C
1ª reVISTA
ENA,
afé e
Onversa
Edição em homenagem as múltiplas máscaras - do ator ao brincante, do encenador ao pesquisador, daqui das margens do São Francisco às franjas do mar - Sebastião Simão Filho .
SET 2021
C
ENA,
AFé e
Onversa
Ficha técnica:
Homenageado: Sebastião Simão Filho
Curadoria e coordenação artística: Adriano Alves Thom Galiano
Coordenação de produção: Nilzete Miranda
Assistentes de produção: Rafael Moraes Raphaela de Paula Íris Macêdo
Coordenação técnica: Carlos Tiago
Assistente digital: Camila Rodrigues
Intérprete de Libras: Rejane Silva
Registro audiovisual: Abajur Soluções
Programação visual: Thom Galiano
Assessoria de comunicação: Virabólica Comunicação
Realização: Pipa Produções
Parceiros: Trup Errante Prefeitura de Petrolina Sesc Petrolina
UMA BOA PROSA REGADA POR UM BOM CAFÉ TRAZ MUITAS HISTÓRIAS NA RODA, ASSIM QUEREMOS CONVERSAR SOBRE O FAZER TEATRAL NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO, PROMOVENDO ENCONTROS DOS ATUANTES DESSA CENA E PRODUZINDO CONTEÚDOS SOBRE QUEM FAZ DESSA REGIÃO UM PALCO. ESSA PRIMEIRA EDIÇÃO TRAZ COMO RECORTE TEMÁTICO “O FAZER TEATRAL E A MEMÓRIA”, REALIZANDO ATIVIDADES FORMATIVAS PARA OS ARTISTAS LOCAIS, APRESENTAÇÕES PARA A COMUNIDADE E INTERCÂMBIO ENTRE CRIADORES, TUDO A PARTIR DO DIÁLOGO. Expediente Jornalista Responsável: Adriano Alves [DRT/6180-PE] | Coordenação editorial: Thom Galiano e Adriano Alves | Revisão Ortográfica: Érica Daiane da Costa Silva [Agência Chocalho] | Colaboração e acervo: José Lírio Costa | Projeto gráfico, editoração e acervo: Thom Galiano |. Produção: Pipa Produções | Produtora executiva: Nilzete Miranda |. Tiragem 500 exemplares. 21 de Setembro de 2021. O projeto é incentivado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – FUNCULTURA - da Fundarpe, através da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco.
Realização
apoio institucional
Incentivo
t.e.m[?]pó!
EM cENA na 1ª revista, conversam:
Adriano Alves Jornalista por formação pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e pós-graduado em Artes Cênicas pela Censupeg/Sesc (PE). Artista que sempre esteve dividindo-se entre várias linguagens, hoje pesquisa a hibridez de suas estruturas, como um corpo criativo para a cena no Coletivo Trippé. É editor-chefe do Portal Culturama, espaço para produção de conteúdo sobre artes na região, e sócio da Pipa Produções, realizadora de projetos artísticos
Antônio Pablo Cientista Social/Univasf, ator/diretor, compositor, músico, arte-educador e produtor cultural. Há mais de 10 anos com atuação nas artes, vem se debruçando na pesquisa de sonoridades e metodologias de criação de músicas para as artes cênicas, tendo lançado recentemente o EP "Coisas Sonoras", uma coletânea de trilhas para espetáculos do Vale do São Francisco.
Antonio Veronaldo Diretor, ator, produtor e co - funďador da Cia Biruta de Teatro , onde desenvolve pesquisas sobre o/a ator/atriz ribeirinho/ae suas culturas no médio São Francisco, percurso do Rio São Francisco em Pernambuco.
Brisa Rodrigues Atriz e pesquisadora, doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (bolsista CNPq - PPGAC/Unirio), mestre em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (bolsista CAPES - IA/UERJ), especialista no Ensino Contemporâneo de Arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (CESPEB/UFRJ) e bacharel em Artes Cênicas pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Fundadora da Trup Errante no Vale do São Francisco (PE/BA) e integrante do Coletivo Ponto Zero (RJ/BA).
Cátia Cardoso Até aqui sobrevivente, está professora, escrevente de um novo livro, de destino ignorado. Ao se tornar Galdiadora´s virou Tempestade, ou sempre foi tormenta e encontrou paz nas linhas da estrada. É cada vez menos título e mais votos, democracia urge. Meio bicho, meio planta, cheia e vazia de esperar o sinal verde pra abrir a janela, meia esperando presente, presente que é gente perto, no limiar da pele. Informações mais precisas e desnecessárias no Vitae. O que sou agora não interessa ao sistema, estou conectada aos vivos ao vivo, que venham me ver, tomar água ou vinhos, sorrir e sonhar no morno do abraço
Carol Braga Doutora em Comunicação e sociabilidade contemporânea (Universidad Autónoma de Barcelona/UFMG, 2013), mestre em Jornalismo e novas linguagens (Universidad Autónoma de Barcelona, 2009) e pós-graduada em crítica de música pop e cinema (Universidad Ramon Llull, 2008), de Barcelona. Realizou estágio pós-doutoral na UFMG (2018), com projeto sobre narrativas transmídia. Jornalista cultural desde 2001, com experiências de crítica e reportagem na rádio Guarani, na TV Alterosa e no caderno de cultura do jornal Estado de Minas. Colaborou com veículos como revista Bravo e Correio Braziliense. Idealizadora e editora do portal Culturadoria. É professora universitária desde 2014.
Cristiane Crispim Atriz, pesquisadora, produtora cultural, diretora e arte-educadora na Cia Biruta de Teatro, grupo onde desenvolve ações de formação e pesquisa artísticas na periferia e a partir de vivências dos processos e práticas populares de resistência das margens do Rio São Francisco. Licenciada em Artes Visuais, pela Univasf, pós-graduada em Dança Educacional e Artes Cênicas, pela Censupeg e mestranda em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos pelo PPGESA/Uneb.
José Lírio Costa Ator, estreou em 2001 sobre a direção de Wellington Monteclaro no espetáculo “Jesus, o filho do homem” de Khalil Gibran, neste mesmo ano entra para a Cia Máscara de Teatro onde fica ate 2004. Em 2005 ingressa no TPA - Teatro Popular de Arte. Desde 2008 é membro do Núcleo de Teatro do SescPetrolina. Entre os 25 espetáculos que atuou uma variedade de gêneros e autores, diretores e participações em grupos do Vale do São Francisco. No audio visual atuou em 6 produções. Atualmente esta concluindo o curso de licenciatura em Artes Visuais na Univaf, onde pesquisa Performance.
Joyce Guirra Jornalista formada pela Universidade do Estado da Bahia - Uneb. Natural de São Caetano do Sul (SP) mudou-se com a família ainda criança para o distrito de Pilar, em Jaguarari, no norte da Bahia. Aos 18 anos veio para Juazeiro estudar jornalismo e aqui bebeu das águas do Velho Chico e se apaixonou pela cidade ribeirinha cheia de arte. Há 10 anos atua como repórter da TV São Francisco, afiliada da Rede Bahia/Rede Globo, onde se destaca com reportagens diárias. Além da comunicação, flerta com o Teatro e já atuou em alguns espetáculos. A música também é sua grande paixão. Cantora e compositora, trabalha há 15 anos na região se apresentando em bares, espetáculos musicais, pockets shows e festivais de música.
Leidson Ferraz Doutorando em Artes Cênicas pela Unirio (RJ), Mestre em História pela UFPE, jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco, historiador, professor, crítico, ator, curador e pesquisador do teatro com vários livros já lançados, além da organização de acervos. É natural de Petrolina (PE), mas desde os 14 anos mora em Recife.
Monique Paulino Atriz desde 2011 e produtora cultural desde 2014, formada em Letras pela Universidade de Pernambuco - UPE e co-criadora da Canoeiras Produções. Monique tem um poema publicado na coletânea de poemas Versos em Pandemia - retalhos de um tempo” e em 2021 lançou seu primeiro livro autoral chamado “Poeminha de pés descalços". Foi uma das organizadoras e revisora do livro “Procura-se um corpo - Ação Nº 3”. É integrante do Núcleo de Teatro do Sesc de Petrolina.
Paulo de Melo Profissional de Artes Cênicas desde 2002, com atuação em Cias de Teatro e de Dança, Musicais, Televisão e Cinema, em produções realizadas no Brasil e exterior. Mestrando em Artes (PPGARTES/UERJ), Especialista em Ensino Contemporâneo de Arte (CESPEB/PPGE/UFRJ) e Licenciado em Teatro (Unirio). Durante a graduação participou de Residência Artística no Prision Creative Arts Program e Centre for Latin American and Caribbean Studies da University of Michigan/USA. Atualmente é Professor de Teatro do SESC Petrolina (PE), Professor de Arte, Teatro e Linguagens da Escola SESI João Gilberto em Juazeiro (BA) e Professor Tutor do programa Universidade Aberta do Brasil - UAB, onde atua na Secretaria Administrativa do curso de Licenciatura em Teatro EaD UFBA.
Raphaela de Paula Atriz, mãe, produtora e professora de Teatro com Pós-graduação em Arte Educação (UNIASSELV) e bacharelado em interpretação teatral na UFBA. Atua na área desde 2005 e em 2006 fundou a Trup Errante. Em 2010 recebeu prêmio de atriz revelação no XVI Janeiro de Grandes Espetáculos (Recife-PE) por “A Dona da História”. Ministra aulas de Teatro no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e Colégio Encontro. Além de produzir os trabalhos da Trup Errante, colabora com festivais da região como o Aldeia do Velho Chico.
Zuleika Bezerra Atriz, seu primeiro trabalho foi na novela de rádio “Prova de Amor”, de Hertz Félix, em 1992. Em 2013 reencontrou-se com a Arte em uma oficina de Teatro do Grupo Finos Trapos; desde 2016 integra o Núcleo de Teatro Sesc Petrolina (PE). No cinema já atuou em cinco curtas metragens do Vale do São Francisco e idealizou, produziu e atuou em um média-metragem "Bebela'S Nas dobras dos encantos vive a verdade" (2021). É discente do curso de Arte Visuais na Univasf.
Q U E ESPERAS
COM TANTO
SONHO? PEGA DA
DAS
MOCHILA
ALÇAS
COM
POUCA ROUPA,
COM
POUCA
QUE
DE
POUCA
PRECISARÁS E
VAI
PELOS
RASTROS
DE
TEU
SONHO.
PARA O O
SONHO
PODERES
QUE
DO
ELE
VIVER
INÍCIO É
NO
VIVER
TE
JÁ
CABE
BASTA,
MÍNIMO
MEIA
VERDADE E
ELE
DE
INÍCIO
JÁ
BASTA.
COM
TANTO
QUE
“ESSA IMAGEM ESTÁ NA ANTOLOGIA 'POETAS
EM
REBOLIÇO',
PUBLICADA
ESPERAS
SONHO?
EM
PETROLINA (PE). A CADA POETA SE PEDIU UMA
MINI
ESSA
AUTOBIOGRAFIA.
FOTO
-
FOTOGRAFADA
CRIADA POR
EU
POR
CHICO
PROPUS MIM
EGÍDIO.
E
SONHAR
DEMASIADAMENTE ALIMENTAR
DE
DE
INÍCIO NÃO FOI ACEITO ESSE "FORMATO".
FAZER
O
O
QUE
É
MEDO
FAZER.
INSISTIRAM, MAS EU NÃO ACEITEI OUTRA FORMA. NA VERDADE, SE DISSE ATÉ QUE EU NÃO
ENTRARIA
ETC.
ATÉ
SE
SE
NÃO
ACEITAVA
CONCORDASSE, A
FOTO,
MAS
PEGA
DAS E
ALÇAS VAI
PELOS DO
TAMBÉM COM TEXTO ACOMPANHANDO... ALGUÉM ATÉ SE DISPÔS A ESCREVER PRA
DA
ANTES
QUE
MOCHILA RASTROS
TEU ELE
SONHO MORRA.
MIM. ENFIM, AO FIM TUDO DEU CERTINHO
E
AÍ
ESTÁ
A
MINHA
BIOGRAFIA,
AUTOBIOGRAFIA"
[SEBASTIÃO SIMÃO]
[SEBASTIÃO SIMÃO]
E SUA DEDICAÇÃO AO FAZER ARTÍSTICO
POR ADRIANO ALVES
pessoa com muita sorte, porque comecei ler logo
Em uma biblioteca escolar, um jovem se encanta
de cara os grandes poetas. O primeiro poeta que
pelas histórias de astronomia, com suas estrelas,
li foi Gonçalves Dias e o segundo foi Camões”,
planetas e se admira com o tamanho do universo.
relembra.
UM HOMEM DE
NASCE
COMO
TEATRO?
SEBASTIÃO SIMÃO
“É muito estranho porque alguém começa a fazer teatro”, confessa Sebastião expondo não saber muito bem como se tornou artista da cena, já que não havia nenhuma influência de familiares ou amigos próximos. De forma mais concreta, foi no bairro Lomanto Júnior em Juazeiro (BA), ao integrar um grupo da Pastoral da Juventude, o CLUJOL. Ainda entre 17 e 18 anos, junto aos “rebeldes da igreja” começa a criar espetáculos como diretor. Foi o escolhido por já ser poeta e escritor. Irônico é nunca ter sido religioso e lá ter iniciado sua jornada teatral. Foi
entre
palavras
seu
começo
de
jornada
artística, escrevia muitas poesias, guardadas em pilhas de cadernos. “Péssimas, ruins demais”, julga
hoje
dando
risadas
ao
lembrar
dos
deboches dos amigos. “Eu me considero uma
As horas se perdem “matando aula” com tantos estantes,
Naquela época, ainda achava que Teatro era
Cecília Meireles, Walmir Ayala, Clarice… e lá
coisa de adolescente. “Depois que se torna um
estava,
homem sério, deixa de fazer Teatro”, dizia. O
universos
para
entre
explorar. tantas
Entre
estrelas,
as
a
“Cartas
aos
grande
Poderes” de Antonin Artaud.
choque
veio
ao
se
deparar
com
Stanislavsky, aquele homem que tinha morrido Essa história é contada por Sebastião Simão
fazendo Teatro. Ali descobriu que tinha pessoas
Filho em uma entrevista por vídeo chamada,
que
modus operandi desse mês de agosto de 2021,
categórico, “só sei fazer Teatro”.
ainda
em
meio
a
pandemia
que
fechou
faziam
durante
toda
a
vida.
