Coordenação Coordination Hélder Ferreira Texto Text Alfredo Cameirão, Mário Correia
Fotografia Photography Elisa Martins Alves, Hélder Ferreira
RITUALS WITH MASKS
COM
RITUAIS MÁSCARA ROTA DAS MÁSCARAS EM PORTUGAL ROUTE OF MASKS IN PORTUGAL
MIRANDA DO DOURO
São Pedro da Silva, Constantim, Vila Chã de Braciosa
Ficha Técnica Masthead Projecto Project Progestur Coordenação Coordination Hélder Ferreira Texto Text Alfredo Cameirão (São Pedro da Silva), Mário Correia (Constantim, Vila Chã de Braciosa) Fotografia Photography Elisa Martins Alves (Vila Chã de Braciosa; Constantim), Hélder Ferreira (São Pedro; Constantim) Tradução Translation Alfredo Cameirão (Mirandês), Íris Lima (Inglês) Design e Arte final Design and Final Art André Lopes Capa Cover André Lopes Mapas Maps Telmo Amaro Impressão e acabamento Printing and finishing Ondagrafe Tiragem Circulation 1.000 exemplares Novembro November 2015 Depósito Legal nº 401446/15 ISBN 978-989-99501-2-2
Promotor
Parceiro Institucional Institutional Partner
Apoio Support
Índice Index
Rota das Máscaras Místicas 04 Route of the Mystical Masks
Nota de Abertura 06 Note of Introduction
Festa de Santa Luzia ou o Velho e a Galdrapa | São Pedro da Silva 08 Saint Lucy Festivity or the Velho and the Galdrapa | São Pedro da Silva Fiesta de San Juan ou Festa dos Moços | Constantim 24 Festivity of San Juan or Festivity of the Young Boys | Constantim Festa do Menino | Vila Chã de Braciosa 44 Festa do Menino | Vila Chã de Braciosa
Turismo - Bem Vindo a terras de Miranda do Douro 66 Tourism - Bien Benido a tierras de Miranda de l Douro
Mapa Inatel 80 Map Inatel
ROTA DAS MÁSCARAS MÍSTICAS ROUTE OF MYSTICAL MASKS
NORTE
MIRANDA DO DOURO Festa de Santa Luzia, ou o Velho e a Galdrapa, em São Pedro da Silva - 13 de Dezembro Saint Lucy Festivity, or the Velho and the Galdrapa, in São Pedro da Silva - December 13th GPS N 41° 30′ 34″ / W 6° 26′ 40″ Festa de S. João, ou Festa dos Moços, em Constantim - 27 e 28 de Dezembro Festivity of San Juan, or Festivity of the Young Boys, in Constantim - December 27th and 28th GPS N 41° 37′ 19″ / W 6° 16′ 32″ Festa do Menino, em Vila Chã de Braciosa - 1 de Janeiro Festivity of Menino, in Vila Chã de Braciosa - January 1st GPS N 41° 25′ 43″ / W 6° 20′ 46″
04
05
Nota de Abertura Opening Note
Porquê uma coleção de livros sobre os rituais da máscara em Portugal quando já existem várias edições sobre a temática, sendo até a Progestur responsável por várias dessas publicações? A realidade é que quando consultamos a bibliografia disponível, concluímos que a quase totalidade dos trabalhos ou edições existentes, nos falam dos “rituais da máscara” num contexto antropológico, etnográfico, falando-nos das origens epistemológicas da “máscara”, repetindo o conhecimento que existe sobre as respetivas origens ou influências que sofreu ao longo do tempo, assim como os correspondentes significados. No entanto, sobre o que representam hoje estes rituais, a sua componente mais sociológica e diria mesmo, uma visão mais contemporânea, concluímos que nesta abordagem muito pouco foi feito, com exceção de alguns trabalhos pontuais e localizados. Com esta coleção pretendemos, assim, colmatar um vazio na informação disponível sobre o tema, levando aos leitores aquilo que a festa é hoje, o que representa, como é vivida e sentida pelas populações, ou seja, de uma forma despretensiosa, gostaríamos de conseguir transmitir os sons, as cores, os cheiros, as emoções e a importância destes rituais nas comunidades que as mantêm, mas também enquanto pertença da nossa memória coletiva, parte da nossa identidade nacional. A tudo isto juntamos uma mais-valia socio económica - porque de uma riqueza se trata - e com a fundação INATEL, criamos as “Rotas das Máscaras em Portugal” que farão parte integrante da totalidade da coleção, apresentando ao leitor a oferta turístico-cultural dos municípios referentes, permitindo-lhe não só “saborear” das emoções destas festividades mas também da gastronomia, da cultura patrimonial e imaterial, das belas paisagens, enfim “disfrutando” do que melhor temos para lhes oferecer.
