"Comunicações" Outubro 2022

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São Francisco de Assis

ESPECIAL

No dia de São Francisco de Assis, Frei Anselmo completa 60 anos de presbítero Frei Aldolino celebra 50 anos de Vida Religiosa Franciscana

Nossa Senhora do Rosário é homenageada em Vila Velha Beatriz, Francisco e Antônio visitam Frei Galvão em Guaratinguetá

ESPECIAL São Francisco de Assis

EVANGELIZAÇÃO

Encontro ampliado da Frente de Solidariedade e JPIC define ações concretas e diretas

MISSÃO EM ANGOLA: Relato e reflexão a partir de uma breve visita

Coral Canarinhos participa do 17º Congresso Nacional Pueri Cantores Frei Marx é nomeado para o “Grupo de Trabalho” visando a proteção do Aquífero Guarani e Gran Chaco

Sefras lança livro “Fome e assistência alimentar na pandemia”

CFFB

Reencontro da Família Franciscana de São Paulo no tempo da sinodalidade

OFM

A Ordem dos Frades Menores

números

Papa no Bahrein

MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL “Um ano depois do Capítulo, o Fórum Provincial da Evangelização – O tempo e a importância das escolhas lúcidas”, de Frei Paulo Roberto Pereira FORMAÇÃO PERMANENTE “Evangelização na Educação - I”, de Frei Vitorio Mazzuco Filho “O missionário não abandona o lugar onde fincou a cruz de Cristo”, de Frei Ivair Bueno de Carvalho FRATERNIDADES Encontro do Regional São Paulo: O valor da vida fraterna Segundo Encontro do Regional Curitiba: uma jornada celebrada entre irmãos! Regional Rio de Janeiro faz segundo encontro Pastoral Universitária da FAE e SAV promovem Semana Franciscana A “Aparecidafest” de Blumenau! Rocinha celebra a Mãe Aparecida Nilópolis festeja Nossa Senhora Aparecida 587 604 605 606 608 609 640 642 646 650 651 652 654 655 655 590 594 595 596 598 599 600 601 602 outubro de 2022 PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br Ministro Provincial: Frei Paulo R. Pereira Vigário Provincial: Frei Gustavo W. Medella Secretário: Frei Rodrigo da Silva Santos
em
AGENDA O

Um ano depois do Capítulo, o Fórum Provincial da Evangelização

O tempo e a importância das escolhas lúcidas

Eis que novembro bate à nossa porta. A recordação dos falecidos (2/11) inaugura o mês, o Fórum Provincial da Evangelização (7 a 10/11) ou as atividades do Dia Mun dial dos Pobres (13/11) estão por vir e todos já nos sen timos como que atropelados pelos planos do Adven to, Natal e até do desfecho do ano. Muitas vezes, não sem espanto, ouvimos ou exclamamos “como o tempo tem passado rápido”. A aceleração do tempo é um fenômeno que identifica a famosa Modernidade. Basta lembrar que até 1840, utilizando os recursos da época, o ser humano conseguia se locomover na velocidade de, no máximo, 16 km/h. Quando do surgimento do avião supersônico, em 1973, tal capacidade já estava em incríveis 2.179 Km/h, o que faria sobrar nada mais, nada menos, 78 dos 80 dias da famosa aventura do persona gem de Júlio Verne, que apostou dar a volta ao mundo neste intervalo.

Ninguém ousaria sugerir que não nos ocupássemos mais com os necessários planejamentos ou com a previsão de atividades. No entanto, será preciso garantir conquistas que extrapolem o respeitável conceito de eficiência, sobretudo na organização da vida apostólica e na execução da missão da Fraternidade. Aqui cabe recordar um confrade que, ao expe rimentar a alegre intensidade dos dias que antecederam sua ordenação presbiteral, bem como a própria celebração, no início das suas primícias, sugeriu que a assembleia dispensas se os relógios para que todos pudessem viver a Graça daquele instante. Foi, então, que o povo simples daquela comunidade

do interior ouviu, certamente pela primeira vez, os conceitos de “Tempo Cronológico” e “Tempo Kairótico”. Considerado anedota entre confrades, este não poderia conter uma estra tégia eficiente para combater o sentimento de impotência diante da avassaladora aceleração do tempo?

Tão atarefados estamos e ainda sofremos com a percep ção de não darmos conta de tudo o que precisamos fazer ou de tudo o que nos é exigido, seja pela função a nós atribuída, seja pela vocação por nós cultivada. Atender às Comunidades, escrever um artigo, visitar famílias, participar dos momentos de recreio da Fraternidade, rezar a Liturgia das Horas, reservar alguns dias para o Retiro, ler um bom livro, cuidar da saúde... não temos tempo. Tristemente, vemos os dias passando e não conseguimos mais eleger o que é prioritário, menos ainda, conseguimos purificar aquilo que é essencial e merece nos sa atenção. A eleição, a escolha ponderada, ou como alguns sugerem, a priorização de atividades ou até de inações (sadia e criativa ociosidade) nos fará divisar o que é um tempo nor mal, bem como nos fará distinguir os tempos especiais. Viver com clareza tal distinção irá garantir a nós aquela segurança necessária para sobreviver criativamente às ameaças da “falta de tempo”.

A inadvertida reflexão sobre o tempo pode nos conduzir ao erro de, restritivamente, empenhar nossas forças em tentar projetar o porvir. Na verdade, as experiências já vividas, por nós mesmos ou por outrem, conservam inestimável sabedoria. Há um componente de memória, de recordação, na definição

comunicações OUTUBRO 2022 DO MINISTRO PROVINCIAL

DO MINISTRO PROVINCIAL

do tempo e, por consequência, na escolha de como vivê-lo. Identificamos os tempos imemoriais e, sobretudo, aqueles memoráveis. Tanto um quanto o outro, não dizem apenas do tempo pretérito, ou simplesmente remetem a coisas antigas ou ultrapassadas. Sua relevância pode ser entendida através da expressão “saudades dos tempos que não vivi”, ou numa abor dagem religiosa, que agora soa mais conveniente, “saudades do Paraíso”. Olhar a história a partir do caminho construído nos faz destacar a superação das dificuldades, os bons frutos colhidos, os acertos e conquistas laureadas. Não se trata de uma visão simplista ou enganadora, senão elucidação dos motivos que nos fazem teimosos na esperança.

Reconhecer o tempo da Graça, eleger prioridades, recor dar os passos dados, constituem-se, portanto, em eficaz mé todo que, quando tenazmente aplicado, faz resplandecer a qualidade do nosso tempo e, por força de consequência, dá ao ritmo da vida de cada um de nós e da nossa Fraternidade a leveza e o frescor almejados.

Tempo da Graça e das prioridades

Há um ano, entre os dias 22 a 30 de novembro pp, a Fra ternidade Provincial reuniu-se em Agudos (SP) para celebrar mais um Capítulo. Considerado o espaço privilegiado da es cuta do Espírito que convoca os irmãos, os envia e os sustenta em sua missão, o Capítulo pode ser tido como o tempo privi legiado da Graça.

Os dias em Agudos proporcionaram aos capitulares a pos sibilidade de conhecer a experiência realizada por São Fran cisco e seus primeiros companheiros e companheiras. Não soa prudente relativizar os percalços e eventuais equívocos do nascente movimento franciscano. Entretanto, oitocentos anos depois, com coragem e vigor, nos deixamos inspirar por suas intuições e desejamos viver a partir do lema: “Nossa re gra é o Evangelho, nosso claustro é o mundo”. Os binômios Regra/Evangelho e Claustro/Mundo estão intimamente rela cionados e resumem de maneira singular a vocação e missão franciscanas.

Como em todos os Capítulos precedentes, houve um cri terioso período de preparação com envolvimento de todas as Frentes de Evangelização, Serviços, Regionais e Fraternida des. O olhar retrospectivo deu linhas à revisão do Plano de Evangelização. A perspectiva dos dias vindouros sustentou a definição das prioridades para o triênio. O último Capítulo Pro vincial foi, portanto, uma excelente ferramenta para qualificar nosso tempo.

Entre os dias 7 a 10 deste mês, a Província voltará a Agudos para realizar o Fórum da Evangelização. Depois do Capítulo, as Frentes de Evangelização e os diversos Serviços elaboraram seus Planos Estratégicos, isto é, elegeram instrumentos para alcançar êxito na missão de realizar o que o Espírito do Senhor

nos inspirou. O Fórum, embora seja organizado com a partici pação apenas de confrades delegados, é uma atividade que toca a todos os irmãos. Por isso, trago à lembrança de cada um as prioridades indicadas pelo último Capítulo. Delas nas ceram os Planos Estratégicos. Agora, a partir dos Planos, cada irmão e todas as Fraternidades poderão contar com itinerário seguro para, efetivamente, viver aquilo que nos propusemos.

Redescobrir o valor da Vida Fraterna

No intervalo de tempo que a bondade de Deus nos con cede viver, fizemos a opção de usufruir da inenarrável graça da fraternidade. A partir dela identificamos o mundo, nosso claustro, como lugar ideal para experimentar já, aqui e agora, o que nossa alma anseia, ou seja, a realização plena, a eterni dade. A forma de organizar nossas casas, bem como a manei ra de planejar nossas atividades apostólicas devem elucidar o testemunho do Evangelho que nos desafia, devem elucidar o desejo de céu que nos motiva. Atento à tal necessidade, o Capítulo identificou como prioridade a tarefa de “Redescobrir o valor da Vida Fraterna”. Das estratégias elencadas para atingir este objetivo merecem destaque:

Revigorar a vida contemplativa dos frades.

Acompanhar e cuidar dos frades.

Não admitir que algum frade viva sozinho.

Priorizar o contato pessoal e o acompanhamento dos frades e Fraternidades.

Desenvolver a capacidade de diálogo.

Considerar as próprias Fraternidades como lugares te rapêuticos.

Caminhar juntos à luz da Palavra.

Consolidar a Animação Vocacional, responsabilidade permanente de cada frade e cada Fraternidade

O Capítulo também lembrou que estamos vivendo um inverno vocacional. Sem nos deixarmos ludibriar por inter pretações que tendem ao engano, é importante destacar que, para além da conotação negativa que o termo inverno pode encerrar, é possível interpretar esta palavra a partir da lição das árvores: algumas espécies perdem todas as folhas, parecem aniquiladas, mas estão apenas reunindo suas forças para brotar com novo e radioso vigor. A grandeza da vocação franciscana não se deixa medir pelo tamanho das nossas fra gilidades. São Francisco de Assis continua a exercer enorme fascínio aos corações e mentes que buscam sentido no existir. Ao escolher esta prioridade, o Capítulo pede que cada irmão se sinta motivado a não esconder a satisfação de ter escolhido ser franciscano. Desta maneira poderemos lançar mão de um eficaz meio de promoção vocacional, qual seja, o testemunho alegre da própria vocação.

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Reforçar a importância da Formação Inicial e Permanente dos frades

Ao considerar que as etapas formativas só atingem seu termo no definitivo encontro com o Senhor, no céu, o Capítu lo ressaltou a imperiosa necessidade de qualificar o processo formativo dos irmãos. A inspiração divina e a busca da fide lidade ao Evangelho nos acompanham desde os primeiros passos do itinerário franciscano. Assim foi com São Francisco e Santa Clara; assim continua sendo com homens e mulhe res que, em todos os tempos e em diferentes lugares, ousam pautar suas escolhas a partir deste santificante legado. Para alcançar o objetivo proposto, os Capitulares apontaram algu mas estratégias, entre as quais:

Repensar a estrutura das Casas de formação e o itinerá rio formativo.

Conciliar teoria e prática na formação; formar por ações evangelizadoras concretas.

Formar para a integração humano/afetiva.

Valorizar o Projeto Fraterno e Pessoal de Vida e Missão.

Definir a sinodalidade como dimensão transversal da vida Fraterna e ação evangelizadora

A palavra pode ser apresentada com “ares novidadescos”, mas a Sinodalidade é constitutiva da forma de ser da Igreja des de os primórdios. A configuração de ministérios e serviços di versos, todos convergentes, apontados para a mesma direção, velas conduzidas pelo mesmo vento, desde há muito tem sido o motor da ação evangelizadora. Por ter havido notável afasta mento daquelas intuições originárias, a Igreja pretende com o

“Sínodo da Sinodalidade” retomar, para ficar na raiz da palavra, o mesmo caminho, o caminho fontal.

O movimento franciscano nunca se pretendeu alternativa à organização eclesiástica; ao mesmo tempo, nunca se furtou em oferecer sua contribuição para que a Igreja pudesse se reencon trar com suas raízes. Portanto, mais que nunca, a forma de orga nizar a vida das Fraternidades leve em conta nossa identidade original: “Fratelli Tutti”, somos todos irmãos. Mais ainda, somos servos de todas as criaturas e nos alegramos em estar entre leprosos e desterrados. A fraternidade franciscana e a escolha pela minoridade são lúcidos caminhos de Sinodalidade.

De um lado, tomando em conta os oitocentos anos de herança, e de outro, atentos às exigências do tempo atual, os Capitulares escolheram a Sinodalidade como prioridade e in dicaram algumas estratégias para promovê-la:

Buscar a sinodalidade na tomada de decisões e encami nhamentos de processos decisórios.

Promover assembleias e fóruns de discussão para o co nhecimento dos trabalhos e ações realizadas pelos frades, bem como para articular atividades e ações concretas em diferentes ações evangelizadoras da vida da Província. Efetivar sempre mais a participação dos leigos em todas as Frentes de Evangelização.

A recordação do Capítulo que passou e a realização do Fórum da Evangelização sejam instrumentos para que nossa Fraternidade possa viver, com criatividade, fidelidade e deste mor o “Tempo de Deus” em nossos dias.

DO MINISTRO PROVINCIAL

EVANGELIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO - I

Perspectiva Franciscana

Podemos lançar a pergunta para esquentar os caminhos da reflexão: Existe uma específica Evange lização Franciscana na Educação? Esta pergunta e a consequente resposta é necessária porque há quem entenda que evangelização existe apenas em paró quias, santuários e em terras de missão.

Esta pergunta amplia o tema proposto. Não po demos responder a partir de um tratado de teologia pastoral, nem apenas sobre planos de pastoral. Para a vertente franciscana, a EVANGELIZAÇÃO É COMPO NENTE NATURAL E FUNDANTE DA FORMA DE VIDA.

É acreditar numa eleição divina que convoca a existir de um modo evangelizador. Para a Forma de Vida Franciscana a vida e a regra é o Evangelho. Evangelizar é simplesmente levar o Evangelho. Parece

óbvio? Não é apenas uma afirmação, mas é fato e palavra.

O Evangelho é o lugar de um Deus humanizado que propôs a mudança do humano e do mundo. O ponto de partida da evangelização é o próprio Evangelho e seus ape los. Evangelizar não é só pregar, evangelização não é ape nas sermão. Evangelizar é tornar nova a humanidade.

O nosso Plano de Evangelização confirma a verdade de que as pessoas formam o coração de toda experiência, e o Evangelho inspira a experiência e a prática. É o primado da pessoa transformada pelo Evangelho. O Evangelho foi anunciado, corpo a corpo, na terra dos humanos, de um modo muito pessoal.

O Evangelho é o anúncio de algo sempre novo, a Boa Nova. Anunciar não é só verbalizar, mas é um caminho de presença, serviço e doação da vida num projeto; em nosso caso aqui, num projeto educacional. Não é impor um tipo

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de doutrina, ritos e bons conselhos, porém o anúncio da Boa Nova presente em nossa Missão, que revela uma iden tidade cristã, franciscana, católica, em diálogo com outras confissões, numa sociedade que hoje convive como plura lidade cultural, religiosa e tecnológica.

Na Universidade São Francisco, a evangelização é contínua memória e prática da missão de educar para Paz e o Bem, elementos necessários para inteireza do humano e seu patamar de valores inspirados em São Francisco de Assis, numa real educação humanística, isto é, a formação integral e transformadora do humano. É o lugar do cultivo da comunhão e da participação, unin do liberdade com responsabilidade; para educar sujeitos conscientes de seu papel e de seu lugar na história como agentes na comunidade.

A evangelização traz para o dia a dia a consciência e a vivência dos valores franciscanos tais como: justiça, paz, in tegridade da Criação para zelar pela harmonia entre as di ferentes formas de vida em função do bem-estar da nossa Casa Comum; pluralismo cultural e religioso como multipli cidade de sentidos. Contudo, para o trabalho evangeliza dor é fundamental o envolvimento de alunos, professores e colaboradores, para a construção de uma Universidade em Pastoral, ou seja, uma instituição revestida de atenção e responsabilidade pelo próximo.

A evangelização também define a Pastoral não apenas como atividades devocionais mas como um processo de construção do conhecimento intelectual, espiritual, ético, religioso, afetivo, solidário, conhecedor da alma humana, que acredita na arte de educar para a civilização do Amor.

Organiza as suas práticas com esforço, dedicação e cria tividade para produzir algo novo alinhado a Boa Nova do Evangelho, como uma proposta mais que técnica, com o rosto de uma Universidade confessional, que prioriza o jeito franciscano, cristão e católico, acolhendo com cordialidade e espírito ecumênico e de diálogo inter-religioso todas as crenças presentes na USF.

Incentivar o engajamento e iniciativas de docentes em projetos extensionistas; para que assim, a cada semestre, proporcionem aos discentes, envolvimento com uma am pla gama de parceiros, adquirindo experiência expressiva e trabalhando em desafios relevantes para diferentes setores da sociedade.

Garantir que os estudantes da Universidade São Fran cico, em especial os egressos, adquiram as competências que vão além de aspectos meramente técnicos e práticos

formação

da sua área de formação, mas de fato contribuir para uma formação integral, fundamentada em valores humanistas.

Assegurar um bom clima organizacional, com o objetivo principal de alcançar o engajamento dos colaboradores e um excelente grau de satisfação nos processos organizacionais. Uma vez que evangelizar é um capital espiritual, vê como seu maior capital as pessoas, e confia que deve empregar-se sempre para garantir o compartilhamento dos valores francisca nos na comunidade acadêmica.

Afirmar a adoção de práticas conscientemente ecológicas, por parte dos docentes e colaboradores, técnicos-administrativos em todos os âmbitos de suas funções, estimulando a serem agentes ambientais; identificando e resolvendo os problemas ambientais internos e suas respectivas fontes causadoras.

Como atividades evangelizadoras temos as seguintes práticas:

Preparação e execução de cursos de extensão uni versitária (discentes, docentes, colaboradores e co munidade externa).

Exposições culturais e religiosas, eventos temáticos e comemoração do mês franciscano (discentes, docentes, colaboradores e comunidade externa), num trabalho conjunto com o Núcleo de Extensão e Eventos.

Atendimento semanal em todas as unidades com celebrações e apoio a grupos de oração e estudos bíblicos, tempo para atendimento pessoal (orienta ção, direção espiritual, vocacional e confissão) para os interessados.

Celebração semanal da Santa Missa em todas as unidades.

Preparação das mensagens e respectivas ações ce lebrativas em datas comemorativas em que a Pasto ral se faz presente, num trabalho em conjunto com o Marketing; Colaboração na formação humana/franciscana para discentes, docentes e colaboradores; e presença em todas as reuniões do CONSUN (Conselho Uni versitário) e CONSEPE ( Conselho de Ensino Exten são e Pesquisa) e também na Semana de Iniciação Científica.

Presença no momento oracional de ação de graças nas formaturas;

Participação nas semanas acadêmicas dos cursos; pro grama semanal na Rede Imaculada de Comunicação levando a bênção e a mensagem franciscana.

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No Planejamento Estratégico da Universidade São Francisco, evangelizar tem as seguintes prioridades:

– Recepção de calouros num trabalho em conjunto com a Pró-Reitoria de Ensino Pesquisa e Extensão, Pró-Reitoria de Administração e Planejamento e De partamentos afins; Preparação de subsídios formativos (folders, san tinhos, série de reflexões, brindes com temáticas franciscanas) para serem distribuídos em todos os setores e eventos e, sobretudo, nos Espaços Francis canos dos campus.

Suporte de conteúdos para os professores da dis ciplina Estudos do Ser Humano Contemporâneo –ESHC, com encontros de aprofundamento do mate rial e da temática;

– Experiência missionária de discentes e docentes, juntamente com os agentes de Pastoral da Univer sidade, com objetivo de evangelização em diversos Estados do país junto à Pastoral das Juventudes da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.

Retiros Universitários ( dois por ano )

Articulação e participação da Pastoral Universitária em outras experiências pastorais afins, sobretudo com a Pastoral das Juventudes Franciscana da Pro víncia em seus encontros de formação e retiros. Noites de Oração Inter-religiosa pela paz no mundo no Festival Cultura da Paz, no mês Franciscano, em outubro.

Indicação e criação de material para o site da Univer sidade São Francisco bem como formação e evan gelização pelas mídias sociais da Pastoral; Missa semanal transmitida pela TV USF em seu canal pelo Youtube.

Todas estas atividades estão motivadas em função de quê? De uma consciência evangelizadora. E por quê? Vejamos:

O Evangelho é o anúncio de algo sempre novo, a Boa Nova. Anunciar não é só verbalizar, mas é um caminho de presença, serviço e doação da vida num projeto; em nosso caso aqui, num Projeto Educacional. Não é impor um tipo de doutrina, ritos e bons con selhos, porém o anúncio da Boa Nova presente em nossa Missão, que revela uma identidade, franciscana, cristã e católica, em diálogo com outras confissões, numa sociedade que hoje convive como pluralidade cultural, religiosa e tecnológica.

Levar a Boa Nova para dentro das transformações mundiais de paradigmas. Levar esperança e sonhos para um mundo muitas vezes desesperançado. Le var mudança de mentalidade, mudança de valores e mudança de lugar (LTC 36). Evangelizar é trocar reinos

pelo Reino. Mostrar que humanidade e mundo são lugares a serem reconstruídos.

Evangelizar não é apenas promoção humana; é recons truir o humano a partir daquilo que se crê. Como criar uma nova hermenêutica evangelizadora? Como evangelizar dentro da escola fundamental, secundária e superior, quan do a escola não tem função social de ser Igreja? Como estar diante do nosso alunado e mostrar para eles que crer tam bém se aprende?

ELEMENTOS DE UMA EVANGELIZAÇÃO FRANCISCANA

Evangelizar como Fraternidade

Evangelizar a partir da Fraternidade significa acreditar sempre a partir da força comum, ter uma fé alteritária: meu irmão e minha irmã tem valor, e por isso preciso recupe rar a beleza e a dignidade do projeto humano. As pessoas formam o coração de toda experiência. Sair da Fraternida de, ir para o mundo e retornar para a Fraternidade, sempre revelando com clareza, uma Identidade Franciscana que é amar a tudo e a todos transformando tudo em Alguém para alguém. Viver esta dimensão a partir do carisma específico, inspirados de um modo cristão, franciscano e em missão.

Prestar um serviço a toda humana criatura por amor a Deus. Não como um ser estranho ao mundo, mas como um ser fraternalmente encarnado. Encarnar-se é estar junto, morar junto, andar junto, tomar a mesma forma. O lugar da evangelização de Jesus não é o notebook, mas as ruas e es tradas da Palestina. Evangelizar é morar franciscanamente no lugar da missão.

São Francisco de Assis viveu numa época onde já existia uma determinação sócio-econômica das convivências. O urbano, a sociedade burguesa, a nobreza e a pobreza anda vam pela mesma rua protegendo-se do contágio uma da outra. O centro da cidade é a catedral e a feira. São Francis co de Assis surge e transita como um valor impactante em meio a tudo isto.

A escola é o endereço que reúne todos na unidade e na diversidade. O mercado determina o status quo. A edu cação não é para todos de um modo igual, e o contágio vem do consumo. Tem o que é visto e o que não é perce bido. O que não é visto e não entra nas possibilidades, é transformado em leproso e colocado para fora dos muros das convivências. O centro do mundo hoje é a empresa, a escola e o shopping

Devemos estar à serviço das pessoas como menores e súditos de todos (1Cel 31). Nós não evangelizamos desco nhecidos, mas evangelizamos irmãos e irmãs. Hoje temos uma geração de nativos digitais, que usam e sabem que as novas mídias são importantes, porém a evangelização é um

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corpo a corpo, pessoa a pessoa. Ir de casa em casa (LTC 41). Para o nosso alunado a escola é a casa onde eles passam boa parte de seu dia e de seu tempo.

