), em 2004, e depois em 2011 com “The Last Letter From Your Lover” (“A Última Carta de Amor”). Porém foi só com “Como Eu Era Antes de Você” que Jojo Moyes ganhou fama internacional e se tornou
uma das queridinhas de quem ama romance. A comovente história de amor de Louisa “Lou” Clark e o rico Will Traynor, que fica preso à uma cadeira de rodas depois de um grave acidente, fez muita gente chorar não só lendo, mas também no cinema: o livro foi adaptado para as telonas em 2016, com Emilia Clarke (Game of Thrones) e Sam Claflin (Jogos Vorazes) interpretando os protagonistas. Só no primeiro fim de semana em cartaz, o filme levou 725 mil pessoas aos cinemas no Brasil! E ouso dizer que boa parte dos espectadores saiu com os olhos inchados e com a sensação de terem apanhado emocionalmente. A história fez tanto sucesso que ganhou uma continuação em
Qual sua maior inspiração na hora de escrever? Conta para gente! Entre em contato pelo contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 8
2016, “Depois de Você”, que já estreou na lista dos Mais Vendidos. E quem sente falta da simpática e doce Lou Clark pode ficar tranquilo: em 2018, sai o terceiro livro com a protagonista de “Como Eu Era Antes de Você”. A notícia foi comemorada por muitos fãs, e encarada com certa desconfiança por outros; afinal, depois de tudo que já aconteceu (sem spoilers!) e com um desfecho bem
legal, para que mexer na história? Muitos (e eu me incluo nesse grupo) têm medo de uma overdose que vai estragar o que foi escrito. Bem, só lendo para ver. O que ninguém pode negar é que Jojo é um verdadeiro fenômeno e as longas filas que com certeza vão se formar para vê-la em maio vão confirmar esse fato para quem ainda
tem dúvidas. Só no Brasil, a autora já vendeu mais de dois milhões de exemplares; ao redor do mundo, esse número chega a 29 milhões! Jojo faz parte da seleta lista de autores que já emplacaram três livros ao mesmo tempo na lista de best-sellers do The New York Times, uma das mais prestigiadas do mundo literário. E PODE VIR MAIS, JOJO!
(Parênteses) Tirando o vestido vermelho da cena da ópera, todas as roupas usadas por Emilia Clarke no filme vieram de brechós; * Moyes vive e escreve seus livros em sua fazenda em Essex, na Inglaterra, acompanhada do seu marido, o jornalista Charles Arthur, e seus três filhos.
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o n i e h c A Por Clara Saveli
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Laís tem 23 anos e, além de escrever, estuda Arquitetura e Urbanismo. Apesar de escrever desde os 13, só teve coragem de publicar a primeira história aos 18: foi uma fanfic! Laís passou algum tempo publicando em sites especializados antes de se aventurar com histórias originais no Wattpad. No momento, além de dividir a vida entre escrever e fazer projetos e maquetes para a faculdade, tenta usar o tempo livre para assistir séries, atingir suas metas de leitura e fazer capas de livros no Photoshop (um talento nato!).
