Portimão Jornal nº 18 | 25.02.2021

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Quinta-feira • 25 fevereiro 2021 • 1.00€

ACRA apoia dezenas de famílias Associação de Alvor tem ajudado pessoas que não estão a conseguir pagar as contas. P8-9

Quinzenário • Ano 1 • Nº18 Diretor: Rui Pires Santos

OBRAS Avenida Afonso Henriques abriu ao trânsito P16

MÚSICA Festival Internacional de Piano será transmitido online P15

CULTURA ‘Mesa para dois’ vence concurso literário do Lions Clube P15 PUB

Fábrica de Janelas e Portas PVC e ALUMÍNIO Área de Exposição 200m2

Centro Industrial Vale da Arrancada, Lt.49 Coca Maravilhas - Portimão Tel.: 282 475 065 Email: geral@silvestre-e-sousa.pt

Bombeiros e idosos já receberam vacina Portimão foi a primeira cidade do Barlavento a vacinar pessoas contra a covid-19 com mais de 80 anos e doentes graves com idades entre os 49 e 79, na sequência de um projeto piloto que pretende avaliar a forma como poderá decorrer o Plano de Vacinação. P6-7

Desânimo no desporto de formação Consequências da paragem ditada pela pandemia estendem-se a todas as modalidades. O Portimão Jornal foi ouvir responsáveis de clubes de basquetebol, futebol, futsal e judo e percebeu o desespero que afeta todos. P2-3

Jovem portimonense envolve-se na iniciativa ‘Stop Finning’ A estudante de biologia Ana Catarina Furtado, natural do concelho, integra grupo que combate o comércio ilegal de barbatanas de tubarão. P4 PUB


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ATUALIDADE

“Os miúdos podem fugir da prática desportiva” é o alerta dado por Portimonense, GEJUPCE e Judo Clube

Falta de competição na formação leva responsáveis ao desespero As consequências desta paragem ditada pela pandemia estendem-se a todas as modalidades, casos, por exemplo, do basquetebol, futebol, futsal e judo. Mas ninguém atira a toalha ao chão. FOTOS: D.R.

Hélio Nascimento

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á praticamente um ano que os escalões de formação não têm competição, o que está a causar muita apreensão entre os responsáveis dos clubes, sobretudo porque, para além da falta de provas e torneios, está em jogo o futuro da juventude. O Portimão Jornal ouviu dirigentes e técnicos de quatro modalidades – basquetebol, futebol, futsal e judo – e todos foram unânimes em considerar que “os miúdos podem fugir da prática desportiva”. As consequências desta prolongada paragem ditada pela pandemia são graves e estendem-se, naturalmente, aos clubes, que estão privados de exercer a atividade para a qual foram criados, perdendo entusiasmo, patrocinadores e até atletas. Embora compreendam a situação e tenham esperança em dias melhores, os responsáveis lamentam que não

O futebol de formação do Portimonense reclama por 'bons sinais' para futuro próximo formação está de todo esquecida e faltam diretrizes válidas”, argumenta o técnico, cuja base de trabalho chega quase aos 400 jo-

“Não queremos que os miúdos se desliguem do clube, é essa a nossa maior preocupação, pelo que tentamos a todo o custo manter o pessoal unido e sempre em contacto” Joaquim Batista surja uma voz ativa que aponte uma eventual solução no sentido de alterar este estado de coisas. “A formação está ao abandono”, “fecho de portas” e “travessia do deserto” são frases por demais elucidativas… José Augusto, diretor-geral do futebol de formação do Portimonense, é o primeiro a dar conta de algum desencanto. “Parámos em março passado, voltámos em setembro, com todos os escalões, progressivamente, preparando as equipas para os Nacionais e para os outros campeonatos, mas nunca houve competição e a meio de janeiro encerrámos de novo. A

vens, entre o futebol de recreação (cerca de 160) e o de competição. Saudades dos jogos aos fins de semana… No futsal do GEJUPCE o panorama é o mesmo. E as queixas também. Rui Oliveira, o presidente, refere que “estamos parados e à espera de mais informações, algumas das quais apontam para março”, aludindo a uma possível retoma dos jogos. “Os nossos técnicos insistem com os miúdos, no sentido de continuarem a fazer exercício físico, e vão promovendo algum trabalho, através de videoconferência, junto dos mais

velhos. Sem competição, os problemas são também transversais aos treinadores e demais colaboradores, porque não há atividade regular. Não há dúvidas de que a competição é muito importante, e, independentemente dos resultados, jogar aos fins de semana é sempre do agrado geral”. No Judo Clube de Portimão a rotina do confinamento entrou no quotidiano dos atletas, mas agora “tem sido mais difícil agarrar os jovens”, aponta Joaquim Batista, técnico e presidente da coletividade. “Fazemos comunicações diárias, via WhatsApp, para além de contactos por vídeo, com indicações de nutrição e preparação física. De duas em duas semanas também enviamos emails aos pais, mas acho que todos estão agora mais saturados. Não sabemos como isto vai acabar nem recebemos notas das entidades oficiais. Não queremos que os miúdos se desliguem do clube, é essa a nossa maior preocupação, pelo que tentamos a todo o custo manter o pessoal unido e sempre em contacto”. Voltando ao futebol do Portimonense, mantêm-se os treinos online e algumas reuniões com a Federação, sobre certificação. “A Associação também pouco esclarece e só nos resta esperar para

que tudo se defina, mas creio que faz falta uma voz ativa que aborde a problemática do futebol de formação, que está ao abandono”, queixa-se José Augusto, curioso em saber se as recentes intervenções de Fernando Gomes, líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e Desporto, conseguirão fazer passar a mensagem. Pensar na pandemia e pensar no desporto No basquetebol, todos os treinadores de todos os escalões dão dois treinos por semana, online, havendo ainda uma outra sessão diária, aberta, igualmente pela in-

nense, salienta que agora há mais atividade deste tipo. “Na altura do primeiro confinamento tudo era novo e foi um choque, mas desta feita organizámo-nos e temos outras iniciativas. Promovemos desafios semanais, com prémios, e conseguimos que a miudagem converse com jogadores credenciados de outros clubes, que transmitem moral. Os treinos online tanto podem ser mais físicos ou mais táticos e até temos um de lançamentos”, explica, adiantando que dentro de dias será a vez de um treinador espanhol dar conta da sua experiência aos técnicos dos alvinegros. “Perdemos espaço e tempo e os jovens podem fugir do despor-

“Há criatividade por parte dos técnicos, a comunidade de pais e encarregados de educação também tem respondido sempre bem, mas não é suficiente” José Augusto ternet. Carlos Almeida, o coordenador da modalidade no Portimo-

to”, prossegue, por sua vez, José Augusto. “Temos de pensar na


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ATUALIDADE Apoios são agora mais reduzidos “Pode vir aí uma travessia no deserto, sobretudo a nível de juvenis e juniores. São estes os escalões, face às idades dos atletas, mais suscetíveis de sofrer com a paragem”, vinca Carlos Almeida, dando eco ao que sente no basquetebol do Portimonense. Esta preocupa-

Os petizes do basquetebol interagem com os técnicos via online

O futsal feminino do GEJUPCE espera por melhores dias pandemia, mas também temos de pensar no desporto. Há criatividade por parte dos técnicos, a comunidade de pais e encarregados de educação também tem respondido sempre bem, mas não é suficiente. Os diretores do futebol de

ainda fizemos algumas sessões de treino na rua, ao ar livre, mas agora nem isso”. Por falar no escalão de seniores, o GEJUPCE estava a apostar numa subida aos Nacionais, através de um projeto de certo modo

“Pode vir aí uma travessia no deserto, sobretudo a nível de juvenis e juniores, os escalões mais suscetíveis de sofrer com a paragem, face às idades dos atletas” Carlos Almeida formação, por exemplo, não são ouvidos”, opina o diretor-geral do Portimonense, que, para além dos escalões etários mais baixos, viu igualmente a equipa B do clube – embora formada por juniores participava na II Divisão Distrital de seniores – deixar de competir e ficar em casa. “O ano passado

autónomo, “aproveitando os miúdos para subir mais uns degraus”. Rui Oliveira até diz que “estávamos com alguma fé para arrancar o campeonato”, inclusive para defender os pergaminhos do clube, que é o que tem mais equipas no futsal algarvio. O sonho, para já, está adiado.

toda a formação, mais 40 jogadores em três conjuntos de seniores, dois masculinos e um feminino. “Vamos ver como isto vai evoluir”, diz o dirigente do GEJUPCE. No Judo Clube de Portimão também ninguém atira a toalha ao chão e Joaquim Batista reforça a ideia de que os contactos com

