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ISSN: 2177-6504
SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade sugarcane, sugar, ethanol & bioelectricity out-dez 2011
fórum internacional sobre o futuro do etanol-2011 International Forum on the Future of Ethanol-2011
editorial especial Adézio Marques Presidente do CeiseBr President of CeiseBr
basta que se tenha
bom senso
All it takes is to have good common sense
A situação pela qual passamos se aprofunda, e poucos são os sinais concretos da chegada de soluções por parte das autoridades de Brasília. Como resultado prático, conseguimos somente a desoneração do ICMS em projetos de cogeração de energia a partir do bagaço e da palha da cana no estado de São Paulo. Mas precisamos de mais. Medidas racionais, ousadas, amplas, abrangentes, eficazes, eficientes, estratégicas, modernas e compactuantes. Não precisamos de um remédio para a dor do momento, mas para a cura da doença. Estou muito triste. Não pelo que estamos passando no setor, este não foi o primeiro nem será o último momento de dificuldades que vamos vencer. O que me deixa triste é ver o circo pegando fogo e não ver ninguém com o balde d’água na mão. Foi previsto que a Presidente Dilma viria ao Fórum. Também estava prevista a presença do Ministro da Agricultura, mas o ministro com o qual tratamos já não é mais ministro, e o atual diz que “entende pouco de agricultura”. Pode ser um bom homem, ter todas as qualidades do mundo, mas fato é que lhe falta um conhecimento mais profundo de agricultura. Faz sentido? Isso não é a mesma coisa que dar a direção de uma carreta de 40 toneladas para uma pessoa não habilitada? Exige-se conhecimento técnico específico para se exercer qualquer profissão. Todas, exceto a de ministro. A agricultura brasileira é hoje respeitada no mundo todo, riquíssima em conhecimento, know-how, tecnologia de ponta, no estado-da-arte. Nossas empresas vivem recebendo visitas de estrangeiros interessados em estabelecer parcerias e sociedades. Muitos países do mundo não têm o PIB que temos, não geram os empregos que geramos e tampouco os tributos que recolhemos. Vamos ter que nos adaptar novamente. Vamos juntar os pensamentos das entidades representativas do nosso setor e ir a Brasília, em paz, e, de maneira humilde, apresentar às nossas autoridades as opiniões que temos sobre todos os assuntos que nos dizem respeito. Eles podem não entender de agricultura. Talvez isso não seja realmente fundamental. Basta que tenham bom senso.
The situation we are facing is becoming worse and there are few concrete signals that solutions on the part of the authorities in Brasilia are in progress. As a practical result, we only achieved to disencumber the “ICMS” tax on energy co-generation projects based on bagasse and sugarcane straw in the State of São Paulo. However, we need more. Rational, daring, broad, effective, efficient, strategic, modern and binding measures. We do not need medicine for pain right now. We need the cure for the disease. I am very sad. Not because of what we are facing in the industry, because this was not the first nor will it be the last of difficulties we will have to overcome. What saddens me is to see the house on fire and nobody with a fire extinguisher in sight. President Dilma Rousseff was supposed to come to the Forum. It was also planned that the minister of agriculture would attend. The minister with whom we arranged this is no longer in office, and the new one clearly states “he knows little about agriculture”. He may be a good man, have all the qualities in the world, but the fact is that, as was stated, he lacks in-depth knowledge about agriculture. Does that make sense? Isn’t that like handing over the wheel of a 40-ton truck to an unqualified driver? One requires specific technical knowledge to perform any job. All except the minister job. Nowadays, Brazilian agriculture is respected throughout the world, has a wealth of knowledge, know-how, and state-of-the-art technology. Our companies are constantly being sought after by foreigners interested in partnerships and associations. Many countries in the world lack the GDP, the job generation, and the tax volume we pay. We will again have to adapt. We need to gather the thoughts of the representative entities of our industry and go to Brasilia, to peacefully and in a humble manner present to our authorities the opinions we have about all the matters we are faced with. They may know nothing about agriculture. Perhaps this isn’t really essential. All it takes is to have good common sense.
Secretariar a agricultura de um estado com 594 municípios, 40 escritórios de desenvolvimento rural, 40 escritórios de defesa agropecuária e 6 institutos de pesquisa é uma oportunidade de participar de uma experiência extraordinária. Temos trabalhado na fronteira do conhecimento, em questões multidisciplinares na área de cana, envolvendo melhoramento genético, ciência do solo, caracterização de ambiente de produção, fitotecnia, trabalho com pragas, com doenças, com estimativa de produção por modelagens, com biotecnologia, com uso de ferramentas moleculares para o desenvolvimento de variedades, expressão gênica, marcadores moleculares, identificação de variedades, banco de genes, dentre outros. O governo de São Paulo tem estado atento às necessidades e oportunidades, quando, por exemplo, reduziu o ICMS do etanol hidratado; quando lançou o Certificado de Energia Verde; quando reduziu para zero porcento o ICMS para todos os investimentos feitos em equipamentos para a cogeração de energia elétrica das usinas (até a safra 2014-2015, vamos gerar 5.000 MW, o que equivale a uma usina Belo Monte), dentre dezenas de ações para atender à ousadíssima lei ambiental do estado, que determina que, até 2020, as emissões do estado tenham que ser 20% menores do que foram em 2005. Além da linha da desoneração, o governador Geraldo Alckmin tem trabalhado na área de modernização da infraestrutura de transporte, do agroambiental para reduzir rapidamente a questão da queimada, dando a segurança social requerida, com programas de capacitação da mão de obra existente, bem como para as pessoas de baixíssima renda, sem escolaridade, idosos e egressos de presídios, que não têm absolutamente nenhuma condição de trabalhar, disponibilizando-lhes uma condição real de dignidade. Sabemos que o governo tem que trabalhar como parceiro, abrindo mercados, facilitando questões regulatórias e fiscalizadoras, sem, no entanto, interferir e intervir nesse grande mercado que é o sucroalcooleiro. É assim que pensamos. É assim que temos trabalhado.
Opiniões Mônika Bergamaschi Secretária da Agricultura do Estado de SP Secretary of Agriculture of the State of SP
Toninho Toniello Presidente da Agrocana President of Agrocana
é assim que temos
estamos firmes e
That's how we have been working
Standing firm and strong
To manage agriculture in a State with 594 municipalities, 40 rural development offices, 40 agriculture and cattle breeding defense offices, and 6 research institutes, is an opportunity to participate in an extraordinary experience. We have been working on the knowledge frontier, on multi-disciplinary issues in the field of sugarcane, involving genetic improvement, soil science, the characterization of the production environment, vegetal plant science, work involving pests and diseases, production estimates based on modeling, biotechnology, use of molecular tools for the development of varieties, gene expression, molecular markers, variety identification, genbank, among others. The government of São Paulo has been alert to needs and opportunities, for instance, by having reduced the “ICMS” tax on hydrated ethanol, by launching the Green Energy Certificate and reducing the “ICMS” tax to zero percent on all investments made in electric energy co-generation equipment in plants (until the 2014-15 harvest we will generate 5,000 MW, the equivalent of a plant like Belo Monte), in addition to innumerous other initiatives, to meet the requirements of the State’s strict environmental law, which establishes that by 2020, emissions in the State must decrease by 20%, in comparison with 2005. Apart from such reduction initiatives, Governor Geraldo Alckmin has been working to modernize the infrastructure of transportation, of the agro-environment, and also to quickly reduce the after-harvest burning rate, providing social security needed for labor qualification programs and the very low income, uneducated population, the elderly and ex-convicts, who absolutely lack conditions of being able to work, providing such persons a dignified living. We know the government must perform as a partner, opening markets, facilitating regulatory and control initiatives, without, however, interfering and intervening in this huge sugar and ethanol market. That is what we think, so that is how we have been working.
Tradicionalmente, nos reunimos antes da abertura oficial das Feiras Fenasucro e Agrocana para realizar o Fórum Internacional do Etanol, que, neste ano, tem como pauta “A energia das nações”, a inserção do etanol e da agroeletricidade na matriz energética mundial. É uma honra receber em nossa cidade autoridades e especialistas tão respeitados – e que compõem esta edição especial da Revista Opiniões –, para discutir, a cada ano, os assuntos mais atuais do nosso setor. Não posso deixar de citar os números que envaidecem e destacam as conquistas realizadas pela Fenasucro e pela Agrocana, com seus 450 expositores, cerca de 30 mil visitantes profissionais, representando 40 diferentes nações e quase todos os estados brasileiros. Essa é uma forma de se atualizar sobre o mais avançado conhecimento de tecnologias, processos, máquinas e equipamentos voltados à indústria e à área agrícola canavieira. Pelas pautas que estruturam e pelos palestrantes que anualmente se apresentam, este fórum tornou-se o mais importante evento anual do setor sucroenergético, agenda obrigatória dos executivos interessados no setor. Estamos passando por um período de atenção no setor sucroenergético devido a fatores climáticos e à crise econômica mundial que enfrentamos desde o final de 2008, que provocaram uma estagnação tanto na área agrícola, quanto na área industrial, e a consequência de uma sensível quebra de produtividade nesta safra. Para atender a toda a demanda dos produtos de mercado, estaríamos, quem sabe, produzindo 700 milhões de toneladas de cana. Porém as estimativas apontam a produção de 500 a 510 milhões de toneladas, uma quebra muito significativa e não esperada para esta safra. É preciso reagir para enfrentar os desafios que o setor sucroalcooleiro tem feito, readquirir o ânimo das indústrias, dos produtores rurais, dos profissionais do setor, dos investidores, e, para isso, estamos trabalhando firme e forte, torcendo para que melhores condições de produção e rentabilidade se restabeleçam.
trabalhado
fortes It has been a tradition to meet before the official opening of the Fenasucro and Agrocana trade fairs, in what is the International Forum on Ethanol, and whose program this year entails the theme “The energy of nations” and the insertion of ethanol and agro-electric power in the world energy matrix. It is an honor to welcome in our city such reputable authorities and specialists – who are represented in this special edition of Revista Opiniões –, to each year discuss the most current issues affecting our industry. I wish to show the numbers that are reason for pride and that highlight the accomplishments of Fenasucro and Agrocana, with their 450 exhibitors, approximately 30,000 professional visitors, representing 40 different nations and almost all Brazilian states. These fairs are a means to update advanced knowledge on technologies, processes, machinery and equipment, destined for the sugarcane agro-industry. Due to its program and the speakers who every year make their presentations, this Forum has become the sugar-based energy industry’s most important annual event, whose attendance is a must for industry executives. We are in a yellow light attention phase in the sugar-based energy industry due to climate factors and the economic crisis we have been facing since the end of 2008, which brought about stagnation both in agriculture and the industrial field, and resulted in a considerable productivity shortfall this harvest. To meet all the demand for products in the market, we would probably be producing 700 million tons of sugarcane. However, estimates point to a production of 500 to 510 million tons, a significant and unexpected shortfall in this harvest. One needs to react to face the challenges the sugar and ethanol industry has presented, to win back the optimism of industrial companies, rural producers, industry professionals, and investors, and so, to that end, we are working hard, hoping that better production and profitability conditions will be restored.
índice
fórum internacional sobre o futuro de etanol 2011
Editorial Especial:
04
Mônika Bergamaschi
Secretária de Agricultura de São Paulo
Toninho Toniello
Presidente da Agrocana
Adézio José Marques Presidente da CeiseBr
38 46 52
Agricultura e Indústria:
08 14 20 26 32
José Carlos Grubisich
Presidente da ETH BioEnergia
Marcos Marinho Lutz Presidente da Cosan
Luís Roberto Pogetti
Visão de Entidades:
Visão Estratégica: Roberto Rodrigues
Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV
Plínio Mário Nastari
Marcos Sawaya Jank Presidente da Unica
Presidente da Datagro
Visão do Fornecedor:
Eduardo Pereira de Carvalho Especialista do setor sucroalcooleiro
Visão Internacional:
58 62
72 78
Consulesa-geral da Índia CEO da Assoc da Indústria de Bioetanol da Alemanha
Diretor da Authomathika, CeiseBr e Ciesp
Visão de Governo:
Abhilasha Joshi Dietrich Klein
Paulo Roberto Gallo
82
Luciano Cunha de Souza Secretaria de Inovação do MDIC
Presidente do Conselho da Copersucar
Visão Empresarial:
Maurílio Biagi Filho
Conselheiro da Bioenergética Aroeira
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio
Diretor do Grupo Alto Alegre e Vice Pres da Abag
66
Ricardo Castello Branco
Diretor de Etanol da Petrobras Biocombustível
Visão de Parceiros:
84
Alessandro Gregori Filho Diretor da CPFL Renováveis
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Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano
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agricultura e indústria
Opiniões
que Deus nos dê
boas ideias May we be blessed by God with good ideas
Procurei fazer um exercício um pouco diferente: revisitar aquelas questões fundamentais que nós avaliamos lá atrás, quando a Odebrecht tomou a decisão de entrar no setor e verificar se tais condições ainda continuavam válidas hoje. Quero antecipar a resposta, antes de discorrer sobre elas, e dizer que todas as questões fundamentais e estruturantes continuam absolutamente válidas e mais, que elas estão ainda mais claras e evidentes do que naquela época, quando fizemos a avaliação. Vamos a elas. Existe uma grande pressão internacional por segurança energética e pela busca da descarbonização da economia. O custo de petróleo continua crescendo, a dificuldade para encontrar novas reservas se confirma, os recentes eventos políticos nos países árabes fazem o petróleo aumentar a volatilidade e a imprevisibilidade de preço, a discussão sobre a redução de emissão de CO2 e das mudanças climáticas continua. O segundo ponto a enfatizar é o mercado brasileiro. Todo setor que tem o mercado desse tamanho, com essa taxa de crescimento, com essa previsão de futuro e ainda com a perspectiva de abertura de mercados internacionais não pode ser ignorado por nenhuma estratégia de empresas locais ou internacionais. Não é por acaso que muitas empresas novas estão chegando com muito apetite, dispostas a colocar muito dinheiro no negócio. Uma questão importante na redução dos custos de produção de etanol e de açúcar é a cogeração de energia elétrica utilizando o bagaço de cana. Todas as unidades da ETH estão integradas nesse processo. A capacidade de geração de caixa dessa atividade modifica essencialmente a competitividade do açúcar e do etanol. Existem ainda algumas coisas muito relevantes pela frente. Primeiro, a competitividade do etanol vis-à-vis ao petróleo, em todos os cenários que avaliamos e atualizamos com frequência. Podemos discutir a velocidade e o patamar, mas todas as análises levam ao aumento importante do custo de petróleo, ao passo que, em todas as análises dos produtos da cana-de-açúcar, temos uma perspectiva de curva declinante, por questão de ruptura na área tecnológica, por melhoria da produtividade com as canas transgênicas e outras variedades, através de processos fermentativos mais sofisticados que, certamente, vão mudar a economia e a rentabilidade desse negócio.
