Coordenação Coordination Hélder Ferreira Texto Text Antero Neto
Fotografia Photography Elisa Martins Alves, Hélder Ferreira
RITUALS WITH MASKS
COM
RITUAIS MÁSCARA ROTA DAS MÁSCARAS EM PORTUGAL ROUTE OF MASKS IN PORTUGAL
MOGADOURO
Valverde, Vale de Porco, Bruçó, Bemposta, Tó
Ficha Técnica Masthead Projecto Project Progestur Coordenação Coordination Hélder Ferreira Texto Text Antero Neto Fotografia Photography Elisa Martins Alves (Bruçó; Valverde; Vale de Porco), Hélder Ferreira (Tó; Bemposta) Cedência de Imagens Providing Imagens Câmara Municipal de Mogadouro Tradução Translation Íris Lima Design e Arte final Design and Final Art André Lopes Capa Cover André Lopes Mapas Maps Telmo Amaro Impressão e acabamento Printing and finishing Ondagrafe Tiragem Circulation 1.000 exemplares Novembro November 2015 Depósito Legal nº 401443/15 ISBN 978-989-99501-3-9 Promotor
Parceiro Institucional Institutional Partner
Índice Index
Rota das Máscaras 04 Route of the Masks
Nota de Abertura 06 Note of Introduction
As Máscaras no Concelho de Mogadouro 08 The Masks in the Mogadouro County
O Careto e a Velha | Valverde 26 The Careto and the Velha | Valverde O Chocalheiro ou Velho | Vale de Porco 34 The Chocalheiro or Velho | Vale de Porco O Chocalheiro e os Velhos | Bruçó 40 The Chocalheiro and the Velhos | Bruçó O Chocalheiro | Bemposta 50 The Chocalheiro | Bemposta O Farandulo | Tó 58 The Farandulo | Tó
Turismo - Património e Cultura com Séculos de História 68 Tourism - Heritage and culture with Centuries of history
Mapa Inatel 80 Map Inatel
ROTA DAS MÁSCARAS
ROUTE OF MASKS
NORTE MOGADOURO O Careto e a Velha, em Valverde - 25 de Dezembro The Careto and the Velha, in Valverde - December 25th GPS N 41° 17’ 33.0” / W 6° 48’ 40.0” O Chocalheiro ou Velho, em Vale de Porco - 25 de Dezembro The Chocalheiro or Velho, in Vale de Porco - December 25th GPS N 41° 17’ 33.0” / W 6° 48’ 40.0” O Chocalheiro e os Velhos, em Bruçó - 25 de Dezembro The Chocalheiro and the Velhos, in Bruçó - December 25th GPS N 41° 13′ 0″ / W 6° 40′ 0″ O Chocalheiro, em Bemposta - 26 de Dezembro e 1 de Janeiro The Chocalheiro, in Bemposta - December 26th and January 1st GPS N 41° 18′ 44″ / W 6° 30′ 7″ O Farandulo, em Tó - 1 de Janeiro The Farandulo, in Tó - January 1st GPS N 41° 19′ 27″ / W 6° 33′ 58″
04
05
Nota de Abertura Opening Note
Porquê uma coleção de livros sobre os rituais da máscara em Portugal quando já existem várias edições sobre a temática, sendo até a Progestur responsável por várias dessas publicações? A realidade é que quando consultamos a bibliografia disponível, concluímos que a quase totalidade dos trabalhos ou edições existentes, nos falam dos “rituais da máscara” num contexto antropológico, etnográfico, falando-nos das origens epistemológicas da “máscara”, repetindo o conhecimento que existe sobre as respetivas origens ou influências que sofreu ao longo do tempo, assim como os correspondentes significados. No entanto, sobre o que representam hoje estes rituais, a sua componente mais sociológica e diria mesmo, uma visão mais contemporânea, concluímos que nesta abordagem muito pouco foi feito, com exceção de alguns trabalhos pontuais e localizados. Com esta coleção pretendemos, assim, colmatar um vazio na informação disponível sobre o tema, levando aos leitores aquilo que a festa é hoje, o que representa, como é vivida e sentida pelas populações, ou seja, de uma forma despretensiosa, gostaríamos de conseguir transmitir os sons, as cores, os cheiros, as emoções e a importância destes rituais nas comunidades que as mantêm, mas também enquanto pertença da nossa memória coletiva, parte da nossa identidade nacional. A tudo isto juntamos uma mais-valia socio económica - porque de uma riqueza se trata - e com a fundação INATEL, criamos as “Rotas das Máscaras em Portugal” que farão parte integrante da totalidade da coleção, apresentando ao leitor a oferta turístico-cultural dos municípios referentes, permitindo-lhe não só “saborear” das emoções destas festividades mas também da gastronomia, da cultura patrimonial e imaterial, das belas paisagens, enfim “disfrutando” do que melhor temos para lhes oferecer.
