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Primeira Edição | 21 a 27 de junho, 2010

A6 | Cidade

> ENTREVISTA/ ANTÔNIO CARLOS LESSA Geraldo Câmara

Ouvidor Geral geraldocamara@gmail.com

Sujou para os ficha-suja Fui dos primeiros a criticar a Lei dos Ficha-Suja ou dos Ficha-Limpa, sei lá, tanto faz como tanto fez. Porque ela só iria servir para os daqui pra frente e ainda passava a mão na cabeça de muita gente. Mas aí vem o STJ e diz para o que veio, colocando pingos nos "iis", dando nome aos bois, querendo dar validade à vontade do povo que é a de moralizar as eleições neste país e, um dia, haverá de consegui-lo. Claro que muita água ainda vai rolar por baixo da ponte, lógico que muito recurso ainda vai aparecer, mas só o fato de inibir alguns sujos a se sujeitarem a deixar seus nomes expostos à execração pública, já é um grande passo da sociedade e da democracia. Então, sujou para eles. Porque vai ficar muito mais difícil ter que fazer campanha política defendendo-se do indefensável. Muitos, que ainda não tiveram condenação, vão escapar, mas as condenações virão e logo, logo, o tempo vai dizer ao tempo quanto tem o tempo e que tudo com tempo tem tempo. É só aguardar e acreditar que ainda seremos um país sério, bem ao contrário do que dizia, com razão, o velho estadista francês Charles de Gaulle. Ainda seremos um país onde os maus políticos não terão vez nem voz, porque serão minoria ou espécie em extinção. Isto tudo, porque chegará o dia em que o povo aprenderá definitivamente a votar, o voto não será obrigatório e os conscientes estarão depurando o sistema para gáudio e felicidade de nossos netos e bisnetos. É por isso que dou um passo atrás e afirmo que o STJ, e mais tarde o STF, estão cavando as covas dos FichaSuja, onde deverão ser sepultados e isolados da vida pública brasileira.

DESTACÔMETRO O destaque da semana vai para o apresentador da TV Mar, Canetinha, não só por sua bela e combativa atuação, mas, porque na última sexta, 18 de junho ficou mais velho. Segundo ele, mais bonito.

OUVIDOR GERAL OUVIU... ...que nesta segunda-ffeira (21), colaboradores do SEBRAE/AL estarão em Maribondo (AL) levando informações sobre empreendedorismo e gestão de negócios e esclarecendo dúvidas dos empreendedores da região. O objetivo é oferecer atendimento gratuito e orientação empresarial para aqueles que querem montar seu próprio negócio ou melhorar a qualidade de sua empresa. Na programação do evento estão palestras, oficinas e cursos que abordam assuntos como Jovem Empreendedor, gestão ambiental, motivação organizacional, elaboração de currículos, associativismo, qualidade no atendimento, linhas de crédito e técnicas de vendas, entre outros. ...que agricultores familiares e compradores participarão, na próxima terça-feira (22), do II Seminário de Inovação no Agronegócio. Pra quem quer plantar conhecimento e colher bons negócios, que será realizado no auditório do SEBRAE/AL. O objetivo do evento é estimular os agricultores familiares a desenvolverem estratégias de promoção mercadológica e de oportunidades de negócios, sempre visando à agricultura ecologicamente sustentável. Cerca de 200 pessoas devem participar do seminário, que conta com uma programação de painéis de discussão que tratam de temas como "Desafios e tendências", "Experiências de sucesso" e "Acesso ao crédito no agronegócio". ...que no mês do Meio Ambiente, o IMA realizou a entrega do prêmio Destaque Ambiental e um dos homenageados foi o empresário Geraldo Gomes de Barros Neto, um dos diretores da Usina Seresta. Este ano o prêmio, que homenageia os alagoanos que se destacaram com ações em defesa da natureza, fez parte das comemorações do 21º aniversário do Batalhão de Polícia Ambiental. O empresário, agradecido pelo prêmio, falou da certeza de estar no caminho certo pelo empenho da Seresta para que os trabalhos realizados em prol do meio ambiente fossem reconhecidos. ...que o Procon está realizando o 1º Seminário de Acessibilidade nas Relações de Consumo, que acontecerá hoje dia 21 de junho (segunda-feira), no auditório da Faculdade Fits, das 8h às 12h e das 14h às 18h. A ex-presidente da ADEFAL e atual vereadora por Maceió, Rosinha da Adefal, será a primeira palestrante, às 9:30h, e abordará o tema "Acessibilidade é investimento e não caridade - porque a pessoa com deficiência também é cidadão consumidor". Bela iniciativa do Rodrigo Cunha, leia-se Procon. ...que uma das grandes tendências do turismo mundial, o de base comunitária, vem sendo implementado pelo Instituto Magna Mater (IMM) - dedicado a promover ações nas áreas de turismo, cultura e meio ambiente - numa comunidade de uma das mais belas praias de Alagoas. O projeto Tramas em Riacho Doce tem por objetivo capacitar a comunidade para o atendimento e um melhor aproveitamento da oferta turística; a criação de serviços associados; a venda dos seus produtos; o planejamento do uso sustentável de seu território; a promoção da sustentabilidade econômica e cultural local e o enriquecimento do destino turístico, com um roteiro diferenciado. ...que está sendo triste a situação de 14 municípios alagoanos atingidos pelas chuvas e que provocaram estado de calamidade em todos eles. É preciso averiguar e criar projetos no sentido de se evitar, no futuro, que as conseqüências das chuvas sejam tão violentas como estão sendo agora. E, sinceramente, esperamos que maus políticos não sejam inseridos no contexto usando a tragédia para fins puramente eleitorais.