“Lembro-me dos miúdos, em setembro, cheios de entusiasmo para treinarem e competirem, e, afinal…nada! Isto é o mais frustrante” Rui Oliveira ção diz respeito a um hipotético abandono da modalidade – ou modalidades, alargando para um âmbito mais geral – por parte dos jovens que “gostam muito de competição”, ao fim e ao cabo a mola propulsora das atividades desportivas, tal como Rui Oliveira já tinha referido: “Jogar aos fins de semana é muito, muito importante”. Os problemas não ficam por aqui e José Augusto acrescenta outra visão, do ponto de vista sociológico. “Os pais dos nossos atletas sentem que os filhos necessitam de jogar e competir, mesmo a nível psicológico. E se a atividade física é indispensável, o convívio também o é. Isto é uma problemática de cariz social, que pode causar danos. A comunidade do futebol de formação do Portimonense está recetiva a boas ideias e bons sinais e não antecipa cenários, mas a socialização entre jovens é fundamental”. No futsal do GEJUPCE, o presidente Rui Oliveira lança novo alerta, obviamente derivado da longa paragem competitiva. “O apoio de empresas e de alguns amigos é agora mais reduzido. Se não fosse a ajuda da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia, se calhar tínhamos de fechar portas”, adverte, porque “tudo isto requer muito trabalho e movimenta muita gente, do fisioterapeuta ao responsável pela logística”, atalha, escusando enumerar todos os efetivos que são o suporte de cerca de centena e meia de jogadores distribuídos por diversas equipas. Algumas equipas na expetativa “Lembro-me dos miúdos, em setembro, cheios de entusiasmo para treinarem e competirem. Afinal… nada! Isto é o mais frustrante”, exclama Rui Oliveira, que tem uma centena de miúdos à espera, divididos pelas equipas de petizes, benjamins, infantis, iniciados, juvenis e juniores, ou seja,

os alunos e atletas vão-se manter com a maior frequência possível. “Temos de ser criativos. Agora, vamos recolher fotos, com determinadas mensagens, promovendo uma iniciativa interna”, na tal linha de congregar esforços e

preservar o espírito de clube e de camaradagem. Quanto ao basquetebol, existe a esperança de que os campeonatos de seniores ainda possam ser finalizados. O Portimonense tem duas equipas nesta expetativa, a de seniores e a de sub-23 (composta maioritariamente por juniores), perfazendo um total de dez conjuntos em todos os escalões, desde o mini-basket, englobando 160 praticantes. “Somos dos clubes com maior número de inscritos, que já chegaram a ultrapassar as duas centenas. Só esperamos que quando reabrir a atividade não desapareçam”, preconiza Carlos Almeida. Por último, voltando ao futebol, José Augusto refere que apenas seis jogadores, durante todo este período de quase um ano de pandemia, acusaram positivo, “através de terceiros e não do clube”. Aliás, os juvenis e os juniores efetuaram testes, que “deram todos negativos”. O desejo, por ora, é só um: que a bola volte a rolar!

Fernando Gomes exige fundos de apoio ao desporto O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, não esconde a preocupação com o facto de a atividade nos escalões de formação estar parada. Na Audição Pública da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, em representação das federações de futebol, andebol, patinagem, voleibol e basquetebol, salientou que o desporto "não recebeu um cêntimo para combater um conjunto de despesas e acréscimo de custos de um processo pandémico que dura há quase um ano". A maior das preocupações diz respeito “à inatividade no seio do movimento associativo, nomeadamente nos escalões de formação”. Estas federações tiveram uma redução total de 65 por cento dos atletas inscritos na formação masculina e feminina, e, desses, apenas 13 por cento têm atividade desportiva. “Exigimos uma clara identificação de fundos de apoio ao Desporto, para salvar milhares de clubes e associações desportivas que estão em risco de desaparecer rapidamente”, concluiu.

João Paulo Rebelo elogia treinadores e dirigentes João Paulo Rebelo, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, disse há dias ter a esperança de que os escalões de formação possam ver as competições reatadas normalmente na próxima temporada, caso a vacinação contra a covid-19 decorra dentro dos prazos esperados. “Se forem cumpridos os prazos de entrega das vacinas pelas farmacêuticas, e com a premissa que no Verão grande parte da população já esteja vacinada, a expectativa é que o desporto possa estar em funcionamento mais ou menos em pleno a tempo de pensarmos começar a época desportiva de 2021/22”, considerou o governante. Mais em pormenor, João Paulo Rebelo anunciou ainda esperar que as competições destinadas à formação sejam iniciadas entre setembro e outubro, abrindo uma janela de esperança para o que resta da época desportiva que está em curso. “Tenho falado com os dirigentes das federações para apelar à criatividade”, elogiando treinadores e dirigentes que têm sido capazes “de se reinventarem e adaptarem” às circunstâncias.


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SOCIEDADE

‘Stop Finning’ é uma iniciativa de cidadania europeia para travar comércio ilegal de barbatanas

Portimão na linha da frente na conservação dos tubarões

D.R.

Ana Catarina Furtado, estudante de biologia, explica que é preciso recolher um milhão de assinaturas para impedir uma prática desumana que leva o animal a morrer por asfixia. Hélio Nascimento

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movimento ‘Stop Finning’ está em marcha por todos os países da União Europeia (UE) e tem já representação em Portugal, inclusive no Algarve, onde a portimonense Ana Catarina Furtado é uma ‘embaixadora’ empenhada. O que está em causa é uma prática denominada ‘finning’, que consubstancia o comércio de barbatanas de tubarão, e o movimento, que é uma iniciativa de cidadania europeia, pretende mudar a atual lei sobre o citado negócio. A ideia é transversal a todos os países da União e a muitos mais do mundo, e engoba, sobretudo, equipas de voluntários, tal como sucede em Portugal. O objetivo da iniciativa é que o comércio na UE chegue ao fim, incluindo a importação, a exportação e o transporte de barbatanas que não estejam naturalmente agarradas ao corpo do animal. O ‘finning’, na circunstância, é o ato de, quando o tubarão é pescado, serem-lhe cortadas as barbatanas, ao mesmo tempo que é deixado no mar, onde, sem os seus naturais meios para poder nadar, acaba por morrer asfixiado ou por sangramento, após longo sofrimento. “É uma prática desumana. Ti-

ram as barbatanas com o tubarão ainda vivo e depois deitam-no borda fora. Sem poder nadar e respirar, o animal asfixia”, explica Ana Catarina. Os tubarões, note-se, são deixados no mar porque ocupam muito espaço nos barcos. Ou seja, quantas mais barbatanas forem recolhidas, menos espaço existe nas embarcações. O ‘produto’ é depois vendido, maioritariamente ao mercado asiático, onde é usado para a famosa sopa de barbatana de tubarão, que é muito procurada e afamada na região. Fundadora do ‘Ocean Hub Algarve’ Ana Catarina, 23 anos, frequenta o último ano de Biologia Marinha, na Universidade do Algarve. Este tema, naturalmente, despertou desde logo a sua atenção. “São questões do mar, da minha área e causou-me natural interesse. Tenho aderido a grupos de voluntariado e, neste caso particular, acresce que apesar da ‘má fama’ derivada do cinema, o tubarão tem um papel fundamental no ecossistema marinho para a conservação dos oceanos”, diz a estudante, que nasceu em Lisboa e cresceu em Portimão, onde vive há largos anos. É uma das fundadoras do ‘Ocean Hub Algarve’, o ‘Hub’ da ‘Sustainable Ocean Alliance’, que

Coima pode chegar aos 25 mil euros No mês passado, a GNR apreendeu uma embarcação em Sesimbra com 83 barbatanas e cerca de 21 quilos de tubarão esfolado e esviscerado. A apreensão da Unidade de Controlo Costeiro de Setúbal ocorreu após a fiscalização de uma embarcação de pesca do espadarte. “Por ser proibido remover as barbatanas dos tubarões a bordo dos navios e manter a bordo, transbordar ou desembarcá-las, foram identificados o mestre da embarcação e a empresa responsável da embarcação. Foi ainda elaborado o respetivo auto de contraordenação, cuja coima pode atingir 25 mil euros”, indicou a GNR em comunicado. E na costa algarvia, o que se passará? Ana Catarina julga que “também deve haver crimes deste tipo, mas como é ilegal…”. Será, certamente, feito às escondidas.

