Livro de resumos da 9ª Semana de Letras

Page 1

RESUMOS

9ª SEMANA DE LETRAS REAL FICÇÃO: PASSOS E DESCOMPASSOS NO CAMPO DO SIGNO

19 a 23 de setembro de 2016

ISSN 2126 - 7858



Diretora da Faculdade de Letras Profa. Dra. Eliane Barbosa da Silva Vice-Diretor da Faculdade de Letras Prof. Dr. Jair Barbosa da Silva Organização Profa. Dra. Núbia Rabelo Bakker Faria Prof. Dr. Aldir Santos de Paula Alessandra Nunes da Costa Beatriz Nogueira da Costa Rego Camilla de Castro Marcelino Cinthya Débora de Araújo Santos Cynthya Danyeli Prado da Silva Flávia de Melo Barbosa Fransuelly Raimundo da Silva João Paulo Moreira Lins Silva Júlia Cunha Alves Cavalcante Kamilla Maria Medeiros Barbosa Mácllem Luan da Rocha Maria Luiza da Silva Mileyde Luciana Marinho Silva Natália de Oliveira Souza Natália Silva Bezerra de Oliveira Raul Guilherme Cândido da Silva Thuane Ingred Azevedo Barbosa Comissão científica Diogo dos Santos Souza João Victor de Oliveira Araújo Marília Dantas Tenório Leite Priscila Rufino da Silva

Arte e capa Flávia de Melo Barbosa Thuane Ingred Azevedo Barbosa Mácllem Luan da Rocha

Site www.petletrasufal.com


SUMÁRIO 50 ANOS DO GOLPE MILITAR NO BRASIL

7

SÍNCOPE EM PROPAROXÍTONAS NO PORTUGUÊS ALAGOANO

7

ASPECTOS DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA ESCRITA DE ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL 2

8

ALÇAMENTO E ABERTURA DE VOGAIS PRETÔNICAS NO FALAR ALAGOANO

9

Ana Paula Santos de Oliveira Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

André Luis Oliveira Mota Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira

Camilla de Castro Marcelino Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

Cleitton Lourenço da Silva Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira

A CONTRIBUIÇÃO DE FERDINAND DE SAUSSURE PARA A COMPREENSÃO E ANÁLISE DE DADOS EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA

10

Danielle Belarmino de Lima Profa. Dra. Cristina Felipeto

A SIGNIFICAÇÃO DA VELHICE DOS TRABALHADORES NA SOCIEDADE CAPITALISTA

11

ORAÇÕES COORDENADAS EXPLICATIVAS E SUBORDINADAS CAUSAIS (Re)vendo diferenças e semelhanças

11

Dhiego Nogueira Simões Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Edvaldo Brito da Silva Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira


SUMÁRIO UMA INVESTIGAÇÃO DO TEXTO ORAL SOB A ÓTICA DA REFERENCIAÇÃO

12

OS SENTIDOS QUE CIRCULAM SOBRE O FEMINISMO NAS REDES SOCIAS

13

PALATALIZAÇÃO DA FRICATIVA ALVEOLAR /S/ EM POSIÇÃO DE CODA SILÁBICA NO FALAR ALAGOANO

14

UM FELINO ENTRE QUADRINHOS Uma análise da narrativa gráfica de Simon’s cat

14

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO NULO EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 Reflexão sobre a realização do Sujeito Nulo na escola

15

A NOÇÃO CLÁSSICA DE SIGNO E A NOVIDADE SAUSSURIANA Reflexões sobre o signo

16

AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DE 1º ANO DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

17

Elba Renata Vitor da Silva, Vitor Emmanuell Pinheiro da Silva Profa. Dra. Maria Francisca Oliveira Santos

Dhiego N. Simões, Diego G. dos Anjos, Erika Camila V. da Silva, Jonathan V. dos Santos Profa. Dra. Belmira Magalhães

Felipe Araujo de Lucena Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira

Fransuelly Raimundo da Silva Prof. Me. Jozefh Fernando Soares Queiroz

Gessica Carolina Alves de Lima Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

Ítalo Almeida, Tibério Teylon Profa. Dra. Núbia Rabelo Bakker Faria

Ivy Gabrielli Pino de Lima Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira


SUMÁRIO O REFLEXO DA REALIDADE DOS DOCENTES NAS REDES SOCIAIS As falas do twitter

17

O DISCURSO DEMOCRÁTICO E OS DESLIZAMENTOS DE SENTIDOS do “vem pra Rua” ao “vem pra Urna” nas eleições de 2014

18

A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2

19

ASPECTOS DA IDENTIDADE CULTURAL MOÇAMBICANA EM BALADA DE AMOR AO VENTO, DE PAULINA CHIZIANE

20

(RE)CONSTRUINDO POEMAS EM SALA DE AULA A experiência de uma abordagem dialógica no ensino/aprendizagem do gênero poema

20

A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS DE TERCEIRA PESSOA Reflexões sobre a escrita dos aprendizes de Espanhol como Língua Estrangeira

21

INTERTEXTUALIDADE E CRIAÇÃO LITERÁRIA Da poesia para o romance

22

João Paulo Moreira Lins Silva, Raul Guilherme Cândido da Silva Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira

Dhiego N. Simões, Diego G. dos Anjos, Erika Camila V. da Silva, Jonathan V. dos Santos Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Juarez Barbosa Bezerra Júnior Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

Júlia Cunha Alves Cavalcante Profa. Dra. Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa

Karlesson Lennon de Castro Oliveira Profa. Dra. Adna de Almeida Lopes

Lucas Henrique Ferreira da Silva Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

Mácllen Luan da Rocha Profa. Dra. Susana Souto Silva


SUMÁRIO AS MARIAS MAIAS DE EÇA DE QUEIRÓS

23

O FRANCÊS PARA OBJETIVOS ESPECÍFICOS (FOS) ENTRE OS ARTESÃOS DO PONTAL DA BARRA

24

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO: O cordel como ferramenta auxiliadora na leitura e produção textual de alunos do 9º ano

25

PRONOME RELATIVO “QUE” E ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO EM TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2

26

A ESCRITA E A POSSIBILIDADE DO SABER LINGUÍSTICO

26

O DISCURSO SOBRE O ENEM MATERIALIZADO NOS MEMES

27

A VELOCIDADE DE FALA EM NÚMEROS TELEFÔNICOS NO PORTUGUÊS DO BRASIL Remildo Barbosa da Silva Prof. Dr. Miguel Oliveira Jr.

28

O RISO E O EU DESCENTRADO EM ÁLVARES DE AZEVEDO

29

Maria de Fátima Costa e Silva Profa. Dra. Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa

Maria Vânia de Souza, Marliene Felix da Silva Profa. Dra. Rosária Cristina Costa Ribeiro

Max Silva da Rocha Profa. Dra. Maria Francisca Oliveira Santos

Mileyde Luciana Marinho Silva Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

Railda Poliana da Silva Viana Profa. Dra. Núbia Rabelo Bakker Faria

Raul Guilherme Cândido da Silva Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Robertina dos Santos Ferreira Prof. Dr. Roberto Sarmento Lima


SUMÁRIO

O CORDEL NA SALA DE AULA Incentivando a leitura através da literatura popular

30

O DISCURSO SOBRE A DEMOCRACIA NAS COBERTURAS JORNALÍSTICAS DO GOLPE MILITAR (1964) NO JORNAL “O GLOBO”

30

A VARIÁVEL SEXO/GÊNERO NOS ESTUDOS VARIACIONISTAS

31

IRONIA EM MOVIMENTO Uma reflexão sobre a ironia em obras de artistas brasileiras contemporâneas

32

AS TIC E A IDENTIDADE DOCENTE Considerações sobre a formação de professores de LM para o letramento digital

33

TRABALHO E CONSUMO NO DISCURSO SOBRE A VELHICE EM CIRCULAÇÃO NA MÍDIA

33

A MÚSICA COMO GÊNERO TEXTUAL NO ENSINOAPRENDIZAGEM DA ESCRITA ARGUMENTATIVA EM LÍNGUA ESPANHOLA

34

Romário Santos, Andressa da S. Ferreira, Danillo da S. Feitosa, Dilmara dos S. Santana, Edluzia S. Laurentino, Ítala Bianca S. e Lima, João Pedro Moura, Roberto da Silva, Samara Figueiredo de A. Morais Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira

Sérgio Cavalcante Ferreira, Ana Paula Santos de Oliveira Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Shirlya E. B. Lima Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira

Silvia Afonso Profa. Dra. Susana Souto

Silvio Nunes da Silva Júnior Profa. Msc. Eliane Bezerra da Silva

Simone Valéria Araújo Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Thais Elis Vieira Torres Ferreira, Danillo da Silva Feitosa Profa. Dra. Flávia Colen Meniconi


50 ANOS DO GOLPE MILITAR NO BRASIL Discurso, acontecimento e memória na imprensa televisiva

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Ana Paula Santos de Oliveira Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho Inserido na Análise de Discurso Francesa, este estudo busca compreender os efeitos de sentidos que atravessam um dos muitos relatos jornalísticos sobre os 50 anos do golpe militar no Brasil (1964-1985). Para isso, partimos da noção de acontecimento que articula o encontro de uma atualidade e de uma memória, conforme Pêcheux (1990). Nosso objeto de análise é uma reportagem veiculada no dia 31 de março de 2014 pelo RJTV 1ª edição, telejornal de uma das filiadas da Rede Globo de Televisão. Para a pesquisa, consideramos a interconecção entre palavra e imagem. A primeira na forma de discursos vinculados ao jornalismo, à história e aos direitos humanos, a última na forma de arquivos que retomam três momentos do regime militar, a saber: as vésperas da destituição de João Goulart da Presidente da República, o da tomada das ruas pelas forças armadas logo após a deposição e o período de redemocratização. Na seleção do corpus, partimos do pressuposto de que ambas as materialidades executam um trabalho interpretativo, de recortes discursivos, que levam à produção de efeitos de memória. O objetivo do estudo é analisar como uma emissora que surgiu e cresceu através do apoio dado ao governo militar retoma uma memória que ajudou a legitimar. Com isso, buscamos registrar possíveis retornos à memória discursiva, bem como com transformações e/ou esquecimentos. Nesse sentido, retomamos Courtine (2009), para quem a noção de memória discursiva se vincula à existência histórica de enunciados no interior de práticas discursivas determinadas por aparelhos ideológicos. Compreendemos, pois, que a significação não é algo estável, trata-se de uma processualidade histórica que convoca e atualiza memórias. Palavras-chave: Memória. Mídia. Regime militar.

