Edição março 2021

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Capa neiros pesados. há poucas mulheres na gestão direMurilo Paschoal, sócio-direta das fazendas, portanto, discutintor da Safras & Cifras, consultodo problemas inerentes ao negócio, ria agropecuária especializada em frequentando os sindicatos para isso planejamento sucessório, sediada e criando os vínculos necessários à em Pelotas, RS, informa que a resua participação em processos elealidade descrita por Yara vem mutivos. O estatuto das entidades tamdando. A transferência patrimobém é ultrapassado. “Ele exige que, nial para os filhos em detrimentos para assumir qualquer cargo diretidas filhas está ficando no passado. vo em uma federação, a pessoa tenha “Hoje, existe um tratamento iguafeito parte de uma diretoria sindical. litário entre os filhos, independenE para integrar um sindicato é necestemente de sexo e idade, até pelo sário comprovar que existe, em seu fato de que os processos de sucesnome, algum negócio relacionado ao Yara Suñe, da Farsul: “Mulheres são têm buscado preservar as facampo, mesmo que seja um arrenda- sofrem com resquícios de uma mílias unidas, permitindo que os mento, que gere uma contribuição estrutura patriarcal no campo” irmãos (homens ou mulheres) trasindical. Sabemos, no entanto, que colocar terras no nome das filhas ou incumbi-las da ges- balhem juntos no mesmo negócio”, explica. Paschoal se fundamenta em seus 30 anos de extão das fazendas não é procedimento generalizado nas famílias rurais brasileiras. Mulheres sofrem com resquícios periência na área: “Nossa estimativa é de que 60% de uma estrutura patriarcal no campo”, argumenta Yara das propriedades brasileiras trabalhem hoje com gesSuñe, diretora suplente da Federação da Agricultura do tão compartilhada e pelo menos 10% estejam sob o comando exclusivo de mulheres”. Sobre a liderança Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). feminina junto às instituições agropecuárias, ele faz uma projeção. “O avanço das mulheres no comando Recolher é obrigatório Segundo a diretora (proprietária da Estância Que- classista tende a crescer em um ritmo mais acelerarência, em Lavras do Sul, RS), o caráter facultativo do do que o próprio agronegócio brasileiro, ou seja, da contribuição sindical não se aplica a quem preten- em taxas superiores a 10% ao ano. As barreiras estão de ocupar funções de diretoria. “Para assumir algum caindo uma a uma”, diz. Nesta reportagem, que marca o dia internacional cargo sindical, tem de recolher”, observa. Atualmente, Yara reside com a família em Bethesda, próximo da mulher, DBO se rende à determinação, compea Washington, EUA, de onde atualiza a Federação tência e espírito agregador da liderança feminina na com informações sobre o agronegócio internacional. agropecuária brasileira. Para saber mais sobre suas “Funciono como uma espécie de informante de ou- experiências, sobre as dificuldades que enfrentaram vidoria no Exterior”, diz. Enquanto não retorna em para galgar postos de comando e sua visão de futudefinitivo ao País (o que deve ocorrer até o final do ro, conversamos com várias lideranças, de diferentes ano), ela procura marcar presença periódica (a inter- partes do País. Elas nos contaram um pouco de sua valos de três a quatro meses) na propriedade, onde história, mostrando que, para ser líder, basta ter foco faz cria/recria, comercializando vacas gordas e ter- e comprometimento. Veja a seguir.

De diretora classista a líder política Quem acompanhou, nos anos 2001-2003, a gestão da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), não esquece a mulher de posições fortes, contundentes e, ao mesmo tempo, de espírito conciliador que integrava a diretoria do ex-presidentre Léo Brito. Foi ali que começou a carreira de líder classista Tereza Cristina Correa da Costa Dias, que se tornaria, posteriormente, a atual ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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A experiência de Tereza Cristina como diretora da Famasul foi fundamental para que ela se destacasse como representante do setor e construísse uma carreira

ascendente. Além de inúmeras funções classistas, Tereza transformou-se em liderança política de alta confiança do setor produtivo. Foi diretora-presidente da agência Estadual de Defesa Sanitária (Iagro), secretária de Desenvolvimento e Produção do MS, deputada federal, líder da bancada ruralista e desde 2019 despacha em Brasília. Tem servido de inspiração para que jovens produtoras participem mais dos sindicatos e se façam ouvir.


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