Revista mensal da comunidade portuguesa l Fev. 2024 l Nº02
Primland supermercado de sucesso com mais de 25 anos
Pedro Pauleta Entrevista exclusiva
Crónica Editorial Descobrir Portugal Conheça Ourém
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Setor Empresarial
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Comunidade
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Portugal
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Na Primeira Pessoa
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Projeto Heritage Porto & Douro
Celebrações das Revolução dos Cravos em Lyon
Apresentação do Atlas da Emigração Portuguesa
À conversa com o Embaixador de Portugal em França
Associação Sara Carreira 68
Embaixador André Sardet
Desporto
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Arte e Cultura
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Entrevista com Pedro Pauleta
Rosinha será sempre Rosa Maria, de Pegões
Breves Agenda de Eventos
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Proprietário IOS GROUP Sede 6, Avenue de la Résistance 94430 Chennevières-sur-Marne França Direção Geral Anabelle Rebelo anabelle.rebelo@iosgroup.fr
Parceiro :
Direção Editorial Isabel Oliveira isabeloliveira@pontopt.fr Direção Comercial Dominic Fernandes geral@pontopt.fr Direção de Eventos Lidy Alves lidyalves@pontopt.fr Responsável de Comunicação Manuel Pinto Lopes Redação Ana Mota Eduardo Lino Cronistas Pedro Emmanuel de Oliveira Paulo Pisco Design Jean Baptiste Da Rocha designer@pontopt.fr Impressão Lidergraf – Sustainable Printing Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde - Portugal Periodicidade Mensal
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Ponto PT é apoiado por :
Isabel Oliveira Editora
O caminho faz-se caminhando. Estamos orgulhosos pelo feedback recebido em relação à primeira edição. Uma revista que respira portugalidade, que transpira modernidade e que chega às pessoas. A todos os leitores do Ponto PT: obrigada! Cumpre-nos continuar a satisfazer as expectativas dos nossos seguidores, com mais Portugal, mais comunidade, mais pontes entre os dois países. O ano começou com revoltas, quer em Portugal, quer em França. Em terras lusitanas, são as forças policiais que se manifestam para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios. O protesto surge na sequência da luta pela dignificação das carreiras da PSP e GNR. Em terras gaulesas, os agricultores bloquearam estradas estratégicas de acesso às principais cidades francesas, reclamando mais apoios e menos restrições ambientais à prática da atividade agrícola. Lutas diferentes, mas com o mesmo sentido: melhores condições de trabalho. Numa altura em que França mudou de Governo e Portugal está prestes a eleger um novo Primeiro-Ministro, é hora de ouvir e responder com medidas. Fevereiro é mês de Carnaval e o Ponto PT acompanhará algumas das festas mais tradicionais em Portugal. Dos Caretos de Podence ao importado ‘samba’ em Ovar, são muitas as opções para quem gosta de se mascarar. Começam a intensificar-se as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril um pouco por todo o lado. Portugal será o centro das atenções, mas também em França está programada uma série de atividades que assinalam os 50 anos da Revolução dos Cravos Boa leitura!
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Primland:
o supermercado de sucesso onde se fala português há mais de 25 anos
Conteúdo disponível online:
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Falar em Primland é falar na história dos produtos portugueses em França. É o nome que os portugueses conhecem quando precisam de qualidade e variedade. Toda a história foi construída por José Gaspar, o homem que nasceu para o comércio.
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Está em Paris e procura produtos frescos de Portugal, mas não sabe onde encontrar?
A Primland é a solução! Assume-se como o supermercado com maior variedade e com a melhor qualidade de produtos alimentares portugueses. Quem o confirma são os clientes que, semana após semana, continuam fidelizados a este espaço comercial. Estamos a falar de uma história de sucesso.
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A história de José Gaspar e o seu legado no comércio. Saiu da pequena freguesia de Atouguia, no concelho de Ourém, para passar a fronteira com apenas 13 anos. Os seus pais já tinham emigrado para França, e José juntamente com os irmãos seguiram o mesmo destino. Para trás, ficou a ligação emocional a uma localidade que nunca esqueceu e que nunca saiu da sua lembrança. Pisou território francês a 2 de março de 1970 e, desde então, tem trilhado um caminho de sucesso. Ao Ponto PT, José Gaspar confessou ter tido sorte pela oportunidade de ainda ter frequentado um ano e meio de escola. Tempo mais do que suficiente para aprender a ler, falar e escrever corretamente a língua francesa.
Começou a trabalhar com 16 anos, primeiro nas obras, não fugindo ao destino da maioria dos portugueses em França. Depois, passou para a área onde se mantém até hoje: o comércio. Sente que nasceu para o comércio e, por isso, está nesta atividade desde os 22 anos de idade. Montfermeil, Clichy-sous-Bois, Lagny e La Villete: foi por estes mercados que José Gaspar foi escrevendo o seu nome. “Os mercados era onde os portugueses se encontravam, naquela altura. Havia artigos que hoje não se vendem, como os jornais, revistas e cd´s. Tive a sorte de fazer o mercado de La Villete durante 20 anos”, conta. Atividade que exerceu até 2003, mas em paralelo foi-se aventurando na criação de supermercados portugueses em França. Aconteceu em 1988, com a abertura do primeiro espaço Primland. Hoje, tem a sua marca em Romainville, Saint-Maximin, Livry-Gargan e também em Bruxelas.
Variedade e qualidade que fazem a diferença 10
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A diferença pela qualidade Primland é um nome que não passa despercebido à comunidade portuguesa em França. Quem o pode comprovar são os milhares de portugueses que acedem, semanalmente, às prateleiras das suas lojas à procura dos melhores artigos portugueses. Se nos mercados não eram as frutas, legumes e produtos frescos que faziam a diferença, agora é. Na Primland pode-se encontrar a melhor seleção de frescos, vindos diretamente de Portugal. Foi na loja de Romainville, onde normalmente se encontra, que o Ponto PT esteve à conversa com José Gaspar. Entre cumprimentos a clientes bem conhecidos, chamadas de trabalho e outros recados, o empresário contou um pouco do seu percurso e do que pensa ser o fator do sucesso: “trabalho”. Com mais de 50 colaboradores, “temos de trabalhar muito e estar sempre presentes”, explica. Assume que tem mais de 5 mil referências de vinhos, o que permite ao cliente poder escolher vinho de qualquer região. “Temos ainda o talho tradicional, a peixaria, a charcutaria, um serviço de takeaway com uma equipa de cozinheiros que é o nosso ponto forte. As frutas e legumes vêm, cerca de 90%, diretamente de Portugal. Depois temos todos os produtos de mercearia. Variedade e qualidade que fazem a diferença”, sublinha.
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Uma marca para todos
Crescimento sustentado
E se pensa que só os portugueses entram pelas portas da Primland, está enganado. Estes clientes representam apenas 60%, estando os restantes 40% reservados para franceses e pessoas de outras nacionalidades que se converteram à qualidade do supermercado. São também muitos os brasileiros que recorrem, frequentemente, ao espaço comercial. Porquê? Porque a Primland tem nas suas prateleiras secções especializadas em produtos típicos do Brasil. “Uma aposta para continuar”, diz.
Passo a passo. Foi assim que José Gaspar foi crescendo, sempre de forma sustentada. O maior passo acabou por acontecer em 2018, quando abriu o maior supermercado português da Europa. Localizado em Saint-Maximin, o espaço tem 4500 metros quadrados, e representou um investimento superior a oito milhões de euros. O estabelecimento permitiu a criação de 80 postos de trabalho, num espaço que primava pela variedade de frutas, legumes, peixe fresco e a tradicional carne.
Outro ponto a favor é a sua localização estratégica, estando à porta de Paris. Em 2020, em pleno ano de pandemia, a Primland de Romainville mudou de instalações, estando agora renovada, num espaço novo e maior. Um local mais amplo, ainda com maior diversidade de produtos e lugares para estacionamento. “Era verdadeiramente uma necessidade, porque não havia parque de estacionamento no antigo supermercado e tive a sorte de poder comprar estes terrenos”. Para um espaço comercial que recebe cerca de sete mil clientes por semana, o estacionamento faz a diferença.
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O serviço de catering A sua profissional e experiente equipa de cozinha, além de saborosos pratos que pode levar para casa, está também habituada a responder eficazmente no serviço de catering da Primland. Este é o serviço-chave do supermercado, e que acaba por fazer a diferença. “Nós marcamos presença em grandes empresas na região de Paris, e efetuamos também o serviço para particulares. Seja jantares, festas de aniversário, ou outro o motivo da celebração, estamos capacitados a servir o melhor”. Com catering inspirado na gastronomia portuguesa, a Primland desloca-se com a sua equipa a qualquer espaço com os melhores produtos.
...estamos capacitados a servir o melhor
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O futuro A Primland continua a fazer o melhor para servir a comunidade portuguesa em Paris. São já mais de 30 anos de um caminho de sucesso que José Gaspar nunca imaginou. “Nem nos meus melhores sonhos de criança imaginava uma vida assim”. É um homem orgulhoso do que conseguiu construir, conseguindo ultrapassar todas as dificuldades. “A maior dificuldade de ter um negócio nesta área de atividade é encontrar as pessoas certas. Geralmente, as pessoas que tenho aqui são pessoas que estão comigo já há muitos anos e conseguir continuar com eles é parte do sucesso”. Seja com os colaboradores de confiança, e até com os filhos, José Gaspar sabe que a Primland tem um futuro garantido
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VEAU AL U O N PÉCI S N RAYO L
I BRÉS
Primeur Boucherie
RETROUVEZ-NOUS
EN LIGNE
Charcuterie Poissonnerie Crèmerie Traiteur 96 boulevard Edouard Branly 93230 Romainville
primland romainville
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Empresário da Atouguia não esquece
aldeia natal É uma das freguesias onde se nota os efeitos da emigração que assolou o concelho de Ourém nos anos 60 e na altura da Troika, em 2011. As ruas de Atouguia estão hoje mais desertas e a população está mais envelhecida. Foi a norte do concelho que saíram a maior parte dos ourienses, que rumaram a França, Suíça, Luxemburgo e Estados Unidos da América à procura de uma vida melhor. José Gaspar é empresário em França há mais de 50 anos, mas não deixa de ser lembrado na terra que o viu nascer. Conteúdo disponível online:
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Foi na Rua dos Marmeleiros, na freguesia de Atouguia, concelho de Vila Nova de Ourém, que José Gaspar nasceu e viveu até emigrar para França com pouco mais de dez anos. Em Paris, tornou-se proprietário de uma das maiores cadeias de supermercados portugueses, mas na terra natal não há quem não se recorde dele. Entramos no Centro Social e Paroquial da Atouguia, onde vários utentes guardam memórias da família Piçarra. “A mãe do Zé era minha vizinha, ele nasceu ao lado da minha casa. A gente chamava-lhe Zé Piçarra. Está emigrado em França, mas ajuda muito a nossa terra, a nossa freguesia”, começa por lembrar Rosa Oliveira. José Gaspar, conhecido na aldeia como “Zé Piçarra” apoia todos os anos a festa da aldeia. Embora nem sempre consiga estar presente, uma vez que a festa coincide com a data de aniversário, apoia a freguesia com a contratação de um artista. “Contribui todos os anos para as festividades, com a angariação de um artista. Digamos que é um benfeitor aqui da freguesia e nós agradecemos. Ele faz bem à comunidade e as pessoas agradecem”, acrescenta Samuel Batista, presidente da direção do Centro Social e Paroquial da Atouguia. É à conversa com o Ponto PT que Hermínia Oliveira, utente do centro de dia, recorda a altura em que Atouguia foi elevada a freguesia. Embora tenha sido no ano de 1933, só 20 anos depois a freguesia teve paróquia. “Foi uma alegria para a terra, o povo todo unido. Fizeram-se cortejos e as ruas ficaram todas enfeitadas para receber o padre”, explica Hermínia Oliveira. Embora já tenham passado mais de 70 anos, também Rosa Oliveira se lembra dessa altura.
Fazíamos coisas muito bonitas naquele tempo. Lembro-me que ensaiávamos e fazíamos ranchos
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O concelho de Ourém, onde se insere Atouguia, sempre teve uma grande percentagem de pessoas emigradas. Ainda assim, a região que antes não tinha infraestruturas capazes de reter as pessoas, hoje apresenta melhores condições para a captação de jovens na região. A taxa de desemprego é atualmente de cerca de 2%, menos de metade da média nacional, num território com 46 mil habitantes e 13 freguesias.
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Luís Miguel Albuquerque Presidente da CM Ourém
Temos que procurar combater a sazonalidade no turismo em Fátima
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O concelho de Ourém tem como cartão de visita o Santuário de Fátima, a maior atração turística da região. A autarquia enfrenta o desafio de combater a sazonalidade, mas acredita que outros pontos turísticos do concelho podem ajudar a alavancar o setor. Em 2017, a autarquia investiu cerca de três milhões de euros na requalificação do Castelo de Ourém, que passou a ser visitável por turistas. Ao castelo soma-se a Praia Fluvial do Agroal, o museu da cidade ou o maior trilho de pegadas de dinossauros, com um percurso de 10km. As referências na cidade são várias e podem ser a solução para a falta de procura turística fora dos grandes eventos religiosos.
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O concelho tem uma grande comunidade de portugueses emigrados lá fora?
No que toca ao turismo, qual é o fluxo de turismo anual no concelho?
O concelho de Ourém sempre foi conhecido por ter uma grande percentagem de pessoas oriundas do nosso concelho que estão emigradas, nomeadamente em França, mas também na Suíça, Estados Unidos e Luxemburgo. Foram essencialmente nos anos 60, onde houve efetivamente uma grande dose de emigração no nosso concelho. Depois também nos tempos mais recentes, por altura da Troika, também houve muita gente que saiu do nosso concelho, que felizmente estão a regressar agora.
Tivemos o expoente máximo em 2017, o ano do centenário e da vinda de Sua Santidade, onde estiveram cerca de 9 milhões de pessoas em Fátima. Habitualmente são cerca de 4 a 5 milhões de pessoas. O ano passado, também por força da realização da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, podemos ter atingido um número muito perto dos 6 milhões de pessoas que participaram nas diversas cerimónias do Santuário. É, talvez, um dos maiores polos de atração de turistas e de fiéis em Portugal e, por isso, obviamente que temos que valorizar essa situação porque a parte turística é muito importante para o nosso concelho.
Porque é que acha que a emigração aconteceu, aqui em Ourém? O concelho de Ourém é um concelho muito grande, tem 416 quilómetros quadrados. Para termos uma ideia, para atravessar o concelho todo, desde o norte até ao sul, demoramos mais de uma hora. Na zona mais a norte, que é onde se nota um maior acréscimo de emigração, as pessoas tinham dificuldades porque não havia infraestruturas, não havia estradas, não havia água, não havia eletricidade e, obviamente, tinham grande dificuldade na sua sobrevivência. Isso obviamente contribuiu e ainda se reflete hoje porque as pessoas foram ficando, foram criando família no estrangeiro e regressam esporadicamente ao nosso país. Hoje, felizmente, isso não acontece porque o concelho de Ourém tem um grande potencial económico, tem uma taxa de desemprego residual, cerca de 2%, menos de metade da média nacional. Hoje há, efetivamente, aqui a capacidade para reter pessoas, há a capacidade para empregar todas as pessoas que queiram trabalhar porque, efetivamente, nota-se uma grande falta de mão de obra para fazer face às necessidades das nossas empresas. Os emigrantes que foram, estão a regressar? Há muitas pessoas a regressar porque sentem que hoje há oportunidades e que podem desenvolver a sua vida aqui no nosso concelho. Também existem muitas pessoas de fora e imigrantes, que por força do emprego que é necessário aqui no nosso concelho, também se vêm aqui instalar. Nota-se também que as pessoas procuram cada vez mais fugir dos grandes centros e instalam-se em cidades mais pequenas, cidades que têm um acesso privilegiado a Lisboa ou Porto, e que encontram uma paz e uma qualidade de vida que não encontram nas grandes cidades.
O presidente do Turismo do Centro disse ser necessária uma aposta forte na captação de recursos humanos, nomeadamente no setor do turismo. É importante cativar mais pessoas para o setor? A mão de obra especializada hoje é um problema. Temos no nosso concelho uma escola de hotelaria que tem tido também muita procura e felizmente todos os alunos que dali saem, antes de saírem, já têm todos colocação para trabalharem na área do turismo, mas não estamos satisfeitos. Só para terem uma ideia, reforçámos agora uma parceria com a escola profissional, onde também está incluído o Município e o Governo de Portugal, onde trouxemos 15 alunos cabo-verdianos para estudar na nossa escola de hotelaria e na escola profissional. O problema está mais do que identificado e sabemos que existe. O município tem capacidade de manter o turismo fora das grandes datas religiosas? Nós temos o quinto maior número de camas a nível nacional. Lisboa, Porto, Algarve, Madeira e depois temos Fátima. Portanto, em termos de capacidade hoteleira, somos das maiores a nível nacional. Obviamente que esta capacidade hoteleira é importante no verão, mas no inverno ainda há hotéis que não trabalham ou que têm pouco trabalho. Esse é um problema, a sazonalidade, que temos de procurar combater através da captação de eventos para Fátima. Hoje começamos a ter condições para ter esses eventos em Fátima porque temos boas acessibilidades, centralidade, estamos perto de tudo, e começamos a ter boas condições também em termos hoteleiros. Também temos de procurar cada vez mais ter outros produtos turísticos associados ao turismo religioso. Hoje, o turismo de natureza, o turismo das caminhadas, temos de procurar potenciar, porque isso traz pessoas. Depois também temos um problema grande que é a pouca durabilidade das noites em Fátima. Uma pessoa geralmente que vem a Fátima fica em média 1.6 noites, o que é manifestamente pouco
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Conheça
Ourém
Como chegar O concelho de Ourém encontra-se estrategicamente localizado no centro do país, a 1 hora de Lisboa e a 2 horas do Porto. Possui excelentes acessibilidades, quer rodoviárias através da A1, quer ferroviárias com a estação Caxarias-Fátima.
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Gastronomia Entradas e acepipes: pão de milho ou broa, chouriço magro, chouriço de sangue, farinheira branca, morcela de sangue e morcela de arroz, friginada ou tachada, queijo de cabra, merendeiras salgadas.
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Sopas: sopa de azeite, sopa de carne, sopa de galinha, sopa de bacalhau, sopa de verde. Comeres enxutos: migas de broa com couves, mexudas, chícharos, feijão com abóbora, carneiro guisado. Doçaria: merendeiras doces, filhós/velhoses, bolo de arco, Bolinhos dos Santos, figos secos, pinhões, doce de marmelo.
