Ponto PT - Setembro 2024

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Revista mensal da comunidade portuguesa l Set. 2024 l Nº09

HERÓIS DE PORTUGAL

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Setembro chegou e, consigo, chegou o inferno a Portugal.

Depois das férias, romarias e festas em Portugal, chega a inevitável hora do regresso à rotina. É o regresso ao país, terra ou localidade onde se mora e trabalha. O regresso ao dia a dia, às atividades do costume e vingam as saudades do que ficou para trás.

Setembro é o mês da chegada do outono, das folhas castanhas e de paisagens em tons de amarelo. Mas este setembro de 2024 trouxe paisagens demasiado negras. Os incêndios assolaram Portugal como há vários anos não se registava. O céu do norte e do centro do país ficou pintado a preto de tantos milhares de hectares ardidos.

Regressaram os heróis, só lembrados uma ou duas por ano, quando as situações assim o exigem. Os bombeiros foram imparáveis e deram a vida pelo país, combatendo horas atrás de horas, nunca virando a cara ao fogo.

O povo português mostrou, uma vez mais, a sua enorme solidariedade. Por todo o país, as diferentes corporações de bombeiros receberam donativos, colmatando as falhas que iam sentindo. Os portugueses são capazes do melhor ... mas também do pior. Onde estão os culpados dos incêndios? Onde está a prevenção? Que interesses existem? Há que encontrar respostas e soluções

Boa leitura!

PORTUGAL ARDEU

As zonas mais afetadas localizam-se nas regiões de Aveiro, Tâmega e Sousa e Viseu Dão Lafões, que totalizam 75.645 hectares de área ardida, 71% da área ardida em todo o território nacional. De acordo com o sistema Copernicus, que recorre a imagens de satélite com resolução espacial a 20 metros e 250 metros, a contabilização do total de área ardida entre o dia 15 e 20 de setembro chega aos 135 mil hectares, a terceira maior da década.

A área ardida em Portugal continental este ano totaliza já, segundo o sistema Copernicus, quase 147 mil hectares consumidos por 170 incêndios significativos (com 30 hectares ou mais de área ardida) contabilizados pelo sistema europeu de observação da Terra. Cinco pessoas morreram e cerca 120 ficaram feridas, das quais 17 em estado grave, devido aos incêndios que atingiram as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viseu, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.

Mais de 100 feridos e 135 mil hectares ardidos em concelhos afetados pelos fogos

Os incêndios que lavraram em Portugal continental, com incidência nas regiões centro e norte, onde arderam mais de 135 mil hectares, causaram a morte de cinco pessoas e deixaram mais de 100 feridas, 17 das quais com gravidade.

Além dos cinco mortos e mais de 100 feridos, 17 em estado grave, dezenas de pessoas foram assistidas nos teatros de operações, sem necessidade de hospitalização.

Três bombeiros da corporação de Vila Nova de Oliveirinha, em Tábua, morreram quando se deslocavam para um incêndio naquele concelho do distrito de Coimbra. O município de Tábua decretou três dias de luto municipal e propôs a atribuição da medalha de mérito e altruísmo aos três bombeiros.

A primeira morte registada foi um bombeiro vítima de doença súbita, quando combatia as chamas em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, tendo centenas de pessoas, entre elas o Presidente da República e a ministra da Administração Interna, participado na missa que decorreu em São Mamede de Infesta, Matosinhos.

As autoridades anunciaram ainda mais duas mortes no distrito de Aveiro, a de uma pessoa encontrada carbonizada e um óbito por ataque cardíaco. Na mesma noite, uma idosa que tinha a casa numa zona de fogo em Almeidinha, Mangualde, morreu de doença súbita, segundo fonte do Comando Sub-Regional Viseu Dão Lafões.

Apesar da chegada de 230 bombeiros espanhóis da Unidade Militar de Emergências para ajudar no combate aos incêndios, em algumas zonas do país a situação complicou-se com a alteração do vento e vários reacendimentos.

Aveiro foi um dos distritos mais fustigados, com as chamas a lavrar com intensidade nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda.

As chamas que lavraram em Castro Daire, no distrito de Viseu, alastraram-se aos concelhos vizinhos de São Pedro do Sul e de Arouca, no distrito de Aveiro, sendo que, neste último destruiu parte dos Passadiços do Paiva. No distrito do Porto, o concelho de Gondomar foi o mais fustigado. Em Viseu, com especial incidência em Mangualde, Nelas e Castro Daire, e Vila Real, com focos maiores em Vila Pouca de Aguiar, os fogos também geraram preocupação. Em Braga, foram cinco dias em que os incêndios não deram tréguas aos operacionais no terreno, nos concelhos da Póvoa de Lanhoso e de Vieira do Minho.

Os incêndios obrigaram ao corte de várias autoestradas e estradas nacionais no Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu.

A área ardida em Portugal continental desde o dia 15 de setembro ultrapassa os 135 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus.

Várias personalidades já manifestaram o seu pesar e solidariedade pelas vítimas dos incêndios, nomeadamente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente do parlamento da Madeira, José Manuel Rodrigues, o patriarca de Lisboa, Rui Valério, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

O Rei Felipe VI de Espanha transmitiu ao Presidente da República a solidariedade do povo espanhol perante a “tragédia provocada pelos incêndios” em Portugal e a disponibilidade para “reforçar apoios aéreos”

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MADE IN PORTUGAL, naturally:

as tendências portuguesas na Paris Design Week

A Galeria Joseph, em Paris, recebeu o design português do MADE IN PORTUGAL, Naturally. Foi a segunda vez que o setor português da decoração de casa esteve presente na Paris Design Week.

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A Agência para o Investimento e Comércio Exterior de Portugal (AICEP) assumiu a organização do evento que exibiu mais de 60 peças produzidas por 47 marcas dos diferentes setores da reputada indústria portuguesa, exportadora de excelência para todo o mundo.

Margarida Moura Simão é arquiteta de interiores e dirigiu a mostra com a experiência que tem do mercado francês, onde desenvolve a sua atividade desde 2007, e revelou ao Ponto PT que “a inovação portuguesa está de ótima saúde, pois as empresas convidadas aderiram ao certame, com a visão de investimento ao marcarem presença no estrangeiro num evento criativo de promoção do design, numa cidade como Paris. O design português tem qualidade, tem fiabilidade, tem garantia e, acima de tudo, tem uma relação pessoal que assume a

continuidade do produto”. A curadora da exposição deixou um conselho aos fabricantes: “quem produz tem criatividade e brio naquilo que faz e naquilo que entrega ao cliente. Portugal tem capacidade de produção, no entanto, precisa otimizar as formas de gerir os recursos humanos para responder mais eficazmente à procura”.

Nos 350m² de exposição, o público teve contato com a tradição do talento e inovação da qualidade portuguesa, no bairro do Marais, onde se regista a maior animação diurna e noturna da capital gaulesa.

Depois dos dois mil visitantes em 2022, a AICEP voltou a promover esta exposição já que França absorve quase 30% das exportações de mobiliário fabricado no nosso país, tal como afirmou à nossa reportagem o administrador da AICEP, Paulo Rios. “É algo que nos orgulha e que fazemos pela segunda vez em Paris, entre os melhores. Temos produtos que são o exemplo do talento e da excelência da capacidade do saber fazer português. O público que aqui vem não sai desanimado. Fizemos muito, temos muito ainda a fazer e esta aposta neste local e nesta área é para manter porque achamos que tem seguimento e vai ter resultados”.

Os produtos portugueses apresentados na Paris Design Week são o resultado da tradição na arte, com qualidade e personalização através da cerâmica, cutelaria, metal, madeira, vidro, cristal, pedra, mármore e tecido, nos setores do mobiliário, iluminação, tapeçaria e utensílios de mesa. O mercado internacional reconhece a tradição lusa de inovar e criar tendências, pelo que é importante manter a eficiência operacional, bem como a capacidade de se adaptar para produzir rapidamente series de pequeno e médio volume. “A junção destes materiais com o ‘savoir faire’ e o design português, promove o produto e visa chegar mais longe na internacionalização”, esclareceu a gestora da fileira casa da AICEP, Mariana Vieira da Luz. O MADE IN PORTUGAL, naturally “procura reunir todas as qualidades que fazem elevar o design português ao nível internacional e encontrar peças que combinem entre si a imagem de sustentabilidade e de produto novo, que possam trazer ao mercado um novo cheiro do design luso”

CHURRASQUEIRA - RÔTISSERIE

Golfe solidário

da Academia do Bacalhau de Paris

A academia do Bacalhau de Paris (ABP) realizou o 12° Torneio de Golfe no campo de Lesigny-Reveillon (77), onde o Ponto PT descobriu mais sobre este desporto ao ar livre para todas as idades.

O diretor das instalações é David Soussan e clarificou-nos no que consiste esta atividade: “o golfe é um percurso, em que batemos a bola com um taco e depois vamos procurá-la”, caricaturou em tom divertido. “É um desporto ao ar livre, na natureza, onde podemos escolher o percurso porque não há dois idênticos no mundo. É verdadeiramente um desporto saudável, que permite o convívio, em que podemos jogar dos 3 aos 99 anos, feito para toda a gente. Mesmo os deficientes podem aceder ao trajeto em cadeira de rodas”.

David Soussan

Juntaram-se três dezenas de golfistas divididos por equipas de dois elementos que evoluíram ao longo dos 18 buracos numa tarde solidária em que marcharam 8 quilómetros pelos relvados, o que deixou satisfeito o presidente da academia, Francisco da Cunha: “éramos trinta e tal, não é mau, num dia de semana logo a seguir às férias. É um momento de convívio interessante entre membros e convidados, uma iniciativa para continuar”.

O compadre José Luís Rodrigues deixou-se acompanhar pela nossa reportagem e no fim do percurso estava contente: “felizmente correu impecável. Havia um bom grupo, uma equipa compacta, todos amigos. Ninguém gosta de perder, mas sobretudo foi a amizade e a portugalidade que reinou”.

A competição ficou para segundo plano e no cocktail final do restaurante Tee Time, onde se juntaram outras comadres e compadres motivados pelo prazer de ajudar quem precisa, foram distribuídas lembranças e discutidas as peripécias de cada um no torneio.

Desafiado a organizar o mesmo evento em Portugal, o presidente da ABP afirmou ao Ponto PT ser “uma ideia interessante porque há bons campos de golfe em Portugal. Vamos pensar numa parceria com as academias de Portugal e explorar as possibilidades”

Festival em Pierrelaye:

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O sol brilhou para as centenas de pessoas que se juntaram na esplanada do restaurante/pub Le Chic, em Pierrelaye, nos arredores de Paris.

O Ponto PT falou com a gerente do espaço, Sylvia de Sousa sobre a motivação deste evento que assinala o regresso das férias de volta à rotina. “As pessoas vêm cansadas de Portugal e queremos que fiquem alegres e não tristes por regressar a França. Nada se faz sem trabalho e, quando gostamos, tudo se faz. A nossa equipa gosta de os ver sempre a sorrir e é isso que acontece na nossa casa há 11 anos”.

Uma felicidade genuína remarcada pelo cantor Fernando Correia Marques. “Só mesmo os portugueses, estamos sempre em festa. Podiam vir tristes com o dinheiro que gastaram nas férias, mas não.

O pessoal está todo contente e alegre, isso também nos enche a alma

A restauração apresentou porco no espeto, bifanas, frango assado e merguez regadas com cerveja e vinho portugueses.

A nossa reportagem fez questão de falar com os artistas presentes, que ainda não gozaram férias devido ao muito trabalho.

A comemorar 30 anos do ‘Bicho’, Iran Costa confessou ser uma honra estar presente. “Poder trazer um pouco da alegria de Portugal e do Brasil é uma responsabilidade a dobrar. Espero que se divirtam com o grande sucesso ‘Relaxa’”.

Fernando Correia Marques
Iran Costa

Marcus foi outro dos artistas em destaque no festival e cativou toda a plateia ao abrir com o célebre ‘Vinho Verde’. “Graças a Deus que temos muito trabalho, ontem todos atuámos em Portugal, mas hoje estamos neste restaurante maravilhoso, neste lugar fantástico com muita alegria. É um povo que gosta mesmo de música e vive a cultura portuguesa intensamente”, referiu o cantor com muito entusiasmo.

Apesar de ser muito trabalhoso, Andreia Sousa, da organização, garantiu que “tudo se passou dentro do previsto e as pessoas estão muito contentes e a sorrir. Para 2025 venham todos porque é a melhor festa que existe”. O mesmo sentimento tinha Johnny, cantor e produtor da festa ‘Regresso’. “Queremos colmatar o vazio que se sente depois dos arraiais em Portugal e, assim, cá estamos com muita alegria no fim do verão”.

O momento alto do arraial chegou de ‘cavalinho’, numa simbiose coreográfica entre o palco e o público, que saltou para a frente e para trás ao som desta música brasileira que continua a fazer furor.