I shall try a little different exercise: to again touch on those fundamental issues we assessed way back when Odebrecht took the decision to enter the industry, to check whether the respective conditions are still valid today. Allow me to anticipate the answer before commenting them, by saying that all essential and structural issues continue fully applicable and, furthermore, that they are even clearer and more evident now than they were back then when we did the assessment. So, let’s analyze them. There is a lot of pressure for energy security and for seeking to decarbonize the economy. The cost of oil continues to increase, the difficulty to locate new reserves is confirmed, the recent political events in Arab countries increase oil-related volatility and price unpredictability, and the debate on the reduction of CO2 emissions and climate change. The second issue to emphasize is the Brazilian market. Every industry that has this size of market, with this growth rate, with this outlook for the future, and also with the prospect of opening international markets, cannot be ignored by any business strategy of domestic or international companies. It is not by chance that so many new companies are coming to the market with a lot of appetite, willing to invest a lot of money in the business. An important issue in reducing ethanol and sugar production costs, is electric power co-generation using sugarcane bagasse. All ETH units are integrated in this process. The capacity to generate cash in this business essentially changes the competitiveness of sugar and ethanol. Some very important issues are still before us. First, the competitiveness of ethanol vis-à-vis oil, in all scenarios we frequently assess and update. We can debate the speed and level, but all analyses show a significant increase in the oil price, whereas in all analyses of sugarcane products we see a declining curve trend, on account of rupture in the technological field, due to improvement of productivity resulting from transgenic sugarcane and other varieties, through more sophisticated fermentative processes that will surely change the economics and the profitability of this business.
" estou absolutamente convencido de que, sem a internacionalização das bases de produção, na África e na América Latina, teremos grande dificuldade de convencer a maior parte dos países do mundo a inserir o etanol de maneira estruturada nas suas matrizes energéticas " José Carlos Grubisich
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Presidente da ETH BioEnergia - Grupo Odebrecht President of ETH BioEnergia - Grupo Odebrecht
agricultura e indústria Estamos em um setor em transformação, em consolidação, na busca da excelência operacional, tanto nas atividades agricolas como nas industriais, na busca do ganho de escala, com claras e otimistas tendências. Temos condições fenomenais para acreditar e investir no setor. O mercado brasileiro dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e tem potencial para dobrar de tamanho novamente nos próximos cinco. Tudo vai depender da nossa capacidade de produzir esse etanol. Com relação ao mercado externo, temos agora uma possibilidade concreta de abertura dos mercados internacionais. O americano, já no curto prazo; o europeu vai demorar um pouco; os asiáticos – Japão e China – começam a dar demonstrações claras de que vão integrar o etanol em suas matrizes de combustíveis líquidos. Outro ponto importante é a questão da energia elétrica. O governo mostra uma estimativa de crescimento da demanda de energia elétrica no Brasil, e investimentos terão que ser feitos para fornecer essa energia. Fato é que o Brasil vai crescer de 500 TWh/ano para quase 900 nos próximos 10 anos. Desses, 200 já foram contratados com projetos hídrico, nuclear, eólico, térmico, energia de reserva, mas temos ainda 200 TWh/ano de necessidade não contratada. Evidentemente, gostaríamos que a biomassa tivesse um tratamento diferenciado, o que não deve acontecer no curto prazo. Tivemos uma grande frustração no último leilão. Esperávamos um preço na casa dos R$ 140 por MWh e tivemos apenas R$ 103, para quem teve a ousadia de vender nesse preço. Mas vimos venda de energia eólica a R$ 99/MGh em condições rentáveis e competitivas. Isso é um fato: o setor da eólica está sendo mais competente do que nós para reduzir custo de investimento e encontrar formas mais atrativas de financiamento. Existe um terreno importante que não exploramos ainda, que é a expansão internacional. O tema central desse fórum é a inserção do etanol na matriz energética global, e eu estou absolutamente convencido de que, sem a internacionalização das bases de produção, na África e na América Latina, teremos grande dificuldade de convencer a maior parte dos países do mundo a inserir o etanol de maneira estruturada nas suas matrizes energéticas. A mudança da estrutura da matriz energética de um país é uma atitude de imenso risco político. É um trabalho de longo prazo, que exige uma coordenação eficiente. Na América Latina, a ETH já está trabalhando na Colômbia e analisando oportunidades no México. Na África, existe um potencial enorme de transformação, já estamos trabalhando em Angola e Moçambique – que têm um potencial agrícola importantíssimo. Temos que investir de maneira estratégica e estruturada nos mercados internacionais. Quanto à expansão da capacidade de produção, temos a necessidade de investimento da ordem de R$ 80 bilhões, aumento da área plantada em mais 4,5 milhões de hectares, para que possamos produzir mais 400 milhões de toneladas de cana. Os investimentos terão que ser feito de maneira responsável, com uma estrutura de capital sólido o suficiente para que não tenhamos soluços de fragilidades. Se considerarmos uma estrutura de 40% de capital próprio, 60% de dívida, significa que vamos ter que disponibilizar caixa da ordem de R$ 30 bilhões nos próximos sete anos e encontrar linhas de financiamento da ordem de R$ 50 bilhões para viabilizar esse plano. É ousado, mas fizemos isso no passado, não perdemos a receita e podemos fazer de novo.
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Opiniões We are in a transformation industry, in the process of consolidating, in search of operational excellence both in agricultural and industrial activities, seeking to achieve economies of scale, with clear and optimistic trends. We are faced with extraordinary conditions to believe in and invest in the industry. The Brazilian market doubled in size in the last five years and it has the potential to double in size again in the next five years. All this will depend on our capacity to produce this ethanol. With respect to the foreign market, we now have a concrete possibility to open international markets. The U.S. market in the short term, with the European market lagging a little behind, the Asian markets – Japan and China –, starting to show clear signs of integrating ethanol into their liquid fuel matrixes. Another important aspect is the electric power issue. The government shows a growth estimate of electric power demand in Brazil, so investments will need to be made to supply this energy. The fact is that Brazil will grow by 500 TWh/year to almost 900 in the next 10 years. Of this amount, 200 have already been contracted for hydric, nuclear, wind, thermal and reserve energy projects, but we still have 200 TWh/year that need to be contracted. Obviously, we would like biomass to enjoy differentiated treatment, which is not likely to happen in the short term. We were faced with much frustration at the last auction. We expected a price in the magnitude of R$ 140 per MWh, but reached only R$ 103, due to the audacity of whoever was willing to sell at that price. But one also saw wind energy being sold at R$99/ MGh, at profitable and competitive conditions. This is a fact: the people in the wind energy segment are being more competent that we are in reducing investment cost and finding more attractive means of financing. There is an important field we still have not explored, which is international expansion. The central theme at this Forum is the insertion of ethanol in the global energy matrix and I am absolutely convinced that without the internationalization of the production bases, in Africa and Latin America, we will face difficulty in convincing most countries of the world to insert ethanol in a structured manner into their energy matrixes. The change in the energy matrix structure of a country entails a very high politically risky attitude. It is a long-term endeavor, requiring efficient coordination. In Latin America, ETH is already active in Colombia and is assessing opportunities in Mexico. In Africa there is enormous transformation potential. We are already working in Angola and Mozambique – which has very high agricultural importance. We must invest in a strategic and structured manner in international markets. With respect to expanding production capacity, we need to invest in the magnitude of R$ 80 billion, increase the planted area by more than 4.5 million hectares, to produce additional 400 million tons of sugarcane. Such investment will have to be made in a responsible manner, with a sufficiently solid capital structure so as not to face any fragility hiccups. If we consider a structure with 40% of own capital, and 60% in debt, this means we will need cash in the magnitude of R$ 30 billion in the next 7 years and will have to scout for financing of about R$ 50 billion to make this plan viable. It is ambitious, but we did it in the past, we haven’t lost the recipe, and we can do it again.
agricultura e indústria Com relação à competitividade, o que aprendi é que, quando o preço de venda não pode subir, os custos têm que baixar. Trabalhamos dia e noite para reduzir nossos custos. Ainda que a política de precificação da gasolina no mercado interno seja irracional, ela é real, e temos que conviver com isso. Temos que encontrar mecanismos diferentes para melhorar a nossa competitividade. Não podemos ter retrocesso. Precisamos combinar competitividade de custo com alta sustentabilidade. No que diz respeito à mão de obra, estamos batendo no limite da capacidade de formação e de preparação de gente para acompanhar esse processo de crescimento. Todas as empresas que têm procurado crescer têm tido dificuldade de encontrar pessoal qualificado; preparado, então, nem se fala. Quero ter a ousadia, com todo risco que isso representa, de falar sobre a minha visão de nossa Agenda Estratégica. O primeiro ponto é que precisamos resgatar o papel da bioenergia, do etanol, da energia elétrica da biomassa e do açúcar dentro da política estratégica brasileira. Se não estiver claro para quem faz política pública que isso está no coração da agenda política estratégica nacional, todas as discussões serão frustradas. Acho que perdemos e estamos com dificuldade de reencontrar uma interlocução no nível do que representa a oportunidade do setor da agroenergia para o Brasil e a inserção do Brasil em regiões como África e América Latina e, no segundo momento, nos países desenvolvidos. O segundo ponto tem a ver com a plataforma competitiva de tecnologia e de inovação. Há, nesse momento, uma crise de identidade dentro dos desenvolvedores de tecnologia no Brasil. O CTC passa por um momento de introspecção e de reflexão estratégica, mas certamente vai voltar a ser a locomotiva de pesquisa e desenvolvimento do Brasil. O fato é que os americanos e os europeus têm avançado em uma velocidade maior, e temos perdido o papel de liderança que sempre tivemos na questão da agricultura da cana e do desenvolvimento de processos fermentativos. É necessário dar maior atenção a um programa estruturado nacional e setorialmente para a formação de pessoas na quantidade e na qualidade necessárias. Temos tido dificuldade para encontrar pessoal, treiná-lo, inseri-lo no mercado de trabalho e retê-lo, porque o mercado está extremamente aquecido, e, sem profissional competente, é impossível conseguir se destacar e se diferenciar. Também é preciso assegurar a crescente competitividade da indústria nacional de bens de capital. Esse é um dos poucos setores que dominam todo o ciclo do negócio, e acho que o governo e o BNDES devem se fazer presentes no reforço da estrutura de capital, porque o setor vai precisar tê-los como aliados importantes nessa questão. Temos que voltar a ser competitivos na questão do investimento, que, por tonelada de cana, já chega a US$ 150, 50% mais caro do que há 4 anos. Alguma coisa está fundamentalmente errada e vai ser uma trava para o crescimento. Concluo observando que, apesar do potencial interno, apesar das dificuldades, temos que continuar trabalhando de maneira quase obsessiva para a abertura dos mercados internacionais. Não podemos pensar no etanol como produto global, sem convencer o mundo de que ele é um produto com grande contribuição econômica, social e ambiental, e que o Brasil vai ser, seguramente, um país produtor e exportador. Que Deus nos ajude e que nos dê boas ideias.
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Opiniões With respect to competitiveness, what I learned is that when the sales price cannot increase, costs must decrease. We work night and day to reduce our costs. Even if the pricing policy of gasoline in the domestic market is irrational, it is a reality, and one has to live with that. We need to find different mechanisms to improve our competitiveness. We cannot allow a regression. We must combine cost competitiveness with high sustainability. With respect to labor, we are close to the capacity limit for educating and training people to stay in synchronization with this growth process. All the companies that have tried to grow have faced difficulties in finding people, not to mention qualified and trained people. I dare say, considering the risk this entails, what I consider to be my view of our strategic agenda. The first item is that we have to redeem the role of bioenergy, ethanol, electric power from biomass, and of sugar, in the context of a Brazilian political strategy. If it is not clear in the heads and hearts of public policymakers that this is the core of a national political strategy agenda, then all discussions will be frustrated. I believe we have lost, and need to again find, the interlocution at the right level of opportunity for Brazil’s agroenergy industry and for the country’s insertion in regions like Africa and Latin America, and in a subsequent moment, in developed countries. The second item relates to a competitive technology and innovation platform. At the current time, we are faced with an identity crisis among technology developers in Brazil. CTC is experiencing a phase of introspection and strategic rethinking, but will certainly again be the driving force of research and development in Brazil, but the fact is that the Americans and Europeans have progressed at greater speed and we have lost the lead role we have always played in sugarcane agriculture and the development of fermentative processes. We must pay more attention to a structured national and sectoral program to train people in the required quantities and qualities. We have faced difficulties in finding people, training them, inserting them into the labor market and retaining them, because the market is very much heated up, so that without competent professionals it is impossible to stand out and make a difference. We must make sure the Brazilian capital goods industry remains competitive. This is one of the few industries that is knowledgeable of the entire business cycle, so I believe the government and the BNDES have to be active in reinforcing the capital structure, because the industry will need both as important allies in this issue. We must again be competitive as concerning investments. The investment needed per ton of sugarcane is already at US$150, 50% above the figure of four years ago. Something is fundamentally wrong and will be a barrier for growth. I conclude by saying that notwithstanding the domestic potential, and albeit the difficulties, we have continued to work in an almost obsessive manner to open international markets. We cannot think of ethanol as a global product without convincing the world that it is a product with a high economic, social and environmental contribution, and that Brazil will certainly be a producing and exporting country. May we be blessed by God and may He give all of us good ideas.