Hoje
as
cortinas. Mas, ali naquela telinha, ele mantém vivacidade
em
um
cenário
com
muitos
mamulengos ao fundo. Esse papo começou com a pergunta
“qual
sua
primeira
lembrança
no
Teatro?” e ele relata sua juventude de muita leitura.
MOMENTOS APÓS CRIAÇÃO DO GRUPO EUTU DE TEATRO [SEBASTIÃO, WELINGTON MONTECLARO, JOCÉLIA FONSECA E MARCINHO]. PAINEL DE WELINGTON.
PUBLICADO EM JUAZEIRO-BA [1987]
é
Conversar com Sebastião é tomar um prato cheio
Sebastião,
de
datas,
referências.
Questionado
sobre
como
que
lembra
reconhece que
em
não
ser
1981
já
bom
com
tinha
dois
conseguiu ter tanta bagagem atuando fora do
espetáculos encenados. Foram com o ‘Grupo
eixo,
grandes
EuTu de Teatro’ com o qual criou muita coisa
incentivos, ele afirma que não há explicação
ainda em Juazeiro após a saída do Clujor. Em
lógica, dando os exemplos de Augusto dos Anjos
tom
e Qorpo Santo, artistas que pareciam deslocados
“espetáculos memoráveis” e lembra da turma.
do seu tempo.
Eles chegaram a morar juntos, alugaram uma
no
interior
potente
mas
sem
saudosista,
comenta
que
foram
casa e foram “viver de Teatro”. Juntos estavam Como o autor que já fazia Teatro do Absurdo
Wellingthon
sem saber, ele também já praticava Teatro Físico
entusiastas.
intuitivamente. treinamento
Na
do
associação
seu
grupo
do
era
bairro,
com
Monteclaro,
Jocélia
e
outros
o
muitas
“Eu sempre tive a noção de que para viver de
cambalhotas e horas de exercícios. As peças
arte,
você
precisaria
eliminar
resultantes, eram chocantes para a comunidade
necessidades
religiosa, então ficava com o padre o papel de
necessidades materiais”, mas discorda da ideia
amenizar com seus discursos pós apresentações.
que são os sacrifícios do Teatro como muitos
externas
na
sua
umas vida,
dizem, pois acredita nos outros ganhos, na vida A devoção aos grandes mestres veio através das leituras.
Grotowski,
Artaud,
de "prazeres" da cena.
Stanislavski,
Eugenio Barba, Zeani e tantos. Na estante de
Depois
casa, uma biblioteca com mais de 500 livros
Domingos Soares, ele chega ao Sesc Petrolina
lidos
para
e
cresceu
relidos
inúmeras
frequentador
vezes
no
por
grupo
indicação
da
de
unidade.
A
cronologia, foi assinada para a função em 1993,
paixão
mais especificamente no dia 09 de abril. Na
sala
de
Era
instrutor
grupo,
paixão pelo que era lido e conta que “essa a
uma.
ser
do
carteira de trabalho já bem surrada denuncia a
para
de
quem
fim
a
levava
assíduo
reflete
do
ensaio,
pro
treinamento”. Completa esclarecendo que “teve
instituição
dirigiu
espetáculos
e
coordenou
as leituras, mas principalmente a fé naquilo que
grupos de jovens e terceira idade, até sua saída
se lia, a fé no Teatro, a fé na criatividade
em 1997.
humana, a fé na engenhosidade e na disciplina. Era isso que foi tentado fazer”.
Foi nesse ponto da história que criou a Cia. Máscara de Teatro, com a qual segue até hoje.
Um filtro aparece na tela com um toque errado
Parte de seu elenco do Sesc seguiu com ele
do
nessa
entrevistador
transportada
para
no as
celular
e
a
conversa
arquibancadas
de
é
nova
empreitada
artística.
Montaram
um
diversas peças na cidade e a companhia chegou
anfiteatro grego em ruínas. O rumo do assunto
a ser transferida para Recife, por volta de 2003.
muda e vamos falar dos grupos, pois estamos
Essa parte talvez ficou como um grande mito da
falando da arte que se faz junto.
cena petrolinense, hora ou outra comentada em rodas de conversas como um ato de coragem, um pouco de loucura e amor a esse fazer.
REENCONTRO DOS EX-INTEGRANTES DA CIA MÁSCARAS [2017] NO SESC PETROLINA
SEBASTIÃO E OS FILHOS SARA E DIÓGENES
Para Sebastião, a lembrança é orgulho daquele
em um espetáculo de Wellington Monteclaro no
trabalho, da crença na possibilidade de viver de
Centro de Cultura João Gilberto.
arte.
“Muita
gente
continua
ou
tentaram
de
forma desesperada continuar”, comenta citando
Atualmente,
os muitos artistas que saíram dessa companhia e
pensar novas possibilidades para o seu fazer.
formaram outras, como “Veronaldo, Sara, Odília,
Sua
Lírio e alguns em Recife".
pessoas continuarem fazendo Teatro. “Eu tenho
busca
o
artista
agora
é
inquieto
por
criar
continua
condições
a
das
pensado muito no Teatro ser hiperbólico, fazer O termo usado no título, “homem de Teatro”, é
o não pensável, uma grande brincadeira, se
referência a como apontam Sebastião por onde
desafiar a fugir de uma rotina da palavra, da
passa,
ideologia, só das ideias. (...) De debochar dos
talvez
por
suas
várias
expertises
na
linguagem, se desdobrando como professor, ator,
deuses,
diretor,
profundamente
poeta,
bonequeiro, artesão
e
até
cenógrafo, ter
gerido
dramaturgo, um
jornal
da
própria sobre
vida, a
de
vida”,
refletir
abre
seus
pensamentos.
cultural. “Outra coisa que tem me preocupado é que o “Ser ator é um capítulo à parte da minha vida,
ator não fique mais esse miserável atrás de um
porque tem esse lado do diretor, tem o lado do
emprego,
administrador que está muito próximo. (...) Tudo
cheirando
que foi feito durante toda a minha vida no
tentando justificar que ele é necessário, que é
Teatro sempre foi uma grande provocação do
útil”, pontua.
atrás a
de
bunda
uma de
função um
pública
partido
ou
político,
indivíduo, do indivíduo está sempre indo além de si mesmo”, comenta. Sobre o visual, ele diz
Anos depois, o jovem já adulto e “homem de
partir da tentativa do encantamento do público.
Teatro” reabre o livro naquela mesma biblioteca
“Por necessidade, eu acho que isso foi sendo
do Colégio Polivalente de Juazeiro e se depara
construído em mim de fazer muitas funções, o
com um bilhete. Para seu espanto, ele mesmo
que inclusive traz alguns prejuízos. No meu caso,
que o escreveu entre uma fuga de aula e outra.
sempre no figurino apanhei muito. Já o cenário
Esse livro marca o encontro das gerações e
parece que eu sabia”, expõe, lembrando de uma
revela
vez que colocou uma bicicleta para voar em cena
apontava para ele os caminhos da cena
que
despretensiosamente
algo
já
NA BAGAGEM
- Bertolt Brecht:
UMA PROFÍCUA TRAJETÓRIA COMO DIRETOR, BONEQUEIRO, CENÓGRAFO, ATOR, AUTOR E POETA. SUA PESQUISA ESTÁ VOLTADA PARA A ANTROPOLOGIA PARTICIPADO
TEATRAL,
DA
EUROPA
INTERNATIONAL
DA
SCHOOL
ANTROPOLOGY
E
DO
ANTROPOLOGIA
TENDO XI
OF
ISTA
–
THEATRE
SEMINÁRIO
TEATRAL,
DE
AMBOS
COORDENADOS POR ODIN TEATRET. TAMBÉM PARTICIPOU
DE
DUAS
SESSÕES
D'A
ARTE
SECRETA DO ATOR, EM BRASÍLIA, MINISTRADA POR EUGENIO BARBA E JULIA VARLEY, ALÉM DE OUTROS CURSOS OFERECIDOS POR IBEN RASMUSHEN. MINISTROU INÚMERAS OFICINAS DE TEATRO E POR 4 ANOS TRABALHOU NO SESC
–
PETROLINA
BONECOS
PARA
ESPETÁCULOS
(PE).
CONFECCIONOU
COMERCIAIS
DE
TEATRO
DE
DE
TV,
OUTRAS
COMPANHIAS E O GRUPO MUSICAL CORDEL DO
FOGO
ENCANTADO.
COM
MAIS
DE
30
ESPETÁCULOS EM DIVERSOS GÊNEROS: ENTRE OBRAS
AUTORAIS,
CLÁSSICOS
DO
EXPERIMENTAIS
TEATRO,
AUTORES
NACIONAIS
TEATRO
DE
VARIADOS
E
GRUPO PÚBLICOS;
E
PASSEOU
POR
ESTRANGEIROS; AOS
SOLOS,
DO
DO
PARA
INTERIOR
À
CAPITAL, E VICE-VERSA, SEMPRE NO INTENTO DA MANUTENÇÃO DE REPERTÓRIOS. DENTRE ESSES
TRABALHOS,
[AUTORES
EM
QUAIS
ORDEM
EXCEÇÃO
DO
LEVAM
ASSINATURA
SIMÃO]:
A
SANTO
VOCÊ
ASSISTIU?
ALFABÉTICA. INQUÉRITO, DA
COM TODOS
ENCENAÇÃO
DE
O MENDIGO OU O CÃO MORTO (2000); OS MALES DO FUMO (2002); - Boris Vian: CONSTRUTORES DE IMPÉRIOS (1998); - Dias Gomes O SANTO INQUÉRITO (1993, Como ator convidado na montagem do GRUTAP) - Fernando Pessoa; ODEMAR (FOTO, 2010); - Luigi Pirandello O HOMEM COM A FLOR NA BOCA - Luis Manoel Paes Ciqueira: NORMAN E O MOTOR DA SALA (2002); - Maria Clara Machado: A BRUXINHA QUE ERA BOA; MARIA MINHOCA; O BOI E BURRO NO CAMINHO DE BELÉM; - Monotti Dell Picchia: MÁSCARAS; - Oscar Wilde: TRAGÉDIA (2002); - Osman Lins: MISTÉRIO DAS FIGURAS DE BARRO (2015). - Plínio Marcos: HOMENS DE PAPEL (1994); DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA (1997); - René de Obaldia: O DEFUNTO (2004); - Ricardo Araújo; A REVOLTA DAS CHUPETAS; PREPARADO (2021); FABULÁRIO; CAUSOS; CHAPEUZINHO VERMELHO IN CENA; PERNA DE PINTO PERNA DE PATO; - Sebastião Simão: JOÃO E MARIA OU LADRÕES; VALENTIM E O BOIZINHO DE SÃO JOÃO (2011) PREPARADO (2021); - Stella Leonardos: O CONSERTADOR DE BRINQUEDOS (1997);
SIGA @SEBASTIAO_SIMAO_FILHO
ENTRE AS MUITAS CONVERSAS DE SEBASTIÃO E DOMINGOS SOARES DOIS MOMENTOS MARCANTES NA HISTÓRIA DO TEATRO EM PETROLINA: A CARTA PUBLICADA NO JORNAL MÁSCARAS [1998] E EM "O SANTO INQUÉRITO" [1993], SEBASTIÃO COMO ATOR CONVIDADO NA MONTAGEM DE DOMINGOS [GRUTAP]
CORO
BARCA NÃO
DO
SÃO
NAVEGA
FRANCISCO LÁ
NO
SOLTE TOQUE DEIXE
O
REMEIRO
DEIXE
O
REMEIRO
A
O
BÚZIO,
REMAR...
AI,
1A.
VOZ
DE
REMEIRO A
O
BARCA
VENTO
ESTÁ
ESTÁ
ESTA
AI,
AI,
REMAR...
-
ESTÁ
REMEIRO REMEIRO
MAR. VELA,
SAINDO,
SOPRANDO, SORRINDO,
CANTANDO...
[RIBEIRIL DO SÃO FRANCISCO ANTÔNIO DE SANTANA PADILHA RECIFE 1970]
ANTIGO BECO DA CULTURA TRAVESSA TREZE DE MELO FOTO DE THOM GALIANO
V
EREDAS TEATRAIS;
ARQUEOLOGIA
DOS ENCONTROS POR JOSÉ LÍRIO COSTA
COLECIONADOR DE SEMELHANÇAS [2021] COM JOSÉ LÍRIO COSTA. NAS GRAVAÇÕES NA RUA MARECHAL DEODORO DA FONSECA. FOTO DE THOM GALIANO
“Que moribundos dizem hoje palavras tão duráveis que possam ser transmitidas como um anel, de geração em geração?”. [Walter Benjamim] Nós operários das Artes Cênicas, costumamos dizer que o Teatro é a arte do encontro. É nessa presença que o ritual acontece. Acredito fielmente nas possibilidades que este ritual, onde a presença é peça concreta, quando cruzei a esquina da Rua José Rabelo Padilha no antigo prédio Lula Cardoso Ayres, na região central conhecida como “Petrolina Antiga”, encontrei minha primeira trupe, a Cia Máscara de Teatro (2001). Penso - São nas esquinas, nas dobras, onde habitam: o acaso, o espanto, o mistério. Outro dia passeando o olhar na minha biblioteca um livro me chamou, aceitei o convite e ao abri-lo um conto me fez dobrar uma esquina. E do outro lado, além das qualidades literárias encontrei aspectos universais e regionais, humanos e arquetípicos. Encontrei o autor Antônio de Santana Padilha em o “Colecionador de Semelhanças,” mediado pela Professora Elisabet Gonçalves Moreira na sua coletânea Poética Ribeirinha - Antologia literária de Petrolina, livro editado em 1995 que reúne a obra de mais de 70 escritores da região. No conto, a saga de Floresmundo, que desde seu nascimento nunca encontrou semelhante. No decorrer de sua jornada, embora fosse “um tipo normal”, mantinha sua fisionomia única, então passa a colecionar desenhos e fotografias de pessoas pelo mundo. Essa insatisfação do ser humano de se encontrar foi um dos espantos que me moveram a querer montar o conto. Tenho que confessar que há algum tempo venho me interessando por obras não dramáticas, e já havia me aventurado em outras experiências como no poema de Carlos Drummond de Andrade “Tempo ao sol”, que resultou num vídeo em 2020 e “Carta ao Pai”, de Franz Kafka, que produzi um curta metragem (2018) e uma performance chamada “Cavalo” (2019).