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O que visitar Santuário de Fátima 01
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Basílica da Santíssima Trindade 02 Aldeia de Aljustrel Vila Medieval de Ourém Castelo de Ourém 03 Ucharia do Conde Igreja Colegiada Galeria Municipal
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Museu Municipal de Ourém Mata Municipal de Ourém Parque da Cidade António Teixeira 04 Pegadas dos Dinossáurios 05 Agroal 06
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Espetáculos e eventos A histórica Feira Nova de Santa Iria, a simbólica e conceituada Via Sacra de Ourém, as Festas do Município e o aclamado Rally Vila Medieval de Ourém são os principais eventos anuais organizados pelo Município de Ourém.
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Heritage Porto & Douro A herança do passado que promove o vinho do Porto pelo Mundo É junto ao rio, com uma autêntica tela como pano de fundo, que tudo acontece. O vinho do Porto da Heritage Porto & Douro é produzido entre os lugares de Coleja e da Senhora da Ribeira, em Seixo de Ansiães, no coração do Douro Superior. A marca de vinhos, fundada em 2011, promove o vinho do Porto em Portugal, França e por todo o mundo, através de vários projetos. A Heritage começou a exportar há quatro anos e hoje está presente em vários países, como Macau, Hong Kong, Luxemburgo, Suíça e Bélgica. As exportações representam 98% do mercado da empresa. Conteúdo disponível online:
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Temos mais de 1200 referências de vinho do Porto nas nossas lojas
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É em 27 hectares, divididos entre a Quinta das Amendoeiras e a Quinta Vale do Seixo, que se produz vinho, azeite, mel e outros produtos da terra como marmelada, compota, figos secos e nozes. O projeto iniciou-se em 2011, com a criação da marca Heritage Porto & Douro, mas depressa se estendeu ao enoturismo e à criação da Portologia. “No ano passado começámos a criar a parte de enoturismo, de provas, de passeios de barco, de passeios de jipe, toda uma experiência para dar a conhecer como e onde produzimos os nossos vinhos”, explica Julien dos Santos, fundador da Heritage. É em pleno local de produção do vinho do Porto e do vinho de mesa da Heritage que é possível ter uma experiência completa, através de um pacote de descoberta. Para além do hóspede pernoitar na Quinta Vale do Seixo, pode experienciar um passeio de jipe pelas vinhas, uma prova de vinho do Porto e ainda fazer um passeio de barco no rio Douro. “A zona do Douro Superior é completamente diferente da imagem que temos da Régua e do Pinhão, aqui é muito mais selvagem e é um bocadinho isso que queremos mostrar através das nossas experiências pela quinta. Na altura das vindimas, por exemplo, também propomos aos nossos clientes entrarem no lagar e pisar o vinho connosco”, diz Julien dos Santos. A ideia é promover uma experiência completa, em pleno cenário de produção vitivinícola, mas a promoção do vinho do Porto é feita também além-fronteiras e através do projeto de Portologia da Heritage. Com três lojas instaladas, no Porto, Lisboa e no centro de Paris, Julien dos Santos promove a história e o legado do Alto Douro, o coração da mais antiga zona vitivinícola demarcada do mundo. “Este projeto já é um conceito de divulgação do vinho do Porto. Trabalhamos não só com os nossos vinhos, mas com vinhos de outros produtores. Temos mais de 1200 referências de vinho do Porto nas nossas lojas, fazemos provas comentadas de até oito copos de vinho do Porto e transmitimos o lado pedagógico de como é que o vinho do Porto é feito”, explica.
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Uma herança com história O mercado francês é o primeiro mercado, há mais de 60 anos, de consumo de vinho do Porto. Foi neste contexto que Julien dos Santos, filho de portugueses, mas nascido em França, decidiu apostar num negócio de família e levar a tradição ao mercado francês. “A minha história passa pelos bons momentos passados com o meu avô. Nasci em França, vivo parte do tempo em França, e as férias eram todas em Portugal junto do meu avô. Íamos às vinhas, via pisar as uvas, via sempre muita alegria neste território e sempre tive a paixão de voltar ao projeto iniciado pelo meu avô”, conta Julien dos Santos. A Heritage Porto & Douro nasceu da homenagem de Julien dos Santos ao avô Felisberto dos Santos, viticultor duriense de Carrazeda de Ansiães. Com a experiência do passado, mas com olhar no futuro, a marca vai expandir o negócio com a abertura de mais uma loja, desta vez na região de Vila Nova de Gaia. “Estamos a pensar abrir um espaço em Gaia, junto às outras caves do vinho do Porto, um pequeno espaço da nossa marca junto dos nossos colegas. A ideia é promovermos a produção vitivinícola da região do Douro e atrair mais clientes para a nossa oferta de enoturismo”, diz Julien dos Santos. A Quinta Vale do Seixo para além de um espaço para prova de vinhos, disponibiliza seis quartos e um restaurante com vista para o rio Douro, que muitas vezes é palco de atuações de fado. Os eventos serão reforçados com artistas nacionais e internacionais com raízes portuguesas. Todos os serviços da Heritage Porto & Douro estão disponíveis no site da empresa, em heritage-douro.com
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Portugal fortemente representado na Maison&Objet
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Se há um evento imperdível no setor de design de decoração é a feira Maison&Objet, em Paris. Duas vezes por ano, todos os atores da arte de viver – marcas, criadores, artesãos, especialistas em casa e visitantes – criam vínculos tanto quanto negócios num grande banho de tendências e novos produtos. Objetos de decoração, móveis de design, acessórios, têxteis, aromas, louças. Aqui, ali ou em qualquer lugar, todos se sentem em casa.
A Maison&Objet Paris não é um salão como qualquer outro, é o detetor de tendências emergentes e movimentos de consumo, para inspirar com uma oferta tão vencedora quanto original. A marca Portugal esteve fortemente representada na primeira edição de 2024 da feira bianual de mobiliário e decoração em Paris. O certame reuniu 55 marcas portuguesas que traduzem o melhor que se produz em Portugal. “A marca Portugal é hoje valorizada, respeitada e reconhecida. Portugal era um patinho feio, agora passou a ser um patinho bonito”, disse Eugénio Santos, presidente do Grupo Colunex, a propósito da marca Portugal. Reconhecida pela qualidade, design e originalidade dos seus expositores, a Maison&Objet é uma das feiras internacionais mais importantes da fileira casa e um local de prestígio para a apresentação de tendências. “Permite mostrar a marca, produto, permite desenvolver contactos, quer em França quer um pouco por todo o mundo, dado que é uma feira que tem visitantes à escala global”, explicou Eugénio Santos a presença da Colunex no salão. O grupo trabalha diariamente para lhe proporcionar uma experiência de sono completa, desde os mais confortáveis colchões e almofadas, a modernas e personalizadas camas, candeeiros e mesinhas de cabeceira, que juntos resultam num quarto de sonho. A Colunex é a união entre alta tecnologia e o saber fazer tradicional que assegura o descanso ideal num produto personalizado. Do setor do descanso, o Ponto PT passou para os têxteis-lar, indo ao encontro da marca portuguesa mais antiga neste setor de atividade. “Estar aqui presente é uma forma de conseguirmos chegar a uma rede de clientes internacionais que nos vai permitir crescer. Adoramos Portugal, mas é um mercado limitado. Por isso, é importante exportar e levar o que é português lá fora”, começou por explicar Inês Vaz Pinto, da marca Torres Novas.
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“A Torres novas é a marca de têxteis mais antiga de Portugal, existimos desde 1845. Tivemos uma pausa e retomamos atividade em 2020. Temos recuperado algumas coleções antigas, começando pelas toalhas de banho e, lentamente, fomos juntando o resto dos têxteis-lar”. A Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas foi fundada a 2 de outubro de 1845, em Torres Novas, por um grupo de comerciantes de Lisboa, desejosos de se tornarem independentes de importações. Com a entrada no novo milénio, a Companhia de Torres Novas começa a sofrer com concorrência estrangeira e com o desaparecimento de clientes importantes, proporcionado pela crise financeira de 2008, tendo fechado em 2011. Em 2020, uma nova geração relança a marca “Torres Novas” com o apoio do acionista de referência e antigo administrador da Companhia de Torres Novas, Adolfo de Lima Mayer, suportando-se em todo o legado e know-how adquirido desde a fundação da fábrica no século XIX, mantendo as características de qualidade e design que sempre caracterizaram a marca e procurando adaptar-se às necessidades do consumidor do agora. O objetivo mantém-se o mesmo: oferecer produtos de alta qualidade que atravessem gerações.
Esta edição da Maison&Objet, de um certame que festeja o seu 30º aniversário, contou com marcas que fazem parte do património português, como é também o caso da Vista Alegre. “Este ano é simbólico porque são os 200 anos da Vista Alegre e é o ano em que nós estamos com stand maior e onde estamos a apresentar os nossos melhores produtos que representam as valências da Vista Alegre em termos da arte da manufatura e da pintura”, contou Carlos Costa, administrador comercial do grupo Vista Alegre. 2300 marcas representadas de 147 países, e mais de 60 mil visitantes. A capital francesa foi, durante cinco dias, a capital da fileira casa. Uma montra para o mundo, num mercado que é, cada vez mais apetecível, para as marcas portuguesas. “O mercado francês tem sido muito bom, no qual temos crescido. A seguir a Portugal, é um dos principais mercados. Vamos vendendo a mais lojas, retalhistas, decoradores, projetos especiais. Este ano introduzimos a loja online no mercado francês com tudo feito a pensar no cliente final francês”, contou Inês Vaz Pinto. Também para a Vista Alegre, o mercado francês tem muita importância. “Temos uma operação em França com escritório, showroom, uma loja da Bordalo Pinheiro em Paris e temos uma divisão da hotelaria muito forte e a crescer bastante no mercado francês”
A Maison&Objet regressa no próximo mês de setembro.
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FAÇADIER DEPUIS 1995
180 rue de Savoie 93410 Vaujours
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França recorda valores de abril no início das comemorações dos 50 anos da
Revolução dos
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Os eventos comemorativos dos 50 anos do 25 de Abril arrancaram na cidade de Lyon, com um conjunto de iniciativas que decorreram no dia 11 de janeiro. Para além de uma conferência, que juntou diversas personalidades ligadas à comunidade portuguesa, foi inaugurada uma exposição dedicada à Revolução dos Cravos e foi apresentado um espetáculo de fado na Maison de la Danse de Lyon. As comemorações vão decorrer até ao início do verão, em diferentes cidades francesas, e serão organizadas pela Embaixada de Portugal em França.
O dia começou com a conferência “50 anos depois: as repercussões mundiais da Revolução dos Cravos”, na Maison Internationale des Langues et des Cultures de Lyon. A mesa de oradores juntou a antiga Ministra da Justiça de Portugal, Francisca Van Dunem, o escritor e historiador Ungulani Ba Ka Khosa e o historiador francês Yves Léonard. O objetivo foi juntar diferentes personalidades que viveram a Revolução de Abril na primeira pessoa, de forma a debater as repercussões mundiais do 25 de Abril de 1974 e lembrar as lições que foram retiradas da Revolução dos Cravos. “Hoje podemos perceber e lastimar que tenha havido tensões que eclodiram em conflitos armados e em violência, mas faz parte da história destes países. O preço a pagar foi muito elevado, mas o colonialismo não era solução”, começa por dizer Francisca Van Dunem, antiga Ministra da Justiça de Portugal.
Os oradores acabaram por recordar o contexto internacional em que a revolução aconteceu e as guerras de libertação que surgiram nos vários países envolvidos. “Eu defendo que as independências devem agregar e não segregar, mas o que aconteceu com Moçambique foi que segregamos. A libertação deu-se em 1974, mas em 1976 começa a guerra em Moçambique que só terminou em 1992”, recorda Ungulani Ba Ka Khosa. Depois da partilha de diferentes histórias, que ajudaram a recordar os vários acontecimentos relacionados com o 25 de Abril, os participantes que estiveram presentes na conferência deixaram o alerta de que se devem tirar lições da história, numa altura em que emergem os extremismos por toda a Europa. “Assistimos a uma renovação destas ideologias extremistas que têm na base a influência dos fascismos e das ditaduras. Quando celebramos o 25 de Abril temos de ter presente que a democracia não é um bem adquirido eternamente”, começou por lembrar Paulo Pisco, deputado do PS eleito pelo círculo da Europa. José Augusto Duarte, Embaixador de Portugal em França deixou o mesmo alerta, de que é necessário preservar os valores de abril. “O valor da liberdade, do estado de direito, da democracia, da igualdade, das políticas sociais são valores que levaram a uma revolução, mas que não ficam congelados no tempo, são valores que continuam a ser válidos para qualquer geração”, explica.
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Por sua vez, Francisca Van Dunem vai mais longe e diz que na atualidade existe um discurso de ódio e de incitamento à violência na política nacional que é necessário punir. “Justificava-se uma análise ao discurso político e dos incitamentos que se fazem através do discurso político e deveria haver uma intervenção das autoridades que têm como função a aplicação da lei penal. O discurso de ódio, com vista a incitar a violência sobre pessoas ou grupos, em função da sua condição, são punidos com o código penal português. As liberdades são uma garantia de todos, mas se queremos ter sociedades plurais não podemos aceitar que haja grupos que pretendem exterminar outros pela violência”, afirma a antiga Ministra da Justiça.
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O dia de comemorações estendeu-se durante a tarde com a plantação de uma árvore, o símbolo da “amizade e durabilidade”, e com a inauguração de uma exposição que tem por base o olhar da imprensa francesa que acompanhou os primeiros dias da revolução e de todo o período do Processo Revolucionário em Curso. Na mostra, presente na Câmara Municipal de Lyon, há também fotografias com assinatura portuguesa e material das primeiras campanhas eleitorais. “Queríamos começar, de um ponto de vista simbólico, fora da capital. Lyon é uma cidade com um grande interesse, uma boa universidade, com uma câmara municipal aberta e interessada em se associar a estas celebrações e foi por isso que começámos por aqui”, explica o Embaixador de Portugal em França.
O primeiro dia de eventos comemorativos contou com a presença de Tiago Antunes, Secretário de Estados dos Assuntos Europeus, que se deslocou a Lyon. “As celebrações fazem-se durante todo o ano, em Portugal, mas também se fazem aqui em França. A França esteve muito diretamente ligada aos eventos do 25 de Abril. Muitos refugiados políticos, do Estado Novo, da ditadura, vieram para Paris, para outros lugares em França, e foi feito um acompanhamento muito próximo da imprensa francesa sobre tudo o que se estava a passar em Portugal. É importante lembrarmos tudo isto, nos nossos dias, em que vemos por todo o lado um crescimento dos extremismos, dos populismos e dos nacionalismos. Temos de voltar aos valores de abril”, afirma Tiago Antunes.
O dia terminou com o espetáculo Bate Fado, com direção artística e coreografia de Jonas & Lander, na Maison de la Danse de Lyon. O espetáculo transportou os presentes para Lisboa do século XIX onde o fado tinha uma dança própria, inspirado num sapateado energético e virtuoso que evoca a liberdade artística
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Livro “Dona Zezinha” de
Altina Ribeiro apresentado em Champigny-sur-Marne
A Casa de Portugal da APSCR de Champigny-sur-Marne foi palco para mais uma apresentação do livro “Dona Zezinha – A vida singular de uma professora”, da escritora Altina Ribeiro. Cinquenta anos após a odisseia da emigração para França, os portugueses sentem necessidade de exprimir histórias vividas durante muito tempo escondidas, dado que a emigração nem sempre foi bem aceite. A história apresentada por Altina Ribeiro, contando o trajeto de Dona Zezinha e do filho Carlos Alexandre, é o exemplo perfeito. Cada um dos percursos individuais retratados pelos vários autores de histórias como esta é, sem dúvida, a força de uma memória coletiva.
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Altina Ribeiro nasceu em São Vicente, uma aldeia da raia trasmontana do concelho de Chaves. Tinha apenas dois anos quando o seu pai emigrou para França, a salto. Seis anos mais tarde, em 1969, o pai reúne toda a família em Paris. A mudança de uma pequena aldeia de Trás-os-Montes para a capital francesa provocou um choque cultural, tornando os primeiros anos de vida em França difíceis para toda a família. Com o tempo, Altina e a sua irmã conseguem adaptar-se bem ao novo mundo. No entanto, os pais, tiveram grande dificuldade em se integrarem nos primeiros tempos no país de acolhimento. O quarto livro de Altina Ribeiro é uma biografia de «Dona Zezinha», história de uma professora que ensinou entre Guarda e Sabugal no tempo da ditadura de Salazar. Esta foi contada à escritora pelo filho da docente que, naquela altura, foi para França, a salto, evitando a sua participação na guerra colonial.
Depois de apresentações na Casa de Portugal em Paris, no Palácio de Belém em Lisboa, no Consulado-geral de Portugal em Paris, na Biblioteca Municipal do Sabugal, foi a vez da Casa de Portugal de Champigny-sur-Marne. O livro foi apresentado pela historiadora Marie-Christine Tavares, seguindo-se uma conversa com o público.
Quando escrevi o meu primeiro livro muitas pessoas pediram a versão portuguesa
”
No livro, a autora conta a vida de uma professora regente em Portugal que, apesar de admirar o regime do Estado Novo, acabou por enviar o filho para França para fugir à guerra colonial. “Dona Zezinha – A vida singular de uma professora” é a versão portuguesa, agora editada, de um livro escrito inicialmente em francês. Dona Zezinha lecionou em algumas aldeias e o filho acompanhou-a sempre pelas escolas por onde passava. Esta versão portuguesa do livro tem complementos de informação que não constam da versão francesa, escritos depois da autora ter visitado algumas das aldeias por onde passou Dona Zezinha e conversado com alguns dos seus ex-alunos.
A versão portuguesa permite, também, continuar a fomentar a língua portuguesa. “Quando escrevi o meu primeiro livro muitas pessoas pediram a versão portuguesa. Pessoas que queriam oferecer aos pais que não sabiam ler francês, ou para os filhos que estavam a aprender português. É bom ter os livros nas duas versões, assim damos a possibilidade de escolha”. Filomena Martins, da direção da APSCR, disse ao Ponto PT ser “fundamental manter a ligação à língua. Temos todos esse pensamento de nunca esquecer a língua portuguesa. Que os nossos filhos não esqueçam as nossas raízes”. É nesse sentido que a associação continua a promover aulas de português, para adultos e crianças. A cidade de Champigny-sur-Marne, onde agora foi apresentado o livro de Altina Ribeiro, continua a estar revestida de enorme simbolismo na história da emigração portuguesa em França
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“Roupa sem Fronteiras” chegou a Portugal De França até Portugal seguiu viagem centenas de caixas. Cada caixa, representa a generosidade e solidariedade da Academia do Bacalhau de Paris. É o fruto de uma campanha que, ano após ano, chega e ajuda quem mais precisa: Roupa sem Fronteiras. Desde 2012 que a Academia do Bacalhau de Paris tem um dos mais belos projetos de solidariedade no seio da comunidade portuguesa. O projeto Roupa sem Fronteiras tem ganho cada vez mais dimensão. Em 2023, a iniciativa bateu todos os records. Foram recolhidas 520 caixas de roupa, calçado, brinquedos e artigos para o lar.