O fecho das atuações ficou a cargo de José Malhoa, trazendo ao palco novas canções. “Quando se fala a língua portuguesa sinto-me sempre em casa, ainda para mais aqui em Paris, onde já venho há 50 anos”

Marcus
Primeur
Boucherie
Charcuterie
Poissonnerie
Crèmerie
Traiteur
Epicerie

Douro

acolheu centenas de jovens lusodescendentes

Santa Marta de Penaguião, em Vila Real, foi o ponto de encontro para centenas de jovens lusodescendentes e lusófonos, entre os 18 e os 35 anos de idade, provenientes de diferentes países, mas com uma característica bem comum: a língua portuguesa.

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Com o Douro como pano de fundo, os participantes tiveram oportunidade de explorar e conhecer a região, bem como de partilhar momentos históricos e de memória coletiva. A Revolução dos Cravos e a celebração dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões foram o mote para as conversas informais e mesas redondas. “Era importantíssimo para nós trazer a história do nosso país, dos nossos pais, da nossa família e das pessoas que nos rodeia, porque é o que faz a nossa força e a nossa identidade. Eu sei o quanto é importante fazer as perguntas certas para se perceber de onde é que se vem, para se perceber para onde é que se vai”, disse Lurdes Abreu, presidente da Associação Cap Magellan, na cerimónia de abertura que decorreu no auditório da câmara municipal.

Lurdes Abreu

Também o autarca e representante da CIM Douro, Luís Machado, marcou presença na receção dos jovens e mostrou o dom do ‘bem-receber’ tipicamente português acreditando que os participantes se iriam apaixonar pelas paisagens, degustar o que de melhor se faz ao nível da gastronomia e que mais tarde “vão querer voltar”, referiu entre risos.

A par da aprendizagem, durante cinco dias, os jovens tiveram oportunidade de partilhar momentos de lazer. Percorreram o ‘Trilho da Terra e do Céu’, passearam pela vila, provaram vinhos e conheceram as Caves de Santa Marta, além de desfrutarem de um belo dia de sol na Praia Fluvial de Fornelos, entre outras atividades lúdicas.

A cargo da Associação Cap Magellan, o Encontro Europeu de Jovens Lusodescendentes, que já se realiza há 11 anos, continua a ser preponderante para a promoção da multicultura e do reforço dos laços entre os “portugueses de cá” e os “portugueses de lá”, com o objetivo de “dar à juventude os instrumentos para melhor pensar o mundo de amanhã”

Luís Machado

Festival da Saudade

levou a Fátima milhares de portugueses

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A primeira edição do Festival da Saudade decorreu nos dias 15 e 16 de agosto, na cidade de Fátima, em Ourém. A festa inaugurou-se exatamente no Dia do Emigrante, o que fez jus aos desejos da organização, de fazer deste festival um ponto de encontro entre famílias e amigos, juntando as comunidades portuguesas que se espalham pelo mundo fora.

Dança ao som da musicalidade portuguesa não faltou. Foram centenas aqueles que cantaram e se divertiram. De copos cheios na mão e sorrisos no rosto, brindaram ao verão, à felicidade e, acima de tudo à portugalidade.

As portas abriram-se, em cada um dos dias, pelas 17h, recebendo no grande palco da saudade, artistas como os The Peorth, que cantaram êxitos de rock conhecidos internacionalmente.

O artista Lorenzo pisou o palco na companhia das suas bailarinas, deixando um rasto de felicidade e música bem portuguesa no ar. Em entrevista ao Ponto PT, o artista deixou claro que ficou “muito feliz” por estar no ‘seu’ concelho de Ourém e que, sabendo que é uma zona com muitos emigrantes, se sente uma “saudade especial” no final do concerto.

Mas nem só de música foi feito o Festival da Saudade. O humorista português Herman José arrancou gargalhadas da plateia e, como sempre foi um grande sucesso, deixou todos bem-dispostos. Ainda durante o primeiro dia de festa surgiu um grande coração vermelho no palco, que previu a entrada de Mickael Carreira. O artista arrebatou os corações das muitas fãs que ocuparam as primeiras filas e, entre elas, foi escolhida uma jovem para acompanhar o artista em palco. Vera Jesus, do Alto Alentejo, veio sozinha ao Festival da Saudade, com o grande objetivo de ver o ídolo Mickael e foi com uma grande alegria que disse: “tive uma grande surpresa ao ser chamada para dançar com o Mickael no palco. Vou embora realizada”.

A noite, em grande festa, terminou ao som de Mariza, a grande fadista portuguesa. Mais brilhante do que o céu estrelado, com um vestido de lantejoulas, a artista deixou um rasto de paixão no Festival da Saudade e dedicou a todos um tema ainda inédito intitulado ‘Amar-te’, do novo álbum que “ainda está no forninho”.

Se o primeiro dia do festival já deixou um gosto de alegria e “matou as saudades” dos portugueses, o segundo dia foi o deleito de todos os presentes. Fátima, a cidade de devoção dos portugueses, e não só, encheu-se de música e vibrou com cada passo de dança do público.

A tarde começou ao som do divertido Quim dos Apitos. Depois de pôr os portugueses a mexer e a cantar, também encantou com o estilo pimba. Confessou ao Ponto PT que “esteve a tocar em casa”, o que o deixou “extremamente feliz”, porque é natural do concelho de Ourém. “Acho que as pessoas gostaram e, pessoalmente, o que mais gosto é de as ver sorrir. Dentro do meu estilo de música, que é o brejeiro, acho que correu muito bem”. Entre risos conta que o nome “Quim dos Apitos” vem do facto de o artista ser árbitro e, já na arbitragem cantar algumas músicas. O ‘Quim’ vem do facto de “alguns considerarem que tem uma voz semelhante à do Quim Barreiros”, o que leva como um elogio. O primeiro artista em palco no segundo dia afirmou que a atuação foi “um sucesso” e que “o público aderiu imenso, apesar do grande calor que se fez sentir”.

O Rancho Folclórico da Casa do Povo, de Fátima, também deu um verdadeiro espetáculo no recinto do festival. De pés descalços, saias rodadas e homens vestidos a rigor, o grupo começou por interpretar algumas músicas tradicionais de Fátima e ainda convidou alguns dos espetadores para participar nas tradicionais danças. A responsável do Grupo Folclórico da Casa do Povo, Sandra Santos, conta que a associação foi fundada em 1977 e que “desde a fundação tentam manter vivas as tradições do grupo”. Estar a atuar em Fátima é algo que deixa o grupo feliz por tentar ser “o mais fiel possível à tradição” e o Festival da Saudade é mais uma oportunidade de trazer mais e mais turistas à terra da maior devoção dos portugueses.

A cidade de Fátima foi ainda visitada por artistas de renome como o Padre Borga e Joana Amendoeira, que pisaram o palco do Festival da Saudade, não deixando o público indiferente à música sacra e ao fado, respetivamente.

O dia terminou com um concerto do ‘ídolo dos emigrantes’, Tony Carreira, que, como sempre, lançou charme por todo o festival e prendeu as centenas de pessoas às cadeiras (que fizeram questão de trazer), fazendo com que cada olhar brilhasse, ao som do cantor de cantigas de amor.

O “cantor de sonhos” fez o amor vibrar no coração de todos os presentes

Tony Carreira fechou o Festival da Saudade. E é impossível não dizer… que bem fechado que foi. Com letras românticas, um sorriso bondoso e um olhar apaixonado, o artista deu um espetáculo e tanto e fez sorrir cada um dos corações que por ele vibraram.

Em declarações ao Ponto PT, o cabeça de cartaz do Festival da Saudade referiu: “este festival tem um caminho a percorrer como qualquer festival. No fundo, é como um artista que aparece com um primeiro single”, mas que se pode tornar em algo muito grande. Considera que é “um festival que faz sentido, em pleno mês de agosto. Sinto-me muito feliz por estar no primeiro. Isso já ninguém me tira. Se daqui a 30 anos este for o melhor festival de Portugal, eu estive no primeiro”.

O ídolo dos portugueses viveu “fora 28” anos, portanto “o meu olhar para os portugueses de fora é que estes são também portugueses, estejam eles onde estiverem”.

Neste festival “a palavra saudade tem um verdadeiro significado”

“Considero que este festival tem o título correto. Aqui, a palavra saudade tem um verdadeiro significado. Principalmente para quem vive fora. Tinha um significado ainda maior há 30 ou 40 anos atrás porque não existia internet, nem as facilidades que existem atualmente. Hoje, a saudade não está no mesmo patamar de há uns anos, no entanto, para quem vive fora de Portugal, esta é uma palavra que tem, de facto, um grande significado”. Tony Carreira terminou agradecendo a todos “por estarem presentes” e, mais uma vez, arrasou multidões arrancando sorrisos a cada fã que o acompanha por cada ponto do mundo.

O público esteve “ao rubro” durante os dois dias de festival

Durante o Festival da Saudade não foram só os artistas que se mostraram muito satisfeitos. Ao falar com o público puderam-se ouvir frases como “sou emigrante lá do Norte”, diz José Moura, de São João da Pesqueira. Afirma que o que “mais gostou” no Festival da Saudade foi a atuação do Padre Borga. No entanto, manteve uma grande expectativa até ao final, para assistir a todos os artistas. José Moura veio acompanhado pela esposa e pelos cunhados, com quem também tivemos a oportunidade de falar. A cunhada, Maria Ramos, esteve emigrada durante muitos anos na Alemanha, onde “organizou a vida”. Foi “com os pais” e voltou “com o marido e com os dois filhos já às costas”. Está de volta a Portugal há mais de 30 anos e afirma que fica “muito feliz por existirem festivais que exaltam os emigrantes”. Enquanto pessoa que também sentiu “muita saudade” gostou, especialmente “do convívio entre as pessoas”. Quanto a artistas, refere que gostou em especial da Joana Amendoeira, mas que foi “um gosto” ver todos os músicos.

Emigrantes portugueses que sentem a palavra “saudade” como ninguém

Manuela Silva foi uma das primeiras a chegar ao recinto. Como é “pequenina” esperou, pacientemente, na primeira fila do palco durante as várias horas em que por lá foram passando vários cantores. Em pé e, na companhia do marido, assistiu a todos os concertos. Manuela está emigrada em Inglaterra e “aproveitou” a visita a Fátima para ver os artistas de eleição. Conta que está em Inglaterra há 20 anos, mas que tem família em Portugal e vem visitá-la todos os anos. No que toca a si, acha que estiveram presentes muitos emigrantes já que este é um festival dedicado a eles. Manuela Silva manteve-se firme na primeira fila do festival e, no fim, ainda conseguiu um cumprimento daquela que é, na sua opinião, “a melhor fadista portuguesa”: Mariza.

“Achei este festival espetacular. É uma grande alegria estar aqui, principalmente perto de Fátima. Estou encantado”, quem o diz é Fernando Caminha. Está emigrado em França há mais de 50 anos, volta todos os anos a Portugal, o país do seu coração e deseja “regressar de vez para a reforma”. Apesar de ter os filhos em França, afirma que toda a família tem um grande desejo de voltar a Portugal todas as férias. “Em Portugal vive-se de outra maneira. Há festas por todo o lado e acho que esta é a melhor maneira de estar com os amigos. Não posso deixar de referir que o espetáculo da Mariza foi imenso. Adorei a interação dela com o público”, termina Fernando com grande alegria.

No Festival da Saudade o que não faltaram foram histórias de amor, mesmo as mais improváveis. Emília Marques e Manuel Alves são casados, no entanto, mesmo antes de se conheceram já tinham Portugal como a “terra da saudade” já que emigraram em tenra idade. À semelhança de muitos outros, de cadeiras postas e “muito bem instalados”, contam a sua história. Manuel emigrou para Paris em 1970 e a esposa em 1958, também para França. Conheceram-se já emigrados, casaram-se, tiveram duas filhas e, ao fim de 11 anos de vida da mais velha regressaram ao seu “tão amado” Portugal, onde permanecem há 36 anos. “Adoramos, gostamos muito deste tipo de iniciativas e esperamos que se repitam. Ficamos muito emocionados por existirem festivais que são, na sua maioria, dedicados aos emigrantes, porque passamos por lá e sabemos bem o que é a saudade. É difícil”, dizem visivelmente emocionados.

Fãs de Tony Carreira vieram de várias partes do mundo

É inegável que as fãs de Tony Carreira são, por norma, as mais animadas e, tendo a oportunidade de falar com algumas, ouviu-se o seguinte: “foi muito bom, muito agradável. A primeira vez que vi o Tony foi em França. As músicas dele são muito bonitas e cativam muita gente”, diz Manuela.

Lúcia está emigrada em França desde 1975 e veio ver Tony Carreira acompanhada pelos filhos. É uma fã com muita garra. Já viu o ídolo mais de 20 vezes. Conta que só veio ao Festival da Saudade “para ver o Tony”, enquanto, entre risos, os filhos dizem “Tony faz-me um irmão” e ainda “o Tony é um pai para mim”, tal é a devoção de Lúcia pelo cantor. A família diz que “o Tony é muito especial” e acrescenta que sempre que houver possibilidade estarão presentes. “O meu cachecol está assinado várias vezes pelo Tony Carreira”, diz Maria da Luz enquanto espera na fila para conseguir mais uma assinatura do ídolo. Está emigrada em França, há mais de 50 anos, e esteve nos dois dias do Festival da Saudade. “Encontramos aqui as nossas raízes e é um gosto estar aqui e estar a conviver com todas estas pessoas”, termina.