O futuro da terra está sendo construído
por muita gente. E a Syngenta completa: potencializando cada hectare. O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, respondendo por mais de um terço dos empregos do País e por 25% de seu PIB (Produto Interno Bruto). Na última década, o setor de agronegócio registrou uma grande evolução, e nós da Syngenta nos orgulhamos de ter contribuído significativamente para seus bons resultados. A produção e a produtividade de nossa agricultura cresceram sem que a área plantada se expandisse na mesma proporção, um desempenho que só foi possível pela incorporação da tecnologia. Comparando o resultado da safra de 2001/2002, época em que a Syngenta foi fundada, com o de 2009/2010, pudemos constatar um incremento de produtividade de 30% – uma performance que nos coloca entre os protagonistas da solução da segurança alimentar global. É a Syngenta trazendo todo o potencial do seu trabalho para a expansão do agronegócio. Fontes: MAPA, MDIC, CONAB, IBGE, CNA, Cepea/USP.
© 2011 Syngenta International AG, Basileia, Suíça. Todos os direitos reservados. A identidade gráfica SYNGENTA e BRINGING PLANT POTENTIAL TO LIFE são marcas comerciais registradas do Grupo Syngenta. www.syngenta.com.br
agricultura e indústria
Opiniões
se houver horizonte e prazos,
cresceremos If there is a horizon and a schedule, we will grow
" Se o governo desejar ter uma participação maior de renováveis na matriz energética, existe uma vontade muito maior do empresariado, hoje capitalizado e estruturado, para fazer grandes investimentos. Vai existir uma vontade muito maior para pisar no acelerador. " Marcos Marinho Lutz Presidente da Cosan President of Cosan
No cenário em que nosso setor está inserido, muitos dizem que estamos na suíte presidencial do Titanic. Já é dado como certo que os Estados Unidos vão ter uma oscilação muito grande na economia, e as taxas do Japão vão subir por um período mais longo, fazendo o país pagar uma dívida gigantesca. A dúvida dos economistas é a Europa: se correr bem, ela apenas não vai crescer, mas existe um grande risco de que haja uma ruptura de crédito, numa situação muito pior que em 2008, pois, dessa vez, quem vai quebrar são os Bancos Centrais. Cada alemão, do recém-nascido ao idoso, já pagou 8 mil euros para a Grécia. Até o próximo ano, de eleição, provavelmente sejam uns 12 mil euros. Na hora em da Copersucar que o trabalhador que acordaPogeti cedo, trabalha o dia inteiro, ANP não tem um décimo dos benefícios que os gregos têmDir perceDirectNP ber que pagou 12 mil euros para o grego, um potencial problema político se instalou. No dia em que a Alemanha disser “eu não pago essa conta”, o problema já está instalado. Por isso precisamos ficar atentos. O governo brasileiro está atento e preocupado, como tem que estar. E ainda temos a China, que está andando um pouco pela lateral, voltada para esses mercados, que vão fazê-la desacelerar e tentar procurar mercados como o nosso. O cenário é complicado: os problemas de crédito nesses países de primeiro mundo, onde as pessoas investiam o dinheiro e as reservas, vão gerar uma pressão por entrada em países como o nosso, produtores de commodities, provocando um cenário de câmbios, provavelmente, bastante deflacionados, baratos, gerando crise para a manufatura brasileira. Hoje, a fabricante de brinquedos no Brasil já virou distribuidora de brinquedos. Praticamente, todos os setores de manufatura intensiva no País estão se transformando em importadores. Esse é um cenário grave. Por mais que tenhamos um mercado doméstico, passamos a ter problemas cambiais. Vamos ter um choque de demanda, e alguns poucos setores vão ter mercado para crescer. O nosso é um deles.
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In the scenario our industry faces, many are saying we are in the presidential suite of the Titanic. It is a given that the United States economy will face major fluctuations and that the rates in Japan will increase over a longer period, forcing the country to pay a huge debt. Economists are in doubt about Europe: if all goes well, it will only not grow, but there is a chance that there may be a credit crisis, in what would be a situation much worse than in 2008, because this time, it will be the Central Banks that will go bust. Each German, from newborns to the elderly, has already paid 8,000 Euros to Greece. Until next year, an election year, it will probably be about 12,000 Euros. When the worker who gets up early, works all day long, doesn’t have a tenth of the benefits the Greeks have, finds out that he or she paid the Greeks 12,000 Euros, a potential political problem will arise. The day Germany says “I won’t pay this bill”, the problem will already be in place. That is why we must be alert. The Brazilian government is alert and worried, and it should be. And then there is China, which is sort of striding alongside, focused on these markets that will make the country slow down and look for markets like ours. It is a complicated scenario: credit problems in first-world countries, in which people invested money and reserves, will build up pressure to enter into countries like ours, producers of commodities, bringing about adverse foreign exchange situations, with probably highly deflated and cheap currencies, resulting in a crisis for Brazilian industry. Nowadays, a Brazilian toy manufacturer has already become a toy distributor. Just about all intensive manufacturing sectors in the country are becoming importers. This is a very serious scenario. Regardless of whether there is a domestic market, we have started to face foreign exchange problems. We will face a demand shock and some few sectors will enjoy a growth market. Ours is one of them.
agricultura e indústria Poucos setores que empregam, que aquecem a economia, que fazem acontecer têm o mercado que nós temos. Porque, mesmo acontecendo tudo isso com China, Estados Unidos, Europa, ainda teremos um mercado de etanol relevante, dentro e fora do País; um mercado externo quase dependente do nosso açúcar. A questão é quanto a mais ou quanto a menos. O tema “petróleo” para uma economia mundial do tamanho que é hoje se resume a até quando o petróleo deixar de estar disponível ou ser o grande supridor de energia do mundo, ou, no mínimo, chegar a custos estratosféricos. A idade da pedra não acabou por falta de pedra. Então, não é preciso imaginar que vai acabar o petróleo, por isso vamos ter um período de biocombustível mais forte, e isso é bastante claro. A composição dos negócios da Cosan, atualmente, é a seguinte: A Cosan Açúcar e Álcool, com todas as suas plantas, tornou-se a Raizen Energia, responsável pela produção agrícola, açúcar, etanol e energia. A Raizen Combustíveis é a fusão da Esso e Shell, que, no Brasil, ao longo do tempo, permanecerá apenas com marca Shell. A Cosan Alimentos é um negócio de varejo, é um reprocessador de açúcar, empacotamento e distribuição. A Rumo é o braço de toda a operação de logística do grupo. A Radar é a administradora de terras de diversas culturas, das quais 30% são terra com cana. E a Cosan Lubrificantes, a marca Mobil, que neste negócio tem a associação com a Amyris. Entrando no assunto do etanol, começando pelo tamanho do mercado, para registro de comparação, o crescimento da demanda mundial por etanol, de 2003 para 2011, foi de praticamente três vezes mais. Juntos, Brasil e EUA consomem 77% de todo a produção mundial de etanol, que hoje representa um volume de mais de 100 bilhões de litros, dos quais 49% são oriundos de milho e 28%, de cana. Na produção mundial de etanol, o Brasil teve uma participação importante no crescimento, mas a produção dos Estados Unidos explodiu de novo, um país com planejamento estratégico bastante definido, com um programa nacional que arrumou a vida do produtor de milho americano que não tinha o que fazer com o milho. Construíram um parque fabril gigantesco, estabilizaram-se como o grande exportador do mundo, desbancando o Brasil da posição. Mas o Brasil também cresceu, mesmo considerando as nossas dificuldades de licença ambiental, financiamentos, etc., também tivemos uma explosão de crescimento, para nossos padrões, e chegamos a dobrar a capacidade de produção nesse período. Nos dados da moagem de cana-de-açúcar no Brasil, boa parte desse crescimento foi orientado pelo etanol. O açúcar tem o crescimento mais estável – apesar das oscilações de preço, a oscilação de demanda é quase inexistente. O etanol foi o grande vetor de crescimento do parque. Na safra chuvosa 2009-10, houve uma volta do mix para o açúcar e também uma dificuldade de moagem, muita cana bisada para o outro ano, etc. O fato é que houve um crescimento muito forte no País, que atacou o balanço médio das companhias, o endividamento do setor aumentou muito e tivemos prejuízos em boa parte das companhias, especialmente nas que estavam mais expostas ao etanol quando os preços do açúcar subiram e elas não puderam aproveitar-se do bom preço do açúcar para pagar suas dívidas. Houve um grande declínio dos projetos em decorrência de todo mundo ter ficado sem oxigênio. E, quando falta caixa, diminui-se brutalmente a capacidade de planejar e passa-se a fazer o que dá para fazer e não o que se quer fazer.
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Opiniões Few sectors that employ people, that drive the economy, that make things happen, have a market like we do. This is so because even with everything that is happening in China, the United States and Europe, we will still have a relevant ethanol market, inside and outside the country – a foreign market almost dependent on our sugar. The question is how much more or how much less. The theme oil, in a world economy the size it has today, boils down to the question of for how long oil will still be available, or the major source of energy for the world. At the least, it will reach stratospheric cost levels. The stone age did not end due to the lack of stones. So, one need not imagine that oil is going to end, and therefore there will be a more intensive biofuel age. This is quite clear. Cosan’s business activities currently comprise: Cosan Açúcar e Álcool, and all its plants, which has become Raizen Energia, and is responsible for production in agriculture, and of sugar, ethanol and energy. Raizen Combustíveis is the merger of Esso and Shell, which in Brazil, over time, will only keep the Shell brand. Cosan Alimentos is a retail business, a sugar processing, packing and distribution operation. Rumo is the Group’s logistics arm. Radar manages the land used for the several cultures, of which 30% represents land with sugarcane plantations. And then there is Cosan Lubrificantes, the Mobil brand, which partners with Amyris in this business. Now, speaking of ethanol, and starting out with the size of the market as a comparison, growth of world demand for ethanol practically tripled from 2003 to 2011. Brazil and the U.S.A. together consume 77% of the world’s ethanol production, which currently represents a volume of more than 100 billion liters, of which 49% come from corn and 28% from sugarcane. Brazil played an important role in world ethanol production’s growth, but production in the United States skyrocketed again, since the U.S. is a country with well-defined strategic planning and a nationwide program that brought the lives of U.S. corn planters, who didn’t know what to do with the corn, back on track. The Americans built up a gigantic industrial park and set themselves up as the world’s largest exporter, displacing Brazil from the lead position. But Brazil also grew, and even considering our difficulties with environmental licensing, financing, etc., we also enjoyed explosive growth measured by our standards, having doubled the production capacity in this period. In the data on sugarcane crushing in Brazil, a considerable portion of this growth was contributed by ethanol. Sugar has more stable growth, notwithstanding price oscillations and the fact that demand variations are almost non-existent. Ethanol was the major factor behind the growth of the industrial park. In the rainy harvest of 2009-10, a change in product mix favoring sugar took place, along with difficulties in crushing, and a lot of cane carried over to the next harvest, etc. The fact is that the country experienced strong growth, affecting companies’ average balance sheet, with the industry’s debt increasing considerably, and a significant number of companies incurring in losses, especially those more exposed to ethanol when sugar prices increased and they could not take advantage of the favorable sugar price to pay their debt. As a result, there was a decrease in the number of projects, since everybody ran short on availabilities. When one runs low on cash, the capacity to plan decreases dramatically, so one usually does what can be done, rather than what one wants to do.
agricultura e indústria Para termos uma ideia do nível de preços que estamos vivendo hoje, devemos observar que, anos antes, era um momento de um setor menos alavancado, pronto para crescer e que tinha um alinhamento em relação à parte regulatória. Não existiam grandes dúvidas a respeito do que acontecia, de qual seria a regra do jogo. E, então, veio o boom que criou um mercado irreal, porque eu não acho que o etanol é produto correto para se queimar em qualquer lugar. Ele tem alguns mercados, ele é complementar à gasolina. Agora, o etanol hidratado é um produto que tem alguns mercados a que ele precisa atender. Quando se tem excesso de oferta, entra-se em outros mercados. Já vivemos isso e já reclamamos do preço por causa disso. O preço baixo trazia um mercado adicional. Temos um potencial de queima de quase 3 bilhões de litros todo ano. Então, é necessário ter um nível de preço correto, sem esquecer o Plano Governamental. É preciso haver uma meta para ajustar a quantidade de combustível fóssil versus combustível renovável que se quer no País no longo prazo. Se o governo desejar ter uma participação maior de renováveis na matriz energética, existe uma vontade muito maior do empresariado, hoje capitalizado e estruturado, para fazer grandes investimentos. Vai existir uma vontade muito maior para pisar no acelerador. O importante é saber quais são os planos do governo, precisamos entendê-los e planejar em cima deles, senão acaba o oxigênio, senão, no meio do caminho, nós começamos a sair do processo, dos planejamentos e a fazer as coisas que dão para fazer e não as que devem ser feitas. No final da história, temos a exportação e o consumo interno. O Brasil montou um esquema fantástico, que não existe em nenhum lugar do mundo, que consegue ajustar oferta e demanda, com mecanismos dignos de mercado de preço, sem desabastecimento, sem grandes rupturas. Se tiver planejamento, vão acabar as oscilações maiores. Nosso sistema é muito inteligente, é absolutamente flexível, do produtor até o consumidor final, passando pela logística, pela distribuição, pelo dono do posto, por tudo. Nenhum outro país do mundo tem essa capacidade. Muitos países têm desejo de colocar um programa de biocombustível mais forte, os próprios EUA quiseram colocar o E-85 e, até hoje, têm uma fração mínima de sistema logístico para oferecer um segundo combustível ao cidadão americano, apesar de eles já terem mais carros flex que o Brasil. Acabamos nos estruturando por diversos percursos, com o Proálcool, segundo choque, etc, e, hoje, o País tem uma matriz que consegue se adaptar a essas volatilidades, sem desabastecer e dando duas opções ao consumidor, uma alternativa mais barata, que representou alguns bilhões de reais para o seu bolso, além das externalidades que o combustível verde traz. Quando se volta a níveis normais de consumo, aí sim temos, a partir deste ano, um crescimento de 2 bilhões de litros – que é quase só o estado de São Paulo –, com a renovação de frota. A esse sim vai ser difícil não atender. Embora o cenário de futuro seja difícil para o País, para o setor é muito promissor. O setor dará ao País a oportunidade de conseguir ter um bolsão de crescimento, geração de empregos, etc., porque, mesmo com a demanda do jeito que vai estar nos tempos futuros, os grandes grupos estão absolutamente estruturados para replantar os canaviais e retomar o crescimento. Isso significa entender o que vai ser o marco regulatório ou a alteração que efetivamente acontecerá. Se apenas houver horizonte e prazos, teremos o cenário para que possamos voltar a crescer, porque acho que o resto nós temos, praticamente tudo.