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“A solidariedade não tem fronteiras” é o mote da campanha. A verdade é que são inúmeros os voluntários que fazem desta afirmação uma verdade assumida. É durante o mês de novembro que o processo se inicia, com a recolha dos bens a ser efetuada em diversos locais espalhados pela região parisiense. O apelo é muito, e cada vez maior. São também mais os casos de necessidade e, por isso, a ajuda nunca é demais. “Chegaram grandes quantidades, o que vai fazer com que os nossos recursos fiquem bem recheados e deem resposta a um máximo de pessoas em situação de vulnerabilidade social”, exprimiu Tânia Barbosa, da ação social do Município de Arcos de Valdevez. Com a recolha feita, houve o momento da devida triagem. Aqui, foram muitas as mãos de compadres, comadres e amigos que se voluntariaram para fazer a devida seleção e separação das doações. Seja por sexo, tamanho ou idade, tudo vai devidamente identificado e separado para mais rapidamente se colmatar as necessidades.
Caixa Geral de Depósitos, Rádio Alfa, Fidelidade e Santa Casa da Misericórdia de Paris foram importantes parceiros na organização desta iniciativa. Por último, destaque para o papel da empresa Transports MRTI, que todos os anos faz o transporte gratuito da mercadoria até Portugal. O Ponto PT acompanhou os últimos passos no processo de logística da campanha Roupa sem Fronteiras. A iniciativa da Academia do Bacalhau de Paris, que decorre anualmente, chegou a cinco localidades em Portugal. Uma delas, Arcos de Valdevez. Depois do transporte assegurado pela empresa MRTI, a mercadoria chegou ao seu destino. Neste concelho do norte de Portugal, foram duas as instituições beneficiadas: a Santa Casa da Misericórdia e o núcleo da Cruz Vermelha. A solidariedade continua a ser um dos pilares da Academia do Bacalhau de Paris que, ano após ano, surpreende pela quantidade de doações. “A associação tem uma excelente organização. Viu-se pela forma como conseguiram que a roupa chegasse a Arcos de Valdevez, é de notar. Por isso, queremos mesmo agradecer o facto de nos escolherem e de nos capacitarem desta forma”
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Juntar 500:
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o projeto que junta portugueses em França
A ideia foi de Georges dos Santos. Decidiu criar uma rede de portugueses de sucesso em França, de forma a potenciar negócios entre a comunidade. Um trabalho moroso de pesquisa, contacto e divulgação que já leva cinco anos de existência. Georges dos Santos, 47 anos, nascido em França. Trabalha, desde sempre, no marketing digital. É filho de pai português, de Pombal, e de mãe francesa. Como típico filho de emigrante, todos os anos visita Portugal e é um apaixonado pelo país do seu progenitor. Uma realidade que foi conhecendo todos os verões, bem diferente daquela que tinha durante o resto do ano, em França. “Eu cresci em França sem conhecer portugueses, porque os meus amigos eram todos franceses. Andei na escola privada em França, e nunca tive contacto com portugueses”, começa por contar ao Ponto PT. Fruto da sua atividade profissional, Georges dos Santos conheceu uma empresa de mobiliário portuguesa que, para melhorar as suas vendas em França, decidiu mudar o seu nome para algo mais ‘italiano’. Este acontecimento deixou Georges a pensar. “Eu disse que isto não podia acontecer. Esta mentalidade tem de mudar. Muitas comunidades, como os judeus, ajudam-se entre si, mas nunca constatei isso nos portugueses. É certo que existem muitas associações de folclore, mas para o desenvolvimento de negócios franco-portugueses não”.
Segundo Georges, os portugueses em França de primeira geração tinham a mentalidade de trabalhar cada um por si, ao invés de se organizarem e trabalharem em conjunto, para um melhor desenvolvimento da comunidade. Foi isto que o levou a criar o projeto Juntar 500. “Quando tive tempo, quis perceber se havia portugueses com altos cargos em boas empresas, em França”. A verdade é que não imaginava aquilo que ia encontrar. O projeto tem cinco anos, mas há dez que Georges vai apontando nomes de portugueses, sempre que lê em jornais e revistas. “Verifiquei que há portugueses de sucesso em todo o lado. O Linkedin também ajudou muito. Como vi que havia muitos portugueses a ocupar altos cargos em França, queria perceber se conseguia criar uma rede, tal como os judeus”. Hoje, Georges dos Santos tem uma listagem com mais de três mil nomes de portugueses, e uma plataforma com uma seleção de 500. “Desde o lançamento, continuei a identificar, monitorizar e selecionar perfis de língua portuguesa com um histórico excecional no mercado francês. Se inicialmente pensava que poderia destacar apenas alguns perfis, rapidamente percebi que os resultados da pesquisa superaram em muito as expectativas. Numa, ou mesmo duas gerações, os falantes de português desafiaram as estatísticas da reprodução social. Conquistaram posições excecionais tanto nas estruturas existentes como nas empresas que eles próprios criaram. Aos meus olhos, essas trajetórias proporcionam um tremendo incentivo para cada um de nós”, conta. Ao longo do ano, o impulsionador do projeto organiza vários jantares, onde junta alguns destes portugueses, de forma a trocarem pontos de vista, perceberem os pontos em comum e, quem sabe, trabalharem juntos. “Eu acho que os portugueses têm vergonha de mostrar o que fazem, mas deviam era estar orgulhosos do seu percurso. Temos é de ser unidos, só assim seremos mais fortes que os outros”, diz. E, por isso, o seu objetivo é agora desenvolver as conexões entre as pessoas. “Quero que as pessoas se ajudem entre si, os portugueses. Juntos, podemos chegar mais longe”
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Academia do Bacalhau de Paris
cantou as janeiras para começar o ano
Foi com uma vista noturna fantástica sobre Paris que o restaurante A Ponte, em Suresnes, recebeu as comadres e compadres da Academia do Bacalhau de Paris para a primeira tertúlia solidária do ano. O proprietário e cozinheiro é o animador da Rádio Alfa Manuel Moreira que nos fez água na boca durante a visita guiada do Ponto PT ao seu santuário, onde revelou a preparação do cozido à portuguesa que foi servido a mais de uma centena de participantes.
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No mês de janeiro, manda a tradição portuguesa que se cantem as janeiras e este jantar não fugiu à regra, tal como salientou o presidente da academia Luís Gonçalves: “queremos com grupos regionais de cânticos tradicionais fazer relembrar as nossas origens, as janeiras, sobretudo para os mais jovens que não sabem o que é ou já se esqueceram. Anualmente, voltamos a este espaço onde a Academia do Bacalhau de Paris deu os primeiros passos e porque o compadre Manuel Moreira nos encanta com o seu grupo de amigos “de Terra em Terra”, mostrando que somos a solidariedade, a amizade, a entreajuda e o convívio entre pessoas”. Em jeito de balanço, o líder da associação não hesitou em considerar 2023 como um ano positivo quando foram recolhidos, com os seus parceiros, acima de 50 mil euros para ajudar muitas causas difíceis, quer em Portugal quer em França. “Lembro a campanha Roupa Sem Fronteiras com a angariação de 520 caixas de roupa que foram distribuídas por cinco municípios e destaco também a forte participação em todas as tertúlias realizadas ao longo do ano”.
Luís Gonçalves
Nathalie de Oliveira
Queremos, com grupos regionais de cânticos tradicionais, fazer relembrar as nossas origens, as janeiras”
A Academia do Bacalhau consegue devolver o ânimo e a dignidade”
O positivismo foi partilhado pela deputada Nathalie de Oliveira. “É um trabalho importantíssimo que permite angariar fundos em cada evento para dar e ajudar quem mais precisa. Reconheço o sacrifício dos dirigentes da academia que dão uma parte da vida em prol desta causa, numa altura em que a realidade social em França, até para a comunidade portuguesa, não tem sido mais fácil do que era há uma ou duas décadas. Há muitos compatriotas que se encontram em situações difíceis, e injustas, e de abandono, e de rejeição, e de solidão. A academia do bacalhau consegue devolver o ânimo e a dignidade, por isso lhes deixo um agradecimento do tamanho de Portugal”.
dade a cada convite e fazem-no com energia e alegria, tal como faz parte da nossa identidade, como jovens cristãos, de estar disponível para os outros”. Durante o repasto foram apadrinhados dois novos compadres. Jorge de Jesus por Joaquim Carreira e Thierry Boussard que tem Afonso Galvão como padrinho. Ambos receberam a gravata e as normas da Academia do Bacalhau de Paris. Este é ano de eleições para os órgãos sociais e o prazo de candidaturas esteve aberto até final de janeiro
A convite de dois compadres participou também o mesmo grupo de jovens católicos que, em dezembro, efetuou o serviço de mesa durante a gala anual da academia. A responsável do enquadramento destes jovens que fizeram a catequese no Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Paris é Alzira Santos, que revelou que “estão a tentar manter-se ativos na nossa comunidade, a desenvolver atividades e já fizeram alguns serviços durante almoços realizados no Santuário. Mostram disponibili-
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Sabores transmontanos a norte de Paris O Salão do Vinho e do Território de La Garenne-Colombes voltou a receber expositores portugueses no quadro da geminação com Valpaços. Os enchidos de porco Bísaro e os vinhos das Caves Santa Marta voltaram a fazer as delícias dos visitantes, não só dos que não conheciam o certame, mas essencialmente daqueles que anualmente regressam para comprar a qualidade a que já estão habituados.
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O principal impulsionador desta geminação é o professor José Rodrigues que manifestou ao Ponto PT a sua satisfação por sentir que 2024 foi o melhor ano de sempre na presença de público a interagir com os expositores portugueses. “Os franceses ficam admirados com a qualidade dos nossos produtos, já os portugueses voltam de propósito para se abastecerem com o que já conhecem desta feira. Talvez devido ao bom tempo, há muita gente a visitar o salão”. Desde 2006 que os produtos portugueses se apresentam neste evento que já vai na 24ª edição e há mais de uma década que o néctar das encostas do Douro é oferecido pelas Caves Santa Marta. “O público francês conhece bem o vinho do Porto e vem à procura desse produto específico em todas as variantes. Trouxemos um vinho novo, lançado no final do ano, a Quinta da Casa Pequena que esgotou logo no primeiro dia da exposição”, afirmou o diretor comercial Francisco Teixeira. O elemento essencial para a produção de bom vinho é o sol, pois em 2023 ele foi tanto que “aumentámos substancialmente o volume da colheita e só trabalhamos com castas portuguesas para nos diferenciarmos do resto do mundo”, concluiu aquele responsável.
Alberto Fernandes Salsicharia Bísaro
Só trabalhamos com castas portuguesas para nos diferenciarmos do resto do mundo
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Da aldeia de Gimonde, Bragança, a Salsicharia Bísaro apresentou uma vasta gama de enchidos de produção própria, como fez questão de referir Alberto Fernandes. “Fazemos tudo, desde a criação do porco bísaro até ao produto final, apenas o abate é feito nos matadouros municipais. Trouxemos presunto, chouriço, lombo, salpicão e o butelo que é típico do inverno. Também produzimos alheira, mas é um produto muito específico dos portugueses e pouco conhecido no estrangeiro”. O gerente comercial clarificou ao Ponto PT que “o porco Bísaro é uma raça rústica que só existe no norte de Portugal, em que a carne tem qualidades únicas ideais para enchidos. Também por essa especificidade a exportação significa já 30% do nosso volume de vendas”. O mês de junho vai trazer as festas da cidade de La Garenne-Colombes e será também nessa data que se assinalam os vinte anos da geminação com Valpaços, que irá trazer a França uma banda de música portuguesa para desfilar na parada do domingo
Francisco Teixeira Caves Santa Marta
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O P I N I Ã O
Paulo Pisco Deputado do PS
Os portugueses
e a nova lei da imigração francesa A nova lei da imigração francesa, aprovada no passado mês de dezembro e agora retocada pelo Conselho Constitucional, inscreve-se numa tendência irracional e atentatória dos direitos humanos na forma de lidar com os fenómenos migratórios, uma vez que acentua a diferença entre os cidadãos, é estigmatizante, agrava as dificuldades de integração, divide a sociedade e cria mais tensões.
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No debate que tem havido em França, os aspetos da lei mais referidos têm incidido sobretudo nos apoios de solidariedade para cidadãos extracomunitários, mas a verdade é que as questões relacionadas com a aquisição e perda de nacionalidade estiveram à beira de criar uma situação atentatória da história que une portugueses e franceses, uma vez que ficaria mais difícil obter por deixar de ser automática pelo direito de solo e mais fácil de perder em situação de condenação grave. Felizmente que o Conselho Constitucional reverteu estas medidas, embora fique bem claro o que pretende a direita e a extrema-direita, que neste domínio nem sequer poupa os cidadãos da União Europeia. Já quanto aos processos de expulsão, incluindo de portugueses, a situação mantém-se, indiferente aos laços especiais que ligam os dois povos, pela história e pelo sangue.
Todo o processo de elaboração da lei foi envolta em polémica e dividiu a sociedade francesa e, apesar do grande recuo imposto pelo Conselho Constitucional, isso não significa que a direita, que tem vindo a radicalizar as suas posições, e a extrema-direita do Rassemblement National, da dinastia Le Pen, mudem de opinião e desistam de avançar com novos projetos de lei. Pelo contrário, mantêm a intenção de o fazer. Infelizmente, os migrantes estão a ser instrumentalizados, em França e na Europa, para criar um sentimento de medo, insegurança e perda de identidade cultural, levando por vezes os governos a adotar políticas duras, mas de alcance e eficácia duvidosa, relegando os estrangeiros para uma cidadania diminuída e hostilizada, atentatória dos direitos fundamentais. Por isso, a nova lei da imigração francesa serve bem para ilustrar a ilusão dos portugueses e de outros migrantes que acham que a extrema-direita os aceita bem e que são diferentes de estrangeiros com outras origens. Apesar do recuo imposto pelo Conselho Constitucional, a tendência para endurecer o enquadramento legal aplicado aos migrantes vai manter-se, inclusivamente a supressão do direito de solo, mesmo para os portugueses e outros cidadãos comunitários estabelecidas há dezenas de anos em França.
Portanto, nem os portugueses nem os restantes cidadãos da União Europeia, mesmo tendo dupla nacionalidade, ficam imunes a esta deriva que vai aos poucos fazendo com que deixem de estar em pé de igualdade, visto que poderão ser mais facilmente expulsos, tendência que já se começa a verificar, e isto independentemente de terem muitos ou poucos laços familiares em França ou Portugal, à imagem do que hoje acontece com muitos descendentes de portugueses que vivem nos Estados Unidos ou na Canadá, fenómeno que é bem conhecido nos Açores.
Portanto, a direita cada vez mais racista e xenófoba e a extrema-direita que ainda é pior, vão continuar a manter a pressão para enterrar o lema inspirador saído da Revolução Francesa de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, com leis que diminuem as liberdades, criam mais desigualdade e exclusão social e são menos solidárias. O que, numa perspetiva dos portugueses em França, é manifestamente constrangedor, dada a história, os laços de sangue, a amizade e a cultura que liga os dois povos e países
Os imigrantes têm servido, assim, de instrumento para que a extrema-direita racista e xenófoba, indiferente à dignidade humana, tente ir mais longe nas suas ambições de poder, acicatando a rejeição contra os estrangeiros e provocando um aumento dos casos de hostilidade e agressão verbal e física contra eles. O que é humanamente inaceitável e social e economicamente irracional, visto que esses cidadãos são fundamentais para fazer funcionar muitos setores de atividade e para dar resposta ao despovoamento dos territórios e ao envelhecimento demográfico. Além de darem um importante contributo para a sustentabilidade da segurança social e para a diversidade cultural. Em Portugal, felizmente, tem havido um esforço para dar uma dimensão humana às políticas de imigração, apesar da oposição dos extremistas de direita.
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Atlas da Emigração: França recebe emigrantes menos qualificados Os dados são do Observatório da Emigração, uma estrutura técnica e de investigação com sede no Instituto Universitário de Lisboa, que publicou no mês de janeiro um atlas sobre a emigração portuguesa. O documento analisa as últimas duas décadas da emigração em Portugal e conclui que entre 2001 e 2020 saíram anualmente de Portugal, em média, mais de 75 mil pessoas. No total dos 19 anos, saíram 1,5 milhões de pessoas, o equivalente a perto de 15% da população total do país, mas existem outras conclusões importantes do estudo.
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Durante a apresentação do Atlas da Emigração, que o Ponto PT acompanhou, Rui Pena Pires, coordenador científico do Observatório da Emigração, destacou que a emigração em Portugal acontece de uma forma “previsível, normal”, uma vez que Portugal está inserido num espaço de livre circulação e que é “desigual em termos dos rendimentos que proporciona às pessoas”. O professor e coordenador científico acrescenta ainda que “seria muito estranho se não houvesse emigração de portugueses para outros países”.
A realidade atual é que existem pelo mundo mais de 2,6 milhões de emigrantes portugueses, sendo que 30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país. Portugal está muito próximo dos países do Leste no que toca aos valores da emigração, sendo que são os portugueses menos qualificados que emigram em maior número, principalmente para os países da Europa. “Convém desfazer o mito de que hoje quem emigra são os jovens qualificados. Não é verdade, a maioria da nossa emigração ainda continua a ser de pessoas que não têm licenciatura. Para França, por exemplo, há anos em que 90% dos emigrantes que entram em França não são licenciados”, explica Rui Pena Pires. Ainda assim, para os novos destinos da emigração, como a Irlanda, os Países Baixos ou os Países Nórdicos a emigração é mais qualificada, com uma fatia considerável de emigrantes licenciados. No debate entre especialistas, que aconteceu depois da apresentação do Atlas da Emigração, foi destacado o papel “fundamental” dos estudos científicos para a mudança de políticas e para o debate e reflexão da comunidade académica. Jorge Malheiros, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, falou sobre o crescente número de emigrantes, durante todo o século XXI, um fenómeno de longa duração e de grande amplitude. “Não acho dramático estes valores, mas creio que deviam ser menos. Não é uma política de emigração que resolve o problema, mas são políticas estruturais em termos do desenvolvimento e no sentido de dar mais condições aos jovens. Sabemos todos onde: no mercado de trabalho, na habitação, ao nível dos salários e da conjugação trabalho, família”, destaca o geógrafo. Paulo Cafôfo, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, também foi convidado para a apresentação do atlas, mas outros compromissos de agenda impossibilitaram a sua presença. Numa mensagem gravada e exibida no decorrer da apresentação, Paulo Cafôfo falou sobre a importância do acervo de dados e de informação. “É fundamental para nós, decisores políticos, tomarmos as melhores decisões, mas acima de tudo, percebermos que país temos e que emigração temos, mas também o que é que desejamos em termos de futuro”, disse na mensagem.