Publiquei Revista: Como foi que você descobriu o Wattpad e o que te fez começar a publicar nele? Laís Abreu: Já conhecia o Wattpad há algum tempo, mas só fui começar a usar minha conta no finalzinho de 2014, quando minhas autoras favoritas começaram a postar suas histórias na plataforma e acabei me apaixonando de vez. Apesar de adorar toda a praticidade do Wattpad, confesso que tive um pouco de receio antes de começar a postar minhas histórias por lá, porque tinha medo de ninguém ler o que eu publicasse, mas minhas amigas me convenceram de que seria bacana, deu certo e agora não largo mais! PR: Como a interação direta com os leitores afeta sua escrita? LA: É maravilhoso ver que tem leitores acompanhando alguma história minha, acho que isso me deixa mais empolgada na hora de escrever. Às vezes, demoro muito para postar uma atualização, porque não consigo conciliar a faculdade com o tempo livre que tenho para escrever. Por causa disso, acabo entrando em um bloqueio criativo ter-
rível. As minhas leitoras são maravilhosas por esperarem pacientemente que minhas crises passem e sempre me dão muito carinho e apoio. Isso, definitivamente, faz com que eu continue firme e forte. PR: Qual foi sua maior inspiração para escrever “Headline”, que está sempre nos topos da lista de Ficção Geral? LA: Uma amiga já tinha plantado uma
sementinha na minha cabeça sobre a história de uma atriz que precisava ver o mundo fora do mundo dela. A partir daí, a inspiração para “Headline” foi uma mistura de filmes, músicas e séries. A ideia se formou totalmente na minha cabeça quando terminei de assistir (pela milésima vez) o filme “Como Perder um Homem em 10 Dias”. Anotei as ideias no meu caderninho e as cenas acabaram surgindo de acordo como cada personagem era criado
Conhece alguma história ou autor que gostaria de ver por aqui? Envie para contato@publiqueirevista.com ou em nossas redes sociais! 10
e com as músicas que eu ouvia e acabava associando à história. PR: Qual é seu autor favorito – dentro e fora do Wattpad? LA: Todos! (risos) Leio muita coisa no Wattpad, muita mesmo. Livros que eu encontro e me apaixono, livros das minhas amigas, livros que minhas amigas indicaram... Então fica difícil escolher qual o meu autor favorito, porque adoro muitos e acompanho cada um deles. Fora do Wattpad, no momento, eu estou fascinada pela Gillian Flynn! Essa mulher é maravilhosa e queria muito escrever pelo menos um pouquinho que nem ela. PR: Como você consegue transitar tão facilmente entre os gêneros? “Headline”, “Arqui-Inimigos”, “The Killer” e “Jealous” são de gêneros diferentes. É mesmo fácil para você? LA: Transitar entre os gêneros é algo que eu sempre quis. Desde que comecei a escrever e a levar mais a sério, me desafiei a fazer pelo menos uma história de cada gênero para falar com a certeza qual é aquele que mais gosto e que tenho mais facilidade (comédia romântica está em primeiro lugar). Escrever histórias com gêneros diferentes não é tão complicado quanto imaginei, o problema é saber organizar meu tempo
para escrever tantas histórias assim, mas não consigo parar. Inclusive, já estou planejando mais duas histórias, uma é sobrenatural e a outra, mistério. PR: Quais são seus planos para o futuro? Deseja publicar algum dos seus livros em formato físico, já sabe qual é a sua próxima obra para o Wattpad, vai se aventurar na Amazon...? Conte-nos tudo! LA: Ai, são tantos! Nem sei por onde começar, mas vamos lá. O desejo de publicar algum dos meus livros no formato físico surgiu quando comecei a escrever “Headline”, então a minha primeira tentativa será com ele. A história está chegando à reta final e, apesar de ser apaixonada por todo o enredo de “Headline”, não sei se estou pronta para tentar a publicação. Meu plano principal é finalizar “Headline”, fazer uma revisão e, por fim, tentar publicá-lo. Também penso em me aventurar na Amazon, mas tenho algumas histórias especiais guardadas para isso. Assim que terminar “Headline”, meu foco será dar continuidade a “Arqui-Inimigos” e finalizar “The Killer”. Estou me controlando para não postar um novo projeto no Wattpad, senão me enrolo toda, mas já decidi qual será a próxima obra a entrar para a plataforma. A história se chama “Kaleidostar”, que é uma
mistura de comédia com sobrenatural e conta a história da Venus e do sonho dela de ser uma grande atriz de teatro. Estou bem empolgada com ela! PR: Agora, para descontrair: se você pudesse escolher um dos seus livros para que o mundo todo conhecesse, qual seria e porquê? LA: Sou apaixonada por todos os meus livros, são meus filhotinhos, mas se pudesse escolher um deles para que todo mundo conhecesse, seria “Headline”! Dois motivos me levam a escolher esse livro. O primeiro é que foi com “Headline” eu percebi que não queria fazer da escrita apenas um passatempo e que queria algo mais, como deixar alguma mensagem boa para os leitores que acompanham meus livros e até mesmo publicar. O segundo motivo é que “Headline” apareceu para mim no momento certo! Passei um bom tempo fazendo curso pré-vestibular e isso não estava me deixando bem, então o momento que eu parava um pouco para poder escrever a história da Aurora e do Fletcher, era a melhor parte do meu dia. Foi escrevendo “Headline” que eu consegui aliviar todas as minhas frustações e que percebi que ia ser forte para passar por aquela fase horrível. Então seria bacana atingir vários leitores com essa mensagem, de que não devemos desistir do que queremos e que uma hora vai dar certo!