06
Why a collection of books about the rituals of masks in Portugal, when there are numerous editions about this thematic, being the Progestur responsible for many of the already published works? The reality is that, when we consult the available literature, it can be concluded that almost all of the works or editions existent, address the “rituals of the mask” in a anthropologic, ethnographic context, that approaches the epistemological origins of the “mask”, repeating the existent knowledge about the respective origins or influences that this manifestation suffered trough time, also reflecting on their significance. However, about what these rituals represent currently, their sociological component, and, I would even say, a more contemporary vision, we conclude that there is still so much to do, impelling a profound investigation that has being initiated with punctual and specific works. With this collection we intend to give more acquaintance about this thematic, taking the reader to know what is the festivity in present days, what represents, how is lived and felt by the populations, transmitting, in an unpretentious way, the sounds, colors, smells, emotions and the importance of these rituals in the maintenance of communities and as a ownership of our collective memory, part of our national identity. To all of this we added a social-economic value - because it’s a rich manifestation - and in association with Fundação INATEL, we created the “Rotas das Máscaras em Portugal” (Route of Masks in Portugal) that will be part of the entire collection, presenting to the reader a tourist and cultural offer of the counties presents in the books, allowing not just the “relish” of the emotions in each festivity , but also the gastronomy, cultural heritage and beautiful landscapes, enjoying the very best we have to offer.
Esperamos, assim, poder contribuir com esta obra para uma maior visibilidade do nosso património cultural imaterial e, em particular, do tema dos “rituais da máscara”, com uma abordagem que pensamos ser “interessante” e destacando a sua importância. Para terminar, um grande obrigado a todos os “fazedores” destes rituais, participantes e organizadores, às entidades que apoiam e acreditam na valorização dos seus territórios pela via da afirmação da identidade cultural e finalmente, a toda a equipa Progestur e colaboradores que trabalham nesta coleção. A todos, um grande bem-haja.
With this collection we expect to contribute with more visibility of our cultural heritage and, in particular, the thematic of “rituals of mask”, with an approach that we consider “interesting”, emphasizing their importance. To finish, a huge thank you to all the “doers” of this rituals, participants and organizers, to the entities that support and believe the valorization of their territories, for the affirmation of a cultural identity and finally to all the Progestur team and collaborators that work in this collection. To all, bem-haja.
Hélder Ferreira Coordenador da Coleção Collection Coordinator
07
As Máscaras no Concelho de Mogadouro1
The Masks in the Mogadouro County1
As máscaras podem considerar-se a expressão de um conjunto de rituais e ideias subjacentes à ontologia de uma determinada sociedade organizada e definida por uma identidade étnica comum. Elas concretizam e materializam um conjunto de valores e significações que definem a essência dos povos em cujo seio se manifestam. Os símbolos que as compõem revelam partes importantes da idiossincrasia colectiva e ajudam a compreender a evolução histórica e cronológica da comunidade, expondo à luz do presente os valores que enformaram a sua tradição e cimentaram a sua integridade social e ideológica através dos tempos. A leitura das suas características manifesta na simbologia que transportam permite-nos definir subjectivamente o contexto axiológico e buscar a interpretação para a génese de um povo. Essa interpretação é necessariamente livre, pois aquilo que cada um de nós observa nos símbolos é susceptível de revisão crítica. Como disse Lévi-Strauss, as máscaras, tal como os mitos, suportam sempre não somente várias interpretações2, mas todas as interpretações. O seu sentido será sempre abstracto. Carregarão sempre consigo uma aura misteriosa. Elas transcendem a mera realidade e são portadoras de códigos simbólicos que ultrapassam a possibilidade de uma leitura unívoca e simplista.
The masks can be considered an expression of a set of rituals and ideas inherent to the ontology of a certain society, organized and defined by a common ethnic identity. They achieve and materialize values and meanings that define the true essence of the population in which these cultural manifestations appears. The symbols composing them reveal important parts of collective idiosyncrasy and help understanding the community historical and chronologic evolution, exposing to the present times the values that formed their tradition and build a social and ideological integrity through time. The understanding of their characteristics, manifested in the symbology they carry, let us define, in a subjective manner, the axiological context and considerate an interpretation of a genesis of a population. This interpretation is necessarily free, because each person has its own way to observe symbols making it susceptible to critical reviews. Like Lévi-Strauss said, the masks as the same as the myths, always have, not only some interpretations, but all interpretations.2 The meaning will always be abstract. It will always bring a mysterious aura. Transcending a simple reality, the masks carry symbolic codes that exceed the possibility of a simplistic and univocal interpretation.
