Águas Turvas

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DANA MERRILL

IIRSA: integração física, não de povos ou culturas Linha de transmissão entre as duas centrais hidrelétricas do Rio Madeira e o sistema central

Boca do Acre

Porto Velho

Abunã

BRASIL

Complexo hidrelétrico do Rio Madeira incluindo eclusas para navegação

Rio Branco Plácido de Castro

Cobija

Guajará-Mirim Riberalta

Hidrelétrica Cachoeira Esperança (Rio Beni)

PERU

Cusco

Puerto Maldonado Hidrovia Madre de Dios e porto fluvial

Ayaviri

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Hidrelétrica binacional Bolívia-Brasil

BOLIVIA Navegação do Rio Beni Hidrovia Ichilo-Mamoré

Projeto Ancla: Navegação do Rio Madeira entre Porto Velho e Guajará-Mirim

Trinidad

CORREDOR FLUVIAL MADEIRA - MADRE DE DIOS - BENI

A MADEIRA-MAMORÉ FOI CONSTRUÍDA PARA TRANSPORTAR BORRACHA

A Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) surgiu da Reunião de Presidentes Sul-Americanos realizada em agosto de 2000, em Brasília, em que os lideres da região concordaram em realizar ações conjuntas para impulsionar um processo de integração política, social, e econômica, baseado na expansão da infra-estrutura regional, e ações para estimular a integração e desenvolvimento das chamadas “sub-regiões isoladas”. Basicamente, a IIRSA prioriza a integração física, através de projetos de transportes, energia e comunicação. Seus projetos prioritários estão organizados por “eixos”, principalmente para preencher os grandes “vazios” do continente (Amazônia, Pantanal, Chaco, Cordilheira dos Andes) com atividades econômicas de grande porte. A orientação básica é facilitar a exportação de produtos primários para portos do Atlântico, Pacífico e Caribe. A primeira “agenda consensuada” inclui 31 projetos, com orçamento total de US$ 6,921 bilhões. No entanto, a carteira maior da IIRSA é de 350 projetos, que custariam US$ 38 bilhões, incluindo o Complexo Hidrelétrico e Hidroviário do Rio Madeira. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Fundo Financeiro pelo Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) dão apoio técnico e financeiro à IIRSA.

a intensa e crescente demanda pela borracha amazônica, o imperativo na abertura de linhas de transporte na Amazônia focava na exploração das riquezas naturais da região. Em 1860, Bolívia e Brasil concordaram em construir a ferrovia Madeira-Mamoré para facilitar o transporte de minérios entre Mato Grosso e Pará. Esta ferrovia proporcionaria à Bolívia uma saída para o Atlântico e ao Brasil uma alternativa para o transporte de mercadorias para o sul, até Buenos Aires, através dos rios Paraguai e Paraná. Contudo, as tentativas de construir a ferrovia, em 1862 e 1877, falharam devido ao alto índice de contaminação de doenças tropicais entre os ferroviários. Em 1903, Brasil e Bolívia assinaram o Tratado de Petrópolis. Sob este Tratado, o Brasil se comprometeu a construir a ferrovia entre Porto Velho e Guajará-Mirim e, em troca, anexou o território do Acre, que pertencia à Bolívia. O trabalho recomeçou em 1907, no apogeu do boom da borracha, em uma época em que esta era a segunda mais importante mercadoria do Brasil, ficando atrás somente do café. O trecho inicial de 90 km foi inaugurado em 1910 e o trecho final em 1912. Devido ao fato de que milhares de trabalhadores perderam suas vidas, principalmente devido à malária e outras doenças tropicais, esta estrada foi apelidada de “Ferrovia do Diabo”. Com o fim do boom da borracha, ela foi desativada nos anos 305.


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