Para me aproximar mais do Sr. Padilha, fui pesquisar sobre a biografia desse petrolinense, nascido em 5 de setembro de 1904, que traçou suas histórias, vividas e criadas, por sua terra, onde também criou família e viveu até 1982. Seu Toinho, como era popularmente conhecido, além de servidor municipal em vários cargos públicos, teve desde cedo grande participação na construção do imaginário cultural local. Aos 19 anos cria o jornal “Alicate”, e também participou da construção do primeiro teatro da cidade, idealizado pelo acadêmico João Cardoso de Sá (1919), onde anos depois encena o seu texto teatral “Paulo e Alice” (1925). Eu tive acesso a sua vasta obra e entre livros publicados e inéditos é impressionante a variedade de gêneros e a dedicação a retratar Petrolina. Decidi convidar Thom Galiano para assinar a direção desse trabalho, o que seria mais uma parceria desse que, desde 2008 nas salas de ensaio do Núcleo de Teatro do Sesc, foi meu 1º espectador. Ensaiávamos na sua casa numa outra esquina da Petrolina Antiga, Rua Manoel Borba, frente ao casarão abandonado que abrigou a primeira prefeitura. Numa das voltas do ensaio pelo que outrora fora chamado de Beco da Cultura, encontramos na esquina da Marechal Deodoro da Fonseca, as ruínas de uma casa amarela, onde viveu outro poeta, José Raulino Sampaio. Nos anos 70, José Raulino fundou com alguns intelectuais, entre eles Elisabet e Seu Toinho, o Clube Drummondiano de Poesia, que provocou na cidade um movimento literário nunca visto antes na região e que contava com Carlos Drummond de Andrade como patrono e correspondente.
MATÉRIA "O POETA MAIOR" DA REVISTA VEJA Nº478. PÁG 94 - 2/9/1977
Na esquina uma boa história para contar, ao dobrá-la encontro ao acaso a possibilidade de adentrar em memórias. Se tem uma coisa que aprendi pelo meu caminho em quase todos os grupos de Teatro do Vale em que atuei é que o passado não está atrás de nós, mas sobre nossas cabeças. Estreamos o Colecionador de Semelhanças na abertura da Aldeia do Velho Chico (2020), ainda em meio a abertura gradual da pandemia, um encontro cauteloso e não menos caloroso numa barca ao pôr do sol no meio do rio São Francisco. O capítulo que se segue é a aprovação na lei Aldir Blanc do estado de Pernambuco, e a adaptação da cena conto para audiovisual. Resolvemos investir na mistura de linguagens. Assim, escolhemos ou fomos escolhidos pela casa amarela de Seu Raulino como cenário. Estar ali naquele resto de paredes, portas e janelas enferrujadas, me fez pensar: qual a importância do movimento artístico cultural para a cidade e seus habitantes? Naquelas ruas da antiga Passagem para Juazeiro, onde tudo começou, sendo apagadas no silêncio da madrugada pela especulação imobiliária. A quem interessa o silenciamento dos espaços culturais?
Depois das gravações decidi tomar um outro percurso. Observo o antigo Cine Teatro Petrolina (antigo Teatro Independência), onde Seu Toinho derramou suor na construção e teve sua primeira peça encenada. O que ele diria ao encontrar no espaço uma igreja? Subo para praça, a concha acústica ao relento vejo entre o Centro Cultural Dom Bosco (ou Cine Massangano) e o Teatro do Colégio Auxiliadora - o silêncio - salvo raras exceções, só funcionam para atividades escolares. Volto para orla e lá está o palco que, inaugurado na década de 90 do século XX., serve de depósito de quiosques. Caminho em direção ao bairro atrás da banca, me deparo com o Grande Hotel e imagino como deve ter sido a apresentação do monólogo de Paulo Autran no auditório? E do outro lado da rua funciona uma funerária na antiga estação de trem que, em meados de 2000, era a Fundação Cultural. Se eu sigo pelo caminho deveria encontrar o Teatro da Escola Emmaf, onde nasceu uma geração profícua de artistas. Mas lá habita uma réplica da estátua da liberdade – desisto? Na esteira do progresso entre o Centro de Convenção e o Hospital Traumas, o espaço destinado à construção do tão sonhado Teatro Municipal, espera desde 2004 quando numa solenidade
artistas
foram
convidados
para
escrever
seus
nomes
no
couro
de
bode
(pedra
fundamental), enterrado junto do sonho. Um Teatro é o umbigo de uma cidade. É casa que abriga uma diversidade de Artes, que partilham ideias, debates e sonhos por veredas daqueles que se aproxima, adentra aquela arquitetura, algo vibra desses encontros. É claro que em Petrolina existem alguns lugares para exercer a Arte da presença. O sabiamente nomeado Teatro Dona Amélia do Sesc Petrolina, o Espaço Cultural Janela 353, o CEU das Águas no Rio Corrente, o mais recém inaugurado Cine Teatro da UNIVASF e aguardamos a estreia do Teatro do IF Sertão. São espaços potentes e alguns contam com políticas de acesso e educação estética. É preciso celebrá-los e ocupá-los. Mas fica a pergunta se numa cidade com mais de 350 mil habitantes, tida como uma das potências nacionais é suficiente? Abrange toda a população? É acessível a todas as regiões da cidade? Comporta a produção artística? O Filósofo Walter Benjamim no seu texto “O Narrador” (1936), descreve que a narrativa é uma das possibilidades de experimentar, que o conhecimento são saberes transmitidos não como moral, mas como faísca de vida. A narração de um texto, de uma memória, cria vida. Para mim, montar um trabalho artístico sempre foi a necessidade de dizer algo ao mundo, de contribuir para evolução humana e porque não a minha mesmo. Veredar por essas histórias , por essas esquinas de Petrolina, me fez reencontrar a consciência que tomamos emprestado o mundo dos nossos filhos, porque o grande exercício do ser humano é preparar a geração futura. Aos que virão depois de nós. Após o Colecionador de Semelhanças, sigo agora com outra experiência com o Núcleo de Teatro do Sesc, “Ribeiril do São Francisco”, um texto teatral de Antônio Padilha, de 1970, que foi encenado nos início dos anos 1980, pelo extinto Grupo de Boca em Boca. São gerações que vão se encontrando... Compreendo que o ato teatral acontece no tempo presente e que é a efemeridade que possibilita o encontro. E se a pedra final dessa alquimia é o tempo, a ficção para ser purificadora precisa ser atroz ANTÔNIO DE SANTANA PADILHA E ALGUNS DE SEUS LIVROS. SIGA @JOSELIRIO
ACIMA DIÁRIO DA REGIÃO, 10 DE AGOSTO 2002, MATÉRIA CELEBRANDO A CONSTRUÇÃO DO TEATRO MUNICIPAL. ABAIXO FOTO COM A FACHADA DO ANTIGO INDEPENDÊNCIA
Constituição das artes PNZ LINGUAGENS
Múltiplas Linguagens 28 = 63% Música 8 = 20% Cultura Popular 3 = 7% Literatura 2 = 4% Artes Visuais 2 = 4% Gastronomia 1 = 2% Teatro 0 Dança 0
44 Projetos de Lei, leis e Decretos que versão sobre a Cultura/arte em PNZ 1988 a 2019 [31 anos]
AUTORES
BENEFICIO
Patrimônio Cultural Imaterial 13 = 30% Estímulo 12 = 28% Estruturante 6 = 13% Incentivo Fiscal 5 = 11% Política de Participação 3 = 7% Acesso 3 = 7% Financiamento 1 = 2% Censura 1 = 2%
LEGISLATIVO 29
Pe. Antonio Moreno 2 Cristina Costa 1 César Durando 2 Gabriel Menezes 2 Gilmar Do Santos 4 Mª Elena De Alencar 8 Osório Ferreira Siqueira 2 Raimunda Sol Posto 1 Rodrigo Araújo 4 Sargento Quirino 1 Teresinha Teixeira 1
EXECUTIVO 11 Augusto Coelho 1 Durval De Andrade Araújo 1 Fernando Bezerra Coelho 12 Guilherme Coelho 2 Julio Lossio 10 Miguel Coelho 8 Odacy Amorim 1
O
PIONEIRISMO E A OUSADIA DO
GRUPO DE TEATRO
PAULO AUTRAN POR ADRIANO ALVES
BRUNO DE SANTANA, D. DETINHA, PAULO AUTRAN, GIL, KAROLINA PEREIRA, GEORGE MASCARENHAS, JÚLIO TORRES, ANTÔNIO ANDRÉ E GERALDO PONTES. ARQUIVO
Anos 1970. A década marcada pela grande crise do Petróleo no mundo é a mesma do auge da censura no Brasil, que era governado pelos militares em regime ditatorial. Petrolina ainda era uma cidade em crescimento, tinha pouco mais de 60 mil habitantes. O movimento artístico no município ribeirinho ainda era tímido, apenas com iniciativas escolares e religiosas. Nesse cenário, surge o Grupo de Teatro Paulo Autran, que reuniu jovens e adultos da região no final daquela década para criar espetáculos cênicos. A iniciativa de criar um grupo surgiu dos artistas Bruno de Santana e Antônio André, eles convidaram Justino Filho que já criava espetáculos na Emmaf (Escola Marechal Antônio Alves Filho) para dar início aos trabalhos. “Bruno morou em São Paulo e, como assistia Teatro, certa vez conseguiu falar com Paulo Autran e falou que ia colocar o nome dele. Ele ficou muito orgulhoso e feliz porque um grupo de uma cidade do Nordeste estava escolhendo como título o seu nome. Aí convidou para ele vir para Petrolina e ele prometeu que viria”, conta Justino.
Pioneiro em um trabalho contínuo de Teatro na cidade, o grupo montou diversas peças, que iam da Commedia Dell'arte ao Teatro do Absurdo, apresentando em espaços culturais da cidade, como os antigos cine-teatros, e circularam por várias cidades vizinhas, inclusive as inundadas pelo lago de Sobradinho. “Essa cidade era muito acanhada, a região era. Então, a cena cultural era muito restrita”, conta a historiadora Elisabet Moreira. “A cena cultural pensando em projetos como Teatro e Cinema, isso não havia. Mas havia gente ousada, que foram pioneiros nessa época. Eles tiveram uma ousadia que eu admiro cada vez mais. (...) Porque a cidade era muito conservadora e também não havia espaços para se apresentarem, a não ser em coisas muito específicas”, detalha. Uma foto amarelada revela o registro de um fato curioso, o grupo conseguiu trazer o ator Paulo Autran para Petrolina. O dia 13 de setembro de 1978 ficou marcado na memória da classe artística que recebeu a visita de um dos maiores nomes do teatro nacional. O ator chegou a apresentar o conto "Meu Tio, o Iauaretê", de Guimarães Rosa, em uma sala do Hotel Grande Rio para um pequeno público, não mais de 30 pessoas. “Eu me lembro muito bem das palavras de Paulo Autran nas entrevistas que ele deu dizendo que não entendia como um grupo de Petrolina, no meio da Caatinga, de uma região praticamente isolada da Cultura do eixo, tinha se interessado por ele (...) Ele veio porque não acreditava, veio para ver, com um respeito e consideração muito grande”, lembra Aluísio Gomes, publicitário que na época era radialista, confessando que ninguém conhecia o artista na região, além dos que já pesquisavam as artes. Autran veio pouco antes de iniciar as gravações de Pai Herói, novela que marca sua estreia nas telinhas e projetou seu trabalho para o grande público. Ousa-se dizer que a visita ao Sertão pernambucano foi sua influência para aceitar voltar à TV após 20 anos. Tempos depois, em entrevista ao Jornal das Artes, informativo cultural publicado em Juazeiro-BA por Bruno de Santana, Autran comentou sobre. "Era preciso ser reconhecido pelos que não podiam me ver nos teatros dos grandes centros", afirmou. Uma mulher de 50 anos, comunista em plena Ditadura Militar Brasileira e residindo em uma cidade do interior, é outro destaque do grupo. Eudete Pereira veio com a família de Barrinha da Conceição na semana santa de 1961 para morar nas margens do Rio São Francisco. Dona Detinha, como ficou conhecida, era dona do Armarinho Petrolina na rua hoje conhecida como Calçadão Bahia e abriu as portas da sua casa na Praça do Bambuzinho para a turma do Teatro. A filha Jorgete Pereira lembra que um quarto nos fundos da casa era utilizado como sede do grupo, decorado “bem descolado com tapetes alternativos, almofadas, armários pro material do grupo”. Ela conta que "Detinha era uma pessoa muito viva, ela gostava muito de viver e da juventude. Estar perto de pessoas jovens era muito importante para ela. Um nome que definiria Detinha é liberdade". As lembranças do grupo também ficaram registradas na memória do advogado Julio Torres. Na época um jovem garoto, estudante e ator amador. “A gente tinha esse aspecto vanguardista para aqueles anos de chumbo, que era uma época de muita perseguição política, de muitos assassinatos de oposicionistas. A gente lutou em diversas frentes de luta e o Teatro foi uma das trincheiras dos jovens da época”, comenta.
Uma lacuna na história do grupo é a morte de um dos
seus
Filho.
O
integrantes, pouco
que
Antônio se
sabe
André
Pereira
é
o
que
ator
caminhava pela Ponte Presidente Dutra a noite e,
ao
amanhecer,
seu
corpo
foi
encontrado
estirado no chão abaixo do viaduto. Não há até hoje esclarecimentos se foi um ato criminoso político ou de homofobia que levou mais uma vida durante o regime totalitário. "André
do
Teatro,
o
Andrezão.
Aquele
cara
comprido, esquisito, mas uma pessoa admirável. O André que eu conheci, eu não esqueço, era uma pessoa incrível. O que ficou na gente foi uma dor, uma mágoa, a morte dele não resolvida e violenta. São interrogações que estão aí no processo",
fala
emocionada
a
historiadora
Elisabet. A
única
verdade
é
que
ser
diferente
contrariando o sistema não é e nunca será fácil.