O tubarão tem um papel fundamental no ecossistema marinho. Em cima o código QR para subscrever tem como local de ação a região algarvia e foi criado em novembro de 2020. “Somos um grupo recente, formado por biólogas marinhas e estudantes de Biologia Marinha da Universidade do Algarve. Temos como objetivo educar as pessoas sobre a importância que o oceano tem nas nossas vidas e de como preservá-lo”. A prática do ‘finning’ está proibida desde 2003, embora a pesca do tubarão seja permitida, desde que não se trate de espécies em conservação. Tem é de ser pescado inteiro. Esta campanha não é uma petição. É um voto, ou, melhor ainda, como diz Ana Catarina, “é uma assinatura”, que pode vir a mudar leis. É o que esperam todos os envolvidos na iniciativa, incluindo Portugal, cujas assinaturas caminham a passos largos (cerca de 90 por cento já garantidas) para o desejado total de 15771, o número mínimo que permite ‘ter voz’ na Comissão. Até outubro, é indispensável chegar a um milhão de assinaturas na União Europeia para acabar com a famigerada prática. “Há um grupo no Facebook, acessível para todos, mais os tais grupos de voluntariado. Temos uma reunião semanal, online, e procuramos que através das redes sociais a mensagem chegue à população. Penso, aliás, que todos os países devem ter de ultrapassar os seus números mínimos para a proposta ser discutida no Parla-

mento Europeu. Estamos a trabalhar nesse sentido com representantes de outros países”, sublinha

ções. “É preciso espalhar, promover e divulgar”, sustenta, dizendo que foi a ação concertada de um

“Tiram as barbatanas com o tubarão ainda vivo e depois deitam-no borda fora. Sem poder nadar e respirar, o animal acaba por morrer asfixiado ou por sangramento, após sofrimento” Ana Catarina, dando conta de que França, Portugal, Alemanha e Hungria são as nações com maior intervenção, enquanto, no polo oposto, Suécia, Croácia, Bulgária e Chipre deixam a desejar em termos de percentagens. Espalhar, promover e divulgar O representante da iniciativa ‘Stop Finning’ em Portugal é Fernando Reis, da ‘Sharks Educational Institute’, contando com o apoio de muitos biólogos, figuras públicas e simples cidadãos. Ana Catarina vai prosseguir e intensificar as ações de sensibilização na região algarvia, junto do Centro de Ciência Viva e outras organiza-

holandês e de um alemão que originou o movimento, através da criação de um ‘post’ que lançou o alerta geral. A União Europeia é um dos maiores exportadores de barbatanas e uma plataforma de trânsito para o comércio ilegal. Em números gerais, as populações de tubarões diminuíram cerca de 70 por cento nos últimos 50 anos. Tendo em conta o seu papel fundamental para o equilíbrio oceânico, o desaparecimento da espécie pode ser catastrófico. A estudante de biologia refere que certas estimativas apontam para a captura anual de cerca de 200 milhões de tubarões!


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REPORTAGEM 66 bombeiros receberam primeira dose

Projeto piloto vacina 450 idosos e doentes graves no concelho FOTOS: ANA SOFIA VARELA

Portimão foi a única cidade do Barlavento a integrar experiência de administração das vacinas. Ana Sofia Varela

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a sala de recobro, um casal de idosos espera com paciência que passem os minutos necessários para verificar se há alguma reação alérgica após a toma da vacina contra a covid-19 para regressar a casa. São ‘vigiados’ por uma enfermeira atenta que, de vez em quando, pergunta se está tudo bem. No ar, cheira a desinfetante e o aspeto deste módulo do Centro de Saúde de Portimão voltou a mudar para esta nova fase da pandemia. Uma parte da sala de espera para consultas, logo à entrada, está agora delimitada e passou a ser uma sala de recobro. O resto do espaço está quase vazio, ao

Mais de quatro centenas de idosos e doentes com comorbilidades do UCSP de Portimão foram chamados para a primeira toma contrário do passado. As marcações minimizam os aglomerados de utentes.

Resiliência é palavra-chave Uma pandemia que ninguém esperava tem vindo a colocar à prova todos os serviços de saúde, assistência e solidariedade. No Centro de Saúde de Portimão a realidade não é diferente e têm sido feitas diversas adaptações para dar resposta às solicitações. “A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve tem vindo a contratar mais profissionais, quer sejam enfermeiros, quer sejam técnicos de análises clínicas para as colheitas, e isso tem sido muito bom para podermos reforçar os serviços”, começa por explicar Leonor Bota, diretora executiva do Agrupamento de Centro de Saúde (ACES) Barlavento. A dimensão já atingida no âmbito das colheitas e o começo do processo de vacinação anteveem o ainda longo percurso que está pela frente. “Estamos a fazer o que é prioritário, sem deixarmos de fazer o que é normal em termos de programação”, assegura a responsável. Foram adaptados os espaços do Centro de Saúde, estruturados serviços e contactos com os utentes, usando telefone, carta ou email. “Trabalhamos esse aspeto desde que se iniciou a pandemia. Os nossos profissionais estão muito cansados, mas, ao mesmo tempo, não estão desanimados. Isso faz com que tenham força, todos os dias, para se reinventarem e dar respostas às mais diversas solicitações. A palavra-chave é resiliência”, sublinha Leonor Bota. O processo de vacinação ocupará muitos enfermeiros, pois esta é uma tarefa que está ligada, sobretudo, a estes profissionais. “Vamos ter um ou outro médico a acompanhar, mas na maioria serão enfermeiros”, refere ainda. Ainda assim, segundo a diretora executiva do ACES Barlavento, pensar que estão a contribuir para aliviar a pandemia, dá forças para continuar todos os dias, apesar do cansaço.

Os dois idosos, juntos, lado a lado, têm esperança que a pandemia comece a aliviar as privações que todos têm sentido no último ano. Esperam também ficar mais protegidos com a vacina que receberam e continuar por mais uns bons anos. “Tenho aqui um ‘receiozinho’, que isto, com os 80 anos, se vem dar comigo já ‘fostes’”, diz entre risos Clementinha Pedro, de 80 anos. A boa disposição é uma arma para encarar a realidade com outra força. “A minha vida não mudou muito, porque com a minha idade é normal estar mais em casa. Custa-me muito é ouvir o que se passa, não só no país, mas no mundo inteiro. Até aqui é isso! Morreram tantos, tantos infetados, tantos internados... Isso é que mexe com quem tem sentimentos e amor à vida”, atesta, enquanto espera que a enfermeira dê ordem para ir embora com o seu marido. Sabe que terá de voltar daí por umas semanas. São apenas dois dos mais de 400 utentes que estão na lista da Unidade de Cuidados Subpersonalizados de Portimão (UCSP) e que foram chamados para este projeto piloto de vacinação. A idosa não sabe dizer se a vacina

será importante. Justifica com um “só o tempo dirá”, mas tem esperança no futuro e sente-se satisfeita por fazer parte deste grupo de primeiros vacinados. Antes de ir embora ainda tem tempo para recordar as palavras da mãe, que viveu os tempos negros da gripe espanhola. “Ela dizia sempre que já não iria conhecer algo idêntico de novo, mas que os filhos ou netos iriam assistir”, afirma, para logo de seguida, atestar com um firme “e cá está”. No lado oposto, na sala de espera da vacinação, onde os utentes aguardam até serem chamados para o consultório, Maria Lourenço faz companhia à irmã, de 85 anos. Já tinha estado no mesmo local, no dia anterior, a acompanhar o marido. Ainda não é a sua vez, pois só tem 71 anos e não tem patologias graves, mas não há-de tardar muito até que, numa fase seguinte do Plano de Vacinação, seja contemplada com a tão esperada vacina. “Espero que seja boa, que faça efeito”, diz. Todos os anos é vacinada contra a gripe, por isso quando a chamarem para se proteger da covid-19, uma doença nova que lhe provoca receio, não faltará à chamada. Para já, a irmã e o marido estão primeiro.

“Temos que dar prioridade, pelo menos, aos mais velhos, eu virei a seguir”, afirma, interrompendo o raciocínio para informar a enfermeira que vem buscar a sua irmã. “Não coloquei nada nas doenças crónicas, mas ela tem diabetes e hipertensão”, explica enquanto entrega o formulário e mostra os pequenos cartões das caixas de medicamentos presos por um ‘clip’. Toda a informação é vista com rigor pelos profissionais do Centro de Saúde para confirmar a toma da vacina. Quando a irmã entra, o discurso continua. “Tenho dúvidas que isto passe depressa”, afirma com certeza. A doença é nova, ainda tem muito por esclarecer, argumenta. O certo é que não estava à espera “de vir a passar por um problema destes, tão grave, que nos faz ficar recolhidos em casa”. Essa é uma realidade que os tem marcado a nível psicológico, confidencia. “Só saio para o que é obrigatório, como a farmácia e as compras, porque a barriga não passa sem comer”, diz entre risos, sem saber que nas salas ao lado, apenas divididas por uma larga porta interior, estão a ser vacinados os Bombeiros Voluntários de Porti-


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REPORTAGEM DISCURSO DIRETO Nuno Mariguesa • Chefe no corpo ativo dos Bombeiros Voluntários de Portimão, voluntário, e elemento que integra as equipas de primeira intervenção

