Jornal Expressão - maio/2017

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Quando a gente brinca com ideias e pensamentos, é aula de quê? Você já sentiu um sentimento chamado Natal? Como é medido o tempo quando não é o tempo do relógio? Como é pensar? Tem jeito de os outros saberem sobre o que a gente está pensando sem a gente falar? Como é conviver? As perguntas que iniciam este texto foram pescadas em conversas que aconteceram nas salas de aula das Séries Iniciais neste tempo de início de ano letivo, tempo em que cada turma se dedicou à construção de sua identidade. O espaço para esses diálogos, as vivências que os emanam e o significado dessas experiências de pensamento estão sendo tema da formação continuada dos professores em 2017. O estudo está sendo mediado pelo filósofo Sérgio Sardi, professor da PUCRS, membro do Grupo de Trabalho Filosofar e Ensinar a Filosofar e do Grupo de Pesquisa Cabeça de Criança, idealizador e fundador da Olimpíada de Filosofia com Crianças, sendo coordenador e consultor de diversas de suas edições. A Filosofia com Crianças não é uma disciplina ou atividade relacionada a um saber específico, mas um questionar-se constante sobre como sentimos o mundo e a nós mesmos. Assim, estamos ainda mais atentos e sensíveis diante da mistura de admiração e curiosidade intrínsecos à infância, próprios de quem permite se maravilhar pela sensação de perceber pela primeira vez. Segundo Sardi, aprender a filosofar consiste em um processo gradativo, relacionado não só ao desenvolvimento de todas as habilidades cognitivas, mas a um aprendizado emocional, pois exige um reexame contínuo de tudo aquilo que já sabemos. Filosofar exige aprender a "pôr entre parênteses" o já sabido, para avançar no caminho do conhecimento. Ao nos dedicarmos ao estudo e à vivência da Filosofia com Crianças, o CEAT deseja estimular as crianças a formularem suas próprias questões, a perguntar sentindo a profundidade e a novidade dos problemas, para desejar realmente saber, saber com profundidade, saber com sentido. É um pensar que ultrapassa as palavras, os números e as siglas, chegando às coisas mais misteriosas, reinventando o caminho entre a pergunta e a resposta. Brincando com as ideias e os pensamentos, estamos aprendendo a escutar ainda mais as crianças, a reinventar as perguntas, a pensar sobre o próprio pensamento, sobre o sentir... Com isso, nossos itinerários estão cada vez mais sensíveis à beleza e à intensidade de estar e pensar com as crianças. Lisnéia Schrammel Coordenadora da Ensino Fundamental do CEAT Lajeado

Na 4ª série A, a professora Maria da Glória Munhoz Roos propôs a leitura em conjunto do livro Selma, escrito por Jutta Bauer, com o objetivo de sensibilizar as crianças para que possam ver a felicidade no dia a dia. A turma também estudou os tempos dos gregos Cronos, Aion e Kairos – e aprendeu que o tempo não é verificado apenas com números. Além disso, os alunos assistiram ao curta-metragem Sentimentário, de Caio Mazzilli, e criaram o “sentimentário” da turma, onde cada criança deu o seu significado a uma palavra. O livro está sendo levado para casa e os pais podem ler e deixar uma mensagem no final.

A filosofia também já integra as aulas da 4ª série B, da professora Lizete Krombauer. A arte da convivência foi o tema do primeiro trabalho realizado com os alunos. A partir das palavras o grupo fez uma reflexão coletiva, onde todos puderam expor suas ideias. A turma concluiu que para conviver é preciso tolerância, paciência, respeito e colaboração e percebeu que existem “palavras mágicas” que podem auxiliar nos relacionamentos, como: por favor, com licença e obrigado. O objetivo da proposta foi de que os alunos se sentissem como parte de um grupo e entendessem as diferenças existentes entre todos.

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