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Remessas de emigrantes ultrapassam fundos europeus
Dados sobre o regresso de emigrantes a Portugal
O trabalho de Rui Pena Pires, Inês Vidigal, Cláudia Pereira, Joana Azevedo e Carlota Moura Veiga revela ainda que as remessas dos emigrantes portugueses se equiparam aos fundos europeus que, anualmente, são transferidos para Portugal. Em alguns anos, o montante chega mesmo a ultrapassar esses mesmos fundos.
O Atlas da Emigração também se debruça sobre o regresso de emigrantes a Portugal. Cerca de 20 mil emigrantes portugueses regressam anualmente, na sua maioria com menos de 40 anos, um retorno que o coordenador científico do Observatório da Emigração considera que deveria ser mais apoiado. “Se estão a sair 60 mil e regressam 20 mil, por ano, é porque um terço está a voltar, o que é um número mesmo muito significativo”, afirmou. Curiosamente, sublinhou, “e pelo menos na emigração dos últimos anos, os que regressam são sobretudo de idade jovem”, com menos de 40 anos.
Em 2021, Portugal recebeu mais de 3,6 mil milhões de euros de remessas de emigrantes, um valor superior às transferências europeias para Portugal e quatro vezes mais do que as remessas enviadas para o estrangeiro pelos imigrantes. França e Suíça são os países de origem de mais de metade das remessas. “França tem mais de meio milhão de pessoas nascidas em Portugal. É normal que países com menos emigrantes portugueses não tenham o mesmo impacto nas remessas”, explica o coordenador científico do Observatório da Emigração. Rui Pena Pires explica ainda que “a diferença de salários e a perspetiva profissional” são o principal motor para a emigração portuguesa, sobretudo dos mais jovens. “Nós devíamos é perguntar por que ainda fica cá tanta gente e a resposta é porque, ainda assim, é difícil emigrar, ir para um sítio que não conheço, onde não tenho família, amigos, e onde não sei muito bem se me vou desenrascar com os hábitos do dia a dia e do trabalho; e esta insegurança é que trava a emigração, caso contrário emigrava-se muito mais”.
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A estes, junta-se o regresso de portugueses emigrados em países como a Suíça, a seguir à França, e que, entretanto, se reformaram e não obtiveram uma reforma que lhes permita continuar. Para Rui Pena Pires, “deveria haver uma reorientação das políticas de Estado em termos de regresso”. Para o sociólogo e especialista em matéria de emigração, “numa política de apoio ao retorno, o que seria essencial é uma política de apoio aos emigrantes que regressam, apoio burocrático e administrativo”
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Jovens produtores renovam tradição na Feira do Fumeiro de Montalegre É uma tradição que se realiza há mais de 30 anos. A feira do fumeiro esteve de volta ao concelho de Montalegre, de 18 a 21 de janeiro, e juntou velhos produtores com jovens que mantêm a tradição. Este ano, na 33ª edição, o evento contou com 60 expositores, de artigos que foram desde os enchidos aos produtos tradicionais da região. Conteúdo disponível online:
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A renovação está em marcha e promete dar continuidade à produção tradicional de fumeiro no concelho de Montalegre, em Vila Real. Os produtores mais idosos, que mantêm o saber tradicional, estão a ser apoiados ou substituídos por jovens produtores que apostam no desenvolvimento de métodos mais modernos. Maria João Costa tem 22 anos, é licenciada em Gestão, e quer dar continuidade aos negócios do pai através de outras visões. “Desde que nasci, desde que sei que sou gente, vi a minha mãe a matar porcos, a fazer fumeiro. Claro que depois o bichinho começa a nascer, o interesse começa a surgir. Desde os meus 14 anos que vendo com os meus pais na feira, todos os domingos, desde sempre”, explica a jovem produtora. São várias as famílias que perpetuam a tradição. José Raposo aprendeu a fazer fumeiro com a mãe e hoje é uma importante ajuda no negócio. “Foi com a minha mãe que aprendi, ao meter a mão na massa. É tudo feito de forma artesanal, tudo partido à mão”, diz. José é o único de dois irmãos que dá continuidade ao negócio, uma vez que a irmã emigrou para o estrangeiro. “Ele começou a ajudar e a aprender. Viu como fazia o pai e começou a fazer igual. É ele que salga e tempera, eu só vou provar a ver se está bom”, acrescenta a mãe Teresa Araújo. As cozinhas tradicionais da casa barrosã, onde se produzia o fumeiro, estão a dar lugar a modernas cozinhas de produção, mas os métodos tradicionais mantêm a qualidade e sabor tradicional do produto. “Nesta edição da festa do fumeiro houve mais produtores que se inscreveram e aquilo que é de notar é que são mais jovens. Temos cerca de 50 produtores de fumeiro que apresentam uma qualidade apurada e com a garantia de uma fiscalização atenta, atuante, e sempre presente. Desde o crescimento dos animais, passando pelo abate, até à apresentação dos produtos que são confecionados artesanalmente em cozinhas devidamente legalizadas e com todas as condições”, explica Fátima Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Montalegre.
Durante a apresentação do evento, que decorreu no Pavilhão Multiusos de Montalegre, a presidente da autarquia falou da necessidade de investimento no interior e de envolvimento do Estado em defesa do mundo rural. “É importante que o Governo desenvolva mais estratégias para a valorização do Interior, encontrando formas de diferenciar positivamente os pequenos agricultores. A descida do IVA nas alheiras foi um sinal, mas esta medida impõe-se para todos os produtos gastronómicos artesanais porque é preciso valorizar a produção para que haja retorno justo para quem produz, potenciando o emprego e a importância que os territórios rurais têm para a economia do país (...) é fundamental apostar em melhores acessibilidades, já reclamadas há muito, como é o caso da beneficiação da EN 103 ou da ligação de Montalegre à A24, não para facilitar a saída de muitos, mas para incentivar a entrada de muitos mais”, disse no discurso de abertura. Em resposta aos apelos da autarca, Carlos Miguel, Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, uma das figuras do Governo presentes no evento, concorda em serem necessários acessos para o alavancar da economia do interior. “Esta é uma reivindicação de quase todos os autarcas e é justíssima. Com uma melhor acessibilidade, era muito mais fácil os produtos daqui saírem. Os tempos que vêm serão mais de ferrovia do que rodovia, mas espero que não se passe do oito ao oitenta e que haja investimento nas estradas”, explica o secretário de estado. A Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso é o maior cartaz turístico e cultural do concelho de Montalegre. O evento atrai mais de 50 mil pessoas, durante os quatro dias de feira. O certame movimenta cerca de um milhão de euros em negócios diretos
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Nem o frio arrefece
a tradição das janeiras Na pequena freguesia de Refojos de Riba de Ave, no concelho de Santo Tirso, a tradição das janeiras já se realiza há mais de 60 anos. Segundo se consta na aldeia, foi o padre António Pinto Sousa, que gostava de música e de compor, que iniciou a tradição. A música começava depois da missa do galo e estendia-se por toda a noite, até à missa do dia de Natal, às 7 horas da manhã. O grupo anunciava o nascimento do Deus menino, tal e qual os reis magos ou os pastores, quando foram anunciar a alegria do nascimento do filho de Deus. Desde então, a tradição nunca se perdeu e acontece todos os anos. Conteúdo disponível online:
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A noite está fria e os campos estão carregados de neblina. As paisagens são autênticos postais e as ruas são iluminadas pelas luzes de Natal que enfeitam as casas. Pelas 21 horas, o grupo começa a concentrar-se junto à igreja de Refojos de Riba de Ave onde irá começar o cantar das janeiras. Desde o dia 29 de dezembro que a música percorre as pequenas ruas da freguesia com o anúncio do nascimento do Deus menino. “A tradição do cantar dos reis é uma tradição muito antiga aqui no norte de Portugal. As pessoas têm colaborado e temos de agradecer aos músicos e cantores que têm tido a vontade de continuar esta atividade”, diz Manuel Cantilal, padre da paróquia. O grupo partiu da igreja, com uma pequena atuação na capela, e subiu a rua em direção à primeira casa. O tambor e o som das guitarras já entoam pelas ruas e é Maria Freitas a primeira a espreitar pela janela e a abrir a porta ao grupo. “Gosto muito de os ouvir, faz-me lembrar os tempos em que era miúda e também cantava. Os meus pais eram muito cantadores, então cantávamos todos. Era quando se cozia o pão e quando nos juntávamos para passar as noites grandes e frias. Era muito bonito”, recorda com saudade.
“É Natal, é Natal, já nasceu em Belém o Deus menino”. O grupo continua a cantar rua fora. Mais à frente, param e entram na primeira casa. Há pataniscas, pão e vinho do Porto para brindar. “Gosto muito e abro sempre a porta. Antes de emigrar para França também cantava as janeiras”, conta Ana Dias. Com o marido, esteve vários anos emigrada em França. Era quando estava longe que tinha mais saudades das tradições da terra natal. “São coisas que ficam gravadas na memória. Comecei a cantar as janeiras com 14 anos, por isso já lá vão muitos anos”, recorda. Depois da confraternização e do brinde, o grupo continua noite fora. Com as guitarras, o tambor e os ferrinhos a animação sobe pela freguesia e chega até às casas mais escondidas. O grupo, composto por pessoas de várias idades, este ano tem como missão angariar fundos para a festa do padroeiro de São Cristóvão, que acontece no último domingo de julho. Em animação e clima de festa, as janeiras decorrem durante todo o mês de janeiro, não só em todo o concelho de Santo Tirso, como em vários concelhos do norte do país
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Comediante Hugo Sousa estreia-se em Paris com espetáculo no Apollo Théâtre É natural do Porto e começou a fazer comédia, de uma forma séria, há mais de 20 anos, no programa de televisão “Levanta-te e Ri”. Todos os anos, Hugo Sousa escreve um espetáculo de comédia, para o apresentar a solo, e este ano vai atuar pela primeira vez em Paris. A turnê do espetáculo ‘Lado Positivo’ vai passar pela capital francesa, no dia 16 de março, no Apollo Téâtre.
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Hugo Sousa começou a fazer piadas ainda na pré-adolescência, quando contava anedotas aos amigos. Com 12 anos, lembra-se da “sensação de fazer rir” e sentir prazer ao fazer os outros gargalhar. “Quando estava em grupos fazia um brilharete porque contava as anedotas que o meu primo me contava a mim. Uma vez lembro-me de estar na praia e contar uma anedota a uns amigos e houve lá um que não conseguia parar de rir. O gajo passou a tarde toda a rir-se, quando se lembrava da anedota. Aquilo dava-me muito prazer, era muito fixe”, começa por lembrar. Tudo começou no Púcaros Bar, em Miragaia, onde atuava às quintas-feiras, nas noites de humor. Havia quem cantasse músicas divertidas, declamasse poemas com piadas à mistura ou simplesmente quem contasse anedotas, como Hugo Sousa, que acabou por ganhar estatuto de residente da casa. Mais tarde, começou a escrever textos originais de stand-up e daí ao programa “Levanta-te e Ri”, a montra que o acabou por alavancar na comédia, foi um instante. “O Levanta-te e Ri era o meu meio de chegar às pessoas. Quando aquilo terminou pensei: ‘o que é que vai acontecer agora? O pessoal vai-se esquecer de mim, vou sair de moda’, mas depois as coisas foram aparecendo e felizmente que há alguns anos tem sido sempre a subir. Isso deixa-me muito orgulhoso e muito feliz”, conta.
Se é a segunda cidade do mundo com mais portugueses, a seguir a Lisboa, tenho de ir a Paris
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Foi quando terminou o programa de televisão, em julho de 2006, que começou o “trabalho, trabalho, trabalho”, a única forma que acredita ser possível para atingir o sucesso. Das atuações em bares, eventos ou discotecas passou para os teatros, salas a que se dedica desde 2015. “Foi uma transição complicada, mas eu sabia o que ia perder e o que ia ganhar. No início tinha muitos lugares livres na plateia. Lembro-me que uma vez fui para um espetáculo em Vila Real, os bilhetes não eram caros, e tinha 12 pessoas na plateia. Fiz o espetáculo na mesma, mas em vez de dizer boa noite, fui cumprimentá-los um a um a perguntar como se chamavam”, conta antes da gargalhada. Do espetáculo “Frenético”, seguiu-se o “On the Rocks”, até ao “Maturado” que acabou por mudar tudo. “A partir desse entrei em velocidade cruzeiro porque tive muitos vídeos virais. Houve ali dois ou três beats que ficaram virais e a partir daí foi sempre a subir”, explica. A certa altura da carreira, Hugo Sousa tentou singrar em inglês e todos os meses, durante dois anos, atuou em Londres. “Queria perceber se conseguia entrar no mercado, mas depois percebi que lá era completamente diferente. Há centenas de comediantes muito bons que ainda não conseguem fazer, daquilo, vida. Portanto, tomei a decisão de ficar em Portugal onde já tinha alguma coisa. Ficar lá seria andar para trás”, diz. Depois de apostar na comédia em português, Hugo Sousa já passou pela Suíça, Luxemburgo, Londres, Macau e Canadá onde atuou para a comunidade portuguesa. “Lá fora as pessoas sentem-se mesmo agradecidas e corre muito bem. Este ano vou pela primeira vez a Paris e estou cheio de vontade de ir lá. Se é a segunda cidade do mundo com mais portugueses, a seguir a Lisboa, tenho de ir a Paris. Espero que a sala esteja cheia, mas tenho a certeza que vai estar”, afirma. Hugo Sousa vai atuar em Paris, no dia 16 de março, no Apollo Théâtre, onde vai apresentar o espetáculo ‘Lado Positivo’. Os bilhetes estão disponíveis através da internet e da conta de Instagram do comediante, que se vai estrear em França este ano
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Metro do Porto inspira-se em Nantes para ‘metrobus’ A Metro do Porto vai inspirar-se no modelo de ‘metrobus’ de Nantes para implementar o sistema em Portugal, sustentandose nos dados da operação da cidade francesa, de acordo com o seu presidente, Tiago Braga. “Nós ouvimos muitas críticas sobre aquilo que é o BRT [Bus Rapid Transit, vulgo ‘metrobus’, autocarro em via segregada], dizendo que o BRT não é um modo eficiente, que é uma redução do nível de qualidade da Metro do Porto, e aquilo que nós viemos aqui verificar é que isso não é verdade”, disse Tiago Braga aos jornalistas em Nantes, França.
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Uma comitiva da Metro do Porto, Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP, que operará o ‘metrobus’) e da Câmara do Porto visitou Nantes e o serviço da operadora local Semitan, com vista a retirar ilações para a sua operação entre a Casa da Música e a Praça do Império (e posteriormente Anémona), prevista arrancar este ano.
No Porto, o ‘metrobus’ terá segregação total apenas na Avenida da Boavista, partilhando a via com o restante tráfego automóvel na Marechal Gomes da Costa, numa taxa de segregação que rondará os 70%, segundo Tiago Braga. Questionado sobre a ausência de uma ciclovia no troço mais a nascente da Avenida da Boavista, Tiago Braga reconheceu que “o futuro é a promoção da mobilidade suave”, mas “não descurando que o coração de qualquer sistema de mobilidade é o sistema de transporte coletivo”. “O transporte coletivo é que é a solução para a mobilidade. Os modos suaves são modos complementares” para cidades como o Porto ou no anel central da sua área metropolitana, defendeu, ao contrário de locais onde já há “tradição da utilização da bicicleta”. Para Tiago Braga,
a espinha dorsal da mobilidade tem efetivamente de ser o transporte coletivo De acordo com os dados oficiais da Semitan apresentados à comitiva portuguesa, em Nantes o nível de satisfação dos clientes é superior no ‘metrobus’ (8,1 em 10) face ao ‘tramway’ (elétrico segregado, 7,3), tendo a cidade sido a primeira a implementar os dois sistemas em França. “O BRT aqui em Nantes tem um índice de satisfação dos clientes superior ao próprio ‘tram’. E a velocidade comercial que eles têm aqui, em média, é inferior àquela que nós temos, em termos de projeto, no nosso”, disse Tiago Braga aos jornalistas. No Porto, a velocidade prevista será de 22 quilómetros por hora (km/h), ao passo que o ‘metrobus’ de Nantes tem 21 km/h de velocidade comercial. Nantes tem duas linhas de ‘metrobus’ com uma taxa de segregação do restante tráfego automóvel superior a 90%, bem como linhas de autocarro com segregação superior a 60%, além de uma rede de ‘tramway’ convencional, semelhante à operação à superfície da Metro do Porto.
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falando na inclusão da mobilidade suave num processo que “vai acompanhando as necessidades de mobilidade da cidade”. Já quanto à falta de interfaces diretos quer na Casa da Música (onde os passageiros terão de percorrer cerca de 200 metros entre o ‘metrobus’ e o metro) quer na ligação da Anémona a Matosinhos Sul (500 metros), o presidente da Metro do Porto acredita que não inibirão a utilização do serviço. “Eu acredito que não por uma razão muito simples: nós vemos a Avenida dos Aliados, a Trindade, a relação entre a própria estação de São Bento ferroviária e a nossa estação de São Bento de metro, as pessoas saem à superfície”, referiu. O novo serviço da Metro do Porto ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) em 2024, com recurso a autocarros a hidrogénio, estando previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona)
Fonte: Lusa
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Em Canto, o cancioneiro à Capela Faça chuva ou sol, elas e eles vão chegando. Sempre à terçafeira a partir das 19h30, na sala de ensaios em Levallois-Perret. Uma quinzena de pessoas, uma quinzena de vozes de todos os timbres para recordar e manter vivos os cantos populares tradicionais portugueses.
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O Ponto PT foi visitar a casa da Associação Em Canto para dar a conhecer este ambicioso projeto artístico liderado pela fundadora e presidente Sofia Costa, que além de ensaiadora também assume o papel de estilista nos fatos de época tradicionais usados pelos cantores e cantadeiras. O que é o Em Canto? É um grupo de canto polifónico, canto a vozes fundado a 7 de fevereiro de 2018. Decidimos trazer esta tradição e este registo de Portugal para a diáspora e creio ser o único projeto em França a cantar à capela as cantigas do cancioneiro português. Não temos nem utilizamos instrumentos musicais e tentamos ser o mais fiéis possível ao original, incluindo o sotaque e as expressões da região original. São as canções que as pessoas cantavam normalmente durante o trabalho no campo ou tarefas em grupo como lavar a roupa nos rios e lavadouros. Somos uma associação e quem quiser pode ser sócio com o pagamento de uma quota simbólica anual.
Como é que se desenvolve o vosso trabalho? Começa com uma recolha de modas, a seguir enviamos as letras aos elementos do grupo, sempre que possível acompanhadas de áudios ou vídeos, para mais fácil assimilação e depois passamos aos ensaios, tal como o Ponto PT está a assistir hoje. O passo seguinte é aceitar os convites para participar em eventos como festivais de folclore, festas, casamentos (já aconteceu) ou outros. Em apenas cinco anos, incluindo o período da pandemia, já atuámos em França, Portugal, Bélgica e Luxemburgo. Também participámos em direto no programa televisivo da Fátima Lopes na SIC.