06
Why a collection of books about the rituals of masks in Portugal, when there are numerous editions about this thematic, being the Progestur responsible for many of the already published works? The reality is that, when we consult the available literature, it can be concluded that almost all of the works or editions existent, address the “rituals of the mask” in a anthropologic, ethnographic context, that approaches the epistemological origins of the “mask”, repeating the existent knowledge about the respective origins or influences that this manifestation suffered trough time, also reflecting on their significance. However, about what these rituals represent currently, their sociological component, and, I would even say, a more contemporary vision, we conclude that there is still so much to do, impelling a profound investigation that has being initiated with punctual and specific works. With this collection we intend to give more acquaintance about this thematic, taking the reader to know what is the festivity in present days, what represents, how is lived and felt by the populations, transmitting, in an unpretentious way, the sounds, colors, smells, emotions and the importance of these rituals in the maintenance of communities and as a ownership of our collective memory, part of our national identity. To all of this we added a social-economic value - because it’s a rich manifestation - and in association with Fundação INATEL, we created the “Rotas das Máscaras em Portugal” (Route of Masks in Portugal) that will be part of the entire collection, presenting to the reader a tourist and cultural offer of the counties presents in the books, allowing not just the “relish” of the emotions in each festivity , but also the gastronomy, cultural heritage and beautiful landscapes, enjoying the very best we have to offer.
Esperamos, assim, poder contribuir com esta obra para uma maior visibilidade do nosso património cultural imaterial e, em particular, do tema dos “rituais da máscara”, com uma abordagem que pensamos ser “interessante” e destacando a sua importância. Para terminar, um grande obrigado a todos os “fazedores” destes rituais, participantes e organizadores, às entidades que apoiam e acreditam na valorização dos seus territórios pela via da afirmação da identidade cultural e finalmente, a toda a equipa Progestur e colaboradores que trabalham nesta coleção. A todos, um grande bem-haja.
With this collection we expect to contribute with more visibility of our cultural heritage and, in particular, the thematic of “rituals of mask”, with an approach that we consider “interesting”, emphasizing their importance. To finish, a huge thank you to all the “doers” of this rituals, participants and organizers, to the entities that support and believe the valorization of their territories, for the affirmation of a cultural identity and finally to all the Progestur team and collaborators that work in this collection. To all, bem-haja.
Hélder Ferreira Coordenador da Coleção Collection Coordinator
07
Festa Festivity Festa de Santa Luzia Local Location São Pedro da Silva Data Date 13 de Dezembro População Population 237 Habitantes (Censos 2011) GPS N 41° 30′ 34″ / W 6° 26′ 40″
Informações Info http://www.cm-mdouro.pt/ geral@cm-mdouro.pt
Festa de Santa Luzia - Ou o Velho e a Galdrapa
Fiesta de Santa Lhuzie - ó l Bielho i la Galdrapa
Saint Lucy Festivity - or the Velho and the Galdrapa
Em São Pedro da Silva - Terra de Miranda
An San Pedro de la Silba - Tierra de Miranda
In São Pedro da Silva - Terra de Miranda
- Dai-lhe um beijinho a São Ciprião!... tens de lhes dizer assim: Dai-lhe um beijinho a São Ciprião! E depois dás-lhes a beijar este boneco de cortiça com a parte limpa para cima e quando o forem beijar, vira-lo com a parte queimada e tisna-los... dás-lhe uma tisnadela às pessoas que isso é que dá graça à festa.