Ir com a força do grupo que somos. O que somos? Uma Frente de Evangelização na Educação. É esta força corpora tiva que evangeliza e não o eu sozinho. A atuação evangeli zadora não é um privilégio isolado, mas sempre ir em nome da Fraternidade.

Evangelizar com ousadia e profecia

Evangelizar a partir do bom exemplo e das obras. Nos sas ações não são apenas reflexos das nossas competências pedagógicas e administrativas, mas são sinais, gestos con cretos de uma ação que é testemunho de vida. É a nossa constante Epifania. Revelar quem somos nós! Nosso Caris ma e Missão é a nossa mística de serviço e não apenas um belo cartaz na parede.

O Papa Francisco retoma o jeito de Pedro e tira o pa pado do pedestal. Nós temos que nos inspirar nele e tirar o orgulho e o poder de quem tem poder, de quem tem o poder de ter, de quem tem o poder do saber, para a beleza do colocar tudo em comum. Evangelizar é ser um cuidador dos desejos e necessidades.

Não podemos fazer em nossas unidades educativas apenas uma catequese disfarçada, uma extensão da paró quia, com usos e vícios clericais, uma mistura de tudo que achamos que é Ensino Religioso ou Formação Religiosa ou então a redução a festivos e burocráticos Eventos Religio sos. Não! Temos muitas coisas feitas assim e nem questiona mos a qualidade ou o despreparo de quem faz.

Para evangelizar não basta apenas saber ler bem, falar, apresentar, cantar, dançar ou tocar um instrumento, mas é preciso estar na escuta de um Grande Valor, na Boa Vonta de, na Vontade bem trabalhada e na Obediência: Deus está pedindo algo novo e eu faço! “Senhor, que queres que eu faça?” (LTC 5).

Como imaginamos o nosso aluno entrando em nossa Universidade? Como imaginamos o aluno saindo de nos sa Universidade? Um humano evoluído e bem formado em sua totalidade; consciente que nossa missão e valores o moldaram? Um Iniciado para o resto da vida? Alguém preparado para ter um caminho de fé, um diálogo com o mundo e o ambiente, possuidor de uma nítida e engajada cidadania?

Ele usará em sua língua o que o ajudamos conquistar com a mente, coração e com as mãos? Evangelizar é cons truir pontes para uma educação integral, com métodos for tes, convictos, celebrativos, interativos e simbólicos.

O novo paradigma da evangelização é que ela tem que ser interativa. Encontrar o espaço evangelizador, atingir a

consciência, o afeto, e ter participação sócio-política e religiosa, na realidade local e global.

Hoje estamos imersos numa mega crise de inter pretação de sentidos. Em nossa Universidade, são acessíveis as hermenêuticas, os sentidos e a simbólica? Passamos para o alunado a consistência evangelizado ra ou usamos a autoajuda? Uma evangelização quali ficada é um cartão de visita da Universidade. Estamos convidando o aluno, pessoalmente, para participar e somar neste processo, ou ele é apenas um passivo es pectador?

Sempre temos a tentação de julgar a disciplina e a submissão do aluno, todavia nem sempre o levamos para uma educação libertadora. Da condição de edu cação cognitiva para uma educação integral, holística e histórica. O cientificismo e a técnica, que afirmam que o maior poder e preparo está no conhecimento, deixaram a ética aos cuidados da religião e das escolas.

Estamos realmente mostrando uma ética com prin cípios cristãos e franciscanos, que nasceu exatamente de uma forte espiritualidade laica e fraterna. Nasceu de forte convivência. Hoje, muitos de nossos alunos vi vem uma certa solidão. “A solidão é tão difundida que se tornou paradoxalmente uma experiência compar tilhada”.

Vivem juntos, porém fechados. Educar, “educere” é conduzir para uma saída. A ética começa com a cons ciência que se tem do outro. Educar com sabedoria, isto é, com a conjugação de vários saberes, com o saborear a vida e as relações fraternas, e lançar para a vida e para as convivências.

O lugar da evangelização é contribuir hoje no plu ral, com carisma e compromisso. Não só cuidar dos alunos, mas evangelizar também o corpo docente, os colaboradores, a família, a direção. Cuidar dos cuidado res. O lugar da evangelização é ocupar um lugar estra tégico na gestão.

Os coordenadores de curso, a direção, os diver sos segmentos da escola não podem ouvir o projeto evangelizador e pastoral da instituição com risinhos de deboche ou indiferença, como se o trabalho Evangeli zador e a Pastoral fossem apenas um apêndice. É um clichê, mas é real: “Pastoral não é uma salinha que fica escondida debaixo da escada”, cuidando apenas de tu torar os problemas de logística dos alunos.

Continua na próxima edição.

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“O missionário não abandona o lugar onde fincou a cruz de Cristo”

Hermenegildo Pereira, Frei José Zanchet, Frei Plínio Gande da Silva, todos de feliz memória.

Não esquecemos de todos os irmãos que já passaram pela nossa querida Missão e hoje colocam suas vidas e vocação a serviço do Evangelho, da Igreja e dos irmãos em outros lugares deste nosso mundo.

A Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola vive um momento muito especial e bonito neste momento pós-Capítulo, onde pela Obediência surge a possibilidade de par tirmos com esperança de encontrarmos no vos areópagos para que possamos anunciar o Evangelho e lançar as redes em águas mais profundas. Lugares estes que nos colocam sempre em confronto com nossa opção de vida de Irmãos e Menores. Para esses lugares partimos com fé, pois refletem a nossa en trega a Deus sem reservas e sem reticências

Paz e bem, irmãos!

“Visto que o justo deve julgar sua vida pelo exemplo dos me lhores; que no mais das vezes os exemplos marcam mais que as palavras da razão, é justo que o Senhor tenha exemplos da própria Ordem para confortar seus caríssimos filhos” (Frei Tomás de Eccleston).

Estou escrevendo essa carta, primeiramente, para agradecer ao dom da vida e da vocação manifestada em nós. Vida consa grada a Deus, aos irmãos, à Igreja e de maneira especial à Ordem dos Frades Menores em Angola. Estamos tendo a graça de ce lebrarmos 32 anos da presença da Ordem aqui. É com grande alegria que lembramos a frase de Santa Clara: “Nunca perder de vista o ponto de partida”. Este nos anima, nos invoca, nos envol ve, nos transforma... e nos acolhe. É a nossa vocação, o chamado de Deus. Deus nos escolheu, nos quis, nos consagrou. Nos cha

mou de diversas Províncias, de diversas etnias para nos formar frades menores de nome e de fato.

Lembremo-nos de modo particular, primeiramente, os irmãos que aqui estive ram, de maneira especial Frei Lotário Neu mann, sepultado em Malanje, a “semente” da Missão. Com certeza, “fruto de novos cristãos” e primícias, sem dúvida, de irmãos que o Senhor nos deu e nos dá. Também recordamos de Frei Simão Laginski, Frei

pelo voto de obediência que prometemos.

Os desafios que encontrarmos onde formos, nos motivam a deixar a nossa zona de conforto, que de uma maneira ou de outra, fomos adquirindo no decorrer da caminhada. Às vezes é difícil abandonar, recomeçar, despojar-se. Aqui gostaríamos de lembrar o nosso voto de sine proprio. Não levar nada consi go para “possuirmos” Aquele que se nos dá totalmente. Só nos resta dizermos que somos servos inúteis, que estamos sempre recomeçando. “Comecemos a servir o Senhor, porque até agora pouco ou nada fizemos”.

Nestes novos desafios, levemos conosco a pureza de co ração, de alma e de corpo “por causa do Reino dos céus”, a fim de pensarmos nas coisas do Senhor (CCGG 9s) que nos leva a proferir palavras “ponderadas e castas”. Nos motive mos a amar a Deus e a missão a nós confiada com ternura

e vigor, no desejo de sermos cada vez mais irmãos e fraternos com todos e com a Criação.

Que o Senhor continue a nos aben çoar com a graça da vocação, com as bênçãos do céu e da terra e com a saúde do corpo e da alma!

Fraternalmente,

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Frei Ivair Bueno de Carvalho KIBALA, 15 DE SETEMBRO DE 2022.

fraternidades

Encontro do Regional São Paulo:

O valor da vida fraterna

Oamor sempre deixa marcas pro fundas, de sua glória e de sua cruz; marcas de sofrimento, mas tam bém de reconhecimento”. Fazendo referência à Festa das Chagas de São Francisco, Frei Vitório Mazzuco Filho acolheu os frades, entre 18 e 20 de setembro, no Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP) para o segundo Encontro do Regional São Paulo deste triênio.

Questões relacionadas à fraternidade perpassaram a pauta da formação con duzida por Frei Fidêncio Vanboemmel: redescobrir o valor da vida fraterna, bem como o Projeto de Vida e Missão aplicado ao Regional. A carta do Ministro Geral Frei Massimo Fusarelli aos irmãos da Província, datada de 31 de agosto do ano corrente, foi o ponto de partida a partir do qual, du rante o primeiro dia do encontro, os confra des puderam tecer suas considerações acerca dos desafios que hoje se impõem às Fraternidades. Ao trabalho em grupos seguiu-se o plenário levantando propostas de ação.

Um segundo momento do encontro foi dedicado à partilha das Casas sobre o modo como vivem e convivem os frades, os trabalhos desenvolvidos em termos de formação e evangelização e as respostas

às mais diversas demandas que surgiram nesse período pós -pandemia. O Definidor Frei João Francisco da Silva recordou que o Regional São Paulo é o que concentra o maior número de frades da Província envolvendo praticamente todas as cinco Frentes de Evangelização.

A oportunidade de reencontrar os confrades, bem como os momentos de partilha, descontração e convivência nas discussões, no recreio fraterno e nas celebrações eucarísticas mostraram a riqueza do encontro em Agudos. Na manhã de terça-feira, dados os informes e apresentados os assuntos gerais sobre o andamento da Comissão da Saúde, a celebra ção dos Centenários da Ordem e as alternativas para o retiro, o Coordenador do Regional, agradecendo a participação dos presentes, encerrou mais este encontro do Regional com a benção de São Francisco.

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Segundo Encontro do Regional Curitiba: uma jornada celebrada entre irmãos!

AFraternidade São Boaven tura, em Rondinha, Campo Largo (PR), acolheu, no dia 3 de outubro, a celebra ção do segundo Encontro Regional do ano, composto pelos frades que formam e pro movem a vida em fraternidade em Curitiba e Campo Largo. Após nos revigorarmos com um bem apre sentado e saboroso café da manhã, iniciamos nosso encontro com um momento de oração e louvor. Sob a coordenação de Frei Evaldo Ludwig e de nosso definidor, Frei Daniel Delllandrea, lemos e refletimos a car ta que o Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, nos enviou após o Capítulo Provincial 2021, procurando colher sinais que nos auxiliem e orientem

na busca de responder “o que quere mos para o nosso sexênio?”

Das muitas reflexões partilhadas, sobressaiu-se o cultivo da leveza na relação fraterna, que se consta ta como marca do atual Governo Provincial que, dedicado ao sentido da sinodalidade, revela manter-se próximo, tratando a todos como irmãos e incentivando para que essa leveza de espírito aconteça no dia a dia, brilhe de fato em nossas Fraternidades, no modo de ser guardião, de ser pároco, de ser professor, de ser administrador, de ser mestre, enfim, no nosso modo único de nos tratarmos e vivermos a verdade de nossa identidade, que São Francisco de Assis sempre nos provoca a recordar quando nos diz:

“Vós todos sois irmãos!” E assim, na medida em que fomos refletindo sobre as considerações e desafios que nosso Ministro Geral apresenta à Província e a cada um de nós, chegamos a nos interpelar: “Qual é a missão de nossos Regionais? Não temos como desafio, também enquanto Regional, elaborar nosso Projeto de Vida e Missão?”.

Vimos o quanto precisamos ter bem claro quais são nossas me tas comuns, discernir bem nosso modo de contribuição à Província, a partir de um projeto mais eviden te de nosso carisma e identidade. E assim transcorremos a manhã: partilhando ideias e interpelações que brotam ao assumirmos juntos, como meta, como caminho a ser

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feito, o redimensionamento de nosso Regional.

Após deixarmos agendada a data de nosso Encontro Recreativo, em Caiobá, tratamos ainda do modo de celebrarmos juntos, no dia 25 de outubro, o bicentenário da morte de Santo Antônio de Sant’Anna Gal vão, e ainda de como poderíamos participar de uma Ação Missionária nos Prédios da Região Metropolitana e bairros de Curitiba, que acontecerá no dia 6 de novembro, a cuja partici pação todos foram convidados pelo pároco, Frei José Idair Ferreira Au gusto, e os frades vigários de nossa Paróquia Bom Jesus dos Perdões.

Esse espírito de diálogo e alegria, que embalou, durante a manhã, a busca de compreensão e convivência entre irmãos, teve como arremate um aperitivo e, em seguida, um saboroso e nutritivo almoço. Pelas 14h, retomamos a reunião para, num primeiro mo mento, partilhar assuntos referentes à vida de cada Fraternidade e, na sequência, animados e orientados pela primeira prioridade de nosso Plano de Evangelização, comparti lhamos, em grupos, uma conversa sobre nossa convivência fraterna, procurando focar não tanto nas atividades, mas no modo como procuramos viver como irmãos, ou seja, como concretamente assumi

mos o desafio-tarefa de “Redesco brir o Dom da Vida Fraterna”.

Pelas 16h, houve espaço para um café e, depois, nos dirigimos a Curitiba, onde, às 18h30, celebramos o Trânsito de nosso Pai São Francisco de Assis, com a Eucaristia presidida por Frei Evaldo Ludwig e animada com cantos franciscanos e o tradi cional coro do Trânsito, entoados com devoção, emoção e vigor por nossos frades estudantes de Filoso fia. Toda essa jornada dedicada ao

Encontro Regional, que sentimos ser permeado pelo vivo carisma franciscano a que pertencemos, consumou-se com um recreio, onde, à mesa, entre comes e bebes, os frades comungaram e estreitaram os laços de entusiasmada fraternidade que os une e anima e se configura como a maneira mais apropriada de celebrar a Solenidade de nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis.

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Regional Rio de Janeiro faz segundo encontro

Nosso segundo encontro do Regional Rio de Janeiro deu-se na Fraternidade de Santo Antônio, do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro (RJ). Este aconteceu em dois dias (25 e 26/09), pois alguns frades já foram chegando ao do mingo à noite sendo acolhidos pela Fraternidade e destinados aos quar tos e o guardião Frei Walter Ferreira Junior convidando-nos para às 19h nos encontrarmos na sala de Recreio para o encontro fraterno recreativo.

Muita boa conversa, vários acepipes e, assim, ao passar das horas o Conven to foi silenciando e todos se dirigindo para um sono restaurador.

O combinado para o dia seguinte era que, a partir das 7h, o café já estaria disponível e o encontro teria início às 9h na famosa “Sala do Fico”, o que assim aconteceu. Rezadas as Laudes, já com maior número de frades, deu-se prosseguimento à reunião. O guardião

deu as boas vindas a todos, de modo particular ao Provincial, Frei Paulo Ro berto Pereira; a Frei Laerte de Farias do Santos, em férias da missão de Angola, e Frei Lucas de Moura Justino Souza, que chegou para agregar-se à Fraterni dade do Sagrado Coração de Jesus em Petrópolis.

Tomou a palavra o “ministro” regio nal, Frei Gilberto da Silva, para orientar o proceder do dia do encontro. Fez-se a leitura da ata do encontro anterior e logo após, Frei Sandro Roberto da Costa destacou a importância do Con vento Santo Antônio para a história do Rio de Janeiro e do Brasil.

Dando continuidade, fez-se a leitura da Carta do Ministro Geral, Frei Massi mo Fusarelli, dirigida ao nosso Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, e extensiva a todos os irmãos da Província. A carta foi comentada pelo Regional. Tivemos um momento de pausa e retornamos às 11h. Mais alguns comentários sobre nossos Institutos

de Filosofia e Teologia, Frei Laerte falou sobre o capítulo da FIMDA, desafios e oportunidades.

Concluído este período matuti no dirigimo-nos ao refeitório para o almoço, retornando à sala capitular às 14h. Na parte da tarde, tivemos oportunidade de um colóquio com o Provincial sobre variados assuntos, externando preocupações, desafios, frades em licença, criar ambientes saudáveis, redescobrir a beleza da vida fraterna, aprofundar nosso projeto de vida e missão e também momento de partilha das Fraternidades. Termi namos nosso encontro fraterno pelas 16h rezamos e nos despedimos e cada um foi voltando para sua casa com o compromisso de nos vermos no Regional Recreativo que aconte cerá no Sítio da Taquara em Imbariê, Duque de Caxias, nos dias 14 e 15/11. Paz e bem!

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Pastoral Universitária da FAE e SAV promovem Semana Franciscana

Entre os dias 14 e 16 de outu bro, a Pastoral Universitária da FAE, em parceria com o Ser viço de Animação Vocacional da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, promoveram a Missão Francis cana FAE, na cidade de Blumenau, Santa Catarina.

O encontro teve como lema “Vede, irmãos, que humildade a de Deus! Derramai diante d’Ele os vossos corações!” (São Francisco de Assis). Desse modo, os 32 partici pantes, estudantes da FAE Centro

Universitário, puderam vivenciar ainda mais o carisma franciscano.

A Missão Franciscana FAE foi também um retiro. Pois, um fran ciscano não faz nada sem antes se abastecer, assumir um compromis so consigo mesmo, assim como fez São Francisco de Assis. Nesse sentido, os participantes puderam ter a experiência de vivenciar a vida religiosa e franciscana durante os dias que se passaram. Ou seja, vivenciaram momentos de oração, de fraternidade, de trabalhos de evangelização, divisão de serviços

internos, formação franciscana e a vivência dos votos (castidade, obe diência e pobreza). Assim, puderam entender um pouco mais o signifi cado de cada voto.

Nesse sentido, a Missão Francis cana FAE foi uma grande oportuni dade para a reflexão pessoal e para manter viva e acesa a força, que se origina dos ensinamentos de São Francisco de Assis, dentro de cada um de nós.

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Equipe de Comunicação da Pastoral Universitária da FAE

A “Aparecidafest” de Blumenau!

Não é só de Oktoberfest que é feito o outubro de Blume nau! Na cidade catarinense conhecida pela cultura alemã, o décimo mês do ano tam bém tem um evento muito importante: a grandiosa festa de Nossa Senhora Aparecida, no Santuário que a tem por Padroeira, no bairro Itoupava Norte. Este local de fé é administrado pelos frades franciscanos que, junto com a comunidade, preparam uma bonita e animada “festa de Igreja” com tudo o que tem direito: celebrações cativantes e bem preparadas, o famoso churrasco, festival de prêmios, lojas de artigos religiosos e brinquedos para a criançada, pastel de palmito... é uma “Aparecidafest” se quisermos brincar com o nome dado ao evento do município.

E o dia 12 de outubro de 2022 co meçou com uma “brincadeira” de São

Pedro. Por vários dias, o clima foi frio e chuvoso. E parecia que neste dia não seria diferente, mas, no dia da Padroeira do Brasil o santo deu uma trégua e preparou um clima agradável para que os blumenauenses nem cogitassem ficar em casa. Era dia de pedir bênção para a mãe! As festividades começaram por volta das 8h quando uma carreata saiu da Catedral São Paulo Apóstolo, no centro da cidade, vindo em direção ao Santuário. O bispo diocesano, Dom Rafael Biernaski, veio à frente, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, abençoando os munícipes.

O ponto alto do dia foi a chegada da imagem da Padroeira no Santuá rio. Um corredor de fiéis foi formado para acolher a Mãe. Antes da imagem passar, crianças enfeitaram o seu caminho com pétalas de rosas. Em seguida, ela levou o povo ao seu Filho, fazendo tudo o que ele disse que

era para ser feito, na celebração da Eucaristia, já dentro da igreja que estava lotada. Durante a homilia, Dom Rafael salientou que “Maria é a rainha do Brasil. Essa rainha nos indica que temos uma fonte do mistério da vida, que é o Pai. E para revelar esse Pai, Maria, no anúncio do anjo, acolhendo a Palavra de Deus, gera em sua carne a presença histórica de Jesus, por obra do Espírito Santo. E Jesus, vivendo a nossa história, nos dá a conhecer o mistério do Pai através de sua vida”. Ao final da celebração, Frei Nelson José Hillesheim, agradeceu a presença de Dom Rafael. Nos seus agradecimentos, também externou sua gratidão a todos os voluntários envolvi dos nas festividades, como voluntários neste dia tão importante.

A festa, então, continuou com mis sas e bênçãos, e outras programações até o final do dia. Era visível também a alegria das crianças com os seus

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presentes neste seu dia. Na Missa das 15h, elas puderam participar ativa mente da liturgia, recebendo ao final da celebração um pacote de doces e outros brindes para curtirem a festa com ainda mais entusiasmo. Também as famílias se reuniram nas mesas para se deliciarem com os alimentos preparados. Muitos voluntários exter naram a sua satisfação em poder fazer este evento acontecer, isso sem uma boa dose de correria e cansaço, mas com a sensação de dever cumprido. Ao final da tarde até as nuvens, que ameaçavam uma chuva que não veio, retiraram-se de uma vez, mostrando um céu azul para cobrir a todos, como o manto da Mãe de Deus e nossa, Aparecida!

Rocinha celebra a Mãe Aparecida

No dia 12 de outubro, dia de Nossa Se nhora Aparecida, Padroeira do Brasil, o povo da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, no Rio de Janeiro, (RJ), reuniu-se no pátio da Igreja Matriz e desceu pela a Estrada da Gávea com a imagem à frente, cantando e rezando alegremente.

Na chegada no Largo do Boiadeiro foi celebrada a Santa missa campal, presidida pelo pároco Frei Antônio Michels, e, em se guida, a tradicional festa de Nossa Senhora Aparecida com muito forró, animação e queima de fogos.

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Nilópolis festeja Nossa Senhora Aparecida

APadroeira do Brasil, Nossa Se nhora Aparecida, foi festejada com a Novena e um dia sole ne neste 12 de outubro na Pa róquia sob a sua proteção em Nilópolis, na Baixada Flumi nense. As festividades foram retomadas presencialmente com capacidade total após dois anos de pandemia. O pároco

Frei Vanderley Grassi presidiu a Missa Solene, às 18 horas, tendo como concelebrantes os frades da Fraternidade local e frades de Petrópolis.

Frei Vanderley destacou Maria como modelo de mu lher e que, com o seu “sim”, mudou a história da humani dade. Segundo o celebrante, o “sim” de Maria não foi um “sim” de um dia, mas foi renovado todos os dias. “Do amanhecer ao anoitecer. O nosso ‘sim’ também precisa

ser assim porque, muitas vezes, somos interpelados por situações que querem nos levar para outros caminhos, mas é preciso dizer como Santa Clara de Assis: ‘Nunca perca de vista o seu ponto de partida’ para que possamos ficar naqui lo que é mais importante na nossa vida de fé, que é Cristo”, disse.

“Maria foi a escolhida por Deus

para dar à luz ao seu Filho Jesus Cristo. Abaixo de Jesus, não existe ninguém mais importante que Maria. Nós pre cisamos venerar Maria porque ela nos impulsiona, como o Evangelho de hoje, em que diz: ‘Fazei tudo o que Ele vos disser’. E aqui existe um grande desafio para nós: Como entender esse ‘tudo’ na nossa vida? Isso é possível quando

nos colocamos na escuta da Palavra de Deus, quando nos colocamos no cami nho com Jesus”, ensinou o celebrante.

Segundo o frade, na passagem do Evangelho de Emaús, alguns discípulos voltavam de Jerusalém mui tos tristes, abatidos e desani mados, “reclamando da vida, como muitos de nós faze mos em nossas vidas. E, às vezes, somos incentivados, como nossos pais em quem

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deveríamos confiar plenamente, mas não conseguimos ouvir porque esta mos envolvidos em outras situações. E os discípulos estavam assim. Somente ao cair da tarde, ao pegar o pão e partir, Jesus se revela aos discípulos e toda aquela tristeza vai embora. Eles voltam para Jerusalém, mas agora com alegria no coração, porque querem comuni car a boa nova: o Senhor ressuscitou”, indicou Frei Vanderley.