Trata-se de música religiosa? Não, mas o próximo espetáculo será no dia 17 de fevereiro na Igreja St Justin de Levallois-Perret, às 21h. Como acontece na primeira semana da Quaresma, faz todo o sentido que alguns dos temas que vamos reproduzir sejam de caráter religioso. Trata-se do 2º Concerto Polifonias “À CAPPELLA” organizado por nós para comemorar o sexto aniversário, com a participação das Cantadeiras de S. Martinho de Castro, que vêm expressamente de Ponte da Barca. A entrada é livre e convidamos todos os leitores a estarem presentes para comer uma bifana ou caldo verde.
Essa recolha de canções é feita por quem?
Para os interessados em integrar a associação Em Canto, como é que podem fazer?
Normalmente sou eu que procuro as músicas na internet, vou comprando coleções de cd’s e livros das recolhas feitas por Armando Leça, Michel Giacometti, Dr. Gonçalo Sampaio entre outros.
Quem quiser é bem-vindo e deve dirigir-se a nós através dos contactos exibidos nas redes sociais, também estamos inscritos no Consulado Geral de Portugal em Paris, ou venham diretamente
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aqui ao Centre Culturel L’Escale, junto à gare de Levallois-Perret à terça-feira à noite. Normalmente, os interessados são pessoas que já conhecemos de outras associações de folclore e que querem experimentar algo diferente. O grupo está aberto para todas as idades, desde que queiram cantar. A Sofia tem formação musical ou é só de ouvido? É só por ouvido, não tenho nenhuma formação musical. Tenho é a experiência de cantar muitos anos em ranchos folclóricos, foi aí que aprendi. Agora quero passar essa paixão a outras pessoas e de preferência às novas gerações. Durante os ensaios vamos trocando opiniões e ajustamos a interpretação à capacidade individual de cada elemento. Quando chega um novo elemento ao grupo tentamos fazer como faziam antigamente as senhoras. Começamos a cantar e vamo-nos juntando naquelas vozes em que temos mais facilidade, na voz base ou na voz de cima.
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Depois de quase enfrentar a extinção, o canto Polifónico voltou à ribalta e é agora candidato a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO com o objetivo de defender e manter viva a cultura portuguesa. Até ao momento a Em Canto conta apenas com o apoio da autarquia de Levallois-Perret através da cedência da sala para os ensaios semanais e uma sala para eventos duas vezes por ano, encontrando-se à procura de patrocinadores ou mecenas para expandir a sua atividade. No seio do grupo vive-se alegria, amizade e a inspiração da presidente é contagiosa como revelou ao Ponto PT Eugénia Teixeira, que chegou aqui “por curiosidade. Ouvi falar deste grupo, vim experimentar e ainda cá estou a cantar. A Sofia tem muita atenção com cada elemento para saber se está à vontade e traz sempre modas novas para reportório”. Os trajes fazem parte da atuação e representam as aldeias do Minho, “tornam-se pesados, mas o foco no que temos de fazer em palco não nos deixa pensar nisso”, acrescentou a sorrir. Maria José chegou há um ano, gostou e ficou porque “é um momento de bem-estar. Convido todas as pessoas que gostam de cantar a virem juntar-se a nós neste bom testemunho dos nossos pais, dos nossos avós, para não deixar acabar as tradições e as nossas raízes”.
A juventude presente no ensaio foi representada pelas irmãs Margarida e Maria Antunes que participam desde o início do grupo. “Só conhecíamos a cultura portuguesa pelo fado ou pelo folclore e esta parte do canto estava um pouco esquecida. É sempre importante lembrar que havia esta tradição muito presente na vida das pessoas de antigamente. O facto dos outros elementos serem mais velhos permite-nos aprender mais”. A Associação Em Canto está disponível para acolher novos elementos que façam crescer a quantidade e a qualidade do grupo, mesmo para quem não tem experiência, mas quer aprender cantando
Facebook: Em Canto de LevalloisPerret Telemóvel: +33 (0)6 80 53 05 40 Email: emcanto2018@gmail.com
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José Augusto Duarte Embaixador de Portugal em França
Embaixador de Portugal em França pede “cimeiras bilaterais” que reforcem relação entre os dois países
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José Augusto Duarte, natural de Lisboa, é licenciado em Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa. Depois de ter passado por vários cargos diplomáticos, tomou posse como Embaixador de Portugal em Moçambique em 2013. Conteúdo disponível online:
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Em 2016, foi distinguido pela Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa ao vencer o prémio ‘diplomata económico do ano’, no valor de 25 mil euros. Antes de passar para a Embaixada portuguesa em Pequim, foi assessor do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Da China passou para a Embaixada portuguesa em Paris e mais recentemente, em novembro de 2023, José Augusto Duarte passou a ser também embaixador não-residente de Portugal no Mónaco.
É Embaixador de Portugal em França desde 30 de novembro de 2022. Quais são as primeiras impressões da relação entre os dois países? A relação entre Portugal e França é muito sólida, é muito antiga, mas tem crescido muito nos últimos anos. Diria que nos últimos dez, quinze anos tem crescido de uma forma muitíssimo significativa. As trocas comerciais entre Portugal e França estão como nunca estiveram na nossa história. Temos muitos investidores franceses em Portugal. São mais de 1500 as empresas que investiram em Portugal nos últimos 15 anos, o que criou muitos postos de trabalho em Portugal. A França é já, neste momento, o segundo maior cliente de Portugal e com uma balança positiva para Portugal, que tem crescido também nesse sentido. Temos uma taxa de cobertura que anda à volta dos 170%, o que é altamente satisfatório para as empresas portuguesas, que exportam bastante para este país.
Portanto, no aspeto económico estamos bem e temos um percurso sólido que se tem vindo a consolidar e que esperemos que se possa manter durante os próximos anos. Quais são as principais prioridades neste momento? As nossas prioridades estão em áreas onde provavelmente a dinâmica não é equivalente, como é o caso da área científica, tecnológica e na área da inovação. Portugal é um país com muitas startups, dedicadas e direcionadas para a inovação tecnológica, muito sensível à investigação com fins de mercado. Não sei se existe essa noção generalizada em França, daquilo que é a qualidade da investigação científica em Portugal, daquilo que é a orientação
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da investigação das próprias empresas e startups portuguesas no mercado francês. Uma interação mais forte, mais dinâmica entre Portugal e França, na área da inovação e investigação científica e tecnológica, seria certamente benéfica para os dois lados. Por outro lado, se é verdade que há uma relação intensa entre a sociedade civil portuguesa e a sociedade civil francesa, o que é certo é que podíamos aumentar também a dinâmica dos contactos a nível das entidades oficiais. Portugal e Espanha, por exemplo, têm cimeiras bilaterais anuais que permitem uma relação bilateral complementar à relação que existe no âmbito da União Europeia, que beneficia os dois povos, que aproxima as duas administrações e que torna muito mais produtiva a relação bilateral. Deveríamos caminhar, idealmente, para qualquer coisa de maior proximidade, maior interação entre todos os domínios da administração do Estado francês e português a nível governamental, para aproximar e para ter uma relação bilateral do ponto de vista institucional que possa ser interessante, na área da segurança social, das reformas, das pensões, ou na área científica, académica ou ecológica. Tem sentido dificuldades nas relações bilaterais? Não sinto dificuldade, sinto ausência. Queremos sempre otimizar essa relação, portanto, ambas as partes poderiam fazer algo mais. Na área cultural, por exemplo, ainda há bem pouco tempo houve uma temporada cruzada entre Portugal e França que foi um enorme sucesso, mas conviria que não fosse um fenómeno isolado. Por vezes, faz-se uma grande feira, faz-se uma grande festa, mas depois há um certo anticlímax durante os anos seguintes. Convinha haver uma certa dinâmica para uma presença mais substancial de criadores e de intérpretes portugueses no mercado cultural francês. Portugal não pode ser reduzido a uma expressão cultural. Temos várias expressões culturais que são muito conhecidas aqui e muito apreciadas, como por exemplo, o fado, que é património imaterial da UNESCO, mas Portugal é mais do que isso. O conhe-
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cimento da multiplicidade, da complexidade, daquilo que é a identidade cultural portuguesa é necessária para o enriquecimento do conhecimento dos cidadãos franceses e também para justificar e para dar substância a esta relação tão antiga de uma forma mais equilibrada. De que forma se poderá reforçar a colaboração entre Portugal e França, nomeadamente na área da cultura? A promoção de criadores e de intérpretes faz parte das nossas prioridades de ação cultural externa e esse é o trabalho em curso. Temos intérpretes musicais portugueses de grande qualidade mundial. A Maria João Pires, por exemplo, faz imenso sucesso. Ela é uma grande intérprete dos grandes clássicos da música clássica e é considerada, de facto, um génio da interpretação da música clássica a nível mundial, mas há outros que necessitam de promoção e que também têm grande valor. Portanto, esse esforço está a ser feito para divulgar por toda a França, não apenas em Paris, mas por toda a França, esses intérpretes e esses compositores portugueses. Quando tomou posse, identificou a necessidade de se reforçar o ensino do português junto das crianças que vivem em França. Que trabalho já foi feito nesse sentido? Esse é um gigantesco desafio porque passa por muitas camadas. Falando de forma objetiva, Portugal tem 1 milhão e 200 mil portugueses a viver em França. Temos 102 professores a exercer ensino de português em França e temos cerca de 14 mil alunos de língua portuguesa. Se compararmos com outras situações de outras geografias no mundo, a situação em França é muito complicada, porque é muito reduzida. Na China, por exemplo, a comunidade portuguesa é composta por cerca de 5 mil portugueses, mas no caso da China existem 53 universidades a ensinar a língua portuguesa por todo o país. Se formos ao caso do Senegal, o Senegal tem cerca de 40 mil alunos de português e não tem comunidade portuguesa. Os números dão que pensar e temos
obrigatoriamente de ver os números como algo que nos obriga a refletir e a investigar que fatores contribuem para esta situação. Não há um fator único, são vários os fatores que contribuem para uma situação que não é desejável. Os jovens devem aprender, não só porque são portugueses, mas porque é uma ajuda num mercado de trabalho internacional. Esta situação vai sendo alterada certamente através de negociações entre os dois governos para alterar o quadro legal em vigor a nível bilateral. Temos um acordo para o ensino do português em França, que data de 1971, que tem vindo a ser atualizado apenas com adendas e não com uma revisão de fundo. Esse acordo necessita ser revisto uma vez que a realidade sociológica da França em 1971 não é a mesma que em 2024. Por outro lado, é necessário percebermos quais são os fatores que levam a que a comunidade portuguesa, sendo tão expressiva, não coloca os filhos a aprender português. A situação atual, tal como ela está, não faz justiça ao valor da língua portuguesa como língua internacional de trabalho. Os governos de ambos os países têm sido sensíveis aos problemas da comunidade? As autoridades portuguesas, independentemente de quem é o governante, têm sistematicamente manifestado empatia, disponibilidade para ouvir, e tem havido uma enorme evolução da atenção às comunidades portuguesas nos últimos anos. O problema não passa apenas pelas autoridades portuguesas. Estamos em França, tem de haver legislação neste país. Temos de fazer acordos bilaterais, temos de nos entender e motivar as autoridades francesas a atuar em conformidade connosco para uma batalha que seja comum. É um trabalho exigente porque França tem os seus desafios internos, tem os desafios de muitas comunidades, de muitas línguas que são ensinadas. Temos de fazer um esforço para mobilizar os nossos amigos franceses.
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Já foi Embaixador de Portugal em Moçambique, foi Embaixador de Portugal na China e neste momento é Embaixador de Portugal em França e no Mónaco. Que contributo teve toda essa experiência para os cargos atuais? Fui Embaixador de Portugal em Maputo, Moçambique. Depois fui Embaixador de Portugal na China, mas antes, tinha sido diplomata em países muito diferentes, como os Estados Unidos da América, Espanha ou a nossa representação permanente junto da União Europeia. Somos uma espécie de mil folhas. O ser humano é sempre o reflexo das suas próprias vivências e experiências. Não sou apenas o resultado do meu ADN à nascença, mas as vivências que vou tendo ao longo da minha vida. A minha sensibilidade, a minha perspetiva, a minha predisposição para ouvir os outros vai mudando e, portanto, essa experiência, esse legado que eu trago desses mesmos países, obviamente que me é da maior utilidade aqui, como pessoa e como profissional. Este ano comemora-se o 50º aniversário do 25 de Abril. De que forma vão decorrer as celebrações em França? Temos a intenção de celebrar durante seis meses o cinquentenário da Revolução do 25 de Abril em Portugal. Durante seis meses, em França haverá celebrações em várias cidades, haverá vários eixos de atuação. Teremos um ciclo de cinema, haverá ciclo de debates, exposições e espetáculos. Portanto, são várias as atividades em Marselha, Bordéus, Estrasburgo, Lyon, Paris, em várias cidades. Porque é que há uma atenção tão grande em França? Porque poucos foram os países que tiveram uma influência tão grande no pós-revolução portuguesa como a França. A França deu uma imensa atenção mediática à revolução portuguesa. Os jornais franceses acompanharam de muito perto a revolução portuguesa e todo o período pós-revolucionário, ou seja, pós 25 de Abril 74, 75, 76. Havia correspondentes franceses que acompanha-
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vam com grande interesse a evolução da vida política em Portugal. A França promoveu debates, entre os líderes portugueses, em francês. Há debates gravados na televisão francesa entre Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral. Isso é uma coisa histórica, do maior interesse. A Constituição da República Portuguesa, em parte, é inspirada na constituição da V República Francesa. Boa parte da elite portuguesa estava refugiada em França. França era, na prática, aquilo que nós podemos considerar o paradigma das novas elites portuguesas, não apenas como cultura, mas como país da liberdade, da democracia, do estado de direito, das regalias sociais que nós queríamos implementar. Era, na prática, o paradigma que nós queríamos ter como referência para o nosso modelo democrático. Portanto, celebrar o cinquentenário da revolução em França é importante também por todos estes motivos e também porque temos cá uma grande comunidade. As celebrações não vão ser dirigidas apenas à comunidade portuguesa. Elas vão ser dirigidas também a novos públicos, à comunidade francesa, aos franceses em geral, a quem queira ver, para conquistar novos públicos e não ficar com uma revolução feita por portugueses para portugueses, em Portugal. A revolução portuguesa não foi uma coisa apenas interna, palaciana, ela tinha efeitos daquilo que era o ambiente internacional que se vivia. Era a guerra colonial, que influiu diretamente, era a Guerra Fria, que também influiu diretamente, era o contexto social interno, mas também o contexto social externo, que condicionou muito, quer a guerra colonial, quer depois os acontecimentos que se vão suceder em Portugal. Conhecer essa sociologia portuguesa faz parte da nossa intenção e vamos fazer essas celebrações durante esses meses. Vamos começar em Lyon, com um debate internacional, com gente que vem de Moçambique, de Portugal, da Guiné-Bissau e de França. Queremos também pôr vários estrangeiros a debater a revolução, para que também a revolução seja conhecida no contexto internacional, seja valorizada no
contexto internacional e não apenas pelos portugueses. Vamos ter também um grande espetáculo na Maison de la Danse e vamos ter uma exposição na Câmara Municipal de Lyon. Depois teremos alguns eventos no mês de março, em Bordéus, e em Paris até ao mês de julho. Como é que olha para o aparecimento de um novo órgão de comunicação, o Ponto PT, que comunica para a comunidade portuguesa? Existirem órgãos de comunicação social para a comunidade portuguesa é muito importante para transmitir informação, reflexão, mas também é importante que eles adiram. É importante que os portugueses consumam os órgãos de comunicação social, comprem os jornais ou as revistas que vejam e oiçam as rádios portuguesas ou as televisões portuguesas. É importante porque isso também é apoiar o próprio dinamismo da comunidade portuguesa. A comunidade portuguesa deve-se integrar em França. A comunicação social tem um papel fundamental não apenas na informação, mas na reflexão, no debate. Precisamos de valorizar a nossa comunidade e a nossa comunidade também se valoriza pelo trabalho, pelo respeito pela lei, pelo civismo como se comporta, pela forma exemplar como é referida, mas também pela afirmação cultural, para a formação de ideias, pela afirmação cívica, e isso passa muito pela comunicação social e pela forma como nós consumimos a nossa própria comunicação social
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André Sardet
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... é muito bom fazer parte desta roda que está em andamento
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É Embaixador da Associação Sara Carreira desde o surgimento do projeto, há três anos. O compositor e cantor André Sardet foi um dos músicos convidados a atuar na 3ª gala da associação, que aconteceu no dia 17 de dezembro, no Altice Arena, onde interpretou o tema “Adivinha o quanto gosto de ti”, com o Coro Santo Amaro de Oeiras. Tal como o cantor destacou durante a gala, “a Sara era feliz e quereria fazer os outros felizes”, objetivo que foi abraçado pelos embaixadores da associação. “Como amigo do Tony e da Fernanda, senti que deveria tentar contribuir para que se perpetuasse, não só a memória da Sara, mas também os seus sonhos, os seus desejos. Fico muito feliz quando falo com os bolseiros e sinto que eles olham para o futuro de uma forma feliz, risonha. Essa felicidade eu vejo-a no brilho dos olhos, na forma positiva como eles olham para o futuro e é muito bom fazer parte desta roda que está em andamento”, diz o cantor. No decorrer da 3ª Gala dos Sonhos, foram angariados mais de 80 mil euros em verbas, valor que reverteu para a atribuição de mais de 40 bolsas de estudo a jovens com dificuldades financeiras. “Tem sido feito um trabalho muito meritório, muito sério e muito transparente. As contas estão à disposição de toda a gente, não é esbanjamento de meios, é tudo muito contado, feito com muito rigor, todos os gastos são muito bem pensados e, de facto, a associação tem conseguido dar horizonte e novos caminhos a tantos jovens, que sem a associação provavelmente não teriam meios para concretizar os seus sonhos, os seus cursos”, explica André Sardet. O cantor, assegura ainda que, se não tivesse a certeza da seriedade do projeto, nunca se associaria à missão. Aos bolseiros, o cantor pede que “não desperdicem a oportunidade”, uma vez que é uma oportunidade única de serem apoiados na concretização dos seus sonhos. “Eu admiro muito o Tony e a Fernanda porque transformaram uma dor muito profunda numa oportunidade para muita gente e isso emociona-me logo. A perda de um filho é algo que não podemos explicar nem podemos imaginar, só mesmo passando por isso”, conclui.