Festival da Saudade promete regressar em 2025

Isabel Rodrigues, administradora da Media Livre, representa a organização do Festival da Saudade e, em conversa com o Ponto PT revela que as expetativas para o primeiro ano desta festa estavam “muito altas”, mas foram cumpridas. “Não queremos fazer nada pela metade e foi uma grande vontade e com todo o coração que organizamos este festival em conjunto com a Música no Coração”, afirma. “Este é um festival para matar saudades. Fátima foi escolhido por ter um grande significado para todos os portugueses em termos de fé e de pertença, o que se espalha por todo o mundo”. Para o ano de 2025 é esperado o próximo Festival da Saudade, que já está em andamento imediatamente depois de terminar o último dia deste que foi a primeira edição, confirma Isabel Rodrigues.

O amor pela música, pela arte e pelo público, por parte de cada artista, organizador e participante do Festival da Saudade foi o que fez deste um grande sucesso. Moveu multidões e promete regressar em 2025

Município de Fafe

dedicou um dia à sua diáspora

No mês marcado pelo regresso dos emigrantes, o Município de Fafe dedicou um dia à sua diáspora. A iniciativa inserida na Festa do Emigrante incluiu um seminário com o tema: Migrações –passado, presente e futuro. Na Estacão Memória, decorreu ainda uma conversa com um painel de oradores que partilharam a sua experiência lá fora. O objetivo: melhor conhecer os fafenses que emigram.

O Município de Fafe recebeu os seus emigrantes em modo de celebração, com a Festa do Emigrante. Do programa, fez parte o seminário “Migrações - passado, presente e futuro”, que teve lugar no salão nobre da Câmara Municipal de Fafe. Para além do presidente da câmara, Antero Barbosa, o evento contou com as intervenções de José Cesário, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, de Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal, e de Hermano Sanches Ruivo, presidente da Associação ACTIVA – Groupe d’Amitié France Portugal des Villes et Collectivités Territoriales, e atual vereador da Câmara de Paris. “Tivemos um conjunto de intervenções brilhantes sobre as oportunidades que a emigração transporta para o nosso país, sobre os programas, como o programa Regressar, para todos aqueles que o desejam fazer.

E depois tivemos também aqui a presença do senhor secretário de estado que, no exercício das suas funções, em quatro meses já se deslocou duas vezes a Fafe”, revelou Antero Barbosa, presidente da câmara de Fafe, em entrevista ao Ponto PT. “Nos últimos anos, tem havido aqui progresso no sentido de reconhecer a importância que a diáspora portuguesa tem para o nosso país, em termos do desenvolvimento económico e também do apego e do amor que temos de ter por aqueles que, sendo portugueses, vivem lá fora”, sublinhou o autarca.

A vereadora com o pelouro das Relações Internacionais e Geminações, Paula Nogueira, também em conversa com o Ponto PT, sublinha que este foi “um dia destinado à reflexão sobre os temas da migração, das emigrações e das imigrações. Nestes fóruns, são partilhadas informações muito importantes para os nossos concidadãos e, sobretudo, para toda a comunidade migratória”.

A Cap Magellan foi uma das associações convidadas para apresentar aquele que tem sido o seu trabalho junto dos jovens das comunidades portuguesas. “Estamos numa fase, não só em Portugal, como em toda a Europa, em que a questão migratória assume uma nova relevância, e é sempre importante trazer estas temáticas para cima da mesa. Quer seja a questão dos portugueses lá fora, quer seja a questão das migrações, e Portugal sempre foi um país de migrações, é muito importante continuar a debater estes temas para não se cair precisamente nos problemas e nos riscos das derivas que existem atualmente na sociedade”, explicou Luciana Gouveia, delegada geral da Cap Magellan.

No mesmo dia, depois do seminário, seguiu-se, na Estação Memória, a sessão “Conversas com a Diáspora Fafense”, que contou com um painel de oradores formado por empresários e personalidades da diáspora fafense.

Alexandra Almeida é emigrante e foi uma das oradoras presentes. Deixou Fafe há mais de 20 anos e atualmente reside no Luxemburgo, onde é colaboradora do Banco Europeu de Investimento, e não hesitou em reforçar a pertinência destes encontros: “é muito importante fazermos esta reflexão, sobre o que é emigrar e o que ser emigrante. É um assunto muito complexo e que tem várias perspetivas. Quanto mais falarmos, com flexibilidade e abertura, mais facilmente vamos entender quais são os desafios e as oportunidades. Como podemos melhorar em termos de sociedade, a acolher e a criar mais oportunidades, e a criar maior inclusão, para nós próprios quando vamos lá para fora, quer quando recebemos imigrantes”

GÉNIE CIVIL

Feira de São Bartolomeu

em Trancoso, bateu recordes

Durante dez dias, a cidade de Trancoso vestiu-se de festa para a Feira de São Bartolomeu. Junto ao centro histórico de Trancoso, aquela que é a feira franca mais antiga do país reuniu expositores da região, muita animação e um cartaz musical que, neste ano, bateu recordes.

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Trancoso voltou a receber a Feira de São Bartolomeu que, neste ano, comemorou os seus 751 anos, e reafirmou o grande impacto que tem para a economia local. “É, de facto, o maior evento comercial do distrito da Guarda e um dos maiores eventos comerciais de toda esta região. Atrai milhares de visitantes e várias centenas de expositores, feirantes e comerciantes. Por isso, tem uma importância muito grande para Trancoso”, começa por nos contar em entrevista Amílcar Salvador, presidente do Município de Trancoso.

Questionado sobre o balanco que faz desta edição, Amílcar Salvador não hesitou: este ano foi excelente. Tivemos duas noites em que batemos todos os recordes. Foi logo no dia 9 de agosto, com os Calema e depois com o Nininho Vaz Maia, no dia 16. Portanto, em termos de entradas e bilheteira foi o melhor ano de sempre. Ultrapassamos em muito as 100 mil entradas, ao longo destes dias de feira”.

Uma feira com “um pouco de tudo” e muita identidade

Do artesanato às tasquinhas, passando pelos expositores agrícolas até às diversões, a Feira de São Bartolomeu é conhecida pela sua diversidade e grande oferta comercial. Luís Martins, administrador da Lacticôa, participa nesta feira há dez anos, onde vende queijos que são referência nacional e que já conquistaram diversos prémios. A proximidade é um dos fatores mais importantes para o expositor: “Aqui é especial pelo convívio com as pessoas. Temos bastantes clientes que, nesta altura, veem-nos visitar para levar o nosso queijo para a França, para a Suíça, para o Luxemburgo e Alemanha”.

A poucos metros do stand da Lacticôa, encontramos Orlindo Macedo, gerente da Ciclomotores Orlindo, que nos relata com entusiasmo: “eu marco presença há 35 anos. Ainda não falhei nenhuma edição, desde então. Gosto desta gente, do ambiente da feira, da organização, e cá estaremos para o ano”.

Helena Cardoso Belo, aproveitou o último dia para visitar a feira e, numa breve pausa do seu passeio pelo Pavilhão Multiusos, confidencia-nos que vem “desde pequenina”. Neste ano, “já visitei a área dos tratores, porque é o nosso ramo, a nossa agricultura. Está tudo muito bonito e há um bocadinho de tudo”, afirma a visitante.

Já Amílcar Salvador, no rescaldo da edição deste ano, conclui: “as feiras fazem parte da nossa cultura e identidade. É aqui que encontramos muitos dos nossos amigos que muitas vezes estão longe, ao longo do ano. Foram, sem dúvida, momentos de encontros e reencontros, de convívio e muita animação”

Viagem Medieval

com público dos quatro cantos do mundo

Em 22 países de todo o mundo foram comprados bilhetes e pulseiras de acesso à Viagem Medieval em Terra de Santa Maria. Números recolhidos na venda online. É o posicionamento da recriação histórica de Santa Maria da Feira nos mercados internacionais.

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Passaporte para uma viagem única pelas vivências da Idade Média, a Viagem Medieval proporciona uma completa aula de história viva, onde os visitantes também podem ser atores nos grandes momentos de animação e recriação. Cruzando história, património, animação e gastronomia, a Viagem Medieval oferece produtos turísticos inovadores, como Bilhete Experiência que proporciona experiências exclusivas a quem quer viver o evento de forma mais intensa e sensorial. Realizado em pleno verão, o maior evento de recriação medieval da Europa estende-se por 12 dias consecutivos, no centro histórico de Santa Maria da Feira.

O Ponto PT visitou a Viagem Medieval e esteve à conversa com Amadeu Albergaria, presidente do Município de Santa Maria da Feira, que explicou a evolução do evento. “São 27 anos de um crescimento bastante importante. A Viagem Medieval começou no Castelo de Santa Maria da Feira e no interior das suas muralhas, na Praça de Armas, e depois, paulatinamente, foi conquistando a cidade. Conquistou primeiro as suas ruas, as suas praças e depois acabou por conquistar toda esta imensa área verde, que são 37 hectares, onde nós fazemos aquela que é uma das maiores recriações históricas medievais de toda a Europa. Podemos dizer que a cidade cresceu também com a viagem medieval e a viagem medieval provocou um impacto muito positivo na cidade, porque contribuiu para a regeneração e requalificação dos seus espaços urbanos. Contribuiu naturalmente, também para a sua cultura, para o seu sentimento de identidade, de pertença”. Também para a económica local a Viagem Medieval representa um marco significativo. Em 12 dias de evento, foram registadas cerca de 650 mil entradas, e contabilizado, entre entradas e merchandising, uma faturação global de 2,2 milhões de euros. A afluência global à iniciativa reflete uma média de 50 mil visitantes por dia e a receita total representa um superavit de 100 mil euros face ao investimento de 1,9 milhões na edição de 2024 (sem contabilizar a faturação dos comerciantes privados que exploraram tabernas e bancas do evento). “O evento contribui muito também para que as associações possam angariar fundos, que depois servem para todo o seu ano de atividades em prol da nossa comunidade e criam um impacto positivo muito grande do ponto de vista económico, que nós estimamos na ordem dos 15 milhões de euros diretos, no concelho de Santa Maria da Feira”.

Foram cerca de 1600 trabalhadores e 400 voluntários por dia. Das 110 propostas de animação disponíveis diariamente nos 37 hectares do recinto, houve seis que se destacaram pela sua procura: entre as de acesso já incluído no bilhete ou livre-trânsito, os três espetáculos de grande formato junto à Mata das Guimbras, com encenações sobre episódios do reinado de D. Duarte; entre as que implicavam pagamento adicional, o Castelo da Feira, a Liça dos Torneios e a Floresta Mágica.

Público internacional

A Viagem Medieval ultrapassa fronteiras e já chega dos quatro cantos do mundo. “Felizmente, nesta edição, temos conhecimento através da venda de bilhetes online, de 22 nacionalidades aqui presentes, desde os Estados Unidos até às Bahamas, América do Sul, depois de toda a Europa. Temos, para nós, que muitos destes países é a nossa comunidade que está fora, são os nossos emigrantes que regressam na altura das férias e que aproveitam para estar na Viagem Medieval”, explicou o autarca.

Contudo, são cada vez mais os estrangeiros que também marcam presença no evento. “Muito desse público já são nacionais desses próprios países que vêm visitar Portugal e que querem, quando estão no norte do país, ter um evento diferenciado. Portanto, nós estamos neste momento com este evento num processo forte de internacionalização. Claro que os nossos grandes embaixadores são os nossos emigrantes que, aliás, quero cumprimentar de uma forma muito especial, nomeadamente aqueles que são feirenses, e temos muitos espalhados pela Europa, pelo Brasil, Venezuela, África do Sul, que são as grandes comunidades que nós temos e as casas portuguesas de feirenses que ali estão identificadas”.

Em França, Santa Maria da Feira tem uma geminação com a cidade de Joué-Lès-Tours. “Temos enormes comunidades que estão na França, na Suíça, na Alemanha, que regressam e falam da Viagem Medieval com grande entusiasmo àquelas pessoas com quem lidam no dia a dia no seu trabalho e, muitos deles, trazem-nos aqui para mostrarem o que a sua terra consegue fazer de muitíssimo bom”.

Fica o mote para uma visita no próximo ano, com a certeza de que a Viagem Medieval continuará a ser a maior recriação histórica de toda a Europa.

Cultura, marca identitária

Santa Maria da Feira tem, ao longo de todo o ano, um conjunto importante de eventos, sendo que aquele que tem a maior notoriedade e maior dimensão é a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, até pelo número de público que habitualmente visita o evento.

Mas temos outros eventos que são muito importantes, como a Festa das Fogaceiras, que é a nossa festa mais emblemática do concelho de Santa Maria da Feira e que é uma tradição que tem mais de 500 anos de história, que se iniciou em 1505 e ininterruptamente os feirenses assinalam esta festa das fogaceiras.