Você pode acessar todas as histórias da Lais Abreu em https://www.wattpad.com/user/laisdpmas
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Amamos ebooks Por Thayanne Porto
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éssica Anitelli escreve desde os 17 anos, quando começou a escrever os primeiros capítulos de “O Punhal”, sua obra de estreia. Desde então, já assinou diversos títulos, dos mais diversos gêneros e temas. Formada em Letras pela Universidade Federal de São Paulo, divide seu tempo entre escritora e revisora de textos na Editora Poliedro. Em 2015, deixou de escrever livros eróticos para se dedicar ao gênero Jovem Adulto, buscando sempre trazer para suas histórias discussões sociais.
to livro em e-book e até já tirei alguns de circulação. Eu gostava muito de um romance erótico chamado “Volúpia” que tirei do ar em 2015, pois deixei de escrever esse gênero. No entanto, reescrevi a história ano passado com o título “Meu ponto de luz”. É uma história de amor e superação que gosto bastante, por isso decidi não a deixar se perder. Quem sabe não publico em e-book também.
PR: Publicar suas histórias em e-book tem atendido suas expectativas? Publiquei Revista: Das suas histó- JA: Quando eu escrevia livro de rias publicadas em e-book, qual é a cunho adulto, sim, pois a venda era praticamente certa. Quando mudei sua favorita? Jéssica Anitelli: Já publiquei mui- de gênero, o que implicou na mudan12
ça de público-alvo, as vendas caíram muito; o young adult sai com mais dificuldade. Mas, mesmo assim, mantenho os livros disponíveis nesse formato, e cada retorno é maravilhoso. PR: O processo para escrever “O Punhal” foi longo. Deixar a história “de molho” por um tempo fez a diferença? JA: “O Punhal” foi minha primeira história, idealizei-a aos 17 anos e terminei de escrever aos 19. Eu não tinha experiência na época e por isso demorou tanto. Era difícil passar para o papel aquilo que eu queria/sentia. De lá para cá, aprendi como realmente escrever. Muita
coisa mudou, afinal foram praticamente 10 anos. Há uns 3 anos fiz uma releitura na história para colocá-la no Wattpad. Hoje em dia, eu mudaria muita coisa nela, faria uma verdadeira revisão, reescreveria alguns trechos, mas não tenho tempo para isso. Mexer em uma série de quatro livros não é fácil, e estou priorizando novos projetos. Mas sim, deixar a história “de molho” faz muita diferença. Por isso não pego para mexer em “O Punhal”, pois sei que mudarei muita coisa exatamente por causa desse tempo que fiquei longe da história. PR: Fui atraída pela capa de “País Imerso” e me apaixonei pela sinopse, principalmente por ser uma distopia que se passa no Brasil. Pode falar um pouquinho sobre a inspiração para a história e a parceria com o Allan Cutrim? JA: A ideia para “País Imerso” surgiu no final de 2012. Eu queria escrever uma distopia e ambientá-la no Brasil, usando o exército e a alienação da população, mas eu não tinha ideia de como fazer, só sabia que queria fazer. Contei a ideia para o Allan, que curtiu muito. Pouco tempo depois, ele me mandou um conto que havia escrito, em que a ideia de sociedade e das coisas proibidas ia muito de encontro ao que eu queria com a minha distopia. Foi nessa hora que resolvemos escrever juntos. Afinal, duas cabeças pensam melhor do que uma. (risos) Começamos a escrever em 2013, mas íamos aos trancos e barrancos, devagar quase parando. Eu já tinha