“Que possamos comunicar, como Maria, a ressurreição de seu Filho. E que possamos estar repletos da ação do Espírito Santo de Deus, pois Maria foi a primeira a receber o Espírito Santo e ela caminha com os apóstolos até Pentecostes, por isso tem o título Nossa Senhora de Pentecostes. Ela se tornou o primeiro sacrário vivo, o tabernáculo do Senhor. Sejamos

obedientes a Jesus Cristo como Maria”, pediu o celebrante no final.

Frei Vanderley fez questão de enfatizar, nos seus agradecimentos, a todas as equipes que trabalharam em dez dias da Festa. “Neste momento, quero agradecer”, disse, enfatizando que a gratidão tem que ser a marca do cristão que reconhece em Deus a sua generosidade, e o seu amor. “Quero agradecer a cada um de vocês pelas bonitas celebrações. Agradecer a todas as equipes que trabalharam desde o início da Novena. Sabemos que numa festa grande precisamos do suporte do município, por isso meu agradecimento especial às autorida des”, disse o pároco, lembrando que a Paróquia está em processo de se tornar Santuário, o primeiro santuário mariano da Baixada. “Nossa gratidão

pelo cuidado que têm para com nossa Igreja, e também por todas as Igrejas”, acrescentou.

Em seguida, os fiéis devotos de Nossa Senhora saíram em procissão pelas ruas da cidade.

EXPOSIÇÃO E NOVO VELÁRIO

A Paróquia Nossa Senhora Apa recida apresentou durante a Novena uma novidade aos romeiros, devotos e paroquianos. A Exposição “Cem títulos de Nossa Senhora”. São centenas de denominações dadas a Nossa Senhora em suas aparições e de suas devoções.

No dia 2 de outubro, após a missa das 8h30, o pároco Frei Vanderley abençoou o novo velário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, que passou por reformas.

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No dia de São Francisco de Assis, Frei Anselmo completa 60 anos de presbítero

admirado por centenas, senão milhares, de devotos de Santo Antônio que vêm ao Convento do Largo da Carioca, no Rio de Janeiro (RJ) para receber de suas mãos o perdão dos pecados e as luzes para seus problemas pessoais. Mas ele é também muito conhecido e admira do pelo Brasil afora por suas palestras e pela ajuda aos cegos. Ele mesmo é cego, mas, já municiou a mais de 100 cegos com máquinas de escrever em Braille, compradas com o suor de seus trabalhos e com o dinheiro de doado res que apoiam seus cuidados pasto rais. Hoje, ele já não viaja mais tanto, antes corria o Brasil todo, mas mesmo assim continua promovendo a causa e ajudando os deficientes visuais”.

No dia em que a Família Franciscana do mundo todo celebra as festividades de São Francisco de Assis (4/10), Frei Anselmo Fracasso completa 60 anos de presbiterado. Ainda em julho deste ano realizamos esta entrevista que, muito mais do que perguntas e respostas, pretende apresentar um franciscano que é um testemunho vivo da graça de viver.

Frei Anselmo é natural de Baliza, no Rio Grande do Sul. Nasceu no dia 31 de outubro de 1930. Aos 21 anos de idade, quando já cursava o terceiro ano do científico, hoje Ensino Médio, no Seminário Santo Antônio, de Agudos (SP), viu-se privado da luz dos olhos. Após o primeiro impacto, reagiu, apren deu o método Braille e, assim, conse guiu prosseguir os estudos até o fim. Fez sua profissão solene no dia 30 de

agosto de 1962. No dia 4 de outubro de 1962 foi ordenado presbítero por concessão especial do saudoso Papa João XXIII, hoje santo. Desde então, embora permanecendo sem a luz dos olhos, desempenha normalmente as funções religiosas. Deixou de enxergar para começar a verdadeiramente ver. É franciscano, professor, conferencista e autor de diversos livros. Como pre anunciam quatro títulos de seus livros: “Ele enxerga o que os olhos não veem” e “ensina aos seus ouvintes”, através de “gotas de vida”, a “arte de viver e o segredo da flor”.

Atualmente, Frei Anselmo tem mais de 90 anos e reside no Convento Santo Antônio do Largo da Carioca há pelos menos seis décadas. Quando comple tou 50 anos de padre, em 2012, Frei Neylor José Tonin assim descreveu a personalidade do confrade: “Ele é muito

Após um ano de sua Ordenação Presbiteral, Frei Anselmo publicou um texto intitulado “Aprendi a ser cego”, na Revista Vida Franciscana de 1963. “Só vemos verdadeiramente o sentido mais profundo das coisas quando fechamos os olhos. Para enxergar fisicamente basta ter dois olhos bons, mas para ver espiritualmente é preciso ter uma inteligência que pense, uma alma que vibre e um coração que sinta. Nunca atingimos as verdadeiras realidades com os olhos do corpo e por isto há pessoas que vêem, mas são cegas e há cegos que vêem verdadeiramente a luz da verdadeira realidade. Tudo que aceitamos muda de aspecto. Deve-se aceitar a cegueira como uma realidade e não como uma negação. O reconhe cimento e aceitação da limitação física é indispensável. As trevas se iluminam, a luz se transforma e os horizontes se alargam, abrem-se caminhos dantes insuspeitados . Há quem considere o cego como uma criatura que vive numa casa de janelas fechadas tendo algemada sua liberdade. E, no entan

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to, quem vê não sabe, ou não quer saber, que esta prisão é um mundo e estas algemas são asas e que ao mundo mais perfeito sempre se chega pela imagina ção”, revelou.

“Quero deixar aqui o mais profundo, o mais sincero reco nhecimento por todos aqueles que me auxiliaram nesta cami nhada e tudo fizeram para que um dia eu chegasse ao termo da viagem, termo daquela jornada porque agora começou outra. E no dia 4 de outubro, depois de minha ordenação, vi claramente que nada mais fiz do que colher as flores que meus amigos e meus confrades espalharam no meu caminho”, frisou na ocasião.

A Oração da Paz atribuída a São Francisco de Assis, assim diz: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver ódio que eu leve o amor”. Ainda na juventude, Frei Ansel mo perdeu seu pai assassinado e com esta experiência de dor, traduziu a oração de São Fran cisco na sua própria vida. Nesta entrevista, Frei Anselmo explica este episódio e fala sobre perdão e reconciliação. Também dá de talhes sobre a perda da visão, sua vida e itinerário vocacional.

Entrevista a Frei Augusto Luiz Gabriel

Veja a entrevista. Aproxime o celular no QR-Code.

Frei Aldolino celebra 50 anos de Vida Religiosa Franciscana

Na noite da morte do Nosso Seráfico Pai São Francisco, Frei Aldolino Bankhardt celebrou seu jubileu de 50 anos de Vida Religiosa Franciscana. Na celebração, muito emocio nado, nosso querido frade agradeceu a Deus pelo dom da sua vocação e também a seus frades que compõem a Fraternidade. Agradeceu também à comunidade de Gaspar que o acolheu e o ajuda na sua vida religiosa. Agrade ceu as orações e preces e diz olhar para o futuro com gratidão. Pediu, no final da sua reflexão, que também ele possa ser digno, assim como São Francisco, de participar da glória dos céus.

Filho de José e Paula Bankhardt, Frei Aldolino é natural de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, onde nasceu no dia 17 de janeiro de 1950. Seu discernimento vocacional se deu pela convivência com os frades que vinham de Blumenau (SC), e atendiam a capela de Pomero

de (SC). “Papai fazia parte da comissão administrativa da capela e os frades frequentavam muito nossa casa. Passei a ser coroinha nas missas e acompanhava Frei Gilberto Hillebrand nas visitas que fazia às casas. Creio que foi esta convi vência que Deus usou para me chamar”, acredita Frei Aldolino. Seu ingresso no Seminário de Rodeio (SC) se deu em 1963, aos 13 anos de idade. Em 1964, continuou os estudos em Rio Negro (PR), onde ficou dois anos. A partir de 1966, em Agudos (SP), ficou 5 anos.

Vestiu o hábito franciscano no dia 20 de janeiro de 1971, no Noviciado de Rodeio. Ali fez a primeira Profissão no dia 20 de janeiro de 1972. Sua Profissão So lene na Ordem dos Frades Menores foi celebrada no dia 4 de outubro de 1975. Depois de cursar Filosofia e Teologia em Petrópolis (1972-77) Foi ordenado pres bítero no dia 19 de dezembro de 1976.

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Nossa Senhora do Rosário é homenageada em Vila Velha

AParóquia Nossa Senhora do Rosário, de Vila Velha (ES), celebrou solenemente sua Padroeira e também Padroeira do Município de Vila Velha no domingo, às 18 horas, durante a Celebração Eucarística. Neste ano, o tema da Festa foi: “Maria nos tempos difíceis”. As festividades, contudo, come çaram no dia 6.

Com devoção e alegria, os fiéis re ceberam a Imagem de Nossa Senhora do Rosário, que veio ao encontro do povo trazida pelos marinheiros e, à frente, crianças vestidas de anjinhos, enquanto a assembleia iluminava o ca minho com as lanternas dos celulares.

Com os corações agradecidos dian te daquela que soube dizer “sim” e, que através disso, torna-se Mãe não somen te de Jesus, mas de toda humanidade,

iniciou-se a celebração solene. A Missa foi presidida pelo pároco Frei Vanderlei da Silva Neves e concelebrada pelos demais frades da Fraternidades do Santuário do Divino Espírito Santo e do Convento da Penha.

Frei Vanderlei iniciou sua homilia dizendo que Maria tem muito a ensinar a cada um de nós, superando e ven cendo os momentos de dificuldades.

“Quando observamos, sobretudo o Evangelho de hoje (da Anunciação), percebemos o anjo que foi enviado a uma jovem simples, que não tinha status nem grandes riquezas e vivia num lugar que não era bem visto pelas pessoas, um lugar extremamente simples”, disse o pároco.

“Da mesma forma que o anjo anuncia a Boa Nova a Maria, devemos entender que ele vem nos trazer sem

pre a esperança. Maria não titubeou diante da mensagem do anjo, ela ficou, sim, espantada, mas rapidamente deu o seu ‘sim’ e precisamos entender o sig nificado dele pois, diariamente, somos chamados a dar nosso ‘sim’ diante da fé na construção de um mundo de paz e bem”, acrescentou.

O frade também comentou que ela não quer substituir o Cristo, mas sim nos apontar o caminho seguro para chegar até Ele. Com seu exemplo de vida, ela pega em nossas mãos e nos mostra esse caminho. Por isso, ela é tida como bem-aventurada. Nenhuma mulher carregou em seu ventre o filho de Deus, exceto Maria.

Outro momento da vida de Maria refletido na homilia foi a crucificação de Jesus: “Uma espada transpassa a alma de Maria ao ver seu filho que

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tanto amou, ser rejeitado e conde nado a uma morte injusta. Eu ima gino, olhando para as mães, a dor que ela sentiu. Ela poderia dizer que não queria presenciar essa realida de de tanto sofrimento e tristeza e, com certeza, entenderiam isso. Mas ela não fez isso e venceu o medo, caminhando com Jesus. Quando a gente olha ao lado e consegue enxergar alguém que nos ama e é capaz de dar a vida por nós, isso nos dá forças. Eu imagino que Jesus, em algum momento da sua caminhada até a crucificação, viu Maria e aquilo lhe deu forças”, disse o frade.

“Maria é mestra em nos ensinar a viver nos momentos difíceis. Nos ajuda a entender as duas dimensões da cruz: o sacrifício de Cristo, que se doa por amor para que cada pessoa alcance a vida eterna; e conseguimos contem plar também o lado glorioso, o Cristo que vence a morte e enche o coração de cada fiel para viver com fé. Por isso, os convido a cada vez mais estimular e guardar a fé que vem de Cristo, dos apóstolos, dos papas, até o dia de hoje. Guardem está fé e não deixem que nada a abale na comunhão com a nos sa Igreja. Se assim fizermos, a exemplo de Maria, nada irá nos abalar”, concluiu o pároco.

Após a comunhão, foi momento de homenagear a Padroeira com uma belíssima coroação preparada pelas crianças da Igreja do Rosário. Os anji nhos, que haviam trazido a imagem no início da celebração, agora a coroaram como Rainha dos Apóstolos, enquanto um dos anjos cantava hinos a Nossa Senhora.

Também neste dia em que se comemora a Padroeira da Paróquia e de Vila Velha, a comunidade recebeu um presente: uma nova iluminação para a Igreja Matriz, que por ser pa trimônio histórico, cultural e religioso do município, terá a energia elétrica custeada pela Prefeitura Municipal,

com assinatura do termo pelo prefei to da cidade, Arnaldinho Borgo, por demais autoridades do município, pelo pároco Frei Vanderlei, por Frei Djalmo Fuck, guardião do Convento e por Frei Clarêncio Neotti, o frade que há mais tempo faz parte da Fraternidade do Di vino Espírito Santo. O atual governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e sua esposa também participaram da celebração.

Antes da bênção final, Frei Vanderlei agradeceu a todos que contribuíram para a festa deste ano. “Isso alegra o coração de Jesus, gera um mundo melhor, um mundo de paz e bem. Também essa união tão bonita dos frades franciscanos com a característica maior da espiritualidade Franciscana, a vivência fraterna. Todas comunidades, pastorais, equipes de liturgia, a Marinha do Brasil, sempre disposta a guardar a imagem, e as crianças merecem uma salva de palmas. O que vocês realiza ram foi muito bonito” disse. Sempre contem com os frades e peço ajuda da nossa Paróquia para realizarmos essas festas que agradam a Deus e nos fazem uma comunidade mais unida e mais forte!”, concluiu Frei Vanderlei.

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Beatriz, Francisco e Antônio visitam Frei Galvão em Guaratinguetá

brantes, Frei José Francisco de Cássia dos Santos e Frei Mário Luiz Tagliari, davam uma bênção a todos que se aproximassem da Mesa Eucarística. De pois da Missa foi apresentada a história do Santuário e seus projetos. Frei Diego agradeceu a presença de todos e ficou acertado que todo último sábado do mês de setembro seja realizada essa peregrinação, mantendo assim a ligação devocional do povo paulistano com o santo, que viveu em terras pau listanas, onde santificou sua vida.

Comemorando neste ano o bi centenário da morte de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo santo brasilei ro, foi realizada a primeira pere grinação até Guaratinguetá (SP), terra de Frei Galvão, envolvendo os fiéis devotos do Santuário São Francis co, da Paróquia Santo Antônio do Pari e do Mosteiro da Luz, da capital paulista, que lotaram um ônibus, no domingo (25/9), cheios de esperança e de fé.

Devido a este jubileu especial, as Irmãs Concepcionistas, guardiãs do corpo do primeiro santo brasileiro no Mosteiro da Luza, pela primeira vez deixaram suas rotinas conventuais e se juntaram ao povo peregrino, neste momento de devoção e celebração dos 200 anos da morte de Frei Galvão. As Irmãs Concepcionistas fazem parte da Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva para o serviço, a contemplação e a cele bração do mistério de Maria em sua Conceição Imaculada.

Ainda de manhã, os peregrinos foram recebidos pelo reitor do San

tuário Frei Galvão em Guaratinguetá, Frei Diego Atalino de Melo, num clima de alegria e partilha, quando todos puderam saborear um delicioso café da manhã, que foi seguido pela celebra ção da Santa Missa.

O presidente da Celebração Eucarís tica, Frei Diego, destacou a passagem do Evangelho de domingo, onde a partilha de vida e responsabilidade social seriam um verdadeiro testemu nho de cristão. Seremos julgados pelo amor que se desdobra no olhar e no cuidado, principalmente com outro e os mais necessitados.

Transformando a fé em obras, vários peregrinos destacaram um gesto no Rito da Comunhão, onde os concele

Seguindo a programação, os peregrinos seguiram para o Seminário Frei Galvão, onde foram recebidos com muita alegria pela Fraternidade Local. Todos puderem ter um momen to de pausa e de encontro consigo mesmo. Puderam conhecer o espaço dos Romeiros, a tradicional Exposição Permanente de Presépios e de imagens de São Francisco.

E chegando já ao fim da peregri nação, conheceu-se a Casa de Frei Galvão no centro histórico da cidade, seu memorial e a Igreja onde o santo foi batizado e mais tarde celebrou sua primeira Missa.

Que possamos ser continuado res da resposta de Frei Galvão e que possamos ser julgados pelo amor que recebemos e damos.

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São Francisco de Assis

ESPECIAL

Frei Massimo: “São Francisco nos convida a escolher a paz”

Por ocasião da Solenidade do Pai São Francisco, o Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, presidiu de manhã a Missa no altar-mor da Basílica Menor de São Francisco de Assis:

“Ouvimos o grito de alegria de Jesus, louvando o Pai por revelar aos pequeninos qual é o seu plano de amor. Este hino está enquadrado num contexto de crise, por vezes dramáti co. Jesus sofreu a rejeição dos líderes do povo e a incompreensão de seus próprios discípulos: seu ministério é radicalmente posto à prova. Louvor e alegria explodiram em crise e rejeição. Não é esta a lógica das bem-aventuran ças? A bem-aventurança floresce nas situações humanas mais difíceis”.

“Nessa lógica “inversa” das bem-a venturanças, ressoa outra palavra de Je sus, pedindo aos cansados e oprimidos que venham até ele. Não fique paralisa do no cansaço, mas viva-o como uma oportunidade para dar um novo passo. Afinal, mesmo Jesus na provação de seu ministério não para, mas louva o Pai e chama seus discípulos a segui-Lo. O jugo é o da aliança, que o Senhor oferece ao seu povo como caminho de liberdade, como para trazer refrigério, paz, vida nova, disse Frei Massimo.

“O grito de alegria de Jesus que lemos nesta liturgia nos lembra a his tória da perfeita alegria que Francisco ditou entre os estigmas e sua morte,

depois de ter vivido um tempo de provação em sua própria fraternidade e consigo mesmo em relação à sua vocação evangélica. Na forma de uma narrativa que Francisco dita ao Irmão Leão, o amigo de Cristo anuncia que a glória não está no sucesso mundano, na grandeza da Ordem, no sucesso da missão. A glória, isto é, o abraço de Cristo ao mundo e o nosso a ele na cruz, está em ser rejeitado, expulso, não reconhecido. A glória está em viver se gundo o Evangelho para seguir os pas sos de Jesus. Não de forma alguma ou reclamando, mas com paciência e sem perplexidade. Assim é a vida segundo as bem-aventuranças!”, acrescentou o Ministro geral.

Segundo ele, esta palavra do Evangelho, que vemos concretizada na vida mansa e humilde de São Francis co, fala-nos com força neste momento dramático da história, em que a paz está muito ameaçada: “Percebemos com grande preocupação o que está acontecendo e o que pode acontecer diante de possíveis ataques nucleares. Sentimos fortemente a ameaça às nossas vidas e ao mesmo tempo nossa

fraqueza e impotência diante de uma força que sentimos ser tão violenta. Esta dolorosa experiência recorda-nos a todos a realidade da morte, como escreveu São Francisco na sua carta às autoridades do povo: o melhor antí doto contra a violência cega da guerra é precisamente a memória da nossa própria limitação e morte, para não acreditarmos que somos onipotentes e cedermos a esse instinto. Enquanto muitos perdem a vida por causa de conflitos, lembremos o dom e a vida na lógica da Páscoa de Cristo, e não cedamos ao medo e ao retraimento em nossa vida privada. Nesse espírito, São Francisco nos convida a escolher a paz com gestos e palavras concretas para não ceder à cultura da violência e da resignação”.

Confiamos à intercessão de Fran cisco, arauto da paz, todos aqueles que sofrem com a guerra, especialmente hoje na Ucrânia, aqueles que atacam e são devorados pelo ódio e pelo medo.

Na véspera, o Definidor Geral, Frei César Külkamp, presidiu a Celebração do Trânsito de São Francisco na Basílica de Santo Antônio, na Via Merulana.

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Frei Paulo: as lições da Festa de São Francisco 375 anos

Ohistórico Convento São Franciscom de São Paulo (SP), que completou 375 anos no último dia 17 de setembro, celebrou no dia 4 de outubro o seu Padroeiro. Durante todo o dia, o povo veio agradecer e pedir as bênçãos ao Seráfico Pai. O dia nublado, com um clima agradável, ajudou a tra zer os devotos até o centro da capital paulista, especialmente para a bênção dos animais e para as Missas durante todo dia.

Às 10 horas, o Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Perei ra, presidiu a Celebração Eucarística, tendo como concelebrantes Frei Evaldo Xavier, o comissário papal no Mosteiro de São Bento, e o diácono Frei

Gabriel Dellandrea. “Alegramos nesta Celebração da Eucaristia, no dia de São Francisco, pelas presenças do Ministro Provincial e de Frei Evaldo. Nós temos uma relação muito bonita desde o tempo de São Francisco com São Ben to. Na verdade, na rua São Bento está o Mosteiro São Bento num extremo e no outro o Convento São Francisco. Então, agradecemos o Ministro Provincial, Frei Evaldo e os jovens monges por essa amizade que vem desde São Francisco. Cada ano, os franciscanos pagavam como aluguel um peixe aos benedi tinos pela Igrejinha da Porciúncula. E os beneditinos devolviam com óleo para a lamparina da igrejinha. Nessa amizade tão bonita, foi o Mosteiro das Beneditinas que acolheu Santa Clara no primeiro momento. Então, obriga

do pela presença de vocês”, saudou o guardião Frei Mário Luiz Tagliari.

Frei Paulo, falando desta amizade entre os franciscanos e beneditinos, disse que, se somos amigos uns dos outros de fato, é preciso fazer esse gesto de dividir a comida. “O amigo divide a comida e a gente está sen tindo falta disso. O mundo sente falta da partilha do alimento. Nós vamos nos encastelando nas nossas próprias casas e vamos gerando fome e morte. Do metrô até aqui vemos muita gente esquecida na rua, talvez sem amizade dos outros. Talvez entre si se protejam devido ao estado de violência e aban dono. Talvez essa seja, certamente, a lição deste dia: Cultivar a amizade, cultivar o companheirismo”, disse Frei Paulo, explicando que companheiro

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CONVENTO SÃO FRANCISCO

é quem partilha o pão. A palavra significa Cum panis. Segundo ele, esta é a primeira lição da festa de São Francisco.

Frei Paulo lembrou que nos altares há os santos fortes, os santos bons, aqueles que “nos ajudam e nos ajudam bastante”, como Santo An tônio, que parece ser alguém da família, “porque a gente pede a ele coisas que não teria coragem de pedir para qualquer outro santo”.

Mas, e São Francisco?, perguntou o Ministro Provincial. “São Francisco não é aquele santo dadivoso, que dá muitas coisas para nós. São Francisco é mais um exemplo. Até as coisas que ele vive são bastante difíceis de serem vividas. Mas por isso estamos aqui, porque não quere mos coisas fáceis. Nós queremos ir para o céu. E quem acha que ir para o céu é coisa fácil, está enganado. É muito difícil e por nossa própria for ça nós não conseguiríamos ir. Nós só desejamos ir para o céu porque o céu veio morar conosco. É isso que São Francisco nos ensina. O céu veio morar conosco para que a gente tenha desejo de céu”, explicou Frei Paulo.

Para o celebrante, o céu veio morar conosco no Natal, o mistério da encarnação que encanta va São Francisco. “Nós vamos celebrar isso com júbilo a partir do ano que vem, nos 800 anos da criação do presépio. Quer ir para o céu? A huma nidade frágil de Jesus Cristo nos ensina o cami nho. Encarnado na nossa história, participando de todas as vicissitudes, sentindo frio na noite invernal, sentindo a falta do acolhimento numa casa quentinha, vai nascer numa estrebaria. É o Deus humanado. A encarnação da divindade que nos ensina ir para cima e ir para baixo, na humildade. Assumir a fragilidade humana, esse é o caminho que São Francisco ensina”, pontuou.

Esse Deus que se despoja de toda a sua realeza, de todo o seu poderio, também se faz pão na Eucaristia. “Milagre da generosidade do Senhor. Se desfaz de tudo para ser alimento. O alimento mais simples, aquele que nos faz irmãos, que nos faz companheiros e compa nheiras. Essas são as lições de São Francisco: o presépio, a Eucaristia e a cruz. Não é fácil ir para o céu. No caminho tem cruz, diversas cruzes, e sobretudo aquela cruz escancarando o amor de Jesus Cristo pela humanidade. Despojamento, amor pleno, amor total”, explicou Frei Paulo.

