Revista Algo Mais Ano 2 nº 2 Nov/2011

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O Recife R

ecife. Cidade de cor, som e cheiros. De tradição e contrastes. Dos poetas, artistas e intelectuais. Da gente simples que cedo levanta para ganhar o pão. Empreendedores que aqui estabelecem seus negócios. Terra que não se rende: aos holandeses, portugueses, ao avanço do mar. Cuja brisa do desenvolvimento econômico vem soprando cada vez mais forte, disseminando nas diversas camadas sociais uma sensação de otimismo, tão bem-vinda como água de coco em dia quente de verão. Se no começo da colonização portuguesa, o Porto do Recife foi o grande impulsionador do comércio e moradia, hoje quem desempenha fortemente esse papel é o Porto de Suape. Com infra-estrutura bastante superior às cidades do litoral Sul é na capital pernambucana que acaba se instalando boa parte dos funcionários alocados nos empreendimentos estruturadores, que trabalham em outros municípios, mas moram, consomem e se divertem no Recife. Um significativo reflexo dessa nova realidade é a dificuldade de alugar imóvel, principalmente em Boa Viagem, com o preço da locação já bastante valorizado. Essa não é a primeira vez que o Recife tem seu espaço físico disputado. Durante a ocupação holandesa, com a evacuação e o incêndio a Olinda - então centro do poder político e econômico de Pernambuco - a densidade populacional na área do atual bairro do Recife ficou tão alta, que o valor do aluguel chegava a custar seis vezes mais que em Amsterdã. Para amenizar o problema, surgiram soluções até hoje utilizadas: o aterro no leito dos rios e a verticalização, através dos sobrados de dois e três andares. 8 l Bairros do Recife l novembro 2011

Com a saturação populacional da área portuária, o Recife precisava se expandir, mas no caminho, havia um rio. Foi quando o Conde Maurício de Nassau inaugurou a primeira ponte,

O Recife foi alargando seus limites geográficos com aterros de mangues e margens de rios de muitas outras que se tornariam símbolo da Veneza Brasileira, e por lá, o desenvolvimento passou. Primeiro, com a ocupação do atual bairro de Santo Antônio e São José, partindo

posteriormente para a Boa Vista. Como uma onda que vai levando o vem pela frente, o crescimento do Recife ocorreu mais no sentido centro para a periferia, e o que era zona rural, como os engenhos da Torre, Madalena, Apipucos, Casa Forte e Várzea, foi se urbanizando. Entre pontes e diversos aterros, que consumiram mangues e estreitaram rios, o Recife foi alargando seus limites geográficos. Tomando na marra o espaço que a natureza não deu. Esse mesmo espírito de enfrentamento fez eclodir diversas revoltas. Ressaltando seu caráter altivo, o povo recifense lutou para manter a emancipação da cidade na Guerra dos Mascates, contra a vizinha, Olinda e posteriormente pegou nas armas novamente, desta vez, para garantir a independência contra os colonizadores portugueses, na Revolução Pernambucana de 1817 e depois na Confederação do Equador, que culminou com a morte de Frei Caneca, fuzilado no Forte das Cinco Pontas, em 1823.

O Recife se expandiu através de suas pontes


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