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Já tem mais de 25 anos de carreira, que balanço é que faz? O balanço é extraordinariamente positivo, é um relicário de boas memórias, são relíquias que eu tenho guardadas na minha memória, no meu coração. As vezes que eu toquei em salas fantásticas, cheias de gente, com pessoas a cantar as minhas músicas e, sobretudo, estar na vida das pessoas, é o que mais me deixa feliz. É saber que estou na vida de um pai e de um filho, ou de uma mãe e de um filho, que estou na vida de duas pessoas que se apaixonaram ao som da minha música, que batizaram o filho ao som da minha música. Essa presença na vida das pessoas é muito melhor e é muito mais importante para mim do que platinas que tive ou discos de ouro ou salas cheias. Isso é o que me trouxe até aqui, hoje, e ao mesmo tempo, aquilo que eu acho que me dará futuro na música. Como é que se descreve enquanto músico? Sou a mesma pessoa do dia a dia, atrás do palco, à frente do palco. Tento dar o meu máximo em cima do palco. Aí, eu tento ser aquela pessoa que se entrega ao público e que lhe tenta tocar e que tenta emocionar o público que está à minha frente. Isso é uma característica que eu tenho e não consigo subir ao palco sem ensaiar as músicas, por muito que já as tenha tocado. É um momento de muita entrega e de muita responsabilidade. O respeito que o público merece impede-me de ser inconsciente ao ponto de não estudar os temas. Lançou o álbum Ponto de Partida por altura das celebrações dos 25 anos de carreira. O que é que quis trazer? Tinha várias hipóteses. Podia fazer um balanço, podia fazer um ‘best of’, mas quis olhar para a frente. Quis dar uma prova de vitalidade, dizer que estou aqui para compor, para cantar, que não vou arrumar as botas tão cedo. É de facto um álbum que me faz olhar para a frente e que faz as pessoas também irem em frente comigo. Quando é que sentiu que a música seria a sua vida? Quando comecei a compor, quando de repente compus uma música, depois compus outra. Era muito tímido e isso facilitou a minha comunicação com os outros. Foi aí que a música ganhou uma dimensão maior. Uma coisa é cantarmos músicas dos outros e irmos para bares, para concertos, outra coisa é podermos passar aos outros aquilo que nos vai na alma, as nossas preocupações. De facto, foi esse o ponto de viragem. Sempre soube que a música seria o seu plano A? Isso eu não soube. O plano A era ser engenheiro mecânico e o plano B era a música. Só que, entretanto, o B passou para o A. Entrei na faculdade, ainda estudei engenharia mecânica, mas a certa altura, assinei um contrato em 1995 e deixei a universidade. Que inspirações e influências é que tem? Sou muito autobiográfico, componho muito sobre momentos importantes ou marcantes da minha vida, mas também sou
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capaz de estar a observar outras pessoas, a forma como elas andam, como falam, como se comportam ou uma história que me contam, alguém que me confidencia alguma coisa e isso faz-me compor, faz-me escrever. Tem referências na música? Tenho muitas referências desde sempre. Desde o Rui Veloso, o Jorge Palma, o Sérgio Godinho, os Trovante, sobretudo música portuguesa. Ouvia muita música portuguesa, não tanta quanto eu gostaria, porque os álbuns e os discos eram muito caros, mas lá ia comprando algumas coisas, mas ouvia muita rádio. A rádio era o veículo de comunicação preferencial entre a música e as pessoas. Muitas vezes gravava, quando havia o top, ao domingo, as músicas para depois ouvir durante a semana. Houve também ali uma fase mais direcionada para as crianças… Para as famílias, digamos assim. É um álbum que tem muito significado para mim, porque é o álbum que representa a paternidade. Esse álbum surge sem ser pensado. Surge porque a minha filha sempre gostou muito de música, o meu filho nasceu depois, mas também sempre gostou muito de música, mas a certa altura eu estava cansado das músicas da carochinha e comecei a compor músicas no meio das brincadeiras lá em casa, no meio das personagens que nós inventávamos, e de repente comecei a compor e tinha uma série de músicas. Um dia a minha filha disse que havia um menino que gostava da música lá na escola, com três anos, e eu compus o “Adivinha o quanto gosto de ti”, que é a forma como as crianças dizem que gostam muito de alguém. Qual foi o momento mais marcante destes 25 anos de carreira? Consegue escolher um? Teve muito significado cantar no Coliseu pela primeira vez. Era um sonho de criança. Queria que acontecesse, mas não sabia se ia acontecer. Quando lancei o álbum Acústico, com dez anos de carreira, isso aconteceu em duas datas que se esgotaram em horas. Aí percebi que, de facto, tinha concretizado um sonho de há muitos anos. Podia ter feito um Altice Arena na altura, mas para mim tinha mais significado fazer dois ou três coliseus do que um Altice Arena. Hoje não sei se pensaria dessa forma, mas ainda vamos a tempo. Já referiu que tem pena de não tocar tantas vezes lá fora, para os nossos emigrantes. Das experiências que teve, como é estar com as nossas comunidades? As experiências foram todas boas, não houve nenhuma má. Gostei mais de uns ambientes do que de outros, é normal, mas sempre fui muito bem recebido e dei concertos que eu acho que foram do agrado das pessoas. Gostava muito de ir às comunidades, lá fora, nunca toquei para as comunidades nos Estados Unidos, nem no Canadá, é uma coisa que tem de ser corrigida no meu currículo. Estou 100% disponível para isso e com muita vontade.
Sente que o público tem uma reação diferente porque têm saudade de casa? Admiro muito as pessoas que saem de Portugal, saem da zona de conforto e vão à procura de uma vida melhor, à procura de mais qualidade de vida para os seus filhos. Isso faz com que os concertos sejam muito emocionantes. Quando lhes levamos um bocadinho de Portugal, acabam por se sentir muito agradecidas e os concertos são muito emotivos por causa disso. Como é que olha para a evolução da música em Portugal? Por acaso, sou daquelas pessoas que vê o futuro da música com muita esperança e com muito sucesso. Temos uma geração de jovens músicos que são muito trabalhadores, são muito profissionais e levam as coisas muito a sério e que se empenham muito para dar o seu melhor. Tenho muita curiosidade em saber o quão longas vão ser as carreiras deles, porque eu acho que hoje as pessoas têm uma relação diferente com a música, têm uma relação mais de usar a música do que criar o culto da música e dos artistas, ou dos músicos. Atualmente, uma música que tem seis meses está completamente fora de moda. Antigamente não, eram músicas para a vida, eram músicas que acompanhavam as pessoas ao longo das suas vidas durante 30, 40, 50 anos. Acho que estamos a perder um bocadinho isso e acho que era bom conseguirmos esse equilíbrio, para que as novas gerações, pessoas com muito talento, possam chegar aos 20 e tal anos de carreira, tal como eu. Fez questão de incluir no seu último álbum alguns artistas da nova geração… Costumo dizer que não há melhores artistas ou piores artistas. Há uns mais novos do que outros. Achei que comemorando 25 anos de carreira, tinha de convidar pessoas que, não sendo da minha geração, não sendo alguns deles tão reconhecidos como eu, são pessoas com um enorme talento e, portanto, merecem também ser apresentados para que as pessoas possam conhecer. O que podemos esperar nos próximos tempos? Podem esperar um álbum novo, que está a ser composto, e podem esperar que eu continue com a Associação Sara Carreira no coração e a ajudar sempre que for possível e que estiver ao meu alcance
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Entrevista
PEDRO PAULETA 72
Vou estar com os emigrantes durante os Jogos Olímpicos em Paris Pedro Pauleta, ex-futebolista e atual diretor da Federação Portuguesa de Futebol, será adido olímpico da Missão de Portugal a Paris 2024. O antigo jogador da seleção nacional aceitou o convite que lhe foi dirigido pelo Comité Olímpico de Portugal. Pedro Pauleta irá acompanhar os atletas olímpicos apurados para Paris 2024 e vai fazer a ligação da missão com a comunidade portuguesa em França.
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Estava à espera deste convite? Como é que surgiu? Não, não estava à espera. Foi um convite que surgiu através do presidente do Comité Olímpico, com o meu presidente aqui na Federação Portuguesa de Futebol. É óbvio que fiquei muito feliz, com o sentido de grande responsabilidade, mas com uma alegria enorme, uma honra enorme em ser convidado. Como sabe, pelo meu passado em França e principalmente em Paris, onde estive durante cinco anos no Paris Saint-Germain, deixa-me muito feliz e muito honrado. Qual é a missão de um adido dos Jogos Olímpicos? Acho que é mais de representação, de estar presente, não só com os nossos atletas, com a nossa comitiva, mas também com os nossos emigrantes. Vamos ter um salão em Paris, onde vamos poder receber todos os portugueses que quiserem passar e estar presentes nos Jogos Olímpicos. Vão ter a oportunidade de ter um salão português, portanto, vou estar também muito ativo aí, com todos os emigrantes, porque acho que os nossos atletas vão precisar muito do apoio dos nossos emigrantes. Conhecendo eu os nossos emigrantes em Paris e por esse mundo fora, tenho a certeza que será um apoio enorme para eles, para que eles consigam os seus objetivos. Portugal vai ter uma Casa da Nação. O que é que esta casa vai ter como atividades e o que é que vai representar para os portugueses que estão em França? Vai ser uma casa de convívio, onde se poderá assistir às provas dos nossos atletas em direto, onde vamos poder ter esse convívio entre nós, da comitiva portuguesa com os nossos emigrantes, será um momento de partilha, um momento de união à volta dos nossos atletas,
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para que eles consigam os melhores resultados possíveis. Acreditamos que essa casa será muito importante, porque conhecendo os nossos emigrantes em França, tenho a certeza de que vão, mais uma vez, marcar a sua presença no apoio aos nossos atletas, nesse caso. Quando se fala em Paris... o que é que esta cidade significa para si?
Com os nossos emigrantes, vamos conseguir grandes resultados
”
Paris é seguramente a cidade mais bonita do mundo. É uma cidade muito especial para mim, por tudo aquilo que vivi em Paris, através do futebol, com o Paris Saint-Germain. Todos os nossos emigrantes que vivem em Paris, foram à procura do seu sonho, com muito trabalho, com muito sacrifício, mas que nunca deixaram de amar o seu país que é Portugal. Sei o que eles sofrem sempre que alguém veste a camisola de Portugal, seja no futebol ou em qualquer outra modalidade. Neste caso, estamos a falar dos Jogos Olímpicos que é algo muito marcante para qualquer atleta, mas também acredito que para os nossos emigrantes será um momento muito especial. Já tiveram um momento importantíssimo, que foi o Euro, que nós vencemos no futebol, portanto, será uma segunda oportunidade de ver os nossos atletas a conseguirem algo que nunca conseguiram. O apoio da comunidade portuguesa foi importante também para si, nos anos em que jogou em Paris? Muito importante. O carinho que senti da parte deles foi importante no meu dia a dia, foi importante nos jogos que fui fazendo. O carinho que eles passavam aos nossos atletas portugueses, que nesse caso foi no futebol, passavam para mim também, naquela altura. Tem acompanhado o apuramento dos atletas portugueses? O que está a achar até ao momento? Acho que estamos a conseguir os nossos objetivos. Ainda faltam alguns apuramentos. Sabemos que é difícil porque nos Jogos Olímpicos vão estar os melhores dos melhores, portanto, não é
fácil. Por vezes há metas e objetivos que, mesmo que não seja para um primeiro lugar, mas para o segundo ou para um terceiro, já é um feito para os nossos atletas. Tenho muita confiança em todas as modalidades, em todos os nossos atletas. Tenho a certeza de que vamos dar todos o melhor de nós e tenho a certeza que vamos conseguir. Ainda por cima em Paris, com os nossos emigrantes, vamos conseguir resultados muito positivos. Alguma modalidade que acompanhe com especial carinho? Infelizmente o futebol não vai estar presente, mas acredito que temos atletas em várias modalidades, na canoagem, no atletismo, entre outras. Tenho a certeza que vamos conseguir feitos históricos para o desporto em Portugal. Já arrumou as chuteiras há alguns anos. Como é agora o seu dia a dia? O meu dia a dia passa muito aqui com as seleções de formação de Portugal. Sou diretor da Federação Portuguesa de Futebol, para a área da formação, acompanho as seleções dos sub-21 para baixo, portanto, passo grande parte do meu tempo a acompanhar as nossas seleções. Faço muitas coisas com o Paris Saint-Germain, onde sou embaixador das academias e, portanto, faço muitas coisas com o clube ainda. O meu dia a dia é entre a Federação Portuguesa de Futebol, o Paris Saint-Germain, a minha fundação, a minha escola de futebol, que também ocupa um bocadinho do meu tempo. Tenho 400 crianças na minha escola de futebol. É um projeto que começou em 2004 e em que muito me orgulho. Como é que é a ligação às suas raízes? A minha ligação aos Açores será até ao último dia da minha vida. Sou açoriano, gosto muito dos Açores, foi lá que nasci, que cresci, que me criei. A minha escola de futebol foi criada também para dar
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oportunidade aos miúdos dos Açores, para poderem fazer desporto com qualidade, num complexo desportivo com todas as condições. Atualmente estamos com 400 crianças na escola. Tenho o projeto da fundação, o clube de futebol, portanto, é um projeto que tem vindo a crescer, tem continuado a crescer e que muito me orgulha. Na altura em que se tornou o melhor marcador da seleção portuguesa, qual foi o sentimento? O sentimento foi de grande orgulho, de grande honra, porque na altura bater o recorde de Eusébio era algo impensável para qualquer jogador. Acho que ninguém sonhava com isso, nem nunca me passou pela cabeça. A determinada altura, quando comecei a aproximar-me, claro que isso passou a ser um objetivo. Foi um momento de grande felicidade e de grande orgulho por ser o primeiro a bater o recorde do Eusébio e de ser o melhor marcador da história da seleção nacional naquela altura. Outro facto curioso sobre a sua carreira foi ter-se tornado internacional, ter feito a carreira que fez, sem nunca ter jogado na Primeira Liga Portuguesa. A minha carreira foi praticamente toda fora. Comecei aqui no futebol profissional, no Estoril, na segunda divisão. Depois, a partir do momento que fui para fora, para o Salamanca, fui chamado à seleção nacional, sem nunca estar a jogar na primeira divisão, não só aqui em Portugal, mas também fora. Quando fiz o primeiro jogo ainda não tinha feito nenhum jogo na primeira divisão em Espanha, naquela altura. A minha carreira foi toda fora. Tive várias vezes a oportunidade de regressar, mas sentia-me bem nos clubes onde estava e cada vez foi mais difícil. Na parte final da carreira foi uma opção, porque queria acabar em Paris, no Paris Saint-Germain. O futebol é algo que nasceu consigo. Soube desde sempre que seria por aí a sua vida? Lembro-me de começar a chutar uma bola aos três, quatro anos. Apesar de ter
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começado a jogar futebol nos infantis, na altura na comunidade Jovens de São Pedro, aos nove anos, o futebol foi sempre a minha paixão, é aquilo que mais gosto de fazer, que mais gosto de ver. O futebol é algo que é difícil de explicar, porque é um amor e é essa mensagem que tem de ser passada aos nossos atletas. Atualmente qualquer miúdo quer ser jogador de futebol, mas não pelo amor ao futebol, mas porque o jogador de futebol é famoso, é conhecido e é rico. Tem de ser ao contrário. Tem de ser o amor ao futebol. Digo sempre que antes do futebol ser a minha profissão, já era e continua a ser a minha paixão. Como é que vê o desenvolvimento do futebol e dos jogadores portugueses, atualmente? Felizmente, temos uma qualidade no nosso trabalho de formação, nos nossos clubes em Portugal e aqui na seleção nacional, com as condições que damos aos nossos atletas. Os nossos atletas sempre foram atletas com bastante talento, com bastante técnica e, portanto, a partir de uma certa altura, a aposta na formação em Portugal foi muito importante. Cada vez mais estamos a ver miúdos a sair cada vez mais cedo, com uma grande qualidade técnica, mas também já com uma maturidade diferente. Temos atletas por esse mundo fora, mas também em Portugal, com muita qualidade. Que conselho deixa às crianças que sonham vir a ser atletas, seja de futebol ou de outra modalidade? Em primeiro lugar, façam desporto. É fundamental para qualquer criança fazer desporto. Dou sempre este exemplo: se tiveres 20 crianças que façam desporto, vai haver uma ou duas que se calhar vão para um caminho menos bom. Se for ao contrário, vais ter 17 ou 18 miúdos que vão por um mau caminho, se não fizerem desporto. Não só para a nossa saúde, para o nosso bem-estar, para a educação, na escola vais ter rendimentos totalmente diferentes. Portanto, façam desporto, independentemente da modalidade. Façam desporto com prazer, com alegria, com amor à modalidade que vocês escolherem.
Que mensagem deixa para que os emigrantes acompanhem os Jogos Olímpicos e os atletas portugueses? É uma mensagem mais de carinho, porque tenho a certeza de que eles já estão todos preparados e ansiosos que cheguem os Jogos Olímpicos para começarem a apoiar os nossos atletas. Vou estar convosco, sou mais um de vós a apoiar os nossos atletas, para que eles consigam os melhores resultados possíveis nessa competição. Tenho a certeza de que vocês vão ser os primeiros a incentivá-los e apoiá-los nessa caminhada que vai ser difícil, que vai ser longa, mas que vamos conseguir resultados fantásticos em Paris
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Jogos Olímpicos 2024 Inês Barros é a primeira mulher a representar Portugal na modalidade de tiro
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Maria Inês Barros, atleta de Penafiel de apenas 22 anos, é a primeira mulher a representar Portugal nos Jogos Olímpicos, na modalidade de tiro com armas de caça (trap). A atiradora conseguiu o feito ao sagrar-se campeã europeia em Osijek, na Croácia, depois de um ano recheado de conquistas.
O “bichinho”, como lhe chama, surgiu ainda em criança, quando acompanhava o pai na modalidade. Com apenas um mês de idade, Maria Inês Barros viajou para os Açores com o pai, durante o campeonato regional de tiro, e desde então que só quer “partir pratos e praticar a modalidade”. A atiradora portuense, da Associação de Caçadores Vale do Tâmega, começou o percurso na modalidade com 14 anos e nunca mais parou. “O meu pai pratica desde que eu nasci e tudo surgiu com ele, porque desde pequena que o acompanho. Desde que tenho um mês de idade que ando nestas andanças do tiro”, conta entre sorrisos. No percurso como federada começou a “atirar” em todas as modalidades mas, a partir do segundo ano, começou a dedicar-se ao fosso olímpico como meta de sucesso. Em 2017, em Moscovo, na Rússia, conseguiu o primeiro apuramento para a seleção e, a partir daí, “as provas têm sido cada vez melhores”. O ano passado, em 2023, concretizou o “ano de ouro”, que lhe trouxe o apuramento olímpico para Paris 2024. “De vez em quando iam surgindo algumas medalhas, a nível individual e a nível de equipas mistas, mas nunca tinha surgido o ouro, que é o nosso objetivo em todas as provas. Em 2023 foram dois ouros a nível individual e dois ouros em equipas mistas com o meu colega João Paulo. Foi brilhante”, diz com um sorriso nos olhos.