idealizado a Aline (protagonista), e nós dois criamos as demais personagens. Contudo, a vontade de realmente escrever essa história só veio mesmo após os protestos de junho de 2013. Acho que foi o gás que nós autores precisávamos. Claro que escrever a dois não é nada fácil, é um processo bem mais lento, pois discutimos via Skype cada capítulo antes de ser iniciado. Depois que um escreve, o outro lê e faz algumas alterações pertinentes. Nesse ritmo, terminamos a primeira versão do “País Imerso” em junho de 2014 (acredite, foram várias versões até finalmente batermos o martelo e dizer “está pronto”). A parceria com o Allan é maravilhosa. Ficávamos 2 horas conversando pelo Skype e vamos viajando na história. Creio que essa seja a melhor parte de não estar escrevendo sozinha, pois tem outra pessoa pensando comigo, imaginando o que fazer com as personagens, como colocá-las numa enrascada e depois tirá-las. Ano passado terminamos o livro 2 (País Corrompido) e iniciamos o livro 3 (País Emergente). Talvez o livro 2 seja publicado em e-book ainda este ano. PR: Você acha que é mais difícil escrever uma história que seja livro único ou série? JA: Série, com certeza (risos). Minha primeira experiência foi com uma série. E como eu não sabia muito sobre como as coisas funcionavam, escrevi sem planejamento, o que gerou quatro livros. Hoje pen-
so duas, três, quatro vezes antes de me enfiar em uma série. O problema não é escrever, pois com planejamento, tudo ficou mais fácil para mim. O difícil mesmo é “vender” essa história depois. Muitas editoras não gostam de séries, ainda mais de autores sem nome consolidado. Há leitores que também preferem que a série esteja concluída antes de iniciar a leitura. Para o autor iniciante, é ainda mais complicado começar com uma série. Quando alguém que está começando vem me pedir conselhos, falo “não comece com uma série”. A chance desse autor largar a série ou a editora não publicar as continuações é muito grande, vi muito isso acontecer. A minha série de vampiros mesmo não foi para frente, apenas terminei para não deixar os leitores sem um final. Agora, se for uma publicação independente via e-book, creio que o cenário seja outro. Mas não existe uma fórmula certa, o negócio é tentar e ver no que dá. PR: Deixe, por favor, uma mensagem para os seus leitores. JA: Agradeço pelo tempo destinado a ler esta entrevista e espero que, aqueles que não me conheciam, possam ter se interessado pelo meu trabalho. Meus livros estão disponíveis na Amazon em formato e-book e tenho alguns para leitura gratuita no Wattpad. Espero também ter um lançamento impresso o quanto antes para que assim possa voltar a ser lida nesse formato também. Até a próxima!
Qual autor você gostaria de ver por aqui? Envie sua sugestão para publiqueirevista@gmail.com e não perca as próximas edições! 13
[no mulheres que lêem] Por Lyli Adams Organizado pelo blog “Mulheres que Escrevem”, o evento Mulheres que Leem Mulheres aconteceu no dia 4 de abril, na livraria Blooks, no Rio de Janeiro. O evento, que se esforçou para ser pontual, já começou com as cadeiras cheias — eu peguei uma das últimas — e com algumas pessoas de pé. Recheado da presença feminina, o primeiro de uma série de eventos planejados no Rio de Janeiro começou com uma proposta ousada: é necessário um espaço de interação entre escritoras, é necessário que mulheres possam se
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encontrar na literatura. Os coletivos Alpaca Press, Leia Mulheres e Maracujá Roxa, assim como o anfitrião Mulheres que Escrevem, conversaram sobre a dificuldade da mulher de se ver como escritora e de se inserir no mercado. Era comum o sentimento de que a busca das mulheres de ocupação de todos os espaços é necessária. O evento nasce como um grupo de apoio entre mulheres, onde no lugar de disputa de espaço, existe uma boa conversa. Também carrega em seus objeti-
vos a vontade de apresentar o trabalho de mulheres às próprias mulheres. Durante o longo assunto, também foram ouvidas falas de escritoras na plateia e temas polêmicos foram comentados, como o preconceito com a tal “literatura cor-de-rosa”; Ju Spohr, uma das convidadas, rebate que
mulheres podem e devem estar em todo tipo de ramo literário, pois “nem todo texto tem que ser militante”. Ao sair da livraria Blooks, tinha uma sensação gostosa por ter estado entre colegas de experiência tão próxima à minha. Torna-se verdadeira a fala de uma das leitoras da plateia: “ler mulheres é especialmente saboroso”.