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Opiniões To have an idea of the price level we see today, one should note that years ago the industry experienced a less leveraged situation, was poised for growth and was aligned in terms of regulatory requirements. There were no major questions with respect to the reality one was experiencing, and no doubt as to what the rule of the game would be. Then came the boom that created an unrealistic market, because I do not think ethanol is the right product to just be burned everywhere. It has some markets, and it complements gasoline. But hydrated ethanol is a product that has some markets it must supply to. When there is excess supply, one enters other markets. We have seen this before, and because of this we complained about the price. The low price would provide an additional market. We have additional potential to burn almost 3 billion liters every year. So, the right price level is necessary, not to forget the government plan. One must have a target to adjust the quantity of fossil fuel to the renewable fuel one wants in the country in the long term. If the government wants more participation of renewable fuel in the energy matrix, the will of the business community, nowadays capitalized and structured to make large investments, is much bigger. There will be an even bigger will to step on the accelerator. It is important to know what the government plans are. We need to understand them and plan based on them, otherwise we will run out of oxygen and halfway down the road, start to abandon the process and the plans, and to do things that can be done, rather than those that should be done. In the end, we are left with exports and domestic consumption. Brazil has set up a fantastic scheme that exists nowhere else in the world, able to match supply and demand, with market price mechanisms, avoiding the lack of supply, and without major market disruptions. If there is planning, large fluctuations will not occur. Ours is a very smart system, it is totally flexible, from producer to end consumer, including logistics, distribution, the fuel station owner, in short, everything. No other country in the world has this capacity. Many countries are keen on setting up a more ambitious biofuel program. Even the U.S.A. wants to introduce E-85, but to date has a minimal logistics system to offer U.S. citizens a second fuel, although the country already has more flex cars than Brazil. We ended up getting organized in different ways, such as via the “Proálcool” program, second shock, etc., and today the country has a matrix that can adapt to such volatilities, without supply shortages, while providing the consumer two options – a cheaper alternative, which burdened your pocket to the extent of several billion reais, along with the externalities this green fuel entails. When one goes back to normal consumption levels, then indeed one will have, starting this year, a 2 billion liter growth, which is almost only in the State of São Paulo, due to the renewal of the fleet. This demand will in fact be difficult to not meet. Albeit the country’s difficult outlook to the future, for the industry it is highly promising. The industry will provide the country the opportunity to experience a growth period, to generate jobs, etc., because, if with demand as it will be in the future, the large groups are totally structured to renew the plantations and return to growth. This means understanding what the regulatory parameter will be, or the change that will actually take place. If there will only be a horizon and deadlines, we will face a scenario in which we can again grow, given that in my view we already have all the rest.
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agricultura e indústria
Opiniões
nós vamos ter que pedir para
parar de se investir We will have to ask to stop investments
Nos últimos meses – e com frequência cada vez maior –, temos visto manchetes, nos jornais, muito ruins sobre o setor sucroenergético. Acho que se está olhando para a parte vazia do copo. Ocorre que, nesse caso, a parte cheia é muito maior. Minha intenção é fazer um exercício olhando para uma agenda positiva do setor, que, por ser simples, merece ser mais bem detalhada: basta valorizar o que nós já fizemos, que é muito maior do que aquilo que se tem por fazer. Basta olhar para a parte cheia do copo. Um premissa importante é que o produtor de nosso setor tem uma vocação para crescimento. Até 2008, tínhamos como história comum primeiro investir e depois procurar o mercado, e, não raras vezes, investiu-se até demais, trazendo consequências para os preços dos produtos, devido à produção excedente.
In recent months – and ever more frequently –, we have seen very bad headlines in the newspapers about the sugar-based energy industry. I think one is looking at the empty part of the glass. Actually, what happens is that in this case, the full part of the glass is much bigger. My intention is to do an exercise looking at a positive agenda for the industry, and since it is simple, it should be better detailed: all that is necessary is to value what we have already accomplished, which is a lot more than what still has to be done. All one needs to do is look at the empty part of the glass. An important pre-condition is that the producer in our industry has a vocation for growth. Until 2008, the history we shared was to first invest and then to look for the market and, not rarely, one even invested excessively, with consequences for product prices due to excessive production.
" Gostamos de investir, queremos investir sempre. Prova disso é que, em cinco anos, dobramos a produção e investimos US$ 50 bilhões nesse movimento. Ora, quem não quer, não gosta ou tem medo de empreender não investe tanto dinheiro em um prazo tão curto. " Luís Roberto Pogetti Presidente do Conselho da Copersucar Chairman of the Board of Copersucar
Gostamos de investir, queremos investir sempre. Prova disso é que, em cinco anos, dobramos a produção e investimos US$ 50 bilhões nesse movimento. Ora, quem não quer, não gosta ou tem medo de empreender não investe tanto dinheiro em um prazo tão curto. Por que paramos de investir? Em 2008, a crise financeira abalou a estrutura de capitais da maioria das empresas brasileiras e, no caso específico do nosso setor, em processo de alavancagem elevada por conta de um mercado futuro que estava por vir. De 2008 para cá, pela falta de recursos, o grande foco não foi a expansão, mas sim a reorganização do negócio, a reorientação, a readequação. Era hora de arrumar a casa. Vivemos, então, um suspiro econômico e financeiro depois de um processo muito agressivo de crescimento.
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We like to invest, we always want to invest. Proof of this is that in five years we doubled the production and invested 50 billion dollars in this endeavor. But, whoever does not want to, does not like to, or is afraid of being an entrepreneur, does not invest so much money in such a short time. Why did we stop investing? In 2008, the financial crisis adversely impacted the capital structure of most Brazilian companies and, in the specific case of our industry, was highly leveraged due to the future market that was expected to come about. Since 2008, due to the lack of funds, the major focus has not been on expansion, but rather, on the reorganization of the business, on setting it right. It was time to organize the household. That was when we experienced economic and financial relief, following a highly aggressive growth process.
agricultura e indústria No que diz respeito ao canavial, também pela falta de recursos, não houve expansão nem renovação nesse período, e, assim, hoje, o canavial está envelhecido. Ainda estamos colhendo o fruto da dificuldade financeira de 2008. Além disso, o clima não ajudou. Tivemos três anos, incluindo este, bastante atípicos. Em 2009-10, excesso de chuvas. Na safra 2010-11, tivemos seca e uma produtividade abaixo do que se esperava. E, nesta safra 2011-12, fruto da cana envelhecida e de geadas não comum no setor, temos uma estimativa de produtividade média de 71 toneladas/hectare, a mais baixa média da década. As 48 usinas que compõem a Copersucar têm uma capacidade de moagem de 115 milhões de toneladas de cana, 22% da produção do Centro-Sul. Começamos a safra com uma estimativa de moagem entre 102 e 105 milhões, entretanto vamos moer apenas 91 milhões de toneladas. Temos, então, 24 milhões de toneladas de crescimento possível em relação aos números desta safra. Basta que o canavial volte a ser produtivo. Fizemos um mapeamento para saber qual era o plano de investimento até 2015, e, em 95% de nossas usinas, o crescimento virá da expansão daquele investimento em greenfield que era modular. E é um investimento que custa cerca de 50% de um greenfield e será da ordem de 31 milhões de toneladas de cana. Teremos que investir em cana, o equivalente a 50% do greenfield. Então, podemos sair dos 91 para 146 milhões de toneladas de cana, cuidando do canavial e investindo em uma parcela de cerca de 25%, apenas em 50% de um novo greenfield. Por que nós podemos fazer isso? Porque parte desse investimento já foi feito e devemos assim agir porque o mercado é firme e forte. Não fazer significa que o investimento de 50%, que já foi feito, está ocioso e não está remunerando o capital já colocado na usina. Se nós extrapolarmos esse raciocínio para o Centro-Sul, com uma capacidade atual de moagem de 500 milhões de toneladas de cana, passaremos para 620 milhões de toneladas. Ou seja, temos 120 milhões de toneladas de oportunidade de crescimento de produção só por conta de trabalharmos o canavial. Com esse mesmo raciocínio, poderemos moer, em cinco anos, o equivalente a 790 milhões de toneladas de cana. Isso representa sair dos 32% de atendimento da frota flex nesta safra, para 45%, de fato, ainda distante dos 60% a que já chegamos. Nós não podemos achar é que o carro a álcool – hoje na figura do flex – vai acabar. O carro flex é uma conquista da sociedade brasileira. É uma flexibilidade que só o Brasil tem e que todo mundo quer ter. Então, se o Brasil conquistou isso, como podemos admitir uma manchete de jornal dizendo que o carro a álcool pode acabar? Ele sim permite que se tenha o arbítrio da escolha do combustível. Ter 45% do mercado representa atender a uma demanda da ordem de 47 bilhões de litros. Considerando R$ 1 por litro, estamos falando de um mercado de 47 bilhões de reais. Faz sentido um esforço para atender a um mercado desse tamanho? Qual é o principal obstáculo? É custo. Os preços deflacionados do setor não subiram, mas o custo subiu muito. Então, os prejuízos apareceram. O custo subiu quase 40%, em cinco anos, por conta da mão de obra, gastos sociais, ambientais, em mecanização, neste caso, redundando em produtividade. Só que a produtividade ainda não chegou, e, enquanto ela apenas tende a chegar, esbarramos na dificuldade de justificar os planos de investimento.
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Opiniões With respect to sugarcane plantations, and also due to the lack of funds, no expansion or renovation took place in this period, so that today the plantations are old. We are still harvesting the difficulties of the 2008 financial crisis. In addition, the climate did us no good. Three years, including the current one, were quite unusual. In 2009-10 excessive rain. In the 2010-11 harvest, we had a drought and productivity below expectations. In the current 2011-12 harvest, affected by old sugarcane and frost so unlikely in this industry, we are at a projected average productivity of 71 tons/hectare, the lowest in a decade. The 48 plants that comprise Copersucar have a crushing capacity of 115 million tons of sugarcane, 22% of the CenterSouth region’s production. We started the harvest with a crushing estimate between 102 and 105, but we will actually only crush 91 million tons. So, we have 24 million tons of possible growth in relation to the figures on the current harvest. All it takes is for the plantations to become productive again. We drew a map to know what the investment plan would be until 2015, and in 95% of our plants, growth will come from the expansion of investments in greenfield projects, which were modular. This is an investment that costs about 50% of that of a greenfield project, but will be for about 31 million tons of sugarcane. We will have to invest the equivalent of 50% of a greenfield project in sugarcane. Thus, we will be able to leave the 91 million tons of sugarcane level and reach 146 million tons, taking care of the plantations, while investing some 35% in only 50% of a new greenfield project. Why would we do that? Because a part of this investment has already been made and we ought to proceed in that manner because the market stands firm and strong. Not to do this means the 50% investment that has already been made is idle and will bring no financial returns on the capital already invested in the plant. If we extrapolate this line of thought to the Center-South region, with a current crushing capacity of 500 million tons of sugarcane, we will reach 620 million tons, i.e., we have 120 million tons of production growth opportunity on account alone of working the plantations. Apply the same reasoning and we could be crushing the equivalent of 790 million tons of sugarcane in five years. This means leaving the 32% attendance of the flex vehicle fleet in the current harvest, to reach 45%, but still far from the 60% level we once reached. We should not think that it is the ethanol-driven car – today represented by flex cars – that will become extinct. The flex car is an achievement of Brazilian society. It is flexibility only Brazil has, but everybody else wants to have. So, if Brazil achieved this, how can we admit newspaper headlines stating that an ethanol-driven car will become extinct? This is the car that provides us the choice among fuels. To have 45% of the market means servicing a demand in the magnitude of 47 billion liters. At R$ 1.00 per liter, we are talking about a market of R$ 47 billion. Is the effort of servicing a market this size worthwhile? What is the main obstacle? It is cost. The industry’s deflated prices did not increase, but costs increased a lot. That was when losses were incurred. Costs increased almost 40% in five years, due to labor, social and environmental expenditures, mechanization, which in this case resulted in productivity. However, productivity has yet to be attained, so until it is, we are faced with the difficulty of justifying investment plans.
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agricultura e indústria Cabe aqui um esforço conjunto, não basta achar que o governo vai resolver o nosso problema. Nós temos que abrir essa conversa de forma adulta e madura, com confiança recíproca para buscar uma solução de interesse comum. O etanol não é um negócio de interesse só do setor sucroenergético, é algo que envolve a vocação do País. Nós estamos falando de um negócio que gera divisas, que representa um PIB de 48 bilhões de dólares, que emprega diretamente 1,5 milhão de pessoas. Se considerarmos o emprego indireto, – pelas características da atividade que exercemos –, deve superar 15 milhões de pessoas. Falamos, portanto, de um negócio de interesse do País. E a solução não é única, não é mágica, precisamos atuar em várias frentes, e, no âmbito fiscal-tributário, o ICMS é o melhor exemplo. É necessário o estabelecimento da igualdade de tratamento entre os estados. O estado de São Paulo saiu na frente, em vanguarda absoluta em relação aos demais estados, e isso ampliou o mercado de etanol no nosso setor. Ainda no âmbito fiscal-tributário, cabe reconhecer o direito à devolução para o etanol de parte da externalidade positiva que ele cria para o meio ambiente e a saúde pública. Ora, se um produto cria economia para o estado, para o meio ambiente e a saúde pública, é legítimo que pelo menos parte da economia gerada seja devolvida ao produto. No âmbito de fomento e desenvolvimento, dispor de linhas de créditos adequados, por exemplo, financiamentos racionais, em harmonia com a sua capacidade, com prazos de pagamentos condizentes com os prazos de retorno dos investimentos. No que se refere ao foco de fomento tecnológico, aí cabe uma promoção do CTC, que tem, hoje, um projeto do etanol celulósico que é complementar à estrutura da produção instalada. Portanto, não é uma planta concorrente, mas um processo complementar à estrutura existente, que pode ampliar em 30% a capacidade de produção do etanol. Esse projeto já está em estágio de planta de demonstração comercial, e seus custos são competitivos, bastante próximos dos custos do etanol de primeira geração. Com um pouco de esforço, nós já estamos falando de um ganho de 30% de produtividade, que pode acontecer nos próximos três anos, dependendo exclusivamente do foco que venhamos a dar. Nesse cenário todo, um fato que merece atenção e cuidado é o planejamento das políticas públicas; num cenário institucional do setor, é o de definir qual exatamente é o papel efetivo do etanol na matriz energética do Brasil no longo prazo. Finalizando, eu não tenho dúvida de que, se retomarmos a viabilidade, a competitividade do etanol, nós vamos ter que pedir para parar de se investir, pedir para parar de expandir, porque a vocação de empreendedor no setor existe de forma latente, porque a demanda é firme, consistente e presente. O conhecimento do negócio existe, é plenamente dominado, provas disso são este Fórum Internacional sobre o Futuro do Etanol e as feiras – Fenasucro e Agrocana – de Sertãozinho. E, como fator de destaque nisso tudo, precisamos dizer que os recursos naturais do nosso País dão um show de bola em relação ao mundo. Temos todos os recursos naturais importantes disponíveis, em condições absolutamente sustentáveis. Concluo observando que é realmente necessário mostrar para a sociedade que a parte cheia do copo é muito maior que a vazia. Temos que arregaçar as mangas e trabalhar para continuar levando o etanol para o lugar que ele merece estar, no que diz respeito ao País e ao setor sucroenergético.