- Dai-le un beijico a San Ceprian!... tenes que le dezir assi: Dai-le un beijico a San Ceprian! I apuis dás-le a beijar este caramono de cortiça cula parte lhimpa a ber-se i quando l fúren a beijar, biras-lo cula parte queimada i tiznas-los… dás-le ua tiznadela a las pessonas que ende ye que stá la grácia de la fiesta.
- E então por que se diz a São Ciprião e não a outro santo qualquer?! O que tem que ver São Ciprião com Santa Luzia ou com esta festa?!
- I anton porquei s’amenta an San Ceprian i nó noutro santo qualquiera?! Quei ten San Ceprian que ber cun Santa Lhuzie ó cun esta fiesta?! - I you sei-t’alhá… nun sei i nun amporta.
- E eu sei lá... não sei nem me importa.
08
- Give a kiss to Saint Ciprião!...that’s how you have to say: Give a kiss to Saint Ciprião! And then you give them to kiss this cork doll with the clean part up and when they’re going to kiss it, turn it to the burned part so you can smudge them… you have to smudge the people, that’s what brings fun to this festivity. - So why it’s said to Saint Ciprião and not any other saint?! What Saint Ciprião has to do with Saint Lucy or with this festivity?! - How would I know…I don’t know and I don’t care.
- Era como se dizia antigamente e como tem de se dizer agora. As coisas têm de ser feitas como antigamente. Temos de fazer as coisas da maneira mais parecida possível com a festa que se fazia antigamente.
- Era cumo sempre se dezie datrás i cumo hai que dezir agora. Las cousas ténen que se fazer cumo se fazien datrás. Temos que fazer las cousas l más asparecidas que podirmos a la fiesta que se fazie antigamente.
- Estávamos a preparar-nos para a festa de Santa Luzia - a Festa do Velho e da Galdrapa - que há uns cinquenta anos já não se fazia em São Pedro.
- Stábamos a purparar-mos para la Fiesta de Santa Lhuzie - la Fiesta de l Bielho i de la Galdrapa - que yá uns cinquenta anhos que nun se fazie an San Pedro.
São Pedro da Silva é uma aldeia do Planalto Mirandês, no extremo ocidental do atual Concelho mirandês, a meio caminho entre Miranda do Douro e Vimioso. É como tantas outros e enferma dos mesmos males: a falta de juventude - que vai embora, para a Espanha, França e Alemanha ou por aí abaixo, para o Porto e Lisboa - e a falta de serviços próximos, sobretudo um hospital.
San Pedro de la Silba ye un lhugar de l Praino Mirandés, na punta Poniente de l atual Cunceilho mirandés, a mei camino antre Miranda de l Douro i Bumioso. Cumo tantos outras i que sufre de ls mesmos males: la falta de mocidade - que se scapa para fuora, para las Spanhas, las Fráncias i las Almanhas ou por ene abaixo para ls Portos i las Lisbouas - i la falta de serbiços acerca, mormiente un spital.
- It is how was said in the past and how it has to be said now. Things have to be made as it was in the past. We have to do things in a similar way to the festivity made in the past. We were preparing ourselves to Saint Lucy festivity - the festivity of the Velho and the Galdrapa - that didn’t happen in São Pedro for about fifty years. São Pedro da Silva is a village in the Planalto Mirandês, in the western end of the current Country, midway between Miranda do Douro and Vimoso. It is like any other County suffering for the same problems: the absence of the young generation - that immigrated to Spain, France and Germany, or to the big cities of Portugal, Porto and Lisboa - and the lack of services offering in the proximities, especially a local hospital.
