Procura se um marido

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– Ah, isso já faz tanto tempo. E na verdade é você quem nunca me conta nada. É um sacrifício arrancar alguma coisa alguma coisa sobre você – reclamei. – O que você quer saber? – ele perguntou franzindo a testa, como se fosse o mais completo absurdo eu querer saber mais sobre ele. – O que você quiser me contar. Qualquer coisa – dei de ombros. Ele deliberou por um momento antes de começar. – Você já conhece a história toda. Fui um aluno exemplar por onde passei. Sempre estive ligado aos esportes. Até pensei em fazer educação física, mas descobri que a remuneração não era lá essas coisas, então optei por uma carreira que tivesse mais mercado. Na época, comércio exterior estava em alta, e não tinha muitos profissionais na área. Ralei muito pra me tornar o melhor aluno da minha turma de administração. Assenti. Aquilo era tão a cara dele... – Nunca me meti em nenhum problema sério – ele continuo. – Só depois que conheci o Paulo me tornei um pouco mais irresponsável, mas ainda assim não fui muito longe. Foi o Paulo que me apresentou à cerveja. Foi quando tomei meu primeiro porre, aos dezenove anos. Acabei passando mal que precisei ser levado pro pronto-socorro. Depois jurei que nunca mais ia beber na vida – ele tomou um gole de vinho. Eu ri, mas então pensei em algo que havia muito me incomodava e de que ele propositalmente evitava falar. – Você nunca fala sobre nenhuma mulher. – Porque não tem o que falar. Estreitei os olhos. – Pensei que você quisesse que a gente se conhecesse mais fundo. Ele suspirou pesadamente. – Alicia, eu nunca tive muitas mulheres. Na verdade tive só um relacionamento, que durou alguns anos, mas que acabou há muito tempo. – Quanto tempo? Por que acabou? Quem era ela? Era bonita? – me ouvi perguntando.


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