Embora o último ano tenha sido de excelência, a atleta de 22 anos já só pensa nos Jogos Olímpicos de Paris, um feito que era um dos seus grandes objetivos. “A nossa federação já andava a trabalhar há muitos anos para que isto acontecesse, mas ainda não tínhamos nenhuma representação feminina nos Jogos Olímpicos. Felizmente já conseguimos e espero que isto abra caminho para outras mulheres, porque somos capazes”, diz Inês Barros. A atleta portuense atira ainda o que seria um bom resultado pessoal. “Um bom resultado seria conseguir o apuramento à final. Na final, seria chegar às medalhas porque, claro, o objetivo de todos os atletas que chegam aos Jogos Olímpicos é ganhar”, finaliza.
Desde que tenho um mês de idade que ando nestas andanças do tiro
”
A atiradora, que concilia os dois treinos semanais com os estudos, o quinto ano de Mestrado Integrado de Medicina Veterinária, ainda tem muitos sonhos a concretizar dentro do campo de tiro. “A longo prazo gostava de conseguir fazer a classificação para os próximos jogos de 2028, em Los Angeles, e até lá gostava de conseguir manter esta rotina de medalhas, de vez em quando o ouro, e conseguir ser campeã mundial, uma vez que já estou a trabalhar para isso”, diz. Com apenas 22 anos, a atleta vive um grande momento na carreira. Em Paris, vai ter a primeira oportunidade de competir no palco olímpico, depois de, em 2022, ter conseguido a medalha de prata nos Jogos do Mediterrâneo, na Argélia. “Vai fazer a diferença ter mais portugueses a apoiar-me, vou sentir aquele apoio todo do nosso povo, mesmo estando em Paris, e acho que vai ser importante”, conclui. A atleta natural de Penafiel treina na cidade do Porto, onde encontra as condições ideais para a prática desportiva de tiro com armas de caça
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US Lusitanos de Saint-Maur: o clube que aquece o coração dos portugueses
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Na capital francesa não é preciso ver jogar a seleção portuguesa para se torcer por uma equipa verde e vermelha. Ali bem ao lado da cidade luz há uma equipa de futebol que respira portugalidade: o US Lusitanos de Saint-Maur.
Na diversidade de nacionalidades que fazem da cidade gaulesa a sua casa, encontra-se a maior comunidade portuguesa do mundo. Esse facto é explicado pelo regime ditatorial vigente em Portugal e pelo eclodir da Guerra Colonial na década de 60. Como forma de fugir ao regime e à guerra, aliada à ambição de encontrar melhores condições de vida e de trabalho, assistiu-se a um ‘boom’ de emigração em Portugal e o destino daqueles que, saíram, muitas vezes de forma clandestina, foi preferencialmente França. Para trás, ficava Portugal e a paixão pelo desporto-rei.
O US Lusitanos foi fundado em 1966 por iniciativa de José Lebre, um emigrante trabalhador fabril. O objetivo do clube inicialmente denominado Union Sportive des Lusitano, era ser um espaço de convívio entre os colegas de trabalho, amigos e amantes do futebol como distração para minimizar as saudades da pátria. Nos primeiros tempos, o clube tinha apenas essa função. Anos mais tarde, a direção da equipa parisiense apercebeu-se das dificuldades em manter nas suas fileiras apenas jogadores portugueses. Tendo em conta que o Salazarismo e a era de Marcello Caetano já tinha terminado e se assistia ao regresso de portugueses espalhados pelo mundo, abriu, assim, portas à integração de outras nacionalidades no plantel. Curiosamente foi neste período, na viragem do século, que o clube viveu os seus anos mais áureos. Sob a presidência de Armando Lopes, empresário português em França, o clube consegue quatro presenças na National, terceira divisão francesa e uma caminhada inédita até aos oitavos de final da Taça de França na época 2001-2002, que terminou frente ao RC Strasbourg. Contudo, o clube sofreu um duro revés, aquando de uma tentativa em fundir o clube com o vizinho US Créteil, que se revelou falhada por falta de entendimento entre ambas as partes. Com a mudança de presidente, o clube entrou em crise e caiu para a última divisão, sendo obrigado a recomeçar da estaca zero. Sob o nome de US Lusitanos, a equipa reergueu-se e subiu quatro vezes em dez anos, sob a liderança de Artur Machado. O ano 2019 marca uma viragem no clube, com a entrada de novos membros para direção e um novo presidente: Mapril Baptista.
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Helder Esteves Treinador
“Uma vez Lusitanos, sempre Lusitanos” A frase é dita por Kevin Diaz, mas é um sentimento vivido por todos aqueles que passam pelo Lusitanos de Saint-Maur. O atual diretor-desportivo do clube, que já foi também jogador e treinador-adjunto, tem uma enorme paixão pela equipa que o permitiu crescer como profissional. “’Nós somos a história’, é o slogan do clube, porque o Lusitanos representa a história da emigração, a história de ligação entre França e Portugal. Além disso, na zona de Paris, somos o 10º clube com mais jogos no nível nacional”, contou.
frangos, estava tudo cheio e a malta portuguesa adorava. Vinham famílias inteiras, eram muitas as emoções e, na altura, com resultados positivos”. Trata-se de um clube único, com identidade própria, e um sentimento especial. “É um mix entre França e Portugal, e por isso temos essa cultura que é muito diferente de muitos clubes no mundo”, conta Kevin Diaz. “Encontrar um clube que na sua história está ligado à comunidade portuguesa, é motivo de orgulho. Temos um sentimento de patriotismo ainda maior. É um clube especial”, revela o capitão de equipa.
A presença portuguesa
O trabalho diário
58 anos depois, a marca portuguesa no Lusitanos de SaintMaur continua a estar bem vincada. “Temos um adjunto português, um treinador português, o diretor-desportivo português, capitão português e presidente português”, enumera Kevin Diaz. De braçadeira no braço está Valter Viegas, capitão da equipa e exemplo para os restantes jogadores. Está no clube há sete épocas e renova, a cada ano, a sua paixão pelo Lusitanos. “A presença portuguesa é importante para o clube, é o nosso ADN. Não somos só portugueses, mas não se pode perder isso. Nos últimos anos tem havido um distanciamento da comunidade, mas acho que é importante haver portugueses para que esta distância se atenue”, realça.
Numa era de reconstrução do clube, o foco no trabalho diário é o mais importante. “Por vezes a bola bate no poste, entra ou sai. São pormenores que não podemos controlar. Temos de trabalhar dia a dia da maneira mais profissional possível, de maneira mais séria possível, para assim alcançarmos os nossos objetivos”, diz o diretor-desportivo. Da mesma opinião é o treinador, que explicou ao Ponto PT que não gosta de objetivos de classificação. “Eu apoio-me sobre o trabalho dos meus jogadores, o trabalho que fazemos com a minha equipa e tento melhorar, fazendo progredir esta equipa”.
Apesar das raízes portuguesas, é um clube aberto a todos, e com valores mais altos que uma bandeira. “O que interessa é que quando tens a bandeira do Lusitanos no coração tens de dar tudo no campo, tens de respeitar o colega, o árbitro e o adversário”, explica Kevin Diaz. Fundado em 1966 por portugueses, são muitas as recordações vividas no balneário, no campo e nas bancadas do Estádio Adolphe-Chéron. Também o atual treinador Hélder Esteves já vestiu as cores do Lusitanos enquanto jogador, e recorda com emoção as lembranças vividas. “Antigamente chegamos a jogar com 5 mil pessoas nas bancadas. Ainda tenho artigos de jornal que prova isso. Havia um ambiente incrível, com as pessoas a cantar, com folclore, o público comia
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Kevin Diaz Diretor-desportivo
A equipa joga atualmente no grupo H da Nacional 3, a quinta divisão do futebol francês. “É uma realidade difícil, com equipas fortes, não somos menos forte que os adversários, mas ainda não mostramos que somos mais fortes”, explicou o treinador. O português já não é a língua mais falada nas bancadas. Uma realidade bem diferente de décadas passadas. Resta, ainda assim, a vontade de um regresso a um forte apoio da comunidade portuguesa. “Venham-nos apoiar, estejam mais presentes na vida do clube, é importante para a comunidade e para o clube. Todos juntos podemos ser um clube mais forte”, termina o capitão
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Pedro Emanuel de Oliveira Advogado em França e Portugal - Barreau de Bordeaux - Conselho Regional do Porto Doutor em Direito pe.deoliveira-62334p@adv.oa.pt
Não esquecer de declarar as mais-valias imobiliárias em Portugal, e também se necessário em França! A divulgação ao público das obrigações declarativas em matéria de tributação em Portugal das mais-valia imobiliárias das pessoas singulares tornou-se um assunto de peculiar importância com a multiplicação da instalação no país pelos estrangeiros das suas residências fiscais. É notório que inúmeros franceses e portugueses oriundos da diáspora aliciados pelo clima, a qualidade de vida e sem esquecer a atratividade dos benefícios fiscais oferecidos, adquiriram uma quantidade avultada de imóveis para habitação ou para alojamento local em Portugal esta última década.
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No entanto, pressuposto correlativamente, o gabinete começou a receber um número acrescido de constituintes franceses e de emigrantes lusitanos notificados pela administração tributária portuguesa para procederem às devidas declarações fiscais em falta. Este acontecimento inscreve-se geralmente na sequência da alienação dos seus bens imóveis, quer no ensejo do regresso definitivo a França quer no quadro de uma venda com intuito de comprar um novo imóvel. É verdade que os ditos constituintes estão acostumados ao modelo declarativo francês das mais-valias imobiliárias das pessoas singulares cujo procedimento declarativo e de liquidação é totalmente da responsabilidade do notário que exarou a escritura de compra e venda. Com efeito, em França, o notário recebe o pagamento do preço de compra do imóvel antes de restituí-lo ao vendedor retido o valor do imposto sobre as mais-valias pagas por ele à administração tributária. Ora, em Portugal, tal não é o caso. Impende sobre o vendedor a responsabilidade declarativa e de liquidação do tributo relativo à mais-valia gerada pela venda de um imóvel. Por conseguinte, o contribuinte vendedor não pode faltar às suas incumbências sem se expor às sanções tributárias. O contribuinte francês ou português, com ou sem residência fiscal em Portugal, tem a obrigação de declarar as mais-valias resultantes da venda do seu imóvel até ao dia 30 de junho do ano seguinte ao ano da realização da transação imobiliária. A declaração deve ser feita no portal das finanças na declaração modelo 3 com o anexo G. Efetivamente, as mais-valias são tributadas na categoria G que corresponde aos incrementos patrimoniais. É de sublinhar que para um residente francês a mais-valia é em princípio submetida à taxa especial de 28%. Todavia, conforme está preceituado no n°15 do artigo 72 do Código do imposto sobre os rendimentos das pessoas singulares (CIRS), “os residentes noutro Estado-Membro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu, desde que, neste último caso, exista intercâmbio de informações em matéria fiscal, podem optar, relativamente aos rendimentos referidos nas alíneas b) e e) do n.º 1 e no n.º 6, pela tributação desses rendimentos à taxa que, de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do artigo 68.º, seria aplicável no caso de serem auferidos por residentes em território português”.
Outrossim dito, os residentes franceses podem optar pelo regime de tributação das mais-valias dos residentes portugueses. Este é mais vantajoso e consiste em regra na aplicação da tabela geral do artigo 68 do CIRS a 50% do montante total das mais-valias apuradas. Neste caso, o contribuinte deverá declarar os seus rendimentos de fonte francesa para determinar a taxa efetiva de tributação. Desta forma, a taxa de tributação não excederá os 28% da totalidade da mais-valia não obstante uma taxa efetiva de tributação máxima de 48%, eventualmente aumentada da taxa adicional se aplicável, consoante os rendimentos realmente declarados. Convém ainda acrescentar que, não obstante o princípio plasmado no artigo 14 da convenção fiscal bilateral entre a França e Portugal de 1971, que prevê que os incrementos patrimoniais são tributados no país de situação dos bens imobiliários, os residentes fiscais franceses devem declarar as mais-valias auferidas em Portugal na declaração de rendimentos estabelecida em França no escopo de determinar a taxa efetiva de tributação que incidirá sobre o rendimento global francês. Em conclusão, atenta a alta complexidade da matéria, o contribuinte terá todo o interesse em solicitar o apoio de um profissional que domine a matéria fiscal internacional ao efeito de proceder às suas declarações de rendimentos em ambos os países
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Rosinha:
Continuo a ser a Rosa Maria de Pegões Rosinha é um nome bem conhecido dos portugueses. A sua gargalhada ou o duplo sentido das suas letras fazem da artista um verdadeiro caso de sucesso. O gosto pelo acordeão foi algo natural e foi esse o instrumento escolhido desde o início, sem que ninguém a tivesse pressionado na escolha. A concretização do seu maior sonho surge em 2007 pela mão do compositor e produtor Paquito que a convida para gravar um álbum de originais. Numa conversa com o Ponto PT, Rosa Maria de Pegões, como faz questão de dizer que é, falou abertamente sobre a construção da sua carreira.
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Quem é a Rosinha, a artista que todos os portugueses conhecem? Quem está à tua frente é a Rosa Maria, de Pegões, que de pequenita nunca pensou nem nunca sonhou ou ansiou ter qualquer coisa a ver com música ou com espetáculos. Em criança, a minha vida era andar em cima das laranjeiras a comer laranjas, eu sou do campo e foi a isso que fui habituada, e gostava. Aos dez anos de idade, abriu uma pequena escola de música, que uma prima minha conseguiu implementar em Pegões Velhos. E eu, claro, como toda a miudagem da altura, quis ir lá ver o que é que se passava. Eu já gostava muito de acordeão. Porquê? Porque eu sendo do campo, a parte dos bailaricos e das festas, eram animados por acordeonistas e pelos ranchos folclóricos e aquele instrumento realmente seduzia-me, porque era grande, era pesado, tinha muitos botões, tinha de se tocar com as duas mãos e aquilo parecia muito estranho, mas fazia um som que eu gostava. Quando tive oportunidade de realmente estar com o acordeão, que foi nessa escola de música, sem dúvida, senti que era isto que queria. Queria saber se conseguia pelo menos aprender a tocar o instrumento. Comecei aos dez anos de idade. Depois tivemos algumas apresentações da escola de música durante uns anos. Entretanto, como tinha muito interesse pelo instrumento avancei muito rápido na aprendizagem, fiz o primeiro exame pouco depois de um ano de começar e depois tive de passar para outra escola. Então fui para Lisboa para tirar o curso de música. O meu primeiro baile para ganhar dinheiro, quando eu achava que já sabia tocar por saber três músicas, foi quando eu tinha ainda 17 anos, a 24 de dezembro. Claro que foi terrífico, aterrador e medonho. Foi péssimo porque me enganei imensas vezes. Mas ria-me muito e nunca fiz questão de tentar dizer que não me enganava. Isso sempre foi assim. Ainda por cima era na zona onde toda a gente
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me conhecia. E eu no fim da música, ria-me e dizia: ‘vocês não se enganaram a dançar, pois não? É que eu enganei-me a tocar.’ Mais tarde, já com o meu curso praticamente acabado, comecei a dar aulas de música a umas quantas crianças que me pediram. A Câmara do Montijo, na altura, pediu-me para eu entreter os miúdos depois das aulas até os pais poderem ir buscá-los. Então durante uns aninhos também fiz isso, numa escola primária, de ensinar as notas musicais às crianças, construíamos instrumentos e fazíamos imensos jogos com tudo o que envolvia música. Continuei com os meus bailaricos, durante 17 anos. Foi o que fiz. Carregar a aparelhagem, descarregar a aparelhagem, montar a aparelhagem no palco, fazer som. Os meus pais sempre comigo, obviamente. A minha irmã ou a minha prima Sónia a carregar e a descarregar comigo. Tinham de estar ali o tempo que fosse necessário e o máximo que eu fazia eram 8 horas seguidas a tocar, ou então animar os casamentos, batizados, festas de aniversários, todas as festas possíveis e imaginárias. No fim, desmontar, voltar a carregar a carrinha, receber o meu cachet, ir para casa, porque no dia seguinte havia outra festinha. Até que comecei a ser contactada por produtores de música, como foi o caso do Paquito, meu amigo de adolescência, porque andamos na escola juntos, a convidar-me para projetos musicais, por eu ser acordeonista, para fazer parte de bandas. Eu disse sempre que não. Eu sempre toquei sozinha. Eu nunca me imaginei a tocar com outras pessoas, porque eu repetia as vezes queria, parava, arrancava quando queria, não havia aquela métrica que tem de ser cumprida quando se tem outros colegas a tocar. Disse sempre que não. Lá continuei com os meus bailaricos, até que em 2006 eu estava a fazer uma
matinê em Pegões Velhos, e aparece o Paquito. Esperou que eu terminasse, e disse-me que teve uma ideia que tinha tudo a ver comigo. Disse-me que imaginou músicas com duplo sentido, só comigo e o acordeão. Ainda disse: ‘tu tens uma grande lata!’. Eu disse ok, manda-me as músicas que já tens para eu ouvir e depois gravamos. Se correr bem, tudo bem, se não correr bem, tudo bem na mesma, porque eu continuava com a minha vida como até ali, sem qualquer problema. Achei piada à primeira música, que foi ‘a boca no pipo e o dedo no buraco’. É verdade que eu gosto de brincar com as palavras, divirto-me muito com aquilo que faço, porque eu já nos bailes alterava os refrões das músicas e contava anedotas entre as músicas. É o que continuo a fazer, agora com as minhas próprias músicas. Portanto, esta brincadeira toda já tem 35 anos. Fiz 17 anos de bailes, e já quase 18 anos como Rosinha. Alguma vez imaginou atingir este sucesso? Não imaginei nada e continuo sem imaginar. Eu comecei por dizer que sou a Rosa Maria, de Pegões, e continuo a ser o que era. Sou e serei sempre a mesma pessoa. A Rosinha tem sucesso? É muito trabalho, muito trabalho. Eu não estou em casa à espera que as coisas aconteçam. Tenho de ir à luta. Não estou sozinha, como é óbvio, tenho a minha editora, a País Real, que tem toda uma equipa de promotoras e o Paquito, que é o dono da empresa, e são eles quem faz a minha agenda. Há todo um grupo grande, um leque de pessoas que trabalham para que eu possa existir. E o mérito não é meu, é de todos nós. Claro que vou sempre, como estou aqui, de coração aberto, com muito boa vontade, e é sempre um gosto. Mas acredita nisto que te vou dizer: eu faço cerca de 90 concertos de seguida, praticamente quase sem interrupções, sem dias de descanso ou de intervalo.