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Opiniões At this point, a joint effort should be undertaken. It does not suffice to think the government will solve our problem. We need to open this debate in an adult and mature manner, built on mutual trust to look for the solution of common interest. Ethanol is not only a business of interest for the sugar-based energy industry. It has to do with the country’s vocation. We are talking about a business that generates foreign currency, that represents a GDP of US$ 48 billion, and that directly employs 1.5 million people. If we take into account the indirect jobs it creates – given the characteristics of our activity –, it employs in excess of 15 million people. So, therefore, we are talking about a business of interest for the country. There is no single solution, it is not a magical solution, we must act on several fronts, in terms of fiscal and tax considerations, of which the “ICMS” tax is the best example. Equal treatment among States needs to be achieved. The State of São Paulo played the lead role, was the absolute pioneer among all States, thereby increasing the ethanol market for our industry. Still on the fiscal and tax topic, one should acknowledge ethanol’s right to a partial refund in light of the positive externality it brings about for the environment and public health. This is fully legitimate when a product creates savings for a State, for the environment, and for public health. In the context of stimuli and development, one must have available adequate credit lines, for example, well structured loans in synchronization with capacity, and payment terms compatible with the return on investment periods. As concerning the focus on technological incentives, this is where promoting the “CTC” comes into place. Nowadays, the “CTC” has a cellulosic ethanol project that is complementary to the installed production structure. Thus, it is not a competing plant, but rather, a complementary process in relation to the existing structure, which may increase the ethanol production capacity by 30%. This project is already in the commercial demo phase and its costs are competitive, quite close to first generation ethanol costs. With some effort, we are already talking about gains in productivity of 30%, which may occur in the next three years, depending only on the focus we will have. In this whole scenario, there is a fact that requires attention and care, which is the planning of public policies within the industry’s institutional scenario, specifying what exactly will be the actual role of ethanol in Brazil’s energy matrix in the long term. In short, there is no doubt in my mind that if one again achieves feasibility, ethanol’s competitiveness, we will have to ask people to stop investing, ask them to stop expansion, because the industry’s vocation for entrepreneurism exists in latent form, given that demand is firm, consistent and current. Business know-how exists, it is fully understood, and proof hereof is this International Forum on the Future of Ethanol and the Fenasucro and Agrocana trade fairs, here in Sertãozinho. Emphasis should be laid on one important factor, and that is to say that our country’s natural resources stand out in the international context. We have all of them available, under totally sustainable conditions. I conclude by observing that it is really necessary to show society that the full part of the glass is much bigger than the empty one. We must roll up our sleeves and make all efforts to bring ethanol to the place it deserves to be in, as related to the country and the sugar-based energy industry.
agricultura e indústria
Opiniões
passado, presente e futuro do
etanol
Past, present and future of ethanol
Na inauguração da Usina São José, o Ministro Lobão, falando sobre o Proálcool, descreveu as maravilhas que o etanol, como programa, trouxe e traz para o País e hoje se dispõe a atender a todos os países do mundo. Lembrei-me, naquele momento, de um trabalho que foi entregue ao então Presidente Geisel chamado “Fotossíntese como Fonte Energética”. Ao contrário do que se pensa, o Proálcool foi um programa que nasceu do pessoal do petróleo e não da cana. Ele começou de um movimento que surgiu em 1973, através da Associgás – a Associação das Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo, que, na época, tinha o Dr. Lamartine Navarro como vice-presidente.
At the inauguration of Usina São José, Minister Lobão, talking about the “Proálcool” (the Brazilian National Alcohol Program), described the wonders that ethanol, as a program, had accomplished for the country (and still does), now being in a position to cater to all countries of the world. On that occasion, I remembered a study that was handed over to then President Geisel, called “Photosynthesis as a Source of Energy”. Contrary to common belief, “Proálcool” was a program launched by the oil guys rather than the sugarcane folks. It began as a movement in 1973, through Associgás – the Association of Liquefied Petroleum Gas Distributors that, at the time, had Dr. Lamartine Navarro as vice-president.
" as estiana-de-açúcar "
" o atual Ministro da Agricultura confessou que não conhece absolutamente nada de agricultura. Então, que se pare com essas nomeações políticas "
Maurílio Biagi Filho Conselheiro da Bioenergética Aroeira Member of the Board of Bioenergética Aroeira
Mais precisamente, foi o seguinte: Preocupado em preservar as principais metas do 2o Plano Nacional de Desenvolvimento, conter a inflação, manter o crescimento acelerado e conservar o equilíbrio do balanço de pagamentos, o general Ernesto Geisel, ainda na condição de futuro presidente da República, solicitou ao então diretor comercial da Petrobrás e futuro ministro das Minas e Energia, Shigeaki Ueki, que consultasse o setor privado sobre a questão. Ueki entrou em contato com o Dr. Lamartine, solicitando que estudasse a utilização de fontes não convencionais de energia para fornecer subsídios ao novo governo. A Associgás se transformou no fórum de debates sobre a crise do petróleo, sob a coordenação do Dr. Lamartine, que contava com
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In detail, this is what happened: Concerned about achieving the main objectives of the 2nd National Development Plan, controlling inflation, upholding accelerated growth and keeping the balance of payments in check, General Ernesto Geisel, at the time still the future president of Brazil, asked the then commercial director of Petrobras and future minister of Mines and Energy, to confer with the private sector on the issue. Shigeaki Ueki contacted Dr. Lamartine, asking him to study the use of unconventional energy sources, to provide the new government with subsidies. “Associgás” became a discussion forum for the oil crisis, under the coordination of Dr. Lamartine, who was assisted by engineer Cícero Junqueira Franco, a renowned
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agricultura e indústria a colaboração do engenheiro Cícero Junqueira Franco, grande especialista em tecnologia de produção de álcool, de alguns acadêmicos e com os empresários Maurílio Biagi – meu pai –, Orlando Ometto, Renato Barbosa, das Usina da Barra, Nova América, Santa Elisa e da Zanini. A conclusão do grupo resultou no documento intitulado “Fotossíntese como fonte de energia”, entregue ao Conselho Nacional de Petróleo em março de 1974, que se tornaria a semente do Programa Nacional do Álcool - Proálcool. Nós temos um passado da cana, o Brasil foi colonizado com cana, tem todas as mazelas da cana, os senhores de engenho, os usineiros, depois veio a época dos IPO (abertura de ações do mercado de capitais). Agora, o que nos importa é saber qual é o presente e o futuro da cana. O presente da cana é uma fase de transição, é um modelo que se esgotou, em 2008. Estamos vivendo, agora, o terceiro período, que é a entrada em cena dos novos players, representado, por exemplo, por empreiteiras como a Odebrecht. Estão presentes neste fórum, especificamente sentados nesta mesa de debate, 300 milhões de toneladas de cana, mais da metade da cana brasileira. Vejam a importância que este fórum, como evento, alcançou. Mas não está sentada aqui a Presidenta Dilma. E isso acontece porque, até agora, não conseguimos desenvolver um bom relacionamento com o Governo Federal. Precisamos pensar sobre isso. Política é relacionamento, política é uma coisa um pouco diferente do que nós, produtores, sabemos fazer. Nós sabemos produzir, e bem. Mas não sabemos fazer política. Está provado aqui. Com o governo do estado de São Paulo, as coisas têm se conduzido de forma diferente. Dias atrás, estava no Palácio dos Bandeirantes, e o Governador passou e me chamou, perguntou-me como estavam as coisas. Eu falei: “Governador, está acontecendo isso, isso e isso”, e ele pegou o telefone na hora, ligou para o Marcos Jank, presidente da Unica e resolveu o assunto na hora, simples quanto isso. O Presidente Lula foi o máximo. Ressalta-se que o barco da cana interessava para ele. Ele tinha um programa que, agora, é capaz de a gente conseguir realizar, de integrar as Américas, desde o México, com cana. Esse era o sonho dele. Com exceção do Chile, todos os outros países têm cana. Ele tentou, com empenho, fazer isso. Todo governo precisa trabalhar suas prioridades. Penso que não seja o momento para se lançar o trem-bala. Mais adequado seria lançar 100 novas destilarias de etanol, ou dar condições para que isso pudesse ser feito por nós. Está começando a haver esse movimento de repugnação pela corrupção. A sociedade brasileira já não admite mais que isso continue existindo. As coisas ficavam embaixo do tapete, mas agora não ficam mais. Precisamos estar mais próximos para sugerir. Para ajudar. Precisamos saber o que o Governo Federal pensa a nosso respeito, sabemos apenas pelos jornais. Precisamos conquistar esse espaço. Agora, esse futuro é a fase das petroleiras. Estamos vivendo um momento excelente do setor. Não há crise alguma. Temos preços excelentes, todo mundo está ganhando dinheiro, o que, então, está nos segurando para que avançemos mais? Por que todo mundo não está investindo? Porque nós não conseguimos enxergar longe, tanto faz o preço do petróleo estar a US$ 30/barril como a US$ 150, que o preço da gasolina será o mesmo. Se for anualizado, o lucro da Petrobras, neste semestre, daria para comprar 50 usinas.
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Opiniões expert in ethanol production technology, by some people of academy, and the entrepreneurs Maurílio Biagi – my father –, Orlando Ometto, and Renato Barbosa, from Usina da Barra, Nova América, Santa Elisa and Zanini. The conclusion reached by the group resulted in the document called “Photosynthesis as a Source of Energy”, which was delivered to the National Oil Council in March 1974 and became the starting point of “Proálcool”. Brazil was colonized with sugarcane, we have a history in sugarcane, with all the ingredients such as the mishaps, the plantation owners, the sugarcane mill owners, then came the “age of IPOs” (initial public offerings of stock), and now what is important is to know what the present and the future of sugarcane entail. Sugarcane’s present is a transition phase, it is a model worn out in 2008. We are now experiencing the third period, the entry on stage of new players, for instance, construction company Odebrecht. At this Forum, sitting right here in this discussion round, are players representing 300 million tons of sugarcane, more than half the Brazilian sugarcane output. See the importance this Forum, as an event, has achieved. However, President Dilma Rousseff is not sitting here. This is so because until now we have not been able to establish a good relationship with the federal government. We must think about this. Politics means relationships, politics is something slightly different from what we producers know how to do. We know how to produce, and well at that. We don’t know how to do politics. This is proven here. With the State of São Paulo, things have developed differently. A few days ago, I was at the governor’s palace when the governor walked by and called me, asking how things were. I said: “Governor, what’s happening is this, this and that”. He immediately took the phone and called Marcos Jank, president of UNICA and settled the matter then and there. As simple as that. President Lula did a great job. Obviously, sugarcane was a theme of interest to him. He had a program that we might be able to implement now, which is the integration of the Americas, starting in Mexico, via sugarcane. This was his dream. Except for Chile, all the other countries have sugarcane. He really tried hard to accomplish this. Every government must work its priorities. I don’t think the time is right to launch the highspeed train. More appropriate would be to launch 100 new ethanol distilleries, or to set the stage for us to do that. We are beginning to see a movement rejecting corruption. Brazilian society no longer tolerates this. Things were swept under the carpet, but not anymore. We have to be closer, to be able to make suggestions. To help. We need to know what the federal government thinks of us. We only know this from reading the newspapers. We need to occupy this space. The future is the era of the oil companies. We are seeing an excellent phase in the industry. There is no crisis. Prices are excellent, everybody is making money, so what is holding us back from progressing even more? Why isn’t everybody investing? Because we cannot see ahead. Regardless of whether the oil price is at US$ 30/barrel or at US$ 150, the gasoline price will be the same. If one would annualize Petrobras’ profit in this semester, it would suffice to purchase some 50 plants.
