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Um bate-papo com o quadrinhista Miguel Imbiriba n

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Por que decidiu deixar Belém e ir morar em Paris? Miguel Imbiriba: Bem, desde a adolescência sempre foi meu sonho trabalhar com quadrinhos. Então, num determinado ponto da minha vida, ficou claro que teria que fazer algumas opções radicais pra ir atrás deste sonho. Só existem três lugares no mundo onde se pode viver de quadrinhos: Japão, Estados Unidos e França. Como sempre fui mais próximo do tipo de quadrinho que se faz na Europa, a escolha foi clara. Além disso, eu já conhecia Paris, uma cidade que achava fascinante. Mas não foi uma decisão refletida, foi no “vai ou racha”.  Então, “foi ou rachou”? Imbiriba: Graças a Deus, o sonho se tornou realidade. Hoje trabalho desenhando quadrinhos para a editora Dargaud, a mais importante da França. Estou atualmente desenhando a série Le Dernier Templier (O Último Templário), uma adaptação do best seller homônimo de Raymond Khoury.  Você formou sua família aí? Imbiriba: Sim e não. Minha mulher foi comigo do Brasil, mas meu filhote, Gabriel, já nasceu em Paris. Ele fica torcendo pela França nos jogos de rúgbi e diz que eu é que sou brasileiro, ele é francês. E aí eu respondo: “Francês nada. Tu és um ‘caboco’ do baixo-Amazonas, como teu pai”.

Miguel Imbiriba e sua família: a mulher foi com ele do Brasil. O filho, Gabriel, nasceu na França

Por que você acessa o Portal Cultura e quais programas mais assiste?  Imbiriba: Ah, porque a saudade é muuuuuuuita. Muita mesmo. Como a diferença de fuso horário é grande, eu basicamente assisto ao Jornal Cultura 1ª Edição [Jornal do Meio-Dia] e o Sem Censura. De vez em quando, vejo alguém que eu conheço como convidado e aí a saudade explode. Não é fácil ser paraense longe do Pará. Além disso, assisto muitos Pod Casts do Portal. Sempre encontro algo interessante sobre quadrinhos ou outra coisa qualquer. O Portal Cultura é muito bem feito, digase de passagem. O Portal Cultura ajuda a matar um pouco a saudade da Cidade das Mangueiras. Do que mais sente saudade de Belém? Imbiriba: Honestamente, das pessoas. Antes, logo que fui embora, sentia saudade das comidas, tucupi, açaí e companhia. Mas, depois, estas vontades foram desaparecendo lentamente. Hoje o que me falta são as pessoas que amo e que me amam. Pessoas com quem posso falar sem preocupação. Não é que não tenha amigos franceses, mas tenho a sensação de que sempre falta algo, uma faísca na conversa, sei lá... Pra falar a verdade, estou pensando seriamente em voltar. Acho que está chegando o momento de tomar outra decisão radical.

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