SÍNCOPE EM PROPAROXÍTONAS NO PORTUGUÊS ALAGOANO André Luiz Oliveira Mota Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira A partir dos pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística variacionista, esta pesquisa propõe identificar e analisar o fenômeno linguístico da síncope em proparoxítonas no português falado no estado de Alagoas, além de averiguar se o processo em pauta trata-se de fenômeno de mudança linguística em progresso ou de variação estável. Esse fenômeno consiste na redução de vocábulos proparoxítonos a paroxítonos devido à perda da vogal medial (xícara ~ xicra, árvore ~ arvre). A pesquisa faz 7


Palavras-chave: Sociolinguística variacionista.Variação no português alagoano. Síncope em Proparoxítonas. ASPECTOS DA CONCORDÂNCIA VERBAL NA ESCRITA DE ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL 2 Camilla de Castro Marcelino Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães Muitos estudos indicam que a concordância verbal no Português Brasileiro (PB) é variável (SCHERRE & NARO, 1998; GONÇALVES, 2006; MAGALHÃES & SILVA, 2014, entre outros). Este trabalho analisa a concordância entre o verbo e o predicativo ou particípio e em construções com os verbos haver e ter existenciais, no PB, em textos escritos de alunos de ensino fundamental 2, objetivando investigar o uso de concordância nesses contextos e o papel de intervenção da escola na aprendizagem desse fenômeno. Utilizamos o pressuposto teórico do Gerativismo (cf.: CHOMSKY, 1986), segundo o qual a aquisição da língua é geneticamente determinada e ocorre de forma natural, diferentemente da aprendizagem, em que são necessárias instruções formais. Sustentase a hipótese de que a escola conseguirá fazer com que os estudantes utilizem a marcação morfológica visível, como prescreve a Gramática Tradicional (GT), pois ambas as formas de concordância estão internalizados na mente do falante do PB, sendo de mais fácil aprendizagem quando comparadas a formas que já não se encontram mais na gramática do falante do PB ou que estão em mudança. Foram analisados 24 textos escritos de alunos do ensino fundamental 2 de Alagoas, pertencentes ao banco de dados do Projeto Língua Usada em Alagoas (Lual). Como resultados, tem-se que há 8 variação

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

faz parte do projeto ‘Variação Linguística no Português Alagoano – PORTAL”, cujo principal objetivo é a constituição de um banco de dados de falares alagoanos de forma a permitir o desenvolvimento de pesquisas linguísticas, especialmente na área de variação e mudança linguística. Utilizou-se o método da sociolinguística variacionista (cf. Labov, 1972), por meio da análise de dados de fala espontânea de 24 participantes da cidade de Maceió/AL e 24 participantes da cidade de Arapiraca/AL, das quais foram retiradas 410 ocorrências de proparoxítonas, as quais compuseram o corpus. As ocorrências foram analisadas acusticamente com o auxílio do software Praat. Foram consideradas como variáveis independentes linguísticas a primeira consoante após a sílaba tônica, a primeira vogal após a sílaba tônica e a segunda consoante após a sílaba tônica. Como variáveis sociais, foram considerados o sexo/gênero, a faixa etária, a escolaridade e a cidade. Para a análise estatística, utilizou-se o modelo de regressão logística com o auxílio do software R. Concluiu-se que o processo é favorecido quando a vogal apagada é alta posterior e quando a segunda consoante após a sílaba tônica é nasal ou fricativa. A faixa etária também apresentou significância estatística, sendo o processo diretamente proporcional à idade (quanto mais velho, mais síncope). As variáveis sexo/gênero, escolaridade, cidade e a primeira consoante após a sílaba tônica não apresentaram significância estatística para o processo.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

variação nas construções predicativas e participiais nas séries inicias, ao passo que a marcação morfológica visível de concordância é unânime nas séries finais. Quanto às construções existenciais, também houve variação nas séries inicias, enquanto nos anos finais a construção com ter existencial, ainda recusada pela GT, foi mais produtiva no singular, como a GT prescreve para o haver existencial, aparecendo de forma regular. Conclui-se que os resultados desta pesquisa reforçam que a concordância verbal em PB está em variação, não em mudança, tratando-se de competição de gramáticas. Além disso, a escola consegue recuperar a marcação morfológica de concordância nesses contextos de escrita, possivelmente porque o falante do PB tem acesso às duas formas em sua gramática, confirmando a hipótese. Palavras-chave: Concordância verbal. Português Brasileiro. Variação. Competição de gramáticas. Gerativismo.

ALÇAMENTO E ABERTURA DE VOGAIS PRETÔNICAS NO FALAR ALAGOANO Cleitton Lourenço da Silva Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira Muitos estudos sobre a variação nas vogais médias em posição pretônica no Português do Brasil (PB) buscam entender quais os processos condicionadores para essa regra variável. Este trabalho tem como objetivo analisar o alçamento e a abertura de vogais médias pretônicas no falar de Maceió/AL e Arapiraca/AL, buscando identificar e explicar os fatores favorecedores do processo. O trabalho está ancorado na perspectiva teórica da Teoria da Variação e Mudança Linguística (cf. LABOV, 1972), o qual prevê a análise de dados coletados em situações reais de uso da língua. A pesquisa faz parte do projeto “Variação Linguística no Português Alagoano - PORTAL”. O corpus analisado neste trabalho foi constituído por 48 entrevistas, 24 falantes de Maceió/AL e 24 falantes de Arapiraca/AL, estratificados em relação ao gênero (masculino e feminino), à idade (entre 18 e 35 anos, entre 45 e 55 anos e >65 anos) e à escolaridade (<9 anos e > 11 anos). Todos os falantes selecionados são nascidos em Maceió/AL ou Arapiraca/AL ou que, pelo menos, morassem nessas cidades há mais de 20 anos. Os dados foram transcritos e analisados acusticamente com o auxílio do software PRAAT. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software R. O método estatístico utilizado foi a regressão linear, tendo como variável dependente a diferença entre o 2º formante e o 1º formante vocálico. As variáveis estatisticamente significativas foram o ‘gênero’, a ‘idade’, a ‘cidade’ e a ‘abertura da vogal tônica’. A partir das análises e das discussões realizadas, concluímos que no contexto arapiraquense, há indícios de que o processo encontra-se em processo de mudança linguística em progresso em direção ao alçamento. Em Maceió, a faixa etária intermediaria é a faixa que mais favorece o alçamento, o que indica um processo de variação estável. Há mais alçamento em Maceió do que em Arapiraca. O gênero feminino favorece o alçamento em relação ao masculino. Conclui-se também que há uma relação diretamente proporcional entre a altura. 9


Palavras-chave: Sociolinguística variacionista. Variação linguística no português alagoano. Alçamento e abertura de vogais médias pretônicas.

A CONTRIBUIÇÃO DE FERDINAND DE SAUSSURE PARA A COMPREENSÃO E ANÁLISE DE DADOS EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA Danielle Belarmino de Lima Profa. Dra. Cristina Felipeto A aquisição de linguagem, seja oral ou escrita, vem sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores, que, em comum, carregam em si o desejo de explicar como uma criança passa a dominar uma língua em todos os seus aspectos, o que resulta em diferentes tipos de abordagens. No que concerne à aquisição de linguagem escrita e, mais precisamente, os erros ortográficos, vários estudiosos seguem, em parte, um mesmo caminho, o de tratar os erros de forma homogeneizada e o de excluir de suas análises os que fogem das classificações existentes. No entanto, o presente trabalho tem por objetivo analisar justamente esses erros que, considerando seus aspectos e especificidades particulares, se caracterizam como um tipo de dado que propicia um recanto adequado à compreensão de um modo de análise que vem sendo construído, ao longo da história da área de Aquisição da Linguagem, a partir da contribuição de Ferdinand de Saussure, que influenciou o estruturalismo linguístico e os estudos de Roman Jakobson, linguista que impulsionou as pesquisas em aquisição. Este trabalho adota, portanto, os processos metafóricos e metonímicos como ferramentas de análise de dados. Nosso corpus foi constituído por um manuscrito produzido por uma dupla de alunos que cursava o 2° ano do ensino fundamental em uma escola particular da cidade de União dos Palmares, no Estado de Alagoas. O dado escolhido foi selecionado para a pesquisa por conter equívocos que nos chamaram a atenção por sua singularidade. Os resultados mostram que por meio de uma análise voltada para o funcionamento das relações internas da linguagem (relações sintagmáticas e paradigmáticas, polos metafóricos e metonímicos), possibilitada pela teoria saussuriana e de Jakobson, conseguimos detectar o que determina o aluno em sua escrita quando produz erros singulares, pois, no caso específico, observarmos que a criança foi levada através do polo metafórico e da homofonia a registrar a palavra “grlarda”, no lugar de “guarda”. Palavras-chave: Escrita colaborativa. Erros singulares. Estruturalismo linguístico.

10

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

altura da tônica e a altura da pré-tônica, o que pode ser explicado pela regra de harmonização vocálica, como já propunham outros estudos.


A SIGNIFICAÇÃO DA VELHICE DOS TRABALHADORES NA SOCIEDADE CAPITALISTA

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Dhiego Nogueira Simões Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho Esta pesquisa tem como objetivo investigar o funcionamento do discurso sobre trabalhadores velhos/idosos. Foram selecionadas, em blogs e sites de jornais, materialidades discursivas referentes a questões como o mercado de trabalho para indivíduos na faixa etária de aposentadoria. Considerando o caráter de opacidade da língua, entende-se que para se chegar ao caráter material do sentido – intuito desta pesquisa – a partir das materialidades discursivas analisadas, é necessário empreender um percurso teórico-metodológico que articule a relação indissociável entre língua, história e ideologia. Para tal, esta investigação fundamenta-se nos estudos da Análise do Discurso (AD), fundada por Michel Pêcheux. Essa perspectiva teórica entende que o sentido não existe por si mesmo e é determinado histórica e socialmente, estando sob os efeitos de determinação das posições ideológicas em jogo no processo de reprodução/transformação das relações de produção de uma dada sociedade. Desta forma, o discurso sobre a velhice de integrantes da classe trabalhadora, aqui analisado, tem, necessariamente, de ser remetido às condições sócio-históricas nas quais está inscrito, no caso, a formação social capitalista brasileira. É a partir desta articulação, entre o discurso e suas condições de produção, que se torna possível superar os efeitos de evidência das materialidades discursivas e perceber que os dizeres ali postos produzem efeitos de sentidos que naturalizam lugares sociais e relações de trabalho, significando o papel do velho/idoso enquanto mão-de-obra ainda disponível/útil para o mercado de trabalho. Apontam, também, para um caráter “indesejável” da aposentadoria, atrelando vitalidade a trabalho assalariado. Identifica-se, portanto, que a significação e a construção da imagem sobre o que é ser velho/idoso, bem como, os papéis/funções sociais que lhes são atribuídos, contribuem para a reprodução de interesses determinados e, por vezes, vinculados às questões de mercado e exploração do trabalho.