Terra de povoamento antigo, já desde o tempo de D. Afonso Henriques que o seu nome como povoação habitada surge em documentos1, São Pedro foi durante
Tierra de poboamento antigo, yá zde l tiempo de D. Fonso Anriques que l sou nome cumo lhugar cun gente aparece
This is an ancient land, its name as an inhabited village appears in the official documents1, around the time of D. Afonso Henriques. São Pedro belonged, for a
muito tempo pertença do Concelho de Algoso e a sua igreja da Ordem de Malta, com Comenda igualmente em Algoso, como atesta a Cruz de Malta que ainda hoje adorna a porta de entrada da mesma igreja. Enquanto povoação da Terra de Miranda, o lugar é depositário de profundos traços culturais, comuns a outras povoações do Planalto, como sejam a Fogueira do Natal, a Encomendação das Almas e a Matraca, na
an dequemientos1, San Pedro fui durante muito tiempo pertença de l cunceilho d’Algoso i la sue eigreija pertença de l’Orde de Malta, cula Quemenda tamien an Algoso, cumo l proba la cruç de malta q’inda hoije anfeita la pourta d’antrada de la mesma eigreija. Anquanto lhugar de la Tierra de Miranda, l hugar ye guardador de fondos marcos culturales, quemunes a outros lhugares de l Praino, cumo séian l Lhume de l Natal,
long period of time, to Algoso County, its church from the Ordem de Malta, had the Comenda also in Algonso, as we can confirm by the Cruz de Malta that still adorns the front door of the church. As a village that is part of Terra de Miranda, the region contain profound cultural characteristics, common to the other villages of Planalto Mirandês, as an example the Christmas Bonfire, the Commendation of Souls and the
1
Anton, Isabel Alfonso, La Colonizacion Cisterciense en la Me-
1
Anton, Isabel Alfonso, La Colonizacion Cisterciense en la Mese-
1
Anton, Isabel Alfonso, La Colonizacion Cisterciense en la Mese-
seta de l Duero. El Dominio de Moreruela, 1986, Zamora, pp.
ta de l Duero. El Dominio de Moreruela, 1986, Zamora, pp. 312-
ta de l Duero. El Dominio de Moreuela, 1986, Zamora, pp. 312-313
312-313 - Documento da doação de Palaçoulo por D. Afonso
313 - Dequemiento de la donaçon de Palaçuolo por D. Fonso
- Endowment document of Palaçoulo by D.Afonso Henriques -
Henriques - 1172 - “ad compitum de super in Cruzelladam itineris
Anriqueç - 1172 - “ad compitum de super in Cruzelladam itineris
1172 - “ad compitum de super in Cruzelladam itineris de Palatiolo
de Palatiolo et de Sancto Petro et de Villare Seco, deinde sicut
de Palatiolo et de Sancto Petro et de Villare Seco, deinde sicut
et de Sancto Petro et de Villare Seco, deinde sicut descendit
descendit ad finem vallis de Madero, deinde sicut vadit lumbus
descendit ad finem vallis de Madero, deinde sicut vadit lumbus
ad finem vallis de Madero, deinde sicut vadit lumbus inter val-
inter vallem de Madero et Cabannas, quomodo exit ad Saxum
inter vallem de Madero et Cabannas, quomodo exit ad Saxum
lem de Madero et Cabannas, quomodo exit ad Saxum de via
de via quem portenditur a Sancto Petro ad Palatiolum supra
de via quem portenditur a Sancto Petro ad Palatiolum supra
quem portenditur a Sancto Petro ad Palatiolum supra villarem
villarem de Tortuyas” em Português “e daqui chega ao cabeço
villarem de Tortuyas” an mirandés “i deiqui chega al cabeço po
de Tortuyas” in english “And from here it arrived to the hillock
