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Lutero

Como um pregador deveria entregar a sua mensagem? Como deveria ser o seu relacionamento com os seus ouvintes? Nesta seção vamos verificar o que Lutero tem a dizer sobre estas e outras questões relacionadas. Um ponto importante, diz o Reformador, é que o pregador não deveria ser violento em sua pregação. Quando Paulo usa a expressão “não violento” (Tito 1.8), ele não se refere à violência física, mas aquele praticada contra a consciência de alguém — quando o pregador admoesta sem misericórdia. Esta pode ser chamada de “violência das palavras”, e é um grande vício de muitos pregadores. Quando eles estão no púlpito, por exemplo, atacam os magistrados e insinuam o povo comum não tem falhas. Ou atacam o povo comum e bajulam os magistrados. Em ambos os casos estes pregadores são sediciosos.63 Certamente todas as pessoas pecadoras devem ser admoestadas. O pregador precisa denunciar qualquer um que precisa ser — grande ou pequeno, rico ou pobre ou pode-

roso, amigo ou inimigo.64 Todavia, continua Lutero, uma admoestação não deveria ser feita de uma maneira pública tal que todos os olhos se voltem para a pessoa admoestada. Se alguém é culpado, seu caso preciso ser tratado da maneira bíblica, conforme Mateus 18.15-17. Assim, em vez de ser violento com as palavras, o pregador é chamado confortar o fraco, reanimar o contristado, admoestar com brandura (cf. Gálatas 6.1). Em uma aula sobre 1 Timóteo 3.3, Lutero fala sobre o mesmo assunto. Ele diz que o pregador precisa ir contra as faltas públicas, mas não as privadas. Se ele transforma questões particulares em problemas públicas, irá causar muitos problemas entre os seus ouvintes.65 De outro lado, diz Lutero, o pregador que está certo da sua doutrina precisa pegá-la com vigor e sem medo; ele precisa abrir a sua boca, pois isto faz parte da sua responsabilidade. Em um sermão com base em Mateus 5.1,2, ele diz que ... é um grande entrave para um pregador se ele olha ao seu redor e se preocupa com o que o povo gosta ou não de ouvir, ou que pode deixa-lo impopular ou trazer perigo para si.

63 Lutero, AE, vol. 29, págs. 26, 28.

64 Lutero, AE, vol. 29, pág. 28. 65 Lutero, AE, vol. 28, págs. 286, 287

2.3.3. O modo da pregação

40 | RT | Fevereiro a Junho, 2012


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