Palavras-chave: Discurso, Velhice, Trabalho. ORAÇÕES COORDENADAS EXPLICATIVAS E SUBORDINADAS CAUSAIS (Re)vendo diferenças e semelhanças Edvaldo Brito da Silva Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira Vários estudiosos, como Orlando Bogo (1998), Mário Perini (2002), Luiz Carlos Travaglia (1996), entre outros, apontam problemas na descrição linguística presente na gramática tradicional, tais como a falta de coerência nos conceitos e nos critérios de classificação.

11


Palavras-chave: Língua Portuguesa. Gramática Normativa. Orações Coordenadas Explicativas e Subordinadas Causais. UMA INVESTIGAÇÃO DO TEXTO ORAL SOB A ÓTICA DA REFERENCIAÇÃO Elba Renata Vitor da Silva, Vitor Emmanuell Pinheiro da Silva Profa. Dr. Maria Francisca Oliveira Santos

De acordo com Cavalcante; Custódio Filho e Brito (2014), a referenciação defende que a função primordial da linguagem é conduzir o caminho para uma determinada realidade. Dessa forma, acredita-se que as características e objetivos expressos em um texto nunca são inalteráveis, estão em processo de evolução e transformação. Neste sentido, o presente trabalho apresenta como objetivo estudar as marcas próprias da oralidade, as quais acontecem numa entrevista durante uma conversação radiofônica, assumindo uma visão textual-discursiva, interativa e sociocognitiva ao discorrer sobre o fenômeno da referenciação, trazendo uma explicação de como os referentes são introduzidos, conduzidos e retomados, apontados e identificados no texto oral, gênero entrevista oral. Fundamentam este trabalho, no que se refere à referenciação, as considerações de Koch e Marcuschi (1998; 2002), Cavalcante (2015), Mondada e Dubois (2003), Morato e Bentes (2005), dentre outros. A pesquisa segue uma linha descritivo-interpretativa, tendo, inicialmente dados que são submetidos às normas que constituem o processo de transcrição voltado à oralidade; após isso, procede-se à pontuação acerca da 12 construção.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

classificação das palavras e dos termos da oração, entre outras categorias, muitas vezes envolvendo aspectos da forma, da função e do sentido, sem fazer distinção desses critérios. Além disso, os gramáticos não se preocupam com as mudanças em processo ou ocorridas na língua portuguesa, desconsiderando as contribuições advindas principalmente da Sociolinguística. Os autores citados mostram como essas incoerências comprometem o trabalho descritivo e prescritivo realizado pelo professor de língua portuguesa nos vários níveis de escolaridade e alertam para necessidade de uma revisão gramatical. Dessa forma, propusemos apresentar nesta pesquisa as inconsistências acerca da classificação das orações coordenadas explicativas e subordinadas causais, pois a falta de explicação clara e suficiente nos livros didáticos de português e nas gramáticas justifica o interesse pela temática. Para isso, estabelecemos os seguintes objetivos: identificar a classificação das orações coordenada explicativa e subordinada causal em diferentes gramáticas normativas; identificar os contextos em que a classificação parece inconsistente e os fatores que causam os entraves, como por exemplo, as conjunções que, porque, já que, além da acepção dos termos explicação e causa; discutir os resultados encontrados e sua influência no ensino das orações coordenadas explicativas e subordinadas causais. Sendo assim, esta pesquisa pretende colaborar com os estudos descritivos da língua que trazem impacto no seu ensino em diferentes níveis de escolaridade e, principalmente, com a discussão sobre o ensino de gramática na formação do aluno de Letras.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

construção dinâmica, interativa, efetuada por sujeitos (locutor e ouvintes) que mobilizam seus modelos de um mundo devido à relevância da interação, dando-se atenção aos elementos referenciais. Isso se consegue pelo fato de o texto oral conduzir à mobilização de várias estratégias de ordem cognitivo-discursiva e preencher lacunas a fim de se chegar a um nível de sua compreensão. Os resultados apontam para o entendimento de que usar e compreender a referenciação, no texto oral, significa uma atividade discursiva com relevante papel na organização, interação e produção de sentidos. Palavras-chave: Referenciação. Texto oral. Interação discursiva.

OS SENTIDOS QUE CIRCULAM SOBRE O FEMINISMO NAS REDES SOCIAS Dhiego N. Simões, Diego G. dos Anjos, Erika Camila V. da Silva, Jonathan V. dos Santos Profa. Dra. Belmira Magalhães O presente trabalho tem como objetivo analisar dizeres sobre o feminismo que circulam nas redes sociais, buscando apreender os efeitos de sentidos produzidos sobre o lugar da mulher na formação da sociedade brasileira contemporânea. Parte-se do pressuposto que a mulher desempenha papel fundamental na reprodução da sociedade capitalista, ao realizar dupla jornada de trabalho, pois além do trabalho remunerado no espaço público, efetua também atividades domésticas não remuneradas. A pesquisa filia-se aos dispositivos teórico-metodológicos da Análise do Discurso (AD), iniciada na França em meados dos anos 60, por meio de Michel Pêcheux. Essa elege o discurso como seu objeto de estudo e define-o como “efeito de sentidos entre locutores”. Caracteriza-se, assim, como uma disciplina de entremeio ao dialogar com a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise. O corpus desta pesquisa consiste em materialidades discursivas, coletadas em diversos sites na internet, que abordam, de diferentes maneiras, questões sobre a mulher. As análises realizadas, num movimento que busca ir além da transparência da linguagem, propiciaram a compreensão do funcionamento de discursos vinculados a formações discursivas baseadas no machismo. Sendo impossível a neutralidade no discurso, os dizeres analisados sobre a mulher produzem efeitos de sentidos que remetem à dominação e ao controle do corpo feminino, ao mesmo tempo que naturalizam a ideia que vincula a mulher ao espaço doméstico e a culpabiliza pelos diversos tipos de violência a que é submetida numa sociedade ainda, predominantemente, machista. Conclui-se, assim, que o funcionamento dos discursos analisados se inscreve e atua na reprodução da ideologia e da sociedade patriarcal.

Palavras-chave: Discurso, Gênero, Machismo.

13


PALATALIZAÇÃO DA FRICATIVA ALVEOLAR /S/ EM POSIÇÃO DE CODA SILÁBICA NO FALAR ALAGOANO

Este trabalho investiga o processo de palatalização da fricativa alveolar /s/ em posição de coda silábica em duas cidades do Estado de Alagoas, Maceió e Arapiraca. O corpus da pesquisa é composto de 47 (quarenta e sete) gravações, sendo 24 (vinte e quatro) de Maceió e 23 (vinte e três) de Arapiraca. As gravações têm duração média de 5 (cinco) minutos. A pesquisa faz parte do projeto “Variação Linguística no Português Alagoano – PORTAL” e foi conduzida com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da sociolinguística variacionista propostos por Willian Labov. Busca-se, neste trabalho, verificar a influência que determinados fatores linguísticos e sociais exercem sobre esse processo, além de verificar se a palatalização da fricativa alveolar nessas cidades configura-se como mudança linguística em progresso ou variação estável. Os dados foram analisados acusticamente com o auxílio do software PRAAT. Para a análise estatística, realizou-se a análise de tabelas de contingência, do teste quiquadrado e de modelos de regressão logística. As variáveis independentes consideradas no estudo foram: o gênero, a faixa etária, a escolaridade, a cidade, a tonicidade da sílaba, a consoante seguinte, a vogal anterior, a vogal seguinte e a posição da fricativa (interna ou externa). Com base nos resultados, podemos dizer que os jovens palatalizam mais as fricativas em relação aos adultos e idosos, porém não há indícios de mudança linguística em curso (adultos e idosos não apresentam comportamentos distintos). Em relação à tonicidade, conclui-se que o /s/ na sílaba tônica é mais palatalizado. Em relação à consoante seguinte, constata-se que o /t/ exerce forte influência no processo (PR=0.78), seguido da consoante /d/ (PR=0.51) e das consoantes /n/ e /l/, que mostraram-se como desfavorecedoras do processo (PR=0.21). Em relação à posição, a realização da fricativa no interior da palavra mostrou-se como favorável ao processo (PR=0.86), enquanto que a posição externa mostrou-se como desfavorecedora (PR=0.14). Palavras-chave: Sociolinguística variacionista. Variação linguística no português alagoano. Palatalização de fricativas alveolares. UM FELINO ENTRE QUADRINHOS Uma análise da narrativa gráfica de Simon’s cat Fransuelly Raimundo da Silva Prof. Me. Jozefh Fernando Soares Queiroz A narrativa gráfica ademais da relação que estabelece entre imagem e palavra tem o elemento visual como recurso imprescindível para a sua composição. Sendo esse, ainda, o veículo que potencializa a narração proposta, semelhantemente a relevante 14 função.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Felipe Araujo de Lucena Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

função que é desempenhada pela palavra, por exemplo, na construção de um romance. Nesse processo, a leitura imagética que requer por parte do leitor uma gama de experiências, como destaca Eisner, para a sua efetiva compreensão, trata-se da porta de acesso por meio da qual o leitor pode interagir com a obra atuando dessa forma nos espaços que são deixados, pelo autor, ao longo da narrativa. Nesse contexto, destaca-se a escolha e o uso que se faz por trabalhar exclusivamente com o código visual para a construção de certas narrativas gráficas. Assim, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise da narrativa gráfica Simon’s Cat, do animador britânico Simon Tofield. Pretendemos nos debruçar sobre fatores como a constituição e as especificidades do código visual trabalhado, assim como o emprego do elemento cômico que se apresenta ao longo da obra e a interação entre o leitor e o autor, considerando lacunas deixadas na narrativa para possibilitar esta relação. Para isso foram utilizados, como referencial teórico, autores como Henri Bergson (2001), Will Eisner (2010), Alberto Manguel (1997; 2001) e Wolfgang Iser (1979). Busca-se, com este trabalho, explicar e entender a construção da narrativa através da imagem, considerando este canal como palco no qual são articulados os sentidos e as experiências vivenciadas tanto pelo leitor quanto pelo autor. Palavras-chave: Narrativa. Leitor. Autor.

