Outdoor Regional

Page 30

TRANSFORMAÇÃO

Por: Laura Baggio l-baggio@ outdoorregional.com.br

Deixar-se ir embora Como dar adeus a quem mais conhecemos Muitas vezes precisamos enfrentar rotinas intensas: trabalhos árduos, relações profissionais difíceis, horários justos, pressões sociais. Ou ainda, situações familiares complexas: separações, gravidez repentina, brigas ofensivas, perdas inconsoláveis, saudades infindas. Quando vivo esses momentos um tanto espinhosos ou penso sobre eles, percebo a minha necessidade de, antes de qualquer coisa, conversar comigo mesma. Olhar para quem sou e como reage o meu emocional. É divertido e também doloroso ver como essas conversas se transformam em batalhas mortais. Não é fácil modificar hábitos, não é simples mudar valores. Longe de parecer natural trocar as lentes com as quais vemos o mundo. Sou teimosa e sistemática, e sinto preguiça de mudar. Mas os dias chegam, dias que exigem de nós. Exigem maturidade, exigem força, exigem aquilo que não temos. E é preciso se reinventar. É indispensável sair da casca e encontrar o desconhecido.

Mas os dias chegam, dias que exigem de nós. Exigem maturidade, exigem força, exigem aquilo que não temos. E é preciso se reinventar “Como?”, uma querida amiga me perguntou um dia. “Como faço para ser uma pessoa melhor e diferente desta que não tenho gostado?”. “Não sei”, respondi, “acho que um pouquinho de cada vez”. Paciência e persistência. São lições de um filme sobre um vendedor, “De Porta em Porta”, de Steven Schachter, entretanto, valiosas demais para se restringir às vendas. Paciência: tolerar dissabores. Persistência: conservar-se firme. Toleremos nossos defeitos e persistamos a conquistar as virtudes que almejamos. Sei que não existe receita, como diz o poeta e músico Caetano Veloso em sua canção “Dom de Iludir”, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, existem apenas ajudas. Acredito ser importante tentar não prolongar sofrimentos. Os sentimentos têm suas

30 | www.outdoorregional.com.br

medidas, e precisam se manifestar, mas deixá-los abrandar é questão de vida, de respeito à vida. Tenho, a cada dia, tentado despedir-me de alguns “eus” antigos, viciados em tristezas, certezas, ceticismos e medos. E esse abandonar-me é incessante e cansativo, principalmente porque não me conheço sem eles, sem esses personagens de mim. A todo o momento quero desistir. E a todo o momento quero tentar. Um paradoxo cruel, vencido apenas pelo fazer. Respiro, desculpo-me, e levanto, e faço diferente do de costume, mais leve, mais positivo. Ao final de alguns dias sei que venci meus leões. E se os venci enfrento qualquer adversidade.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.