Pedro Corrêa

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PEDRO CORRÊA | QUASE UM SÉCULO DE HISTÓRIA

Assim eram os antigos!... Nesta escola fiquei pouco tempo pois, devido à distância, meus pais acharam por bem que eu abandonasse os estudos, fato que muito me entristeceu. Na verdade, o que mais aprendi neste período foi trabalhar na roça para ajudar na subsistência da minha família. Meu pai era um homem simpático, trabalhador e tinha uma enorme facilidade para fazer amigos e, desta forma, conseguiu um pedaço de terra para plantar, com um vizinho que tinha um pequeno comércio, chamado João Gabardo. Como papai não podia sair do Posto Fiscal, quem ia para a lavoura era eu, minha irmã Maria e minha mãe, que havia crescido cultivando a terra e tinha conhecimento de técnicas agrícolas e tempo de plantio das mais diversas culturas, e com ela aprendemos muito. Desta localidade tenho na memória a imagem de uma bica d’água construída por meu pai para trazer água até proximidades de nossa casa. A bica era comprida e bastante estreita, medindo uns 200 metros e desaguava à beira da estrada, onde todos os transeuntes paravam para saciar a sede, refrescar-se do calor e saciar os animais pois, naquela época, o transporte era feito por carroças de tração animal, com dois, três, quatro e até oito cavalos. Quando estava tudo encaminhado, meu pai foi transferido novamente para prestar serviços no Posto Fiscal da Estação da Estrada de Ferro Paraná/Santa Catarina, na cidade de Rio Negro, e como era de praxe, meu pai conquistou vários amigos entre os comerciantes locais. Entre as amizades duradouras, os senhores Orestes, Alfredo, Joãozinho e um primo destes, Sr. Sadi Pigatto, que era guarda-livros, tornou-se meu compadre e mais tarde apadrinhou o casamento do meu inesquecível filho Ubiracy Guilherme. Em 1934, meu pai foi transferido para o Posto Fiscal de Rio da Areia, no mesmo distrito na divisa do Paraná com Santa Catarina, próximo a União da Vitória, onde geralmente fazíamos nossas compras. Lá estudei mais uns meses num colégio do centro da cidade a uns quatro quilômetros de distância. Outra transferência do meu pai foi para o Posto Fiscal de Chapéu do Sol, também dividindo os estados sulinos, pelo Rio Iguaçu, e em seguida foi para Lençol, também na divisa; e neste período não frequentei a escola. Já com 11 anos minha labuta começou com trabalho braçal, propriamente dito, já que não havia outra maneira de sobreviver e eu precisava ajudar a sustentar os irmãos mais novos. No lado catarinense, no povoado chamado Felipe Schmidt havia uma esta-

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