A REALIZAÇÃO DO SUJEITO NULO EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 Reflexão sobre a realização do Sujeito Nulo na escola Gessica Carolina Alves de Lima Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães A presente pesquisa tem como objetivo analisar o uso de sujeitos nulos vs plenos, afim de verificar qual seria o papel da escola na utilização dos sujeitos nulos (Magalhães, 2000). Para fundamentar este trabalho, assumimos, como arcabouço teórico, a Teoria Gerativa, segundo a qual os seres humanos são dotados inatamente de conhecimento linguístico rico e estruturado que guia no processo de aquisição de uma língua, Gramática Universal. Nessa concepção de aquisição da linguagem, o falante necessita somente estar inserido no ambiente linguístico e não ter ultrapassado o chamado “período crítico” (cf. Chomsky, 1986) para que possa adquirir uma gramática. Muitas pesquisas têm mostrado (Duarte, 1993, 1995) que o PB (Português Brasileiro) está deixando de licenciar o sujeito nulo referencial. Isso tem sido relacionado à redução da riqueza flexional sofrida por essa língua. No entanto, tem-se verificado, na escrita, o uso significativo de sujeitos nulos (Duarte, 1993, Paredes da Silva, 1988, Magalhães, 2000). Para a realização desta pesquisa, foram utilizados 29 textos de alunos do 6° ao 9° ano com idade entre 10 e 14 anos do projeto LUAL (Língua Usada em Alagoas). Em seguida, esses textos passaram por uma minuciosa análise, na qual foi averiguado o uso de sujeitos nulos vs plenos. Após as análises. 15


Palavras-chave: Português Brasileiro. Sujeito Nulo. Gerativismo.

A NOÇÃO CLÁSSICA DE SIGNO E A NOVIDADE SAUSSURIANA Reflexões sobre o signo Ítalo Almeida, Tibério Teylon Profa. Dra. Núbia Rabelo Bakker Faria Este trabalho se propõe a discutir a concepção clássica de signo (cf. Lahud, 1977) e aquela veiculada pelo Curso de Linguística Geral (1916) atribuída a Ferdinand de Saussure. Segundo Lahud (1977) os termos saussurianos significante e significado, em substituição a imagem acústica e conceito, revelam, ao trazerem um mesmo radical, as faces inseparáveis do signo, ambos concebidos a partir da língua. Ao dizer significante, diz-se signo, ao dizer significado, diz-se signo igualmente. Nessa ótica, o signo linguístico possui duas faces indissociáveis, posto que estão em uma relação de interdependência, na medida em que o sistema de signos esculpe a estrutura da língua. Na Grécia antiga, o conceito de signo comumente discutido por pensadores como Platão e Aristóteles, cuja tradição linguística pautava-se na análise de sua “gramática”, consistia na acepção de significado desassociado do significante. Isto é, o significado aparece em primeiro plano para criar, no sentido de nomear, uma ideia já existente. O último acaba sendo relegado, quase esquecido. À natureza da linguagem consistia atender a essa expressão. Com efeito, Kristeva (1993) aponta que a realização do significante para eles era imitar, pela voz, aquilo que é imitado e nomeado. Sob outra perspectiva, o signo linguístico postulado por Saussure desvela nova arquitetura do referido objeto, ao atribuir-lhe características de natureza psíquica, à luz da perspectiva sincrônica: uma imagem acústica e um conceito, ou em termos do Cours, significante e significado, respectivamente. Pelo exposto, concluímos que, embora muito se tenha teorizado sobre o signo, é somente com Saussure que este toma forma, proporcionando os instrumentos teóricos para refutar a hipótese de língua como representação do mundo e do pensamento.

Palavras-chave: Signo. Significado. Significante. Saussure.

16

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

e discussões, os resultados mostraram maior porcentagem de preenchimento do sujeito, tendo uma significância maior para o preenchimento da 3ª pessoa do singular e, quando o sujeito era nulo, deu-se preferência ao sujeito nulo usado na forma de 1ª pessoa do plural.


AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DE 1º ANO DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Ivy Gabrielli Pino de Lima Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira Tendo em vista os dados obtidos nos últimos anos no relatório do projeto Todos pela Educação, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Alagoas possui o pior índice escolar do país entre jovens de 15 a 17 anos, tendo, inclusive, a pior atuação em três áreas avaliadas pelo Pisa, ficando abaixo da meta com 2,6 pontos. Diante desse baixo índice de desempenho dos alunos, o tema compreensão leitora torna-se cada vez mais relevante. Nesse sentido, este projeto de trabalho de conclusão de curso (TCC) tem como objetivo avaliar, por meio de testes de múltipla escolha e cloze, a compreensão leitora de alunos do 1º ano do ensino médio de uma escola pública. Com base na perspectiva sociocognitiva da leitura, conforme os trabalhos de Kleiman (2013), Siqueira e Zimmer (2006), Koch e Elias (2010), Silveira e Oliveira (2015) e Marcuschi (2008), esta pesquisa discute as diversas concepções de leitura, o processo de compreensão e a importância da ativação dos conhecimentos prévios, dos objetivos da leitura e das estratégias cognitivas e metacognitivas. A abordagem metodológica é qualitativa, interpretativa e com aporte quantitativo. A coleta de dados dar-se-á numa turma do 1º ano do ensino médio de uma escola pública de Maceió, utilizando como instrumentos os testes de múltipla escolha e cloze. Pelo caráter interventivo, a pesquisa também se classifica como pesquisa-ação, pois se espera que o contato sistemático dos sujeitos da pesquisa com os testes possam, além de identificar as dificuldades, melhorar o rendimento nos exames nacionais e, consequentemente, contribuir para o desempenho na compreensão leitora. Palavras-chave: Compreensão leitora. Abordagem sociocognitiva. Testes de avaliação da compreensão leitora.

O REFLEXO DA REALIDADE DOS DOCENTES NAS REDES SOCIAIS As falas do twitter João Paulo Moreira Lins Silva, Raul Guilherme Cândido da Silva Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira A desvalorização dos docentes vem se tornando cada vez mais notória fora das salas de aula. Essa realidade perpassa por um contexto histórico-ideológico, na qual docência tende a ser uma das últimas ou talvez a última preocupação do Brasil. Esse conturbado cenário faz com que professores sejam, incontestavelmente, vítimas de baixos salários, por.

17


Palavras-chave: Redes sociais; Profissão docente; Desvalorização da docência.

O DISCURSO DEMOCRÁTICO E OS DESLIZAMENTOS DE SENTIDOS do “vem pra Rua” ao “vem pra Urna” nas eleições de 2014

Dhiego N. Simões, Diego G. dos Anjos, Erika Camila V. da Silva, Jonathan V. dos Santos Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

O presente trabalho tem como objetivo analisar os dizeres veiculados na campanha “Vem Pra Urna”, realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2014. Tal campanha tinha o intuito de convocar a participação popular nas eleições gerais realizadas no país, ao mesmo tempo em que retomava a memória das manifestações populares ocorridas no ano anterior, as quais tiveram como palavra de ordem o enunciado “Vem pra rua”. O corpus da pesquisa consiste em algumas das propagandas televisivas pertencentes à campanha. A pesquisa filia-se às concepções teórico-metodológicas da Análise do Discurso (AD), iniciada por Michel Pêcheux no final da década de 1960, que considera a relação indissociável entre língua, história e ideologia e define o discurso como “efeito de sentidos entre locutores”. Fundamentando-se, portanto, nos dispositivos teóricos e analíticos da AD, as análises realizadas buscaram quebrar as evidências de sentido presentes nas materialidades discursivas selecionadas, o que permitiu identificar, nos dizeres presentes na campanha, efeitos de sentido que naturalizam as eleições e apontam o voto como 18 único.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

por falta de condições estruturais no ambiente escolar, da ausência de estrutura na formação do próprio professor, seja por falta de recursos financeiros, recursos didáticos, entre outras situações. Com o advento da internet, novos meios de comunicação foram surgindo, dentre eles, algumas mídias sociais. O Twitter, rede social destinada à comunicação por mensagens curtas, é uma delas. O presente trabalho tem como objetivo analisar alguns discursos que comprovam as problemáticas vividas por professores. Para isso, colhemos duas falas citadas no Twitter, que relatam esse recorrente problema. Partindo do princípio de que toda rede social serve como uma ferramenta comunicativa, tem-se, então, um motivo para a elaboração de determinado enunciado. Visando identificar a imagem do professor que circula nas redes sociais, analisaremos discursos que relatam a imagem do docente, vitimizado pelo sistema e testemunhado pela sociedade (NACARATO et al. 1998). Por isso, necessitaremos de alguns estudos na área da linguística que nos permitam investigar a presença do sujeito na linguagem, para isso, reunimos algumas noções, como a preservação das faces em autores como Grice (1978) e Maingueneau (2005). Em decorrência da análise baseada nesses pesquisadores, conseguimos observar a desvalorização sofrida pelo profissional docente e como isto influencia a criação de estigmas que os cercam para além do contexto sala de aula.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

único instrumento do sujeito/cidadão para influir nos rumos políticos e econômicos do Estado. Nesse sentido, entende-se que as eleições funcionam como elemento fundamental de manutenção da ordem social, na medida em que o discurso de livre e ampla participação popular, ao produzir efeitos de sentidos que determinam o sujeito/cidadão como detentor do poder de definir os rumos do país, também o responsabiliza pelas consequências de uma má escolha, de modo que problemas estruturais da democracia burguesa, como a corrupção, são atribuídos aos maus critérios do sujeito/eleitor. Silencia-se, ainda, os determinantes econômicos que atuam no processo eleitoral, como o grande empresariado que mantêm seus representantes com alto financiamento, resultando, na prática, em um revezamento dentre os mesmos grupos nos espaços institucionais de poder. Palavras-chave: Discurso, Propaganda eleitoral, Democracia.