Segundo ele, essas são as lições de São

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Francisco, válidas para ontem e para hoje, e urgentíssimas para a nossa realidade. “Tenhamos a disposição grandiosa de seguir o exemplo de São Francisco e viver aquilo que o Evan gelho de hoje nos diz: ‘Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos’ (Mt 11,25-30). Sábios e entendidos, senhores de si mes mo, soberbos, já plenos e lotados de autorreferência. Eu sei tudo, eu posso tudo, eu condeno a todos. Elimino as pessoas que não pensam como eu penso, que não votam como eu voto, que não querem o que eu quero, que são diferentes de mim, no gênero, na raça, na procedência, são nordestinos. Eu os elimino porque eu sou autorrefe rente. Senhor de mim mesmo. Lotado, soberbo”, condenou Frei Paulo.

Em contraposição a essa realidade,

o Ministro Provincial disse: “Vocês nunca saberão a verdade do Senhor. Vocês nunca conhecerão Jesus Cristo, nunca verão reveladas as verdades do Evange lho. ‘Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos’ e as revelastes a nós que amamos São Francisco, que hoje viemos a sua igreja para colher sobejamente os seus ensi namentos. Ensinamentos da simplici dade, da humildade e da vontade e do cuidado. Por isso, a gente se encanta vendo as pessoas trazerem os bichinhos para receberem a bênção. Quanto cuidado, quanto carinho, quanta atenção! E a gente sabe que isso é bom, por isso nós nos encantamos quando vemos tantos gestos desta natureza. Que bom, sejamos atentos, cuidadosos, generosos, afetuosos. Mas vejam, todos esses verbos que mencionei, poderia mencioná-los tantos mais que dizem

respeito à nossa atitude em relação às criaturas. Que nós sejamos bondosos, cuidadosos, atenciosos, generosos, que sejamos acolhedores, é nossa decisão em favor da criatura. Porque hoje o que está acontecendo é exatamente o contrário e por isso que nascem tantas expressões que nos acostumamos a elas e achamos que isso é normal: ‘Eu prefiro ter um amigo cachorro’”, lamentou.

Para Frei Paulo, isso acontece por que nós esperamos sempre receber o cuidado, receber o carinho, “Quem ama esperando receber amor em troca, ainda não ama como Deus no presépio, como Deus na Eucaristia, como Deus na cruz. Não esperava receber nada em troca, por isso seu amor foi o maior amor. São as lições da festa de hoje. E que do céu venha a graça de vivê-las no nosso dia a dia. Viva São Francisco!”, concluiu.

JOLIE FRANCISCANA

No mundo dos pets, quem roubou a cena no Largo São Francisco foi “Jolie”. Vestida com um hábito marrom, ela chamou a atenção dos fotógrafos. Paciente e amo

rosa, sempre perto de sua dona Marisa Gouveia, ela atendeu a todos os pedidos de fotos. Durante a Missa, um pouco cansada, aproveitou para se esticar no chão. Ninguém é de ferro.

Dom Bosco: “Francisco vira a Igreja no avesso”

Com que cuidado Francisco orientou seus confrades para que dessem testemunho do Evangelho, mas não simplesmente doutri nando as pessoas ou querendo impor a fé. Mas sempre de forma simples, com breves pala

vras, do jeito que o próprio Jesus fez. E sempre em comunhão com a Igreja. Francisco queria que seus frades fossem fiéis à Igreja. ‘Somos apenas servos’. É por isso que o seu modo de ser, o seu exemplo, passou a ser tão importante para virar a Igreja no

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avesso”. Palavras do bispo francis cano da Diocese de Osasco, Dom Frei João Bosco Barbosa de Souza, frade desta Província da Imacula da Conceição, ao presidir a Santa Missa deste domingo, às 10 horas, no oitavo dia da Novena em Honra ao Padroeiro do Convento São Francisco.

O guardião da Fraternidade do Convento, Frei Mário Tagliari, concelebrou e saudou Dom João: “Quero, em nome dos confrades, dar as boas-vindas ao nosso con frade Dom Frei João Bosco Barbo sa. Ele é da mesma terra de Frei Galvão e parente da família Galvão. Ele ficou bispo quando era pároco da Igreja da Vila Clementino”, disse o frade, pedindo uma salva de pal mas. Frei Gabriel Dellandrea serviu ao altar como diácono.

Antes de sua reflexão, Dom Bos co colocou diante de Deus o nosso país, que estava escolhendo o futuro nos próximos quatro anos. “E numa situação bastante difícil e compli cada que a gente acompanhou até aqui. Peçamos a Deus paz, diálogo, fraternidade, que a nossa Pátria encontre o caminho da esperança”, pediu.

Dom Bosco destacou a riqueza de oração, de formação, de apren dizado durante a Novena, espe cialmente este ano, conhecendo detalhes da Regra de São Fran cisco, que neste ano celebra 800 anos. “Essa bendita Regra de São Francisco deu tanto trabalho para ser escrita, porque a gente sabe que São Francisco não queria saber de regra. Ele dizia que a Regra que nós temos é Jesus Cristo. Basta o Evangelho. E quando ele percebeu que devia fazer uma Regra, porque tinha irmãos que queriam segui-lo, ele pegou umas frases do Evan gelho e disse: ‘Nossa Regra é essa’. Santa ingenuidade. A Igreja pedia

que fizesse uma Regra como os modelos que eram seguidos pelas congregações religiosas conheci das. Mas ele queria simplesmente o Evangelho. Ele queria se vestir do Evangelho”, enfatizou o bispo franciscano.

Já que Francisco tinha que fazer uma Regra, que essa tivesse o feitio do Evangelho, que fosse uma forma de colocar em prática o Evangelho. E assim aconteceu, lembrou Dom Bosco. Depois de uma versão que não estava con forme o desejo da Igreja, foi enfim feita a Regra que “temos até hoje como referência de São Francisco e que fez com que ele, de fato, to mando o Evangelho ao pé da letra revirasse a história da Igreja”.

Dom Bosco explica: “Revirasse porque a Igreja que estava estabe lecida naquele modelo tão imperial, tão grandioso, havia esquecido de botar os pés no chão como São Francisco queria. E ele, com todo o

respeito pela Igreja do jeito que ela era, queria transformá-la por dentro a partir do Evangelho. E o que aconteceu? A Regra foi sua maneira de transmitir realmente para os irmãos e para a Igreja o seu desejo de ser o Evangelho. E assim nós temos essa alegria de celebrar os 800 anos da Regra de São Francisco, que transformara a Igreja do seu tempo, 800 anos atrás”, ressaltou o celebrante.

Segundo Dom Bosco, Francisco cuidou de seus confrades para que dessem testemunho do Evangelho, mas não simplesmente doutrinando as pessoas ou querendo impor a fé. “Vocês vão pregar dando testemu nho de vida e se precisar digam al gumas palavras. Mas o testemunho de vida é o melhor pregador. O frade que mais bem prega o Evangelho se chama ‘Frei Exemplo’. E isso São Francisco levou tão a sério que ele, com sua vida, foi e é ainda para nós a Regra viva”.

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A animação litúrgica ficou sob a responsabilidade da Fraternidade do Convento.

Antes de iniciar a reflexão pro priamente, Frei Paulo agradeceu com muita ênfase a Frei Mário Tagliari, o guardião desta casa e pároco desta Pa róquia e responsável pela iniciativa de reunir a Família Franciscana neste sába do. “Ao saudar Frei Mario, saúdo a todos os confrades que aqui moram nesta casa de 375 anos celebrados neste ano. Ela é testemunha do Evangelho de ma tiz franciscano nesta cidade. Este con vento viu São Paulo crescer. Os frades aqui são testemunhas do gigantismo que foi adquirindo esta cidade e que gerou muita riqueza, mas uma riqueza que não é distribuída, uma riqueza que é concentrada”, lamentou Frei Paulo. Segundo ele, tristemente se pode ver esse empobrecimento que toma as ruas centrais desta cidade. “É uma contradição. Os frades são testemu nhas da possibilidade do crescimento e da urgência da transformação desta realidade. Há 375 anos, São Francisco não é mais só de Assis. São Francisco é do centro de São Paulo”, decretou o Ministro Provincial.

Obediências franciscanas celebram São Francisco

Os filhos de São Francisco de Assis, representando os três ramos da Ordem Franciscana – os Frades Menores Conventuais (OFM Conv), os Frades Menores Capuchinhos (OFMCap) e os Frades Menores (OFM) –, reuniram-se neste sábado (1º/10), na bela Igreja do Convento São Francisco, para celebrar o seu Fundador e Padroeiro.

A celebração já é tradicional no programa da Novena do Convento franciscano mais antigo da capital

paulista e teve a presença do Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira (OFM); do Ministro Provincial, Frei José Hugo da Silva Santos, da Província São Francisco de Assis (OFMConv); e de Frei Frei Alonso Aparecido, Vigário Provin cial, representando o Ministro Provincial dos Frades Capuchinhos de São Paulo, Frei Arcanjo Soares.

No sétimo dia da Novena, a Santa Missa foi presidida por Frei Hugo e coube a Frei Paulo fazer a homilia.

“E todos nós, frades que aqui vive mos e todas as pessoas que aqui vêm, devem cultivar esse olhar. É possível sair de uma tapera, é possível sair de um aglomerado de casas para se transfor mar numa megalópole, com criativida de, com empenho, com investimento. É possível também que esse crescimento seja gerador de fraternidade. É esta mis são desta casa há 375 anos. Nos cremos nisso e queremos pregar isso, queremos viver isso. É possível transformar as nossas relações transformando a nossa forma de organizar o mundo”, animou.

OBEDIÊNCIA: OUVIR

A VOZ DO SENHOR

Segundo Frei Paulo, “é bom estarmos aqui nas obediências”. Para ele, todos os três representantes dos

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ramos da Ordem Franciscana, vivem a obediência. “A gente se identifica. Também o ramo da Ordem Terceira Regular (TOR). São a mesma família com obediências diferentes. Obedi ência é um dos votos que nós faze mos, junto com castidade e pobreza. Entre os votos, não há aqueles que são melhores ou maiores, não! Todos os votos falam da mesma coisa e têm o mesmo vigor. Mas a obediên cia é aquele voto que a gente vive com os ouvidos. Obedecer é levar o nosso ouvido para bem perto dos lábios do Senhor. Então, nós três, representamos as obediências franciscanas e queremos deixar esta mensagem: Ouvir a voz do Senhor”, enfatizou.

ZELADOR DO EVANGELHO

“Quero saudar os frades e os devo tos que fazem aqui a Novena com o tema muito interessante: ‘São Francisco, zelador do Evangelho’. Evidentemente que tem aí uma conotação já preocu pada em celebrar os 800 anos da Regra Franciscana”, disse Frei Paulo, lembran do que para São Francisco o Evangelho é a medula da Regra.

Segundo Frei Paulo, São Francis co também cultivava esse jeito que se chama de minoridade. Para Frei Paulo, devemos nos empenhar para sermos zeladores a partir daquelas duas características fundamentais que inspiram a Ordem e os Ministros e que são a dupla identificação da Ordem, os dois pulmões do movi

mento franciscano: a fraternidade e a minoridade. “Então, quando a gente reza nove dias lembrando que São Francisco é o zelador do Evangelho, que a gente, mais uma vez, empe nhe-se para viver o Evangelho naqui lo que ele tem de mais essencial: a minoridade. Escondidinho, como o grão de mostarda do tamanho da fé que o Evangelho mandou a gente ter hoje. Não precisamos ter muita fé. Fé guardada nos cofres dos bancos, fé acumulada nos armários e nas gela deiras das casas abastadas, não! Jesus diz: ‘basta a fé do tamanho do grão de mostarda’”, refletiu, referindo-se ao Evangelho deste final de semana. Importante cultivar este desejo”, exortou Frei Paulo.

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Frei Albino Gabriel Grupo Vocacional do Convento São Francisco

leproso. Ele se reconhece irmãozinho de todos, também daquele homem e de todos que ele encontra ao longo de sua vida”, explica o bispo.

Segundo ele, como acabamos de ouvir no Evangelho (sobre a parábola do bom samaritano), São Francisco se torna o próximo de todos. “Aqueles que nós encontramos na estrada, nas ruas, debaixo das pontes, famintos e aban donados. Assim era São Francisco. Ele vivia profundamente este amor. Este amor profundo, verdadeiro, despojado”, acrescentou.

Dom Fernando encerra a Novena em honra do Padroeiro

Terminou no dia 3 de outubro, a Novena em honra ao Padroeiro do Convento São Francisco. O bispo emérito de Santo Amaro, Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM, presidiu a Celebração Eucarísti ca, às 15 horas. Frade desta Província da Imaculada, Dom Fernando estava muito à vontade com seus confrades e com o povo que compareceu para celebrar esse momento.

“Estamos aqui comemorando São Francisco de Assis, o Poverello. Ele é o irmão menor de todos e a sua vida reflete quem é São Francisco”, disse o bispo, contando uma passagem na vida do santo que retira do caminho uma minhoquinha para um lugar seguro, evitando que fosse pisoteada pelos transeuntes. “Veja o carinho de São Francisco de Assis pela vida”, reforçou o bispo.

“No seu coração, sem dúvida,

havia essa sensibilidade de alma que o levava a amar todas as criaturas, quaisquer que fossem elas. Assim, São Francisco de Assis tinha esse respeito profundo pela natureza, pelas criaturas, por todos. Uma pergunta vem à nossa mente: e hoje? Será que existe realmente esse respeito pela natureza, pelos irmãos, pelas irmãs, pelas criaturas?”, questionou. Segundo o bispo, muitos realmente têm esse sentimento, mas outros não.

Dom Fernando lembrou que em outra ocasião, ele está trilhando por uma estrada, e envolvido pela poei ra, ouve o som de uma campainha. Todos se afastam da estrada, mas São Francisco firma seus passos e continua a caminhar: diante dele aparece um hanseniano. “Naquela época não havia a cura, mas hoje temos a cura, graças a Deus. Francisco não titubeia, avança, abraça-o e, mais ainda, beija aquele

“Nós perguntamos o que o levava a tudo isso, o que permitia que ele vivesse essa realidade? Que ele se reconhecesse próximo de todos. Não se julgava superior às pessoas. Mas ele era o próximo. E cada qual se sentia tão bem na sua presença. É porque São Francisco se sentiu interiormente livre. Isso que é o mais precioso. Essa liberda de de coração, essa liberdade interior. E, por isso, São Francisco canta a natureza, canta as criaturas, canta a vida. Ele é um cântico! Porque interiormente é livre”, enfatizou.

Segundo o bispo emérito de Santo Amaro, não estar interiormen te livre faz com a gente não escute devidamente o outro. “E também não

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se abra ao diálogo. O diálogo é o cami nho que a gente faz, através da palavra, para chegar a um lugar que a gente não pensava chegar. Isso só fazemos se realmente somos de fato livres. Ele é livre e, por isso, ele canta, ele louva, ele sente essa alegria espiritual. Ele fala da alegria perfeita. Chegava lá livre interiormente e se enriquecia com a presença de um irmão que não o recebeu. Sempre livre interiormente. Assim era São Francisco de Assis”, destacou Dom Fernando.

“Na festa de hoje e de amanhã, pedi mos ardorosamente que sejamos livres interiormente no nosso coração. E, no nosso coração, brote esse louvor, brote essa ação de graças ao Senhor, ao nosso Deus, por tudo quanto está presente na nossa vida. Aí, então, sem dúvida, estaremos nos assemelhando a Jesus, reconhecendo Jesus em cada criatura. É o que nós pedimos. São Francisco de Assis, rogai por nós!”, completou.

Trânsito, uma tradição que sempre emociona

Era 3 de outubro de 1226. O sol se despedia no horizonte e uma pequena chama saindo de uma lamparina ilumina a pequena igreja, berço da Ordem Franciscana.

Cercado pelos irmãos “desolados”, como conta seu biógrafo Tomás de Celano, São Francisco inicia a celebra ção de sua morte como um ágape. Pede para trazer um pão, abençoa-o

e distribui a cada um. Pede, então, que leiam o Evangelho de São João, no trecho que diz: “Antes do dia da festa da Páscoa…”. Com isso, recorda va a última Ceia do Senhor. A febre

aumenta e São Francisco sente a proximidade da irmã morte. Pede que o coloque no chão e cantem com ele o Salmo 141. Antes de ter minar a última estrofe, São Francisco vai de encontro ao Pai.

Este ritual se repete há mais de 800 anos. É uma tradição na Ordem Franciscana recordar o Trânsito de São Francisco, a sua passagem desta vida para a vida eterna. Também já é tradicional no Convento São Fran cisco, esta celebração, reunindo os frades das três Fraternidades da Pro víncia da Imaculada Conceição (Vila Clementino, Convento São Francisco e Pari). A celebração foi presidida por Frei Roberto Aparecido Pereira e concelebrada pelo guardião da Fra

ternidade do Convento, Frei Mário Ta gliari, e pelo Definidor Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. O Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, também participou da Celebração.

Coube aos jovens vocaciona dos do Convento e Santuário São Francisco e o jovem Diego Lima representar um dos momentos mais tradicionais e emocionantes da Festa de São Francisco de Assis. Após a homilia de Frei Roberto, o grupo de jovens veio do fundo da igreja carregando o santo já ago nizante, representando o cortejo que caminhava para a Porciúncula. Sentindo-se agonizar, Francisco havia pedido para que o levassem ao lugar sagrado onde teve início a

Ordem Franciscana e onde estavam seus confrades. Francisco foi coloca do numa padiola e o cortejo deixou Assis pela estrada que levava ao vale de Santa Maria dos Anjos.

“’Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal’. Tema estranho quando olhamos a partir dos limites de nossa compreensão e aceitação. Mas é natural em se tratando de São Francisco de Assis, que preparou o momento de sua passagem neste mundo para a eter nidade. Reuniu os irmãos, recebeu os doces e a presença de sua amiga Jacoba, compôs um hino às criaturas para ser cantado naquela hora, ar rumou um despojado leito na terra nua. Ele nos ensina que por amar

intensamente a vida, não devemos temer a morte”, disse Frei Roberto.

Os jovens vocacionados colocam Francisco no chão do presbitério, em frente à belíssima imagem de São Francisco no altar-mor, e recor dam os últimos momentos de São Francisco na terra. O coro de vozes masculinas, composto por frades e leigos, entoou os cânticos em latim, entre eles “O sanctissima anima”.

“São Francisco morreu no outono de 226 em meio às metamorfoses da estação, o amadurecimento das folhas, o cair para o chão, renascer em todos os galhos e florescer, es conder nos confinados canteiros de inverno e renascer na Eterna Prima vera. E a vida não é isto, um morrer e renascer?”, perguntou o celebrante.

“Por amar intensamente, São Francisco não se prendeu a nada, foi livre para o regresso ao Paraíso. Ao fazer de sua morte uma celebração, tirou o trágico do instante. Viveu a vida moldando cada dia o eterno. Para ele, cada segundo da vida con

tinha toda a vida em sua plenitude, por isso não sabia do último dia. Dis se que todos devem começar, fazer a sua parte”, continuou Frei Roberto.

No caminho para Santa Maria, o cortejo para e São Francisco olha e abençoa a cidade de Assis pela últi ma vez. Antes de morrer, São Francis co ditou seu Testamento espiritual e pediu para trazer o pão. Abençoou-o, partiu-o e deu um pedacinho para cada um comer como fizeram os jo vens na encenação. Pediu que lessem o Evangelho de São João.

“São Francisco desejou o Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar. Fez disso a expressão de sua vontade. Compilou uma anotação de todas as maravilhas que viu na vida. Cantou um Cântico de luz na sombra da morte. Sabia que ia chegar ao céu e ser imediatamente reconhecido por todos os sofridos leprosos que chegaram antes e pelo Filho do Ho mem, que ia identificar e contemplar nele a mesma Paixão, as marcas do Amor fundidas num grande acolhe

dor abraço!”, completou Frei Roberto. Os jovens voltam com o corpo de São Francisco e param diante de São Damião para o último adeus às suas prediletas filhas. No final, Frei Mário agradeceu os jovens que fizeram a singela e piedosa encenação.

Tudo encenado com muita sim plicidade, mas com muita emoção. Ao final da celebração todos se sau daram com muita alegria, desejando uma feliz festa de São Francisco de Assis. Todos foram convidados para um lanche, que foi partilhado no antigo refeitório dos frades.

Depois de cinco apresentações como São Francisco, Diego Lima fez a sua última interpretação, já que está se mudando para Luxemburgo, na Europa. Com ele, participaram da encenação os vocacionados: Francisco Ivan da Silva Júnior, Lucas Clarindo da Silva Salvador, Elias Chagas Pinto Junior, Heitor da Silva, Daniel Oliveira e Levy Gomes.

Povo lota a Matriz de Chopinzinho para celebrar o Padroeiro

OPadroeiro de Chopinzinho (PR), São Francisco de Assis, foi celebrado com um Tríduo preparatório para a solenidade ao Seráfico Pai, no dia 4 de outubro. Com a Matriz lotada, o pároco Frei Olivo Marafon presidiu a Celebração Eucarística, às 15 horas. Foi um dia também de bênção dos animais.

“Estamos na Igreja Matriz celebran do a Eucaristia, Paixão, Morte, Ressurrei ção e Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas esta Eucaristia quer celebrar a vitória de Jesus com São Francisco de Assis. Então, a vida de São Francis co, após a sua conversão, foi pautada essencialmente na Palavra de Deus. E ali a história de Francisco, que não estava nos caminhos de Jesus e que se aproximou de Jesus pela educação que ele teve da piedade de sua mãe, que o ensinou na delicadeza e no cavalheirismou a ser uma pessoa de Deus. E Francisco, já de uma idade mais avançada, assumiu essa identidade. E assumiu de tal forma que, logo após a sua morte, foi declarado e reconhecido quase como Cristo Redivivo”, explicou o pároco.

Segundo ele, a história de São Fran cisco e a Palavra de Jesus se entrecruza ram. Frei Olivo destacou trechos da Pa lavra de Deus para mostrar isso, como na primeira leitura, em que o Livro do Eclesiástico lembra a necessidade de restaurar a Casa do Senhor e fortificar o templo. “Logo no início da conversão, São Francisco vai e restaura as igrejas, como a pequenina igrejinha de São Da mião. Mas aí ele começou a questionar, enquanto trabalhava com as pedras, e entendeu a Palavra de Jesus que queria que ele restaurasse o templo de Deus, morada de Deus. E São Francisco se colocou com mais empenho ainda para fortalecer o templo de Deus. Eis que estamos aqui celebrando essas duas vidas: de Jesus, nosso redentor, e de São Francisco, nosso exemplo. Eis a nossa missão. Restaurar a casa, que pode ser restaurar a família, a Igreja. Mas temos que fortificar o templo de Deus, que é o meu coração, o seu coração, o coração do ser humano”, ensinou.

Citando São Paulo aos Gálatas, quando o apóstolo pede que “glorie somente na cruz do Senhor Nosso Se nhor Jesus Cristo”, também São Francis co pediu e desejou sentir no seu corpo

o sofrimento de Jesus. “E Jesus lhe deu a graça dos estigmas. Eis aqui de novo o pedido humano que encontra eco no coração de Deus. O Evangelho é de novo uma manifestação dessa vivência humana em comunhão plena com Deus”, disse Frei Olivo.

Sobre o Evangelho do dia, “aquele tempo, Jesus se pôs a dizer: ‘Eu te louvo Pai e Senhor da terra porque escon deste essas coisas aos sábios e enten didos e as revelastes aos pequeninos’, o celebrante lembrou que Deus não faz acepção de coisas, de pessoas, mas ele dá suas graças, suas riquezas, a sua Palavra a todos. “Mas quem é que as acolhe? Quem é que as busca, quem vai atrás das palavras?”, questionou. Para ele, os pequeninos, que têm espaço no seu corpo, na sua casa pessoal para o próprio Deus. “São Francisco de Assis nos fala ainda o seguinte: é muito deplorável se nós louvarmos a Deus e enaltecermos a figura dos santos e não nos esforçarmos por imitá-los, por reali zar aquilo que viveram”, completou, pe dindo para ter a Palavra de Deus como alimento da alma: “Alimentemo-nos da Palavra de Deus e assemelhemo-nos ao próprio Senhor Jesus”, concluiu.