Considera importante o processo de vacinação? É uma mais valia para nos proteger e a todos os nossos concidadãos da possibilidade de ficarmos infetados e passarmos o vírus. Sente-se mais seguro? Sim, mas não podemos baixar a guarda com as medidas. Temos que cumpri-las como se não tivéssemos levado a vacina. Até termos a imunidade de grupo completa não podemos descurar a prevenção, como a higienização das mãos, e todos os procedimentos de segurança que temos nos teatros de operações. Depois, como cidadãos comuns também temos de ser um exemplo para a sociedade. Sente receio? Tem feito transporte de doentes covid? Todos nós temos algum receio de ficar infetados, quer pelo corpo de bombeiros, quer pelos nossos familiares e pelo cidadão comum que circula connosco. Tenho algum receio e penso que todas as pessoas o têm, apesar de, às vezes, não o admitirem. Temos que cumprir com o que está estipulado e, se o fizermos, certamente que vamos reduzir ou atenuar a situação. Tem alguns cuidados quando vai para casa? Todos os cuidados que são inerentes àquilo que é a limpeza, a forma como chegamos a casa e nos despimos, por exemplo, antes de entrar em casa, porque tenho essa possibilidade. Tenho cuidado para a roupa não contactar com as outras roupas, para que possamos prevenir, em primeiro lugar, os nossos familiares. A população tem dado valor ao que os bombeiros têm feito? São momentos sempre complicados. Estamos aqui, não para nos vangloriarmos daquilo que fazemos, mas para ajudar o próximo. A população tem sempre reconhecimento pelos bombeiros. Viu alguma situação que o tivesse tocado durante a pandemia? São várias. Há sempre situações a nível social... As pessoas ficam, muitas vezes, em casa, fechadas, começam a ter alguns problemas psicológicos, afetivos. Especialmente os mais idosos, porque estão mais sós e há, alguns casos, em que nós no serviço reportamos à Segurança Social e a outras entidades para que sejam acompanhados com mais proximidade. Há quantos anos está nos Bombeiros de Portimão? Comecei como aspirante vai fazer 33 anos e estive sempre aqui.

mão, com a primeira dose da vacina da AstraZeneca. Só na manhã desse dia 11 de fevereiro foram vacinados 50 ‘soldados da paz’, tendo 16 ficado com marcação para a parte da tarde. Passando essa porta, no corredor, os elementos esperam até serem chamados, enquanto aqueles a quem já lhes foi administrada a primeira dose aguardam noutra sala ao lado. Vão, nesse espaço de tempo, preenchendo um formulário com a identificação e outros dados pessoais, bem como informações médicas relevantes. Quase no final, a enfermeira chama o seguinte e Carlos Santos, oficial bombeiro de segunda na corporação, entra no consultório para receber a vacina. Na sua opi-

nião, este processo deveria ter começado mais cedo e ter sido mais abrangente. Falta também a informação pública às pessoas, critica. “Essa questão da linha da frente, acho que está mal interpretada, porque todos acabamos por lá estar”, defende. Qualquer pessoa pode contrair covid-19 e passá-la a outra pessoa. Daí, argumenta, é necessário que as pessoas cumpram o essencial e, em muitos casos, isso não acontece. “Anda muita gente com a máscara no pescoço ou no queixo. É falta de informação. Às crianças pequenas, quando se faz a prevenção rodoviária, vai alguém da PSP à escola para ensinar a pôr o cinto de segurança, mas aqui, deixamos andar. As pessoas compram as

Carlos Santos foi um dos bombeiros vacinados na cidade máscaras, porque se querem proteger, mas não as sabem utilizar”, afirma. Recebe a primeira dose da vacina e a enfermeira entrega-lhe um cartão, onde já está marcado o dia para a segunda administração. Será a 6 de maio. No corredor, à entrada para a sala de recobro, admite que tem a expetativa com a vacina de que a população seja imunizada e ganhe defesas, como acontece com qualquer outra. Como a da gripe. “Não conseguimos evitar a exposição aos vírus e, por estarmos vacinados, não significa que não venhamos a contraí-lo o vírus”, alerta. Não está a realizar transporte de doentes covid, mas contacta com todos os que estão a pedir apoio nesta pandemia, desde pessoas que estão infetadas, as que precisam de informação e que, às vezes, como não sabem onde a procurar são canalizados para a linha ‘Proteção 24’. “Não sabemos quem tem covid, nem temos a perceção do que é a linha da frente. Se transportarmos ou prestarmos assistência a alguém presumimos que aquela pessoa poderá ter, mas não temos a certeza, porque é algo que não se vê”, justifica ainda. Na realidade, o que o assusta não é o novo coronavírus, mas as sequelas que podem ficar. “Supostamente pode provocar diversas consequências. Ainda não estão descritas. Ainda ontem ouvi uma entrevista do professor Fernando Tábua sobre os efeitos cardiológicos nas pessoas, que apesar de assintomáticas, ficam com problemas”, exemplifica. Ainda que todas as contrariedades e imprevisibilidades do vírus, atesta que nunca faltou nada em Portimão para este combate, porque tanto a Câmara como o comando tiveram essa preocupação. “Temos o Serviço de Proteção Civil, chefiado pelo comandante Richard Marques, que tem uma grande capacidade de mobi-

lização e de articulação de recursos”, conclui. Logística preparada Cada frasco da AstraZena dá para dez doses, por isso, quando foi preparada a vacinação dos bombeiros, estes tiveram de se agrupar para não desperdiçar doses. Em maio, quando for administrada a segunda toma, 12 semanas depois da primeira, a logística será semelhante, tendo já ficado marcado que será no dia 6. Neste primeiro processo, Paulo Moleiro, adjunto de comando, explicou que a vacinação correu “sem qualquer interferência, quer na fluidez do processo, quer no período de recobro”. Foram vacinados 66 bombeiros, que estão no transporte dedicado a doentes covid, nas equipas de emergência pré-hospitalar, nas brigadas de intervenção permanente para a primeira resposta às outras situações de emergência ou, não sendo profissionais, mas bombeiros voluntários, estão muito no quartel, explicou ao Portimão Jornal. Foram assim vacinados os que preenchem os requisitos e os que quiseram sê-lo, o que representa cerca de metade do efetivo. Na corporação há ainda 15 elementos que são profissionais de saúde e que, por isso, já tinham sido vacinados na primeira fase do Plano. Sete estavam em isolamento profilático e não foi possível vaciná-los. “Os que não preenchem os requisitos agora seguirão depois o procedimento que for definido pelas autoridades competentes”, acrescenta Paulo Moleiro. Projeto-piloto é preparação para continuar Plano de Vacinação No dia 11 de fevereiro iniciou-se a vacinação dos Bombeiros Voluntários em todo o Algarve, incluindo no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Barlavento.

Em Portimão, todos os elementos que estavam na lista receberam a primeira dose da vacina AstraZeneca nesse dia. No entanto, em paralelo, decorreu entre os dias 8 e 14, um projeto-piloto da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve que englobou 900 pessoas na região, das quais 450 no Centro de Saúde local e as restantes no ACES Central. “Abrange os utentes inscritos na Unidade de Cuidados Subpersonalizados de Portimão, maiores de 80 anos, com ou sem patologias, e utentes entre os 49 e os 79 anos, com determinados critérios, como a insuficiência cardíaca, insuficiência renal, doenças coronárias ou outras definidas pela Direção-Geral de Saúde (DGS)”, esclarece Leonor Bota, diretora executiva do ACES Barlavento. “É um pequeno núcleo, sendo que a experiência piloto tem em vista verificarmos como poderá decorrer o processo, quando este for mais abrangente e englobar mais unidades. Ou seja, verificarmos o que podemos melhorar”, acrescenta. É o caso da chamada dos utentes para a vacinação. “Se é por telefone, por sms, por email. Neste caso, esta é uma faixa etária muito específica, com muitos idosos, alguns com mais de 100 anos, e se não for por telefone é muito difícil contactá-los”, descreve a responsável. A intenção é ‘limar arestas’ para que se minimizem imprevistos quando o Plano de Vacinação começar a ser implementado a toda a população. A seguir aos bombeiros são as forças de segurança, como a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública e a Polícia Judiciária, além dos elementos da Cruz Vermelha. As datas dependem do fornecimento das vacinas e as várias fases do Plano decorrem consoante as determinações superiores.


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CENTRAIS Instituição de Alvor presta apoio alimentar a dezenas de famílias

Pandemia faz disparar pedidos de ajuda na ACRA FOTOS: JORGE EUSÉBIO

voltar a ativar as outras valências habituais, como sejam o centro de convívio, a apresentação de espetáculos e a realização de aulas de ginástica, yoga e sapateado, para além de, eventualmente, outras novas, que já estão a ser pensadas.