A REALIZAÇÃO DO OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2 Juarez Barbosa Bezerra Júnior Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães

O presente trabalho tem como objetivo verificar as diferentes estratégias de realização do objeto direto anafórico, principalmente em substituição ao clítico de terceira pessoa, usadas por crianças em fase escolar em suas produções escritas. Como se sabe, o sistema de anáfora do português permite ao seu falante duas opções: o preenchimento ou não da posição de objeto direto anafórico (GALVES, 1987). Portanto, no primeiro momento, este trabalho verificou se as crianças preenchem ou não a posição de objeto direto anafórico e, em um segundo momento, verificou, quando preenchidas tais posições, quais foram as formas utilizadas. Para fundamentar esta pesquisa, o Gerativismo foi utilizado como base teórica (cf. CHOMSKY, 1986), teoria baseada na hipótese inatista segundo a qual todo ser humano nasce com uma competência linguística. Sendo assim, a criança, a partir das informações retiras da língua ambiente, é capaz de engendrar o seu conhecimento linguístico internalizado. Portanto, no que diz respeito à realização do objeto direto anafórico, as estratégias usadas pelas crianças estão intimamente ligadas ao ambiente linguístico em que foram inseridas na fase da aquisição da linguagem. Para a viabilização desta pesquisa, foram utilizados 42 textos escritos de crianças em fase escolar, do ensino fundamental 2, da cidade de Maceió. Em seguida, todos os textos foram analisados e verificou-se que o preenchimento do objeto direto foi superior ao seu apagamento. No segundo momento da análise, verificou-se que, ao preencher a posição de objeto, foi utilizado mais o pronome tônico ele em oposição ao uso do clítico de terceira pessoa em que as ocorrências foram muito baixas. Tais resultados nos fez concluir que, na modalidade escrita, as crianças dão preferência pelo preenchimento da posição de objeto direto e que preferem o uso dos. 19


Palavras-chave: Clíticos de terceira pessoa. Objeto direto anafórico. Gerativismo.

ASPECTOS DA IDENTIDADE CULTURAL MOÇAMBICANA EM BALADA DE AMOR AO VENTO, DE PAULINA CHIZIANE Júlia Cunha Alves Cavalcante Profa. Dra.Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa Um dos temas mais debatidos nas obras da escritora moçambicana Paulina Chiziane é a discussão em torno do ser mulher. Em sua primeira obra publicada, Balada de amor ao vento (1990), não poderia ser diferente. Através da história de Sarnau, a autora discute todo o sofrimento vivido por grande parte das mulheres de Moçambique submetidas às práticas do lobolo e da poligamia. Ademais, na medida em que suscita questões em torno da condição feminina, Chiziane retrata outros aspectos da tradição moçambicana. O presente trabalho tem como objetivo analisar o modo como a autora debate essas temáticas ao longo do romance, e os recursos linguísticos utilizados na elaboração do enredo. É possível observar, por meio da história de Sarnau, que Paulina Chiziane retrata a realidade feminina com fidelidade, e, paralelamente, transforma sua protagonista em um símbolo de questionamento das antigas tradições que subjugam a condição da mulher. Outros traços da tradição moçambicana – como a oralidade, por exemplo, além de serem expostos – e defendidos- pela escritora ao longo do romance, são incorporados ao enredo. Sobre a linguagem do livro, destacam-se a personificação, a metáfora e a comparação que aproximam, a todo instante, a mulher e a terra, o homem e o semeador. A bibliografia utilizada no trabalho foi A tradição oral na África (2014), de Zuleide Duarte, As Aventuras de Ngunga (1980), de Artur Pepetela e A Poética de Eduardo White (2009), de Giulia Spinuzza. Palavras-chave: Literatura Moçambicana. Identidade cultural. Tradição.

(RE)CONSTRUINDO POEMAS EM SALA DE AULA A experiência de uma abordagem dialógica no ensino/aprendizagem do gênero poema Karlesson Lennon de Castro Oliveira Profa. Dra Adna de Almeida Lopes

20

O presente trabalho surgiu a partir das experiências de ensino/aprendizagem, proporcionadas pela disciplina Estágio Supervisionado de Língua Portuguesa I, ministrada.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

do pronome tônico ele em oposição ao uso do clítico de terceira pessoa como estratégia de realização do objeto direto anafórico, corroborando com outras pesquisas, como CYRINO (1994) e PAGOTTO (1996), em que são unânimes ao afirmar que o clítico de terceira pessoa está sumindo do português brasileiro.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

ministrada pela profª. Adna de Almeida Lopes, no curso de Letras/Português da Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Com base nestas experiências, ancorando-se nos pressupostos bakhtinianos, tem-se como objetivo refletir sobre as implicações de uma abordagem dialógica no processo de ensino/aprendizagem do gênero poema em uma turma do 9º ano noturno, que compõe o EJA - Programa de Jovens e Adultos, de uma escola pública situada em Maceió - AL. Define-se como problemática relatar a prática pedagógica de leitura e escrita de textos a partir do gênero poema, tendo como direcionamento tanto o desenvolvimento da leitura e escrita por alunos/as quanto a formação docente do/a estudante de Letras. Com base nisto, como aporte teóricometodológico para este relato, dialoga-se com textos de autores como Marcuschi (2003), que concebe os gêneros textuais como entidades sócio discursivas e formas de ação social; Koch (2002), que define o texto como o “lugar” em que os interlocutores, dialogicamente, se constroem e são construídos; e Perrone-Moisés (1990), que compreende o poema como forma de complexidade linguística e estética de dizer o real; além do Caderno Virtual das Olimpíadas de Língua Portuguesa, cujas orientações para o ensino do poema serviram de base para as atividades pedagógicas realizadas. Este trabalho adotou os métodos da pesquisa qualitativa, de base interpretativista (LÜDKE E ANDRÉ, 1986) e, para a realização do mesmo, foram utilizados os textos lidos e produzidos pelos/as alunos/as da referida turma e o relatório de estágio elaborado pelo autor deste trabalho. Por resultado, apresenta-se uma reflexão sobre como, a partir de uma abordagem dialógica, pode-se desenvolver práticas de leitura e escrita com o gênero poema, possibilitando, em sala de aula, um espaço para a afirmação da subjetividade de alunos/as enquanto leitores/as e autores/as. Palavras-chave: Abordagem dialógica. Ensino/aprendizagem. Poema.

A REALIZAÇÃO DOS CLÍTICOS DE TERCEIRA PESSOA Reflexões sobre a escrita dos aprendizes de Espanhol como Língua Estrangeira Lucas Henrique Ferreira da Silva Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães Este trabalho tem como objetivo investigar a realização dos clíticos de terceira pessoa por estudantes de Língua Espanhola como língua estrangeira (E/LE), a fim de verificar o que é trazido da Língua Materna (LM) para a aprendizagem de uma Língua estrangeira (LE). Para fundamentar esta pesquisa, utilizamos como arcabouço teórico o gerativismo (cf. CHOMSKY, 1986) segundo o qual a aquisição de uma língua é geneticamente determinada. Assim, torna-se importante diferenciar aquisição de uma gramática de aprendizagem de uma gramática. A primeira é o processo pelo qual o falante entra em contato com a língua por meio do “input” natural externo e aprendizagem se dá quando há algum tipo de intervenção ou estímulo externo (KATO, 1999b apud MAGALHÃES, 2000). Portanto, no que se refere à LM e à Segunda Língua (L2) ocorre aquisição. 21


Palavras-chave: Clíticos de terceira pessoa. Espanhol. Gerativismo.

INTERTEXTUALIDADE E CRIAÇÃO LITERÁRIA Da poesia para o romance Mácllen Luan da Rocha Profa. Dra. Susana Souto Silva

22

O presente trabalho tem como objetivo discutir as complexas relações intertextuais que se estabelecem entre a poesia do heterônimo pessoano, Ricardo Reis, o mais clássico, e o romance de José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis (1984), romance no qual vários gêneros do discurso são articulados, tais como: narrativa de ficção, poesia, biografia, relato histórico e crítica literária. Nesta obra, Saramago ficcionaliza o autor Fernando Pessoa e o heterônimo poeta Ricardo Reis, para conduzir um romance sobre a provisoriedade do ser, a fugacidade da vida, a dissonância entre vida e arte, o universo da criação literária, as possibilidades de elaboração romanesca, entre outros, no qual também podemos identificar a crítica de Saramago, de caráter literário e social, quando nos revela o autor leitor de Pessoa e o contexto histórico-social de Portugal na década de 1930. A recriação do autor Pessoa e do personagem Reis no domínio do romance nos suscita, em especial, questões referentes aos diversos modos de incorporação de elementos da poesia lírica ao romance. Baseando-nos na teoria do dialogismo, de Bakhtin, que também orienta este trabalho quanto à análise do gênero romance, da intertextualidade, de Kristeva, e na antropofagia cultural, de Oswald de Andrade, além de textos da fortuna crítica de Fernando Pessoa e de Saramago. Em O ano da morte de Ricardo Reis, o procedimento técnico da citação, alusão e estilização do texto poético é incorporado ao texto romanesco, mobilizando recursos de distintos gêneros, revelando o caráter dialógico e enciclopédico do romance, destacado por Bakhtin, que pensa este gênero aquele que se faz a partir da absorção e reelaboração de.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

aquisição, porém, quando se trata de LE, deixa de ser aquisição e passa a ser aprendizagem, pois se dá de forma consciente por meio de instrução formal. Para a realização dessa investigação foram observadas produções escritas de seis níveis de ensino da língua espanhola (Básico 1, Básico 2, Básico 3, Intermediário 1, Intermediário 2 e Intermediário 3) de estudantes de E/LE, da cidade de Maceió-AL. Posteriormente, esses textos passaram por uma análise, na qual foi verificada, embora pouca, a utilização dos clíticos de terceira pessoa, os quais só foram empregados, assiduamente, na turma concluinte. Ademais, podemos notar que, na maioria dos casos, este fenômeno foi apagado ou substituído pela repetição de pronomes pessoais ou das palavras as quais faziam referência. Observamos também que, em certos contextos, sua posição estava marcada de forma agramatical. A partir das análises e das discussões realizadas, concluímos que há vestígios da gramática da LM que são levados para os escritos em LE, visto que os clíticos em Português Brasileiro estão em processo de mudança, ao passo que na Língua Espanhola são frequentemente usados.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

de elementos de distintos gêneros que o precedem (1992), sendo, portanto, o mais profícuo para analisarmos as relações entre diversos modos de escrita. A escolha do heterônimo pessoano é bastante significativa, na medida em que este já se constitui como personagem que tem uma existência a partir da sua produção poética, como uma ficção autoral, que agora é transportada para o espaço ficcional por excelência: o romance. Palavras-chave: Dialogismo. Intertextualidade. Romance. Poesia. Crítica literária.

