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Primeira Edição | 25 de junho a 1º de julho, 2012

Política | A7 fotos: Divulgação

PC Farias, morto com um tiro no peito em sua casa de verão em Guaxuma

IA R Ó T HIS ABADA C A N I

Pedro Collor denunciou PC, atingindo diretamente o irmão presidente

Cenário da tragédia: os corpos de PC Farias e da namorada Suzana Marcolino

Após 16 anos, morte de PC Farias ainda não teve desfecho na Justiça Morte de um personagem importante do impeachment do presidente Fernando Collor completa 16 anos No ano em que o primeiro processo de impeachment de um presidente na América Latina completa 20 anos, a morte de um personagem importante dessa história completa 16 anos ainda à espera de julgamento. Paulo César (PC) Farias, o tesoureiro da campanha eleitoral de Fernando Collor de Mello, foi morto com um tiro no peito em 23 de junho de 1996 na praia de Guaxuma, em Maceió, junto com a sua então namorada Suzana Marcolino. Na época, PC estava em liberdade condicional e era réu em inúmeros processos por crimes financeiros, sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Tinha audiências marcadas e poderia fazer revelações sobre a participação de outras pessoas nas atividades ilícitas que comandava. Por isso, sua morte foi investigada como queima de arquivo. A cena do crime tentava simular um assassinato seguido de suicídio, mas as circunstâncias nunca foram de fato esclarecidas. Embora o Ministério Público Estadual tenha feito a denúncia sem apontar o autor para o crime, os quatro seguranças que trabalhavam na noite do crime são suspeitos pelo crime: Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva. Todos vão a júri popular. A 8ª Vara Criminal da capital, onde o caso corre, ainda não tem um juiz titular, o que atrasa ainda mais o julgamento, ainda sem data para acontecer. Há expectativa de que o caso seja julgado no segundo semestre deste ano, mas nenhuma data foi divulgada ainda.

O CASO O emblemático PC Farias foi um dos personagens mais marcantes do caso do impeachment do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello (PTBAL). A denúncia feita por Pedro Collor (irmão de Fernando) à Veja, que acabou por derrubar o presidente, citava PC como sócio de Collor em negócios ilícitos para levantar recursos que custeavam gastos pessoais e

campanhas políticas. Pedro se referia a PC como "lepra ambulante". Pedro Collor vinha revelando uma série de denúncias contra PC Farias. Na entrevista, ele afirmou que PC Farias era o "testa de ferro" do presidente e que os dois atuavam em "simbiose profunda". Ele também disse que o presidente tinha um apartamento em Paris e sabia que PC Farias agia em seu nome para realizar tráfico de influência. Pedro ainda foi mais à frente. Depois da denúncia à Veja, ele afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que PC havia lhe oferecido US$ 50 milhões para que desistisse das denúncias contra o presidente, mas ele não aceitou o dinheiro porque sua luta "não tinha preço".

INVESTIGAÇÕES A primeira versão para o caso - apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares - foi de crime passional. Para os defensores da tese, Suzana teria matado PC e depois se suicidado. Essa versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti e depois derrubada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso, fornecendo às autoridades policiais um contralaudo. Em 1998, a equipe de peritos de Daniel Munhoz, da Universidade de São Paulo (USP), e Genival Veloso de França, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), derrubou a tese de crime passional e concluiu pela tese de duplo homicídio. Com isso, nova investigação foi iniciada, tendo à frente os delegados Antônio Carlos Azevedo Lessa e Alcides Andrade, que contaram com a colaboração do perito Ailton Vila Nova. Foi com base na segunda perícia que os delegados indiciaram os 4 seguranças como autores materiais e apontaram o então deputado federal Augusto Farias como o autor intelectual do duplo homicídio. O ex-deputado nega envolvimento na morte do irmão e continua dizendo que acredita em crime passional. (Reproduzido do Estadão Online)

Legista Badan Palhares sustentou tese de homicídio seguido de suicídio


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