PÍLULAS DO OUVIDOR Primeira: Cuidado com o HGE. Ele pensa que você morreu. Cuidado com o IML. Ele aceita você como morto. Depois você morre mesmo, de susto! Segunda: E aí, para não perder a chance, o IML está com os dois rabecões quebrados. Pegar cadáver na rua, nem pensar! E como é que fica???? Terceira: Gente...a bruxa está solta na Copa do Mundo para muitos que se achavam os tais. Em compensação fadas madrinhas abençoam os mais humildes. Quarta: Quando é que os construtores vão cumprir a lei que manda colocar em cada prédio público ou particular uma obra de arte (escultura)?

ABRAÇOS IMPRESSOS Meu abraço muito especial é de boas vindas, ou de bom retorno, a Mendonça Neto, próximo dia 23, depois de um longo período de tratamento em São Paulo. Que Deus o abençoe e o faça merecedor de bons momentos daqui pra frente.

"Polícia Federal deve impedir entrada de drogas no Estado" Líder dos delegados de polícia diz que maioria dos homicídios está vinculada às drogas Impedir a entrada de drogas (especialmente o crack) em Alagoas e partir para um combate em grande escala contra os traficantes. É que propõe o presidente da Associação dos Delegados de Alagoas, Antônio Carlos Lessa, ao sugerir uma ação mais forte da Polícia Federal na batalha contra o tráfico. Em entrevista à Luciana Martins, ele diz não ter dados estatísticos sobre

a evolução da criminalidade em Alagoas, mas afirma que a maioria dos homicídios registrados no Estado tem envolvimento com drogas. "Acho que a violência permanece, dá para perceber isso no noticiário sobre os crimes nos fins de semana". Lessa defende a convocação da reserva técnica da Polícia Militar e volta a cobrar mais investimento do governo na área de segurança. Luciana Martins

Quantos homicídios foram registrados no Estado até o final de maio? Em comparação com o mesmo período de 2009 a taxa aumentou ou diminuiu? Oficialmente, não tenho esses dados, mas a gente acompanha pela imprensa e percebemos que o índice de criminalidade não tem diminuído nesses últimos meses em Alagoas. Acredito que permanece a mesma taxa. Se diminuiu foi algo insignificante porque o que vemos na mídia, nos finais de semana, são inúmeras pessoas assassinadas. Por que ainda ocorrem tantos assaltos em Maceió? Temos hoje o grande mal que é a droga, principalmente o crack que tem sido utilizado pela juventude. Ela tem encontrado facilidade para comprar esse entorpecente. Precisa-se de investimento na área de segurança pública para tentar conter essa onda de drogas em Maceió. A Polícia Federal precisa fazer o papel dela que é impedir que as drogas cheguem ao Estado, já que esse é um trabalho específico dela. Como a PF não está conseguindo, a PM e a Civil vem buscando combater as drogas em Alagoas, mas também não tem surtido efeito. A maioria dos crimes praticados hoje em Alagoas tem envolvimento com as drogas. Ela age como um dos principais itens para motivação do crime. Não seria possível conter os assaltos a exemplo do que foi feito com os seqüestros? É preciso colocar polícia na rua. O governo do Estado tem que investir num concurso público para delegado de polícia, escrivão, agente de polícia e também na PM que há muitos anos permanece com o mesmo contingente de 7 mil homens e boa parte deles encontra-se no Palácio, no Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Assembléia Legislativa. Do efetivo já reduzido, boa parte continua nesses gabinetes. Urge trazer de volta esses policiais para a Corporação, para sua atividade fim, que é fazer o trabalho preventivo, esse é o trabalho da Polícia Militar. A Polícia não tem como evitar os assaltos conhecidos como 'saidinha de banco'? A 'saidinha de banco' tem sido constante como atestam as denúncias nas delegacias de polícia. Isso exige um trabalho mais eficaz para conter os assaltantes que agem abordando suas vítimas na saída dos bancos. Faz-se necessário um trabalho conjunto dos bancos, da PM e da polícia civil. Diariamente acontece essa prática criminosa. A polícias Militar e Civil precisam intensificar diligencias ou montar um esquema para evitar isso porque esses assaltos já viraram motivo de chacota no seio da sociedade. Como é que a polícia não consegue conter esses elementos que ficam atuando nas proximidades das agências bancárias? O Sindpol sustenta que a criminalidade em Alagoas au-