O Concelho de Mogadouro foi rico em rituais associados ao “Solstício de Inverno”. Dessas festas dá-nos conta J. R. Dos
The County of Mogadouro was rich in rituals associated to the “Winter Solstice”. These festivities, as J.R. Dos Santos Júnior, refer
Santos Júnior num pequeno artigo publicado na revista “Feira da Ladra”3, onde refere que:
in an article published in “Feira da Ladra”3 magazine: “Masked men with costume, masks and similar objective to the Valverde’s carêto, although with different names, until the present day they still appear for Christmas in Bruço, Bemposta, Urrós, Tó and Sanhoane. In other times they appeared in Meirinhos, Castelo Branco and Quinta das Quebradas. Here are some of their designations: velho, carêto, chocalheiro e diabo.”
“Mascarados com indumentária, máscara e finalidade semelhante à do carêto de Valverde, embora com nomes diferentes, ainda hoje saem pelo Natal em Bruçó, Bemposta, Urrós, Tó e Sanhoane. Noutros tempos saíam também em Meirinhos, Castelo Branco e Quintas das Quebradas. Eis algumas das suas designações: velho, carêto, chocalheiro e diabo.” Nas Quintas das Quebradas, em Castelo Branco e Vila dos Sinos, existiu o “Chocalheiro” pelo menos até ao ano de 1908. E em Vilarinho dos Galegos, no dia de reis, saíam igualmente à rua duas personagens mascaradas: o “Mascarão” e a “Mascarinha”4. 1
Alguns parágrafos foram transcritos e adaptados da obra do autor “As Festas de Inverno e os Masca-
rados de Valverde”, editora “Lema d’Origem”, Mogadouro, 2014. 2
08
MACIEL, Sofia Adriana Araújo Martins, “As Máscaras Transmontanas. Dos Contrastes Antropológicos
às Confluências Filosóficas”, Universidade do Minho, tese de doutoramento, policopiada, pág. 307. 3 4
JÚNIOR, J. R. Dos Santos, in “O careto de Valverde”, revista “Feira da Ladra”, tomo sétimo, pág. 32. PESSANHA, Sebastião, “Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes”, com desenhos de
Mily Possoz, pág. 23.
In the Quinta das Quebradas, in Castelo Branco and Vila dos Sinos, existed a “Chocalheiro” at least until the year of 1908. And in Vilarinho dos Galegos, in the Epiphany Day, in the streets appeared two masked characters: the “Mascarão” and the “Mascarinha”4. 1
Some paragraphs were transcript and adapted from the book from the author “As Festas de Inverno
e os Mascarados de Valverde”, editor “Lema d’Origem”, Mogadouro, 2014. 2
MACIEL, Sofia Adriana Araújo Martins, “As Máscaras Transmontanas. Dos Contrastes Antropológicos as
Confluências Filosóficas”, Minho’s University, PhD thesis, pág.307. 3
SJÚNIOR,J.R. Dos Santos, in “O Careto de Valverde”, magazine “Feira da Ladra”, pág. 32.
4
PESSANHA, Sebastião, “Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes”, drawings from Mily
Possoz, pág. 23.
Desses rituais, hoje apenas se mantêm vivos os do “Chocalheiro” de Bemposta, dos “Velhos”, em Bruçó, do “Chocalheiro” em Vale de Porco, do “Careto e Velha” de Valverde e do “Farandulo” em Tó. As solenidades de Bruçó e de Vale de Porco realizam-se no dia 25 de Dezembro, pela manhã (embora, o Chocalheiro de Vale de Porco também se vestisse nos dias 1 de Janeiro e no dia de reis)5. A de Bemposta tem lugar a 26 de Dezembro e 1 de Janeiro. O Farandulo de Tó sai à rua em 1 de Janeiro e o “Careto e a Velha” de Valverde saem no dia 25 de Dezembro. Recentemente, há cerca de quatro anos atrás, foi recuperada a figura do “Chocalheiro” em Bruçó. Contudo, tal facto parece não ter sido do agrado generalizado da população, pelo que a referida figura apenas saiu uma vez, não voltando a haver notícia da sua recuperação, se excetuarmos algumas manifestações folclóricas.
5
PESSANHA, Sebastião, “Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes”, com desenhos de
Mily Possoz, pág. 24.
From these rituals, only the “Chocalheiro” from Bemposta, the “Velhos” in Bruço, the “Chocalheiro” in Vale do Porco, the “Careto and Velha” from Valverde and the “Farandulo” in Tó are still presents in the festivities. The solemnities in Bruçó and Vale do Porco are celebrated in the 25th of December, early in the morning (although the Chocalheiro de Valverde used to appear in the first of January and in Epiphany Day too)5. The Bemposta festivity have place on the 26th of December and the first of January. The Farandulo from Tó appears in the village on the first of January and the “Careto and the Velha” from Valverde on the 25th of December. Recently, about four years ago, the figure of the “Chocalheiro” from Bruço was retrieved. However, this fact seems not to please everyone from the village, which made this character, appear only once, not returning to be news about its retrieval, besides some folkloric manifestations.