AS MARIAS MAIAS DE EÇA DE QUEIRÓS Maria de Fátima Costa e Silva Profa. Dra.Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa Com base na leitura de Os Maias (1888), de Eça de Queirós (1845-1900), este trabalho propõe uma análise em torno da construção das personagens femininas da família Maia, buscando averiguar se as mesmas foram construídas para servir ao modelo de denúncia social à sociedade de Lisboa do séc. XIX. Introdutor do Realismo em Portugal, Queirós tem como uma de suas propostas temáticas a denúncia da sociedade lisboeta daquela época, focando de modo particular as mulheres, que o escritor considerava serem frutos da má educação religiosa e romântica No romance em pauta, as personagens de Maria Eduarda Runa, Maria Monforte e Maria Eduarda, “as Marias Maias de Eça de Queirós”, se apresentam como representantes dessa crítica social. Primeira figura feminina da família Maia, Maria Eduarda Runa, é caracterizada na obra apenas pelo discurso indireto. Seu comportamento na narrativa serviu de base para a primeira temática que Eça quis abordar no romance: a má educação romântica. Para compor essa temática em Maria Runa, Eça enfatizou dois aspectos: o nacionalismo exacerbado e o fanatismo religioso. Maria Eduarda Maia é a única a quem Eça de Queirós dá voz – o autor dá oportunidade para Eduarda se defender, falar sobre seu passado, justificar suas atitudes, para que ela possa convencer o leitor de que é inocente, de que não teve culpa dos erros dos seus antecessores e, por isso mesmo, não poderá ser julgada. Já Maria Monforte é apresentada na narrativa como a mulher que, por ser colocada à margem da sociedade em virtude do enriquecimento ilícito do pai, não hesita em transgredir as regras que essa mesma sociedade impõe, para agir a seu bel-prazer, o que faz dela a grande desencadeadora do drama que atinge a família Maia. Para a fundamentação teórica deste trabalho, utilizaram-se a História da Literatura Portuguesa de António José Barreiros (1979), os estudos desenvolvidos por Beth Brait (1985) e Antonio Candido (2005) sobre a personagem de ficção, os estudos críticos de Carlos Reis (2005) sobre a obra de Eça de Queiros, com ênfase no romance Os Maias, os estudos de Massaud Moisés (2002) sobre a literatura como denúncia social.

Palavras-chave: Eça de Queirós; Os Maias. Personagem; Denúncia social.

23


Palavras-chave: Clíticos de terceira pessoa. Espanhol. Gerativismo.

O FRANCÊS PARA OBJETIVOS ESPECÍFICOS (FOS) ENTRE OS ARTESÃOS DO PONTAL DA BARRA Maria Vânia de Souza, Marliene Felix da Silva Profa. Dra. Rosária Cristina Costa Ribeiro

24

Ao longo dos anos a Linguística Aplicada tem acompanhado as mudanças e a evolução das abordagens metodológicas, assim como a elevada demanda de um público diversificado que, em sua maioria, apresenta necessidades e objetivos diferentes. A partir da década de 1960, surge o ensino de francês para atender a diversos públicos especializados. Atualmente, o Francês para objetivos específicos (FOS), terminologia adotada na década de 1980, tem se apresentado como uma metodologia que abrange um público adulto, com uma demanda comunicativa profissional e específica à ser alcançada rapidamente ( CUQ, GRUCCA, 2005). Assim, o FOS propõe um ensino direcionado e amplo, desde áreas como o turismo até a área da saúde. Este trabalho contempla a demanda específica entre os artesãos da Associação dos Artesãos do bairro do Pontal da Barra, que almejam aprender a língua francesa para um melhor atendimento aos turistas francófonos, bem como a expansão de seus negócios. Para tanto, conhecer a realidade desse público, no que diz respeito às suas necessidades específicas, é fundamental para a elaboração dos objetivos de aprendizagem daquele grupo, considerada, pois, como uma análise das necessidades que, associadas aos objetivos de aprendizagem, definirão os conteúdos (CUQ, GRUCCA, 2005). Nesse sentido, a elaboração de um curso direcionado a um determinado público, sejam crianças ou adultos, com objetivos específicos ou não, sempre possuem suas variáveis (COURTILLON, 2003). Dessa forma, entre os artesãos, o FOS permite uma aprendizagem da.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

aquisição, porém, quando se trata de LE, deixa de ser aquisição e passa a ser aprendizagem, pois se dá de forma consciente por meio de instrução formal. Para a realização dessa investigação foram observadas produções escritas de seis níveis de ensino da língua espanhola (Básico 1, Básico 2, Básico 3, Intermediário 1, Intermediário 2 e Intermediário 3) de estudantes de E/LE, da cidade de Maceió-AL. Posteriormente, esses textos passaram por uma análise, na qual foi verificada, embora pouca, a utilização dos clíticos de terceira pessoa, os quais só foram empregados, assiduamente, na turma concluinte. Ademais, podemos notar que, na maioria dos casos, este fenômeno foi apagado ou substituído pela repetição de pronomes pessoais ou das palavras as quais faziam referência. Observamos também que, em certos contextos, sua posição estava marcada de forma agramatical. A partir das análises e das discussões realizadas, concluímos que há vestígios da gramática da LM que são levados para os escritos em LE, visto que os clíticos em Português Brasileiro estão em processo de mudança, ao passo que na Língua Espanhola são frequentemente usados.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

da língua francesa suficiente para as situações nas quais esses venham se encontrar, como o atendimento aos turistas francófonos e demais possibilidades de negócios. Para isso, o presente projeto, que se encontra em andamento, parte-se da técnica de estudo de caso em FOS aliada a aplicação de simulação global em alguns exercícios específicos durante o curso. Logo, o projeto tem como objetivos analisar necessidades específicas dos artesãos e a implementação do curso de FOS, de modo a contribuir para o desenvolvimento dos negócios e na divulgação desse patrimônio alagoano que é o Filé. Palavras-chave: FOS. Ensino-aprendizagem. Artesãos.

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO: O cordel como ferramenta auxiliadora na leitura e produção textual de alunos do 9º ano Max Silva da Rocha Profa. Dra. Maria Francisca Oliveira Santos O presente trabalho tem como principal objetivo evidenciar a importância do gênero cordel na sala de aula. A escolha do cordel, como gênero a ser estudado nesta pesquisa, adveio da localização da escola e dos alunos colaboradores. Os discentes, assim como a escola, são da zona rural do município de Igaci – AL e trazem consigo vestígios culturais que influenciam negativamente a leitura e a escrita destes discentes. A pesquisa se desenvolve numa linha qualitativa, envolvendo uma coleta inicial de produções textuais de alunos do 9º ano para identificar e escolher categorias para análise. Assim, numa perspectiva processual, estudamos o gênero cordel para, através dele, viabilizarmos uma melhoria nas produções textuais ora analisadas, como também fazermos com que os discentes tivessem contato com a cultura popular. Durante a pesquisa, apresentamos as características de texto, coesão, coerência, gênero textual e cordel. Esses fatores linguísticos foram trabalhados em cordéis produzidos pelos nossos informantes para constatar que a leitura e a escrita através do gênero estudado podem viabilizar uma melhoria significativa nas produções textuais de alunos do 9º ano. Para dar cumprimento a esta pesquisa, recorremos a diversos autores como Patativa do Assaré (2001), Cagliari (2009), Bakhtin (2010), Koch (2004, 2014), Marcuschi (2008), Pinheiro e Marinho (2012); Pinheiro e Lúcio (2001), além de outros. O gênero textual cordel pode ser uma ferramenta a mais nas aulas de Língua Portuguesa, mesclando o cotidiano dos alunos com as atividades escolares e contribuindo para leitura e produção de textos coerentes e coesos no ensino básico. Palavras-chave: Gênero cordel. Leitura. Produção textual.

25


Mileyde Luciana Marinho Silva Profa. Dra. Telma Moreira Vianna Magalhães Tomando como base teórica a teoria gerativa, segundo a qual a aquisição da língua é geneticamente determinada e ocorre de forma natural (CHOMSKY, 1986), este estudo tem por objetivo analisar o uso do pronome relativo “que”, assim como verificar as estratégias de relativização usadas em produções escritas realizadas por alunos do ensino fundamental 2 de Maceió (AL), procurando responder a questionamentos como: em que situações os alunos fazem uso desse recurso? Os alunos utilizam de forma frequente e de acordo com a norma padrão o pronome relativo? Quais as estratégias de relativização mais utilizadas por esses alunos? Os alunos mostram uma diferença no uso desse recurso dos anos iniciais aos finais? Pesquisas na área da linguística evidenciam as diferenças na maneira como são relativizadas construções no português brasileiro (PB). Em sua maioria, é constatado que os falantes de PB acabam se utilizando de estratégias de relativização que não envolvam o uso do pronome relativo “que”. Além disso, segundo Silva Jr. (2007), O PB apresenta aspectos que apontam para a existência de formas distintas, ligadas tanto a aspectos puramente intralinguísticos quanto a fatores extralinguísticos. Nesta pesquisa, 42 textos do 6º ao 9º ano passaram por uma análise em que foi verificada a utilização do pronome relativo “que” (quando usado) e foram pesquisadas outras estratégias de relativização usadas pelos alunos. A partir da análise dos dados, foi constatado que o pronome relativo é pouco utilizado para relativizar uma sentença, sendo utilizadas estratégias de relativização que não envolvam o uso do pronome relativo. Palavras-chaves: Pronome-relativo. Relativização. Produções. Sentenças. Gerativismo.