Temos aquele que é o maior festival internacional de teatro de rua do país, o Imaginarius, o que nos coloca na rota dos grandes festivais de artes de rua de toda a Europa.

Temos o Perlim, que é um evento de Natal com o seu mercado, com toda a Quinta do Castelo a viver de forma muito intensa o espírito de Natal. Um evento muito dirigido para o público de famílias, para além de inúmeros festivais que fazemos que vão desde marionetas a encontros de música de órgãos de tubo, passando por concertos de música clássica, até concertos de música contemporânea e música rock.

Temos ao longo de todo o ano, espalhado por todo o território, um conjunto muito vasto de atividades culturais, porque assumimos a cultura como um investimento. Um investimento no nosso território, nas nossas pessoas, no nosso bem-estar, na nossa felicidade e também como um instrumento de inclusão cultural, de coesão territorial e, portanto, a cultura é uma marca identitária de Santa Maria da Feira.

Aliás, nós chamamos à nossa cidade, a cidade palco, porque acolhe todos os eventos e toda esta comunidade criativa e artística”, salientou o autarca

Feiras Novas: o maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal

Assinalaram-se 60 anos do Cortejo Etnográfico das Feiras Novas, o maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal. O Ponto PT assistiu ao desfile que teve Fernando Pimenta, canoísta e atleta olímpico português, como convidado de honra.

Oficialmente classificadas como Património Cultural Imaterial em 2023, as Feiras Novas são um marco nas festas populares em Portugal. “A sua antiguidade e o conjunto de tradições que lhe estão associadas, reflexo de um modo muito próprio de viver a festa que é típico das gentes de Ponte de Lima, valeu a inscrição das Feiras Novas no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, inscrição publicada no Diário da República de 29 de novembro de 2023. As Feiras Novas, que agora temos de preservar e transmitir às gerações futuras com um sentido de compromisso ainda maior, convocam em nós um forte sentimento de pertença, que une todo um território e a sua população. Este sentimento é bem percetível e visível em diversas manifestações, sendo uma das mais relevantes o grandioso Cortejo Etnográfico das tardes de sábado, em que desfilam, pelas nossas ruas, dezenas de freguesias, com as suas tradições e costumes”, explicou Gonçalo Rodrigues, presidente da Associação Concelhia das Feiras Novas.

Ponte de Lima orgulha-se muito da grande riqueza e diversidade deste tipo de manifestações, que se repetem ciclicamente. “Celebrar as Feiras Novas é celebrar Ponte de Lima, a sua identidade, agora também refletida no seu Património Cultural Imaterial. Há todo um conjunto de práticas ancestrais, há toda uma série de tradições, de narrativas e de festividades que estão enraizadas no mais profundo do nosso ser e que forma o corpus do património intangível de uma região ou de um território”, quem o diz é Vasco Ferraz, presidente do Município de Ponte de Lima. A verdade é que as Feiras Novas são seis dias da mais pura celebração das tradições limianas.

As Feiras Novas são consideradas como o maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal, tornando-se uma referência nacional, atraindo, todos os anos, milhares de visitantes vindos de todo o país para esta grande romaria de noite e de dia. São as festas concelhias, celebradas em honra de Nossa Senhora das Dores e oficialmente Património Cultural Imaterial Nacional que irradiam a alegria e espontaneidade do povo. Por toda a vila, as rusgas, as concertinas, os cantares ao desafio, o folclore e a gastronomia transformam estas festas num acontecimento singular e inesquecível. “São as nossas maiores festas do concelho, é aqui que nós juntamos as freguesias todas, todos os anos, que demonstram os nossos usos, costumes e tradições. Em alguns casos, até os nossos ofícios. Podermos ter isto através de uma festa, de forma a promovermos o nosso território e, ao mesmo tempo, sensibilizarmos os mais novos para aquilo que era o passado, feito pelos seus pais e avós, é um feito extraordinário. Ao longo de 60 anos consecutivos conseguirmos demonstrar isto é muito bom para o desenvolvimento do próprio território”, disse ao Ponto PT o autarca.

Ao longos dos seis dias de Feiras Novas, Ponte de Lima recebe cerca de 1 milhão de visitantes. “Uma grande parte destas pessoas faz despesa, fica na hotelaria, recorre à restauração, e isso acaba por fazer com que haja um retorno económico para o nosso concelho, sendo que esse não é o intuito prioritário”, acrescenta.

Muito conhecida pelas suas rusgas, as Feiras Novas ajudam a transmitir o sentimento do que é ser limiano aos mais jovens. “Este ‘limianismo’ passa-se nestes momentos. É aqui que se sente o amor pela terra”, concluiu Vasco Ferraz

Associação Franco Portuguesa de Puteaux

Três décadas de dedicação às raízes portuguesas

Criada em 1988, a Associação Franco Portuguesa de Puteaux (AFPP) dinamiza toda a comunidade com diversas atividades que marcam a agenda festiva da cidade. “Sentimos a necessidade de fazer coisas para as pessoas e foi assim que nasceu a nossa coletividade”, revelou com emoção ao Ponto PT, o membro fundador e tesoureiro Manuel Teixeira.

Devido à evolução arquitetónica da localidade, paredes meias com o luxuoso bairro La Defense, a associação viu, este ano, ser demolida a sua sede de tantos anos e tantas alegrias. O presidente da direção há duas décadas é José Afonso, que lembrou à nossa reportagem com a voz embargada “faz-nos falta aquele espaço. Todas as tardes recebíamos os sócios que falavam com os amigos, jogavam às cartas, lanchavam um queijinho ou chouriça, bebiam uma cerveja e depois à noite jantavam só uma sopinha. Era uma forma de os manter ocupados e ativos, mas agora, até encontrarmos uma nova sede, alguns nem querem sair de casa nem têm vontade de pagar as cotas”. Acredita-se que a falta de um espaço fixo e permanente seja temporária.

O Município de Puteaux encontrou alternativas para os ensaios do Rancho Folclórico “Flores de Portugal”, para as danças de salão e zumba, mas sobretudo para as aulas de português. A partir de outubro o professor Rodrigues volta a receber crianças e adultos com vontade de aprender a língua de Camões. Um ginásio da cidade recebe duas vezes por semana quarenta participantes nas aulas de zumba, coordenadas por uma jovem aderente da associação, bem como as danças de salão orientadas por uma senhora espanhola, a Pepita.

José Afonso

As finanças da AFPP estão de boa saúde, “mas o serviço diário faz-nos falta para colmatar as despesas correntes, o que se torna complicado apenas com a subvenção anual que recebemos da Mairie”, revela o tesoureiro.

Por norma, a Associação Franco Portuguesa de Puteaux não sabe o que é parar. Em janeiro cantam-se as Janeiras no fim de semana de Reis, com uma festa em que são oferecidas prendas às crianças, a quem é reconhecido o mérito escolar pelo Pai Natal, e oferta de Bolo Rei e cidra aos participantes. Contínuas festas mensais e festas de aniversário dos aderentes ocupam o tempo entre as saídas do Rancho Folclórico e a habitual excursão ao santuário de Lourdes. A noite de Halloween serve de lançamento para o grande magusto de S. Martinho num dia cheio de animação, sardinha, carne assada e muita castanha portuguesa a estalar. O ano termina em grande com o jantar da passagem de ano.

É um dinamismo que vale à AFPP a grande notoriedade que atrai aos eventos não só portugueses, mas também franceses que fazem questão de ser sócios da coletividade para partilhar desta alegria lusa contagiante.

O Rancho Flores de Portugal integra meia centena de pessoas que fazem questão de representar as tradições do Minho “com uma indumentária das mais ricas que se pode ver, através da recriação dos vestidos das mordomas de Viana, incluindo os indispensáveis fios de ouro. Cada traje custa acima dos 1200 euros”, diz Manuel Teixeira com o orgulho de quem lá dança desde o início.

Manuel Teixeira

“O serviço social é uma vertente de grande importância que disponibilizamos para toda a comunidade da Ile-de-France. Temos uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Paris que faz as campanhas de recolha, a seguir traz os produtos em bruto para o nosso armazém, que agora é um espaço de estacionamento de um prédio. Nunca conseguimos foi ver as anunciadas “toneladas” de alimentos de que se fala, é apenas graças ao Sr. João Pina que vamos tendo alguns alimentos para distribuir, pois é a sua benevolência que consegue manter as prateleiras com alguma coisa. Nós é que somos forçados a fazer a triagem e a separação por tipo de alimento. No fim, ao longo do ano, procedemos à entrega dos bens às pessoas carenciadas, cada vez são mais, que vêm por ordem da Santa Casa, a quem dirigem o pedido. O telefone não para todos os dias…”, relatou José Afonso, que lamenta a situação transitória em que se encontra a associação de Puteaux, à espera de novas instalações que lhe permita voltar a desenvolver em pleno as suas atividades em boas condições.

Outra iniciativa de destaque foi a ida de quatro dezenas de jovens de Puteaux à Assembleia da República e à cidade de Lisboa, além das regulares visitas a Braga, ao abrigo do acordo de geminação com a cidade francesa.

A idade avança, mas a dedicação destes homens mantem-se. É por isso que agora a tarefa mais premente é a da continuidade. “Temos aqui três ou quatro rapazes que estamos a puxar por eles e é preciso saber levá-los para assumirem o comando. Estamos a ficar cansados e a força já não é a mesma…”, confessou o atual presidente

Gilberto Igrejas

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto

O Vinho do Porto é a marca mais internacional que Portugal tem ”

Gilberto Igrejas é presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto desde dezembro de 2018. Professor e investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, doutorado em Genética e Biotecnologia tendo desenvolvido uma carreira académica de caráter internacional, com o doutoramento em França e um pós-doutoramento na Austrália, em 2001. Realizou ainda uma pós-graduação em Medicina Legal em 2002 e 2003, na Universidade do Porto. Desde 2018 que lidera o IVDP, tendo por missão promover o controlo da qualidade e quantidade dos vinhos do Porto e Douro.

Qual é a missão e o propósito do trabalho do IVDP?

O objetivo do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto prende-se essencialmente com quatro eixos estratégicos: certificar, defender, controlar e promover as Denominações de Origem Protegidas do Douro e Porto e tudo aquilo que se faz no seu mercado. De alguma maneira, estes quatro pilares assentam aquilo que é a importância do IVDP na região, porque através da certificação nós garantimos ao consumidor que os vinhos são vinhos com qualidade para poderem ser consumidos e usufruídos por parte dos consumidores. Através da defesa, nós garantimos, por um lado, a proteção das marcas Douro e Porto, quer em Portugal, quer nos mercados internacionais, onde nós fazemos através dos gabinetes jurídicos, uma defesa muito exaustiva em termos de marcas coletivas Douro e Porto. A parte do controlo e fiscalização que são efetuadas não só na região, mas também depois ao nível das cadeias de distribuição, garantem que temos uma genuinidade do produto que vendemos, ou seja, os nossos vinhos do Douro e Porto. E finalmente, e não menos importante, a promoção, que é bastante relevante a nível de mercados internacionais e cada vez mais, porque nós assistimos mundialmente a uma quebra da comercialização global de vinhos. Mundialmente está-se a assistir a essa queda e França também não é exceção. Portanto, em França também está a diminuir a quota de mercado em termos de comercialização de vinhos e, portanto, a promoção vai ser uma forma também de alavancar esse crescimento que nós esperamos que possa existir.

Estamos a falar de duas denominações: Porto e Douro. O que estas marcas têm de especial e de diferente das outras para o mercado?

São, de facto, duas denominações importantes. Nós somos a única região que tem, talvez, duas dimensões de origem protegidas com esta afirmação mundial. Por um lado, um vinho fortificado com uma história imensa, o Vinho do Porto, que leva o nome de Portugal praticamente a todos os cantos do mundo. Não há país

que não conheça Portugal pelo Vinho do Porto, com uma afirmação histórica muito relevante desde há vários séculos. E o vinho do Douro, que, sendo um vinho mais recente em termos de comercialização mundial, tem vindo a fazer o seu trajeto, o seu progresso. Podemos dizer que a sua qualidade tem aumentado de forma muito significativa e, desde há 30 anos a esta parte, os vinhos do Douro deram um salto qualitativo muito relevante e nós, hoje, temos vinhos do Douro praticamente em tantos países quase como temos os Vinhos do Porto. Qual é a grande relevância? A grande relevância é nós podermos dizer que temos duas denominações de origem protegidas, que aporta valor para a região e, portanto, nós hoje, quando fazemos promoção do Porto, fazemos igualmente promoção do Douro, quando fazemos promoção do Douro, fazemos igualmente promoção do Porto. Por exemplo, ao nível do Canadá, que é um país muito relevante ao nível da comercialização do Douro, nós também levamos Porto, porque também queremos de alguma maneira fazer esse progresso com o Porto no Canadá.

Não faz sentido separar as duas marcas ...

