Águas Turvas

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vários rios, o que cria uma mistura de efeitos e a possibilidade de pesca de diversas espécies em diferentes afluentes durante várias estações. Portanto, os pescadores comerciais de maior porte, com maiores barcos, mais pescadores por barco e duração das viagens de pesca mais longas, estão no lado oposto do trecho estudado do rio. Como resultado, estes pescadores geralmente pescam mais, a um custo mais alto. Entre Porto Velho e Guajará-Mirim há muitos pequenos povoados, como Cachoeira Teotônio, Jacy-Paraná, Nova Mamoré, Vila Murtinho e Jirau. Ao redor destes pequenos povoados, sempre há comunidades muito menores, às vezes, com cinco ou dez famílias, com barracos de madeira. Conhecidos como ribeirinhos, eles pescam e plantam para a subsistência ou um pouco mais que isso. Seus barcos e canoas são menores, com pequenos motores externos, e suas viagens raramente duram mais que um dia. Geralmente, os ribeirinhos pescam como uma família, ou dividem ou emprestam barcos em relações casuais, enquanto, nas cidades, os pescadores têm relações muito bem definidas como empregadores e empregados.

D- Descrição do mercado

UM EIA-RIMA CHEIO DE FALHAS...

Peixes dourada e babão são ameaçados de extinção “A ocorrência de um comportamento de homing (retorno à área onde nasceu) tornaria estas espécies bastante vulneráveis ao barramento, pois o bloqueio do rio eliminaria uma população distinta, mesmo se este bloqueio fosse temporário. Durante o período de bloqueio não haveria a reposição de indivíduos para as áreas de desova acima da cachoeira - e os reprodutores nas cabeceiras do Madeira diminuiriam em número com o tempo, sendo que o desaparecimento completo dependeria da intensidade da pesca nas encostas e do tempo do bloqueio. Sem os ovos produzidos nesta área não haveria a migração de retorno e esta população estaria extinta. Estudos de marcação são necessários para complementar este projeto.” Ronaldo Barthem e Michael Goulding

Nas cidades, os pescadores utilizam a colônia ou associação para ajudá-los na venda de peixe ao consumidor. A colônia organizada dos pescadores tem um sistema de compra em volume do peixe direto do barco, ao amanhecer, por um determinado preço por kilo, dependendo do estoque. Logo no início da manhã, donos de mercados, vendedores profissionais de peixes ou outros indivíduos compram os peixes - tanto em estado natural como descamado, destripado e limpo, ou cortado - por um preço um pouco mais caro que o que foi pago ao pescador. A colônia sempre proporciona um lugar para vender gelo aos pescadores. Geralmente, os vendedores de redes e outros materiais de pesca ficam instalados próximos à colônia. Nas áreas entre Porto Velho e Guajará-Mirim, a venda de peixe é menos organizada. Os pescadores agem também como vendedores. A maioria dos pescadores têm refrigeradores para armazenar os peixes e vendem direto ao consumidor, nas ruas ou em suas próprias casas. É bastante comum encontrar na frente das casas dos pescadores tabuletas “aqui vende-se peixe” ou simplesmente “peixe”. Em muitas famílias, o pai e os filhos mais velhos pescaram, e os filhos mais novos, filhas ou esposas vendem os

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