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AlineVale A Por Carol Dias
line Valek (pronuncia-se Válek) nasceu em Governador Valadares (MG) em 1986 e hoje vive em São Paulo. Seu currículo, além de extenso, é impressionante: é escritora e ilustradora, já teve um podcast, foi editora do portal de quadrinhos do “Update or Die!” e ex-redatora-publicitária. Deixou o mundo da publicidade para trás para se dedicar à literatura. Editou a coletânea de ficção científica feminista “Universo Des-
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construído” (lançada de forma gratuita em 2013) e, em 2016, publicou seu primeiro romance, “As Águas-Vivas Não sabem de Si” — que nós resenhamos na edição de dezembro. Atualmente, divide seu tempo entre sua newsletter Bobagens Imperdíveis, que virou física, e sua coluna na Carta Capital, além de ser ilustradora e criadora do Literatura Ilustrada e co-criadora e editora do Universo Desconstruído, um selo independente de Ficção Científica, que tem o ob-
jetivo de levar mais diversidade ao gênero, para manter sua pluralidade e visão de um mundo melhor. Ufa! Nessa entrevista, Aline nos conta como consegue se dividir entre tudo isso, suas inspirações e fala um pouco sobre como as autoras mulheres podem ajudar na luta do feminismo. Publiquei Revista: Não é fácil ser uma escritora independente. Para continuar com o seu trabalho, você depende também de do-
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ações e assinaturas do conteúdo. Conte um pouco mais sobre isso e como essa forma de pagamento muda a relação com o leitor. Aline Valek: Quando o que eu faço passa a ser significativo para outras pessoas (porque sempre é para mim) a ponto de elas me pagarem para que eu continue fazendo, a responsabilidade de fazer arte se torna ainda maior. Mas, é uma responsabilidade baseada em troca, não numa relação tirânica de exigências e cobranças, como se fossem chefes ou clientes. É a pes-
soa me fazer uma doação como um gesto de “continue fazendo isso que significa tanto para mim” e, em troca, eu dou o meu melhor. Isso cria uma conexão, uma relação de confiança. Fico muito agradecida com cada pequeno gesto de apoio, seja ele uma doação, ou alguém compartilhando meus textos, comprando meus livros ou minhas zines. Se a pessoa gosta de um artista, cada um desses pequenos gestos de apoio conta muito, fazem a diferença de verdade.
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FOTO/DIVULGAÇÃO: LEON RODRIGUES
Se a pessoa gosta de um artista, cada um desses pequenos gestos de apoio conta muito, fazem a diferença de verdade.
AV: Na verdade, não vejo muita. Claro, há diferença quando pensamos em tamanho, meio de publicação, finalidade, quem vai ler. Mas tanto nos meus textos opinativos quanto na ficção eu tento colocar verdade. Só vou escrever sobre algo que realmente tenha me tocado. O que eu acho mais incrível é que há diversas formas de contar a verdade, de ser íntimo, de escrever algo que vai dialogar com outra pessoa, seja numa coluna de opinião, num conto, num livro, num texto cheio de maluquices.
PR: Ainda nessa questão de rePR: Você também é ilustratorno financeiro, muitos jovens dora! Como consegue equiquerem se arriscar nesse mundo, librar tudo isso e da onde mas tem medo da falta de estasurgiu essa veia artística? bilidade e um pagamento cada AV: Na verdade, eu já desenhava vez menor por parte das editomuito antes de ser escritora. Eu nem ras. Que conselhos você daria imaginava ou tinha a ideia de escrepara quem é jovem e sonha em ver livros, o que eu queria mesmo ter a literatura como profissão? era ser ilustradora da Marvel. Desde AV: Maior conselho que tenho muito nova eu já fazia minhas própara dar é: não aceite conseprias histórias em quadrinhos, mas lhos de escritores. Esse povo não com o tempo fui percebendo que o bate bem da Sei cabeça, na maioque eunão queriadepenrealmente era poder que um livro bom ria dos casos não faz ideia do que histórias — o que descobri que de de gênero, mascontar de qualidade liestá fazendo. Jovens, estudem. eu fazia muito melhor escrevendo. terária: personagens bem Talvez essaconstruveia artística tenha inPR: Além de escrever nos livros,bemfluência do meu pai, que escreídas, tramas armadas, falas você é colunista da Carta Cave poesia e desenha muito bem. articuladas e umaMeu boairmão, narrativa. pital. Qual a principal diferenapesar de mais novo, ça entre as formas de escrita? sempre desenhou muito melhor 17
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que eu, e foi para tentar superar ele que me meti a aprender a desenhar. Hoje essa habilidade me ajuda muito, porque a ilustração acaba sendo um complemento no meu trabalho. PR: Não é fácil ser mulher — e esse é um assunto que você aborda bastante nos seus textos. Agora, com a Internet, conseguimos ter nossas vozes mais ouvidas do que antes e, assim, vamos conquistando nosso espaço. Como você vê esse movimento? AV: É maravilhoso, transformador. Claro que ainda há muito pelo que lutar e há cenários que são difíceis de transformar, de violência, de mulheres morrendo, de desigualdade a nível institucional. O discurso feminista ainda não alcança muita gente, por mais que a internet ajude a amplificar, mas essa geração de mulheres conscientes da importância da própria voz significa muito e a longo prazo vai representar uma mudança ainda maior.