Não faz sentido. A nossa promoção é uma promoção estratégica e com as duas DOP, porque elas representam, grosso modo, o maior volume de negócio da Região Demarcada Douro e, portanto, nós não fazemos promoção individual do Porto nem promoção individual do Douro. Fazemos a promoção conjunta das duas DOP.

Que características existem nesta região?

Esta região é uma região muito peculiar. Se nós olharmos à história, esta é uma região onde já no tempo dos romanos se fazia a cultura da vinha e, portanto, uma região com uma história imensa. Mas tem peculiaridades. Tem desde logo um rio. E o facto de nós termos um rio, não é um rio que nos separa, é um rio que nos aproxima. E aproxima porquê? Porque no passado foi este mesmo rio que serviu para transportar o vinho da Região Demarcada do Douro até aos cais de Vila Nova de Gaia,

permitindo que ele depois embarcasse, no caso do Vinho do Porto, para o território inglês. Mas hoje, este rio, é também um rio que traz turismo e, portanto, nós temos também essa porta de entrada de muitos turistas na região, precisamente através do rio. Mas qual é o aspeto mais relevante desta região? O aspeto mais relevante desta região é esta cultura da vinha, que foi desenvolvida à custa do esforço humano. É muito relevante dizermos isto: à custa do esforço humano que edificou um território cultural, evolutivo e vivo, que permitiu que nós tivéssemos cerca de 43 mil hectares de vinha plantada, que consignam aquilo que é a Região Demarcada do Douro, e que permitem precisamente estes dois néctares: o Douro e o Porto.

Mas esta região tem custos de viticultura muito acrescidos. Nós não estamos a falar de propriedades que são horizontais e que podem ser granjeadas e trabalhadas com máquinas. Estamos a falar de custos de mão de obra bastante excessivos e estamos a falar de uma região única porque é uma viticultura de montanha. E o facto de termos aqui uma viticultura de montanha aporta custos de produção muito superiores aos de qualquer outra região do mundo e, portanto, esta é a peculiaridade desta região. Temos aqui um verdadeiro jardim de vinhas em terrenos que não são praticamente nada favoráveis à cultura da vinha, mas que o homem, com o seu trabalho, com o seu esforço, conseguiu edificar e, fruto deste terroir, propiciou que nós mantivéssemos aqui um conjunto de mais de 116 castas diferentes na Região Demarcada do Douro.

Como estão estes vinhos no que diz respeito à exportação?

Se eu falar só até julho de 2023, vou estar a complicar-lhe os dados. Porquê? Porque 2023 foi um ano caraterístico. Com a entrada da taxação em Inglaterra, o que é que os agentes económicos fizeram? Até julho de 2023 tentaram exportar o máximo de vinhos para Inglaterra por forma a que as taxas alfandegárias das entradas desses vinhos em julho não surtissem efeito, porque só a partir de agosto começaram a ter efeito. O que é que acontece? Se lhe der os números homólogos, o que me vai

dizer? Que estamos em queda em relação a 2023. Mas é uma queda fictícia, porque comparando 2024 para 2023, o que está aqui é o fenómeno de agosto do Reino Unido. Portanto, nós, em termos globais de 2023 fechámos o ano com cerca de 618 milhões de euros de comercialização em termos de vinhos, sendo que em termos de comparação do balanço, a Região Demarcada do Douro é responsável por cerca de 66% das exportações de vinhos DOP portugueses. Se quisermos agora separar o Douro e o Porto, o Porto contribui, por si só, com 54% das exportações DOP portuguesas, sendo que os restantes 12% são para o Douro. Ou seja, o Douro é menos internacional ainda em quantidade, fruto precisamente de ser uma DOP mais jovem na região. O Porto, pela sua afirmação histórica, representa aqui uma grande quota de mercado em termos de produção mundial.

Quais são os principais mercados?

Os principais mercados têm sido essencialmente, no caso do Porto e em termos de valorização, Portugal à cabeça. Inverteu com a França em termos de valorização do produto. Atualmente somos o primeiro país em termos de valorização, temos depois a França, os Estados Unidos, a Dinamarca e os Países Baixos, como países muito relevantes. E no caso do Douro, temos essencialmente Portugal, e depois o Canadá e o Brasil como países muito relevantes, e que já começam a ter quotas de expressão interessantes.

Porque é que França é um mercado importante para os vinhos Porto e Douro?

França tem, desde logo, uma comunidade portuguesa e, portanto, esses são os melhores embaixadores que podemos ter daquilo que são os nossos vinhos. Conseguimos fazer com que os nossos vinhos possam ter uma explicação detalhada da sua qualidade, do seu território através dos portugueses. No passado, nós sabíamos que era assim. Agora importa rejuvenescer esse mercado e passar esses ensinamentos às jovens gerações, por forma a que essas jovens gerações continuem a levar os nos-

sos vinhos, os vinhos da Região Demarcada do Douro para o território francês. Aquilo que nós acreditamos é que é precisamente através destes embaixadores, através desta nossa comunidade portuguesa que está espalhada por todo o mundo, que nós podemos também afirmar a promoção e a proteção das nossas DOP. Acresce todo um histórico que nós temos com França em termos de Master of Port, em que nós, todos os anos, temos vindo a fazer um trabalho precisamente na escolha desse Master of Port e que nos permite ter uma relação muito próxima com a nossa diáspora, mas também com o público francês, que cada vez mais é um público de elite e que aprecia não só o Vinho do Porto em sentido lato, mas também as categorias premium que nós estamos a lançar.

E que projetos e iniciativas estão pensadas para França?

Durante o mês de outubro e novembro nós vamos ter uma serie de iniciativas, como cocktails mais informais, precisamente com o espírito de atrair um público mais jovem para descomplicar o consumo do Vinho do Porto. Temos masterclasses, temos provas comentadas, portanto, todos estes momentos são momentos que de alguma maneira vão apelar ao conhecimento da região e que sensibiliza os candidatos ao Master of Port que vêm de França a terem um conhecimento muito vasto da nossa Região Demarcada do Douro. Eles conhecem locais, conhecem capelas, conhecem sítios emblemáticos, romarias, miradouros, quintas, enólogos. Eles têm um conhecimento muito detalhado da nossa região e isso, para nós, é uma honra, é um privilégio podermos ter pessoas que, não sendo naturais nem nacionais, têm esse conhecimento tão exaustivo da Região Demarcada do Douro.

A 10 de setembro assinala-se o Dia Internacional do Vinho do Porto. O que é que representa?

O significado do Dia do Vinho do Porto corresponde à data da delimitação e regulamentação da mais antiga região demarcada do mundo, que é a Região Demarcada do Douro. Para nós tem um

significado especial, na medida em que nós, com este dia, atribuímos as distinções Douro Mais Sustentável. Nesta atribuição das distinções Douro mais sustentável, distinguimos um projeto na enologia, um projeto na viticultura, um projeto na revelação e um projeto no enoturismo. Nós queremos, de alguma maneira, dar palco àqueles que, não sendo muito conhecidos da comunicação social, têm projetos verdadeiramente inovadores nestas quatro áreas. Mas estas distinções não terminam aqui, porque no dia 19 de setembro tivemos a celebração dos 30 anos do Porto Vintage, com prova comentada de 1994. Foi um Vintage muito especial e, portanto, este ano comemoram-se os 30 anos e significa que nós, durante esse dia, tivemos uma prova comentada no IVDP precisamente com alguns dos enólogos dessas castas que explicaram como é que este vintage evoluiu ao longo dos 30 anos.

No dia 20 de setembro tivemos dois momentos. Por um lado, uma Sunset Party no Mercado do Bolhão, com momentos verdadeiramente de confraternização com um público mais jovem. No final, tivemos uma masterclass com cocktails de Vinho do Porto, precisamente para aproximar ainda mais o público mais jovem, num consumo regrado e moderado, mas descomplexando o consumo de vinho do Porto.

Não há país que não conheça

Portugal pelo Vinho do Porto...

Mas é importante a existência deste dia para o Vinho do Porto?

É importante porque, de alguma maneira, calendariza no ano uma atividade de toda uma Região Demarcada do Douro, mas, ao mesmo tempo, também aproxima o público do conhecimento mais exaustivo dos vinhos da Região Demarcada do Douro. De alguma forma, esta efeméride, que tem uma realização anual no dia 10 de setembro, visa essencialmente dar a conhecer aquilo que de melhor a Região Demarcada do Douro faz, esta monocultura que é a cultura da vinha.

A sua história faz do Vinho do Porto uma marca muito forte a nível internacional?

Não tenho qualquer dúvida que o Porto é a marca mais internacional que Portugal tem. Portanto, o Vinho do Porto é, seguramente, a marca mais internacional. Se nós perguntarmos a qualquer cidadão de uma outra nacionalidade, o que conhece de Portugal, eu não tenho qualquer dúvida que num top três o Vinho do Porto vai surgir sempre destacado.

Que projetos e objetivos futuros estão por alcançar?

O nosso projeto de futuro é um projeto de sustentabilidade para a Região Demarcada do Douro. Ou seja, num ambiente de cenário mundial, em que a comercialização de vinhos mundialmente está a diminuir, nós temos de nos reinventar e temos de encontrar melhores soluções que, de alguma maneira, continuem a preservar o que melhor tem a viticultura duriense e trazer sustentabilidade económica, social e ambiental à Região Demarcada do Douro. Portanto, o maior projeto é garantir a sustentabilidade social e económica daqueles que trabalham a terra, daqueles que são os verdadeiros gestores da paisagem, que são os nossos agricultores e os nossos viticultores

PORT WINE DAY:

CELEBRAR O VINHO DO PORTO

O Port Wine day comemora o dia 10 de setembro de 1756, data em que o Marquês de Pombal estabeleceu o desígnio estratégico de fundar a Região Demarcada do Douro. Fê-lo com uma visão de futuro. Ensinou aos vindouros que a riqueza que aqui se gera, património inestimável do país, se deve gerir com ousadia e pragmatismo, com a visão de longo prazo, fixada no futuro. Conseguiu o Marquês de Pombal que este modelo, por ser uma forma eficaz de estruturar a economia local e de acrescentar valor aos vinhos que aqui eram produzidos, vingasse e que estivesse na essência programática do que foram as denominações de origem vitivinícolas por todo o mundo então criadas, modelo que hoje tão fervorosamente é preservado e defendido. Assistia-se, num passo de grande arrojo e de invulgar inovação, à génese da primeira “marca coletiva” portuguesa, tal como hoje diríamos.

Foi em 2014, passados 258 anos, que oficialmente foi instituído o dia 10 de setembro como Dia Internacional do Vinho do Porto, nascendo assim a vontade de celebrar o Vinho do Porto e de o partilhar, cada vez com maior entusiasmo, com o público consumidor.

Com o Port Wine day assinala-se a importância que o Vinho do Porto assume para o país, como motor de desenvolvimento e crescimento. A comemoração deste dia, tem na sua essência, a valorização dos vinhos com Denominação de Origem Protegida produzidos na Região Demarcada do Douro.

Conscientes que qualquer progresso se faz através de pessoas, pessoas que estão no terreno e que se excedem naquilo que seria expectável virem a fazer, o IVDP tem vindo a associar ao Port Wine day a outorga de distinções “Douro Mais Sustentável” nas áreas da viticultura, enologia, enoturismo e revelação, àqueles que se destacaram pelo seu afinco, pelo sucesso, pelos sonhos que conseguiram concretizar, pelo profissionalismo que imprimiram aos seus projetos e, acima de tudo, valorizar quem, nas mais variadas áreas de atuação, tem como objetivo o desenvolvimento sustentável do Douro e dá primazia ao benefício coletivo na conceção dos seus projetos.

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HÉLDER TAVARES promove trabalho da Associação Sara Carreira

É uma das vozes da Cidade FM todas as manhãs. Hélder Tavares é locutor de rádio e umas das caras mais conhecidas do público jovem português, tendo uma forte presença no digital. É também embaixador da Associação Sara Carreira, projeto ao qual se associou desde o primeiro momento, contribuindo para a realização de sonhos.

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Desde quando estás associado a este projeto da Associação Sara Carreira e como surgiu a ligação?

Penso que faz dois anos. O tempo passa a voar e eu sou péssimo com datas. Eu já era amigo da Sara e depois houve um processo da associação em perceber que embaixadores fazia mais sentido representarem a associação. Fez sentido para a associação e para mim também estar dentro deste projeto.

Que significado tem para ti?

Ser embaixador tem este lado de fazer com que este projeto chegue a mais pessoas. Nós, enquanto embaixadores, temos esta componente também das redes sociais, de fazermos com que o projeto não só chegue a mais pessoas, como mais pessoas o conheçam e o abracem. Um dos exemplos é a Gala dos Sonhos, que faz com que muita gente se una e possa contribuir, nem que seja com pouco. Cada embaixador, sobretudo embaixadores que vêm das redes e que usam as redes sociais, se puderem usar essa plataforma para fazer com que mais pessoas se possam unir a este projeto, o país agradece. E nós também.

Qual é o sentimento por saberes que contribuis para a realização de sonhos dos jovens bolseiros?