agricultura e indústria Com o lucro da Exxon de quatro anos atrás, daria para comprar o parque industrial brasileiro inteirinho. Nós estamos falando de um negócio pobre que se chama etanol, quando você compara com o rico negócio que chama petróleo. É outro mundo. Nós precisamos pensar nisso. A Cosan comprou a Esso; eles agora estão vendo que existem dois pesos e uma medida. Porque é muito diferente a rentabilidade. O Grupo Odebrecht está vendo agora o que é a rentabilidade do setor do etanol e o que é a rentabilidade do resto do grupo, que mantém esse setor. Então, nós precisamos fazer uma análise se essa é a ponderação ou se estou sendo exagerado. Acho que precisamos, agora, de um senso de realismo para dar esse salto. Qual é o senso de realismo? Eu até brinquei com o William, Editor da revista Opiniões, outro dia, sobre a minha opinião a respeito desse assunto. Escrevi um artigo para a revista sobre o que penso sobre isso, está lá. Leia esse artigo na revista (ou no site www.RevistaOpinioes.com.br). Participei, desde o início, da construção desse programa do Proálcool como fonte energética, fiz peregrinações por esse Brasil inteiro junto com meu irmão Luiz Biagi, que foi um pioneiro, juntamente com o Lamartine Navarro, desse programa, e participei de reuniões como as que estamos fazendo com pecuaristas e dizendo “gente, isso aqui é fantástico, gente, isso aqui é ótimo para o Brasil, gente, isso aqui é o combustível verde e amarelo”. A Petrobras produzia muito pouco petróleo, e a primeira grande revolução que o programa trouxe foi fazer a Petrobras aumentar, e muito, a produção de óleo. Esse foi o primeiro efeito positivo do Programa Nacional do Álcool, muito pouca gente sabe. Então, um erro nosso foi sempre dizer que nós competíamos com o petróleo. Nós somos aditivo de um dos subprodutos do petróleo, que se chama gasolina. Somos muito importantes. Nós podemos ser 10% do aditivo de toda a gasolina do mundo. O único país que tem e pode manter esse modelo chama-se Brasil. Por isso é que nós precisamos ir devagar, apresentar-nos devagar e fazer Brasília entender. Sempre brinquei dizendo que a gente dá mais importância para Washington do que para Brasília. Temos, hoje, um déficit de 10 bilhões de litros de etanol. Temos 3 bilhões de litros por ano de aumento de consumo. Nós podemos trabalhar muito, precisamos de muito capital, nós precisamos de 200 novos greenfields para fazer isso voltar a ter a produção necessária. Por outro lado, precisamos pensar um pouco que todo esse programa foi financiado pelo açúcar. Sem o açúcar, nós não estaríamos aqui hoje. Quando montamos as 170 destilarias por ocasião do Proálcool, eram apenas destilarias. Depois de alguns anos, todas elas estavam produzindo açúcar. As destilarias autônomas não se mantinham se não tivesse o açúcar para dar garantia. E isso continua mais ou menos válido até hoje. O atual Ministro da Agricultura confessou que não conhece absolutamente nada de agricultura. Então, que se pare com essas nomeações políticas. Diferentemente, age nosso governador, que faz nomeação técnica, que vai buscar alguém que é do ramo, que conhece. São essas reflexões que eu queria deixar aqui para nós todos, para que possamos pensar um pouco por que o Presidente Lula fez uso da cana para mostrar o Brasil, como uma coisa importante que nós tínhamos. Foi a um monte de países e dizia que tinha um enorme orgulho de falar da cana, e ele não era usineiro. Esse era o negócio do país dele, era um negócio que era um grande referencial que o Brasil tinha.
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Opiniões With the profit of Exxon of four years ago, one could buy the entire Brazilian industrial park. We are talking about a poor business called ethanol, compared to a rich business called oil. It’s a different world. We must think about this. Cosan bought Esso, and now they are seeing that there are two weights for one measure, because profitability is very different. The Odebrecht Group is now seeing what the profitability in the ethanol business is and what it is in all other segments of the Group that operates in this industry. So, we need to do a study to assess whether I am right or exaggerating. I think we need a dose of realism in order to take this step. What is this dose of reality? The other day, I was joking with William, publisher of Revista Opiniões, about my opinion in this matter. I wrote an article for the magazine stating what I think about all this. It’s there. Read this article in the magazine (or in the site www.RevistaOpinioes.com.br). I took part, since the beginning, in building the Proálcool program as a source of energy, I travelled across the whole country together with my brother, Luiz Biagi, who, like Lamartine Navarro, was a pioneer of this program. I went to meetings to talk to cattle breeders and tell them “guys, this here is fantastic, guys, this here is wonderful for Brazil, guys, this is green and yellow fuel”. Petrobras produced very little oil, so the first major revolution that resulted from the program was to make Petrobras increase oil production, and increase it a lot. This was the first positive outcome of the National Alcohol Program, but very few people know this. One mistake we always made was to say we competed with oil. We produced an additive for one of the sub-products of oil, called gasoline. We are very important. We can represent 10% of all the gasoline additive in the world. The only country that can have and sustain this model is called Brazil. That is why we must go slowly, present ourselves slowly and make Brasília understand. I have always joked, saying that Washington is more important for us than Brasília. Today, we have a 10 billion liter shortfall of ethanol. Consumption increases by 3 billion liters per year. We can work a lot, we need a lot of capital, we need 200 new greenfield plants to again achieve the needed production volume. On the other hand, we have to think a little about how this program was financed by sugar. Without sugar we wouldn’t be here today. When we installed the 170 distilleries under the “Proálcool” program, they were only distilleries. A few years later, they were all producing sugar. Independent distilleries could not have survived had it not been for the guarantee represented by sugar. This is more or less true to this day. The current minister of agriculture admitted he knows absolutely nothing about agriculture. So then stop political appointments. Our govenor handles this differently. His appointments are technical. He goes looking for somebody from the industry, who understands the subject. Well, these are the reflections I wanted to make here today, so that we all may think a little about why President Lula used sugarcane to showcase Brazil, as something important we had. He travelled to many countries, and used to say he was proud to talk about sugarcane. But he wasn’t a plant owner. This was a business of his country; it was a business that was a major reference for Brazil.
agricultura e indústria
Opiniões
o Brasil não conhece o
Brasil Brazil does not know Brazil
" Ouvimos de Brasília críticas pela preferência pelo açúcar ao invés do etanol. Também recebemos críticas da FAO, mas porque o Brasil está reduzindo a produção de açúcar, e o preço está ficando muito alto, prejudicando os pobres do mundo. A visão global derruba a visão paroquial. " Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio Diretor do Grupo Alto Alegre e Vice-presidente da ABAG Director of Grupo Alto Alegre and Vice-president of ABAG
A visão da tentativa de reviver a economia com a atuação apenas dos bancos centrais tem nos levado a impasses, pois não são apenas eles que vão fazer reviver a economia global. Assuntos como alimento e agroenergia, por exemplo, caminham juntos e, assim, precisam ser tratados. Num cenário não muito radical, há uma tendência de subida das commodities agrícolas, até pela evolução do consumo do mundo emergente, o que, de certa forma, nos traz um cenário positivo. Por outro lado, a dependência de um petróleo entre US$ 80 e US$ 100 o barril nos dá a sustentação para chamar, igualmente, o cenário de positivo. Dados da ANP indicam que o século XX mostrou uma queda muito clara dos preços dos alimentos, das commodities agrícolas, ao redor de 2% ao ano. Então, isso explica, em primeiro lugar, a dificuldade que a agricultura sentiu nesse século, porque acabou carregando nas costas, no caso do Brasil, o processo de industrialização todo. Mas, a partir anos 2000, especialmente quando do lançamento do carro flexível no Brasil, tivemos uma subida de preços, indicando, talvez, uma fundamental diferença do século XX em relação ao XXI, que é a valorização das commodities agrícolas. A partir de 2007, se percebe uma forte relação entre o preço da energia e o preço dos óleos vegetais, no caso de interesse, os comestíveis, que começam a caminhar com forte semelhança, levando ao questionamento global de como é que se vai alimentar o mundo nessa nova realidade. A revista Economist fez uma profunda análise, na qual diz que o Brasil é um exemplo a ser seguido, pois, desde 1973, ele vem mudando a sua forma de agir, cessando os subsídios, com imenso esforço em P&D, e, com isso, passou a ser o primeiro país a, de fato, desafiar os grandes cinco principais exportadores mundiais. A análise conclui que foi muito bom, e que, como o mundo está enfrentando a continuidade de uma crise de uma forma lenta, deve aprender com o Brasil, que conseguiu fazer a mudança de maneira rápida e positiva.
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The viewpoint of attempting to revive the economy only by interacting at the central banks has led us to deadlocks, because the banks alone will not revive the global economy. Issues such as food and agroenergy, for instance, go hand in hand and must be dealt with jointly. In a not to drastic scenario, there is a trend towards increases of agricultural commodities, due even to consumption increases in the emerging world, which, to some extent, results in a positive scenario for us. On the other hand, the dependence on oil at US$ 80 to 100 a barrel, allows us to also label the scenario as positive. “ANP” (the Brazilian Petroleum Agency) data shows that in the 20th Century there clearly occurred a decrease of food prices, of agricultural commodities, in the magnitude of about 2% per year. Thus, this explains, first of all, the difficulty faced by agriculture in this century, because in the case of Brazil, it ended up coping with the burden of the entire industrialization process. However, beginning in the decade of 2000, particularly with the launch of flex fuel cars in Brazil, we experienced a rise in prices, perhaps signaling an essential difference between the 20th and the 21st centuries, i.e., the valorization of agricultural commodities. Beginning in 2007, one perceives that there is a strong relation between the price of energy and the price of vegetal oils, in our case, of edible oils, which begin following a similar trend, resulting in the global questioning of how the world will be fed, given this new reality. The Economist magazine conducted an in-depth analysis and recommended following the example of Brazil. Since 1973, Brazil changed its way of proceeding, eliminating subsidies, greatly reinforcing R&D, and thus having become the first country to actually challenge the major five big worldwide exporters. The analysis concluded that this was very good, and that since the world is faced with the slow motion continuity of the crisis, it should learn from Brazil, which was able to make changes quickly and positively.
agricultura e indústria Estamos vivendo um momento em que os indutores de preços trazem impactos enormes no agronegócio, com uma população crescente, com renda crescente, gerando um balanço de oferta e demanda “apertado”, num favorável momento para quem produz. Por outro lado, há um processo de urbanização que muda, completamente, o consumo – no mundo todo. Isso é extremamente favorável, principalmente, no mundo emergente. Podemos chamar o século XXI de século do choque da demanda, diferentemente do que vimos antes. A oferta de grãos deve crescer 50%, e a de carne, dobrar, até 2050. A notícia ruim é que a produtividade no mundo, de algum modo, está estagnada, e também, como a água, passa a ser um fator de risco. O Brasil, de fato, não tem esses tipos específicos de problemas. De 1960 até os dias de hoje, tivemos um crescimento de produtividade de 75% e de apenas 25% em área. A FAO diz que, futuramente, precisaremos de um aumento de área de cerca de 60%. Isso induz a uma mais forte , discussão sobre alimentos versus combustíveis. A pergunta que fica é: quem pode e como pode atender a esse crescimento? Primeiro: depois de 1998, com o fim daquele modelo interventor terrível que o governo tinha, vimos a oferta de cana crescer 2,5 vezes mais. Um crescimento extraordinário, que caracteriza a força do setor privado, quando se retiram aqueles grilhões da postura do Estado que nós conhecemos e vivemos. Em segundo lugar, o setor passou a exportar 70% da sua produção, e o etanol, a atender 85% do mercado interno. A cana cresceu, de 2005 até 2008, 12% ao ano. Nós vamos precisar de uma força muito maior para ultrapassar todas as dificuldades que temos no Brasil, na redução de custos, na falta de políticas, na de acesso ao governo, para conseguirmos construir esse caminho. Após a crise de 2008, a oferta de cana, efetivamente, estagnou. Os investimentos industriais também. A demanda continua acelerada, de uma forma extraordinária, tanto para álcool como também para açúcar. Nos últimos 15 anos, o Brasil foi o provedor de cada novo grama de açúcar que entrou no mercado. Por outro lado, estamos vendo o consumo da gasolina crescer no mercado interno, o que é uma preocupação, pois como vamos atender a essa demanda? E, se, de fato, o Brasil é o eleito para atender à questão dos alimentos e dos biocombustíveis, vamos ter que crescer em área e em produtividade. E, destaca-se, poderemos atender a essas questões sem subsídios e de forma sustentável. Segundo estudos da FAO, o Brasil tem áreas ociosas para produzir igual à soma de tudo o que há nos Estados Unidos e na Rússia. É impressionante. Precisamos, portanto, atender à essência da agricultura. Para falar sobre isso, “inventamos” o mecanismo dos quatro R’s: regularidade, repetição, reviravoltas (do clima) e remodelação. A agricultura precisa de regularidade para poder trazer equilibrio ao País. Ela se repete constantemente, e é nesse fenômeno que tem conseguido produzir tudo o que temos visto. No entanto, ela sofre as reviravoltas do clima e precisa, constantemente, estar se remodelando. Então, a essência da nossa agricultura é que ela precisa ter estoques, fazer exportações e corrigir as distorções, por exemplo, no caso do etanol com a gasolina. Os mercados globais estão chamando por ofertas, o que significa investimentos. Outra questão é a escala. É inevitável que a redução de custos pressuponha um crescimento de escala. E o Brasil tem escala para atender a esse mercado.