JUIZ
DE
TEATRO
A vida de Antônio André, o jovem espetáculo que
BRUNO
encerrou antes de seus aplausos finais, e o
JUSTINO
pioneirismo do Grupo de Teatro Paulo Autran
CIDADE
PAZ
NA
AMADOR DE
ROÇA PAULO
SANTANA, FILHO.
UMA
GRUPO
AUTRAN
ANTÔNIO
FONTE
ESCOLA
DO
DE
UM
DE COM
ANDRÉ RIO
MARIA
E
UMA ELZA
GOMES MACEDO QUEIROZ [1983]
merecem ser celebrados NOTA: Essa reportagem foi escrita a partir do projeto experimental “ARTE É FATO - UMA PROPOSTA DE TELEJORNALISMO
CULTURAL
ABORDANDO
A
HISTÓRIA DO TEATRO PETROLINENSE” apresentado à Universidade do Estado da Bahia, no Departamento de Ciências Humanas, como trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social habilitação Jornalismo em Multimeios por Adriano Alves dos Santos, em maio de 2016.
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ILUMINURA
Em Iluminura todo mundo queria ser ator de cinema, mas elas não, desejavam brilhar no teatro. TEATRO, falavam de boca cheia. Estela Maria dizia que já nascera, inclusive, com nome de estrela dos palcos. Bárbara Cristina não teve a mesma sorte, mas escolheu como queria ser chamada e nem os colegas mais íntimos sabiam seu verdadeiro nome. As duas disputavam, cena a cena, o título de melhor atriz da cidade. Uma montava um clássico, a outra o fazia também. Se essa produzia uma peça autoral logo a outra a seguia. Fundaram dois grupos: “Estrela e Cia Grupo de Teatro” e “Bárbaros dos tablados”. Tinham fã-clubes que brigavam nas redes sociais, um horror! Até que um dia chegou em Iluminura uma equipe de cinema, alvoroço naquela cidade onde todos, menos elas, queriam brilhar nas telas. Buscavam, para compor o elenco de ABAS, duas atrizes, estas viveriam uma tórrida história de amor. O cachê seria ótimo,
UM CONTO DE CÁTIA CARDOSO
daria para financiar as próximas peças das duas companhias. Cada uma
delas
ficou
bastante
confusa.
Aconselhadas
por
amigos,
candidataram-se aos papéis, mesmo sem querer fazer cinema, tudo pelo teatro. Foram selecionadas, afinal eram ótimas atrizes. Mas ficaram arrasadas ao descobrir que iriam contracenar, e pior, em cenas de amor. Elas não se falavam, eram rivais desde crianças, como fariam as cenas? Mesmo assim engoliram o orgulho e foram ao trabalho, tentando ser o mais profissionais possível. Receberam os roteiros,
realizaram
os
ensaios,
provaram
figurinos,
definiram
maquiagem, fizeram as cenas mais brandas. No dia da filmagem da cena mais picante, havia uma tensão no ar. Tudo pronto, ambas muito bonitas. Bárbara simplesmente sai da cama e diz para a câmera: não, eu não vou fazer, amor pra mim é mais que se jogar nua sobre outra pessoa, é mais que devorar a carne dela, amor pra mim é muito, muito mais que isso. E abandona o set. Todos ficam estupefatos, a atrizinha pirou! Tragam essa maluca de volta! Nada feito, ela não volta. O diretor se dirige a Estela, que tinha ficado sentada na cama em estado de choque, vamos precisar de um tempo para encontrar outra atriz. Outra atriz? Desculpe, mas com outra atriz eu não faço. Fim? Gostei do jeito que termina esse conto. Gostou? Sim, é bem a sua cara. E como é minha cara? Romântica, por isso pensei em colocar iluminuras bem caprichadas no início. Mas você não acha que fica muito redundante, ter iluminuras em um texto chamado iluminura? É pode ser, mas também pode reforçar o signo, nem todo mundo sabe o que é uma iluminura. Sabe por que dei esse nome à cidade onde as atrizes moravam? Não, por quê? Porque
me
lembra
iluminar,
as
pessoas
amavam
cinema,
luz,
câmera... Ah, a mim também lembra luz, quando eu li pensei em Paris. Bacana, eu nem tinha pensado nisso, a cidade luz... Vamos ver o material da capa do livro? Não, vamos fazer outra coisa. Tipo? Filminho, pipoca... Na cama? Sim, claro.
Escute, pra mim o amor é
mais... falam juntas, muito mais que devorar a carne da outra... Mas também é isso 10-3-2014
O
SANTO
NÃO
E
USAM
NEGRO
A
PORCA
[1989];
BLACK-TIE
[1995];
BRINQUEDOS SALTIMBANCOS FANTASMINHA
AUTO
[1992];
CHAPEUZINHO [2003]; [2005]; [2011];
O
DA
COMPADECIDA
SANTO
VERMELHO
SENHORA
DOS
A
PENA
E
A
A
VERDADEIRA
INQUÉRITO [1996];
A
AFOGADOS LEI
[2008];
HISTORIA
[1991] [1993];
REVOLTA
ELES ANJO DOS
[2005]; PLUFT DE
OS –
O
GLAUCO
HOROWITZ: PATÉTICA [2014] A CANTORA CARECA [2018].
TPA:
TRÊS DÉCADAS DE HISTÓRIA NA CENA TEATRAL PERNAMBUCANA
POR JOYCE GUIRRA O livro reportagem “Entre risos e dramas, eis uma história", produzido pela jornalista Joyce Guirra, em 2011, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Universidade do Estado da Bahia, tem o objetivo de retratar a trajetória do grupo Teatro Popular de Arte (TPA). A companhia iniciou suas atividades em janeiro de 1989 com a denominação de Grupo de Teatro Amador de Petrolina (GRUTAP), e em 1999 passou à denominação atual. O propósito inicial do Grupo foi de dar ênfase à cultura regional, encenando espetáculos de autores do Nordeste. Nesse contexto, escolheu o dramaturgo Ariano Suassuna, do qual levou ao palco dois dos seus principais textos: O Santo e a Porca e O Auto da Compadecida. Depois partiu para uma nova fase na sua produção teatral com as montagens de Eles não usam blacktie, de Gianfrancesco Guarnieri e O santo inquérito, de Dias Gomes, buscando levar ao palco uma análise e discussão mais profunda da realidade e condição do homem, sobretudo do homem brasileiro, em toda a sua problemática social e humana. E numa pesquisa do subconsciente humano e das questões míticas da humanidade, isso já partindo para bases mais universais, foram montados os espetáculos Anjo Negro e Senhora dos Afogados, de autoria de Nelson Rodrigues. O Teatro Infantil também foi encenado por meio da montagem dos espetáculos: Chapeuzinho Vermelho, de Maria Clara Machado, A
Revolta
dos
Oliveira
&
Brinquedos, Pedro
Veiga
de e
Pernambuco Os
de
Saltimbancos,
uma
sociedade,
além
de
potencializar
a
subjetividade ao abordar questionamentos sobre
musical de Chico Buarque.
a realidade social vivenciada pelo espectador.
O Grupo tem uma filosofia semelhante à dos
O jornalismo cultural é tão importante quanto os
conjuntos
demais segmentos, apesar de ser muitas vezes
aspecto
amadores,
no
financeiro.
que
Os
diz
respeito
atores,
ao
técnicos,
relegado
a
segundo
plano
pelos
veículos
de
diretores, via de regra, não recebem pagamento
comunicação. Para Daniel Piza (2009), praticá-lo
pelos seus trabalhos, e os recursos advindos da
é
bilheteria dos seus espetáculos são direcionados
filmes, livros, peças de teatro. É um exercício
para a manutenção do próprio Grupo e custeio
constante
das despesas dos espetáculos seguintes. Foi essa
precisão
filosofia que permitiu a existência e resistência
universo cultural estudado e/ou analisado. É
do
também uma forma de incentivar e divulgar a
TPA
há
mais
de
30
anos,
com
certa
independência e auto-sustentabilidade, já que
muito
mais
do
de da
que
emitir
opiniões
aprimoramento,
informação
e
pelo
sobre
busca
pela
mergulho
no
arte, seja nas suas mais diversas modalidades.
contar com apoio cultural por parte do poder público local e de boa parte do empresariado,
A liberdade temática permitida pelo segmento
ainda é um sonho distante para os que fazem
de livro-reportagem é outro fator que justifica a
arte no sertão pernambucano.
escolha do projeto, uma vez que o tema a ser trabalhado
no
livro
não
Para retratar a trajetória do grupo, foi escolhido
necessariamente,
como
noticiabilidade exigidos pelo jornalismo diário,
formato
o
livro-reportagem,
por
possibilitar contar a história do TPA de forma
embora
mais solta e aprofundada, sem se prender a
relevância
fórmulas
factualidade, entre outros.
da
importância
história aos
tradicional,
“não-ditos”,
dando
deva
obedecer
atender
aos
precisa,
a
social,
critérios
elementos
de
como
contemporaneidade,
retratando
histórias de vida, o contexto social vivido por
A
estes artistas durante todo o percurso do grupo,
personagem
escolha
registrando, desse modo, fragmentos da história
importância do mesmo no cenário teatral de
do vale do São Francisco, em especial da cidade
Petrolina e também pela inquietação, devido ao
de Petrolina.
pouco acervo histórico no que diz respeito aos artistas
Assim,
a
partir
dos
foram
desenvolvidos
relatos
dos
capítulos
integrantes, que
de
um
central
locais
e
as
grupo do
de
projeto
teatro se
manifestações
como
deu
pela
artísticas
desenvolvidas na região.
trazem
informações sobre o processo de direção das
Assim, “Entre risos e dramas, eis uma história”
peças encenadas, os desafios nas montagens, as
se
curiosidades e aspectos da trajetória de vida dos
inédito, uma vez que não há nenhum registro ou
atores, tecendo, em cada um deles, fragmentos
produção sobre o tema, mas também por ser uma
da história do TPA.
forma de tornar pública a história de um grupo
torna
relevante
não
só
pelo
seu
caráter
atuante na região, contribuindo com o registro Desenvolver a escrita de um livro-reportagem como
projeto
conclusão
do
fortalecer
o
experimental curso
em
do
trabalho
Jornalismo
aperfeiçoamento
da
da história e da cultura do Vale do São Francisco
de vem
área
da
comunicação social, ao permitir o exercício do jornalismo
cultural,
uma
vez
que
aborda
a
história de um grupo de teatro. A arte cênica é um mecanismo importante na formação cultural de qualquer indivíduo, pois personifica e retrata os contextos sociais e políticos vivenciados em
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A BÁRBARA [2018] COM BRISA RODRIGUES. FOTO DE GEORGE MAGARAIA
A
MEMÓRIA
É UM ORÁCULO: LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO
NO TEATRO PERFORMATIVO POR BRISA RODRIGUES
Quando a arte da performance atravessa o fazer teatral, o índice de memória pessoal e coletiva presente na obra pode ser elevado, assim como outros índices, à exemplo do perigo, do risco. É arriscado mexer com a memória, pois, ela é como um baú cheio de lembranças com inúmeras qualidades que nos desperta múltiplos sentimentos, uma vez acessada, voltamos no tempo e também podemos avançar e encontrar algumas respostas. Muitas vezes, a memória fica guardada por muito tempo, sem que possamos entender inteiramente o que significa e só conseguimos alcançála depois de passar por outras experiências em nossas jornadas. No
laboratório
de
criação
do
solo
feminista
A
Bárbara1,
mergulhei em memórias pessoais e coletivas, em um processo via Mitodologia em Arte (Lyra, 2015), guiado pelo mito da mulher revolucionária (Rodrigues, 2018). Neste caldeirão mitodológico, misturei
minha
vida
com
a
vida
de
outras
mulheres,
como:
Antígona, Bárbara de Alencar, Dilma Rousseff e Marielle Franco. Entendendo que todas elas impulsionadas pelo afeto fizeram movimentos de antinomia, contra um poder instaurado, e por isso
tiveram uma sentença. E naquele momento de
Por isso, neste laboratório foi imprescindível
minha trajetória acadêmica e artística, com a
fazer um movimento de rememoração e retornar
queda
Pátria
ao início da minha jornada, acessando camadas
Educadora, em 2016, a universidade em greve de
da minha identidade e intimidade que se refletiu
servidores e vendo meus planos ruírem com a
em cena, na performance. Assim, foi necessário
eleição de 2018, eu me sentia como elas, pois,
também vasculhar a memória coletiva, com o
precisava lutar contra um Estado cada vez mais
propósito
opressor, que ceifava meu direito e meus sonhos.
históricos não caíssem no esquecimento. Sobre
do
programa
de
governo
de
rememoração,
que
alguns
Walter
acontecimentos
Benjamin
afirma
que
Então, eu precisava traçar algumas estratégias
consultar a memória desenlaça o que vem a
de sobrevivência e reconheci a Mitodologia em
seguir:
Arte (Lyra, 2015) como uma plataforma para
interrogavam o tempo para saber o que ele
criação que lança mão de práticas feministas
ocultava em seu seio não o experimentavam nem
com o autocuidado e o autoconhecimento da
como
atuante,
de
rememoração desencadeava o futuro, ao qual
procedimentos permite guiar o corpo e a mente
sucumbiam os que interrogavam os adivinhos”
da artista para que ela possa expressar seus
(1987,
desejos,
memória é como a brisa, porque passa, acaricia,
pois,
seu
faltas,
sistema
angústias
rizomático2
e,
sobretudo,
a
abertura de espaços para a imaginação, atuando
“certamente,
vazio
p.
nem
232).
os
como
No
adivinhos
homogêneo
processo
de
que
[...]
criação,
a
a
agita e move um corpo... meu corpo
em um entre lugar de tempos, o passado, o presente
e
universo
o
que
virá
atemporal.
adiante,
Destes
criando
um
procedimentos
mitodológicos destaco aqui: Os descansos (Lyra, 2015, p. 58), em que traçamos a linha de nossa vida
e
vamos
marcando
momentos
transformadores da jornada a partir de uma pergunta que decidimos fazer a nós mesmas. E também a Mandala cartográfica ou dramatúrgica (Lyra,
2015,
p.
72),
que
é
uma
síntese
do
processo, onde colocamos escritas ou de forma estética nossas impressões da experiência em laboratório de criação.