A equipa da associação com um dos voluntários, o chefe Ricardo Luz Silva

Muitas das situações que chegam à associação alvorense estão relacionadas com o desemprego e a dificuldade em pagar a renda da casa. Jorge Eusébio

A

pandemia faz com que haja cada vez mais pessoas a precisar de ajuda. Por esta altura, são, em média, 80 as famílias às quais a Associação Cultural e Recreativa Alvorense (ACRA) 1º de Dezembro presta apoio social. Pelas contas da tesoureira da instituição, Ascensão Marques, trata-se de “cerca do dobro do que era habitual” e a tendência continuará, seguramente, a ser de aumento deste número, caso

o combate ao vírus não seja bem sucedido a curto prazo, levando ao regresso do país à normalidade possível. Naturalmente que uma das vertentes essenciais desse apoio é o alimentar. Através do seu Refeitório Social são confecionadas diariamente (de segunda a sexta-feira) à volta de quatro dezenas de refeições. Para além disso, todas as terças-feiras a instituição entrega 87 cabazes, uma parte deles no âmbito do programa do Banco Alimentar e outros resultam de “muitas doações de pequenas empresas não só de Alvor e Portimão, mas também de outras zonas do Algarve”. Com uma equipa pequena, de apenas quatro pessoas, responder a este grande acréscimo de trabalho só é possível graças ao empenhamento de um grupo de voluntários. Entre eles estão pessoas que, diz a directora técnica, Mafalda Ramos, “recebem apoio da instituição e que fazem questão de re-

tribuir com o seu trabalho sempre que é preciso”. Igualmente importantes, destaca Ascensão Marques, “são as parcerias que temos com a Junta de Freguesia de Alvor e com a Câmara de Portimão, que permitem responder às solicitações que vão surgindo, para que não haja fome na freguesia”.

recorrer quando há algum problema burocrático ou é necessário preencher e entregar formulários e nesses casos são preciosos os serviços da associação, que dá o encaminhamento correto às situações que aparecem. Os pedidos de apoio que, com maior frequência ali chegam, para além do alimentar, têm a ver com

Através do seu Refeitório Social são confecionadas diariamente (de segunda a sexta-feira) à volta de quatro dezenas de refeições Ligação com a Segurança Social Outra parte do trabalho da equipa é fazer uma espécie de ligação entre as famílias e a Segurança Social, o Instituto do Emprego e Formação Profissional e outras instituições públicas. É frequente as pessoas não saberem a quem e de que forma

questões relacionadas com o desemprego e a dificuldade que muitas famílias sentem em pagar a renda da casa. Por esta altura praticamente toda a atividade da ACRA é canalizada para o apoio social, mas assim que as condições pandémicas o permitirem, a direção pretende

Mais pedidos, menos receitas A Associação Cultural e Recreativa Alvorense 1º de Dezembro funciona no Centro Comunitário de Alvor, um edifício com cerca de duas dezenas de anos. Naturalmente que, “ao longo desse tempo, o imóvel foi-se degradando e precisa sempre de intervenções de manutenção e reparação”. Trata-se de um trabalho contínuo, que, diz Ascensão Marques, “temos vindo a fazer à medida das possibilidades”, ao mesmo tempo que são resolvidos “uma série de problemas que vinham do passado”. Esta responsável desabafa que “tem sido um desafio grande”. Uma parte das dificuldades e problemas “já sabíamos que íamos encontrar quando nos candidatámos”, mas as circunstâncias excecionais que atravessamos vieram complicar ainda mais a tarefa. Até ao início do ano passado “as coisas estavam a correr bem, tínhamos muitas atividades, muita dinâmica e o número de associados estava a aumentar”, o que fazia com que a direção, que é liderada por Maria da Conceição Rodrigues, estivesse convicta de que seguia o caminho certo. Entretanto surgiu a pandemia e as dificuldades aumentaram substancialmente. Se, por um lado, aumentaram os pedidos de apoio, por outro diminuíram as receitas, quer as que decorriam de iniciativas próprias, quer as que resultavam de dádivas. Mas, ainda assim, conclui Ascensão Marques, “tem continuado a haver uma grande vontade por parte de empresas e particulares, inclusivamente da comunidade estrangeira, em ajudar-nos dentro daquilo que é possível, o que nos tem surpreendido e que muito agradecemos, pois sabemos que estes são tempos de grandes dificuldades para toda a gente”.


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CENTRAIS Ricardo Luz Silva é um dos voluntários

Chef de restaurantes de luxo com missão solidária em Alvor Entre os diversos voluntários que ajudam a Associação Cultural e Recreativa Alvorense (ACRA) 1º de Dezembro a levar a bom porto a sua missão tem estado um muito especial, o chef Ricardo Luz Silva. Trata-se de um profissional que, em 2019, venceu o concurso Chefe Cozinheiro do Ano e que, como número dois do restaurante Bon Bon, ajudou a manter, no ano passado, uma estrela Michelin. Trata-se, portanto, de alguém conotado com a chamada cozinha de luxo, que agora se disponibiliza para colocar a sua experiência, saber e talento ao serviço de uma instituição de apoio social. Ricardo Luz Silva diz que “sempre gostei de fazer voluntariado e, como estou a viver em Portimão, ofereci-me junto da Câmara para ajudar, indicaram-

-me a ACRA e aqui estou com muita alegria, a dar o meu contributo”. O seu objetivo é renovar as ementas, de maneira a que seja possível “tirar o máximo partido possível dos produtos que temos disponíveis, de forma a não haver desperdícios”. E, ao mesmo tempo, confecionar pratos saudáveis, apetitosos e bem apresentados, pois “toda a gente merece saborear uma boa refeição”. Desde que os produtos tenham qualidade “não é preciso lavagante ou caviar para fazer uma refeição de excelência, é perfeitamente possível conseguir isso com, por exemplo, sardinha e cavala”, defende Ricardo Luz Silva. Com 32 anos de idade, passou por alguns dos restaurantes e empreendimentos mais conhecidos do país, como, entre outros, o

Vila Vita, o Tavares Rico, o Penha Longa ou o Bon Bon. O novo desafio é o Palmares Ocean Living & Golf, em Lagos. Natural de Lisboa, desde os 15 anos de idade que está ligado a esta atividade. Por essa altura resolveu ir tirar um curso de pastelaria, ganhou o gosto pela cozinha e, hoje, confessa que “não me vejo a fazer outra coisa”. Há já bastantes anos que desenvolve o seu trabalho no Algarve, uma região que confessa adorar, pois para além da beleza das suas paisagens e praias, conta com muita e boa matéria prima – desde o peixe e marisco, passando pelos produtos agrícolas – que são o sonho de qualquer bom profissional de cozinha. Mais do que o dinheiro, diz que o que verdadeiramente o motiva é aprender com os melhores.

Tal como outros colegas “podia ter dado um salto profissional bem mais cedo, chegado a chef logo aos 24 ou 25 anos, mas pre-

Ricardo Luz Silva diz que “sempre gostei de fazer voluntariado e, como estou a viver em Portimão, ofereci-me junto da Câmara” feri subir passo a passo, com solidez e apreendendo cada vez mais, de preferência integrado em boas equipas, como, felizmente, tem acontecido”. Na sua opinião, na cozinha, a técnica é muito importante, mas a imaginação também. E convém que se tenha os pés bem assentes no chão, há que definir um orçamento e cumpri-lo porque sabe sempre bem ganhar prémios e estrelas mas há que não

Na cozinha confecionam-se diariamente cerca de quatro dezenas de refeições

esquecer que um restaurante é um negócio e que no final de cada mês há muitas contas para pagar.

Um chef não se deve abstrair dessa realidade, focando-se apenas na parte ‘artística’, em busca de galardões. E, sobretudo, há que ter consciência que “os melhores prémios são os nossos clientes que nos dão todos os dias e é em prestar-lhes o melhor serviço possível que devemos estar concentrados”. Se, depois, “em resultado do bom trabalho, os prémios aparecerem, melhor ainda”, conclui.

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POLÍTICA

Em causa a polémica da vacina da covid-19

Oposição leva moções de censura a Isilda Gomes a votos Dois partidos já anunciaram ir apresentar textos nos quais pedem a demissão da presidente. JORGE EUSÉBIO

Jorge Eusébio

A

polémica da toma da vacina da covid-19 por parte de Isilda Gomes vai ser discutida numa próxima sessão da Assembleia Municipal. O PSD e o CDS já informaram o presidente daquele órgão de que tencionam apresentar moções de censura à autarca, pelo que no mês de março deverá ser realizada uma sessão extraordinária para debater e votar os documentos. Ao que o Portimão Jornal apurou, a ideia inicial consistia na redação de um texto em conjunto por todos os eleitos da oposição, mas como, pelo menos até ao fecho desta edição, não houve

consenso nesse sentido, PSD e CDS avançaram com propostas próprias que, eventualmente, poderão ainda vir a fundir-se. Em comunicado, a concelhia local dos social-democratas garante que alguns outros eleitos, nomeadamente, os dois deputados independentes irão subscrever a sua moção. Os dois partidos consideram que a autarca não tem condições para continuar à frente e vão pedir a sua demissão. O sentido de voto dos eleitos do Bloco de Esquerda ainda não é conhecido. O vereador daquele partido, João Vasconcelos, refere que já foi tornada pública a posição do Bloco sobre esta polémica, no qual defende

a saída de Isilda Gomes. No entanto, não adianta de que forma os deputados municipais do seu partido votarão. Também a CDU ainda não decidiu de que forma os seus eleitos irão votar. Quanto ao Partido Socialista, o presidente da concelhia, Álvaro Bila, defende que esta é uma matéria que “está a ser averiguada pelas entidades competentes”, devendo-se aguardar pelas suas conclusões. Recorde-se que a Assembleia Municipal de Portimão está ‘dividida’ ao meio, com 12 elementos do PS (9 eleitos diretamente e 3 presidentes de junta) e outros tantos da oposição. Em caso de empate nas vota-