5
PESSANHA, Sebastião, “Mascarados e máscaras populares de Trás-os-Montes”, drawings from Mily
Possoz, pág. 24.
09
10
Proposta de enquadramento histórico/geográfico - os limites territoriais dos Zoelas
Proposal of a historical/geographical setting - The territorial limitations of Zoelas
Este género de manifestações associadas ao Solstício de Inverno estende-se um pouco por todo o Nordeste Transmontano, nomeadamente nos Concelhos de Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Bragança e Vinhais. Em Freixo já não se realizam. O “Zangarrão”, que saía em Lagoaça e Fornos (e também em Bruçó) era acompanhado por uma “velhinha” e desapareceu na década de trinta do século passado. Em Miranda ainda sobrevivem os rituais de Vila Chã da Braciosa e Constantim, tendo recentemente sido recuperado um ritual em São Pedro da Silva (“Bielho e la Galdrapa”). Os Concelhos de Bragança e Vinhais mantêm igualmente muitas tradições vivas. Tal como Macedo de Cavaleiros, com os seus Caretos de Podence.
These types of manifestations, associated to the winter solstice, extending all over the Nordeste Transmontano, especially in the County of Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Bragança and Vinhais. In the County of Freixo these manifestations are no longer held. The “Zangarrão”, used to appear in the streets in Lagoaça and Fornos (and also in Bruçó) accompanied by a “velhinha” (old lady) but disappear in the thirties decade of the last century. In Miranda the rituals from Vila Chã da Braciosa and Constantim still survive, being recently retrieved a ritual in São Pedro da Silva (“Bielho e la Galdrapa”). The County from Bragança and Vinhais maintain their traditions alive, and the same goes to Macedo de Cavaleiros, with their Caretos of Podence.
Em pesquisa recente feita junto de alguns populares de Vilarinho dos Galegos, fiquei a saber que na altura do Entrudo ali se vestem umas personagens curiosas: dois moços aperaltam-se como bois de trabalho, com a cara tapada e com chocalhos pendurados. É-lhes aparelhado um arado de lavrar a terra, com o respectivo jugo e restantes paramentos agrícolas. Esse arado é conduzido por um outro rapaz. À frente do conjunto, desloca-se um moço que vai simulando a sementeira com cinza, que atira circunstancialmente à cara das pessoas. E o que me chamou imediatamente a atenção foi o facto de existir ritual
In a recent research made to some locals from Vilarinho dos Galegos, I learned that in the Shrovetide appear some curious characters: two young boys dressed as work ox, with their faces covered with cowbells dangling. It’s gave them a plow to until the land, with the respective yoke and agricultural instruments. The plow is carried by other boy. In front of them is a young fellow moving simulating the sowing with ashes that occasionally throw to the face of the public. What immediately called my attention was the fact that it exist a similar ritual in a Spanish region from Pobladura de Aliste, belonging to the province of Zamora, desig-
idêntico na localidade espanhola de Pobladura de Aliste, pertencente à província de Zamora, designada por “Obisparra”. E nessa pequena aldeia do país vizinho existem ainda duas figuras solsticiais em tudo semelhantes às de Bruçó: o “Soldado” e a “Filandorra”, que são os equivalentes aos nossos “Soldado” e “Sécia”. Desloquei-me a essa localidade em 2014 e ali pude constatar as similitudes flagrantes entre as tradições de ambos os lados da actual fronteira (em Pobladura de Aliste, o semeador atira palha e não cinza. E o Soldado bate na Filandorra quando esta é assediada por algum homem, ao contrário do que acontece em Bruçó, onde o Soldado caustica os “amantes” da Sécia). Trata-se de um dado curioso, pois Bruçó e Vilarinho dos Galegos são aldeias vizinhas e têm festas idênticas às das espanholas (a aldeia de Torre de Aliste também tem o mesmo ritual) de que distam cerca de noventa quilómetros.
nated “Obisparra”. In this small village from the neighboring country exist two solstitial figures comparable to the ones in Bruçó: the “Soldado” and the “Filandorra”, equivalents to our “Soldado” and “Sécia”. I traveled to this village in 2014 and there I confirmed the impressive similarities between the traditions from both sides of the border (in Pobladura de Aliste, the sower throw straw instead of ashes. And the Soldado hits the Filandorra when she is desired by other man, as opposed to what happens in Bruçó, when the Soldado punish the “lovers” of Sécia). It’s a curious fact, because Bruçó and Vilarinho dos Galegos are neighboring villages and have identical festivities to those from Spain (The Torre de Aliste village has the same ritual), having a distance of about ninety kilometers.
11