Bibliografia BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 3.ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987. LYRA, Luciana de Fátima Rocha Pereira de. Mitodologia em artes no cultivo do trabalho do ator: uma experiência de f(r)icção. 2015. Relatório Final de Atividade (Pós-Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, 2015. RODRIGUES, Brisa Mirele Barbosa. A Bárbara: o corpo bandeira da mulher revolucionária e as práticas feministas nas artes. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, 2018.
1 A Bárbara
é um solo e dramaturgia feminista tecida durante o processo de
Bárbara: o corpo bandeira da mulher revolucionária e as práticas 2018). Parceria com Luciana Lyra, diretora, dramaturga e
escrita da dissertação “A
feministas nas artes”
(Rodrigues,
também orientadora do mestrado junto ao
Programa de Pós-graduação em Artes (UERJ). 2 Refiro a Mitodologia em Arte como um sistema rizomático, pegando conhecimento, em que rizoma são os
ramos enraizados das plantas, as raízes. Levanto esta imagem para
falar sobre o processo de criação via mitodologia, pois, ele faz profundos.
este termo de outra área do
vários
caminhos
e
cruzamentos
FOTO THIAGO LIBERDADE
UM LIVRO, MÚLTIPLAS MÃOS, REGISTRO COLETIVO DE UMA AÇÃO PERFORMÁTICA. TRÊS ATORES/ATUADORES RESENHAM A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO DO LIVRO “PROCURA-SE UM CORPO - AÇÃO Nº3 [2019].
OLHARES SOBRE A PRODUÇÃO DO LIVRO ZULEIKA BEZERRA - A poética desse livro parte da experiência vivida pelos atuadores do Núcleo de Teatro do Sesc na performance “Procura-se um Corpo - Ação nº 3” (2015) criada em parceria com o grupo de teatro Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS). Quem como eu assistiu à performance, ler os relatos dos atuadores desnuda, é como uma “desmontagem” do processo de criação. Os artistes, cada um, à sua maneira, desvelam o seu processo, seus olhares sobre o tema Ditadura Civil Militar de 1964, seu mergulho na história do “seu” desaparecido político, sua preparação física e intelectual.. Para quem não assistiu a performance, a leitura vai trazer um espetáculo individual, pois os relatos trazem detalhes e as imagens remontam o roteiro da performance. É um livro de relatos e registro de um trabalho teatral, ao mesmo tempo que uma parte cruel da história do Brasil.
MONIQUE PAULINO - Páginas em preto e branco, cobertas por uma capa vermelho sangue que se faz pulsar ainda em nossas veias. Participar da organização do livro da Ação Nº3 permitiume um encontro com as bases do tripé de minha vida: Letras/Literatura, Teatro e Educação. Cada linha revisada contava não só com o olhar sobre a estrutura gramatical, mas com o cuidado educacional de que a mensagem fizesse-se entender. Havia também a revisão das mini-biografias dos 28 desaparecides polítics dos quais contamos as histórias na performance. Antes, conhecia a fundo (diante do possível) a trajetória de Ranúsia Alves Rodrigues e de João Carlos Haas Sobrinho. Com o livro, entrei na pesquisa de cada história para verificar a atualização dos dados. Tratamos aqui de um livro de registros e, esses, como tudo na vida, são móveis. A depender do governo, sabe-se mais ou menos. Com este atual, sabe-se menos sobre onde estão nossos mortos e mais sobre quem são os que puxam o gatilho. Lendo a página 24, sou capaz de ouvir os tiros. A cena está nua, jogada ao chão, sem sapatos. A encenação apresenta-se feito o reencontro com uma antiga memória. Junto às imagens e sensações, vem um olhar técnico, ciente, daqueles que fazem a gente perceber como os acontecimentos chegaram até ali. Como disse um dia a Lispector: "quem entende desorganiza".
JOSÉ LÍRIO COSTA - O Teatro só acontece no ato. Depois disso, o que resta é lembrança, que às vezes, o tempo se encarrega de fecundar. Escrever sobre espetáculos no senso comum é a função dos críticos e historiadores. Por que os atores não escrevem? Particularmente, disponho de vários diários desde que comecei a atuar. E para quem escrevo? Quem se interessaria em se debruçar sobre as impressões de quem executa muitas vezes a fala de outrem? Os espectadores? Aqueles que não assistiram mais ficaram curiosos? Estudantes de Teatro? Não tenho uma resposta. A Ação N 3, foi um dos trabalhos mais duradouros do Núcleo (47 sessões em 5 anos) e para mim o mais difícil. Fruto de uma vivência com a atriz/atuadora Tânia Faria em 2015, éramos pouco mais de 15 pessoas envolvidas no processo, que ao longo dos anos foi agrupando outras pessoas. Se o inimigo da arte é a pretensão de saber tudo, neste trabalho cada ato/ação era um mergulho no desconhecido. Cada apresentação foi registrada em diário por um atuador. Cada um com seu olhar. O resultado dessa ebulição está no livro que publicamos a 36 mãos. Não sei se conseguiremos reencarnar o ato de cada encontro, tenho apenas a intuição que esses atravessamentos ficam a ferro, fogo e emoção
A
As coisas foram acontecendo, a energia
MARANTA
do grupo me deixou à vontade, tanto que esqueci a dor no estômago. Sendo
E OS NOSSOS
mais didática: Começamos pelo jogo da
DEVANEIOS ERRANTES
peteca; aquecemos de voz; Partituras corporais; cantamos a música “Beleza”; fizemos
POR RAPHAELA
uma
pequena
“procissão”;
Laboratório de como seremos quando
DE PAULA
ficarmos
velhos.
Depois
sentamos
e
Eu quero compor uma
conversamos: Thiago veio empolgado,
história pra esclarecer quem sou, eu
mas mesmo assim não conseguiu estar
que sou tantas aqui me desmascaro, me
100%, Joedson disse estar com coisas
revelo de origem duvidosa e duvido de
físicas para resolver, Brisa falou que a
toda hipótese, pois a cada noite que
proposta a pegou de surpresa e Thom
nasço
me
disse que precisamos ver que tipo de
reinvento e ao fazer isso proponho uma
relação temos com cada período que
história em que qualquer semelhança
vamos
com a realidade será mera brincadeira!
momento colocar a festividade dentro
Quero
eu
de si, no espaço e no outro. Tudo que
mesmo, e para tanto me miro em quem
fizemos hoje pode ser que fique ou
admiro e sim admito roubar... Quem
não. Começar nunca é fácil! E assim
nunca roubou não vai me entender.
terminamos o nosso encontro. [Diário
Sim, eu roubo! Roubo as suas falas,
de Bordo por Raphaela de Paula dia de
seus gestos, seus olhares, sua energia,
Iemanjá 02/02/11, Petrolina-PE}
AMARANTA -
morro
ao
compor
léu.
uma
Hoje
aqui
personagem,
trabalhar.
E
assim
em
cada
mas quero deixar bem claro, não falo
A partir das experiências com a peça Amaranta
de copiar ou plagiar não, gente. Eu
surgiu a ideia, até então impensada de nos
estou
aventurarmos no audiovisual, com a produção
falando
imponderável,
de de
algum
uma
toque
transferência
de
uma
trilogia
de
curtas
metragens
que
celular, íntima, intrínseca, numa rede
chamamos de “Devaneios”, que conta com a
que
credencia
parceria da Abajur Soluções e Moesio Belfort.
eternamente. Falaria de uma genética
Os curtas ou “Devaneios” deveriam partir da
teatral! [Trup Errante]
mesma premissa, uma produção experimental
nos
liga
e
nos
Tentando entender os seus processos criativos e
com
uma
única
intérprete
os percalços do labor teatral, a Trup Errante
questões da Artes Cênicas.
em
conflito
com
empenhou-se numa pesquisa, que gerou em 2011 a
“Devaneios e Embriaguez de Uma Atriz” (2012),
História do Teatro”, que conta a história do
foi o primeiro curta, vencedor do Melhor Filme
teatro, pelo olhar de uma atriz que magicamente
Regional no Festival Vale Curtas VI Edição, em
possui mais de 2500 anos.
2013, onde a atriz Brisa Rodrigues mergulha no
o
espetáculo
“Amaranta
–
das
Histórias
Primeiro encontro - Como nasceu? A pergunta nos moveu a entrar na cena! Contando a beleza de estarmos juntos para começar o trabalho, brincando de inventar
uma
das
histórias
mais
antigas do mundo... Brisa disse: - E Dioniso, o Deus que pune e também festeja... Joedson chamou dos amigos aos
desconhecidos
para
festejar.
achei que Téspis estava bêbado.
Eu
íntimo de uma menina apaixonada, por ser uma personagem: ATATRIZ - O que uma atriz espera de uma personagem? E agora, o que eu respondo? Mas eu não sei responder a essa pergunta. Improvisar? Ah, você está falando isso porque não é você que está aqui. Mas... Na verdade, a pergunta deveria ser: O que uma atriz quer fazer com a personagem? [ibi]
“Devaneios
de
um
Ator
Desnecessário”
(2013)
beira o documental, dessa vez o ator Joedson Silva reflete
sobre
a
necessidade
de
sua
existência
enquanto Teatro a partir de um fato ocorrido em 09 de agosto 2002, onde foi lançada, em uma solenidade, a pedra fundamental para a construção do Teatro Municipal de Petrolina-PE, que até a presente data não foi construído. O curta rendeu a Thom Galiano a Menção Honrosa concedida pelo Júri:
Pela
inquietação
criativa
que
atravessa
diferentes expressões, pela necessidade sempre urgente em refletir o papel do artista em apontar caminhos e questionar convenções. O terceiro filme surge no meio da pandemia, com o coração
cheio
de
incertezas.
Não
podendo
comemorar os 15 anos da Trup Errante no palco, me
foi
solicitado
voltar
a
escrever
minhas
lembranças e nesse processo percebi o quanto eu estava com saudade de me encontrar comigo, com a minha essência o quanto eu estava distante de mim e de tudo que eu já havia construído nos palcos. Mas, mesmo assim, o projeto de criar um curtametragem a partir do meu olhar, que, de início, me pareceu egocêntrico, foi se transformando num mergulho que fez perceber a importância de se contar
histórias.
Assim
nasceu
“Devaneios
de
artista enquanto outra” (2021).
RAPHAELA - O espírito de competição dentro da cena, do palco, não fazia, nem faz parte da minha forma de fazer teatro. Não quero brigar pra fazer uma personagem. Quero a paz e o prazer de contemplar o melhor do outro e vibrar juntos.
Meu
maior
sucesso
é
sinceramente estar entregue no palco e receber a entrega da plateia de volta. Não preciso de um teatro com 1.000 pessoas
pra
me
sentir
inteira,
pelo
contrário, sou do olho no olho. Então não foi difícil decidir! [ibidem]
AMARANTA – DAS HISTÓRIAS A HISTÓRIA DO TEATRO [2011] DEVANEIOS E EMBRIAGUEZ DE UMA ATRIZ [2012] COM BRISA RODRIGUES DEVANEIOS DE UM ATOR DESNECESSÁRIO [2013] COM JOEDSON SILVA DEVANEIOS DE ARTISTA ENQUANTO OUTRA [2021] COM RAPHAELA DE PAULA
O filme foi como um despertar para a necessidade de se transformar, reencontro com o que eu fui e sou e ainda serei! Engraçado como o registro artístico cria a possibilidade de lançar um outro olhar para a própria vida. Dito tudo isso, desvelo além dos meus “eus”, também o quanto o processo de criação do texto “Amaranta” está intimamente ligado aos “Devaneios” das intérpretes. Em 2016, pelo mesmo motivo de comemorar nosso aniversário, estreamos com Rafael Moraes uma nova encenação: “Amaranta – a atriz que vai e vêm”. Assim, ganhamos uma nova possibilidade de Devaneios, quem sabe sobre os múltiplos olhares que ressignificaram o nosso fazer, fica a dica: Para a mãe de Wellington Monteclaro, Dalva
Lima
Coelho,
o
festival
em
homenagem ao seu filho mostrou: “Eu senti a presença de Wellington aqui, ele está bem vivo, vi Wellington nos espetáculos disse,
se
que
foram
referindo
especialmente
“Amaranta”,
espetáculo
Errante
recebeu
que
montados”,
o
da
a
Trup
prêmio
de
segundo lugar, e também o de melhor ator para Rafael Moraes (...) Moraes também
destacou
a
importância
do
trabalho de Wellington para o teatro da região. “Wellington me encantava em todos os sentidos, acabou sendo referência
para
Carvalho/Redação Teatro
nós em
surpreende
(...)”. O
pela
[Paulo
Festival
qualidade
técnica de seus espetáculos, 2016].
AMARANTA – A ATRIZ QU VAI E VEM! [2016] COM RAFAEL MORAES - FOTO TIAGO HENRIQUE M.
O registro artístico conta como é incrível esse processo de amadurecimento, no caso do “Devaneios de uma artista enquanto outra”, o meu envelhecer na frente das pessoas. Afinal, há 15 anos, quando a Trup Errante nasceu, eu tinha 15 anos, uma adolescente descobrindo como era mágico ser outras pessoas, brincar de ser artista e que não imaginava estar aqui hoje vibrando a existência da arte na vida. Viva a força que nos move, viva arte viva em cena! Evoé!!! SIGA @TRUPERRANTE
de
O
TEATRO
POR ANTONIO VERONALDO E CRISTIANE CRISPIM
COMO ENCANTARIA
O teatro é o nosso território sagrado e a cena é nossa nesse
gira.