A ESCRITA E A POSSIBILIDADE DO SABER LINGUÍSTICO Railda Poliana da Silva Viana Profa. Dra. Núbia Rabelo Bakker Faria

26

A linguística moderna, com os neogramáticos, vê a escrita como estranha às preocupações linguísticas e usurpadora do lugar de destaque das línguas vivas. Em direção contrária, Auroux afirma que o aparecimento da escrita foi um dos fatores necessários para a formação das ciências da linguagem, pois foi o processo de alfabetização e gramatização que permitiu a objetificação da linguagem e um estudo sistematizado sobre ela. Esse paradoxo, onde ora a escrita é vista como possibilidade do saber linguístico, ora é vista como usurpadora, é o foco de nosso trabalho. Para isso, vamos nos valer de autores como Auroux (1992), Leroy (1967), Mateus e Villalva (2006),

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

PRONOME RELATIVO “QUE” E ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO EM TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

(2006), Desbordes (1975), Robins (1979), Kristeva (1969) e Saussure (2012). Afirma Leroy que os gregos convencidos de sua superioridade intelectual, não refletiram sobre a língua dos povos com quem tiveram contato e detiveram-se ao plano estético e filosófico de sua própria língua — esse último podendo ser visto como o ponto de partida do pensamento linguístico moderno. Suas reflexões, segundo Mateus e Villalva, orientavam-se por uma visão naturalista (platônica) ou convencionalista (aristotélica). Suas reflexões sobre a língua e o desenvolvimento da gramática, portanto, estariam ligados à leitura de textos antigos e à retórica. Sendo os latinos discípulos desses, seus gramáticos e filósofos não se preocuparam em estudar outras línguas. O contato do cristianismo com povos pagãos e a tradução da bíblia para outros idiomas não foram o suficiente para suscitar a problematização das relações entre as línguas (cf. Leroy). Robins pontua que, durante o Renascimento, a escrita assume função primordial para a consolidação de um saber gramatical e cria condições para a realização de um saber diacrônico, uma vez que as relações entre as línguas ganham destaque e o sânscrito chega à Europa. A descoberta do sânscrito permitiu o desenvolvimento da linguística histórico-comparativa e influenciou de forma profunda e duradoura a linguística ocidental. Apenas através do sânscrito e seu parentesco com certos idiomas europeus, Bopp compreendeu que a língua podia tornar-se matéria de uma ciência autônoma, conclui Saussure. Isto é, sem a escrita, os estudos comparatistas e a formação de uma ciência da linguagem não seria possível.

Palavras-chave: Escrita. Metalinguagem. Gramatização.

O DISCURSO SOBRE O ENEM MATERIALIZADO NOS MEMES Raul Guilherme Cândido da Silva Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho O discurso de estudantes acerca das tensões que são geradas pelo Enem vem se tornando cada vez mais notório fora das salas de aula. Esse discurso perpassa o ambiente escolar e também circula nas redes sociais, que são usadas, inicialmente, com intuito de interação social por grande parte dos estudantes. Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise discursiva a partir de memes que foram compartilhados no Twitter logo após a aplicação da prova do Enem de 2015, observando os sujeitos e suas construções (ideológicas) de sentidos nas entrelinhas das imagens-texto em circulação. Para análise das materialidades discursivas dos memes, tomou-se como base a teoria da Análise do Discurso (AD) inaugurada por Michel Pêcheux. Também outros/as autores/as foram convocados para fundamentar o dispositivo analítico desta pesquisa, como Orlandi (2001; 2006) nas questões sujeito, história e língua; Grigoletto (2013) sobre o espaço virtual; Luciano (2013) com a abordagem de sociabilidade dentro do espaço virtual e Gregolin (2011) na inserção de imagens que são retiradas de determinados contextos e inseridas em outros. Para este trabalho optou-se por uma abordagem.

27


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

abordagem teórica qualitativa, na qual se fez uma análise minuciosa do objeto em estudo. Dessa forma, nas análises dos memes foram encontrados discursos que, ao se referirem ao Enem, acabam por tocar em questões que vão além das tensões provocadas pelas provas, pois os efeitos de sentidos estão relacionados à precariedade da educação, à pressão que é imposta sobre o sujeito diante da entrada no ensino superior e às representações imaginárias do acesso e posse do conhecimento. Palavras-chave: Memes. Discurso. Redes Sociais. Enem.

A VELOCIDADE DE FALA EM NÚMEROS TELEFÔNICOS NO PORTUGUÊS DO BRASIL Remildo Barbosa da Silva Prof. Dr. Miguel Oliveira Jr. Esta pesquisa, intitulada “A velocidade de fala em números telefônicos no português do Brasil” é parte do projeto “A prosódia de agrupamentos numéricos no português do Brasil”, financiado pelo CNPq (Processo: 405661/2012-6), que teve por objetivo geral apresentar uma descrição prosódica de agrupamentos numéricos em estruturas fixas (como em documentos de identificação pessoal, em números telefônicos, em números em cartões de crédito e em números de informação bancária, por exemplo). Contudo, dentre a variedade de elementos prosódicos, este estudo teve por objetivo analisar a atuação da velocidade de fala presente na enunciação de números telefônicos. Esse elemento prosódico pode interferir de forma significativa na segmentação e na organização dos números telefônicos. Estudos como este, além de constituírem uma importante contribuição para a descrição de características prosódicas do português, têm várias possíveis aplicações, como por exemplo, o aprimoramento de sistemas de síntese e reconhecimento de fala. Como é sabido, tais sistemas ainda apresentam dificuldades tanto na identificação correta da fala, quanto na produção adequada de determinados enunciados. Participaram deste estudo sessenta e oito voluntários, sendo estes homens e mulheres, de 18 a 50 anos. Todos os participantes dessa pesquisa são falantes do PB, com diferentes níveis de escolaridade. Eles participaram de uma entrevista que os estimulou a proferir números telefônicos com o novo padrão utilizado em grande parte do Brasil. Os dados foram analisados utilizando o aplicativo computacional PRAAT, versão 5.3.64. A partir da análise dos dados encontramos um padrão de velocidade de fala na enunciação de números telefônicos. Este estudo também propôs um modelo de agrupamento padrão dos dígitos telefônicos. Palavras-chave: Enunciado. Números telefônicos. Velocidade de fala.

28


O RISO E O EU DESCENTRADO EM ÁLVARES DE AZEVEDO

Este trabalho traz à tona o modo em que o autor Álvares de Azevedo se serviu de determinados recursos textuais na obra Noite na Taverna, entre eles, se destacam a autoironia, o descentramento do eu poético – que surge através das estratégias intertextuais da apropriação-, a estilização paráfrasica e como se dá a valorização do simulacro. Ao fazer isso, revela-se transgressor ou mesmo superador do sistema romântico, rumo à modernidade. Através principalmente de uma intertextualidade explícita e programada com alarde, o autor busca fazer um movimento dentro das regras do jogo da linguagem artística e ao mesmo tempo colabora para um confronto entre a linguagem e as técnicas tradicionais, fazendo releituras das obras literárias com a implementação da ironia nas suas abordagens. Desse modo, o objetivo deste estudo é analisar com o propósito de desvendar a singularidade estilística e temática que marca a obra em estudo. Em termos teóricos, foram usados os estudos de Affonso Romano de Sant’Anna (2004), Lélia Parreira Duarte (2006), Compagnon (2007), Antônio Candido (2007) e outros. Assim, a partir das análises e das discussões realizadas, concluímos a importância desse autor que, antecipa a perspectiva moderna ao romper com a poesia representativa que visa apenas à representação do real, já que Noite na Taverna é uma obra que não leva em conta a realidade circundante, buscando alhear-se dela, ou seja, característica típica do Romantismo. Ademais, examinamos que, na obra em análise, como se deu a aplicação da articulação com relação à intertextualidade com a ironia fez com que o texto em questão se revelasse ultrapassando as condições históricas do Romantismo. Palavras-chave: Álvares de Azevedo. Noite na taverna. Intertextualidade. Ironia. Romantismo.

29

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Robertina dos Santos Ferreira Prof. Dr. Roberto Sarmento Lima


O CORDEL NA SALA DE AULA Incentivando a leitura através da literatura popular

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

Romário Santos, Andressa da S. Ferreira, Danillo da S. Feitosa, Dilmara dos S. Santana, Edluzia S. Laurentino, Ítala Bianca S. e Lima, João Pedro Moura, Roberto da Silva, Samara Figueiredo de A. Morais Profa. Dra. Fabiana Pincho de Oliveira

A leitura é uma atividade complexa e de fundamental importância na formação intelectual do sujeito, pois ela permite inserção social e cultural, pode ser um instrumento para aquisição de informação e para realização de inúmeras atividades cotidianas, além de proporcionar o prazer pessoal. Em contrapartida, observa-se que a falta do hábito de leitura e as dificuldades de compreensão de textos pelos/as alunos/as atormentam os/as professores/as de todas as disciplinas e em todos os níveis de escolaridade. Esses problemas resultam de diversos fatores, dentre eles, de uma ação pedagógica que reduz a prática da leitura à simples extração de informações de um texto. Diante dessa realidade, o projeto O cordel na sala de aula: incentivando a leitura através da literatura popular, desenvolvido nas disciplinas Projetos Integradores 2 e 3, teve como objetivos despertar os/as alunos/as para o prazer da leitura através do gênero cordel, além de promover a produção textual oral e escrita, explorando as diversas possibilidades de realizações linguísticas e discursivas do gênero. O trabalho foi desenvolvido por meio de cinco oficinas, no total de 10 horas-aula, com estudantes do 8º ano de escola pública na ONG Graciliano é uma graça, situada no bairro Graciliano Ramos. Utilizando, como fundamentação teórica, os trabalhos de Pinheiro (2001), Firmino (2004) e Galvão (2001) e, como ferramenta para estudo do gênero, a metodologia da sequência didática, o projeto O cordel na sala de aula proporcionou o prazer da leitura e da escrita de modo lúdico, incluindo debates de temas relevantes e ligados a questões sociais e políticas, nas quais, inevitavelmente, esses/as alunos/as estão inseridos/as. Palavras-chave: Gênero cordel. Leitura. Escrita. O DISCURSO SOBRE A DEMOCRACIA NAS COBERTURAS JORNALÍSTICAS DO GOLPE MILITAR (1964) NO JORNAL “O GLOBO” Sérgio Cavalcante Ferreira, Ana Paula Santos de Oliveira Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho

Inserido na Análise do Discurso Francesa de filiação pêcheuxtiana, o presente estudo parte. 30


Palavras-chave: Discurso. Memória. Mídia.

A VARIÁVEL SEXO/GÊNERO NOS ESTUDOS VARIACIONISTAS Shirlya E. B. Lima Prof. Dr. Alan Jardel de Oliveira

31

O presente artigo tem como objetivo problematizar as variáveis “sexo” e “gênero” no contexto das pesquisas sociolinguísticas variacionistas, assim como levantar questões a respeito da invisibilização das novas concepções de identidades de gênero no processo de análise variacionista. Esse trabalho se sustenta nas teorias que propõem a quebra do binarismo de gênero predominante na sociedade, fundamentando-se nas teorias dos sociólogos C. West e Don H. Zimmerman (1987) e da filosofa Judith Butler (2003), assim como das linguistas Raquel Meister Ko Freitag (2015) e Cristine Gorski Severo (2006), entendendo que a composição social perpassa também por indivíduos que fizeram a transição de um gênero para o outro (transsexuais) ou ultrapassaram a margem da dicotomia feminino/masculino (travestis). A ausência de um debate mais aprofundado a respeito das Identidades de Gênero e de pesquisas com travestis e transsexuais na Sociolinguística Variacionista, resulta no apagamento social de suas identidades. Investiga-se nesse trabalho possíveis hipóteses que estão levando as/os pesquisadoras/es da sociovariacionista a não incluírem pessoas travestis e transsexuais em suas pesquisas, assim como problematiza-se a maneira mecânica e irrefletida de fazer-se.