Os bolseiros têm muitos sonhos. São pessoas que não têm muitas posses e, portanto, este projeto tem aqui este lado mais solidário, em que está sempre pronto a ajudar pessoas que tenham objetivos. Eu próprio já fui bolseiro e sei o que é não ter muitas capacidades e ter esta oportunidade para lá chegar. É o sentimento de ter não só uma grande oportunidade, mas perceber que se pode lá chegar. Qualquer um pode lá chegar. Os bolseiros, se receberam esta ajuda, que não gosto de chamar ajuda, mas sim oportunidade, devem agarrar como eu fiz. No meu caso enquanto bolseiro, senão fosse isso, não estaria onde estou neste momento. Acaba por ter um papel importante para o futuro.

É o sentimento de ter não só uma grande oportunidade, mas perceber que se pode lá chegar. Qualquer um pode lá chegar.

Como vês o papel e trabalho da associação ao longo de todo o ano?

A Associação Sara Carreira não é apenas a Gala dos Sonhos, que se realiza uma vez por ano. É muito mais do que isso, aliás, essa gala acaba por ser um bocadinho daquilo que acontece ao longo de todo o ano. Esta partilha que se fazem acaba por criar dinâmicas e atividades ao longo de todo o ano. Ainda recentemente a associação esteve numa escola de Odivelas, e ajudou estudantes com problemas cognitivos, e foram até ao Porto. Foi uma experiência incrível. Há todo um plano de atividades não só com os bolseiros, mas com pedidos de ajuda que surgem de outros pontos, como de associações, escolas. Este projeto acaba por ter esse lado também.

Como sentes a ligação do povo português com a associação?

Eu acho que somos um povo muito caloroso. Agora, recentemente, tive num trabalho de animar algumas festas durante o Europeu e lidei muito com estrangeiros, e era incrível porque me diziam que amavam vir a Portugal, adoravam o país e que gostavam sobretudo do lado caloroso dos portugueses, que acaba por ser diferenciador em relação aos outros países. Temos este lado muito próximo e isso vê-se sobretudo nesta associação e na Gala dos Sonhos. Há muita a gente a partilhar donativos. Depois também há o facto de a Sara Carreira vir de uma família muito acarinhada pelo povo. Esta junção toda faz com que este projeto seja um grande sucesso.

Que participação tiveste nas galas?

A minha participação tem sido o atendimento de chamadas telefónicas para donativos.

O que se sente nesse dia?

No meu caso, como já tinha uma relação com a Sara, surgem aquelas recordações de momentos, que é inevitável. Mas também vou sentindo muita alegria por ver tanta gente conhecida num espaço e a ajudar este projeto e sobretudo a família

Carreira. Depois vemos os portugueses a colaborar, mesmo em casa, mas a participar também. Os portugueses acabam por ter um papel ainda mais importante. Portanto, acaba por ser uma alegria muito grande por saber que há muita gente a contribuir e depois aqueles arrepios, mas bons, de ver artistas que sobem ao palco, que fazem colaborações que nunca foram feitas antes e que nasceram para aquilo. É giro ver todo um desenvolvimento e todo um desenrolar, não só de quem está atrás do projeto, mas sobretudo dos artistas que fazem coisas maravilhosas e a pensar, sobretudo, naquele dia.

Alguma história ou experiência engraçada desses telefonemas?

No meu caso não, mas eu já ouvi, de pessoas que partilharam valores muito altos. Nunca aconteceu comigo, mas toda ajuda é bem-vinda. Há pessoas que ficam boquiabertas sabendo que atenderam telefonemas com um grande donativo. Portanto, espero eu que em dezembro tenha essa sorte de atender um telefonema com alguém que faça um donativo muito grande.

Que conselho podes deixar para os jovens bolseiros?

O conselho, sobretudo, é não desistir e continuarem a mostrar o porquê de terem sido escolhidos para receberem a bolsa. Já fui bolseiro na faculdade e sentia que não tinha de alcançar as coisas por ter bolsa, mas aproveitei o facto de ter uma bolsa para concretizar os objetivos. Portanto, é não desistir, trabalhar muito, que vão lá chegar, ao objetivo final.

Quem é o Hélder Tavares que está à minha frente?

Sou um jovem que sempre sonhou trabalhar em rádio. As redes sociais aparecem mais tarde por consequência, mas o objetivo sempre foi rádio e a Cidade FM, que é hoje a rádio onde eu trabalho. Uma vez fiz uma visita de estudo à Cidade FM, tinha eu 12 anos, e as primeiras vozes que ouvi foi do Wilson Honrado, que trabalha agora na Rádio Comercial, e da Ana

Moreira, que neste momento está na M80. Lembro-me de me virar para o Wilson Honrado e lhe dizer: um dia vou estar no teu lugar. Aqui se via a confiança de um miúdo de 12 anos. Foi todo um caminho que trilhei até conseguir. Fui para a faculdade para tirar uma licenciatura na área da comunicação. Antes da faculdade quis ir para Londres porque eu achava que em Portugal não ia conseguir trabalhar em rádio por o mercado ser muito pequeno. Tinha essa ideia na cabeça e como tinha família em Londres pensei que me podiam ajudar. No 12º ano voltei à Cidade FM e a produtora conhecia-me porque eu era o miúdo que participava nos passatempos todos, e no final dessa visita, a produtora diss-me que podia dar um estágio na Cidade FM no final do curso. Então deixei a ideia de Londres de lado, fui estudar para Santarém e no meu último ano contactei a Sónia Simão e a 6 de março de 2019, comecei o meu estágio de nove meses e, atualmente, estou nas manhãs da Cidade FM.

Completamente realizado ...

Completamente realizado, é verdade.

Mas como surgiu a paixão pela rádio?

Eu acho que foi a magia da rádio que me prendeu. Numa aula de substituição, em que a turma estava dividida em grupos, altura em que tinha um telemóvel a preto e branco, mas um amigo tinha um mais avançado, em que se conseguia ouvir música. Éramos seis nesse grupo e todos queríamos ouvir música. Fizemos escalas de 15 minutos e, como eu fiquei em último, ainda consegui ouvir música no intervalo. Estive 20 minutos a ouvir a Cidade FM e foi aí que senti o clique. Estarem a falar ... e eu com um aparelho ouvi-los a comunicar e a comunicarem para mim. Sabemos que há muitas pessoas a ouvir rádio, mas nós tratamos os ouvintes de forma individual, o que faz com que quem está no carro consiga absorver de uma forma completamente diferente. Isso faz com que haja uma maior proximidade entre ouvinte e locutor. Foi isso que me agarrou, essa proximidade que senti logo no momento, e depois a música. Falamos de

um trabalho em que o objetivo é falares para um ouvinte e tens a parte da música. Isso cativou-me logo, ao ponto de no dia seguinte ir a uma loja comprar um rádio pequeno. Foi assim que nasceu a paixão.

Eu acho

que foi a magia da rádio que me prendeu...

A Cidade FM dirige-se a um público muito específico. Isso encantava-se também?

Encanta muito. Eu, que sou jovem, sinto que comunico para a minha faixa etária.

É mais fácil?

É muito mais fácil. Se bem que, no programa da manhã, temos muitos pais que ouvem o programa, influenciados pelos filhos. Ainda hoje para mim é estranho receber pedidos para gravar vídeos para os pais, porque gostam de me ouvir. De repente, acontece um circuito que não era o que eu estava habituado, mas que é engraçado porque para além dos filhos, tens também os pais que gostam de te ouvir, no discurso que tenho para os filhos. Acho que os próprios pais se sentem mais jovens.

Ainda te lembras da primeira vez que entraste no ar em direto?

Sim, lembro-me da primeira vez. Estava muito nervoso. Foi num sábado de manhã, fazia fins de semana de manhã. Tinha terminado o estágio de produção, fui chamado para estágio de locução e fiz um estágio de seis meses. Fui escolhido para fazer, sobretudo, fins de semana de manhã e lembro-me de estar muito nervoso. Agora já passou, chega o microfone e é uma maravilha, mas naquele momento tinha aquela ansiedade de ligar a via pensar: eu não posso errar. Agora se errar já é naturalíssimo, até brinco com a situação. Mas na altura as pessoas não me conheciam e tinha sempre aquele medo de dar um passo em falso.

As redes sociais acabaram por surgir no teu percurso. Hoje, são uma parte importante?

São muito importantes. Eu sinto que as redes sociais vieram ajudar-me sobretudo na rádio. Eu tive um boom gigante, sobretudo no TikTok, porque comecei a fazer vídeos com desafios que as pessoas me lançavam para fazer durante a emissão. Comecei a fazer e há um primeiro vídeo que rebentou e teve um milhão de visualizações. A partir daí as pessoas começaram a lançar desafios: diz o teu nome cinco vezes na rádio, lança duas músicas ao mesmo tempo, diz que gostas de algo, engana nas horas ... aquilo tornou-se hábito e as pessoas gostaram tanto daquilo que ainda hoje me pedem. Agora não faço tanto para não cansar, mas volta e meia ainda faço. Muitas pessoas não sabiam quem eu era, só conheciam a minha voz, e de repente ganharam uma imagem que veio do TikTok. Sinto que hoje a rádio caminha lado a lado com as redes sociais. A rádio já não vive sem as redes sociais. Eu próprio sinto isso, hoje as pessoas ouvem-me nas manhãs, sabem quem eu sou, mas muito desse público veio do TikTok. Eu era uma pessoa muito envergonhada, não gostava de redes sociais, não gostava de aparecer e, a partir da faculdade, fiz os primeiros vídeos para o Youtube e perdi essa vergonha. Atualmente não vivo sem redes sociais, é uma ferramenta de trabalho. Ganho dinheiro com as redes sociais.

A tua voz também é uma ferramenta de trabalho, mas também uma marca identitária.

As pessoas comentam que tenho uma voz muito característica. É bom ter isso. Sinto que mesmo que as pessoas não me estejam a ver, começo a falar e as pessoas reconhecem logo.

Que outras áreas gostavas de abraçar?

Acho que televisão será o próximo passo, pelo menos gostava que fosse. Já dei uma perninha na antiga TVI Ficção, com um programa de talentos. Foi um programa onde fui muito feliz, mas agora gostava de ter mais projetos em televisão.

Que outros objetivos tens para a tua carreira?

Animar festas é uma coisa que eu gosto muito, porque sinto que estou próximo de quem me ouve e me segue nas redes sociais. Sei que não ficarei na Cidade FM para sempre, tenho o objetivo de chegar às rádios líderes em Portugal. Acho que o principal objetivo passa mesmo por chegar a uma rádio ainda mais de topo, continuar a animar eventos e chegar à televisão.

Sentes que a Cidade FM serve de aprendizagem?

A Cidade FM é uma escola. Já houve momentos em que pensei, mas desvio logo o pensamento porque é estranho, saber que um dia posso deixar a rádio em que desde os 12 anos quis trabalhar. Mas sei que isso vai acontecer um dia. A Cidade FM acaba por ser uma escola para uma rádio maior. Vamos lá ver o que o futuro nos reserva.

Animar festas é uma coisa que eu gosto muito, porque sinto que estou próximo de quem me ouve e me segue nas redes sociais.

Que mensagem queres deixar aos teus seguidores e ouvintes?

Continuem a ouvir-me de manhã e a seguir nas redes sociais. Obrigada por toda a força, por todo o carinho que recebo onde quer que seja. Isso acaba por dar uma motivação maior, para quem acorda às 6h da manhã. Esse carinho faz com que eu continue a acordar cedo e faz com que eu tenha ainda mais força para continuar o meu caminho

Paris 2024:

A PRESTAÇÃO DE PORTUGAL

JOGOS OLÍMPICOS

Dezasseis dias de competição, 73 atletas, 15 modalidades, participação em 66 eventos de medalha e o balanço da equipa Portugal nos Jogos Olímpicos Paris 2024 apresenta-se positivo, com mais quatro medalhas conquistadas a fazer subir o total de toda a história de participação olímpica nacional para 32.

Patrícia Sampaio conquistou medalha de bronze

A judoca Patrícia Sampaio conquistou o bronze em -78 kg em Paris2024, ao bater a japonesa Rika Takayama duplo waza-ari.

Iúri Leitão e Rui Oliveira campeões olímpicos em madison

Os ciclistas Iúri Leitão e Rui Oliveira conquistaram a medalha de ouro em madison, o sexto título olímpico do desporto português, depois dos cinco no atletismo, no 32.º pódio luso de sempre. Na estreia lusa em provas masculinas de pista, Iúri Leitão e Rui Oliveira juntam-se a Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Nélson Évora e Pedro Pichardo, todos campeões olímpicos no atletismo. A dupla lusa somou 55 pontos, nas 200 voltas à pista do Velódromo Saint-Quentinen-Yvelines, mais oito do que a Itália, com Simone Consonni e Elia Viviani, segunda classificada, enquanto a Dinamarca, com Niklas Larsen e Michael Moerkoev, terminou no terceiro posto, com 41.

