Manual de Teoria da Comunicação

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Mas este segundo sub-período dos estudos de comunicação, ainda que dominado por ela, não se limita à sociologia funcionalista dos media. Em estreita ligação com esta, há que referir pelo menos a psicologia dos grupos de Kurt Lewin e a Teoria Matemática da Comunicação de Shannon e Weaver. Quanto à primeira, é indiscutível que a teoria do two-step flow se liga de forma tão estreita aos trabalhos de Lewin sobre a “dinâmica de grupos”, os tipos de liderança no seio dos grupos e o papel do gatekeeper que se pode mesmo afirmar que, tal como a psicologia behaviorista era um pressuposto indispensável da “teoria hipodérmica”, a psicologia de Lewin é um pressuposto indispensável da teoria do two-step flow. Quanto à Teoria Matemática da Comunicação de Shannon e Weaver ela é, como refere McQuail, um elemento teórico essencial na definição e consolidação do “paradigma dominante”.14 Ainda em relação com a sociologia funcionalista, mas em clara oposição com ela, temos de mencionar a Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer – que contesta a visão “administrativa”, empiricista e politica e economicamente alinhada daquela sociologia. Também numa relação de oposição, mas desta vez com a Teoria Matemática da Comunicação, há que referir a Cibernética de Norbert Wiener – que contesta a linearidade e a inspiração tecnológica do modelo daquela teoria. A Cibernética de Wiener vai ter também uma importância particular na medida em que, sobretudo através de Gregory Bateson, vai exercer uma influência fundamental nos autores da “Nova Comunicação” da Escola de Palo Alto – uma “Escola” que, tendo os seus inícios ainda nos anos 40, apenas nos anos 80 vê reconhecida, de forma plena, toda a importância dos seus trabalhos. Pelo seu espírito e pelas suas repercussões ao longo das décadas, ainda que não pela sua cronologia, a Teoria Crítica, a Cibernética e a “Nova Comunicação” justificariam, de facto, a sua inclusão já no período seguinte. 14

Cf. Denis McQuail, Teoria da Comunicação de Massas, Lisboa, Gulbenkian, 2003, p. 48. De modo análogo, John Fiske refere que “a obra de Shannon e Weaver, Mathematical Theory of Communication (. . . ) é largamente aceite como uma das principais fontes de onde nasceram os Estudos de comunicação”. John Fiske, Introdução ao Estudo da Comunicação, Porto, Asa, 2002, p. 19.

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