Se estou cansada? Estou. As pessoas só me vêm 1h30 ou 2 horas no palco, mas não é só aquilo. Provavelmente para ali estar já fiz sete horas de viagem, porque podia estar no Algarve e fui para Trás-os-Montes e no outro dia volto ao Baixo Alentejo, ao Minho e depois volto ao Algarve. Os meses de verão são exatamente assim. Não vamos a casa meses a fio, portanto, é cansativo nesse sentido. Não é cansativo o tempo em que estou em cima do palco, esse é maravilhoso. Eu dou o que tenho para dar, porque as pessoas me dão muito. Eu divirto-me imenso a fazer aquilo que faço, mas eu fazendo uma grande quantidade de concertos durante o ano, fazendo um grande número de rádios e televisões para promoção, que também agradeço muito porque são vocês que me fazem chegar às pessoas, é claro que é cansativo, mas é muito bom. É o meu trabalho e eu recebo pelo que faço, mas o dinheiro eu gasto. As lembranças e os momentos bons que passo, esses ficam sempre comigo. É esse contacto com o público que serve de alimento? Sem dúvida nenhuma. Antes de subir a palco podemos ter dores, cansaço, sono, frio ou calor em demasia, mas assim que coloco os saltos, pego no acordeão e subo o primeiro degrau, oiço o burburinho das pessoas lá à frente e é maravilhoso, fantástico. Tudo se esquece, literalmente. Eu tenho uma doença autoimune, que chega a todas as articulações e há épocas em que eu tenho realmente muitas dores. Às vezes nem consigo pôr os pés em cima dos saltos. Eu juro pela minha saúde, que quando subo a palco nunca mais me lembro que me dói o pé. Só no fim das fotografias, beijinhos e abraços é que me lembro das dores. É realmente o que me
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alimenta e é o que me faz ter vontade de no dia seguinte voltar a subir ao palco. Sempre com o acordeão ... Sempre. O acordeão é parte de mim, e posso provar. Se eu tiver de cantar sem o acordeão, eu não me vou lembrar da letra. E sempre fui assim. Já enquanto Rosa Maria dos bailes era assim. Se tivesse de escolher o momento mais marcante até agora. Qual seria? Eu tenho vários. O primeiro, é sem dúvida, a minha primeira apresentação como Rosinha, que foi em Évora e eram vários artistas. Fomos fazer som, era um pavilhão que fazia muita ressonância, portanto aquilo era um bocadinho confuso. Quando fiz o soundcheck estava bem, mas quando voltei para subir a palco com as pessoas, o som estava muito mais alto, enrolava muito mais. Então o que é que eu fiz? Ri muito, porque eu não ouvia quando é que tinha de começar a cantar. Foi assustador. E nesse sentido, claro que é marcante. Depois há momentos... eu não sei precisar o ano, sei que foi no norte. Foi durante a tarde, era um almoço piquenique lá da comunidade daquela região, num parque gigante. Eu fui convidada para atuar e lá fui com as minhas bailarinas, fizemos a nossa animação, brinquei com as pessoas. No fim, eu não podia estar muito tempo a dar autógrafos porque tinha de ir fazer som para o concerto da noite. Já quando estou no camarim a tirar a roupa, o Paquito voltou bateu à porta para eu sair e estar com uma pessoa. Lá vou eu, e estava uma senhora muito debilitada, com uma botija de oxigénio, com aqueles fiozinhos no nariz, e a senhora pediu-me desculpa por me fazer voltar ali e disse-me que não foi para a confusão porque estava muita gente e era doente oncológica e que estava acamada. Gostava muito de me ouvir cantar e do meu sorriso, das minhas brincadeiras e, sendo ela dali, do sítio onde nós estávamos a atuar, não podia sequer pensar que estava acamada. Não podia perder a oportunidade de me ver. Então pediu aos familiares para a levarem ao piquenique para eu tirar uma fotografia com ela. Obviamente tirei, dei-lhe um
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As nossas comunidades portuguesas mantêm mais vivas as nossas tradições que nós cá
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abraço e desejei-lhe o melhor. E ela disse ‘obrigada por existires. Eu posso estar inconsolável com o meu problema, com dores, eu vejo-a na televisão, oiço uma música tua e és a única pessoa que me dá alento para sorrir’. Isto é um bocadinho difícil e comovente. Como é que eu, Rosa Maria, de Pegões, consigo fazer com que uma pessoa sinta o que ela me descreveu? Daí isso mexer muito comigo, porque é difícil. Para mim é difícil eu ver-me nesse papel, confesso, porque eu simplesmente brinco e digo umas brincadeiras e rio muito com aquilo que faço. Eu faço questão que as pessoas se divirtam e deem uma boa gargalhada. Há pessoas que não gostam do género musical, há pessoas que até não gostam de mim, ou da Rosinha. A vida é isso mesmo. Eu também não gosto de toda a comida, nem todas as cores e toda a roupa. É normal. Até aí está tudo certo. Mas basta uma pessoa dizer-me o que disse aquela senhora, para isto valer muito a pena. O que eu faço é com a minha verdade e com entrega, sem dúvida. Tenha eu cinco mil pessoas à frente ou 50, aquelas 50 pessoas merecem tanto quanto as cinco mil, porque elas saíram de casa delas, vieram para ali para me ver. Toda a minha entrega é exatamente a mesma, porque o respeito que eu tenho por aquelas 50 é o mesmo. É o respeito pelo público ... É o público. Estúdio para mim não dá. Eu só venho a estúdio para gravar. Estar aqui fechada não gosto, não é a minha praia. E como é o contacto com o público das comunidades? É tão bom. E é diferente. É muito diferente. As nossas comunidades portuguesas mantêm mais vivas as nossas tradições que nós cá. Cheguei uma vez ao Canadá, em Toronto, onde fizeram uma grande festa portuguesa num hangar de aviões, onde foi um camião descarregar uma carrada de maçarocas de milho para fazer a desfolhada, durante a tarde com os ranchos folclóricos, a Rosinha também, obviamente. E eu pensei para mim: se eu chegar a Portugal e for dizer a um miúdo de 20 anos que estive a fazer
a desfolhada, ele não sabe o que é. Não mantemos, nós cá, tanto as nossas tradições como lá se mantêm. Eu sinto isso. As comunidades na Europa, como França, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, já têm mais contacto com Portugal. Se falamos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália ou Brasil, como eu já estive, já são emigrantes que não vêm com tanta regularidade. Obviamente são países mais longínquos, as viagens são muito mais caras e as pessoas acabam por ficar mais anos sem vir a Portugal. A primeira vez que estive na Austrália, em Sidney, falei com um senhor que tinha 83 anos na altura e que há 60 anos que não vinha a Portugal. Sobre o estigma que existe em relação à música popular portuguesa... também sente diferenças entre Portugal e as comunidades? Eu não sinto isso. O que é que eu sinto em relação à música popular e ao acordeão? O acordeão, era visto como popular. Era do rancho folclórico, era do campo, era um instrumento campónio. Passado uns bons anos, o acordeão começou a ser visto como instrumento igualmente valioso, como qualquer outro instrumento. Eu quando fiz o meu curso, não entrei no Conservatório, porque o acordeão era popular, não era instrumento de Conservatório. Atualmente, é considerado um instrumento igual a todos os outros. Este instrumento começou a ser visto com outros olhos, começou a ser usado noutros ritmos completamente diferentes. Nós hoje vemos reggaeton com acordeão. A minha professora era acordeonista numa orquestra em Londres. Portanto, lá fora o acordeão tinha outro valor que cá em Portugal não tinha ainda. Mas felizmente, atualmente, é muito bem visto. Finalmente, o acordeão e as concertinas são vistos e admirados em qualquer registo musical, e por nós portugueses. Era mais fácil, há uns anos, nós admirarmos um italiano, um russo ou um alemão, do que os nossos portugueses.
Portanto, em 2024 já vamos para o 18º. Em 2023 foi ‘Com Sola à Frente Com Sola Atrás’, e eu e o Paquito tentamos ter sempre músicas orelhudas, músicas que ficam no ouvido, com um ritmo que nos fica a martelar na cabeça. Felizmente o último disco não foi exceção. É muito engraçado, por exemplo, eu chegar a França, começar a cantar e as pessoas começarem a fazer a coreografia. É maravilhoso. O disco correu muito bem. Para 2024 claro que já há algumas ideias a borbulhar, e não posso dizer mais do que isso. Haverá nova música, como é óbvio, malandra e brincalhona, sem dúvida nenhuma. E o desejo é que vocês gostem. E teremos Rosinha de norte a sul de Portugal e além-fronteiras? E além-fronteiras, sem dúvida. Se bem que o meu além-fronteiras vai até maio, porque a partir de maio até ao fim de outubro fico muito por aqui. Tenho as nossas romarias e as festas académicas, que eu faço inúmeras, e que é mais um registo diferente de festas e que são maravilhosas de fazer. Que mensagem quer deixar à diáspora portuguesa? É sempre de coração cheio que vou visitar as comunidades, sempre que sou convidada. Obviamente é sempre um gosto enorme eu estar convosco, ser recebida da forma que me recebem. Adoro ir ter convosco, e fico maravilhosamente feliz quando vocês vêm aqui ao nosso cantinho que é Portugal no verão e voltam a dar-me um abraço. Sejam felizes, é o que eu vos desejo. E se não for antes, até ao verão
Como é que está a correr o último trabalho e quais são agora os próximos passos? Desde o primeiro trabalho, lançado em 2007, todos os anos lanço um disco.
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Nathalie Afonso
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A pintora com raízes portuguesas que conquista os quatro cantos do Mundo
É na pequena região de Yerres, na rue Charles de Gaulle, que Nathalie Afonso tem um dos três ateliês em França. Filha de pais portugueses, ele de Vilar Formoso e ela da Póvoa de Varzim, foi em França que nasceu e que fundou o Ateliê Noctambule, nome inspirado na vida notívaga que gosta de levar. Para além de pintar, a artista lusodescendente dá aulas a mais de 300 alunos de várias idades e com diferentes condições. Da janela do pequeno ateliê vêem-se vários quadros pintados a aguarela e diferentes vultos de olhos postos na tela. De pé, com um olhar atento e prestável, Nathalie Afonso dá indicações aos alunos que estão presentes na aula. Há mulheres e homens de várias idades e de diferentes condições. “A porta é aberta a toda a gente. Tanto posso ter crianças, adolescentes ou adultos, tudo misturado. Gosto muito de juntar as pessoas, até os meus alunos com autismo ou com trissomia 21. Esta junção acho que enriquece os meus alunos”, explica a pintora portuguesa. De apenas quatro aprendizes, as aulas passaram a juntar mais de 300 alunos de França e Portugal. Para além dos três ateliês franceses, Nathalie Afonso tem um espaço na Póvoa de Varzim, no norte de Portugal. “Gosto de viver entre Portugal e França, uma vez que tenho uma grande ligação com os dois países. Dou aulas na Póvoa de Varzim, mas também organizo vários eventos em Portugal para alunos franceses”, diz. Este ano, Nathalie Afonso está a organizar dois eventos de pintura, um a 19 de abril, no Porto, e outro no mês de julho, na região do Douro vinhateiro.
Foi uma honra receber a maior distinção da academia francesa das artes, mexeu muito comigo
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Antes de se fixar em França, Nathalie Afonso trabalhou em vários pontos espalhados pelo mundo. As experiências no Canadá, EUA, Suécia e Dinamarca, fizeram com que aprendesse várias línguas e criasse uma rede de contactos global. “Já fiz trabalhos para a Alemanha, Itália, Luxemburgo, Canadá, Brasil… não só porque tenho uma grande relação com as comunidades portuguesas, mas também porque as pessoas vão reconhecendo o meu trabalho”, explica Nathalie Afonso. Para além dos trabalhos por encomenda, a artista lusodescendente colabora em diferentes eventos solidários. “É uma forma indireta de ajudar através de um montante que não consigo dar de outra forma. Para além de ajudar diferentes associações, gosto sobretudo de ajudar crianças doentes. Sempre que as pessoas pedem eu participo e, muitas vezes, levo os meus alunos”, conta. No passado dia 1 de fevereiro, a artista apoiou a Clowns Z’hôpitaux, na gala de celebração dos 20 anos da associação. O valor oferecido em leilão, da tela que pintou ao vivo, foi entregue à associação que apoia crianças hospitalizadas.
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Apesar da mão para qualquer desenho, Nathalie Afonso ocupa-se sobretudo dos retratos e das pinturas etnográficas, com o objetivo principal de transmitir tradições e eternizar figuras conhecidas da história. Já recebeu diferentes prémios e distinções e, recentemente, no final de 2022, foi-lhe atribuída a medalha Vermeil, pela Academia Francesa de Artes Ciências e Letras. “Foi uma honra receber a maior distinção da academia francesa das artes, mexeu muito comigo na altura, mas a maior distinção para mim é a do público”, diz Nathalie Afonso. É para o público e sobre as pessoas que a artista gosta de pintar, capacidade que descobriu aos quatro anos e que já lhe trouxe muitas conquistas
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Segunda missão europeia na órbita de Vénus tem participação portuguesa Empresas e cientistas portugueses participam na segunda missão europeia na órbita de Vénus, a EnVision, com lançamento previsto para 2031 e que vai estudar a superfície e o interior do planeta e a sua atmosfera. Douro trabalha medidas concretas para tornar região mais sustentável O Douro está a delinear medidas concretas para tornar a região mais dinâmica e sustentável e uma delas, já aprovada localmente, visa o fim do ‘stock’ mínimo para o vinho do Porto, disse o presidente do IVDP.
Stellantis avança com carros elétricos na fábrica de Mangualde já este ano A Stellantis vai avançar com a produção de carros elétricos em Mangualde este ano, antecipando a operação face a estimativas anteriores que apontavam 2025, adiantou o presidente executivo (CEO) do grupo automóvel, Carlos Tavares. Metro do Porto inspira-se em Nantes como prova de eficiência do ‘metrobus’ A Metro do Porto vai inspirar-se no modelo de ‘metrobus’ de Nantes para implementar o sistema em Portugal, sustentando-se nos dados da operação da cidade francesa, de acordo com o seu presidente, Tiago Braga. Luso-australiana dá a conhecer a cultura portuguesa em aulas na Austrália Mónica Marques ensina português na Austrália e tenta que as suas aulas «sejam o mais dinâmicas possíveis», nomeadamente através da transmissão de música portuguesa, pois «a música é internacional, chega a todos», declarou a explicadora à agência Lusa. Museu de Vila do Bispo faz percurso por território da pré-história à atualidade O Museu de Vila do Bispo – Celeiro da História foi inaugurado no âmbito das comemorações do dia do município e faz um percurso pelo território, desde a pré-história até à atualidade, disse a presidente da autarquia.
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Universidade de Coimbra com meia centena de eventos nos 50 anos do 25 de Abril
«Perestroika» do escritor João Cerqueira premiado pela Historical Fiction Company O livro “Perestroika: olho por olho, dente por dente”, do escritor português João Cerqueira, foi premiado pela Historical Fiction Company (HFC), projeto internacional que promove a ficção histórica em língua inglesa, anunciou o autor. Ano passado foi «o melhor da história» para turismo com 25.000 ME de receitas O secretário de Estado do Turismo disse que 2023 foi o melhor ano turístico de sempre no país, com mais de 30 milhões de hóspedes, 77 milhões de dormidas e receitas de cerca de 25.000 milhões de euros. Eleições: Parlamento quer campanhas de sensibilização junto dos emigrantes A Assembleia da República recomendou ao Governo que realize ações de sensibilização junto das comunidades de portugueses no estrangeiro, no âmbito de campanhas de esclarecimento eleitoral para as legislativas antecipadas de 10 de março.
Cerca de meia centena de eventos compõem a programação da Universidade de Coimbra (UC) para as celebrações do cinquentenário da Revolução dos Cravos, que promete refletir sobre o antes e o pós-25 de Abril de 1974. Professora Maria Irene Ramalho vence Prémio Vergílio Ferreira 2024 A catedrática Maria Irene Ramalho da Universidade de Coimbra conquistou hoje o Prémio Vergílio Ferreira 2024 da Universidade de Évora, pelo seu contributo para «o diálogo entre a literatura portuguesa e as literaturas Anglo-Saxónicas», revelou a academia alentejana. Algumas marcas de vinho da Bairrada podem acabar com a alta velocidade O presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada garante que o atual projeto de alta velocidade, que atravessa uma longa mancha de vinha da região, pode pôr em causa marcas que são o “carro chefe” de um grupo ou empresa de vinhos.
Três escritores de língua portuguesa nomeados para Prémio Literário de Dublin Os escritores brasileiros Itamar Vieira Júnior e Stênio Gardel, e o moçambicano Mia Couto estão entre os autores de 70 livros nomeados para o Prémio Literário de Dublin. Descoberto na Lourinhã o crocodilo mais antigo da Península Ibérica O crocodilo mais antigo da Península Ibérica, com 150 milhões de anos, foi descoberto na Lourinhã, no distrito de Lisboa, conclui um estudo agora publicado. Cerca de 20.000 emigrantes portugueses regressam anualmente a Portugal Cerca de 20.000 emigrantes portugueses regressam anualmente a Portugal, na sua maioria com menos de 40 anos, um retorno que o coordenador científico do Observatório da Emigração considera que deveria ser mais apoiado.
Emprego Interior Mais apoiou 1.700 candidatos na mudança para zonas do interior Cerca de 1.700 candidaturas foram aprovadas em quatro anos do programa Emprego Interior Mais, uma medida com incentivos para a mobilidade de população para o interior e que terminou em 31 de dezembro.
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EVENTOS
A G E N D A
França II Concerto Polifonias “à Cappella” 17 de fevereiro | Levallois Perret Organizado pela Associação Em Canto Grande Soirée de la Saint-Valentin 17 de fevereiro | Ozoir La Ferrière Organizado pela Association Culturelle des Travailleurs Portugais Calema 24 de fevereiro | Dome de Paris – Palais des Sports José Malhoa 2 de março | Boissy-saint-Léger Organizado pela Association ACPMRA Espétaculo de comédia Pi 100 Pé 2 de março | Port-Marly João Seabra, Gilmário Vemba, Fernando Rocha e João Dantas Tony Carreira 9 de março | Palais de Congrès, Paris Gala da Association Portugaise de Bienfaisance 16 de março | Le Raincy Feira de Nanterre 22 a 24 de março | Nanterre Organizado pela Associação ARCOP de Nanterre
Portugal Feira do Queijo 16 a 18 de fevereiro | Celorico da Beira Bolsa do Turismo de Lisboa 28 de fevereiro a 3 de março | Lisboa Qualifica 6 a 9 de março | Exponor, Porto Festival Internacional do Chocolate 1 a 17 de março | Óbidos Millennium Estoril Open 30 de março a 7 de abril | Estoril
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A G Ê N C I A
F U N E R Á R I A
FERNANDO ALVES Nós temos sido escolhidos por familias que têm morado cá durante gerações, pessoas como você que têm vindo a conhecer e a confiar em nós ao longo dos últimos 40 anos. As nossas raízes continuam aqui na comunidade e nós continuaremos a ser
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