Pedro Pichardo conquistou medalha de prata

O português Pedro Pichardo conquistou a medalha de prata no triplo salto dos Jogos Olímpicos Paris2024. Depois de ter passado com relativa facilidade a qualificação com 17,44 metros, Pichardo foi batido pelo espanhol Jordan Díaz, por dois centímetros, tal como nos Europeus Roma2024.

Ciclista Iúri Leitão conquistou medalha de prata no omnium

O campeão do mundo em título, Iúri Leitão, conquistou a prata no omnium dos Jogos Olímpicos Paris2024, dando a primeira medalha ao ciclismo de pista português. Na estreia olímpica masculina de Portugal no ciclismo de pista, Iúri Leitão concluiu o omnium com 153 pontos, atrás do francês Benjamin Thomas (164) e à frente do belga Fábio van den Bossche (131).

JOGOS PARALÍMPICOS

Portugal competiu nos Jogos Paralímpicos

Paris 2024, que decorreram de 28 de agosto a 8 de Setembro, com 26 atletas de 9 modalidades.

Portugal concluiu a participação nos Jogos Paralímpicos Paris 2024 com sete medalhas, para além de 18 diplomas paralímpicos conquistados em classificações obtidas do 4º ao 8º lugares.

Sandro Baessa de prata nos 1.500 metros T20

O português Sandro Baessa conquistou a medalha de prata na prova dos 1.500 metros T20 (deficiência intelectual) dos Jogos Paralímpicos. Sandro Baessa, de 25 anos, correu a distância em 3.49,46 minutos, melhorando o recorde nacional que já lhe pertencia (3.52,84), numa final na qual o britânico Ben Sandilands assegurou o ouro, com recorde mundial (3.45,50).

Miguel Monteiro conquistou ouro no lançamento do peso F40

O português Miguel Monteiro sagrou-se campeão paralímpico do lançamento do peso F40 nos Jogos Paris2024, com um lançamento a 11,21 metros, marca que constitui novo recorde da competição.

Luís Costa conquistou bronze no contrarrelógio da classe H5

O português Luís Costa conquistou a medalha de bronze na prova de contrarrelógio de ciclismo de estrada da classe H5 dos Jogos Paralímpicos Paris2024. Luís Costa percorreu os 28,3 quilómetros da prova, disputada em Clichy-Sous-Bois, em 44.26,32 minutos, ficando a 3.34,73 do vencedor, o neerlandês Mitch Valize (41.01,59).

Diogo Cancela conquistou bronze nos 200 metros estilos

O nadador português Diogo Cancela conquistou a medalha de bronze na prova dos 200 metros estilos SM8 dos Jogos Paralímpicos Paris2024. Na lotada Arena Paris La Defense, Diogo Cancela, que não tem o braço direito e é vice-campeão do mundo da disciplina, cronometrou em 2.23,64 minutos.

Atleta Carolina Duarte conquistou bronze nos 400 metros T13

A atleta Carolina Duarte conquistou o bronze nos 400 metros T13 (deficiência visual) nos Jogos Paralímpicos Paris2024. No Stade de France, Carolina Duarte, que tinha sido a mais rápida nas eliminatórias (55,99 segundos), correu a final em 55,52, terminando atrás da azeri Lamyia Valiyeva, que foi prata com 55,09, e da brasileira Rayane Silva, que assegurou o ouro como novo recorde mundial (53,55).

Djibrilo Iafa de bronze no judo

O judoca Djibrilo Iafa conquistou a medalha de bronze no torneio de -73 kg dos Jogos Paralímpicos Paris2024. No combate para atribuição do bronze, Djibrilo Iafa, que deu ao judo português a primeira medalha em Jogos Paralímpicos, bateu o brasileiro Harley Arruda por ‘waza-ari’.

Cristina Gonçalves conquistou o ouro no torneio de boccia BC2

A portuguesa Cristina Gonçalves conquistou a medalha de ouro no torneio individual de boccia BC2 dos Jogos Paralímpicos Paris2024, ao derrotar na final a sul-coreana Soyeong Jeong, por 4-1, pelos parciais 1-0, 2-0, 1-0 e 0-1. Cristina Gonçalves, que soma em Paris2024 a sua sexta participação em Jogos, conseguiu na Arena Paris Sul a sua quarta medalha paralímpica, a primeira em competições individuais. Em equipas BC1/BC2, Cristina Gonçalves, de 46 anos, foi bronze no Rio2016, prata em Pequim2008 e ouro em Atenas2004.

Advogado em França e Portugal

- Barreau de Bordeaux

- Conselho Regional do Porto Doutor em Direito

pe.deoliveira-62334p@adv.oa.pt

O abandono do posto de trabalho por um funcionário era uma situação desconfortável para o empregador em França até a adoção da lei sobre o mercado do emprego a 21 de dezembro de 2022. Com efeito, o empregador que pretendia pôr fim ao contrato de trabalho de um empregado que abandonou o seu posto de trabalho devia desenrolar todo o processo de despedimento por facto imputável ao trabalhador alegando uma justa causa. Com o novo procedimento plasmado nos artigos L. 1237-1-1 e R.1237-13 do código do trabalho francês, a França aproxima-se dos preceitos portugueses em matéria de abandono de posto de trabalho que já estão vigentes desde 2009 em Portugal. Assim, o novo diploma implementou no direito francês o conceito de presunção de abandono do trabalho que já estava estatuído pelo número 2 do artigo 403.° do código do trabalho português nos seguintes termos:

“Presume-se o abandono do trabalho em caso de ausência de trabalhador do serviço durante, pelo menos, 10 dias úteis seguidos, sem que o empregador seja informado do motivo da ausência”.

Em princípio, considera-se que há abandono do trabalho quando a ausência do trabalhador do serviço é acompanhada de factos que, com toda a probabilidade, revelam a intenção de não o retomar. No entanto, a legislação, de ambos os países, permite ao empregador de recorrer ao mecanismo da presunção de abandono do trabalho. Desta forma, só é suficiente cumprir os requisitos legais necessários a instanciação da presunção para obter a efetivação da denúncia do contrato de trabalho em caso de abandono do posto. Os requisitos consistem nos dois países no respeito de um prazo mais ou menos longo e na interpelação do empregado por carta registada com aviso de receção. Em Portugal o prazo é de 10 dias úteis seguidos de ausência e em França são pelo menos 15 dias sem resposta do empregado. Em Portugal o abandono do trabalho só pode ser invocado pelo empregador após comunicação ao trabalhador dos factos constitutivos do abandono ou da presunção do mesmo, por carta registada com aviso de receção para a última morada conhecida deste. Em França, o empregador também deve enviar uma carta registada com aviso de receção, que serve para iniciar o desconto do prazo de 15 dias, permitindo ao empregado justificar a sua ausência do posto de trabalho. Só se o prazo for levado a cabo sem justificação do empregado é que a presunção de abandono do trabalho devirá eficaz.

Não obstante a notificação da carta interpelativa pelo patrão, o empregado ainda pode tentar ilidir a presunção de abandono do posto de trabalho. Em Portugal, não basta ao trabalhador comunicar os motivos da ausência, este tem que provar que houve um motivo de força maior que o impossibilitou de efetuar a comunicação da sua ausência atempadamente. Em França, o empregado pode prevalecer-se dum motivo legítimo para tentar refutar a presunção. Já não carece de justificar de um motivo de força maior. Podemos aqui sublinhar a diferença de exigência entre os dois países. O empregado em França tem um leque de motivos legítimos mais extenso à sua disposição para aniquilar a presunção de abandono do trabalho. Em caso de litígio sobre a pertinência do motivo invocado pelo trabalhador, é o tribunal do trabalho que será competente para tratar do assunto. Em França, nesta matéria, o tribunal tem obrigação de julgar o caso e prolatar a sentença no prazo de um mês a contar instauração material do processo.

Na hipótese de não existir motivos justificadores da ausência, o abandono do posto de trabalho é, perante a lei de ambos os países, interpretado como uma forma de cessação do contrato por iniciativa do trabalhador. Outrossim dito, o abandono é equiparado à denúncia do contrato de trabalho pelo empregado. Nesta ocorrência, o empregado não tem direito a qualquer indemnização. Pelo contrário, em caso de abandono do trabalho, o trabalhador deve indemnizar o empregador. Em Portugal o empregador será ressarcido nos termos do artigo 401.º do código do trabalho que é relativo à denúncia do contrato pelo trabalhador sem respeito do prazo de aviso prévio. Em França, a indemnização do empregador é mais circunscrita. Em conclusão, qualquer que seja o país, o empregador deve acatar com o devido rigor a legislação referente ao abandono do posto de trabalho e ter uma particular atenção com as menções que devem constar da carta interpelativa

ELENA CORREIA:

Dos bailaricos nas comunidades ao mercado da música em Portugal

Quem é a Elena Correia?

É uma menina que nasceu apaixonada pela música portuguesa. Sou filha de emigrantes da região da Beira Alta, dos lados de Viseu, mas nasci em França. A minha grande paixão, como disse, foi sempre música portuguesa e Portugal, com certeza. Portanto, desde criança que ando nos bailes portugueses nas comunidades e sinto-me ligada a tudo o que toca Portugal. Sempre foi a minha onda.

Tinha artistas na família? Como é que a paixão pela música foi crescendo? Não, eu não tenho ninguém no mundo da música na minha família. Como os meus pais emigraram para França, eu desde pequenina tive o hábito de ir aos bailaricos portugueses, que aconteciam todos os fins de semana e comecei a ouvir música portuguesa e a ter aquela curiosidade de conhecer artistas portugueses. Depois, começou ali a mexer comigo e aos 12 anos de idade aprendi a tocar teclado, que foi o meu primeiro instrumento. Aí apercebi-me que podia tocar e cantar ao mesmo tempo. Como cantar era, desde criança, a minha grande paixão, aí pensei cantar e tocar ao mesmo tempo. E assim é que comecei a pisar os meus primeiros palcos, com a idade de 12 anos.

Mas tinha o objetivo de fazer da música a sua vida profissional?

Como todas as crianças, temos todos imensos sonhos. E o meu sonho era ser cantora ou professora, portanto não errei muito. Não tinha a certeza que ia fazer disto a minha vida, mas era um sonho. Na maior parte das vezes, não conseguimos atingir os sonhos, mas eu consegui ser cantora. É claro que eu nunca pensava atingir esse sonho.

Como é que foi o seu percurso?

Foi difícil vingar neste meio?

Foi muito difícil, para mim foi ainda mais difícil, porque não sou portuguesa mesmo, não nasci em Portugal e não vivi em Portugal. Portanto, eu sou portuguesa, mas dividida. Em Portugal consideravam-me como emigrante e quando eu estava em França os meus amigos consideravam-me

como portuguesa. Sempre foi um bocadinho difícil. Estava ali no meio desses dois países e entrar no mercado português ainda foi mais difícil por ser emigrante.

Teve de lutar muito?

Eu acho que as coisas vão acontecendo devagarinho, com o tempo. Já lá vão muitos anos. Comecei assim, pequenina, devagar, a subir e a seguir o meu caminho. No início comecei numas festas de aniversários, de casamentos, depois integrei uma famosa banda lá em França, sediada em Paris. Fui vocalista dessa banda cerca de sete anos, onde eu aprendi muito porque eu era muito tímida e não estava à vontade em palco e, portanto, estar na banda ajudou imenso. Foi em 2011 que surgiu um convite do artista Emanuel, com quem eu partilhava palcos porque estava na banda. Ele disse: ‘Elena porque é que não lanças uma carreira a solo? Eu acho que tens as capacidades.’

Eu gostava de estar na banda, portanto ainda estive ali a pensar bastante tempo, porque achei que estava bem e que não precisava de ir mais longe. Mas acabei por gravar um disco com o Emanuel em 2011 e os convites começaram a surgir. Comecei a ter bastantes pedidos para os outros países para ir cantar e assim foi. De uma brincadeira, vamos dizer, porque eu não levava isso nada a sério, tornou-se mesmo realidade. Lancei uma carreira a solo, deixei a banda e fui gravando ano a ano um novo CD e percorrendo o meu caminho nas comunidades. Consegui entrar no mercado português e fazer os meus primeiros pisos na televisão portuguesa. Claro que também não foi fácil, porque era a menina francesa que vinha pisar um bocadinho o espaço dos outros artistas portugueses. Mas eu sempre fui devagarinho, com o tempo, não ultrapassando ninguém ou qualquer coisa e, pouco a pouco, conseguiram perceber que tínhamos o mesmo objetivo, que era divulgar a nossa música e, quer seja francesa, portuguesa ou de outra nacionalidade, acabávamos por representar a música portuguesa.

Além do Emanuel, teve outras pessoas importantes neste seu percurso?

Sim, claro. O Emanuel foi o primeiro que, vamos dizer, me abriu o caminho. E depois

gravei um dueto com o José Malhoa em 2017. Esse dueto do ‘Baila a meu Lado’ deu asas à minha carreira e foi o que me abriu mais as portas em Portugal, porque tinha ali uma parceria com o José Malhoa, um artista já bem conhecido e com grandes sucessos. Eu sempre fui fã da carreira dele, porque eu acho que foi uma carreira bem conseguida e ele ajudou-me e apoiou muito a eu ir subindo na minha carreira.