ções é ao presidente daquele órgão, o socialista João Vieira, que compete o desempate. Isso significa que se todos os socialistas

votarem contra, as moções acabarão chumbadas mesmo que tenham o apoio unânime dos deputados municipais da oposição. PUB


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A foto

CM PORTIMÃO

RAIO-X

A frase

Custa-me muito ouvir o que se passa, não só no país, mas no mundo. Até aqui é isso! Morreram tantos, tantos infetados, tantos internados... Isso é que mexe com quem tem sentimentos e amor à vida”. Clementina Pedro PUB

EDITAL

1ª Sessão Ordinária de 2021 26 de fevereiro de 2021 João Carlos Branco Vieira, Presidente da Assembleia Municipal de Portimão, faz saber que nos termos do disposto no nº 1 do art.º 27º e da alínea b) do nº 1 do art.º 30º da Lei nº 75/2013 de 12 de Setembro, e alínea b) do nº 1 do Artigo 22º do Regimento da Assembleia Municipal de Portimão, que no próximo dia 26 de fevereiro de 2021 (sexta-feira) pelas 20:00 horas se realizará através de videoconferência, a 1ª Sessão Ordinária de 2021 da Assembleia Municipal, com a seguinte Ordem de Trabalhos: AJUDA PRECIOSA • O Hospital de Campanha do Portimão Arena recebeu, em pouco mais de um mês de funcionamento, 170 pessoas infetadas com o vírus da covid-19, vindas de diversos pontos do país. Depois de dar uma ajuda preciosa ao Serviço Nacional de Saúde, numa fase de grande ‘sufoco’ em termos de capacidade de internamento hospitalar, encerrou portas, mas continua pronto a operar caso seja volte a ser necessário.

1. PERÍODO DE INTERVENÇÃO DOS CIDADÃOS 2. PERÍODO ANTES DA ORDEM DO DIA 3. APRECIAÇÃO DA INFORMAÇÃO ESCRITA APRESENTADA PELA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTIMÃO nos termos do artigo 25º nº. 2, alínea c) da Lei 75/13 de 12 de Setembro. 4. PERÍODO DA ORDEM DO DIA 4-a) Discussão e votação da proposta sobre a composição de recrutamento para cargos dirigentes – procedimentos concursais para provimento de 10 cargos de chefes de divisão – cargos de direção intermédia de 2º grau – Deliberação de Câmara nº 870/20. Portimão, 12 de fevereiro de 2021. O Presidente da Assembleia Municipal de Portimão (João Carlos Branco Vieira) Portimão Jornal | Edição Nº 18 - 25.02.2021

ACRA 1º DE DEZEMBRO

CLUBES DESPORTIVOS

DESEMPREGO

A Associação Cultural e Recreativa Alvorense (ACRA) 1º de Dezembro tem vindo a desenvolver um importante trabalho de apoio à população mais afetada pelos tempos difíceis que atravessamos. O objetivo essencial da missão da direção, funcionários e voluntários é que ninguém passe fome no concelho.

Os tempos continuam difíceis para os clubes desportivos, sobretudo para aqueles que apostam nos escalões de formação. Não há competição, escasseiam as receitas e os apoios e os miúdos, naturalmente, aborrecem-se com tamanha paragem. Mas ninguém desiste! Dirigentes e treinadores descobrem novas formas de interagir e reinventam-se em prol do ideal desportivo.

A pandemia levou ao fecho de um número considerável de empresas, daí resultando quebras substanciais dos rendimentos de muitas pessoas. Devido a essa circunstância, há cada vez mais famílias a viver a perspetiva de não conseguir pagar a renda da casa, correndo, por isso, o risco de acabar a viver na rua. Trata-se de uma situação que pode tornar-se num drama social de grandes proporções, caso não seja rapidamente lançado um instrumento de apoio específico, a nível nacional.

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OPINIÃO

Paciência de Chinês!!! Óscar Sardinha Mestre em etiqueta e protocolo

Se houve coisa que esta pandemia nos ensinou foi que a excessiva dependência da China pode não ser a melhor solução para quem não quer estar dependente de países, digamos, como a China. Apesar de, até ao início do ano 2020, o mundo capitalista não ter visto qualquer conflito ético nessa dependência, mal soaram os alarmes relativamente à chegada do ‘vírus chinês’, as cabeças pensadoras do mundo ocidental vociferaram em uníssono

ção e outros bens essenciais e não essenciais que por cá escasseavam. Mas o princípio ficou: 25 de Abril sempre, dependência da China nunca mais! Aliás, foi nesse momento histórico que os chineses perceberam que a malta não estava cá para lhes facilitar a vida no que concerne ao domínio do mundo! Se eles quisessem dominar o mundo escolhessem outros, porque nós já não iríamos dar mais para aquele peditório! A prova disso foi que, contrariamente às teorias da conspiração que juravam a pés juntos que os chineses já tinham a cura milagrosa e que nos iriam vender bem cara, o mundo ocidental uniu-se num frenesim

Quanto a mim faz sentido usarem os políticos como cobaias, o que não faz sentido é utilizarem os médicos numa fase tão precoce. Imaginemos que a vacina dava para torto… palavras de ordem contra a China. Houve quem fosse ao ponto de dizer que a China não era um país democrático, houve quem dissesse que a China utilizava práticas de concorrência desleal e trabalho infantil, e houve até quem jurasse ouvir alguns mais atrevidotes a gritar “agarrem-me, senão vou-me a eles!” Como bem se percebe os chineses ficaram apavorados e, ato contínuo, como penitência, desataram a ganhar milhões e milhões com a venda de ventiladores (uns com instruções e teclas em mandarim e outros que até funcionavam), equipamento de prote-

nunca antes visto e conseguiu descobrir não uma, não duas, não três, mas várias vacinas sem a ajuda dos chineses!!!! Tomem e embrulhem! Neste contexto de solidariedade, quando se pensava que as forças do bem iriam triunfar sobre as forças do mal, eis que na primeira semana de fevereiro os números atinentes à vacinação dão conta de que Israel tem quase 60% da população vacinada, os Emirados Árabes Unidos estão próximos dos 35% e, a média da União Europeia (contando com as sobras não desperdiçadas) situa-se nos míseros 3%!!!!

Percebo que Israel esteja na liderança do processo porque, em vez de andar a brincar ao código dos contratos públicos com a compra das vacinas, mandou o critério do mais baixo preço às malvas e açambarcou o mercado, pagando o dobro do valor da adjudicação feita pela central de compras da União Europeia, evidenciando o princípio de que, por vezes, o barato sai caro. Intrigante para mim foi o facto de os Emirados Árabes Unidos aparecerem na segunda posição, tão destacados dos restantes países, principalmente da União Europeia. Encravado com a explicação para este facto, pus-me a pensar: ‘o que é que o Marques Mendes faria se não tivesse uma explicação plausível para isto?’ Vai daí, segui o seu método e fui falar com especialistas. Segundo o que me explicaram (a tese é deles, eu não sou especialista), a resposta reside nos suspeitos do costume: os chineses! De acordo com as minhas fontes, parece que os chineses estavam uns passinhos à frente da concorrência e, numa parceria estratégica com os árabes, usaram os respetivos cidadãos como cobaias na fase III do processo de aprovação e, no passado mês de setembro, já tinham inoculado os médicos e os líderes políticos locais, mesmo antes da aprovação formal da vacina. Quanto a mim faz sentido usarem os políticos como cobaias, o que não faz sentido é utilizarem os médicos numa fase tão precoce. Imaginemos que a vacina dava para torto…

vilegiada para abastecer a mãe África que, pese embora toda a conversa da treta politicamente correta da solidariedade, uma vez mais ficou na dependência do salve-se quem puder! Resumindo e concluindo: quando a comissão de acompanhamento do Ferro Rodrigues decidir quais os critérios de vacinação dos políticos que habitam a Assembleia da República, já os chineses monopolizaram o petróleo, alargaram (ainda mais) a sua influência em África e a fábrica do mundo já é detentora das matérias-primas do mundo. Quanto ao mundo ocidental, como diria o filho de Alvor, ‘já fômes!’ Ora, assim sendo, relativamente a alguns de nós, resta-nos esperar que os teste retais de covid-19 (inventados por, adivinhem quem?) não se tornem obrigatórios e que esta época deprimente passe rapidamente porque já tenho saudades de ver o Benfica a ganhar.