CHOPINZINHO – PR

Frei Valdecir: Como Francisco, somos chamados a ser restauradores

Odia de São Francisco de Assis, em São Paulo, começou nubla do e um pouco frio. Mas o Irmão Sol apareceu à tarde para homenagear o seu poeta do Cântico das Criaturas. Na Vila Clementino, o Padroeiro da Paró quia São Francisco de Assis teve um dia

festivo à sua altura.

As Missas começaram às 7 horas e a última foi celebrada às 19h30. Do lado externo da Matriz, fiéis e admiradores do Santo de Assis começaram a chegar com seus animais para a bênção. Não demorou muito para se formarem filas. Assim foi até à noite. O pároco Frei Valdecir Schwambach presidiu a Celebração Eucarística às 9 horas.

“Trazemos nesses dias, de um modo especial, as criaturas para serem abençoadas – os animais, cachorros, gatos, aves e tantos outros bichinhos que compõem as nossas famílias –, mostrando que neste mundo, além de nós, cabe também tantas outras pes soas e tantas outras criaturas. Deus fez

um mundo grande para que coubesse todas as diferenças. É isso que São Francisco nos mostra. Este Santo que é amado por nós, católicos franciscanos, obviamente, mas também amado pelas grandes religiões como o Budis mo, e outras admiram a São Francisco como o irmão universal. Um homem

que não conheceu bar reiras, limites de religião, porque ele, como disse o autor, foi o primeiro depois d’Ele”, disse o pároco.

“São Francisco cultivou um coração muito grande, um coração onde as outras pessoas também podiam se encontrar, sentiam-se alvo da misericórdia de Deus, onde elas se sentiram integradas e perdoadas novamente. Diante de São Francisco, ninguém

SÃO PAULO – VILA CLEMENTINO
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se sentia estranho, ninguém se sentia rejeitado”, emendou.

Segundo o frade, os escritores sagrados, os hagiógrafos, os biógrafos que escreveram sobre a vida de São Francisco de Assis dizem que certo dia, quando Francisco rezava na pequena e já em ruínas Capela de São Damião, diante de um Cristo Crucificado, per gunta: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ Provavelmente ele perguntou várias ve zes ao Senhor crucificado, que lhe falou ao coração: ‘Francisco, vai e restaura a minha igreja”. Quanta coisa precisa hoje também ser restaurada?”, observou Frei Valdecir.

Inicialmente, segundo o frade, Francisco entendeu que a sua missão, o seu trabalho seria restaurar edifícios de pedra, edifícios materiais. Mas, depois ele entendeu que o que Deus queria não era que ele fosse um pedreiro, ou um construtor de matéria, mas que ele fosse um reformador, alguém que trouxesse nova vida, nova vitalidade, nova espiritualidade, novo vigor para a Igreja na Idade Média. “No tempo de São Francisco, vocês vão perceber que existiam muitos movimentos, que eram entendidos como movimentos heréticos, valdenses, albigenses e tan tos outros que queriam fazer reformas. Achavam que traziam uma verdade melhor do que aquilo que já existia. São Francisco, muito pelo contrário, se sentia católico na sua plenitude. Jamais se distanciou da Igreja, do Papa, dos bispos, muito pelo contrário. Então é de dentro que sempre acontece o impul so transformador, o impulso renovador do coração da instituição. Hoje, nós também somos chamados a sermos restauradores”, refletiu.

“Quanta fratura, quanta quebra, nós temos hoje em dia nos relacionamen tos. Quanta morte nós encontramos, se não dentro de nós, mas dentro das nossas famílias e dos ambientes do nosso trabalho. Se nós rezássemos diante do Crucifixo, como rezou São

Francisco, o que Deus diria para nós?

O que precisa também ser restaurado?

O que precisa ficar bonito de novo, iluminado? O que precisa novamente ganhar nova vida?”, provocou o frade.

Segundo Frei Valdecir, a festa de São Francisco tem como tema a “Revolu ção da Ternura”. “Está faltando ternura, está faltando empatia, está faltando a capacidade de perceber que eu não tenho nenhuma verdade absoluta. Que São Francisco ilumine a nossa vida e nos mostre que podemos ser felizes seguindo o seu exemplo!

Frei Fidêncio: hoje, a humanidade tem dificuldade de perdoar

O Definidor Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, presidiu a Celebração Eucarística ao meio-dia. Segundo ele, neste mundo aflito e atribulado que nós vivemos, Francisco de Assis, pobre, humilde, pequenino, é motivo tam bém para que nós possamos louvar a Deus por aquilo que ele foi, mas que a nossa vida também “seja uma louvação ao Deus Altíssimo por aquilo que nós devemos ser enquanto criaturas, filhos e filhas de Deus”.

Jesus diz: ‘Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos’. A humanidade toda hoje está cansada. A humanidade hoje também vive de diferentes modos, opressões. Vivemos em pleno tempo pós-moderno, com ameaças de armas nucleares. ‘Vinde a

mim, vós todos’ porque Jesus tem uma proposta de amor, uma proposta de vida a todos nós. Portanto, esta oração de Jesus, que nos convida a irmos ao seu encontro, é a resposta que Francis co procurou dar no seu tempo. Quan do nós meditamos e contemplamos o Cântico das Criaturas, esse cântico também brotou no momento de dor, de profunda dor na alma de Francisco, quando ele não mais podia contem plar a criação tão bem visualizada aqui, catequeticamente nesses vitrais bonitos da nossa Igreja. Ele também louva o Criador por todas as coisas, pelo irmão Sol, pela irmã Lua, pelas estrelas, pela água, pela vida. Louva o Senhor, por aqueles que perdoam e como a nossa humanidade hoje tem dificuldade de perdoar”, lamentou.

“‘Eu te louvo, Senhor Pai do Céu, porque revelasse essas coisas aos mais pobres, aos mais simples e aos mais humildes’”. Porque nós também quere mos ser criaturas divinas que cantam esta perfeita alegria e esta perfeita alegria passa, muitas vezes, por meio do caminho da cruz, pelo caminho da tribulação. Deus os abençoe. Queridos irmãos e irmãs, abençoe as nossas fa mílias, abençoe os nossos bichinhos de estimação. Abençoe o mundo inteiro para que vivamos cada vez mais a paz, a sonhada paz, a desejada paz e a paz de Deus. Amém”, pediu.

Lucas Santos
ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 623

Frei Paulo indica a inspiração que vem de São Francisco

AParóquia São Francisco de Assis, em Duque de Caxias (RJ), celebrou com júbilo e fé a Festa do seu Padroeiro no dia 4 de outubro, às 19h30min, com a Missa presidida pelo Pároco Frei Paulo Roberto Santos Santana, concelebrada por Frei James Luiz Girardi e o diácono Sebastião, além de um expressivo número de fiéis da Paróquia.

Frei Paulo, na sua homilia, apontou três sinais que revelam o modo de vi

ver a vida evangélica de São Francisco e que servem de inspiração para o tempo presente e para a nossa realida de, tendo como ponto primordial a opção pelos pobres. “O Evangelho de hoje começa glorificando Deus Pai e Senhor da Terra por esconder estas coisas dos sábios e revelar aos peque ninos, aos pobres. O mistério de Deus se revela no coração daquele que é pobre”, disse Frei Paulo.

Sobre o primeiro ponto, Frei Paulo

falou do encontro de São Francisco com o Cristo. “O encontro de São Francisco com Nosso Senhor o levou a despojar-se de uma vida de riqueza, para abraçar a experiência da Senhora Pobreza e viver como verdadeiro Filho do Pai Celeste. Com isso, em toda a vida de São Francisco, o amor pelos pobres e

a imitação de Cristo Pobre são elemen tos inseparáveis e fundamentais de nossa espiritualidade. Nesse sentido, podemos perguntar: de que forma São Francisco pode ser um modelo teste munhal no tempo presente e como deveríamos buscar daquilo que a Igreja declara como opção preferencial pelos pobres?”, ressaltou o celebrante.

No segundo sinal, é o anúncio da Paz. “Qual paz desejamos?”, pergun tou o frade. São Francisco nos dá o testemunho deste anúncio, a partir do Evangelho: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11,28-29). Esta é a segunda coisa de que São Francisco nos dá testemu nho: quem segue a Cristo, recebe a verdadeira paz, a paz que só Ele, e não o mundo, nos pode dar. Na ideia de muitos, São Francisco aparece associa do com a paz; e está certo, mas poucos vão em profundidade. Qual é a paz que

DUQUE DE CAXIAS - RJ

São Francisco acolheu e viveu, e que nos transmite? A paz de Cristo, que pas sou através do maior amor, o da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos, quando apareceu no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco!’; e disse-o, mostrando as mãos chagadas e o peito trespassado (cf. Jo 20,19.20).

Frei Paulo citou o Papa Francisco para lembrar que a paz não é piegas: “A paz franciscana não é um sentimento piegas. Por favor, este São Francisco não existe! E também não é uma espécie de harmonia panteísta com as ener gias do cosmos… Também isto não é franciscano, mas uma ideia que alguns se formaram. A paz de São Francisco é a de Cristo, e encontra-a quem ‘toma sobre si’ o seu ‘jugo’, isto é, o seu manda

mento: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”.

Segundo Frei Paulo, o terceiro pon to talvez seja o mais presente em nosso meio, que é o respeito pela criação. Francisco começa assim o Cântico das Criaturas “Altíssimo, onipotente, bom Senhor, Teus são o louvor, a glória, a honra E toda a bênção...” O amor por toda a criação, pela sua harmonia, tinha no coração de São Francisco um desejo pleno. Mas o primeiro amor que teve foi o beijo no leproso e, posterior mente, ele vai dizer: “E depois que o Senhor me deu irmãos ninguém me mostrou o que eu deveria fazer, mas o Altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho”. E aqui eu sempre me

pergunto: “Depois que o Senhor me deu irmãos, não é depois que o Senhor me deu cachorros, gatos, animais de estimação. É um pecado grave, o Papa afirma isso, quando a gente atribui esse carinho e amor que deveria ser para os nossos irmãos aos animais. E eu pergunto: quando ficarmos doentes, quem cuidará de nós? O gato, o ca chorro, que você cuida? Será que não é uma agressão, quando os irmãos estão à beira do caminho passando fome e frio?”, questionou.

Semana Franciscana termina com a Caminhada

Na manhã do sábado (08/10) foi realizada a Caminhada Franciscana, en cerrando a Semana Franciscana na Pa róquia. Os fiéis partiram em caminhada às 7h, da Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos Elíseos, com destino à Comunidade Nossa Senhora Imaculada Conceição, no Saraiva.

Durante o caminho percorrido, com cantos e orações, animados pelo Diáco no Sebastião, foram feitos momentos de reflexão: no 1º, a Ordem Franciscana Secular apresentou o tema “Valores Fran ciscanos e a Espiritualidade”; no segun do, os jovens da JUFRA falaram sobre “Espiritualidade e Cortesia franciscana”, e, no último, os catequistas da Paróquia apresentaram “A Perfeita Alegria”.

Na chegada à Comunidade Nossa Senhora Imaculada Conceição foi reza da a Santa Missa presidida pelo pároco Frei Paulo Santana, concelebrada pelo Frei James Girardi. Ao final da Missa como gesto concreto, foi feito o plantio de várias mudas de árvores frutíferas no terreno da comunidade.

ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 625

Franciscanos de Vila Velha celebram São Francisco: um exemplo de amor e cuidado com a criação

animais para adoção; esses que foram resgatados numa condição de maus tratos ou de atropelamento, de doen ça extrema que é o alvo do resgate da nossa prefeitura. Todos os animais que são resgatados pelo município [temos um número próximo de 700 animais resgatados] passam por um tratamen to médico veterinário numa empresa contratada, ficam alojados até que sejam disponibilizados para adoção. Qualquer pessoa que quiser adotar um animal, seja cão ou gato, pode ir no site da prefeitura de Vila Velha e conferir quais animais estão disponí veis para adoção”, explicou.

AFesta de São Francisco, em Vila Velha (ES), para festejar este tão importante santo, os fran ciscanos, que estão presentes na cidade canela-verde desde 1558, realizaram uma progra mação especial. Ao longo do dia, fiéis levaram os animais de estimação para a tradicional “bênção dos animais” que acontece sempre no pátio do Santuá rio do Divino Espírito Santo, no Centro de Vila Velha. Os frades se revezaram para atender todo mundo. A atividade teve início às 8h15 e se estendeu até o início da noite.

Em parceria com a Prefeitura de Vila Velha, o Santuário também realizou uma feira de adoção de cães. Ao todo foram disponibilizados dez cães para adoção na ação pontual, no entanto, há mais de 600 animais esperando um lar. Celso Cristo, diretor de bem estar animal da Secretaria de Meio Ambiete da cidade, enfatizou que o trabalho desenvolvido pela administração municipal é de resgatar animais que foram abandonados nas ruas ou que foram vítimas de aciden tes, atropelamentos, entre outras situa ções. “Nosso objetivo é disponibilizar

O amor de São Francisco pela cria ção era mesmo imensurável, a tal pon to de chamar a criação toda de irmã, como explica o Frei Vanderlei Neves. “São Francisco de Assis é reconhecido por ser o santo protetor dos animais, isso devido a sua profunda relação com toda a criação. Ele enxergava nos animais, no céu, na terra, no mar, como sendo uma criação de Deus, por este motivo, todos nós somos irmãos, de alguma forma temos uma profunda ligação. Seu principal ensinamento é o respeito com toda a criação”, disse o Pároco da Paróquia do Rosário.

626 [COMUNICAÇÕES] ESPECIAL
VILA VELHA - ES

Paróquia São Luiz Gonzaga celebra São Francisco de Assis

AParóquia São Luiz Gonzaga encerrou na terça-feira (04/10) as comemorações a São Francisco de Assis.

Durante o dia a bênção dos animais aconteceu ao lado da igreja Matriz. Os fiéis puderam trazer seus bichinhos de estimação para serem abençoados.

As comemorações a São Francis co de Assis tiveram início, no sábado, dia 1º de outubro, com o teatro do Trânsito de São Francisco, às 19h, na Igreja Matriz. A apresentação tradi cionalmente é feita pelo grupo de jovens da Pastoral da Juventude. O

povo de Deus pode acompanhar a encenação pelas redes sociais da Paróquia no YouTube e Facebook.

Na terça-feira (04/10), as come morações tiveram início às 8h30 com a bênção dos animais. Durante o dia foram quatro bênçãos, duas na parte da manhã e duas na parte da tarde. Os tutores trouxeram seus animais de estimação para a bênção, neste ano além de cachorro, gato, porquinho da índia, os frades tam bém abençoaram um cavalo.

Às 18h30, teve início a Santa Missa presidida por Frei Alan Maia de França Victor e concelebrada por Frei

Gilson Kammer e Frei Jacir Anto nio Zolet. Com a igreja cheia, São Francisco foi relembrado e celebrado por todos que estavam presentes e acompanhavam pelas redes sociais.

Durante a homilia, Frei Jacir disse que “Francisco, buscou a sua seme lhança com Cristo na leitura atenta à palavra de Deus e meditando a Sagra da Escritura. São Francisco sempre se perguntava: o que Jesus Cristo quer de mim? Foi assim que, ao longo de sua vida de fé, se assemelhou a Cristo”.

ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 627 XAXIM - SC

A primeira celebração de São Francisco pelos frades na Comunidade Nossa Senhora Aparecida

já vive, de certo modo, a espiri tualidade franciscana, mesmo sem saber, devido às condições de pobreza e luta pela moradia, coisas que já são enfrentadas pela comunidade no seu dia a dia.

Frei Paulo lembrou ainda o Cristo pobre do presépio de Grec cio. São Francisco é o santo que nos traz presente o Cristo pobre de Belém e que cada comunidade da Paróquia poderia confeccionar o seu presépio. O presépio é uma marca expressiva da espiritualida de dos franciscanos.

AComunidade Nossa Senhora Aparecida, pertecente à Paró quia Santa Cruz, atendida pela Fraternidade Dom Paulo Eva risto Arns do Jardim Peri Alto de São Paulo (SP), recebeu no dia 4 de outubro os frades francisca nos para celebrar a primeira Missa em honra a São Francisco desde a chegada no ano passado. O Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, presidiu a Santa Missa em honra ao Santo de Assis. Os frades da Fraternidade de

Santo Antônio do Pari também se fizeram presentes e a anima ção litúrgica ficou por conta da Comunidades da Paróquia Santa Cruz; e a Comunidade de Nossa Senhora Aparecida, escolhida por ser a mais carente da Paróquia.

Frei Paulo Pereira ressaltou a vida de São Francisco pela sua imitação ao Cristo Crucificado, sua vida de pobreza e minoridade. Falou também que a comunida de de Nossa Senhora Aparecida

PELA FRATERNIDADE SÃO FRANCISCO

1. Pela fraternidade da Paróquia Santa Cruz Vamos juntos preservar o que é de todos Deus reúne neste mundo os filhos seus São Francisco nos convida nesta hora Celebrar a Criação que é o dom de Deus.

Ref. São Francisco, amigo de toda criação São Francisco, nos ajude a viver em comunhão São Francisco, a mãe terra implora pela paz Novo tempo, nova aurora se faz. (bis)

2. São Francisco, protetor da natureza, Chama a tudo e a todos de irmãos Precisamos recriar um mundo novo Renovado universo em nossas mãos.

3. Irmã água, irmão vento poluídos, As florestas e animais perdem a vida Pelo mundo vemos só destruição E a mãe terra chora tão entristecida.

628 [COMUNICAÇÕES] ESPECIAL
SÃO PAULO – JARDIM PERI ALTO
(Letra e Música: Frei Carlos Nunes Corrêa)

Comunidade São Francisco de Assis celebra Padroeiro na Rocinha

Na Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, Rio de Janeiro, (RJ), a Festa a São Fran cisco de Assis foi celebrada na na Comunidade do Padroeiro, na Rua

2. Durante a homilia, Frei Antônio Mi chels recordou dos diversos momento da vida de São Francisco de Assis. No final a comunidade partilhou um bolo em homenagem ao Padroeiro.

Festa para o Padroeiro até o dia 9

AParóquia São Francisco de Assis e o Noviciado São José, em Rodeio (SC), celebraram o Santo de Assis com uma No vena que começou no dia 25 de se tembro. O término das festividades, contudo, se deu em 9 de outubro.

No dia 3, um momento sempre muito esperado, tivemos o Trânsito

de São Francisco, com a participação dos noviços.

No dia do Padroeiro, bênção dos animais durante o dia e a Missa Solene celebrada às 19 horas. No dia 9, a Missa festiva do Padroeiro foi cantada pelo Coral Santa Cecilia de Blumenau (SC), seguido do almoço festivo.

ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 629
ROCINHA - RJ

Programação especial na Porciúncula de Sant’Ana

As festividades de São Fran cisco de Assis na Paróquia Porciúncula de Sant’Ana, em Niterói (RJ), começaram com o Tríduo e ganharam uma programação especial no dia do Seráfico Pai.

O pároco Frei Salésio Lourenço Hillesheim presidiu a Missa das 8h e destacou o exemplo de São Francisco que cada um deve seguir nos dias de hoje: “Na alegria de celebrarmos São Francisco, nós também abrimos nosso coração para, sempre de novo, relembrarmos esta vida totalmen te dedicada a Deus e totalmente dedicada aos irmãos. Um homem se despojou de tudo. Que sentiu e percebeu que na vida não precisa mos de muitas coisas, precisamos de Deus. Precisamos dos outros e precisamos de disposição para amar e servir. Não precisamos de riquezas, nem das coisas que tantas vezes usamos para nos esconder ou para passarmos uma imagem do que não somos, não precisamos de poder, não precisamos de armas, nós precisamos de paz. Não precisamos de medo dos outros, precisamos de comunhão com os outros, de sintonia com os outros. Não precisamos de distâncias! O amor, sempre de novo, nos torna próximos, esta é a mensagem de São Francisco”, reforçou Frei Salésio.

Como em toda terça-feira, no fim da celebração, a comunidade partici pou de um momento de Adoração ao Santíssimo.

A primeira Bênção dos Animais do dia foi realizada às 10h pelo Frei Ivo Müller.

Frei Ivo destacou em sua fala, no dia do patrono do meio ambiente, que precisamos estar mais conscientes do nosso cuidado com a Casa Comum. O Pátio, na entrada da Igreja, foi tomado por cães, gatos, pássaros e até os bichi nhos mais agitados, silenciaram para o momento da Bênção.

Na missa das 12h, celebrada pelo Frei Sergio Sebastião Pagan, os parti cipantes encerram a missa com uma procissão da igreja até a entrada para uma Bênção Especial. Frei Sergio des

tacou a alegria do reencontro com as pessoas e os animais que participaram da celebração.

Pelo 3º ano consecutivo, na Festa Franciscana, foi realizada na entrada da igreja a Exposição “Imagens de São Francisco”.

No dia 3 de outubro, a celebração do Trânsito de São Francisco de Assis teve as crianças da catequese, que realizaram uma encenação sobre a morte de São Francisco. No final, a OFS convidou os presentes para uma con fraternização em nosso salão de festas.

Fonte: https://www.porciunculaniteroi.com.br

630 [COMUNICAÇÕES] ESPECIAL
NITERÓI - RJ

Trânsito abre as festividades

AParóquia São João Batista, em São João de Meriti (RJ), iniciou as celebrações de São Francis co de Assis na véspera do dia 4 com a encenação do Trânsito de São Francisco feita pelos jovens da Paróquia, às 19 horas. Segundo nota no Facebook, um momento de mui ta emoção para os fiéis que estavam presentes.

Já no dia de São Francisco de Assis, a comunidade da Paróquia se reuniu para a Santa Missa, às 8 h, em louvor ao Pai Seráfico. Em seguida, o pároco Frei Douglas Paulo Macha do inaugurou e abençoou o novo jardim. Em seguida, os paroquianos puderam se deliciar com o bolo de São Francisco de Assis.

A bênção dos animais foi rea lizada de manhã, com Frei Airton da Rosa Oliveira, o Frei Soneca, abençoando cães e gatos que foram levados pelos seus tutores.

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Juventude Franciscana encena o Trânsito

AParóquia São Pedro Apóstolo de Gaspar celebrou São Francisco de Assis com o Trânsito encenado pelos jovens da Juventude Francis cana. Após o momento celebrativo na igreja, o rito se estendeu para a Fraterni dade juntamente com a OFS, as irmãs e os paroquianos. “Bendito seja Deus porque me criastes” (Santa Clara).

ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 631
SÃO JOÃO DE MERITI - RJ GASPAR
SC

“Exposição Franciscana” no Instituto Teológico Franciscano

Por ocasião das festividades de São Francisco, a Biblioteca do Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis (RJ), foi enri quecida com um elemento a mais: A “Exposição Franciscana”, com dezenas de representações de São Francisco de Assis. São pinturas e esculturas de diversos artistas.

Frei Sandro Roberto da Costa, diretor e professor de história da Igreja do ITF, explicou que as obras de arte têm sempre o objetivo de mexer com sentimentos e com a imaginação. “A biblioteca é o santuário da imaginação, da criação, da expressão do coração. Isso se aplica ainda mais à biblioteca do ITF, com um dos maiores acervos na área de franciscanismo no Brasil. Nesse sentido, as representações das imagens são fruto da imaginação de cada artista, que, atra vés daquela escultura ou pintura, com os mais diversos materiais, externou ao público o seu modo de conceber, de entender o Poverello de Assis: desde os mais comuns, com passarinhos, com animais, com flores e plantas, de braços abertos, rezando, louvando a Deus, e até dormindo”, destacou.

Segundo Marisa Cardoso Vianna,

que trabalha no ITF há 9 anos, a mostra foi montada a partir de peças de sua coleção particular, como de obras de Frei Sandro e de Frei Ludovico Garmus, além de estatuetas do próprio ITF. Se gundo ela, o foco é puramente francis cano, mas também quer dar a largada para as comemorações dos 800 anos da Regra da Ordem Franciscana, even to que será celebrado em 2023.