Assume-se como cantora de música popular portuguesa. O que a apaixona mesmo neste género musical?

Eu gosto de ver as pessoas alegres, gosto de ver as pessoas a dançarem, baterem o ‘pezinho’ nos bailes. Eu sempre gostei de música popular e gosto de dançar imenso. Quando vou para uma festa não consigo ficar ali sentadinha. Portanto, eu acho que foi isso que mexeu mais comigo. O facto de sentir aquela energia e aquela magia da música popular, de pôr as pessoas a dançarem.

A Elena fala muito bem português.

A música foi importante para isso?

A música foi muito importante para isso. Com a minha família falava português, mas nem sempre. Tive algumas aulas de português quando era criança, mas com certeza a música ajudou muito, porque vamos aprendendo as letras e dá para saber como é que se escreve as palavras. Também o facto de comunicar com muitas pessoas portuguesas dá, vamos dizer, mais experiência com a língua. Serve também para tirar um bocadinho o sotaque, mas que ainda tenho e com certeza que vou ter sempre, porque faz parte de mim.

Faz também parte do processo de produção das músicas?

Eu dou algumas ideias. Por exemplo, quando estou a pensar gravar um trabalho, digo: olha, agora gostaria de ter um tema sobre o futebol. Gostaria de ter um tema sobre a minha melhor amiga. Eu dou umas dicas, depois os autores compositores mandam as músicas com as letras e com certeza que vou lá sempre ... porque eu gosto de sentir as músicas. Não é porque é música popular que não tem mensa-

gem, tem sempre mensagem, quer seja mensagem de amor, mensagem de festa, de alegria. Depende da mensagem que queremos dar. Mas eu acho que as letras são importantes, portanto dou sempre ali o meu toquezinho. Mas escrever, do início até ao final, não, isso deixo para os profissionais.

Quais são os seus maiores sucessos que nunca podem faltar nos concertos?

Com certeza o ‘Baila a meu Lado’, o dueto com José Malhoa que repetimos, e também ‘Enfermeira Top’, gravado também com ele. Esses dois temas não podem sair do alinhamento e depois também o ‘Eu Digo Adeus’, que é um tema dedicado à emigração, que é um tema mais triste, com mais emoção, mais sentimento. Eu tenho o hábito de cantar no final do espetáculo, porque é a história de uma rapariga portuguesa que deixa a casa dos pais, que vai e que emigra para França. Portanto, eu sei que essa música toca mesmo no coração de muita gente, que o meu público gosta imenso, deita as lágrimas e até eu sempre que canto aquela canção sinto muita emoção. Eu acho que vou sempre cantar essa música.

Agora trabalha com a editora País Real. Como é que tem funcionado?

É o segundo ano que eu estou a trabalhar com a editora País Real. Estou muito feliz porque eu acho que são uma equipa dinâmica, apaixonados por aquilo que fazem, pela música e são grandes profissionais. Estou bem entregue.

Recentemente trocou as voltas à vida, trocando França por Portugal ... É verdade. Há pouco tempo decidi deixar Paris e vir para Portugal para facilitar um bocadinho tudo, para ter uma vida mais saudável, mais calma também. Tentar ter menos viagens, porque fazia muitas viagens de França para Portugal por causa do trabalho e acabo agora por dividir um pouco mais essas viagens. Agora tenho também este sol maravilhoso. Estou feliz.

E porquê especificamente o Algarve?

Eu não tinha nenhuma ligação com o Algarve. Por acaso eu queria deixar Paris, com o objetivo de ir para o centro de Portugal, mas o meu marido apaixonou-se por esta zona, portanto fiz-lhe o miminho e ele está feliz por estar cá. Os meus filhos também estão felizes, trouxemos a família toda e por enquanto estamos contentes.

Facilita também a carreira?

Facilita, facilita imenso porque daqui estamos a duas horas e meia de Lisboa. Seja um programa, ou um espetáculo no Alentejo, vamos com mais facilidade e já não custa tanto a viagem.

A Elena está muito habituada a atuar tanto em Portugal como nas comunidades portuguesas. Sente diferença no público?

Sim. Por acaso se fosse há alguns anos eu dizia que não, mas este ano senti mesmo a diferença. Fiz uma turnê toda quase no norte de Portugal e senti que as pessoas não têm aquela saudade que os emigrantes podem ter. Eu, habituada a cantar nas comunidades, seja na França, na Suíça, nos Estados Unidos, sinto que têm mesmo a saudade de tudo o que é português. Portanto, quando vamos animar uma festa, parece que estamos ali a levar um bocadinho de Portugal a eles e estão felizes por isso, porque também há menos festas, não há assim tanta saturação. Os portugueses acabam por ouvir música todos os dias, seja portuguesa ou estrangeira. Mas eu acho que até os emigrantes ouvem mais música portuguesa do que os próprios portugueses.

Sente que a própria música popular portuguesa não é valorizada pelos portugueses de Portugal?

Sim, é verdade. E é muito triste. É muito triste porque eu, vinda de fora, que a minha onda era música popular portuguesa e eu até durante muitos anos pensei que só isso é que era música portuguesa, não imaginava ter outros estilos musicais. Quando eu vinha a Portugal, ligava o rádio, não ouvia música portuguesa. Trocava, trocava e trocava de rádio e acabava por ouvir poucas

rádios a divulgarem música portuguesa. E claro que ficava triste porque eu gostava mesmo da música portuguesa. E quando voltamos a Portugal queremos tudo português, não é? Portanto, foi um bocadinho difícil habituar-me a isso, mas eu acho que não é por mal, é porque cada um tem o seu estilo, tem o seu gosto de música e toda a gente não pode gostar do mesmo.

Que inspirações é que tem na música?

Desde pequenina eu gostava muito da música da Ágata. Ela atuava muito nas comunidades, portanto era uma referência para mim. Também o José Malhoa e o Emanuel, todos os que tocam a música popular portuguesa, o que nós víamos fora nos bailaricos. Para mim, eram esses os modelos.

Atualmente, ter gravado duetos com esses artistas, suponho que seja um orgulho para si.

Com certeza. Com certeza que nunca imaginava e é um orgulho. Também me sinto grata pelo facto de eles me terem ajudado a seguir o meu caminho. Finalmente consegui entrar no mercado da música portuguesa e é bom. Estou feliz por isso.

Já não a fazem sentir a francesa que vem invadir o espaço dos outros?

Os meus colegas artistas já não ligam muito a isso. Depois, as pessoas que não me conhecem e que me ouvem, pensam logo que não sou daqui, que sou francesa. Mas pronto, agora eu acho que é mais numa brincadeira do que antigamente, onde estava ali uma fronteira. Agora já não há. O público, seja em Portugal, seja nas comunidades, tem muito carinho. Eles acarinham muito, sou sempre muito bem recebida e isso não muda.

Que objetivos e sonhos ainda estão por cumprir na música?

Eu acho que não tenho assim grandes objetivos. Eu vou vivendo os momentos, recebo o que vem e dou o meu máximo, o que posso dar. Eu já estou feliz, porque quando eu vou cantar e vejo as pessoas com muita alegria e a cantarem a minha

música já estou grata por isso. Portanto, agora as portas estão abertas, vou seguindo o meu caminho e vamos lá ver para onde vou. Não tenho nenhum projeto assim muito grande de, por exemplo, fazer determinada sala. Eu, a partir do momento em que vou fazer um espetáculo e que o meu público está lá e que gosta das minhas músicas, vou continuando. Depois o tempo dirá.

Se pudesse olhar para trás, para aquela menina de 12 anos que estava a dar os primeiros passos, que conselho é que daria hoje?

Daria o conselho de trabalhar um bocadinho mais, porque não vem tudo assim com facilidade. Com o tempo é que sabemos que é preciso ter profissionalismo. E talvez eu, no início, quando comecei a pisar essa onda da música, achei que tudo era fácil e que tudo ia chegar. Mas não é assim. É preciso trabalhar muito. São muitas horas de trabalho e muitos conhecimentos, muitas pessoas que vamos cruzar, é preciso ter os olhos bem abertos com quem nos cruzamos, saber em quem podemos ter confiança e com quem temos que estar um bocadinho mais atrás e desconfiar um pouco, entre aspas. Portanto, sim, diria ser um bocadinho mais profissional. Mas com a idade é mais fácil. Quando somos novos é tudo muito bonito, não é?

Sentiu o apoio da família neste processo?

Com certeza. Eu acho que sem eles nada acontecia, porque eu quando comecei nesse mundo da música, os meus pais seguiram-me sempre, apoiaram-me sempre. Comecei a tocar teclado, foram comprar um teclado para a filhota. Comecei a fazer bailaricos, lá iam eles acompanhar a filhota para os bailaricos. Eles seguiam sempre e nunca desistiram e sempre me apoiaram. E, ainda hoje, porque infelizmente o meu pai faleceu com uma doença, mas ainda tenho a minha mãe e ela ainda me apoia.

Não é fácil estar assim neste mundo da música, porque por vezes temos de sair muitos dias de casa e quando é preciso ela vem e fica com os meninos. Dá sempre uma ajuda importante e está sempre atrás de mim.

Quer deixar uma mensagem para os seus seguidores?

Sim, eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que me seguem, seja nas redes sociais ou noutros meios. Um grande obrigado, porque sem eles com certeza eu não existia. E se eles não ouvissem a música, a minha música não podia ser divulgada. Portanto, sou muito grata pelo trabalho deles, vamos dizer, por apoiarem a minha vida artística. Agradeço também ao Ponto PT pela entrevista, porque é sempre bom e gosto que haja sempre pessoas a divulgarem a música portuguesa

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POSTAL DA DIÁSPORA IV

QUANDO SE PERTENCE A LUGAR NENHUM...

Em Timor-Leste falamos tétum que é uma mistura entre o indonésio e o português. Na escola estuda-se português, mas não se usa no dia a dia. E também se aprende inglês.

Sou de Dili onde tocam muito fado nas ruas. E dançamos rancho, embora com adaptações locais. A diferença é que os homens quando dançam estão normalmente de tronco nu e descalços. Lá também gostamos muito de futebol e temos equipas com os nomes das portuguesas. O meu pai joga na equipa local do Benfica. Desde criança que admiro jogadores como o Luís Figo.

Temos costumes portugueses que, nos países à nossa volta, não são usados. É o caso das próprias leis ou o hábito das mulheres usarem bikini na praia. E o uso de talheres. A comida devolve-nos memórias queridas. Gostava de ter acesso a mais produtos importados da minha terra. As porções portuguesas são demasiado pequenas para mim... Nós comemos muito arroz e de várias maneiras diferentes, como com pão. Também usamos muitas especiarias e não temos o hábito de colocar azeite.

Em Timor-Leste, a religião é muito importante e é obrigatório ir à missa. Eu pensava que Portugal era um país mais religioso. A “Uma Lulik” é a casa dos nossos antepassados que dantes albergavam várias famílias em simultâneo. Os timorenses continuam a manter as suas madeiras e materiais naturais em bom estado, mas agora são os sítios onde dançamos e cantamos em honra da família, do amor e do companheirismo.

Em Coimbra temos a associação dos Académicos Timorenses em Coimbra (ATC). Lá fazemos jogos e convivemos. A ATC tem uma banda e vamos para as ruas tocar música. É um grupo que ajuda a matar as saudades de casa

Entrevistado por Rita Paiva e Cristiana Oliveira

BREVES

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Camões celebrado em Nova Iorque

EVENTOS

França

Corrida/Marcha da Santa Casa da Misericórdia de Paris

6 de outubro 2024

Jouy-en-Josas

Noite de Fados

12 de outubro 2024

Plaisir

Espetáculo Jorge Ferreira

12 de outubro 2024

Pontault-Combault

Salon Partir Étudier à l´Étranger

12 e 13 de outubro 2024

Paris

Portugal

Alvaiázere - Capital do Chícharo

4 a 6 de outubro 2024

Alvaiázere

Feira da Ladra

4 a 7 de outubro 2024

Vieira do Minho

Festival de Artes de Aljubarrota

5 a 26 de outubro 2024

Alcobaça

III Mostra Nacional de Doçaria

Conventual

12 e 13 de outubro 2024

Penacova

Concerto de Carolina

Deslandes

18 de outubro 2024

Paris

Concerto de Nininho Vaz Maia 19 de outubro 2024

Paris

Concerto de Miguel Sol 19 de outubro 2024

Paris

Feira Anual de Benavente

13 a 22 de outubro 2024

Benavente

Feira Nacional da Gastronomia

17 a 27 de outubro 2024

Santarém

Feira da Maçã

18 a 20 de outubro 2024

Armamar

Festa da Castanha

25 a 27 de outubro 2024

Sernancelhe

Nós temos sido escolhidos por familias que têm morado cá durante gerações, pessoas como você que têm vindo a conhecer e a confiar em nós ao longo dos últimos 40 anos.

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