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Opiniões We are experiencing a time when the price inductors bring about huge impact on agribusiness, along with the growing population enjoying higher income, resulting in a “tight” balance between supply and demand, in a favorable moment for producers. On the other hand, there is an urbanization process taking place, which completely changes consumption around the world. This is highly favorable, mainly in the emerging world. We may refer to the 21st Century as the demand shock century, unlike what we saw before. The supply of grain is expected to grow 50% and that of meat will probably double by 2050. The bad news is that productivity in the world is somehow stagnated, and also like water, is becoming a risk factor. Brazil, indeed, lacks these specific problems. From 1960 until now, productivity increased by 75%, but plantation areas by only 25%. The FAO states that in future we will need an increase in area of about 60%. This will result in an even more intensive discussion about food versus fuels. The question that remains is: who can and how can one meet such growth? First: after 1998, with the end of that terrible interventionist model adopted by the government, one saw sugarcane supply grow 2.5 times. An extraordinary growth that expresses the private sector’s strength once one does away with the chains of the State interventionism we know and experienced. Second, the industry began to export 70% of its production, while ethanol supplied 85% of the domestic market demand. Between 2005 and 2008, sugarcane grew 12% per year. We will need a much stronger force to overcome all the difficulties we face in Brazil – the reduction of costs, the lack of policies, lack of access to the government – to be able to build this path. After the crisis of 2008, the supply of sugarcane actually stagnated. Industrial investment too. In an extraordinary manner, demand continues in high gear, both for ethanol and sugar. In the last 15 years, Brazil supplied each gram of new sugar that entered the market. On the other hand, we see gasoline consumption grow in the domestic market, which is reason for concern because how is one going to meet this demand? If, in fact, Brazil is the chosen one to meet the demand for food and biofuels, we will have to expand in area and productivity. One should emphasize, we can meet these needs without subsidies and in a sustainable manner. According to FAO studies, Brazil has idle areas that are sufficient to produce the equivalent of the entire output of the United States and Russia. This is awesome. Thus, what we need to do is to learn the essence of agriculture. In order to talk about this, we “invented” the 4-R mechanism: regularity, repetition, reversion (of the climate) and remodeling. Agriculture requires regularity to contribute equilibrium to the country. It constantly repeats itself and it is this phenomenon that has been able to produce everything we have seen so far. However, it is subject to the reversions of the climate and constantly needs to be remodeled. So then, the essence of our agriculture is that it needs inventories, it needs to export to correct distortions, for instance, like in the case of ethanol in relation to gasoline. Global markets want supply, which means investments. Another issue is scale. It is inevitable that the reduction of costs presupposes growth of scale. Brazil has the scale needed to supply to this market.
agricultura e indústria Ouvimos de Brasília críticas a respeito da preferência pelo açúcar ao invés do etanol. Também recebemos da FAO críticas, mas porque o Brasil está reduzindo a produção de açúcar, e o preço está ficando muito alto, e os pobres do mundo não conseguem consumi-lo. A visão global derruba a visão paroquial. E esse ciclo somente será movido pelo retorno dos investimentos de que precisamos. A alta de preços em 2008 não foi, de fato, um evento do acaso ou do momento. Foi um óbvio sinal da nova fase de preços das culturas baseadas em carboidratos, porque carboidrato é o negócio do século XXI. Há dados que mostram claramente a evolução dos preços da cesta de produtos da agropecuária que, a partir de 2007, mesmo passando pela crise de 2008, 2009, 2011, seguem diferentes da observada em nosso setor. Entre 2005 e 2008, vivemos um entusiasmo inacreditável, que gerou um crescimento espetacular da oferta, dos plantios, dos investimentos, mas, a partir de 2009, vivemos a decepção – e ainda estamos vivendo. Agora o importante não é ficar justificando o erro, mas impedir que ele se repita. Por isso estamos discutindo e expressando opiniões neste espaço, para impedir que, de novo, voltemos aos problemas já vividos. Portanto, pós-2008, ainda vamos pagar essa conta por um certo período, pelo desequilíbrio do canavial, pelos baixos índices de renovação. Estamos com um canavial envelhecido, precisando iniciar essa renovação "ontem”. A cultura da cana passa por um estresse biológico inacreditável, estando exposta às chamadas doenças oportunistas. O crescimento do plantio mecanizado segue muito forte e, portanto, obviamente, tem que passar por uma curva de aprendizado. Nas safras de 2012 até 2015, ainda teremos os impactos de tudo que aconteceu antes. Falta compromisso do setor com o próprio setor? Como vivemos um processo de desindustrialização no País, fico imaginando se a falta de compromissos é de todo mundo, o que é algo grave, ou se é uma questão conjuntural ou estrutural. E então me lembro de uma extraordinária frase, do Gonzagão, caracterizando o sertão: “quando o verde dos seus olhos se espralhá na plantação, eu voltarei, viu? Eu voltarei para o meu sertão”. Isso é o que esperamos que aconteça. Do ponto de vista da lógica, estamos preparados para voltar e para fazer, mas é preciso chover. As políticas que temos tido no setor pós Proálcool nos fazem navegar pela correnteza, sendo levados e não porque o motor do barco o faz deslocar. E qual é a nova realidade? É justamente um novo fortíssimo processo de inovação que acontece no campo da biologia. Esperamos que a política também se inove rapidamente, para atender ao que a biologia está conseguindo fazer: da cana-de-açúcar se fazem muitas coisas, que vão da alcoolquímica, sucroquímica aos bio-hidrocarbonetos. É a visão da biorrefinaria com uma diversificação e espetaculares novas possibilidades em todos os campos. Precisamos ajustar as nossas velhas tecnologias e ficar de olho nas rupturas tecnológicas que estão chegando, e a chave para isso é matéria-prima de baixo custo, compromissos, obviamente, públicos e privados, e estabilidade com uma pró-atividade. O Brasil não conhece o Brasil. Nós precisamos entender que o nosso futuro é ser o grande provedor de alimentos e de energia renovável, incluindo toda a cadeia produtiva. Isso requer ordem, progresso, compreensão e liderança. Para isso, diálogo, confiança e bom senso serão os grandes ingredientes – aliás, escassos hoje em dia –, para rompermos com todas as dificuldades.
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Opiniões From Brasília we hear criticism about preference for sugar over ethanol. We also receive criticism from the FAO, under the argument that Brazil is reducing sugar production, so the price is increasing too much, and the poor of this world cannot consume it. The global view overturning the local view. This cycle can only be driven by the return on investment we need. The 2008 increase in prices did not actually take place by chance or on the spur of the moment. It was a clear signal of a new price phase for cultures containing carbohydrates, because carbohydrates are the business of the 21st Century. There is data clearly showing the price development of a base basket of agriculture and cattle breeding products that, beginning in 2007, and even throughout the crises of 2008, 2009 and 2011, continues to develop differently than the prices in our industry. Between 2005 and 2008, we experienced unbelievable enthusiasm, which caused impressive growth of supply, of plantations, but, beginning in 2009, we experienced, and still experience, deception. Important is not to continuously justify error, but rather, to prevent it from occurring again. That is why we are discussing, expressing opinions here in this article, to prevent again experiencing the problems we already did in the past. Hence, after 2008, we will still have to pay this bill for a while, given the imbalance of sugarcane plantations and their low renewal rates. The sugarcane plantations are old, in need of renewal “yesterday”. Sugarcane is being submitted to unbelievable biological stress, exposed to opportunistic diseases. Growth of mechanical planting continues at a very high pace, and, therefore, will undergo a learning curve process. In the 2012 to 2015 harvests, we will still see the impact of everything that happened before. Are we lacking commitment by the industry to the very industry? Given that we are experiencing a de-industrialization process in the country, I wonder whether the lack of commitment is universal, which would be very serious, or if this is just a phase we are in, or the consequence of how the industry is structured. I remember an extraordinary one-time phrase by Gonzagão (a Brazilian musician), referring to the hinterland: “when the green of your eyes reflects on the plantation, I’ll be back, you hear me? I’ll return to my hinterland”. This is what we hope will happen. From a logical point of view, we are ready to return and to do, but it must rain. The policies that have been applied in our industry in the after-“Proálcool” era, make us navigate with the current, but not because the boat engine is moving us. So what is the new reality? It is precisely a new, strong innovation process taking place in the field of biology. We hope politics too will innovate quickly to meet what biology is being able to accomplish: from sugarcane much is produced, from ethanol chemistry, sugar chemistry to bio-hydrocarbons. This is the view from the bio-refinery, entailing diversification and extraordinary new possibilities in all fields. We must adjust our old technologies and watch out for technological breakthroughs that are coming. The key for this is low-cost raw material, and obviously, public and private commitments, along with stability combined with proactivity. Brazil does not know Brazil. We must understand that our future is to be the big supplier of food and renewable energy, throughout the production chain. This demands order, progress, understanding and leadership, To that end, dialogue, trust, and common sense will be the ingredients, currently so scarce, to overcome all difficulties.
visão estratégica
Opiniões
um projeto de interesse mundial A project of world interest
Hoje, faço parte de nove conselhos acadêmicos no mundo inteiro, na Europa, na Ásia e nos EUA. Tenho a oportunidade de conviver com gente muito competente. Nós temos muitos documentos, muitos livros publicados, estudos acadêmicos sérios explicando as razões pelas quais grandes impérios ruíram. Por que ruíram o Império Romano e o Império Britânico, por que aconteceram a Revolução Soviética e a Revolução Francesa? Um ponto de convergência em quase todas as avaliações é o momento em que os líderes dos países ou dos movimentos importantes se descolaram do interesse popular. É o momento em que a cabeça se separa do corpo, e a liderança se perde. A Argentina, um século atrás, era a quarta economia do planeta. Em 1950, seu PIB era igual ao do Brasil. Hoje, é igual ao PIB do interior do estado de São Paulo. A China e a Índia, em 1850, tinham 50% do PIB mundial; hoje, têm um terço da população do planeta, ambas vêm crescendo, mas perderam a velocidade que tinham. Por que os países perdem o trem da história? Eu tendo a imaginar que a razão seja a mesma: seus líderes não compreenderam os movimentos sociais, econômicos e políticos e entraram pelo caminho errado, e o país perdeu a condição de avançar. Por que eu estou tratando dessa questão? Porque, nas viagens que tenho feito, uma das coisas que mais me impressionam é a recorrente informação de que o mundo não tem líderes. Havia uma grande expectativa de que o presidente Obama se tornasse o grande líder mundial, mas as condições econômicas dos EUA impediram, e, hoje, ele está sem prestígio até dentro do seu país. Na Europa, Sarkozy não tem liderança nem dentro da França. Inglaterra? Tem gente que pensa que o primeiro-ministro da Inglaterra fez o filme Avatar. Não vamos falar da Itália, da Espanha, de Portugal, pois suas dificuldades são enormes. A Alemanha tem uma líder importante, mas sem presença global significativa. O Japão muda de primeiro-ministro a cada seis meses. China, Índia, Rússia, países muito importantes, fortes, porém com problemas internos de tamanha magnitude, não conseguem olhar para fora. Até mesmo a ONU perdeu o protagonismo, não consegue tomar conta de nada. O mundo não tem rumo, por quê? Porque, com a economia globalizada, os líderes de seus países perderam a capacidade de intervenção nos processos globais, porque quem dá o rumo é a finança. E finança não tem doutrina, filosofia, religião ou pátria. Finança só se preocupa com a própria perpetuação e multiplicação.
" A fome é um problema dramático: um homem com fome é um homem bravo; um homem cujos filhos têm fome é um revolucionário; e, se a fome é uma questão central, debelá-la passa a ser um projeto de caráter e interesse mundial. " Roberto Rodrigues
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Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV Coordinator of the Agribusiness Center of FGV
I am currently a member of nine academic boards around the world, in Europe, Asia and the USA. I have the opportunity to interact with very competent people. We have a lot of documents, many published books, and respected academic studies explaining why great empires collapsed. Why did the Roman Empire and the British Empire collapse, why did the Soviet Revolution and the French Revolution take place? A point of convergence in almost all assessments is the time when leaders of countries and popular movements distanced themselves from the interests of the people. This is when the head separates from the body and leadership is lost. Argentina, a century ago, was the fourth economy on the planet. In 1950, its GDP was equal to that of Brazil. Today, it is equal to that of the interior of the State of São Paulo. China and India, in 1850, accounted for 50% of world GDP. Nowadays, they have a third of the world population, both are growing, but they lost momentum. Why do countries miss the train of history? I tend to think the reason is the same: their leaders fail to understand the social, economic and political movements and follow down the wrong path, with the country losing its condition to progress. Why am I raising this issue? Because, on the trips I make, one aspect that impresses me most is the recurring statement that the world lacks leaders. There was a great expectation that president Obama would become a great world leader, but the economic conditions of the U.S.A. prevented that and nowadays he has lost influence even in his own country. In Europe, Sarkozy lacks leadership even within France. What about England? Some people think the British prime minister made the Avatar film. Let’s not talk about Italy, Spain, Portugal, because their difficulties are enormous. Germany has an important leader, but she lacks significant global presence. Japan changes its prime minister every six months. China, India, and Russia are more important countries, but they are faced with huge internal problems that keep them from looking outside. Even the U.N. lost its leadership role and cannot handle anything. The world lacks leadership. Why? Because due to the globalized economy, the leaders of its countries lost the capacity to intervene in global processes, because the direction to follow is being set by the financiers. They have no doctrine, philosophy, religion or fatherland. The financiers are only concerned with their own perpetuation and multiplication.