A exposição é composta de várias esculturas, de diversos tamanhos, e algumas pinturas. Dentre as esculturas, a maioria provém de artistas popu lares, de vários Estados do Brasil e de países da América Latina. “Temos obras também de Angola e algumas de Assis, Itália”, afirma Frei Sandro. “A “Exposição

Franciscana” surgiu como parte de uma série de eventos relacionados à pre paração para a festa de São Francisco. Além da exposição, o Instituto Teoló gico Franciscano realizou a Semana Franciscana, de 26 a 30 de setembro, com uma série de lives gratuitas, com mestres do franciscanismo. E, no final de semana que antecedeu a solenida de de São Francisco, realizou-se o Retiro Franciscano, contando com a participa ção de mais de 60 pessoas.

A exposição foi oficialmente inaugurada no dia 25 de setembro e ficou aberta ao público até o dia 7 de outubro.

632 [COMUNICAÇÕES] ESPECIAL PETRÓPOLIS - RJ

Fraternidade do Sagrado celebra São Francisco de Assis

Os frades franciscanos do Convento e da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus celebraram São Francisco de Assis com a Semana Francis cana, que teve início no dia 1º e terminou no dia 7 de outubro. Com uma programação on-line e presencial, a comunidade local pôde vivenciar dias intensos de orações, reflexões e cele brações pelo dia de São Francisco de Assis. Teve bênçãos dos animais, teatro promovido pela Pastoral da Catequese, Tríduo, Noite Franciscana, Celebração do Trânsito e do dia do Santo de Assis!

No cair da tarde do dia 3 de outubro, a tradicional celebração do Transitus de São Francisco, marcou a passagem do Santo de Assis para a vida eterna. A Páscoa de Francisco foi celebrada e vivida no cântico dos salmos conduzido pelo Coral dos Frades do Tempo da Teologia e pelo Coral dos Canarinhos de Petrópolis que abrilhantaram a celebração. E também pela meditação da Palavra de Deus que ele mesmo, São Francisco, buscou com humildade e prontidão fazer durante toda a sua vida.

Na reflexão, Frei Volney José Berkenbrock afirmou que a morte de Francisco é um espelho que reflete no tempo. “O grande desafio não é nos prepararmos para a morte, mas, preparamo-nos para a vida, para uma vida reconciliada, integrada, capaz de acolher uns aos outros. Só assim, conseguimos entender, o que Fran cisco disse aos seus irmãos um pouco antes de morrer: ‘comecemos irmãos,

porque até agora pouco ou nada fizemos’”, afirmou.

A solene Celebração Eucarística do dia 4 de outubro foi presidida por Frei Sandro Roberto da Costa, às 18 horas, e contou novamente a presença do Coral dos Frades, sob regência do experiente maestro, Marco Aurélio Lischt. O guardião e pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini foi o concelebrante. Na homilia, Frei Sandro destacou aspectos da vida de São Francisco. “Nesta noite de festa e solenidade nos reunimos aqui para celebrarmos um homem que viveu há 800 anos. Um homem, medie val, que traz sentido a nossa existência

ainda hoje. Quando nós fazemos me mória, quando recordamos, trazemos novamente ao coração o que Francisco quer nos dizer”, destacou. “Hoje mais do que nunca precisamos de pessoas e referenciais que deem sentido a nossa vida. A grande pergunta que nós nos fazemos é: Por que São Francisco atraí tantas pessoas e é tão atual?”. “Que ao olhar para esse personagem nós nos sintamos irmanados e tocados pela ex periência de vida dele. Que nossa vida possa ser renovada e revitalizada pela vida de São Francisco de Assis”, rogou.

ESPECIAL [COMUNICAÇÕES] 633 PETRÓPOLIS - RJ

Festa em Honra e Louvor a São Francisco de Assis

No primeiro final de semana do mês de outubro aconteceu, na Paróquia Santo Antônio, em Sorocaba (SP), a Festa em Honra e Louvor a São Francis co de Assis, tendo como tema principal: “São Francisco: Arauto do Evangelho, que traz vida e esperança”.

Nos dias 1º, 2 e 3 de outubro foi realizado o Tríduo de São Francisco de Assis. As missas foram celebradas pelo pároco Frei Gilberto Marcos Sessimo Piscitelli e pelo Vigário Frei Rozântimo Antunes Costa. Durante o Tríduo, os celebrantes fizeram a reflexão dos seguintes lemas: “Há uma esperança para o futuro”, “Buscar a justiça que vem de Deus é promover a vida” e “São Francisco de Assis, um outro Cristo na prática do bem comum e na promo ção da paz”.

Também no dia 2 de outubro, do mingo, o pároco concedeu a bênção dos animais e a bênção das árvores. Foram abençoados aproximadamente 100 animais e também aproximada mente 40 mudas de plantas nativas, as quais foram posteriormente doadas as fiéis para que pudessem plantar onde desejassem.

Já no dia 4 de outubro, a festa de São Francisco de Assis, teve a Missa às 19h presidida pelo pároco Frei Gilberto Piscitelli e concelebrada pelo Vigário Frei Rozântimo Costa. Frei Gilberto trouxe uma breve reflexão sobre o tema principal.

Larissa Dell’Aringa Campos PELA PASCOM DA PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO
634 [COMUNICAÇÕES] ESPECIAL SOROCABA - SP

USF promove Celebração Eucarística no dia de São Francisco de Assis

AUniversidade São Francisco (USF) promoveu no dia 4 de outubro, dia de seu padroeiro, São Francisco de Assis, a Celebração Euca rística, na Capela São Frei Galvão, no Câmpus Itatiba.

O evento contou com a presença Diretor Presidente da CNSP-ASF e vice-reitor da USF, Frei Thiago Alexandre Hayakawa; o reitor da USF, Frei Gilberto Gonçalves Garcia; Diretor-Administrati vo da Mantenedora, Frei Alvaci Mendes da Luz; Coordenador do Núcleo de Pastoral Universitária, Frei Vitorio Mazzuco Filho; o Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão, professor Dilnei Lorenzi, o Pró-Reitor de Administração e Planejamento, professor Adriel de Moura Cabral, o Administrador dos Câmpus, Rodrigo Ribeiro Paiva, Diretora do Câmpus Bragança Paulista, profes sora Patrícia Teixeira Costa, Diretor do Câmpus Campinas – Unidades Swift e Cambuí, professor Paulo Eduardo Silveira e o Diretor do Câmpus Itatiba, professor Renato Adriano Pezenti. “Irmãos e irmãs, o senhor hoje aqui nos reúne para juntos celebrarmos a festa, a solenidade do Seráfico pai São Francisco. Nós aqui no Câmpus Itatiba,

juntamente, com a nossa comuni dade acadêmica, professores, alunos, trabalhadores da Instituição”, comentou Frei Thiago.

Durante a celebração, o reitor da USF comentou sobre os significados que a data ganhou. “Celebramos na sua morte muita coisa boa e essa data além da própria condição da morte de São Francisco, acabou trazendo a

condição de que esse dia se tornou, uma celebração para o mundo em diversas dimensões. Celebração da harmonia da natureza, que se tornou o dia da ecologia, é dia dos animais também, por isso hoje é um dia de Ação de Graças”, ressaltou o reitor, Frei Gilberto Garcia.

BRAGANÇA PAULISTA - SP
Ana Paula Moreira

Dom Leonardo: “A nossa sociedade está armada demais, também na Amazônia”

No primeiro dia da Semana Franciscana, que está sendo promovida pela Editora Vozes, pela Província Franciscana da Imaculada Conceição e pela Conferência da Famí lia Franciscana do Brasil, de forma on-line, o encontro foi com o “Cardeal da Amazônia”, Dom Leonardo Ulrich Steiner, nomeado pelo Papa Francisco no último dia 29 de maio. O frade fran ciscano desta Província é o primeiro cardeal da Amazônia brasileira. Ao falar sobre São Francisco de Assis, lembrou que foi confiado aos franciscanos e franciscanas a tarefa da Paz e do Bem, também na Amazônia. Para ele, hoje se propagandeia a necessidade de ar mas para a convivência de segurança. “ A nossa sociedade está armada de mais. A arma é a mostração do poder que não tem poder. Quem propaga armas, semeia violência, desarmonia. E nós, e com São Francisco de Assis, queremos apenas propagar a Paz e o Bem”, propôs.

O Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Paulo Roberto Pereira, fez a apresentação da Semana Franciscana, na sua terceira edição, e lembrou as festividades franciscanas neste início de outubro. Ele agradeceu aos promotores deste evento e citou que até sexta-feira, al guns temas serão abordados sempre no canal YouTube da Vozes e da Pro víncia, como o tema de Dom Leonar do: “As provocações da Amazônia na espiritualidade franciscana”, o de hoje: “Viver no espírito de Francisco de Assis” e o de sexta: “A verdadeira alegria”. A condução da live ficou a cargo de Natália França e os comentários de

Dorismeire Almeida de Vasconcelos, leiga consagrada da Ordem Francisca na Secular.

“Aliás, a verdadeira alegria que não pode faltar. Nós estamos vivendo tempos muito controversos e muito difíceis e o profetismo da alegria, certamente, será exigido de nós, fran ciscanos e franciscanas. Nós vivemos um período bonito de nossa tradição, de nossa Igreja, desde que o Papa Francisco assumiu, no seu Pontificado, os ideais franciscanos. Nós, então, nos envolvemos com a evangelização de uma maneira muito criativa. E é bom que seja assim. Então, que nós possamos aproveitar este momento da graça que a Igreja está vivendo e que nós, franciscanos e franciscanas, aproveitemos cada vez mais”, convi dou Frei Paulo.

O Ministro Provincial lembrou do documento final do Sínodo, “Querida Amazônia”, onde o Papa sonha com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, “de modo que sua voz seja ouvida e sua dignidade promo vida. O Papa diz que sonha com uma

Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza, sonha com uma Amazônia que guarda zelosa mente a beleza natural como uma comunidade cristã. O sonho pode ser uma experiência onírica, mas é um sonho carregado de utopia. E falar de utopia é falar de São Francisco de Assis”, disse o Ministro Provincial.

“São Francisco é sempre nossa ins piração. O Papa Francisco, a partir dessa inspiração, traduz e provoca a toda a Igreja e todos os povos, e sobremaneira a nós, franciscanos e franciscanas. Os escritos, as suas falas, as suas inquieta ções que partilha conosco, falam disso. A Laudato Si’, a Evangelii Gaudium, a Fratelli tutti e por que não dizer o último documento que fala que a razão da Igreja é evangelizar? São Francisco de Assis diz que evangelizar é a razão de ser do movimento franciscano. O Evan gelho é a Regra e a Vida dos Frades Menores. Então, até mesmo esse docu mento do Papa sobre a organização da Igreja tem essa inspiração franciscana”, acrescentou Frei Paulo, agradecendo os organizadores do evento e a Dom Leonardo.

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Dom Leonardo começou sua fala colocando os fundamentos da espiritualidade franciscana e depois abordou alguns pontos, que considera importantes, para “a nossa região da Amazônia e que são conhecidos de todos nós”.

“O AMOR NÃO É AMADO”

Para Dom Leonardo, São Francisco de Assis é o cantor do “amor que não é amado”: “Ele, que mudou a sua vida diante do Crucificado, ele que deu outra direção diante do leproso, ele que se encontrou diante do Crucifica do e do leproso. A sua vida não foi a mesma depois de ter sido tocado pelo Crucificado e ter sido abraçado pelo leproso, mas não foi o mesmo também depois de ter ouvido a Palavra de Deus. Foi o Crucificado, a Palavra, o leproso, o pobre que fez dele o que ele é hoje. E não deixou de trilhar os caminhos da simplicidade, da pobreza. É que o Crucificado é o pequeno pobre. O Crucificado é o gratuito. É o menor dos menores. O leproso, na época de São Francisco, era o menor dos menores. O toque sagrado recebido na igrejinha de São Damião fez de São Francisco um homem menor, mas cheio de gratidão. Viu que o amor era tão extraordinário e admirável que se fez menor, dando vida a todos, a todas as criaturas. O encantamento levou a gemer e a lamentar nos bosques: ‘O amor não é amado. O amor não é amado’. É que o amor não era correspondido”.

Dom Leonardo diz que na prega ção de São Francisco havia um grande desejo de que as pessoas amassem a Deus assim como Deus nos ama: “O anúncio que despertasse a todos a viverem correspondendo ao amor manifestado, revelado ao Crucificado. Um amor generoso, mas especialmen te um amor gratuito. Como todos nós sabemos, esse modo de viver da ad miração está indicado na Regra que foi entregue aos irmãos que escolheram

com ele esse modo da vida. O modo da vida dos menores. Desejou que os irmãos fossem chamados de meno res. A Ordem dos Frades Menores. Menores como menor é o Crucificado.

A Regra é recolhimento de um modo de vida. Ela expressa o espírito que conduz e mantêm os que vivem o Evangelho como menores, como pequenos. Nela, encontra-se a vida dos menores, a serviço dos menores.

A Regra é inspiração porque é recolhi mento do modo de viver de Francisco de Assis. Vida como dinâmica. O sen tido de concretizar-se uma existência de uma pessoa e que se deixava impregnar pela força do Evangelho, ao modo de Jesus. Vida é a concreção, a visibilização do Evangelho”.

GRATUIDADE

“Como lembrava antes Frei Paulo, a Regra e a Vida, acolhimento do viver ao modo do Crucificado, ao modo da gra tuidade. Eu sempre fico tão admirado com essa grandeza da espiritualidade franciscana: O modo da gratuidade. Sem cobranças, sem nada esse modo da gratuidade. A gratuidade que quer dizer minoridade, servir. Minoridade que faz e deixa ser irmãos e irmãs, Mi noridade que cria e faz a fraternidade”, disse D. Leonardo.

O Cardeal explicou que a palavra fraternidade é composta de frater, irmão, e idade, que vem do sânscrito e significa força e energia. “A força que faz ser irmão e irmã, a força que deixa ser ir mão e irmã. A força do irmão e da irmã.

A força, o vigor, a energia de irmãos, o que faz sermos irmãos, a minoridade, a gratuidade. O Evangelho, a Regra e a vida possibilitam a fraternidade dos menores, não só dos menores como Ordem, como congregação, mas a possibilidade de uma verdadeira frater nidade universal”, emendou.

“Vamos pensar um pouquinho mais a questão a gratuidade, tão fundamental para aqueles e aquelas que seguem o mesmo modo de viver de São Francisco de Assis. O próprio único de São Francisco talvez seja a gratuidade. Parece sem sentido essa afirmação quando vivemos no tempo da ambição, da acumulação, das fi nanças, quando vivemos no tempo da apropriação. Mas gratuidade não indica troca, não indica cálculo, não indica saber, mas indica não saber o que faz a direita e a esquerda, o que faz em segredo. Recompensa é como sopesar, como acariciar. Fazer feito gratuita mente. Existe uma expressão muito usada por um grande místico medieval, Angelus Silesius, que diz assim:

A rosa é sem porquê. Floresce por florescer.

Não olha para si mesma. Nem pergunta se alguém a vê. A primavera é agora. Agora é a hora. florescer. Ser.

Estar na graciosidade de viver que se desvia de tudo que é troca, que é compra, que é venda, que é cobrança,

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tudo que é pago. Veja como nosso es tilo de vida, nosso modo de viver hoje tão atual, mas atual ainda para nós que vivemos na Amazônia, onde se deseja comprar, se deseja destruir, se deseja pagar, enriquecer às custas dos povos originários e do meio ambiente. Portanto, pura liberdade de viver e conviver. Os seres não são do uso, mas do convívio. Todos os seres formam a fraternidade universal. Tudo está na força e suavidade de ser irmão e irmã. É que tudo respira na liberdade, na cordialidade, na gratuidade de Jesus Crucificado”, enfatizou.

FRATERNIDADE

Segundo D. Leonardo, da gratui dade passamos para a fraternidade. “A gratuidade nasce da fraternidade. Bondade solta, livre, um modo originá rio e fontal de se relacionar com tudo e com todos, realizando uma igualda de que não é puro nivelamento, uma uniformização de modo a integrar a dinâmica de liberdade, a verdade, os relacionamentos com todas as diferenças. A fraternidade suporta e dá suporte a todas essas diferenças. Acolhe as diferenças. E vejam que na nossa realidade da Amazônia querem impor igualdade para todos sem respeitar as culturas”, lamentou.

“O sentido fontal com amor matri cial deixa brotar o verdadeiro sentido da fraternidade universal. Em grego, irmão significa “adelphós”, que provém do mesmo útero. Jesus Cristo, no seu seguimento, relaciona-se com todas pessoas, com todas as criaturas, com irmãos e irmãs, considerando todos provindo da mesma origem, do mes mo útero, do Pai do céu, as entranhas da misericórdia de Deus. São Boaven tura percebeu tão bem isso quando fala no itinerário que se difunde, que vai se difundindo e se manifestando de modos diferentes”, explicou.

“A força histórica do cristianismo não vem do poder, mas vem da au

toridade do não poder. Do não poder do amor. Para nós, isso na Amazônia é muito importante para estarmos juntos dos povos originários, juntos dos pobres, das nossas periferias. São Francisco é a essa visibilização da autoridade do não poder. A verdade do ser cristão, a cristidade do cristia nismo depende sempre do modo, da identidade como se assume a autoridade do não poder. Isto é a cruz, isto é a gratuidade. No entanto, nós cristãos, podemos sempre trair esta nossa origem, elegendo poder e a força em lugar da autoridade e do serviço de quem cuida. Quem deseja ser missionário na Amazônia precisa ter o espírito do não poder, do espírito do serviço. Vivemos o tempo da força, violência, da agressão, da morte, também na Amazônia, especialmente na Amazônia. As criaturas deixaram de ser irmãs, tornaram-se exploração, dominação, dinheiro. E por isso as relações se tornaram desfraternas”, constata o arcebispo franciscano. Hoje se propagandeia a neces sidade de armas para a convivência de segurança. A arma arma cada vez mais. Não desarma. Não ama. Li uma vez que São Francisco de Assis, diante do desejo dos casais de viverem o seu modo da gratuidade e do Crucificado e da minoridade, ele apenas exigia uma coisa: que não carregassem armas. Andassem desarmados. A fraternidade é a gratuidade da convi vência, do equilíbrio nas relações. São Francisco, com a gratuidade da frater nidade, transformou, maturou o seu tempo. Nós que seguimos os passos de Jesus ao modo da minoridade e da gratuidade, poderíamos insistir no não porte de armas, mas em desarmar a sociedade. A nossa sociedade está armada demais, também na Amazô nia. Desmilitarizar a nossa sociedade. A arma é a mostração do poder que não tem poder. Nos foi confiada a tarefa da Paz e do Bem, também na Amazônia.

Quem propaga armas, semeia vio lência, desarmonia. E nós, e com São Francisco de Assis, queremos apenas propagar a Paz e o Bem”, propôs.

LAUDATO SI’

A partir da Encíclica Laudato Si’, Dom Leonardo passou a refletir sobre o significado de cuidar e cultivar, tão “importante para nós na Amazônia”.

“E a Laudato Si’ veio iluminar a questão ecológica, a questão do meio ambiente, a nossa convivência. Veio trazer luz às nossas discussões, veio trazer luz às nossas ações, veio mostrar o que significa a natureza, como con viver na casa comum. A casa comum, ‘Louvado sejas, meu Senhor, por nossa Irmã Mãe Terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com cores, com flores coloridas e verduras’. A casa comum pode se comparar com uma irmã com quem partilha mos a existência, ora como uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços, como nos diz o Papa Francisco logo no início da encíclica”, disse D. Leonar do.

Segundo ele, com o tempo foi se consolidando o planeta como uma casa, o lugar da nossa humanidade, mas o lugar de todas as criaturas, por isso casa comum. “Uma realidade, uma totalidade, um mundo interdepen dente, laços de irmandade entre todos os seres criados e o homem gerado. Esse modo, esta relação, vem expli citado na casa comum, no acolher e aceitar o mundo inteiro como dom de Deus. Não como destruição, como apropriação. A interdependência, a casa comum, nos obriga a pensar num mundo único, num projeto comum, na globalidade das propostas e não de interesses de grupos e países. É nesse sentido que entra a Amazônia, o lugar da casa comum. Tantos seres, tantas criaturas, tantos povos, tantas culturas. Por que destruir a casa que pertence a todos?”, questionou.

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“A casa comum une a família humana e, por isso, todos deveriam buscar o desenvolvimento sustentável integral. Os homens e as mulheres são provocados a colaborar com essa casa comum. Somos todos chamados, nos diz o Papa Francisco, a tornar instru mentos de Deus Pai para que o nosso Planeta seja o que sonhou ao criá-lo e corresponda ao projeto de paz, beleza e plenitude. Isso é tão bonito descrito na ‘Querida Amazônia’. Os rios daqui sempre se movimentam e o povo anda no mesmo ritmo das águas”, celebra o palestrante.

DESASTRE AMBIENTAL

“A ecologia estuda a relação entre os organismos vivos e o meio ambien te, onde se desenvolvem. Cada vez mais, a Igreja da Amazônia chama a atenção para a necessidade de uma harmonia entre o meio ambiente e a nossa sociedade, especialmente nas grandes cidades. A poluição é muito grande, o plástico vai todo para os rios. Existe um saneamento básico precaríssimo. Nós temos na cidade de Manaus uma população de mais de 2 milhões de pessoas e apenas 18% de saneamento básico. Tudo vai para os rios. Nós estamos poluindo os rios com nossos dejetos e eles já estão poluídos pelo mercúrio, um verdadei ro desastre”, critica.

Segundo o franciscano, não exis tem crises separadas, uma ambiental e outra social: “Mas uma única e com plexa socioambiental. E nós estamos cada vez mais percebendo essa crise socioambiental na nossa região. Mas graças a Deus, tantas comunidades es tão se despertando, especialmente as comunidades ribeirinhas. Nossos povos indígenas, tão voltados para o meio ambiente, porque eles consideram a casa não o lugar onde se dorme, mas o lugar onde se habita, onde se está. E nesse sentido é importante vermos São Francisco como homem das relações

novas e livres. O fio condutor dessa encíclica poderia ser expressa assim: novas relações. São Francisco construiu novas relações. Nós estamos necessi tados de novas relações. Veja o Brasil, quanta agressão, quanta violência, até mortes por diferenças. Elas estão frag mentando a sociedade, mas também fragmentando a natureza, destruindo a casa comum. São Francisco soube culti var relações preciosas com seus irmãos, com a sociedade, mas com toda a obra criada. A sua relação ultrapassava de longe uma mera variação intelectual, um cálculo econômico, porque qual quer criatura era uma irmã unida a ele por laços de carinho”.

“A percepção está numa antropo logia que determina a compreensão do homem com a natureza. E esse modo está crescendo na sociedade brasileira. Quem vem, vem para explo rar. Não vem para cuidar”, denuncia.

“Por isso, diz o Papa Francisco, chegou a hora de prestar atenção nos limites que ela impõe. A verdade é que, como o Papa Francisco diz na Encíclica Papal, ‘uma apresentação inadequada da antropologia cristã acabou por promover uma concep ção errada da relação do ser huma no com o mundo. Muitas vezes foi transmitido um sonho prometeico de domínio sobre o mundo, que provo cou a impressão de que o cuidado da natureza fosse atividade de fracos. Mas a interpretação correta do conceito de ser humano como senhor do universo é entendê-lo no sentido de cuidador responsável’”, situou.

Para o Cardeal da Amazônia, o consumo e a exploração conduzem à depredação, ao desarranjo ao desequilíbrio do meio ambiente, mas também o descarte dos povos: “Existe diversos estudos, todos nós que acompanhamos a questão do meio ambiente sabemos, dizendo que se Amazônia continuar a ser destruída como está será um grande

lago de água doce. Será um deserto. É terrível pensar isso. A beleza dos nossos rios, as nossas plantas, os nossos animais vão desaparecer, os nossos cantos, os nossos povos, e povos que nem têm contatos conosco. Não porque não querem, mas porque têm medo de serem contaminados com o nosso modo dominador e destruidor”.

“E nós vemos como os desertos estão crescendo com a exploração da madeira, da pesca predatória na nossa região. Nós acompanhamos o assas sinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips [assassinados numa embos cada na região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, localizado no Estado do Amazonas, no dia 5 de junho. Am bos investigavam atividades ilegais e predatórias na região do Vale do Javari e empenharam suas vidas na defesa dos povos indígenas]. Justamente eles eram verdadeiros guardiães contra a pesca predatória, mas foram mortos. E nem sempre as mortes que acontecem são publicadas. Nós temos muitas mortes na nossa região”, denunciou.