Ainda segundo os especialistas, no espírito desta parceria estratégica, os chineses estão a construir uma fábrica de produção de vacinas e um entreposto gigantesco de distribuição deste bem precioso nos Emirados Árabes Unidos com capacidade suficiente para saciar a procura no Golfo Pérsico e, já que ali estão, ficam numa posição pri-

CONSULTÓRIO DO CONSUMIDOR / DECO Delegação Regional do Algarve

A DECO INFORMA… Cada vez mais assistimos a uma enorme presença dos jovens nas redes sociais e é através delas que comunicam, estando a sua vida social associada às mesmas. Saber identificar os atuais problemas que começam a emergir nas redes sociais como notícias falsas e desinformação, discursos de ódio, incitamento à violência, ‘cyberbulling’ é crucial. No dia 9 de fevereiro foi assinalado o Dia da Internet mais Segura, e com ele vimos reforçar que é preciso saber navegar com segurança, respeitar a privacidade e promover a cortesia digital evitando o discur-

A DECOJovem tem desenvolvido atividades sobre o Dia da Internet Mais Segura? so de ódio. A DECOJovem tem vindo a desenvolver vários projetos nas escolas em que incentiva e estimula o desenvolvimento de competências digitais, trabalhando um conjunto de conhecimentos, capacidades, habilidades, estratégias e atitudes necessárias para utilizar as tecnologias e meios digitais, seja no âmbito pessoal ou profissional. O projeto ’Sitestar’ é disso um exemplo. Desafia os jovens a ter uma participação mais ativa na internet como criadores de conteúdos. Com a parceria do ‘.PT’, podem

criar sites com conteúdos digitais nas suas áreas de interesse, promovendo-se também uma cidadania mais ativa e mais inclusiva. Este projeto já vai na oitava edição, envolvendo até ao momento um total de 4802 alunos e professores e, 407 sites criados. Na internet há um maior acesso a informação e conteúdos, mas nem tudo é de todos para se copiar, plagiar e usar sem respeito pelos direitos de autor. A literacia digital tem a preocupação de criar uma base sólida de competências digitais em que a procura e escolha consciente da fonte e do seu conteúdo estejam presentes; aperfeiçoar e

integrar informação e conteúdo tal como se aplicam os direitos de autor; proteger os dados pessoais, utilizar ferramentas digitais para inovar e manterem-se atualizados em relação à evolução digital. Para saber mais sobre este mundo da literacia digital convidamos alunos e professores a participar nas nossas ’Consumer. Talks’, onde o principal objetivo é ajudar os jovens a serem consumidores mais críticos e inovadores.


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OPINIÃO

Pedro Manuel Pereira Historiador Face ao cenário pandémico, político, económico e social em que Portugal se encontra mergulhado, será bom recordar que a presente conjuntura é propícia ao surgimento de ‘messias’, de ‘salvadores da pátria’. Atentemos pois, a este exemplo do passado recente, do qual, os actuais políticos mandantes no país deviam retirar ilações, com discernimento e humildade, predicados que aparentemente desconhecem. A 5 de Dezembro de 1917 o major de cavalaria e lente de matemática, Sidónio Pais, encabeçou um golpe militar a partir da província, que levou três adias a consolidar, tendo tomado o governo do país pela força. Foi um golpe extraordinariamente sangrento. Contou com a adesão de quase todo o exército. Opôs-se-lhe, o quartel de fuzileiros, a Guarda-fiscal e a PSP, forças estas, apoiantes do governo do Partido Democrático de Afonso Costa. Pela primeira vez na sua história, o Partido Democrático perde a rua. As casas de Afonso Costa e Norton de Matos são saqueadas. A revolução sidonista é prenunciadora dos messianismos. Vêm na sequência do milagre de Fátima e do descalabro social, político e económico, de que Portugal é protagonista esse ano e que se traduziu no triunfo da corrente política germanófila, manifestamente contrária à intervenção portuguesa na 1ª Grande Guerra Mundial ao lado dos aliados. O saldo mais desastroso do consulado sidonista revelou-se pelo abandono do corpo expedicionário português à sua sorte, que culminou em 9 de Abril de 1918 no desastre da batalha de La Lys, na Flandres. No final da guerra, o Corpo Expedicionário Português, havia perdido 7.300 homens. Embora declarasse apoiar os aliados, Sidónio não substituiu o CEP quer quanto a homens quer quanto a apoio logístico,

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O messianismo sidonista e o actual período sombrio de portugal culminando essa atitude política, com a insubordinação das tropas portuguesas em 4 de Abril de 1918, numa altura em que os alemães empreendem uma ofensiva em larga escala nessa frente de batalha. Após o desastre, a representação portuguesa na Flandres ficou reduzida a menos de uma divisão, perdendo autonomia e comandos próprios. Os militares sobreviventes são integrados no comando inglês, que os envia para a retaguarda para cavarem trincheiras. Entretanto o primeiro-ministro Afonso Costa, e Augusto Soares, ao desembarcarem no Porto vindos do estrangeiro onde se haviam deslocado em missão oficial, são presos e enviados para o Forte de Elvas. O Presidente da República Bernardino Machado recusou renunciar ao cargo e foi intimado a deixar o país. A 8 de Dezembro é constituída uma Junta Revolucionária onde pontificará Machado dos Santos, do Partido Regenerador. Com a colaboração do Partido Unionista, do qual Sidónio Pais era membro, é instaurada uma ditadura militar. Sidónio dissolve o Congresso, decreta alterações à Constituição e introduz um regime presidencialista à maneira americana. Em 8 de Abril de 1918, faz-se eleger Presidente da República, por eleições directas, numa altura em que os membros do seu partido lhe haviam já retirado o apoio e passado à oposição. Nas eleições de Abril, haviam-se recusado a participar os três grandes partidos da «República Velha», em oposição à «República Nova» sidonista. Os monárquicos, que desde o 5 de Outubro de 1910 tudo faziam para minar o novo regime, apresentam-se em peso às eleições e auferem lugares no novo Congresso, à compita com católicos, conseguindo no entanto, o novel Partido Republicano, conquistar a maioria dos lugares e de igual modo a maioria governamental. O governo de Sidónio irá ser apoiado por um variado leque de estratos sociais, quer

de direita, quer até do movimento operário, à esquerda. É uma base política de apoio tão ampla quanto possível. Em suma: Os descontentes eram todos quantos até então tinham sido excluídos da partilha do poder ou sido pelo poder sacrificados. A realidade é que tal como o azeite e o vinagre, também as forças apoiantes em presença eram inconciliáveis. Sidónio Pais não consegue mantê-las unidas e a fronda desfaz-se. Aliás, a sua união assentava em

tro lente coimbrão: Oliveira Salazar. Em 6 de Dezembro de 1918 sofre um atentado do qual escapa ileso e no dia 14 de Dezembro seguinte, Sidónio Pais é assassinado na Estação do Rossio por Júlio da Costa, antigo sargento que havia combatido os alemães em África e participado em 1910 na Rotunda, na implantação da República. O regime vivia então, momentos de agonia. Os monárquicos haviam-no minado por dentro. Aliás, desde a queda da monarquia

A revolução sidonista é prenunciadora dos messianismos. Vêm na sequência do milagre de Fátima e do descalabro social, político e económico, de que Portugal é protagonista esse ano três ideais: ódio a Afonso Costa e à política de guerra, e um vago desejo de ordem face à agitação social do país. O regime sidonista foi marcado por uma crescente confusão política e administrativa, e por prisões e perseguições dos seus adversários, para o que foi útil a recente criada polícia política. Um regime de terror foi instalado, em que Sidónio Pais actuou como um soberano absoluto, gerindo a coisa pública despoticamente. Com Sidónio Pais, pela primeira vez em Portugal e na Europa, surge um regime ditatorial ‘sui generis’ que virá a ser retomado quase mimeticamente, pelos movimentos ditatoriais europeus, caso do fascismo, com Mussolini em Itália, ou de Primo de Rivera a que se seguiu o franquismo, em Espanha. A República Nova sidonista foi prenunciadora do “Estado Novo”, que mais de uma década depois se irá instalar progressivamente em Portugal pela mão férrea de ou-

não haviam deixado nunca, de conspirar e fomentar golpes e revoluções. O regime ia perdendo o controlo da situação em várias partes do país. A pretexto da defesa da pátria e do regime contra os inimigos exteriores, haviam sido criadas juntas militares no norte e no sul do país, tendo na realidade com objectivo, a restauração da monarquia. Será bom recordar, que na altura do seu assassinato, Sidónio ainda gozava de apoio de vastas camadas populares, provavelmente, da maioria da população. Após a morte de Sidónio, o país mergulha numa das mais graves crises políticas da sua história moderna, em que se inclui o 19 de Janeiro de 1919 e a proclamação pelas juntas militares, da monarquia no Porto e em Lisboa. *Artigo escrito sem aplicação do Novo Acordo Ortográfico

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Portimão Jornal • 25 FEV 2021 • Nº18

ÚLTIMAS CM PORTIMÃO

Decorre entre 7 de março e 29 de maio

Festival Internacional de Piano do Algarve será online

Dia dos Namorados à porta de casa

Autarquia lançou iniciativa

Será possível assistir ao evento através das páginas do Teatro Municipal e de Portimão no Facebook. D.R.

para festejar São Valentim A Câmara Municipal de Portimão criou um programa que visou incentivar a compra online no comércio local e auxiliar o setor dos táxis, no Dia dos Namorados, que se celebrou no dia 14 de fevereiro. Foi possível, assim, comprar prendas para a cara metade, para que estas fossem entregues pelos taxistas da cidade, sem custos para o consumidor, tendo sido firmado um acordo com as duas cooperativas do concelho. A autarquia assumiu todos os encargos. Ainda neste dia, o cupido andou pelo concelho para transmitir as mensagens de amor aos casais enamorados, num acordo com o Boa Esperança, presidido pelo ator e encenador Carlos Pacheco.