sobre a Encruzilhada do caminho de palaçoulo e São Pedro e
riba l’Ancruzelhada de l camino de Palaçuolo i de San Pedro i
on the crossroads of the path of Palaçoulo and São Pedro and
de Vilar Seco, daí vai assim pela ladeira que fica entre Vale de
de Bilasseco, dende bai assi pul lhombo que queda antre l Balhe
Vilar Seco, from there it goes through the slope that lies betwe-
Madeiro e Cabanas, com sai para o Seixo, do caminho que vai
de Madeiro i Cabanhas, cumo sal pal Seixo de l camino que bai
en Vale de Madeiro and Cabanas, with an exit to Seixo, on the
de São Pedro a Palaçoulo por cima do Vilar de Tortulhas”, tradu-
de San Pedro a Palaçuolo po riba l Bilhar de Tortulhas”, traduçon
road that goes from São Pedro to Palaçoulo, passing over Vilar
ção de Amadeu Ferreira
d’Amadeu Ferreira
de Tortulhas”
09
Quaresma, o Pendão nas procissões, o Ramo dos Roscos do Dia de Reis, e outros, alguns já desaparecidos, outros prestes a desaparecer. Uma das manifestações culturais da qual somente havia memória dos mais idosos, era esta Festa de Santa Luzia, celebrada sempre a 13 de dezembro. Naquele ano, tinha-se combinado fazê-la de novo, mas não era fácil. Quase não havia juventude suficiente na aldeia para encarnar as quatro figuras; antigamente, eram somente os rapazes que participavam, mas agora, dado que não havia rapazes suficientes, seria preciso que algumas raparigas encarnassem alguns dos papéis:
10
l’Anquemendaçon de las Almas i la Matraca, na Quaresma, l Pendon nas porciçones, l Ramo de Roscos de l die de Reis, i outras, alguas deilhas yá zaparecidas, outras an bias de zaparecer.
Matraca, in the Lenten Season, the Pendão in the processions, the Ramo dos Roscos for Epiphany Day, and other events, some disappeared with time, and others are at risk of disappearing.
Ua de las manifestaçones culturales de que yá solo habie lhembráncia de ls más bielhos, era esta Fiesta de Santa Lhuzie, fazida siempre die 13 de Dezembre. Aquel anho habie-se treminado a fazé-la outra beç, mas nun era fácele. Quaije nun habie mocidade ne l pobo para fazer las quatro figuras; datrás era solo rapazes que partecipában, mas agora, cumo nun habie rapazes que chegássen iba a ser perciso poner tamien alguas rapazas para cumponer las figuras:
One of the cultural manifestations, remember only by the older local residents, it was the Saint Lucy’s Festivity, celebrated in the 13th of December. In that year, had been suggested to do it again but it wouldn’t be easy. There was barely enough young people in the village to do the four characters; in the past, only men participated, but now, because of the lack of men in the village, it would be necessary some girls, to play a few roles:
Eu ia fazer o Velho: é um rapaz disfarçado de velho. Tem barba negra e comprida, feita de lã negra de uma ovelha, leva um chapéu velho ou um gorro preto e uma máscara de óculos de cortiça. Veste umas calças velhas e esfarrapadas e um casaco comprido ou uma capa de pardo e uma camisola escura. As botas são de couro. Nas costas tem uma corcunda, feita de farrapos ou de uma almofada. Ao pescoço, leva pendurado um boneco de cortiça queimada (São Ciprião) que dá a beijar à garotada e às pessoas para as tisnar. Também leva pendurado uma borracha (bota) de vinho que vai bebendo para matar a sede. Leva ainda um cajado para se ir amparando e para cascar nos garotos que se metem com ele.