É preciso, lembra Dom Leonardo, uma conversão ecológica, que pede atitudes para um cuidado generoso e cheio de ternura em São Francisco de Assis. “Leonardo Boff, no livro ‘Ternura e Vigor’ indica justamente esse movi mento do cuidado generoso e terno, gratuito. Em primeiro lugar, quando queremos uma conversão ecológica, precisamos partir da gratidão e da gra tuidade. Ou seja, um reconhecimento do mundo como um dom recebido de Deus, que consequentemente provoca disposições de renúncia, ges tos generosos, mesmo que ninguém veja e agradeça. Mas nós, no cuidado, vamos ajudando nossa casa amazôni ca”, exortou.

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Encontro ampliado da Frente de Solidariedade e JPIC define ações concretas e diretasevangelização

Representantes da Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos e o Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) se reuniram na Fraternidade São Boaventura, em Campo Largo (PR), entre os dias 28 e 30 de setembro, para refletir sobre os desafios que vive nossa sociedade e como a Província da Imaculada Con ceição poderá contribuir com os mais vulneráveis em tempos tão difíceis.

O encontro reuniu vinte e sete pessoas que representaram as cinco Frentes de Evangelização, os anima dores de JPIC e frades de Angola. Um momento de oração, animado por Frei João Miguel Silva da Cruz, deu início à reunião. A oração fez eco ao Tempo da Criação, que começou em 1º de setembro e vai até a festa de São Fran cisco, que é a celebração cristã anual de oração e ação pela Casa Comum. Após esse momento de louvor a Deus, o Secretário da Evangelização e Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Me della, apresentou o Plano de Evangeli zação e como ele interpela a Província para ação de solidariedade. Recordou

que o Espírito Santo pairou sobre os frades reunidos e os convidou a viver de forma que se congregue todos e todas para o trabalho do anúncio eloquente de Deus. Esse anúncio, que a Igreja chama de sinodal, requer a escuta do tempo e uma reposta contundente.

Frente a este quadro, Frei Marx Rodrigues dos Reis, Animador da Frente da Solidariedade do Serviço de JPIC, indicou quais apelos que a Ordem Franciscana tem feito, as ações dos últimos anos sobre a responsa bilidade da animação provincial, os lugares de atuação das Fraternidades e as respectivas ações provinciais.

Após as apresentações de Frei Gustavo Medella e Frei Marx, deu-se início à análise de realidade, mostran do os problemas sociais de nossa contemporaneidade, os desafios sociais e as respostas eclesiais durante a his tória recente e as questões que Amazônia nos impõe.

A análise foi apresentada pelos seguintes assessores: Rosângela Pezotti, Frei José Francisco de Cássia dos Santos e Frei Atilio Battistuz.

A partir desse grande painel, a Assembleia reunida optou pela seguinte agenda de trabalho para os pró ximos três anos: Fome – Promover ações diretas de ali mentação e sensibilização, contribuindo no combate à fome; Cuidado com a Casa Comum – Promover ações que do cuidado com a Casa Comum através de ações diretas e formativas; Encantar a política – Resgatar a compreensão da política como compromisso coletivo pelo bem comum; Fortalecimento de Rede - Fomentar o espírito sinodal, promovendo o trabalho em rede

comunicações OUTUBRO 2022

para fortalecer iniciativas francisca nas em diferentes territórios.

O dia (29/9) teve início na bela capela da Fraternidade, que canta louvores à criação através dos vitrais que unificam todas as criaturas. Frei José Raimundo de Souza presidiu a celebração e destacou o quanto o louvor das criaturas se fragiliza pela ausência da profecia e pela ação que deflora e mata. Assim, convidou a anunciar a esperança e instaurar uma conversão Ecológica e sublinhou: “Não se constrói o reino de Deus sem uma fé aguerrida. A Deus o demos um testemunho de louvor e constru ção de seu projeto que cabe todas as criaturas e os pequeninos”.

Após a Celebração foi dado início à construção das eleição dos objeti

vos gerais e ações das três agendas temáticas do triênio. Finalizando, assim, o plano operacional da Frente de Solidariedade e JPIC.

ENCERRAMENTO

Frei Gustavo Medella foi quem presidiu, em nome da comunidade, os louvores ao Senhor no dia de São Jerônimo. Apresentou como a Pala vra de Deus suscita ações concretas para a construção do Reino de Deus, que sempre tem um pé na realidade e um pé na utopia que provém de Deus. Disse ainda que as dificul dades da edificação do Reino têm desviado os homens da mensagem de Deus para um anúncio de morte e predatismo.

Após a missa, os trabalhos foram

retomdos com vigor para organizar o calendário das atividades, eleger os representantes para o encontro ampliado da Província em novem bro – Frei José Raimundo de Souza e Frei Vagner Sassi foram eleitos – e encaminhar propostas de materiais formativos e informativos. Por fim, foi apresentado o incentivo pro vincial para ações de solidariedade concretas e diretas.

O Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, lançou algumas luzes para não perder de vista o objetivo do encontro. A necessi dade de entender a Justiça, Paz e Integridade da Criação como um caminho espiritual de conversão e santificação. Tal caminho não se faz de um dado pronto, mas é cultivado no dia a dia. Lembrou ainda que não se pode esquecer que a grande causa do Reino se faz também de pequenos sinais, que, por vezes, são imperceptíveis, mas que são luzes de um novo tempo.

O Encontro terminou ao meio -dia com a bênção do Senhor sobre os presentes e com belas e boas conversas entorno da mesa da partilha.

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MISSÃO EM ANGOLA:

Relato e reflexão a partir de uma breve visita

No dia 04 de outubro, Solenidade do Seráfico Pai São Francisco, tivemos a graça, eu, pelo Secretariado para a Evangelização, Frei Marcos Antônio de Andra de (Secretário para a Formação e os Estudos) e Frei Robson Luiz Scudela (Ecônomo Provincial e Ani mador da Frente das Missões), de desembarcar no Aeroporto Internacional “4 de fevereiro” para uma visita frater na à estimada Fundação Imaculada Mãe de Deus de Ango la (FIMDA). Permanecemos até o dia 13, em dias intensos de encontros, celebrações, viagens e reuniões com os confrades e também os irmãos formandos das etapas iniciais. O objeti vo principal desta rápida passagem foi o exercício do diálogo com a finalidade de estreitarmos os laços e alinharmos os passos de nossa caminhada Provincial, no Brasil e em Angola, especialmente no que diz respeito aos temas da Formação, da Evangelização e da Administração e Economia.

Sentimo-nos em casa por onde passamos, podendo ex perimentar a alegria e o vigor do povo angolano, cujo teste munho de fé nos edifica em nossa vocação. Tivemos ainda a oportunidade de nos encontrar com as Irmãs Clarissas, tanto em Malanje quanto em Luanda, e com religiosas franciscanas e de outras congregações que nos permitiram provar o gosto

da comunhão fecunda que a vida consagrada pode propor cionar àqueles que a abraçam.

O Presidente da Fundação, Frei Ivair Bueno de Carvalho, da Fraternidade de Kibala, foi quem nos conduziu e guiou nestes dias de visita. As linhas que seguem pretendem uma modes ta partilha daquilo que vivemos, especialmente dos diálogos que tivemos nas diferentes ocasiões, com a finalidade de tor nar pouco mais próxima de toda a Fraternidade Provincial, apesar dos limites do relato, o que se tem vivido e experimen tado em Angola.

FORMAÇÃO

As etapas de formação estão divididas pelas cinco Frater nidades, o que confere a elas dinamismo e vivacidade. O tes temunho e a sintonia dos frades da Fraternidade permanente são fundamentais para que o processo formativo seja marca do pela consistência e pela gradualidade que são inerentes a ele. Percebemos, tanto nas equipes formativas e quanto nos demais confrades, bom espírito em atender bem a estas exi gências. Frei Marco Antônio dos Santos, além de Mestre do Noviciado, faz parte do Conselho e é o Secretário para a For mação e os Estudos da FIMDA.

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NÚMEROS CRESCENTES

A pujança numérica gera alegria e preocupação, especial mente em relação à acolhida e acompanhamento dos forman dos, o que envolve também a sustentabilidade econômica de todo o processo. Para o último ano (2022), houve 200 candida tos, dos quais foram acolhidos

ação criativa em outros possíveis campos, como a educação, a comunicação e a solidariedade com os empobrecidos. O Secretariado para a Evangelização da FIMDA está sob os cui dados de Frei Santana Sebastião Cafunda.

forman dos, divididos entre Angola e Brasil, conforme a tabela abaixo.

Atualmente são

ETAPA FORMANDOS

Seminário e Aspirantado (Malanje)

Postulantado (Viana)

Noviciado (Kibala)

Filosofia (Luanda e Campo Largo)

Ano Missionário

(Petrópolis)

Este quadro promissor traz consigo o desafio de projetar o futuro diante da projeção numérica da Fundação, com o rápido crescimento da quantidade de Professos Solenes num futuro muito próximo. Uma possível resposta seria a busca de profissionalização em diferentes áreas. Importante destacar que entre os confrades, tanto no Brasil quanto em Angola, já existe a consciência bastante madura de refletir seriamente sobre esta questão, a fim de que sejam dados passos seguros e duradouros para a continuidade do processo de implanta ção da Ordem em Angola

ESTÁGIOS NA EVANGELIZAÇÃO

As possibilidades de inserção evangelizadora são muitas e desafiantes. As equipes formativas, a partir de uma compre ensão mais ampla do conceito de Evangelização, assumiram a tarefa de promover a inserção dos formandos nestes am bientes e de buscar áreas de atuação que não sejam restritas à presença nas Paróquias onde os frades trabalham. Iniciativas na área educacional e em trabalhos sociais serão também bus cadas, inclusive na perspectiva de servir, em alguns casos, para ajuda na sustentabilidade, com o serviço em estágios e outras atividades remuneradas.

EVANGELIZAÇÃO

A presença evangelizadora: potencialidades e desafios

Embora o eixo da Missão Evangelizadora em Angola seja a presença em três paróquias (São Lucas – Luanda, Nossa Se nhora de Fátima - Viana e São Carlos Lwanga e os Mártires de Uganda - Malanje) e uma quase-paróquia (Santa Teresinha - Kangandala), cada um destes espaços se desdobra numa gama de possibilidades que se configuram como porta de entrada para uma presença evangelizadora marcada pela atu

Na Paróquia São Lucas, no Bairro Palanka, em Luanda, são três comunidades, incluindo a matriz, grande templo que está em fase de construção. A região é superpopulosa e a paróquia compreende ainda duas escolas paroquiais, em parceria com o governo, e um centro de explicação, todos estes lugares propícios à atuação evangelizadora. A Rádio Ecclesia, emissora católica do país, também é espaço de atuação e presença dos frades, especialmente com o programa semanal Gotas de Luz. Existe, no território paroquial, a presença de diversas congrega ções religiosas, masculinas e femininas, que também têm sido força na Evangelização, além de muitos grupos e movimentos. Entre os principais desafios atuais estão o fortalecimento da identidade paroquial e a continuidade das obras de constru

ção da matriz, além dos grandes desafios sociais que a região apresenta. Atualmente o pároco é Frei André Luiz da Rocha Henriques, tendo como vigários paroquiais Frei Laurindo Lau ro da Silva Junior, também Mestre dos Professos Temporários, e Frei Laerte Faria dos Santos, responsável ainda pelo Quimbo São Francisco. Frei José Morais Cambolo, guardião da Fraterni dade, também auxilia na Paróquia.

Localizado junto à Fraternidade São Francisco no PalanKa e próximo à Paróquia São Lucas e às Irmãs Clarissas, está o Kimbo São Francisco, uma espécie de santuário a céu aberto que reú ne fiéis de diferentes localidades para momentos de encontro, louvor e oração. Com atividades em diversos dias da semana, concentra o maior volume de pessoas às quintas-feiras, quan do cerca de mil fiéis frequentam o espaço durante o dia. É também lugar de serviço de escuta e atendimento ao povo que vem desejoso de partilhar seus dramas e seus anseios.

Em Viana, região metropolitana de Luanda, no território da Paróquia Nossa Senhora de Fátima (43,22 km2), vivem cerca de

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um milhão de pessoas. Dada a grande concentração popu lacional, trata-se de um campo de intensa atividade pastoral, sempre com dados superlativos: mais de 900 crianças na cate quese, diversos e numerosos grupos e movimentos, celebra ções sempre lotadas. São quatro comunidades, mais a matriz. O atual pároco é Frei João Alberto Bunga, que conta com a ajuda do Guardião da Fraternidade da Porciúncula (Postulan tado), Frei Ermelindo Francisco Bambi, vigário paroquial, e do Mestre dos Postulantes, Frei Jefferson Max Nunes Maciel. Frei Fábio José Gomes, vice-mestre, também é responsável pelo Projeto Bola da Paz, uma escola de futebol que tem como objetivo transmitir os fundamentos do esporte e os valores franciscanos às crianças e jovens que dela fazem parte e fun ciona num campo localizado junto ao Convento. A integração e expansão de trabalhos de promoção humana segue como desafio à presença evangelizadora dos frades. Na Rádio Maria, da Diocese de Viana, Frei Laerte e Frei João Bunga apresentam um programa semanal com uma hora de duração que tem

vem Frei Hugo Câmara dos Santos, a serviço da Evangelização e Frei Lucas Moreira Almeida, em ano missionário. No Semi nário Monte Alverne, estão ainda Frei Canga Manoel Mazoa, como guardião, e Frei Afonso Katchekele Quissongo, reitor, orientador e professor e Frei João Pedro Pessoa Lima, a serviço da Fraternidade.

Em outro Município da Província de Malanje, Kanganda la, está a Quase-paróquia Santa Terezinha, que conta com 85 comunidades, divididas em 13 centros e estes, por sua vez, agrupados em quatro áreas. Grandes distâncias a serem per corridas e locais de difícil acesso estão entre os principais de safios desta presença em Kangandala. O pároco atual é Frei Santana Sebastião Kafunda, também guardião da Fraternida de São Damião. O vigário é Frei Valdemiro Wastchuck, que tem ainda a incumbência de cuidar do terreno do Zela, uma área de plantio de frutas, legumes e hortaliças e também de criação de alguns animais (porcos e peixes). A participação das Irmãs Franciscanas de São José, que têm como atividade principal os cuidados com a Escola Bom Pastor, nas atividades pastorais representam importante auxílio.

como temática a questão da Ecologia Integral.

Na Província de Malanje, no bairro da Katepa, está a Paró quia dos Santos Mártires de Uganda, também em processo de construção da Igreja Matriz. São 25 comunidades, entre bairros e aldeias. Os desafios maiores são a continuidade das obras, a organização do espaço para atendimento e o acompanha mento pastoral das comunidades e movimentos. O pároco é Frei António Boaventura Zovo Baza, tendo como vigário paro quial Frei João Baptista Chilunda Canjenjenga, que pertence à Fraternidade do Seminário Monte Alverne e atua também como professor. Além do trabalho especificamente paro quial, ainda há no território escola, posto de saúde e outras atividades ligadas a congregações franciscanas que recebem acompanhamento e atenção da parte dos frades. O trabalho de entreajuda das Fraternidades (seminário e missão) tem se revelado um caminho necessário para a qualificação das pre senças, além de ser um princípio do Plano de Evangelização da Província Franciscana. Na Fraternidade da Missão, ainda vi

A Fraternidade Santo Antônio, sede do Noviciado, em Ki bala, na Província do Kwanza Sul, embora não tenha nenhuma presença paroquial sob seus cuidados, cultiva importante en gajamento na Igreja Local e mantém relacionamento próximo e colaborativo com várias congregações religiosas que estão instaladas na localidade. A Capela Santo Antônio, especialmen te aos domingos, recebe o povo da região que vem celebrar, com a fraternidade, a páscoa semanal dos cristãos. O guardião em Kibala é Frei Mário Sampaio Pelu e também compõe a Fraternidade Frei Pedro Isaías Vitangui, em ano missionário.

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Com o crescimento do número de frades nascidos em Angola, existe a perspectiva da expansão das Fraternidades e presenças. Para que este movimento ocorra, segue como fun damental o empenho em buscar campos de missão diversifi cados e que sejam também caminhos de sustento material e espiritual para os frades e para a própria Fundação. O primeiro passo nesta direção seria, a partir do que já existe (paróquias, programas de rádio, atuação na educação e em projetos de promoção humana), tecer as tramas de uma rede evangeliza dora, onde cada presença atua no sentido da comunhão e do fortalecimento mútuo.

A REFLEXÃO EM TORNO DA FRENTE DAS MISSÕES

Desde 2012, a Província reafirmou sua presença evangeli zadora dividida em cinco frentes: Paróquias, Santuários e Cen tros de Atendimento, Educação, Comunicação, Solidariedade

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

A questão da sustentabilidade econômica da missão, já mencionada anteriormente, envolve uma série de outras ta refas que puderam ser tratadas de maneira franca e fraterna pelos guardiães das Fraternidades num encontro em que todos tiveram a oportunidade de partilhar suas primeiras impressões a partir do serviço que assumiram recentemen te. A consciência em torno da necessidade de organização e da transparência na lida com os recursos, a insistência na prática do caixa comum e a urgência da regularização jurí dica e administrativa dos trabalhadores nas Fraternidades, assim como o ajuste da documentação do patrimônio, são elementos consensuais e que vão ocupar a atenção e o cui dado dos confrades nos próximos anos.

IRMÃOS, COMECEMOS

Agradecemos imensamente a nossos irmãos pela acolhi

com os Empobrecidos e Missão. Embora esteja descrita como uma das frentes de presença, a evangelização missionária é fundamento irrenunciável da vida franciscana e da identidade cristã. Desta maneira, num trabalho de discernimento cons tante que tem sido realizado, chega-se à conclusão de que, na Província, a Frente de Evangelização da Missão tem duas tarefas que, embora distintas, são complementares:

I – Provocar e fomentar na Fraternidade Provincial um espírito de missionariedade em todas as presenças. Paró quias, escolas, meios de comunicação e casas de formação missionárias, no Brasil, em Angola e onde quer que os fra des estejam.

II – Acompanhar as presenças dos confrades que estão fora do território brasileiro, especialmente na Fundação Imaculada Mãe de Deus em Angola (a Província em terras angolanas), na Terra Santa e em outros países. Este acompanhamento passa pela logística dos missionários, a sustentabilidade das presen ças e outras necessidades que eventualmente apareçam.

da das propostas partilhadas e pelo desejo comprometido de leva-las adiante. Esta rápida passagem por Angola serviu para evidenciar o quanto podemos ganhar em qualidade missio nária e evangelizadora quando nos dispomos ao diálogo e ao trabalho conjunto. Permanece o convite a todos os con frades que desejarem estar um tempo nesta presença. Desde já agradecemos aos irmãos que se dispuseram a pregar retiro em Angola no próximo ano (Frei Almir Ribeiro Guimarães e Frei Ronaldo Fiuza Lima) e oferecer um curso de música fran ciscana (Frei Florival Mariano de Toledo). O desejo que fica é que nossos laços continuem a se estreitar, que cresçamos na consciência de que podemos contar uns com os outros e que, com a diversidade de nossas culturas e costumes, somos uma só Província e temos uma única meta: viver e testemunhar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pela equipe,

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Coral Canarinhos participa do 17º Congresso Nacional Pueri Cantores

OInstituto Meninos Cantores de Petrópolis (RJ), com o Coral dos Canarinhos, participou, de 10 a 16 de outubro, da 17ª edição do Congresso Nacional Pueri Cantores, sediado neste ano na cidade de Passos (MG). O congresso, contando com a presença de 14 corais de diferentes regiões do Brasil, partilhou experiências e evidenciou a beleza da música sacra para o cenário nacional.

O encontro aconteceu em Passos por um motivo especial: os 10 anos de criação do coral local, “Os Peque nos Cantores de Passos”. Felipe Terra, idealizador do projeto, iniciou este projeto de meninos no ano de 2012, com a missão deu incluir jovens de

diferentes classes sociais em um projeto capaz de os amadurecer e bem capacitar para as diversas fases da vida. “Nossos meninos cantores também são canarinhos e precisam voar, estamos aqui para ajudá-los”, disse.

Os Canarinhos de Petrópolis chegaram à cidade no dia 10/10, e foram recebidos pelas famílias do Santuário da Penha, que os hospedaram durante o Congresso. Durante a noite, os Pequenos Canto res de Passos proporcionaram para os recém-chegados um espetáculo intitulado “Um incrível show de mí mica”, seguido da apresentação da Banda Filarmônica “14 de maio”.

No dia 11/10, os corais participa ram do ensaio geral em preparação

à abertura oficial do Congresso, que aconteceu na noite do mesmo dia na Paróquia Senhor Bom Jesus de Passos, Matriz da cidade e sede do encontro. E, às 18h, oficialmente se iniciou o Congresso por meio de uma Liturgia Ecumênica celebrada entre o pároco, Sandro Henrique de Almeida, da Paróquia Senhor Bom Jesus de Passos, e o pastor Marcelo Irmagiasse, da Igreja Presbiteriana. Os corais cantaram juntos durante a abertura do congresso e juntos divi diram a expectativa de um encontro frutuoso para todos. Após a liturgia, o coral dos Pequenos Cantores de Passos cantou para todos. Eles apresentou um repertório que foi de músicas populares brasileiras a composições estrangeiras.

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Aos Canarinhos de Petrópolis as expectativas se dividiram com os meninos que já tiveram a oportuni dade de participar de outros Con gressos, e os novatos que viajaram pela primeira vez. Filipe Ornellas, de 17 anos, participa do coral desde 2015, e já pôde viajar para diversas regiões do país. “Estar em um Con gresso Nacional, depois de dois anos parados por conta da pandemia, é de novo reviver uma experiência de comunhão com os diversos corais da federação. Aqui, nós aprendemos e também ensinamos. Partilhamos o conhecimento que recebemos do nosso maestro, e aprendemos com os outros corais. Podemos ter a certeza de que iremos voltar para Petrópolis cantando melhor”, destacou.

Pedro Nunes tem 10 anos e está no coral há menos de um ano. É a primeira vez que ele viaja com os Canarinhos: “Fazer parte dos Cana rinhos é um orgulho para mim e para minha família. Tenho estudado bastante para conseguir aprender, e aqui no Congresso já tenho sentido que com os outros corais, vou poder aprender muito”, frisou.

O maestro Marcos Aurélio Lischt, diretor artístico do IMCP e responsá vel pelos coralistas de Petrópolis, na

abertura oficial do Congresso, falou para todos sobre a história da cria ção da Federação Nacional dos Me ninos Cantores e da importância que teve Frei Leto Bienias – fundador do IMCP em 1942 – para a música coral no Brasil. Partilhando a expectativa de que o encontro pudesse oferecer aos coralistas um mútuo conheci mento e a ajuda para que entre eles cresça o sentimento de união, Lischt, tem composto a organização geral do encontro, ajudando na regência dos ensaios.

O clima foi de alegria pelo reencontro, porque depois de dois anos, apenas se vendo por meio das mídias sociais, os maestros, coralistas e os diversos acompanhantes que ajudam na realização do evento, puderam novamente experimentar a beleza do canto coral ao vivo e a cores.

Canarinhos cantam alegria

O feriado em honra a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, no XVII Congresso Nacional Pueri Cantores, foi marcado pela intensificação dos momentos de ensaio do Coral dos Canarinhos de Petrópolis (RJ). Foca dos no preparo do canto da liturgia do final de semana, e na apresenta ção do Concerto de Gala que fariam

durante a noite, os Canarinhos tiveram a manhã e a tarde reserva das para o ensaio. No período da manhã, o ensaio realizado na Matriz da cidade de Passos (MG), Senhor Bom Jesus de Passos, foi feito entre todos os corais presentes. O esforço dos maestros era o de preparar os meninos cantores para bem canta rem a liturgia a uma só voz.

Após o almoço, seguindo a pro gramação do evento, todos retor naram à igreja Matriz para o ensaio individual dos Concertos de Gala. Os Canarinhos, seguindo as instruções do seu maestro Lischst, reviram o reportório programado se exercitan do para o encontro da noite. Pelo regulamento da Federação Nacional de Meninos Cantores, os corais que participam do Congresso Nacional devem, nos Concertos de Gala, apresentar uma música sacra, um canto à capela e uma composição com características musicais brasi leiras. Os Canarinhos de Petrópolis ensaiaram à capela as músicas “Ave Maria” de Tomas Luís da Vitória e “Psalmus Brevis”, uma música com os arranjos próprios ao Brasil, compos ta por João Guilherme Ripper; eles também ensaiaram “Ave verum corpus” de Wolfgang Amadeus Mozart, composição esta que se

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caracteriza pelo aspecto sacro.

