jogo como esse se escondem complexos algoritmos de inteligência artificial”, comenta Rodrigo Victor de Melo Marques, aluno do segundo ano de engenharia eletrônica e membro do grupo.
Integração com escolas públicas Além de desenvolver tecnologia de
Para entrar na equipe é preciso vencer uma guerra de robôs O ingresso no ITAndroids é um desafio para os estudantes do ITA. E não é fácil. Na realidade, é uma verdadeira batalha: os candidatos são divididos em grupos e, orientados por um veterano, precisam projetar robôs que vão se enfrentar em uma espécie de guerra. O vencedor é o robô que conseguir expulsar o outro de dentro de círculo delimitado. A vitória garante a entrada no ITAndroids. Por si só, o processo seletivo já é uma forma de disseminar conhecimento. Antes da construção dos “guerreiros”, os interessados fazem um treinamento de seis meses sobre temas ligados à robótica – como sensores, eletrônica e computação aplicada. Mais que uma disputa, a luta entre os robôs é a parte prática do curso, com ganho de conhecimentos para todos os participantes. “Nesse torneio, são testados conhecimentos em programação, controle,
atuadores e sensores infravermelho e de curta distância. A equipe que não sair vitoriosa da competição ganha o conhecimento em robótica e a experiência de ter participado do torneio”, diz Pedro Yuri Arbs Paiva, membro do ITAndroids. Aqueles que passam no teste passam a desenvolver sistemas ainda mais complexos. Em 2012, durante a Competição Latino-americana de Robótica (LARC), realizada em Fortaleza (CE), os estudantes do ITAndroids concorreram com um robô que era capaz de perceber obstáculos e o relevo do terreno sem auxílio de sensores. “É como se uma pessoa que não possuísse nenhum dos sentidos humanos conseguisse sentir cheiro, ter experiências táteis ou mesmo saber se está sentada ou em pé”, explica Rodrigo Marques. Mas uma das maiores conquistas, futebolísticas e também de robótica, aconteceu na Cidade do México, também em 2012. Os estudantes de graduação do ITA conseguiram o 10° lugar geral em um torneio de futebol simulado. Eles ficaram a frente de equipes estrangeiras formadas por mestres, doutores e pós-doutores. ITA/ DCTA
Mercado de tecnologia Mais que futebol com robôs, o grupo também está de olho no mercado de robótica, com o apoio à criação de novos startups, ou seja, empresas com atividades ligadas à pesquisa e ao desenvolvimento de ideias inovadoras. “Queremos estimular o desenvolvimento de novos projetos de inovação. Para isso, estabelecemos parcerias com empresas privadas e buscamos recursos de incentivo ao empreendedorismo tecnológico”, explica Renato Souza Sanabria, Presidente do ITAndroids. Já há resultados. Até agora, o grupo de robótica do ITA, atualmente composto por 24 estudantes, desenvolveu mais de dez robôs, fechou parcerias com duas empresas e obteve dois projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPQ). Para os próximos anos, o objetivo é desenvolver ações mais frequentes em empreendedorismo tecnológico e se aperfeiçoar em áreas não simuladas ainda pouco exploradas pelo grupo, como a guerra de robôs e a de humanoides. “Em 2009, 26 mil empresas oriundas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) empregavam três milhões de pessoas e possuíam uma receita anual de dois trilhões de dólares. Enquanto isso, quantas empresas as escolas de engenharia mais conceituadas geram no Brasil?”, pergunta Marques. A resposta ainda apresenta números tímidos, principalmente quando comparados com os resultados de países emergentes como a China e a Índia. Mas é com o incentivo ao surgimento de iniciativas como o ITAndroids que o cenário brasileiro pode vislumbrar um futuro mais promissor quando o assunto é ciência e tecnologia.
ponta, a equipe ITAndroids também busca se aproximar de estudantes das escolas públicas de São José dos Campos. Em dois anos, o grupo já realizou três workshops para estimular o interesse pela robótica. Os iteanos apresentam a robótica em vários níveis através de experimentos em laboratórios e ensinam os alunos a criarem pequenos robôs feitos com caixas de fósforo e garrafas PET. As atividades são realizadas de acordo com o conceito de robótica educacional, que defende o uso de tecnologias aplicadas aos robôs como ferramenta de aprendizado.
O grupo ITAndroids se destaca pela permanente renovação dos seus membros, com passagem de experiências entre os alunos. Aerovisão Out/Nov/Dez/2013
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