O delegado Antônio Carlos Lessa vincula onda de homicídos ao crescente comércio de drogas em Alagoas

mentou. Procede? Já disse, não tenho as estatísticas criminais em mãos, mas o que observamos é que a violência continua em Alagoas. Volto a insistir em um ponto: falta de investimentos por parte do governo do Estado. Alagoas requer uma política de segurança tratada de imediato com ações que realmente venham conter a onda de violência. Ao afirmar que a violência aumentou, o comando do Sindpol não acusa a própria Polícia de inoperância ou ineficiência? A violência permanece porque o trabalho da Polícia Judiciária e da Polícia Militar não tem sido eficaz e essa demonstração está nos índices de violência. Mas o combate à criminalidade não se restringe ao trabalho das polícias: o governo também precisa investir na área social. É preciso oferecer emprego, trazer mais indústrias para ampliar as oportunidades de emprego aos jovens alagoanos. Está faltando entrosamento entre a Polícia Civil e Polícia Militar? Não. O trabalho tem sido de comum acordo entre as polícias. Nós da Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas (ADEPOL) sempre pregamos a união do Poder Judiciário, do Ministério Público, das policias Civil, Militar, Federal e Rodoviária porque se não houver esse entrosamento quem perde é a sociedade. A criação da Central de Polícia, em substituição às delegacias de Plantão, foi uma medida acertada? Está funcionando? Melhorou muito o trabalho dos delegados de polícia nas

delegacias distritais porque hoje os delegados que tinham um expediente nas delegacias distritais não realizam mais o flagrante, agora eles são levados à Central de Polícia. Isso facilitou o trabalho dos delegados em relação aos inquéritos já instaurados. Outra medida foi a retirada dos presos das delegacias da capital porque facilitou a ação dos delegados com relação às investigações que estavam engessadas por conta da custódia dos presos. Hoje a Central de Polícia realiza os flagrantes. Para a Polícia Judiciária foi ótima essa medida. Agora, para a sociedade por conta da localização da Central de Polícia, na orla de Maceió, para os moradores da parte alta da cidade ou mesmo da grande Maceió ficou mais distante chegar até a Central. Então o ideal seria construir outra central na parte alta da cidade. O senhor acha que a violência em Alagoas é inercial - ou é possível reduzi-la e mantê-la sob controle? É possível manter sob controle desde que haja investimento do próprio governo do Estado em segurança pública. Já ficou comprovado que se não houver investimento no material humano, como por exemplo, cursos para os delegados e policiais tanto da Civil quanto da Militar, realização de concurso para que venha aumentar o efetivo e o trabalho especifico contra o crime organizado, não se vai conseguir a diminuição da violência. Com esses investimentos será possível reduzir os índices de violência e mantê-la sob controle. A Polícia está perdendo a guerra contra o crack?

Eu não diria que está perdendo e sim que ela está em desvantagem. O crack tem avançado cada dia mais na sociedade, mas, acreditamos que a polícia irá vencer definitivamente essa guerra contra o tráfico desde que se parta pra prender imediatamente os traficantes, numa ação conjunta de todas as polícias. É preciso impedir que esse tráfico seja feito da maneira como é feito hoje, muitas vezes sem ser incomodado pela polícia. O que falta para se combater a criminalidade com mais eficácia? Investimento nas polícias, realização de concursos públicos, melhora nas condições de trabalho dos policiais e delegados. Algumas delegacias de interior só têm a figura do chefe de serviço, falta uma equipe de policial; delegado respondendo por duas e/ou três delegacias e melhorar cada vez mais o entrosamento com o Poder Judiciário e com Ministério Público. Com a união dessas instituições, com certeza, iremos reduzir os índices de criminalidade. Por que o governo demora tanto a convocar a reserva técnica da PM? Existe a carência. Esse número de 7 mil homens é o mesmo de 15 anos atrás e o governo do Estado não convoca a reserva técnica alegando a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas tem que se conseguir uma maneira de se convocar esse novos policiais para reforçar a Polícia Militar. A ADEPOL defende a convocação imediata desse policiais porque, com certeza, eles irão dar uma contribuição muito grande à redução da criminalidade.


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