Finalizado o ensaio, todos foram liberados para às famílias de aco lhida e se reencontraram às 18h na Igreja Matriz de Passos para o início dos Concertos. Dos dez corais par ticipantes, cinco deles fizeram a sua apresentação na noite de quarta -feira, ficando para a próxima noite a apresentação dos demais corais. O Coral Canarinhos foi o terceiro grupo a se apresentar. Após o concerto do coral Arautos do Grande Rei de Xaxim (SC), os Meninos Cantores de Petrópolis tomaram posição no pres bitério da Igreja Matriz da cidade de Passos, e regidos pelo seu maestro, ofereceram ao público que acompa nhava presencialmente pela nave da Igreja e pela transmissão ao vivo do YouTube, um espetáculo digno dos aplausos, que imediatamente vieram quando finalizada apresentação.

A apresentação foi delicada, atenta e fiel. Minutos antes de subi rem ao presbitério, os meninos Ca narinhos que já participam do coral há mais tempo, e por isso guardam certa intimidade com o momento, animaram os mais novos. Era possí vel enxergar a tentativa de os ajudar em suas próprias confianças.

Na manhã do dia seguinte (13/10), o Coral dos Canarinhos retornou aos ensaios para as liturgias

que seriam celebradas no final de semana. À tarde foi reservada ao descanso. Puderam aproveitar o momento com as famílias que os acolheram e descansar da intensa rotina do Congresso. Mas a noite, se direcionaram de volta à Igreja Matriz de Passos (MG) para poderem acompanhar os Concertos de Gala dos outros corais que tiveram suas apresentações agendadas para a noite de quinta-feira (13/10). Ao final dos concertos, todos os meninos co ralistas cantaram juntos encerrando as noites de apresentação individu ais, selando a comunhão, necessária na Federação Nacional de Meninos Cantores, que apesar de estarem envolvidos em seus contextos e

realidade particulares, permanecem atentos à diversidade da música coral brasileira.

Canarinhos no maior santuário a Santa Rita de Cássia

O 17º Congresso Nacional Pueri Cantores levou os seus mais de 400 coralistas para o maior Santuário Diocesano dedicado à Santa Rita de Cássia, no dia 14/10, na cidade de Cássia (MG). Santuário foi inaugura do há menos de cinco meses e cou be aos grupos de Meninos Cantores entoarem a liturgia da Celebração Eucarística, às 18h. Chegada a hora, estavam eles devidamente trajados com as túnicas para poderem com

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por um coro único que contou com mais de 400 vozes harmonicamente.

“Essa é a beleza viva do Evange lho revelada através deste Congres so, um amor que se encarna na voz e que se apresenta em atitudes”, disse o presidente da celebração litúrgica, Pe. Júlio Cesar Agripino.

O dia 15/10 dos meninos cantores de Petrópolis foi de recreação. Junto das famílias acolhedoras, eles pude ram aproveitar o dia em um almoço no qual todas as famílias se juntaram em um churrasco fraterno, regado a piscina e a um bom jogo de vôlei. À noite às 19h, eles cantaram a liturgia na comunidade Nossa Senhora das Graças, pertencente à Paróquia Bom Jesus dos Passos, junto do Coral

Carpe Diem de Itajaí (SC). Os corais foram divididos em pequenos grupo no intuito de animarem as celebra ções de algumas das comunidades da paróquia Bom Jesus.

Encerramento

“Quando um sonho é sonhado junto daqueles que conosco se esforçam por uma causa, podemos ter a certeza de que este será um sonho realizado”, foi assim que Feli pe Terra expressou a satisfação em poder receber os diversos grupos corais participantes do evento, que terminou no dia 16/10, com a celebração da Santa Missa na Igreja Matriz da cidade de Passos (MG), Igreja Bom Jesus dos Passos.

O celebrante, o pároco padre Sandro Henrique, em sua homilia enfatizou a experiência da música como aquela que quando vincula da à oração se torna um lugar de encontro com a promessa dos céus. Segundo ele, “a cidade de Passos pôde ser testemunha da beleza de Deus, que pela vida desses meninos revela o seu projeto de amor”.

A Celebração Eucarística, cantada pelos coralistas de todos os grupos corais pueri, teve a presença de uma composição de Frei José Luiz Prim. Uma composição modal cantada a quatro vozes, solene e que demar ca, com arranjos fortes, a chegada do Cristo Eucarístico. Para os que estavam presentes, a missa transbor dava alegria e emoção. O ponto alto em que muitos se emocionaram, foi quando o Grande Coro entoou em castelhano a “Ave Maria” de Willian Gomez, uma composição delicada e orante. A celebração foi marcada ainda pela partilha que os coralistas fizeram de um dom pelo qual cada um dos maestros, preparadores vocais, colaboradores, pôde sentir como sua a responsabilidade por estes meninos e meninas terem des cobertos a música como um talento que lhes pertence.

Ao final da celebração, o atual presidente da Federação Nacional Pueri Cantores, o maestro Messias Faleiro, anunciou que a sede do 18° Congresso Nacional Pueri Canto res será no estado do Rio Grande do Sul, em Novo Hamburgo, em 2025. Em grande coro, os coralistas então entoaram o “Hino do Menino Cantor” e “Cio da Terra”, de Milton Nascimento.

O Coral dos Canarinhos terá apre sentações na Festa de Frei Galvão deste ano, conforme a edição desta Revista que sairá em novembro.

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Frei Marx é nomeado para o “Grupo de Trabalho” visando a proteção do Aquífero Guarani e Gran Chaco

Serão membros deste GT, Dom Reginaldo Andrietta, Dom João Aparecido Bergamasco e Dom Guilherme Werlang. Serão assessores deste GT, Professor Cláudio Di Mauro (UFU), Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, ofm (CEEM / SINFRAJUPE); Pe. Aloir Pacini, sj (CIMI); Ir. Lucia Gianesini, icf (CIMI); Isolete Wichi nieski (CPT); Frei Marx Reis, ofm (SEFRAS);

lá embaixo. Todos os anos, milhões de toneladas de veneno são jogados nas lavouras. Se leva 200 anos para esse ve neno chegar lá embaixo, nossa geração pode ser acusada de não deixar água potável para as futuras gerações. São essas discussões que estamos fazendo”, explicou Dom Guilherme Werlang, bispo da Diocese de Lages.

Ocoordenador da Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos e animador provincial do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), Frei Marx Ro drigues dos Reis, foi nomeado como assessor do “Grupo de Trabalho For mação de Rede – Aquífero Guarani e Gran Chaco”, instituído pelo presiden te da Comissão Especial para Eco logia Integral e Mineração – CEEM, com plena anuência da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no exercício de suas atribuições estatutárias e regimentais, que tem o objetivo de encontrar saídas para a defesa e proteção das águas de acordo com as orientações da ecologia integral. O Grupo de Trabalho foi criado a partir das dis cussões e necessidades da Comissão Especial para a Ecologia Integral e de Mineração da CNBB, e tem o objetivo de levar essa discussão específica das águas, dos aquíferos e dos povos que sofrem a partir dos impactos e ações que devastam a natureza e as águas.

Roberto Malvezzi (CEEM).

O GT tem como coordenador Dom Reginaldo Andrietta e vice-coordena dor, Frei Rodrigo de Castro Amédée Péret, ofm.

“Na verdade nós estamos co meçando a discutir essa questão da preservação dos aquíferos no Brasil, quantos aquíferos nós temos no Brasil, qual o futuro deles? Mais do que isso, qual é o futuro dos povos que vivem dos aquíferos? Qual o futuro da agricultura, com todo o desperdício das águas, com as poluições que vão

O aquífero Guarani é uma reserva subterrânea de água doce localizada em países da América do Sul, abran gendo áreas do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Ele é uma das principais reservas de água doce do mundo. Tem como característica a presença de grande disponibilidade hídrica mediante a entrada de água no sistema subterrâneo.

O Gran Chaco é o maior e mais biodiverso sistema florestal contí nuo da América do Sul depois da Amazônia. Sua destruição tem sido particularmente brutal na Argentina, onde perdeu mais de 8 milhões de hectares nas últimas três décadas, e no Paraguai, onde grandes áreas foram desmatadas para a pecuária. A Bolívia, entretanto, tem mais áreas protegidas, embora os dramáticos incêndios flo restais dos últimos anos demonstrem sua fragilidade.

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Sefras lança livro “Fome e assistência alimentar na pandemia”

No dia 17 de outubro, o Se fras – Ação Social Francisca na – lançou o livro “Fome e assistência alimentar na pandemia”, retratando a realidade da fome no Brasil durante a pandemia. O evento foi on-line, com transmissão no Youtu be. O projeto foi coordenado por Fábio Paes e Fabiana Sanches, que compõem o time de Advocacy da or ganização. E tem autoria de Adriana Salay Leme, José Raimundo Sousa Ribeiro Junior, Lis Furlani Blanco e Livia Cangiano Antipon.

Desde a chegada do novo coro navírus, o tema da fome voltou a ter destaque de publicações acadêmi cas e da grande mídia. Como levan tado pelo próprio livro, no início de

2021, segundo “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19” realizado pela Rede Penssan, em dezembro de 2020, mais da meta de (55,2%) da população brasileira encontrava-se em algum grau de insegurança alimentar. Ou seja, conviviam com o risco de fome (in segurança alimentar leve) e a fome (insegurança alimentar moderada e grave) em seus domicílios.

Esse aumento foi visto e sentido pelo Sefras em seu dia a dia de aten dimento ainda em 2020. As filas para entregas de alimentos aumentaram exponencialmente. Nesse contexto, a instituição realizou sua primeira publicação, o relatório “A Fome como prato principal”.

O livro “Fome e assistência alimentar na pandemia” traz um levantamento conceitual a respei to da fome e faz cruzamento de diversas propostas, conferências, redes, organizações e movimen tos que pautam a luta contra a fome.

Em meio às pesquisas e estatís ticas sobre o aumento da fome no Brasil compiladas na publicação, há o resgate do conceito de Josué de Castro no livro “Geografia da Fome”. O estudioso conclui que o problema da fome não se trata de uma ques tão quantitativa de alimentos ou de número de habitantes, mas sim das distribuições de riquezas, que estão cada vez mais concentradas nas mãos de poucos.

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Reencontro da Família Franciscana de São Paulo no tempo da sinodalidade

Otema da Sinodalidade reuniu os francis canos e franciscanas do Regional São Paulo da Conferência da Família Francis cana do Brasil (CFFB) no domingo (25/9), no Colégio Franciscano João XXIII, da Congregação das Franciscanas Filhas da Divina Providência, em São Paulo (SP), e foi uma oportunidade de celebrar a fraternidade com a proximidade das festividades do Pai Seráfico São Francisco de Assis. Afinal, fazia dois anos que não se encontravam.

O tema da Sinodalidade começou a ser desenvolvido já na Santa Missa, às 9 horas, que foi presidida pelo Ministro Provincial dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Arcanjo de Sousa Soares, tendo como concelebrantes Frei Agos tinho Odorizzi, Ministro Provincial da Terceira Ordem Regular de São Francisco de Assis, que fez a homilia; o Definidor Provincial, Frei Robson Luiz Scudela, OFM, representando o Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira; Frei José Antônio Cruz Duarte, OFM, da Fraternidade de

Bragança Paulista; e Frei Antônio Corniatti, OFMConv, representan do o Ministro Provincial Frei José Hugo da Silva Santos.

O encontro reuniu a Primeira Ordem, a Ordem Franciscana Se cular, franciscanos e franciscanas de diferentes Institutos e Congre gações e simpatizantes de São Francisco e Santa Clara. “A Jornada Franciscana tem o objetivo de manter vivo em nossos corações ou no interno das nossas congregações ou nossas Ordens esse espírito de unidade, de partilhar a vida, de retomar a reflexão de que é necessário resgatar cada vez mais Francisco e Clara de Assis como uma resposta à fragmentação do tempo presente. Quando nos reunimos para partilhar a nossa vida, nossa história, nossos trabalhos e também colocamos em pauta os nossos desafios, é no espírito de unidade que buscamos caminhos novos para esses desafios do tempo presente”, disse Frei Arcanjo.

“Queremos retomar nosso caminho celebrando esse encontro, fazendo o exercício da sinodalidade entre nós”, disse Frei Agosti nho na sua homilia. “Mas, primeiramente e acima de qualquer coi sa, queremos externar o sentimento mais comum que vem desde o berço: gratidão a Deus pela Graça de poder estarmos aqui. Ninguém pode iniciar o dia sem antes agradecer a Deus. É assim que aprendemos com nossos pais. E, como franciscanos, rezamos ‘Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louva

cffb

do!’ Nós sobrevivemos, mas muitos de nossos irmãos partiram e nos deixaram presencialmente. E muitos se foram não apenas por causa da pandemia em si, mas sim pelo espírito de trevas que se apoderou de nós, tornando-nos indiferentes com o tratar e lidar com a vida, em especial a humana”, lamentou o pregador.

Frei Agostinho lembrou também que esse encontro ocorria justamente no dia em que a Igreja celebra o Dia da Bíblia: “A Bíblia é e sempre será fonte de inspiração e segurança para todos que são apaixonados pela Trindade Santa. Ao mesmo tempo provoca em nós inquietações, porque assim é Deus para os que O temem”.

Ao falar sobre sinodalidade, re cordou que, por mais bela e desafia dora que seja a construção de nossa história como franciscano e francisca na, religioso e religiosa, leigo e leiga, e jovem, não pode ser construída e vivenciada no isolamento, para que não se corra o risco de se perder a ra zão principal de nossa existência, que é a comunhão entre nós, renovando assim o nosso maior patrimônio que é o nosso carisma. “A busca constante da nossa comunhão enquanto família é fundamental para a ação do Espírito Sato de Deus para nos animar e reno var e nos fortalecer na busca de novos caminhos que nos ajudem superar nossas chagas e a caminhar juntos, sentindo a dor das chagas de nosso povo em todas as dimensões de sua vida cotidiana, como a fome, violência, racismo, discriminação, abandono, desemprego... enfim, a dor de tantas dores como as dos enlutados na per da de seus ente queridos pela pande mia ou qualquer tipo de violência tão presente nas realidades de pobreza em nosso país”, denunciou.

“Para que nossa comunhão seja franciscanamente eficaz e sinodal em defesa da vida, como nos propõe o Papa Francisco, faz-se necessário voltar a São Francisco quando este nos

chama a viver a prática da perfeição do Evangelho. E voltar a Santa Clara quando esta nos propõe a nunca perdermos o ponto de partida”, indicou Frei Agostinho.

Mesa redonda sobre o tema

Em seguida, às 10 horas, começou a Mesa Redonda com o tema “Sino dalidade na Fraternidade Franciscana”, tendo em vista a preparação para o Sínodo 2021-2023, que reflete sobre o tema: “Para uma Igreja sinodal: comu nhão, participação e missão”. Este tema foi dividido em subtemas, com cinco palestrantes.

Primeiro falou Frei Jose Antônio Cruz Duarte, OFM, sobre “Sinodalidade na Espiritualidade Franciscana, acen tuando as relações fraternas”. Segundo o frade, sinodalidade vem da palavra ‘sínodo’, que significa ‘caminhar juntos’, caminhar na mesma direção. “Um sím bolo de caminhar juntos é o arco-íris. Cada um com sua cor, com seu modo de vida, mas todos caminhando juntos”, disse. Ele lembrou que o Papa Francisco nos deixa três palavras, que são três verbos, para essa reflexão: Encontrar, escutar, discernir.

Frei Rodrigo da Silva Santos, OFM, secretário da Província Franciscana da Imaculada Conceição, falou sobre “Sinodalidade e a Palavra de Deus”. O Sínodo é um caminho de discernimen to espiritual, de discernimento eclesial, que se faz na adoração, na oração, em contato com a Palavra de Deus.

Frei Marcelo Toyansk, OFMCap, falou sobre “Sinodalidade e a Casa Co

mum”, lembrando os ensinamentos do Papa Francisco na Laudato Si’. Segundo ele, a ecologia integral afirma que os humanos são parte de um mundo mais amplo e exige “soluções integrais que considerem as interações dos siste mas naturais entre si e com os sistemas sociais” (LS 139).

Ângelo e Jaqueline Vaz Rosa, OFS, da Fraternidade São Francisco de Assis, da Vila Clementino, falaram de um tema importante às vésperas das eleições. “Sinodalidade e Cidadania”. Se gundo o casal, não basta o católico ser solidário com o próximo, mas é preciso participar na gestão da coisa pública ampliando, com isso, o bem comum. O casal recordou que o franciscano é chamado a ser mais atuante e recordou a Carta aos Governantes do Santo de Assis. E Ana Carlota Vieira, psicóloga e professora, falou da “Sinodalidade na Educação”. O que difere uma escola franciscana de outras escolas formais? perguntou.

À tarde, na segunda parte do encontro, os participantes puderam se reunir em grupos para estudar o tema e tirar as conclusões. Em seguida foi feita a Mística de encerramento e uma apresentação do teatro.

A primeira Jornada Franciscana realizou-se por ocasião do 8º Centená rio do Nascimento de São Francisco de Assis. São 39 anos de encontros e re flexão, com a interrupção de dois anos durante a pandemia, sobre a presença Franciscana em São Paulo.

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A Ordem dos Frades Menores em números

AOrdem dos Frades Meno res divulgou na sua revista “Acta Ordinis Fratrum Minorum”, neste mês de setembro, os levantamen tos estatísticos referentes à Fraternidade Mundial dos Frades Menores até dezembro de 2021, período 2020/2021. Há mais de oito séculos, com aprovação do Papa Inocêncio III, São Francisco de Assis fundava uma das maiores ordens religiosas da Cristandade, que continua grande, mas foi dividida em três ramos: Ordem dos Frades Menores (OFM), Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv) e Ordem dos Frades Menores Capu chinhos (OFMCap).

Atualmente, a Ordem dos Frades Menores conta com 12.127 religio

sos em 119 países. Desse total, destacam-se os seguintes dados: 445 postulantes (não são contados); 325 noviços; 1.409 professos temporários (931 com opção clerical, 137 sem opção clerical, 341 sem opção); 10.395 professos solenes (8.190 presbíteros, 70 diáconos permanentes, 393 com opção clerical, 1.633 frades leigos); 3 Cardeais, 106 Arcebispos e Bispos. A ordem teve 341 falecidos nesse período.

Os Frades Menores estão distribuídos da seguinte ma neira: 1.303 na África e Oriente Médio; 2.958 na América Latina; 983 na América do Norte; 1.548 na Ásia e Oceania; 3.136 na Europa Ocidental; e 2.209 na Europa Oriental.

A Fraternidade Universal está estruturada em 91 Pro víncias e 10 Custódias Autônomas, 7 entidades depen dentes do Ministro Geral; 17 Custódias dependentes das Províncias; 14 Conferências de Ministros Provinciais e 3 Uniões de Conferências (Ásia/Oceania: FCAO; América Latina: UCLAF; Europa: UFME).

No último Capítulo Geral, no ano passado, foi eleito o 121º representante de São Francisco de Assis, o italiano Frei Massimo Fusarelli.

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Agenda 2022

AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO

NOVEMBRO

Provincial (Agudos, SP)

Encontro Recreativo do Regional Rio de Janeiro (Duque de Caxias, RJ)

Encontro Recreativo do Regional Frei Bruno

DEZEMBRO

Encontro Recreativo do Regional Curitiba

Visita do Ministro Geral à FIMDA

Encontro Recreativo do Regional Vale do Itajaí e Leste Catarinense

Retiro Anual (Petrópolis, RJ)

Renovação dos Votos e Profissão Solene (Luanda)

Primeira Profissão dos Noviços (Luanda, Angola)

Profissão Solene (Luanda, Angola)

Encontro Recreativo e Celebração dos Jubileus do Regional São Paulo (Bragança Paulista, SP)

Abertura do Ano Vocacional

O Papa no Bahrein

OPapa Francisco fará sua próxima viagem apostólica ao Reino do Bahrein de 3 a 6 de novembro de 2022, visitan do as cidades de Manama e Awali por ocasião do Fórum do Bahrein para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Co existência Humana. Na cidade de Awali, foi consagrada em 10 de dezembro de 2021 a Catedral de Nossa Senhora da Arábia, padroeira do Golfo Pérsico.

No dia da inauguração da catedral, o Cardeal Luis Antonio Ta gle, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, havia entregue ao Rei do Bahrein Hamad bin Isa al Khalifa, uma carta do Papa Francisco à qual o soberano havia respondido expressando “seu grande desejo de um dia ver o Pontífice no Bahrein”, reiteran do “sua intenção de favorecer uma abertura cada vez maior do país

JANEIRO 2023

Primeira Profissão dos Noviços (Rodeio, SC)

Admissão ao Noviciado (Rodeio, SC)

Reunião da UCLAF (São Paulo, SP)

Visita do Ministro Geral à Província no Brasil SETEMBRO

Fórum da Formação e Estudos

às pessoas que não seguem a religião muçulmana”.

Em 2014, o Papa Francisco recebeu o Rei Hamad bin Isa al Khalifa no Vaticano. Entre os tópicos discutidos estavam a paz e a estabilidade no Oriente Médio e a promoção do diálogo e da coexistência pacífica entre todos os componentes da so ciedade.

Será a 39ª Viagem do Papa Francisco que já visitou 54 paí ses diferentes nestes quase 10 anos de pontificado. Dentro da Itália, o Papa fez 31 visitas pastorais a 41 cidades ou vilarejos. Sua última viagem ao exterior foi ao Cazaquistão de 13 a 15 de setembro deste ano por ocasião do VII Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais.

Logotipo e lema

O logotipo da viagem é formado pelas bandeiras do Reino do Bahrein e da Santa Sé, representadas de forma estilizada como duas mãos abertas para Deus, simboli zando também o compro misso dos povos e nações de se encontrarem num espírito de abertura, sem preconceitos, como “irmãos e irmãs”. O fru to do encontro fraterno é o dom da paz, simbolizado pelo ramo de oliveira representado no centro das “duas mãos”.

O lema da Visita, “Paz na terra aos homens de boa vontade”, é inspirado nas palavras cantadas pelos anjos na história do nascimento do Senhor no Evangelho de Lucas.

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
07 a 10 Fórum da Evangelização (Agudos, SP) 11 a 14 Reunião do Definitório
15
19 e 20
03 a 05
03 a 09
05
05 a 07
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08
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10
15
23 a 27
30 a 05/02
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“Uma destas feridas abertas mais dolorosas é o tráfico de seres humanos, uma forma moderna de escravidão, que viola a dignidade, dom de Deus em tantos dos nossos irmãos e irmãs” (Papa Francisco)

Com objetivo de reforçar uma das ferramentas para o enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o apoio da Conferên cia Episcopal Italiana, lança o Caderno – Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

O caderno é parte das ações que mobilizam as pastorais, movimentos, coletivos e organizações que atuam nos processos de formação para enfrentar o Tráfico de Pessoas no Brasil. O instrumento fortalece as

redes de enfrentamento, sobretudo neste cenário em que o país atravessa crises sociais, políticas econômi cas e ainda convive com a pandemia da Covid-19.

O caderno segue o método VER, JULGAR e AGIR e apresenta conceitos, modalidades e indicações para a cultura do cuidado. Em todos os temas a publicação apresenta indicações e debates para proporcionar interações nos grupos de estudos. O conteúdo do Caderno foi enriquecido com ilustrações e infográficos que facilitam a compreensão. Os recursos deixaram o tema com uma certa leveza para ser estudado, embora o tema seja “pesado”.

A publicação terá versões impressa e digital. Na versão impressa, que será distribuída para os regionais da CNBB, os leitores poderão acessar outros conteú dos indicados no caderno através de QR-codes, basta apontar a câmera do celular e assistir documentários ou reportagens. Na versão digital, disponível para download no site da Conferência, os leitores também poderão acessar as indicações com facilidade.

COMISSÃO LANÇA CADERNO DE ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS; VERSÃO DIGITAL JÁ ESTÁ DISPONÍVEL PARA DOWNLOAD
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