159 fevereiro 2009

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POLOS LOGÍSTICOS

Potência mineral

José Francisco das Neves: maior eficiência e menores custos no transporte

de engenharia. “A previsão é de que as obras tenham início já no segundo semestre deste ano”, afirma. Neves ressalta os grandes ganhos logísticos proporcionados por este projeto. “A construção da Bahia-Oeste aproximará não apenas o litoral da Bahia, mas o litoral brasileiro do Centro-Oeste e Norte do país, uma vez que se interligará à Ferrovia Norte-Sul. Isso representa não apenas uma maior rapidez e eficiência no transporte da produção de toda a área, mas também uma redução de pelo menos 30% no custo do que é transportado.” Para o presidente da Valec, a “cruz” ferroviária que será formada entre a Norte-Sul e a Leste-Oeste vai realizar o antigo ideal de integração multimodal do Brasil. “De fato, a Bahia-Oeste faz parte de toda uma logística de transporte eficiente e integrada. Como será construída nos mesmos padrões da Norte-Sul, inclusive em bitola larga, é tudo o de que essas áreas de enorme potencial produtivo, tanto do litoral quanto do interior, sempre sonharam dispor. E quando nos deparamos com a possibilidade de transporte de mercadorias através de um sistema eficiente e mais barato que o modal rodoviário, inclusive com a possibilidade de exportação tanto pelo Atlântico como pelo Pacífico, esse sonho parece ainda maior.” 38 - Revista Tecnologística - Fevereiro/2009

A maior interessada e viabilizadora da construção da Ferrrovia Oeste-Leste é a Bahia Mineração (Bamin), uma sociedade estrangeira entre a Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), do Casaquistão, e a indiana Zamin Ferrous, cada uma com 50% das ações. A empresa começará a extração e beneficiamento de minério de ferro a partir do segundo semestre de 2011, em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador. O chamado Projeto Pedra de Ferro fará da Bahia o terceiro estado em produção de minério de ferro no Brasil, depois do Pará e de Minas Gerais. Os sócios investirão mais de R$ 3 bilhões no projeto, que produzirá, anualmente, 25 milhões de toneladas de minério. O escoamento da produção envolverá 430 quilômetros de estrutura de transporte e um terminal de embarque privativo vizinho ao Porto Sul, a 20 quilômetros de Ilhéus. A estrutura contará com um píer de 2,5 quilômetros de extensão e um berço de atracação com capacidade para embarcar até 70 mil toneladas por dia. A Bahia Mineração vai empregar oito mil pessoas na fase de implantação e 1,3 mil na operação. No momento, a empresa está em fase de pesquisa geológica. O minério de Caetité é considerado de baixo teor (35% a 40%). Para atingir a concentração exigida pelo mercado (66%), necessita de beneficiamento, efetivado à base de água, que será captada no rio São Francisco. O produto final é chamado de PFF (Pellet Feed Fine). Segundo Clóvis Torres, vicepresidente da Bahia Mineração, a expansão da economia mundial, em particular a da China, assegura a conveniência de investir em minério de ferro. O comércio global desta commodity saltou de 470 milhões de toneladas, em 2000, para 800 milhões, em 2007. Mesmo com a crise, a estimativa é de que

esse mercado chegue a 960 milhões de toneladas em 2010. “Embora a mudança no mercado a partir de agosto de 2008 possa influenciar negativamente na negociação de preços para 2009, não está havendo mudança na demanda e oferta no longo prazo. Por isso, nossos planos estão mantidos. Além disso, a crise valorizou o dólar, o que aumenta as possibilidades de investimentos no projeto. O momento é propício para que a empresa se prepare para o reaquecimento do mercado”, declara Torres, que já foi diretor da Vale e também atuou na IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial, em Washington. Para ele, a Bahia está no caminho certo da competitividade, implantando um corredor logístico multimodal de exportação, integrado ao Porto Sul, que proporcionará os menores custos logísticos possíveis. “Além disso, toda uma rede de serviços poderá ser implantada e desenvolvida na região de influência direta do empreendimento”, aponta o vice-presidente.

Porto Sul Empreendimento chave para a revitalização econômica da região de Ilhéus, o Porto Sul será muito mais que um novo terminal marítimo. “Trata-se de um complexo industrial e intermodal, envolvendo porto, ferrovia, hidrovia, rodovia e aeroporto. Uma solução

Clóvis Torres: demanda de minérios está mantida no longo prazo


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