Assentado
princípio,
nos
nosso
entendimento
perguntamos:
qual
é
o
nosso terreiro? Qual nosso lugar dentro dessa liturgia que busca quebrar todos os rituais, sem deixar de ser ritual? Que tipo de sacerdócio desenvolvemos dentro dele? Quais ferramentas e ingredientes manipulamos nessa esfera? A partir dessas perguntas, nós da Cia biruta de teatro, nos propusemos realizar uma pesquisa que colocasse em convergência o nosso ofício e quem
somos,
buscando,
constantemente,
através do teatro e da investigação de sua linguagem, ferramentas que nos auxiliassem na elaboração de um corpo expressivo para a cena e que ao mesmo tempo nos conectasse com nosso território e sua gente, seus rituais e suas potências socioculturais e geográficas. Assim, partimos
para
populares
de
Francisco Ribeirinhas,
um
mergulho
resistência
iniciado
na
projeto
que
do
nas Sertão
pesquisa nos
culturas do
São
Cenas
proporcionou
vivências intensas e, desde então, nos alimenta de poéticas, estéticas e racionalidades outras que
nos
inquietam,
nos
confrontam
e
nos
desafiam no processo construção do que é ser artista de teatro da ribeira no sertão semiárido pernambucano. Buscamos incorporar e traduzir no gesto, na voz e no olhar a vida em comunidade e suas expressões culturais, manifestas na margem do Rio São Francisco. Nosso objetivo é dar ao nosso trabalho teatral o aspecto encantado que envolve
esse
ritualísticas
e
território, festivas,
suas cantos,
práticas cheiros,
mistérios e cores. Foi visitando nossos povos ribeirinhos, ouvindo e vivenciando seus cantos, danças, histórias, e em um mergulho ou outro nas
águas
do
Velho
Chico,
que
fomos
LEGENDA - CENAS RIBEIRINHAS [2016]
descobrindo formas e práticas que poderiam
DA CIA BIRUTA
direcionar nosso gestual e energia cênica que
COM CRISTIANE CRISPIM FOTO DE LARA MICOL
nos tiram do lugar de conforto.
Buscamos nessas vivências a compreensão para
Assim, transfigurando o encantamento em ato,
transformar
as danças em gestual cênico e o Axé em processo
em
exercícios
de
treinamentos
e
processos criativos para o grupo nossas memórias
criativo,
imagéticas, sonoras, físicas e ancestrais, forjando
ator/atriz ribeirinho pulsante para o labor do
um
ofício em fazer, desfazer e refazer o seu próprio
novo
caminho
e
proporcionando
tem
descobrir,
Os estudos da Antropologia Teatral, realizadas
encantamentos para desvendar, mas, isso é com
pelo diretor Eugênio Barba do Odin Teatret (DK),
tempo
são
o conhecimento que nos identifica como artífices
agricultores,
sambadores,
da cena, estamos encontrando caminhando pelo
benzendeiras e contadores de histórias - tanto
nosso
nos ensina.
chão.
Nesses
caminhos
abertos
nessa
que
o
persistência
nosso
povo
-
é
em
barqueiros,
e
a
grupo,
quilombolas,
técnica
Aliás,
em
princípios da presença, porém, os caminhos para
uma
atores
vida
de
ensinamento
por
como
e
cheio
comunidade.
busca
formação
persistência
é
a
e
na
nossa
caminho
muito
pelos
atrizes
de
o
temos
de
potência, força e energia para nossa cena teatral.
pois
Ainda
despertar
caminho
bases
poéticas.
o
possibilidades de um corpo vivo e fluido, mas com
e
em
acontecido
um
indígenas, pescadores, vaqueiros,
caminhada, cruzamos saberes da tradição teatral com saberes da tradição popular e descobrimos
Penso que o resultado demonstrado em Cenas
mais
de
Ribeirinhas foi maior que um encontro estético,
saber e de saber-se. Criamos e experimentamos,
técnico ou cênico, o que alcançamos foi uma
desse
da
mistura de corpos, histórias, sagrado, profano,
presença de ator e atriz a partir de nossos afetos
mistérios e encantamentos que se transmutaram
territoriais e as corporeidades das nossas gentes:
em exercícios físicos, vocais e de dramaturgias,
o barqueiro, o nadador, o lançar de rede, o lançar
coisas fundamentais para nosso ofício teatral.
de flechas, o redemoinho. As danças do reisado,
Fica, também, o maior presente encontrado ou
do São Gonçalo, do Capim lê lê, se desdobraram
trazido pelo rio: o de se reconhecer ribeirinho e
em
e
viver o encontro com nossas ancestralidades e
possibilidades de cena, até o ponto de diluir-se,
identidades, com tudo que o rio nos dá em forma
expandir-se
presença
de Fé, Festa e Pão. Que possamos retribuir esses
catingueiros,
presentes em oferta na forma de arte do fazer
periféricos e que mais surgir do exercício de ser
teatral. Viva o Teatro, os encantados e todo
e
povo da beira do Rio Opara
do
que
técnicas,
modo,
exercícios
experimentações
desses estar
e
se
corpos no
descobrimos
para
tornar
para
construção
busca
de
estado
de
ribeirinhos,
mundo,
do
lugar
modos
que
ações
estamos,
encarando as encruzas que este caminhar nos apresenta. PONTES FLUTUANTES [2018] PRODUZIDO PELA CIA BIRUTA COM ODIN TEATRET COM EUGÊNIO BARBA E JULIA VARLEY FOTO DE ABAJUR SOLUÇÕES
SIGA @CIABIRUTA
Respeitável público, senhoras e senhores, em
“E como o correr do tempo embrulha tudo”, o
pleno século XXI, ano de 2010, pelas ruas de
grupo criou novos rumos e viajou da chapada
Jacobina- BA, no centro comercial entoam-se
para o Vale do São Francisco e, parafraseando
vozes com cheiro de poesia, contrastando ao
Guimarães Rosa, "o São Francisco partiu nossas
furdunço habitual e corriqueiro da rotina da
vidas”,
cidade. Escutam-se versos de Mário Quintana,
empreitada de luta, pois tudo o que tinha sido
Cecília
feito
Meireles,
Clarice
Lispector,
Fernando
marcando em
para
Jacobina
uma
teria
nova
que
multiplicado/refeito
dentre tantas outros e outras, tornando os finais
seria fácil fazer teatro e constituir-se enquanto
de
Companhia, literalmente “um teatro feito sem
tarde
mais
poéticos,
e
demais
assim
diziam
pessoas
que
alguns
já
tinha
paredes
e
tijolos”,
assim
Petrolina
ser
Pessoa, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond,
transeuntes
em
sempre
nos
(PE).
Não
sentíamos,
um
encontro marcado todas às quartas-feiras às 18h
tanto que sem rumo. Mas estar do outro lado do
no calçadão para ver, ouvir e sentir poesia, pois
rio
quando
não
trabalho/fazer artístico. O desenvolvimento do
nos
coletivo ao criar e manter essas conexões, ter as
levaria e qual importância tinha o que fazíamos”:
fronteiras abertas, e longe de serem linhas reta,
Um ato de transgressão e sonho, sim porque
mas porosas e cheias de veredas, encruzilhadas,
construímos na cidade novos lugares de atuação
isso nos manteve vivos e producentes em nossos
e
o
arvoramentos. Demoramos para ver isso como
surgimento da Cia de teatro “Sarau das Seis’’,
uma das potências da Cia. Estar nas duas cidades
Opa!
que
possibilitou caminhos abertos, um fluxo maior
nossa
dos nossos trabalhos, e quanto hoje tudo isso
jornada. Entregamos a todas as pessoas, como diz
diz da gente, reflete nas escolhas, temáticas e
o grande mestre Abdias do Nascimento, desde
estéticas da nossa arte.
“soltávamos
imaginávamos
novas
a
aonde
esse
perspectivas
Foi
assim
parimos
o
sem
grupo
e
voz
na
rua,
primeiro
de
ato
trabalho
com
que
percebêssemos
como
começamos
então o “Ebó das nossas palavras”, da nossa poética. E dentre tantos fins de tarde passaramse dois anos e em 2012 fizemos nosso primeiro trabalho para o tablado, a partir do livro de Pablo Neruda “20 Poemas de Amor e uma Canção Desesperada”.
foi
muito
importante
para
nosso
A T O DE
TRANSGRESSÃO
E
SONHO POR
ANTÔNIO PABLO
RUA
DOS
SARAU
ENCANTADOS
DAS
SEIS
COM
[2019]
ANTÔNIO PABLO E LUA MANDALA. FOTO DE ADRIANO ALVES
DA
FERNANDA
CIA LUZ,
“...Quando soltávamos a voz (não entendíamos) mas Por favor entenda Que palavra por palavra Eis aqui uma pessoa se entregando (pessoas se entregaram, nessa trajetória cheias de sonhos e utopia mesmo com o) Coração na boca Peito aberto Vou sangrando São as lutas dessa nossa vida Que eu estou cantando...” (e foi com muita luta que se deu e dar a feitura da nossa casa mãe Sarau das Seis) Com esse ato de recitar no calçadão, jamais teríamos
como
imaginar
tudo
isso,
viva
Fica-nos a interrogação, como não se apaixonar,
Gonzaguinha porque tudo começou pela canção
se emocionar ao reviver um tantinho das nossas
Sangrando.
andanças/histórias? Como nos aponta Sankofa, não é errado voltar e pegar o que esquecemos
Ao chegar em Petrolina, mais uma vez a poesia
no passado, e eu particularmente gosto desse
vem e nos assalta, nos colocando novamente em
processo,
cena e produzindo outros espetáculos, sendo
histórias. É um aprender a aprender e com isso
eles
ressignificar o presente e vislumbra/sonhar um
‘’Lembranças
de
Pedra’’
(2014),
onde
desse
olhar
para
trás
para
as
mergulhamos na vida e obra de José Raulino
futuro
Sampaio - grande poeta que viveu em Petrolina
saberemos nem temos respostas a todas agora,
(1897-1989) - e participamos do Festival Entre
mas seguimos, o seguir é importante, é dar
Margens - Encontro com a Literatura, SESC -PE.
vazão aos rios... E foi assim que pegamos o
O intercâmbio entre as duas cidades é a marca
barco e fizemos o trajeto e aportamos aqui
do Sarau dividindo sua atuação entre chapada e
entre
o sertão, assim foi com o espetáculo “YABÁS-
poéticos
Deusas do Amor e da Guerra-2015’’, espetáculo
escrevendo e reescrevendo. A nossa travessia
“Ao Mar - 2016”, lenda medieval de “Tristão e
poética, nosso fazer artístico, nosso trabalho, é
Isolda,
nosso corpo nu, totalmente desnudado um corpo
a
''Flauta
Mágica-2017’’,
primeiro
espetáculo infantil do grupo. Mas a história não
melhor!
livros, dessa
Dentre
músicas, história
tantas
questões,
danças que
e
ainda
não
recortes estamos
no mundo como diz a Luedji Luna.
termina aqui não, em 2018 celebramos os oito anos do grupo e lançamos a revista ‘’Ruadas6 -
Evocamos Dionísio, São Genésio, os encantados,
Revista de Teatro o Manifesto’’, depois fomos
o povo da rua e os seres de luz a estarem
aprovados pelo edital do Funcultura na pesquisa
conosco reforçando o nosso pacto de seguirmos
de
onde
na batalha, de ser povo de teatro e de fazer arte
fizemos intercâmbio com grupos do Rio Grande
no Brasil, no Nordeste, no interior, na periferia.
do Sul, o Ói Nóis Aqui Traveiz e o grupo De
Sim, porque a ‘’periferia é o mundo’’. Avante
Pernas Pro Ar, resultando assim no mais novo
que a luta é grande! Viva o Teatro! Evoé!
‘’Teatro
de
Rua
Entre
Fronteira’’,
espetáculo do grupo: “Rua dos Encantados’’, que nasceu em novembro de 2019 com a direção de Samuel Santos de Recife (PE).
SIGA @CIASARAUDASEIS
D O AMOR TÃO CÊNICO
À MINHA
TERRA
POR LEIDSON FERRAZ
LEGENDA - OLIVIER E LILI: UMA HISTÓRIA DE AMOR EM 900 FRASES [2012] DO TEATRO DE FRONTEIRA COM FÁTIMA PONTES, LEIDSON FERRAZ. NO TRECHO LEIDSON RECORDAVA SUA INFÂNCIA EM PETROLINA. FOTO DE ROGÉRIO ALVES/SOBRADO 423
Com 8 anos, ao ser levado por meus pais a
nudo que me transformou num “artista”. Fundei
assistir a grandiosa encenação da Paixão de
o primeiro núcleo cover com meninos – até
Cristo da Nova Jerusalém, dirigida por José
então, por puro preconceito, só garotas tinham a
Pimentel no município do Brejo da Madre de
chance de imitá-los –, ganhamos dinheiro em
Deus, descobri que abraçaria o teatro por toda a
festas
vida. Tanto que no ano seguinte já escrevi, dirigi
concurso
e interpretei três personagens numa Paixão de
Cultural Colégio Dom Bosco. Somente a partir
Cristo que produzi nas ruas próximas à minha
de 1988, quando passei a morar no Recife, pude
casa,
a
acompanhar espetáculos com assiduidade. No
dezenas de amigos da infância. Foi ali que me
entanto, lembro que ainda em Petrolina, junto a
iniciei na vida artística, ainda sem conhecer bem
familiares, presenciei a Paixão de Cristo do
o
Colégio
Guterima (Grupo de Teatro Imaginativo), apesar
Auxiliadora, onde estudava, lembro do impacto
da dificuldade em ver as cenas pela enorme
que um grupo itinerante de evangelização me
quantidade de gente.
bem
que
causou
se
ao
centro
fazia
com
nos
suas
de
Petrolina,
palcos.
músicas,
No
junto
danças
de
aniversário no
Cine
e
até
vencemos
Massangano,
hoje
um
Centro
e
representações. Naquela instituição de ensino,
Já profissional, finalmente tive a chance de me
durante as gincanas culturais anuais, comecei a
apresentar
me exibir publicamente e, certa vez, “brilhei”
emocionante
numa imitação do Renato Aragão. Guardo até
fretado,
hoje duas fotos muito mal tiradas.
Compadecida, de Ariano Suassuna, sob direção
para
o
público
adentrar
junto
ao
na
petrolinense. cidade,
elenco
do
em
Foi
ônibus
Auto
da
de Marco Camarotti, pela Dramart Produções, Brincando em casa, eu escrevia num caderno
após anos sem visitar minha terra. Fui à casa dos
cenas de novelas que poderiam virar teatro, mas
amigos
foi a febre do grupo musical porto-riquenho Me-
lembro o ano, mas a sessão que fizemos, com
para
que
marcassem
presença.