Serviço de entrega ao domicílio

Portimão à Mesa continua a recrutar para distribuição O pianista Filipe Pinto abrirá o ciclo de concertos desta quinta edição com Rosa Maria Barrantes

A

quinta edição do Festival Internacional de Piano do Algarve decorre, entre 7 de março e 29 de maio, no grande auditório do Teatro Municipal de Portimão (TEMPO), com transmissão online. O evento conta com a participação de pianistas de renome, sendo todos os concertos transmitidos a partir das 21 horas, nas páginas Facebook do Teatro (https://www.facebook.com/ TEMPOportimao) e do município (https://www.facebook.com/

portimaomunicipio). O Festival inicia-se a 7 de março, com um concerto de piano a quatro mãos por Filipe Pinto Ribeiro e Rosa Maria Barrantes. No mesmo mês, no dia 27, será a vez de subirem ao palco Xi Xhai e Anna Stepanova. Para abril estão previstos três espetáculos, um no dia 16, com Adriano e Eduardo Jordão, outro no dia 23, com João Rosa, seguindo-se no dia 30, Mário Laginha & Friends. A 9 de maio decorre um con-

certo de piano a quatro mãos, com António Rosado e Melissa Fontoura, seguindo-se Vasco Dantas num concerto a solo, no dia 21. O Festival encerra no dia 29 de maio com Raúl Costa acompanhado pela Banda Sinfónica Portuguesa. Ao contrário das edições anteriores, em que houve público, este ano, devido à pandemia a organização decidiu realizar a iniciativa através das plataformas online, pois o novo confinamento não permite que os equipamentos culturais estejam abertos.

O serviço de entrega ao domicílio 'Portimão à Mesa' está a recrutar agentes de distribuição para as três freguesias do concelho. Os interessados necessitam de ter veículo próprio, como uma mota, carro ou carrinha, e telemóvel ou 'tablet' com acesso a internet móvel. A 'Comidas.pt', empresa que está a gerir o processo em parceria com a Câmara Municipal, prestará formação adequada, respeitando todas as regras de higiene e segurança em vigor. As candidaturas estão também abertas à participação de empresas de táxis ou taxistas em nome individual e a empresas de transferes, podendo ser realizadas online (https://ptmamesa.pt/agentes-distribuicao/). D.R.

Programa estreia-se em formato online

Movimento Oncológico pela Vida promove eventos desportivos A primeira edição do ‘Mov.On’ está agendado para decorrer até domingo, dia 28 fevereiro, em formato virtual, com diversas atividades desportivas. O propósito da iniciativa é apelar a caminhar, correr, pedalar, subir escadas em espaço fechado ou ao ar livre, sendo livre a escolha da forma como participar, desde que sejam evitadas as concentrações de pessoas.

O objetivo, segundo a organização, é sensibilizar para a prática de um estilo de vida saudável para prevenir o cancro. Os interessados podem consultar mais informações online (http://aoa. pt/mov/). Durante o evento haverá um passatempo, que premiará as fotografias mais originais colocadas nas redes sociais, com as hasta-

gs #Juntoscontraocancro e/ou #Juntoscontraelcancer. O projeto integra o Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal/Espanha, onde estão previstos eventos organizados em parceria entre a Associação Oncológica do Algarve e a Associación Española Contra El Cáncer, como o que está a decorrer até ao final deste mês.

Autarquia emitiu voto de pesar

Faleceu professor Carlos Lopez Cano Vieira O professor universitário Carlos Lopez Cano Vieira faleceu no sábado, 13 de fevereiro, aos 72 anos, vítima de covid-19. Com ligações a Portimão, onde lecionou, a Câmara Municipal expressou um voto de pesar, onde afirma que “foi uma honra acolher tão ilustre personalidade, com um percurso de vida notável, desempenhando funções pelos quatro cantos do mundo, que granjearam várias distinções e o reconhecimento público”. A autarquia destaca ainda “o fácil trato e o despretensioso relacionamento” que levaram a que “milhares de portimonenses nutrissem” por ele “uma admiração e estima especiais”.


A FECHAR

Quinta-feira • 25 fevereiro 2021

D.R.

Obra realizada num ano

Avenida Afonso Henriques abriu ao trânsito

‘Memórias do sismo de 1969’ está patente até 19 de março

Intervenção custou um milhão de euros e, além dos arranjos da via, contemplou a substituição de todo o saneamento básico naquela zona baixa da cidade. ANA SOFIA VARELA

A mostra ‘28 de fevereiro de 1969, memórias do sismo’, promovida pelo Centro Europeu de Riscos Urbanos e pela Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica estará patente na EMARP de 28 de fevereiro até 19 de março. A exposição tem como objetivo ajudar a preservar a memória coletiva deste acontecimento que marcou a sociedade algarvia da altura. “Lembrar o passado para compreender o presente e preparar o futuro, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis e para uma consciência pública preventiva”, que leve os cidadãos a saber como atuar em caso de sismo é a intenção desta iniciativa.

Concurso literário do Lions Clube já tem vencedores

Apesar de ainda faltarem pequenos pormenores já é possível a circulação nesta zona estacionamento e passeios mais Ana Sofia Varela Municipal de Águas e Resíduos de largos ao longo de toda a Avenida. Portimão (EMARP), que custou Foi também colocada nova ilumiAvenida Afonso Henri- um milhão de euros, foram subs- nação pública e uma via para a cirques, artéria entre o Lar- tituídos os equipamentos de sa- culação de bicicletas. Esta intervenção foi realizada go do Dique e a rotunda neamento básico em toda aquela das conserveiras, na zona baixa extensão, que já se encontravam em três fases e, apesar de estar prevista que demorasse 240 dias da cidade, abriu ao trânsito na obsoletos. Uma das queixas de quem para estar concluída, sofreu alsexta-feira, 19 de fevereiro. Um ano após o começo da circulava naquela zona era a de- guns atrasos, e obrigou a diversas obra, a 17 de fevereiro de 2020, gradação da calçada portuguesa, alterações e desvios de trânsito. No entanto, agora, já é possía intervenção está concluída, fal- com diversas lombas e buracos. A tando apenas a colocação de ár- autarquia decidiu renovar o espa- vel a circulação entre o Largo do vores, que ainda está a decorrer. ço e, em vez de utilizar esse pa- Dique e rotunda das ConserveiNuma empreitada conjunta, da vimento, asfaltou a faixa de roda- ras, no sentido único de norte Câmara Municipal e da Empresa gem, criando maiores lugares de para sul.

A

O Lions Clube de Portimão já divulgou os premiados do Concurso Literário de 2020, que contou com 56 trabalhos. O júri, composto por Idalina Rodrigues, presidente do Lions de Portimão, por Maria do Vale Cartaxo e por Valdemar Coutino, atribuiu o primeiro prémio ao trabalho ‘Mesa para dois’, de Sílvia Afonso Pereira, de Meadela. A organização destaca ainda as menções honrosas para ‘O elogio fúnebre de uma amizade’, de Francisco Canavarro de Morais Tavares da Silva, de Sabrosa, ‘Indemnização’, de João Albano Fernandes, de Lisboa, e ‘Vamos olhar as estrelas?’, de Mariana Raquel Lopes Martins Coimbra de Almeida, de Coimbra. A cerimónia de entrega dos prémios está prevista para a segunda quinzena de maio, se na altura houver condições para a realização. O vencedor verá ainda a obra publicada em livro no segundo semestre de 2021.

Fundo Municipal já aprovou uma centena de candidaturas A Câmara Municipal de Portimão já aprovou 102 candidaturas do Fundo de Apoio Empresarial, de 111 que já foram analisadas até à semana passada. Houve um total de 700 empresários a concorrer à medida da autarquia, que está a pagar as verbas relativas às candidaturas analisadas à medida que estas são aprovadas. Este Fundo destina-se a empresários e profissionais liberais, com sede em Portimão, que sofreram quebras abruptas de faturação, devido ao covid-19. PUB

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