Os amarradores de patas

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oscar kellner neto

curralzinho de arame farpante atrás de uma capoeira fechada, sob frondoso jatobá... 6

Havia muitos anos que certos navegantes vindos de Longe, pai e filho, depois de muito lutar com seu barco-de-vogas devido à falta de uma ponte na grande corrente líquida, resolveram implantar ali, no local conhecido como Porto da Joana, aquele sistema de travessia por meio de uma balsa de varejão. 7

Os balseiros tinham se apossado de terras devolutas ribeirinhas nas duas bandas da corrente e habitavam numa cabana dotada de pouca mobília na margem de Coivaras. 8Desviaram do ribeiro dois regos d’água para serventia do rancho e nos alfobres formaram sua horta-de-couve. 9Decruaram o varjão para o plantio de suas rocinhas anuais, e formaram pomar. 10Criavam porcos e galinhas e bebiam o leite duma curraleirinha chifrosa que trouxeram na vinda. 11

Para seu ofício, usavam uma espécie de embarcação rude, de pequeno calado, fundo chato e costado baixo, formato quadrangular, sem propulsão própria, construída de madeira nobre, tábuas largas e congrossas sobre chassi de chapas metálicas: nela transportavam pessoas, animais e cargas de um lado ao outro do grande regato. 12

Ela tinha proa lançada, bordos largos e salientes e uma cobertura de grossos pranchões. 13 Eles usavam grandes varas para desatracá-la e

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