Não
cheia no ainda não reformado Teatro do SESC (hoje Dona Amélia), me deixou marcas indeléveis. Era o menino que sonhava ser artista voltando ao seu lugar e numa peça aclamada em vários lugares do país. Algum tempo depois, retornei com o infantil Badulaques & Salamaleques, de Antônio Guinho, dirigido por José Manoel Sobrinho – com o qual ganhei prêmio de ator coadjuvante no festival Janeiro de Grandes Espetáculos –, e desta vez tive primos e sobrinhas pequenos rindo e me aplaudindo. Estas foram as únicas possibilidades de me exibir como ator em Petrolina, atividade que deixei de lado desde que me envolvi com a história do teatro. Por falta de outros convites, ainda consegui lançar os dois primeiros livros da coleção Memórias da Cena Pernambucana no 3º Festival de Artes do Vale do São Francisco – Aldeia do Velho Chico, em agosto de 2007, graças à sensibilidade da então Técnica de Artes do Sesc, Galiana Brasil, que sabia do quão importante era voltar ao meu berço compartilhando mundos artísticos. E agora, por conta de um chamado da Pipa Produções, através do projeto Cena, Café e Conversa, com curadoria de Adriano Alves e Thom Galiano, sou instigado a refletir não só sobre esta minha trajetória, mas, principalmente, o que conheço da história teatral petrolinense. E aqui, preciso fazer uma confissão, pela dívida que tenho com a minha cidade, já que esta é a primeira vez que escrevo sobre o meio cênico do lugar onde nasci. É verdade que nas aulas que ministro no Curso de Interpretação Para Teatro do Sesc Piedade e Sesc Santo Amaro, sempre abordo a carreira de grupos da terra, mas lamento que a Feteape (Federação de Teatro de Pernambuco) não tenha tido verba, em 1998, para convidar uma atração do município quando fez o projeto que deu origem à minha coleção de quatro livros. Por conta disso, Petrolina nunca ganhou um registro histórico pelas minhas mãos e faz tempo que já venho tentando articular a possibilidade de termos uma edição especial neste interior que margeia o Rio São Francisco. Eis um sonho que preciso realizar. Afinal, ainda sei pouco da sua produção cênica, mesmo já tendo acesso às informações que passo agora a compartilhar. Em 1978 foi fundado o Grupo de Teatro Paulo Autran, determinante para a popularização do movimento cênico na região do Vale do São Francisco, uma ousadia do petrolinense Antônio André Pereira Filho. Tanto que, de 29 de novembro a 6 de dezembro de 1981, por conta deles, foi promovido o I Simpósio de Teatro de Petrolina. Além de apresentações de lá e de fora, houve distribuição de prêmios, curso e leitura dramatizada, com destaque ao autor local Luiz Alberto Teles Lima, com a peça O Drama de um Povo Engolido Pelas Águas. Da produção nos palcos, sei apenas de um auto pastoril, O Galo Natal, exibido na Concha Acústica durante as festividades natalinas, e que nomes como Antônio Justino, Maria de Fátima Pereira, Eudete Pereira, José Geraldo Rodrigues e Haroldo Rodrigues também fizeram parte da sua história.
Numa
outra
geração
inquieta,
já
entre
as
décadas de 1980 e 1990, vem a turma de Beto Binga – ainda um importante produtor local –, Edvaldo
Franciolli,
Marta
Verônica,
Maria
Elena Alencar, Cássio Lucena e Hilton Azevedo, com espetáculos como A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza, e Hoje é Dia de Rock, de
José
Vicente,
este
último
dirigido
pelo
convidado do Recife, Antônio Cadengue. Ainda em 1989, muito inspirado pelo veterano Teatro de Amadores de Pernambuco, surge o GRUTAP, Grupo de Teatro Amador de Petrolina, com O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna, ocupando o Cine Petrolina, espaço que hoje, infelizmente, é
uma
sucursal
sequência, Soares
o
da
grupo
preparou
Igreja
Universal.
liderado versão
por do
Na
Domingos Auto
da
Compadecida, em 1991, e esta bela história persiste até hoje, já como Teatro Popular de Arte (TPA), um dos conjuntos mais longevos da cena pernambucana. Também em 1991, com a inauguração do Sesc Petrolina,
novas
perspectivas
se
abriram
e
diversas outras equipes importantes nasceram, ligadas ou não à instituição, como o Grupo de Teatro do Sesc, inicialmente sob a coordenação de Sebastião Simão Filho, que montou, entre outras Marcos
peças, –
realização
Homens
meu
de
primeiro
cênica
Papel,
de
contato
petrolinense,
Plínio
com após
uma anos
afastado da cidade; A Bruxinha Que Era Boa, de Maria Teatro,
Clara
Machado;
também
A
Cia
Máscaras
de
liderada
por
ele,
há
que
décadas radicou-se no Recife; a Trup Errante, com Thom Galiano à frente de trabalhos como Pararupara – Brincando de Montar, Fabulosas Histórias do Rio São Francisco e A Dona da História, para lembrar três das encenações que apreciei; e a Cia. Biruta de Teatro, com Antônio Veronaldo,
Cris
Crispim
e
Juliene
Moura
aprontando mil e umas para a meninada, com destaque à premiada Chico e Flor Contra os Monstros na Ilha de Fogo. São tantos detalhes a registrar,
que
só
mesmo
num
projeto
mais
amplo para abordar o tão intenso movimento teatral dessa terra linda que trago no meu coração desde pequenininho. Mas ele virá!
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CARTAZES DE FESTIVAIS COM FOCO NAS ARTES CÊNICAS DEPÔE SOBRE PARTE DAS HISTÓRIAS DO TEATRO EM PNZ
POR PAULO DE MELO
ODISSÉIA DE UM ARTISTA
Homem gay, 40 anos, sul-americano, brasileiro, nordestino
do
sobrinho,
interior,
neto
e
ribeirinho,
bisneto
de
filho,
agricultores
EM
paraibanos sem sobrenome oligárquico – minha
DERIVA
linhagem
Para
de
antes
daqui
é
uma
coleção
de
a
urdidura
desta
pesquisa
tomei
como
apagamentos de memória – de família migrante e
ponto de partida a minha alteridade e tenho
inclusa nas estatísticas do êxodo rural, nasci,
buscado
cresci
pessoalidade,
e
me
tornei
artista
em
Petrolina-PE,
tecer
uma
escrita
dado
que,
com
camadas
enquanto
de
artista
percurso iniciado aos 12 anos de idade na Escola
oriundo
EMAAF e nos cursos regulares de Dança e Teatro
construir um relato onde eu possa me incluir nas
do Sesc. Por meio das Artes da Cena burilei
discussões,
pois
quem sou e constatei ser possível acessar outros
atravessada
pelas
espaços afora da circunscrição da minha rua,
abordadas. Contrariamente, não faria sentido
bairro,
dissertar sobre este contexto me distanciando
cidade,
região
espaços
que
artista,
foram/são
ou
acessei,
país.
desde
negados
Muitos
que a
me
dos
tornei
sujeitos
dele
do
num
sertão
de
Pernambuco
minha
vida
violências
texto
me
aguça
também
é/foi
simbólicas
aqui
acadêmico
tradicional
em
com
terceira pessoa. Para tal, me apoio na teórica,
origem similar a minha, dado que em cidades de
escritora e artista multidisciplinar portuguesa
interior da região Nordeste do Brasil é raro
Grada Kilomba, que ao discorrer sobre discursos
haver teatros ou espaços culturais, ainda que
marginais,
haja sujeitos artistas nesses contextos e que
obviamente dialogam com o pós-colonialismo,
elas/eles (r)existam amotinando-se.
relações raciais e de gênero, traz reflexões que
que
no
contexto
de
sua
fala
se aplicariam também para as discussões que No início dos anos 2000, deslocar-se do interior
proponho nesse estudo, quando ela afirma que:
para as capitais em busca de oportunidades de formação continuada e atuação profissional era
Obviamente
o horizonte possível, e narrativa recorrente,
marginais evoca dor, decepção e raiva.
para artistas advindos do interior da região
Elas são um lembrete dos lugares onde
Nordeste
mal podemos entrar, dos lugares dos
do
Brasil.
Migrei,
construí
uma
falar
sobre
discursos
trajetória profissional em dança e teatro em
quais
deriva,
na
podemos ficar. Tal realidade deve ser
Rio
de
falada e teorizada. [...] Sendo assim,
ingressei
no
demando uma epistemologia que inclua
Pós-graduação
em
o pessoal e o subjetivo como parte do
Artes – PPGARTES da Universidade do Estado do
discurso acadêmico, pois todas/os nós
Rio de Janeiro – UERJ. Durante meu processo de
falamos
pesquisa
específicos,
me
formei
Universidade Janeiro
-
Federal
UniRio
Mestrado
do
e
professor do
e
em
Programa
escrita,
de
Teatro
Estado 2019
de
constatei
do
que
não
faria
dificilmente
de
um de
realidade
Cena da minha região de origem, o Vale do São
discursos
neutros.
Francisco
periferia,
não
VSF,
geograficamente estabelece
a
zona
fronteiriça
pelo
curso
de
divisa
entre
os
delimitada
um
rio
estados
que de
também
tempo uma
sentido dissertar sobre a produção em Artes da -
chegamos
específicas
o
do
lugar
[...]
ou
e
lugar
história –
não
Escrevo
centro. de
não
Este
onde
e há da é
estou
teorizando, pois coloco o meu discurso
Pernambuco e Bahia, senão me inscrevendo no
dentro
relato por meio de uma escrita performativa.
[KILOMBA, 2019 p. 58]
da
minha
própria
realidade.
Redes
de
entre
Entendemos os motins das cidades de interior
trabalhadoras e trabalhadores da cultura em
como zonas de partilha de saberes fora do eixo,
cidades de interior da região Nordeste do Brasil
cuja
são
enfrentamento
atos
partilha
de
de
(r)existência
viabilizaram
o
saberes
que
historicamente
surgimento
agremiações,
de
associações,
companhias,
grupos,
trupes
artistas, coletivos,
afins.
opressão
e
ações
fissuram
põem
em
e os
xeque
poéticas
de
mecanismos a
de
dicotomização
centro/margem, que nas entrelinhas do senso
Estas
comum pressupõe que as poéticas do interior
organizações que operam na peleja, escassez e
têm valor simbólico inferior às das capitais. Para
relutância, via de regra, são tecidas a partir do
artistas que atuam fora do eixo, (r)existir frente
ajuntamento
às
de
e
relutância,
sujeitos
políticos
recorrentes
questionadores da ordem vigente domiciliados
estratégia
afora
diante
dos
capitais
territórios e
de
regiões
circunscrição
das
dos
e
sobrevivência,
sufocamentos
opressões
não
é
sucumbir
demanda
agir
nas
Seus
fissuras de um sistema arcaico de distribuição
integrantes amotinam-se por afinidade e não se
de recursos para a cultura que historicamente
articulam em função de contratos ou posições na
desassiste
cadeia
interior. Desse modo, motins nas cidades do
produtiva.
metropolitanas.
pulverizações
de
Aqui
denominarei
estas
organizações de motins.
sertão
de
os
sujeitos
Pernambuco
enfrentamento A
palavra
motim
é
sinônimo
de
levante,
de
insurreição, e é nesse sentido que escolhi este
que
às
fazem
operam
violências
arte
em
no
constante
simbólicas
que
historicamente invisibilizam as poéticas geradas por estes artistas das/nas bordas.
conceito para dissertar sobre as poéticas de Artes da Cena que são geradas no sertão do
As
estado de Pernambuco. Por meio de mapeamento
disruptivas e o a(r)tivismo (ALICE, 2013) dos
desses
motins
motins,
fui
micropolítica
(ROLNIK,
discutir,
as
reparação das desigualdades, sobretudo no que
transformações,
visa
a
concerne a redistribuição de recursos para a cultura. Essa perspectiva de pesquisa utiliza-se
gerada no VSF desde os anos 1970. Isto, não
de
exatamente
uma
autoetnografia e a escrita acadêmica f(r)iccional
tentar
híbrida, em retroalimentação com a vida (LYRA,
compreender as dinâmicas dos amotinamentos e
2020), no intuito de construir um relato com a
hiatos geracionais.
voz do pesquisador, que inclua o pessoal e o
tentativa mas
no
de
traçar
exercício
de
e
que
a
na
amadurecimento
2018)
como
emancipação da produção de teatro e de dança
historiografia,
o
mostram-se
ações
memória e conversas, que me guiam a apontar e performativa,
de
(r)existência,
bordas,
escrita
documentos
de
das
numa
agregando
estratégias
um
subjetivo LEITURA DRAMATIZADA DE RIBEIRIO DO SÃO FRANCISCO [2021] COM NÚCLEO DE TEATRO DO SESC PETROLINA DIREÇÃO PAULO DE MELO
caminho
como
metodológico
parte
(KILOMBA, 2019).
do
pela
discurso
via
da
acadêmico
Enquanto artista oriundo da borda, cuja atuação
Por
profissional
hierarquização
tem
transitado
tanto
na
capital
fim,
vos
digo
que
as
capital/interior
estratégias são
de
muitas.
quanto no interior, proponho neste estudo uma
Identificá-las e nomeá-las numa dissertação de
leitura crítica acerca das estruturas de poder
mestrado torna-se, então, uma ação disruptiva,
que perpetuam hierarquizações e desigualdades.
que visa fissurá-las, até que suas bases sejam
Dito
dos
demolidas e se tornem ruínas, pois para que se
motins de teatro e dança do VSF na tentativa de
possa reconstruir algo singelo ou grandioso é
esboçar a cronologia da produção em Artes da
preciso que haja antes uma ruína
isto,
empreendo
um
mapeamento
Cena realizada em Petrolina e região. Para tal, tenho buscado informação em arquivos públicos e
privados,
publicações
fotografias, e
recortes
entrevistas
com
de
jornais,
artistas
que
atuam ou atuaram neste contexto nas últimas décadas.
REFERÊNCIAS ADICHIE, Ngozi Chimamanda. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. ALICE, Tania. Performance como revolução dos afetos. 1 ed. São Paulo: Annablume, 2016.
Para
minha
bibliografia
surpresa, já
constatei
existente
que
que
na
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação – episódios
trata
da
de racismo cotidiano. Tradução: Jess Oliveira. 1 ed.
historiografia do Teatro e da Dança que se fez e faz
no
estado
de
Pernambuco,
há
pouca
ou
nenhuma menção às poéticas que foram geradas no VSF, quase como se a produção em Artes da
Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. LYRA, Luciana de Fátima Rocha Pereira de. Escrita acadêmica performática... Escrita f(r)iccional: Pureza e perigo. Urdimento, Florianópolis, v. 2, n. 38, ago./set. 2020.