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PR: Depois de quase 130 edições, a sua newsletter “Bobagens Imperdíveis” saiu do virtual e foi para o real. Agora, os leitores podem ler no físico, em um material que chega todo mês na casa deles. Por que você mudou o formato e como foi esse processo? AV: “Bobagens Imperdíveis” sempre foi meu laboratório de criação, onde pude experimentar várias ideias e formas de levar minhas histórias para as pessoas, então a mudança de formato foi um próximo passo nessas minhas experimentações. Também porque queria tirar um pouquinho as pessoas da internet e dar a elas o gostinho de receber cartinhas em casa que não fossem cobranças e propaganda. Há mais de dez anos cheguei a fazer fanzines, então resolvi aproveitar essa minha experiência com publicações independentes e artesanais para iniciar a nova fase de Bobagens. Está sendo um processo de bas-
tante aprendizagem. Porque trazer algo para o mundo físico dá trabalho e tem exigido de mim fazer muitas coisas pela primeira vez, mas sobretudo porque produzir a zine tem desafiado a minha criatividade muito além do que o escrever e ilustrar. Essa é minha parte favorita do trabalho, porque só consigo criar se estou sendo desafiada e se consigo me surpreender com o que faço. Se não for assim, para mim, não funciona. PR: Vamos falar um pouquinho dos seus livros agora. Em “As Águas Vivas Não Sabem de Si”, você usa seres fantásticos para mergulhar na profundidade do ser humano e o que significa ser humano. Da onde surgiu essa ideia? AV: Veio da minha vontade frustrada de ter seguido carreira como bióloga marinha (antes de querer ser ilustradora da Marvel, veja
bem). Tenho muita curiosidade por ciência e sempre me intrigou o fato de que conhecemos tão pouco do nosso próprio oceano. Já que não seria capaz de mergulhar de verdade, resolvi explorar o oceano com minha imaginação. Muita gente me pergunta quais dos seres retratados no livro são reais. Eu prefiro não dizer, porque acho todas as criaturas que vivem no oceano fantásticas. E há tanto desconhecido lá embaixo que não duvido que até as criaturas que inventei realmente possam existir ou já existiram em algum momento. Vai saber. Mas antes de vir a ideia da história, primeiro veio a personagem: eu queria escrever sobre uma mergulhadora que encontrava nas profundezas do mar algo que ela não era capaz de entender. Eu ainda não sabia o que a história se tornaria, mas resolvi escrever para descobrir. PR: Você já escreveu três livros. Conte um pouco sobre como é o seu processo criativo. AV: Eu passo um bom tempo conversando com os personagens, escrevendo sobre eles, para tentar conhecê-los melhor. Escrevo histórias que consistem em jogar os personagens em situações extremas e absurdas para ver como eles se viram, e isso só funciona se eu sei bem quem eles são. A organização e o planejamento são parte importante do meu processo. Mas eu não planejo tanto “o quê” escrever, mas “o como”. Não sigo à risca um planejamento da história, não crio trama, nada disso. Gosto de ir descobrindo os porquês da história no meio do caminho. PR: Você aborda vários temas na sua escrita: feminismo, ficção
científica, cotidiano, cultura pop.. Você consegue escolher uma temática preferida? AV: Não tenho exatamente temáticas preferidas. Não gosto da ideia de me limitar a um só tema, acho chato escrever sobre uma coisa só. Escrevo sobre o que me inspira ou sobre o que me incomoda. Isso pode vir como um texto sobre timidez, astronomia ou séries de TV, um conto sobre sonhos, alienígenas ou dinossauros, ou ainda um romance sobre o fundo do mar. A própria literatura é uma ferramenta para explorar esses temas, e ela é grande o suficiente para caber o universo. PR: Quais são suas grandes influências? AV: Virginia Woolf e Elvira Vigna transformaram minha forma de encarar literatura. Cresci lendo as HQ’s e livros do Neil Gaiman, as histórias da Ruth Rocha e da Ana Maria Machado. Admiro muito Stephen King por sua produtividade e criatividade. Adoro o humor inteligente do Douglas Adams, a escrita fantástica do Julio Cortázar, a forma como Margaret Atwood mergulha nos personagens. Amanda Palmer é da música, mas ela me inspira muito com a sua forma de criar arte e se relacionar com os fãs. PR: Para finalizar: indique um livro que não seja seu para os nossos leitores. AV: Qualquer um da Elvira Vigna. O “O que deu para fazer em matéria de história de amor” é uma excelente pedida.