You iba a fazer l Bielho: Ye un moço çfraçado de bielho. Ten barba negra i lharga, fazida de lhana negra dua canhona, lhieba un chapéu bielho ó ua gorra negra i ua máçcara de ócalos de cortiça. Biste uas calças bielhas i sfarrapadas i ua jaqueta lharga ó ua capa de pardo i camisa scura. Las botas son de bezerro. Nas cuostas, ten ua fogaça (corcunda) fazida de farrapos ó de ua almofada. Al cachaço, lhieba çpindurado un caramono de cortiça queimado (San Ciprian) que le dá a beijar als garotos i a las pessonas pa las tiznar. Tamien lhieba çpindurada ua bota chenade bino que bai buendo para matar la sede. Inda lhieba ua caiata para se ir ancostando i para le chiçcar als garotos que se méten cun el.
Outra das figuras é a Galdrapa, que é outro rapaz disfarçado de mulher e é a esposa do Velho. Traz saia mirandesa colorida e enfeitada com lenços antigos, blusa fina e nas costas, um lenço a servir de xaile. Na cabeça também traz um lenço e à cinta leva uma algibeira para
Outra de las figuras ye la Galdrapa, que ye outro rapaç çfraçado de tie i ye la mulhier de l Bielho. Trai saia mirandesa quelorida i anfeitada cun lhenços antigos, xambre fino i nas cuostas, un lhenço que le sirbe de xal. Na cabeça trai un lhenço i a la cinta lhieba ua gibeira
meter as esmolas que lhe oferecem. Na mão, também traz uma estaca, onde pendura as chouriças que lhe vão dando ou que rouba, quando entra nas casas e as arranca das varas dos fumeiros. Na outra mão, traz um pau com duas ou três bexigas de porco atadas, cheias de ar, com as quais vai fustigando a garotada que encontra.
para meter las smolas que le dan. Tamien trai ua staca na mano adonde colga las chouriças que le ban dando ó que rouba, quando entra nas casas i las stronca de ls fumeiros. Na outra mano trai un palo cun dues ou trés bexigas de cochino atadas, chenas de aire, i bai-le dando cun eilhas a la garotada que ancontra.
Para os Bailadores, este ano teriam de ser duas raparigas, porque já não havia rapazes solteiros que quisessem participar. O Bailador seria uma rapariga com chapéu enfeitado, bigode postiço, casaco, colete e calças pretas, camisa preta e sapatos finos. A aprimorar tudo,
Para fazer ls beiladores, astanho íban a tener que ser dues rapazas, porque yá nun s’ancuntrában rapazes solteiros que ls quejíssen fazer. L Beilador iba a ser ua rapaza cun chapéu anfeitado, bigote postiço, jaqueta, jaleco i calças negras, camisa negra i çapatos fidalgos.
I was going to be the Velho: it’s a boy disguised as an old man. He has a black long beard, made of black wool from a sheep, an old hat or a black beanie and a mask with glasses made of cork. He wears old ragged pants, a long coat or a brown cape and a dark sweater. The boots are from leather. On the back, he has humps made of tatters or a pillow. Around the neck, he carries a doll made of burned cork (Saint Ciprião) that he ask for the girls to kiss and use to smudge the people. He also has a small rubber flask (boot) with wine that he drinks to quench thirst. To finish a stick to help him walk and to beat in the young boys that mess with him. The Galdrapa is another character, also a young man disguised as woman, wife of Velho’s character. He brings a colorful mirandese skirt decorated with old scarves, a thin blouse and on his back, a scarf to serve as a shawl. On the head also a scarf and in the waist he carries a pouch to keep the given alms. In the hand, brings a stake, where he hang the chorizos that are given to him or that he stole after entering in the houses and pull them from the fumeiros. In the other hand, he carries one or two pig bladders, full of air, tied on a stick that he uses to mess with the young boys and girls he finds on his way. The Bailadores, this year would had to be two girls, because there were no more single young men that wanted to participate. The Bailador would be a girl with a decorated hat, fake mustache, coat, black vest and pants, black shirt and fancy shoes. As a last touch, a tie. The Bailadora, was other girl dress as woman, with a skirt, a blouse and a
11