Cena do estado fosse restrita aos motins da
MELO, Paulo Edison Rodrigues de. Motins de teatro e
capital e região metropolitana. As poéticas dos
dança na região do submédio do Vale do São Francisco:
motins do sertão do estado que foram geradas
matilhas, (re)existências e as poéticas das margens. In:
desde os anos 1970 em alguma medida foram
LYRA, Luciana (ORG). O Livro do MOTIM. São Paulo:
silenciadas, quando muito, há um parágrafo ou
Paco editorial, 2020.
um resumo de uma página que, por mais bem intencionada que seja, não é capaz de dar conta da dimensão do que tem sido produzido no VSF e que
precisa
enaltecido.
ser
reconhecido,
visibilizado
e
ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: n-1 edições, 2018. Ebook. TEATRO BALNEÁRIO - ALDEIA DO VELHO CHICO RESULTADO DA VIVÊNCIA COM TÂNIA FARIAS [2014] FOTO DE RUBENS HENRIQUE
PROGRAMAÇÃO 18H | 24-9-2021 | SEXTA BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO ABERTURA DE EXPOSIÇÃO E LANÇAMENTO DA 1º REVISTA
CENA, CAFÉ E CONVERSA LIVRE
19H | 24-9-2021 | SEXTA BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO NÚCLEO DE TEATRO DO SESC DE PETROLINA LEITURA DRAMATIZADA
Ribeiril do São Francisco 25MIN | LIVRE
Texto: Antônio de Santana Padilha (1970) | Encenação: Paulo de Melo (2021) | Atuadores: Aldrin Mateus, Amanda Moura, Ana Paula Ribeiro, Brenno Rafael, Cícera Rafaiane, Géssica Oliveira, Jaqueline Novoletti, Jorge Francis, José Lírio Costa, Julia de Paula, Laiane dos Santos, Matheus Soares, Maycon de Souza, Monique Paulino, Tainã Aynoã Barros, Terena França, Vitória Marinho, Yonara Natália e Zuleika Bezerra. SINOPSE - Ribeiril do São Francisco é uma peça de teatro de autoria do petrolinense Antonio de Santana Padilha (1904 1981), publicada pela CEPE – Companhia Editora de Pernambuco em 1970. Enquanto gênero teatral, o texto poderia ser classificado como um Auto em dois atos e enquanto gênero literário poderia ser classificado como um Poema Folclórico, que verseja a saga da jovem rio desde o rompimento com a mãe, Serra da Canastra, até encontrar-se com o mar. Para esta montagem, texto e canções foram adaptados e atualizados coletivamente
pelo Núcleo. A personagem central da peça passa a ser uma jovem rio mulher, Opará (nome indígena do Rio São Francisco que significa rio-mar), que em seu desbravamento emancipatório em direção ao mar floresce, irriga, multiplica-se e atinge a maioridade. TRAJETÓRIA -Espaço de formação continuada, pesquisa em Artes Cênicas e intercâmbio entre artistas da região do submédio do Vale do São Francisco, o Núcleo existe desde 2005 e é composto majoritariamente por egressos dos cursos permanentes de teatro do Sesc. Em 16 anos de existência, estabeleceu-se como uma espécie de incubadora de artistas deste território, visto que por este espaço transitaram artistas que posteriormente fundariam seus coletivos, que hoje movimentam a cena cultural. Em maio de 2021, Paulo de Melo tornou-se professor de Teatro do Sesc Petrolina e Ribeiril do São Francisco denota a primeira encenação assinada por ele para este coletivo. 20H | 24-9-2021 | SEXTA BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO ENTREVISTA ABERTA:
Sebastião Simão Filho MEDIAÇÃO: ADRIANO ALVES 12 ANOS
Texto: Cátia Cardoso (2013) | Interprete: Raphaela de Paula | Encenação: Thom Galiano (2013) | Figurino: Wechila Andrade SINOPSE - “Mãe o que é uma estrela?” a partir dessa indagação uma mãe remonta o hábito de contar histórias, traçando fios de memórias pueris com explicações filosóficas do que é viver. Um delicado conto do livro “Trinta Contos Para Não Morrer,” de Cátia Cardoso, que nos proporciona um encontro com a tradição oral e com a possibilidade de ocupação da arte em qualquer espaço. TRAJETÓRIA - A Trup Errante se constitui como grupo, a partir de 2006, no Vale do São Francisco, pensando em pesquisar o teatro através da relação com espaços alternativos, intervenção da plateia como coautora do espetáculo e tendo o ator como agente principal do fazer teatral. Inspirados pela poética do clown e do bufão, o grupo frequentemente constrói espetáculos dialéticos onde existe um protagonismo de temas e/ou personagens femininos, gerando assim a sua poética. A Trup, ao longo de sua jornada, se tornou errante pela necessidade de novos mergulhos, “assim-assim” seus membros dividem-se entre a Bahia, Ceará e Pernambuco.
16H | 25-9-2021 | SÁBADO YOUTUBE DO PORTAL C U L T U R A M A@ PALESTRA: PAULO DE MELO
ODISSÉIA DE UM ARTISTA EM DERIVA 60MIN | LIVRE 19H | 25-9-2021 | SÁBADO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO TRUP ERRANTE MOSTRA DE CENAS
tEto cheio de furos 13MIN | LIVRE
19H | 25-9-2021 | SÁBADO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO TPA - TEATRO POPULAR DE ARTE MOSTRA DE CENAS
A CANTORA CARECA 13MIN | LIVRE
Texto: Eugène Ionesco | Direção: Paulo Henrique Reis | Elenco: Paulo Henrique Reis,
Martina Alves e Márcia Galvão | Iluminação: Adailton Matias | Sonoplastia: Claudemir Barbosa. SINOPSE - A obra A Cantora Careca, da qual a cena faz parte, é um espetáculo do Teatro do Absurdo, um gênero teatral que questiona a lógica do mundo, das interações e da própria arte. Por essa razão, a cena não é composta de diálogos lógicos, mas de um dialogismo desencontrado, em que um casal “absolutamente inglês” conversa sobre diversos assuntos, nos quais ficam evidentes os absurdos das relações e da natureza humanas. Será apresentada a primeira cena do espetáculo: diálogos do Sr. e Sra. Smith. TRAJETÓRIA Formado por pessoas que dedicam à arte cênica uma parcela significativa de suas vidas, colocando o teatro a serviço do desenvolvimento cultural e intelectual da região do Vale do São Francisco. O Grupo iniciou suas atividades em janeiro de 1989 e estabeleceu dois princípios básicos fundamentais: 1) Possibilitar o acesso de todas as camadas sociais aos seus espetáculos a fim de atingir a popularização do teatro e 2) Produzir espetáculos de arte. A partir da bilheteria de um espetáculo, o Grupo custeia as despesas do espetáculo seguinte. Foi essa filosofia que permitiu a existência e resistência do Grupo, que atua na região há mais de 30 anos.
Atuação e concepção geral: Sebastião Simão Filho (2021) | Trilha sonora: Luiz Manoel | Projeto de luz: João Guilherme.
19H | 25-9-2021 | SÁBADO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO CIA MÁSCARAS MOSTRA DE CENAS
Pesquisas sobre a cena petrolinense
PREPARADO 13MIN | LIVRE
SINOPSE Fazendo descrições e demonstrações de uso de armas de fogo, Jorge Couto realiza uma transmissão remota, dando dicas de sobrevivência num mundo em caos apocalíptico. TRAJETÓRIA - Sempre pautou seu trabalho sobre o ofício do ator. Na busca de aparelhar esse artista com fins de que ele atingisse a maestria física, buscou em várias fontes (acrobacia, mímica, dança, estudos da biomecânica, Antropologia Teatral) bem como as manifestações dos teatros de tradição (kabuki, nô, commedia dell'arte) os estímulos e inspirações para que ele se fizesse dinâmico, ágil, vivo, possuidor de uma natureza racional e espontânea. Para tanto bebeu nos ensinamentos dos grandes mestres (Craig, Stanislavisk, Meyerhold, Grotowiski, Barba) e nas manifestações populares circenses e folguedos populares. Dos folguedos populares o teatro de bonecos é de que mais se serviu, enveredando pela confecção, manipulação e construção de espetáculos. No teatro de bonecos a Cia Máscaras seguiu na esteira do teatral, destacando dessa arte as suas infinitas possibilidades do exagero, do efeito, da irreverência.
19H | 26-9-2021 | DOMINGO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO CIA SARAU DAS SEIS MOSTRA DE CENAS
Rua dos Encantados /Maria Pitú- o Rito de cura 13MIN | LIVRE
Direção: Samuel Santos | Atuação: Fernanda Luz | Sonoplastia: Antônio Pablo | Figurino: Diego Ravelly |Maquigem: Lua Mandala | Confecção De Figurino: Nubis SINOPSE - A Cia Sarau das Seis vem caminhando nesses 11 anos, construindo projetos dentro de dois estados, sendo eles, Pernambuco e Bahia, onde atores intérpretes do grupo residem e se organizam nesses espaços. É um grupo que atua em terrenos vários como a dança, música, circo, poesia, tudo isso temperando a poética das composições das narrativas da Cia; sendo pernanbainos hoje, e atravessamos o Rio São Francisco e demarcamos território aqui na cidade de Petrolina-PE.
20H | 25-9-2021 | SÁBADO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO MESA-REDONDA:
COM: JOYCE GUIRRA E ADRIANO ALVES. MEDIAÇÃO: RAPHAELA DE PAULA 12 ANOS
16H | 26-9-2021 | DOMINGO YOUTUBE DO PORTAL CULTURAMA @ PALESTRA LEIDSON FERRAZ:
O papel do pesquisador na preservação da memória cênica 60MIN | LIVRE
19H | 26-9-2021 | DOMINGO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO JOSÉ LÍRIO COSTA MOSTRA DE CENAS
COLECIONADOR DE SEMELHANÇAS 15MIN | LIVRE
Texto Antonio de Santana Padilha | Elenco: José Lírio Costa | Direção: Thom Galiano
TRAJETÓRIA – O conto Colecionador de Semelhanças (1942) dá continuidade a pesquisa de Lírio de transposição da Literatura para a experimentos cênicos, como a produção da performance "Cavalo" (2019), inspiradas no livro "Carta ao Pai", de Franz Kafka, e o experimento audiovisual "Tempo ao Sol" (2020), baseado no poema homônimo, de Carlos Drummond de Andrade.
ritual ao qual o público é convidado a experienciar pela observação da modulação energética das atrizes, textos, cheiros e imagens propostas.
Oficinas:
A história conta a saga de Floresmundo, um sujeito que não se parece com ninguém, nem com seus próprios familiares. Pela necessidade de encontrar alguém semelhante, ele começa a colecionar fotos, desenhos e gravuras de pessoas. O conto aborda questões como memória, identificação e representatividade.
É um grupo de teatro sediado às margens do Rio São Francisco, em Petrolina-PE, que vem investigando a corporeidade do ator a partir de elemento de suas identidades ribeirinhas e sertanejas na relação com o tempo e o espaço, dialogando com seus contextos social, cultural e histórico para, desse modo, elaborar sua poética e sua estética em cena.
9H ÀS 13H 25 E 26 DE SETEMBRO CEU DAS ÁGUAS
A memória é um oráculo: laboratório de criação no teatro performativo 20H | 25-9-2021 | SÁBADO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO MESA-REDONDA:
COM BRISA RODRIGUES
Atuantes em Petrolina 19H | 26-9-2021 | DOMINGO BIBLIOTECA MUN. CID CARVALHO CIA BIRUTA MOSTRA DE CENAS
Cenas Ribeirinhas 20MIN | LIVRE
Direção: Direção: Antonio Veronaldo | Elenco: Cristiane Crispim e Camila Rodrigues Produção: Cristiane Crispim | Assistência de Produção: Leticia Rodrigues | Iluminação: Antonio Veronaldo
Cenas Ribeirinhas é o resultado da pesquisa homônima da Cia Biruta que visa elaborar um repertório sensível e metodologias na formação de atores e atrizes do grupo sobre matrizes gestuais, sonoras e estéticas de práticas culturais de municípios ribeirinhos do Sertão do São Francisco, como Reisado, Samba de Véio, Capim lê lê, São Gonçalo, Toré. Aproximando-se de um
COM: ANTÔNIO PABLO, ANTONIO VERONALDO, JOSÉ LÍRIO COSTA, PAULO HENRIQUE REIS E RAPHAELA DE PAULA MEDIAÇÃO: ADRIANO ALVES 12 ANOS
+ INFORMAÇÕES ACESSE
ABRE.AI/CENAPETROLINA SERVIÇO Petrolina-PE Setembro
–
De
24
a
26
de
Toda programação é gratuita Endereços: Biblioteca Municipal Cid Carvalho | Av. Pres. Tancredo Neves | Maria Auxiliadora| Petrolina [PE] Cine Teatro do CEU das Águas – Rua do Tamarindo, s/n | Bairro Rio Corrente | Petrolina [PE]
9H ÀS 13H 25 E 26 DE SETEMBRO ZOOM
Jornalismo Cultural: novos caminhos para a crítica teatral COM CAROL BRAGA
ACESSE:
WWW. Portal Culturama .COM COMPARTILHE ARTE:
@portalculturama fb.com/oportalculturama abre.ai/youtubeculturama
FACHADA DO ANTIGO TEATRO
INDEPENDÊNCIA [1919]
POSTERIORMENTE REBATIZADO
PARA CINE TEATRO PETROLINA [1922].
HOJE ABRIGA UMA IGREJA.
FOTO DE CARLOS TIAGO ALVES [2009]
E
ALMA
REIS
ONDE
[A BÁRBARA
A
DAQUELES
AFUGENTA
REI,
NOS
UM
PALÁCIO,
DE BRISA RODRIGUES E LUCIANA LYRA, 2018]
QUE
DO
DIANTE
QUE
PEDINTES
MESMO
CIDADE
CONTINUAMOS
RUÍNAS.
GRANDE
SOLEIRAS
NÓS
UMA
AGORA
NAS GOVERNA
DE
AQUI.
RUÍNAS,
VEMOS
RUÍNAS
BÁRBARA SÃO
DAS
A