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

parte da perspectiva de que a significação não é algo estável, imutável na memória histórica. Desse modo, com vistas a analisar os efeitos de sentidos que perpassam o discurso do jornal impresso O Globo sobre a democracia em matérias relacionadas ao regime militar, procuramos compreender a posição do diário em dois momentos distintos - logo após a tomada do poder pelos militares e 50 anos depois desse acontecimento. O corpus de pesquisa se constitui de três materialidades discursivas. Da primeira, datada de 2 de abril de 1964, ou seja, dias dias após a tomada do poder, elegemos dois fragmentos: A manchete Fugiu Goulart e a democracia está sendo restabelecida e o editorial Ressurge a democracia. Da segunda materialidade, investigamos o texto Com revelação sobre a ditadura, caderno especial registra como se passou meio século do movimento militar, de 30 de março de 2014. Através da relação entre uma memória e sua atualidade, buscamos registrar possíveis deslocamentos e reformulações de sentidos. Em nossas conclusões, observamos que nos dois primeiros fragmentados, O Globo comemora o restabelecimento da democracia no país após a tomada do poder pelos militares, dando, assim, legitimidade ao novo governo, no entanto, 50 anos depois, o mesmo jornal se refere à ditadura como um período de atrofia democrática. Em outras palavras, no mesmo jornal os sentidos de democracia desliza e silencia o apoio dado aos militares durante o regime militar, revelando uma postura condizente com o momento atual.


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

fazer-se pesquisa nos moldes Variacionistas. Guiando-se por duas principais perguntas a fim de que analisamos as variáveis sexo e gênero e por que não há muitas pessoas questionando a ausência de múltiplos gêneros nas pesquisas sociolinguísticas? desenvolver- se-á uma discussão acerca da separação dos conceitos de “sexo” e “gênero” e da necessidade do/a pesquisador/a da Sociolinguística analisar a variável “gênero” a fim de levá-lo/a a compreender sua possível interferência na sociedade e na linguagem. Palavras-chave: Sociolinguística Variacionista. Identidade de Gênero. Sexo e Gênero.

IRONIA EM MOVIMENTO Uma reflexão sobre a ironia em obras de artistas brasileiras contemporâneas Silvia Afonso Profa. Dra. Susana Souto Este trabalho é fruto de estudos e pesquisa de PIBIC 2015-2016, do curso de Letras da UFAL, intitulado “Humor e Ironia em Contos Brasileiro Contemporâneos”, que buscou avaliar e discutir as complexas relações que se estabelecem entre literatura, humor e ironia na contemporaneidade, a partir da leitura e análise de obras da escritora, pesquisadora e professora Veronica Stigger. Esta comunicação irá apresentar uma análise comparativa de dois contos de Stigger, sendo eles “Curta-Metragem I” e “CurtaMetragem II”, publicados no livro Os Anões (2010) e uma canção da atriz, humorista, cantora e compositora, Clarice Falcão, intitulada “Oitavo Andar”, pertencente ao álbum Monomania (2013). A leitura realizada comprova que as duas autoras vêm se destacando bastante nos últimos anos, tanto no meio literário quanto no meio artístico brasileiro, atingindo um público significativo e chamando, também, a atenção da crítica especializada. Temos aqui diferentes gêneros textuais, contos e canção, que, no entanto, se associam pela relação com a ironia, o humor e a violência. Trata-se, portanto, de aproximar, textos de autoria feminina, produzidos no Brasil contemporâneo, em que se percebe a presença destes três elementos. Como fundamentação teórica, foram utilizados os textos de Beth Brait (1996) e Linda Hutcheon (2000), que versam sobre a ironia; o texto de Linda Hutcheon (2002) sobre a pós-modernidade; e textos que abordam o humor de modo mais sistemático, como Henri Bergson (2006) e Georges Minois (2003). Ao analisar as obras citadas, pode-se averiguar que ambas utilizam de estratégias semelhantes no modo que abordam a violência, de uma perspectiva bastante irônica, de maneira que estereótipos são questionados e desconstruídos, pela via do humor, fortemente presente na produção das autoras selecionadas. Palavras-chave: Ironia. Humor. Violência. 32


Silvio Nunes da Silva Júnior Profa. Msc. Eliane Bezerra da Silva O presente trabalho foi realizado com apoio da FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas. Na atualidade, diversos estudos no campo da Linguística Aplicada destacam as implicações das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC nas práticas de ensino e formação de professores de línguas. Os enfoques são variados, concretizando a abrangência do estudo das TIC como uma temática de extrema relevância no campo dos estudos linguísticos e educacionais em geral. Essa mesma temática ainda se relaciona com as inovações advindas dos Novos Estudos dos Letramentos que, através das pesquisas de Pierre Lévy (1999), consideraram que a construção de habilidades tecnológicas para a vivência social corresponde à aquisição do chamado letramento digital. Nesse sentido, acredita-se que a aquisição do letramento digital faz-se de extrema necessidade para que haja maior efetividade no que tange ao uso das TIC em sala de aula, contribuindo, assim, para a construção da identidade docente como sujeito pós-moderno na contemporaneidade. Diante disso, a presente pesquisa, situada no campo da Linguística Aplicada, objetiva descrever a construção da identidade docente com enfoque na aquisição do letramento digital, tomando como base a análise interpretativista (SERRANO, 1994) de narrativas autobiográficas escritas por professores de língua materna de escolas públicas de Maribondo-AL, como também, por meio de anotações contidas no diário de campo do pesquisador, utilizando o método da observação etnográfica (ANGROSIANO, 2009). Constatou-se, nessa perspectiva, que a identidade docente se encontra em constante (trans) formação e descentralização (HALL, 2003). Com base nos dados coletados, viuse, também, a fruição das identidades sociais, linguísticas e religiosas que constroem, diariamente, a formação pessoal e profissional dos professores. Palavras-chave: Inovações. Letramentos. Habilidades Tecnológicas. TRABALHO E CONSUMO NO DISCURSO SOBRE A VELHICE EM CIRCULAÇÃO NA MÍDIA Simone Valéria Araújo Prof. Dr. Helson Flávio da Silva Sobrinho Este trabalho se inscreve no campo teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha pecheuxtiana e discute os efeitos de sentidos nos discursos sobre Velhice, Trabalho e Consumo que circularam na mídia impressa, na primeira década do século XXI. A escolha por esse eixo temático se justifica pelo fato de que o envelhecimento da população brasileira e mundial, encarado enquanto uma realidade emergente tem sido discurso. 33

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

AS TIC E A IDENTIDADE DOCENTE Considerações sobre a formação de professores de LM para o letramento digital


9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

discursivizado na imprensa, nas falas do cotidiano e nos documentos oficias do Estado, de forma bastante recorrente, nas duas últimas décadas. Em meio a essa realidade, a mídia enquanto uma instituição de poder possui um papel fundamental na produção de sentidos sobre o sujeito velho/idoso. Como ser cidadão da sociedade capitalista significa está inscrito na lógica econômica mediante sua posição-sujeito na compra e venda de mercadorias e como o principal objetivo da sociedade do capital é o lucro, a discursividade sobre a velhice na atualidade só aceita o sujeito que assume a postura de produtor de mais valia. Como resultado, encontramos na discursividade em análise, o poder da ideologia dominante afirmando que o velho/idoso que se aposenta perde o status de cidadão. Assim, a importância da atividade do Trabalho e do Consumo na Velhice e os benefícios que essas atividades podem trazer para a sociedade capitalista promove um deslocamento discursivo para o sujeito velho/idoso, que sai da condição de inútil e torna-se um sujeito que trabalha e, principalmente que consome. Essas representações contraditórias aparecem em formulações discursivas que circulam na mídia e produzem efeitos sobre os sujeitos. Palavras-chave: Velhice. Trabalho. Consumo. A MÚSICA COMO GÊNERO TEXTUAL NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESCRITA ARGUMENTATIVA EM LÍNGUA ESPANHOLA Thais Elis Vieira Torres Ferreira, Danillo da Silva Feitosa Profa. Dra. Flávia Colen Meniconi A música como gênero textual pode ser trabalhada no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras para possibilitar não só o desenvolvimento das habilidades linguísticas -ler, escrever, falar e ouvir - como também o aprimoramento da argumentação e consciência crítica do estudante. Isto posto, atividades com músicas, no ensino de uma língua estrangeira, permitem as reflexões sobre questões relacionadas ao seu papel no processo de construção do conhecimento linguístico. Neste sentido, o presente artigo, utilizando como premissa teórica os trabalhos de Santos Pauluk (2008) e Faria (2001), traz reflexões sobre o uso de músicas no ensino de espanhol como língua estrangeira (ELE), mais precisamente uma análise do processo de construção da percepção crítica sobre os sentidos do gênero música nas produções escritas dos alunos. Por um viés voltado para o letramento crítico, por meio do qual o estudante que é capaz de ler, compreender, criticar e desenvolver reflexões acerca dos mais diversos temas, tentamos evidenciar a importância deste recurso midiático no estímulo da aprendizagem e sua capacidade de mobilizar o aluno enquanto sujeito crítico, ativo e participante na construção do seu conhecimento. Ademais, ressaltamos que a nossa pesquisa foi desenvolvida com alunos dos níveis Básico 1 e 2 do projeto Casas de Cultura no Campus, da Faculdade de Letras (FALE), e, através dela, constatamos que houve uma significativa contribuição no processo de desenvolvimento do 3 4


Palavras-chave: Música. Língua espanhola. Produções escritas. Percepção crítica.

35

9ª SEMANA DE LETRAS – UNIVERSIDADE FERAL DE ALAGOAS

conhecimento de uma LE. Em outras palavras, por meio das canções levadas à sala de aula, os estudantes tiveram um considerável aprimoramento do conhecimento das regras gramaticais do idioma, assim como, da argumentação e consciência crítica e, consequentemente, pôde ser estabelecido um paralelo entre cultura e o ensino da língua espanhola.