Procura se um marido

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- Parem com isso agora! – O outro frentista ordenou. – Vocês estão assustando os clientes. - Não vou fugir – objetei, irritada. – Ele é que vai sair por aí no meu cupê – eu disse ao rapaz mais baixo que assistia a tudo, incrédulo. Tentei novamente pegar a chave, mas o garoto se esquivou outra vez. Parei. – Me devolve minha chave e não me obrigue a te machucar. - Pague o que deve e eu devolvo. Avancei sobre ele. Mas uma voz profunda e grave me fez parar. - Problemas, Alicia? Oh, Deus, anjos, querubins, fadas, qualquer um com poderes aí em cima, permitam que não seja ele. Permita que não seja Max! Quando levantei os olhos por sobre o braço do frentista, vi que minhas preces não foram atendidas. - Precisa de ajuda? – uma sobrancelha se arqueou. Ele tentava esconder o sorriso, mas estava lá, em suas palavras, em seus lábios e naqueles olhos verdes irritantes. Endireitei-me, alisando minha blusa, com o máximo de dignidade que conseguir reunir. - Não. Está tudo sob controle. - A moça encheu o tanque e não tem dinheiro pra pagar – disse o frentista. – Ela quer...Ai! – Meu cotovelo acidentalmente acertou as costelas do rapaz. - Ah – exclamou Max, e o sorriso se tornou mais largo. - Não é nada disso – comecei, constrangida, encarando seus sapatos negros. – Tem alguma coisa errada com os meus cartões. Deve ser um problema na central ou algo assim. É só isso. Vou falar com o gerente e explicar tudo. - Quanto ela deve? – Max quis saber, se dirigindo ao frentista e me ignorando propositalmente. Ergui a cabeça num estalo. - Você não vai fazer isso, Max. É assunto meu! – reclamei, enquanto o frentista dizia o valor. Ele sacou a carteira do bolso.


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