Bom saber A autora participou da organização da coletânea e conto “Eu, Incubadora” do Universo Desconstruído em 2013, além de ter vários contos publicados em revistas nacionais. * Aline tem em seu currículo ilustrações de capas, além da edição do “Universo Descontruído” no Sonho da Sultana, publicado em 2014. * Aline também fez o prefácio do livro Outrofobia (do autor Alex Castro), publicado em 2015
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O Escritor Feriadista Dorme, dorme. Come, come. Trabalha, trabalha. Quase uma sequência dirigida por Chaplin. Na correrida dos dias de hoje, é realmente cada vez mais difícil de se conseguir o famoso “tempo livre”. Para quem não trabalha exclusivamente com literatura, é tudo ainda mais complicado. O mundo praticamente nos obrigada a postergar nossos projetos para os poucos dias livres que temos. Nasce assim o Escritor Feriadista. O Escritor Feriadista não é menos dedicado que qualquer outro. Pelo contrário, ele trabalha ainda mais bravamente: na folga do trabalho regular, ele trabalha com escrita; na folga do trabalho com escrita, ele vai pro trabalho regular. Nós deveríamos todos invejar o pique do Escritor Feriadista, isso sim. Há o lado ruim desta classe, é claro. Cansaço físico e mental podem destruir um escritor, bem sabemos. Em certos dias não queremos sequer ver uma caneta, mas está tudo bem. Nenhum homem é uma máquina e nem o escritor deveria ser (nem mesmo uma máquina de escrever). Seja você Feriadista, Pós-Trabalhista, Madrugadista ou o raro “Escritor Profissional”, saiba que o que mais importa você já é. Você é escritor. E o resto é só intriga da oposição...
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Por
Lyli Adams
Autora de Pecadores, Íris e Inimigo Digital. sitedoup.com.br @raindancely
Falando nisso...
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uem gosta de ler, ocasionalmente acaba chegando em quadrinhos. Se não uma porta de entrada para leituras mais extensas, uma fuga dos livros tradicionais. E com a chegada do mês de abril na Publiquei, vamos falar um pouco sobre uma história fresquinha que merece nossa atenção e, com certeza, ser lida. Um clássico quadrinho de super-herói, a história de Pindorama se passa em uma cidade de Recife distópica. Após o aviso iminente de um tsunami, o governo tem um curto tempo para construir muros e barragens que impeçam o mar de tomar as ruas, mas apenas parte desses muros fica pronta de fato e, com a invasão do mar, parte da ci-
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dade submerge, tornando o alto dos prédios lugar perfeito para os bandidos, malfeitores e gangues, em uma espécie de cangaço urbano. Como personagem principal temos Samuel. Um cara que vive em meio a uma crise existencial, acaba indo atrás dos rastros da identidade do grande chefe do crime e é sequestrado, tornando-se uma cobaia para experimentos científicos. Dado como morto, ele é jogado ao mar junto de outros reféns, mas acaba sobrevivendo e ganhando super poderes. Além de uma narrativa bem instigante, a história conta com personagens bem elaborados, como Maria Bonita, a líder travesti da gangue mais famosa e perigosa de Recife, e que aca-
Por Tati Machado ba se mostrando muito mais do que uma criminosa. Criada por Erick Volgo e ilustrada por Lehi Henri, o nome Pindorama foi inspirado pela forma que os tupi-guaranis chamavam o Brasil e a “Terra das Palmeiras” faz alusão total com os altíssimos prédios da cidade. Idealizado há dois anos, o projeto conta com o apoio do governo de Pernambuco. Os quadrinhos terão cerca de dez volumes e poderão ser encontrados na página oficial da obra no Facebook. O melhor de tudo é poder anunciar que Pindorama está sendo lançado na CCXP Tour Nordeste, que acontece de 13 a 16 de maio em Fortaleza. Você está esperando o quê para conferir agora esse lançamento?
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