visão estratégica Se não temos liderança, como é que nós podemos definir um rumo para o nosso planeta e um futuro para a humanidade? A proposta é trabalharmos um projeto de interesse global, sobre o qual se debrucem ricos e pobres, africanos e europeus, asiáticos e americanos. Qual é o projeto de interesse universal? A discussão no mundo todo é sobre preço de alimentos, que vai faltar comida. A fome é um problema dramático: um homem com fome é um homem bravo; um homem cujos filhos têm fome é um revolucionário; e, se a fome é uma questão central, debelá-la passa a ser um projeto de caráter e interesse mundial. A OCDE divulgou um estudo sobre a oferta mundial de alimentos para os próximos dez anos: é preciso fazê-la crescer 20% para que a fome não aumente. A UE vai crescer só 4%; Austrália, 7%; Canadá e EUA, entre 10% e 15%; China, Índia, Rússia e Ucrânia, 26%; e o Brasil, 40%! Não é uma fala brasileira, é um estudo de uma respeitada organização acadêmica. A OCDE está dizendo: “Brasileiros, para que o mundo cresça 20%, vocês têm que crescer 40%”! O mundo está dizendo: “Brasil, venha nos ajudar, senão vamos perder a paz e a democracia por causa da fome planetária”! Pior. Da mesma forma como se fala que a demanda por alimentos vai crescer 20% em 10 anos, a de energia é maior ainda, por uma razão óbvia: Japão, UE e EUA somados têm 61 carros para cada 100 habitantes; a China e a Índia, com um terço da população do mundo, têm 3 carros para cada 100 habitantes. Ora, a renda dos chineses e indianos vai aumentar. Eles já estão comendo, vão precisar de mais comida ainda, mas de energia, muito mais. Eles não têm carro. A China é o país que mais comprou carro nos últimos anos. Vão precisar de combustível e eletricidade. Há países inteiros na África que têm menos eletricidade que Sertãozinho. É evidente que o petróleo não será suficiente para atender à demanda, então os biocombustíveis, a bioeletricidade, a cogeração têm um caminho enorme pela frente. Que projeto poderia ser de interesse de todos os povos, de todos os países do mundo? A “Segurança Alimentar e Energética Sustentáveis”. E a palavra “sustentáveis” entra nessa questão com vigor imenso, com enorme representatividade. O Brasil já deu essa resposta: nos últimos 20 anos, a área plantada com grãos cresceu 30%, e a produção cresceu 179%, seis vezes mais! Quando eu cito esse número lá fora, todo mundo fica boquiaberto. Hoje, temos 49 milhões de hectares plantados com grãos; se tivéssemos a mesma produtividade de 20 anos atrás, precisaríamos de mais 53 milhões. Mais do dobro. Isso é sustentabilidade, não é baboseira ambientalista, nem romancismo; isso é pragmatismo, nós fizemos a revolução ambiental sustentável via tecnologia tropical mais eficiente do planeta; e é por isso que o Brasil é a bola da vez, e é por isso que a OCDE diz: “Vocês, brasileiros, é que têm a condição de suprir essa demanda do mundo, porque têm terra disponível, tecnologia tropical e gente competente”. Então, pergunto: estamos prontos para assumir essa responsabilidade? O trem da história vem vindo e nós estamos jogando truco na estação. Não temos estratégia nenhuma, ao contrário, os sinais que temos recebido: estrangeiros não podem comprar terra, o Código Florestal não pode permitir avanços, proibições de toda natureza na área trabalhista; os sinais que recebemos não são para sermos o maquinista do trem. Estamos sendo chamados pela história global para construirmos a ferrovia e mostrarmos o rumo
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Opiniões If we lack leadership how can we set the course for our planet and a future for humanity? The proposal is to work on a project of global interest, to merit attention of rich and poor, Africans and Europeans, Asians and Americans. What is this project of universal interest? The debate around the world is about the price of food, about the lack of food. Hunger is a dramatic problem: a hungry man is an angry man. A man whose children are hungry is a revolutionary, and if hunger is a central issue, to do away with it, becomes a project of global nature and interest. OECD published a study about the world supply of food in the next ten years: it must grow 20% so that hunger does not increase. The EU will grow only 4%; Australia, 7%; Canada and the USA, between 10% and 15%; China, India, Russia and the Ukraine, 26%, and Brazil, 40%! This is not a statement by Brazil. This is a study by a respected academic organization. The OECD is saying: “Brazilians, for the world to grow 20%, you must grow 40%”! The world is saying: “Brazil, come and help us, otherwise we will lose peace and democracy because of planetary hunger”! Even worse: just as it is being said that demand for food will grow 20% in 10 years, the demand for energy will be even higher, for an obvious reason: Japan, the EU and the U.S.A. combined have 61 cars for each 100 inhabitants. China and India, with a third of the world population, have 3 cars for each 100 inhabitants. So then, the income of the Chinese and the Indians will increase. They are eating, but they will need more food, more energy. Much more, in fact. They don’t have a car. China is the country that most bought cars in recent years. They will need fuel and electricity. Entire countries in Africa have less electric power than Sertãozinho city. Obviously, oil will be insufficient to meet the demand, so then flex fuels, bioelectricity, and co-generation have a very long distance ahead. What project could be of interest to all peoples, to all counties of the world? “Food Security and Energy Sustainability”, with the word “sustainability” weighing immensely in this matter, with enormous representativeness. Brazil already answered the question: in the last 20 years, the area planted with grain in Brazil grew 30% and production grew 179%, six times more! When I show these figures abroad, everybody drops their jaw. Today we have 49 million hectares planted with grain. If we had the same productivity of 20 years ago, we would need additional 53 million. More than double. This is sustainability, not environmental baloney, not romanticism. This is pragmatism. We brought about the sustainable environmental revolution with the planet’s most efficient tropical technology. That is why Brazil is in the spotlight, and this is why the OECD states: “You Brazilians are the ones who can supply this world demand, because you have available land, tropical technology and competent people”. So I ask: are we ready to take on this responsibility? The train of history is coming and we are playing cards at the station. We lack a strategy. Quite to the contrary, what signals have we been getting: foreigners cannot buy land, the Forest Code prevents progress, there are all kinds of restrictions in the labor area. The signals we receive show us that we are not to be the train’s machinist. We are being called upon by global history to build the railroad and show the direction towards the future, with a global project of
visão estratégica do futuro, com um projeto mundial de interesse de qualquer cidadão do planeta. Na área da agroenergia, só o que fazemos com o etanol já vale uma fábula para o interesse mundial. Somos criticados e combatidos, claro. Há dez anos, o Brasil exportou US$ 21 bilhões no agronegócio; no ano passado, US$ 76 bilhões, ocupando os espaços de um monte de países do mundo. Se crescemos desse tanto, é porque algum ficou para trás. Temos adversários, mas, na academia e na política de alto nível do mundo, o Brasil é visto como o país que tem a resposta para dar ao mundo. Estamos prontos? Claro que não. Tecnologia, gente e terra? Temos. Política de renda, logística e estrutura prontas, política comercial, defesa sanitária? Zero. Há seis anos eu digo: é necessário uma Secretaria Nacional de Agroenergia. A agroenergia tem o horizonte que muda a geopolítica global; os países tropicais que fornecem energia para o resto do mundo criam uma riqueza nos países mais pobres, fundamental para o processo de desenvolvimento planetário. Se nós podemos liderar essa questão, é essencial haver uma secretaria cuidando disso. Há 12 ministérios cuidando de agroenergia, com pessoas sérias, competentes, patrióticas, mas que não conversam umas com as outras, sem considerar ANP, Petrobras, Inmetro, Embrapa, ANA e mais 150 instituições ligadas ao agronegócio de energia no Brasil. Há três anos, tentei instalar a primeira empresa de proposta específica em agroenergia. Eu criei o Centro de Agroenergia da Embrapa. Como a Embrapa é o líder nacional do sistema brasileiro de investigação científica, tivemos a ideia de construir um grande projeto de tecnologia para evitar a dispersão de recursos materiais e humanos. Não consegui. E, agora, a Petrobras Biocombustível está investindo R$ 400 milhões em pesquisas. Nós temos o IAC, temos o CTC. Vamos fazer juntos! Eu montei, na Getúlio Vargas, o primeiro mestrado mundial em agroenergia. Um mestrado fantástico. Quantas usinas enviaram seus gestores para o curso? Pouquíssimas. Aprender gestão por quê? Infelizmente, o setor não se articula, porque é uma tribo de caciques, não tem índios, só tem caciques. E cada cacique quer falar sozinho com a presidente, com o ministro, com não sei quem. Nós temos organismos de representação poderosos aqui no Brasil, mas há pessoas que vão sozinhas falar com a presidente, porque têm acesso. É necessário articulação. Um setor dessa importância não tem estratégia. A culpa é do governo? Não, a culpa é nossa. Não temos a capacidade de ter unidade, de ter visão de longo prazo, de enxergar que o mundo espera de nós muito mais do que o problema da seca e da chuva, deste ano e do ano passado. O mundo nos espera, pela primeira vez na história, e não é fofoca de política. Ninguém virá nos pedir para produzir etanol; nós é que temos que falar: “Estamos prontos para produzir comida, alimentos, fibras e energia para o mundo inteiro”. Olhar para frente e fazer uma estratégia que interessa ao Brasil e ao mundo. Vamos ter um mínimo de humildade, de companheirismo, de solidariedade e construir a estratégia de um projeto de interesse mundial, que fará do Brasil o líder do mundo! Não é ambição maluca, faço isso há 50 anos. Chega de cacique falar sozinho. Que o microfone vá para um cacique, aquele que nos representa de verdade. Que fale com Deus e com o mundo e consiga montar aquela estratégia que faça de nós um herói mundial. Vamos fazer esse Brasil maior. É o que esperam de nós.
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Opiniões interest to any citizen on this planet. In the field of agroenergy, what we accomplished with ethanol alone is worth a fortune in terms of world interests. Of course we are criticized and opposed. Ten years ago, Brazil’s agribusiness exported US$ 21 billion. Last year, the figure was US$ 76 billion, taking up space of a lot of countries in the world. If we grew that much, it is because some other country fell behind. We have opponents, but in academy and high level politics in the world, Brazil is seen as the country that has the answer for the world. Are we ready? Of course not. Technology, people, land? Yes. Policies for income, logistics, infrastructure in place, trade policy, sanitary defenses? Zero. For six years now, I’ve being saying: what we need is a National Entity for Agroenergy: agroenergy has a horizon that changes global geo-policy. The tropical countries that supply energy to the rest of the world create wealth in the poorer countries, essential for the planetary development process. If we can lead this process, it is essential there be such an entity looking after it. There are 12 ministries dealing in agroenergy, with serious, competent, patriotic people, but who don’t talk to each other, not to mention ANP, Petrobras, Inmetro, Embrapa, ANA, and some other 150 agencies linked to energy agribusiness in Brazil. Three years ago, I tried to set up the first specific purpose company in agribusiness. I created the Agroenergy Center at Embrapa. Since Embrapa is the national leader in the Brazilian scientific investigation system, we had the idea of building a major technology project to avoid the dispersion of material and human resources. I couldn’t accomplish this. Now, Petrobras Biocombustível is investing R$ 400 million in research. We have the IAC, we have the CTC. Let’s do it together! At Getúlio Vargas, I created the world’s first master’s degree in agroenergy. A fantastic program. How many plants have sent their managers to the course? Very few. To study management? What for? Unfortunately, the industry does not articulate itself, because it is a tribe of chieftains without indians, and each chieftain wants to talk alone to the president, to the minister, to whoever. In Brazil, we have powerful representational organisms, but there are people who go and talk alone to the president, because they have access. Articulation is necessary. An industry that important, but lacking a strategy. Is it the government’s fault? No, it is our fault. We lack the competence to unite, to have a long-term view, to see that the world expects of us much more than the problem of drought and rain, of this year or last year. The world expects something of us, for the first time in history, and this is not political chitchat. Nobody is going to come and ask us to produce ethanol. We have to say: “We are ready to produce food, fiber, and energy for the whole world”. Look ahead and set a strategy of interest for Brazil and the world. We should be minimally humble, practice companionship and solidarity, and construct the strategy for a project of world interest, which would make Brazil the leader of the world! This is not an absurd ambition. I’ve been doing this for 50 years. Enough of chieftains talking alone. May the microphone pass on to a chieftain that truly represents us. May he talk to God and the world and put in place the strategy that will make us a world hero. Let’s make this Brazil greater. That’s what is expected of us.
Como plantar mais
cana de forma sustentável? Com tecnologia.
© 2011 Syngenta International AG, Basileia, Suíça. Todos os direitos reservados. A identidade gráfica SYNGENTA e BRINGING PLANT POTENTIAL TO LIFE são marcas comerciais registradas do Grupo Syngenta. www.syngenta.com.br
Nós da Syngenta acreditamos que só com a integração de tecnologias e conhecimentos poderemos viabilizar uma agricultura sustentável, capaz de produzir mais alimentos, energia e biocombustíveis, utilizando cada vez menos recursos naturais. É com esse trabalho e a participação ativa de todo o setor que podemos juntos superar os principais desafios da cultura da cana. Visamos explorar novas possibilidades e buscar soluções integradas que aumentem o potencial sustentável da cana para as usinas, para o País e para o mundo.
visão estratégica
Opiniões
perspectivas Perspectives
" A complementação da oferta de combustíveis líquidos, representa, desde 1975, 2,1 bilhões de barris de gasolina equivalentes. Considerando que as reservas do Brasil, antes do Pré-Sal, eram de 13,5 bilhões de barris, esses 2,1 representam, portanto, quase 16% das reservas do País. " Plínio Mário Nastari Presidente da Datagro President of Datagro
O setor sucroenergético cresceu muito nessas últimas décadas, com a diversificação em direção ao etanol. No período de 1975-76 para 2010-11, a escala de processamento de cana industrial passou de 68 para 620 milhões de toneladas (Mton); a oferta de ATR passou de 7,1 para 86,9 Mton; a produção de açúcar se multiplicou por 5,5 vezes, passando de 5,9 para 38 Mton, e a de etanol cresceu 48 vezes, passando de meio bilhão para 27,4 bilhões de litros. Em 1975, o Brasil exportava 1,2 Mton de açúcar, dedicando 17% da cana produzida. No ano passado, esse percentual dobrou para 31%, mas o volume subiu para 28 MT, representando 53% das exportações mundiais. O etanol foi o primeiro passo concreto na diversificação da indústria brasileira de cana-de-açúcar. No que se refere ao mix de produção açúcar-etanol, as variações têm sido relevantes. No ano passado, cada 1% de variação representou 828 mil ton de açúcar, ou quase 500 milhões de litros de anidro equivalentes. Esse processo de diversificação trouxe uma conquista inigualável para o Brasil, que é a capacidade de ele arbitrar mercados de acordo com os preços relativos de açúcar e álcool. O crescimento de produção da cana pode ser dividido em dois momentos. Passou de 68 para 321 Mton até 2002, e daí até 2010, saltou para 620 Mton. Esse segundo movimento ocorreu pela constatação de que o Brasil era imbatível em termos de custo de produção. Em 2002, o custo de produção FOB do açúcar cru a granel equivalente era 5,5 cents de dólar. O segundo colocado no ranking era 12,1. Hoje, o custo de produção é de 21,5 cents por libra-peso, e há países com custos menores. A principal causa disso é o câmbio, além dos aumentos de custo real de mão de obra, operações agrícolas, perdas na colheita mecanizada e custos de insumos. A produção do Brasil vai continuar crescendo, mesmo não sendo o país mais competitivo, basicamente porque mantém a vantagem de continuar arbitrando mercados, que é uma possibilidade ímpar conquistada pela diversificação.
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The sugar-based energy industry grew significantly in recent decades, with diversification aimed at ethanol. From the period 1975-76 until 2010-11, the industrial sugarcane processing scale increased from 68 to 620 million tons (Mton); the supply of ATR (from Portuguese for Sugar Total Reduced) increased from 7.1 to 86.9 MT; sugar production multiplied 5.5 times, increasing from 5.9 to 38 Mton, while that of ethanol grew 48 times, increasing from half a billion liters to 27.4 billion. In 1975, Brazil exported 1.2 million tons of sugar, which corresponded to 17% of the sugarcane production. Last year, this percentage doubled to 31%, but the volume increased to 28 Mton, representing 53% of world exports. Ethanol was the first concrete step towards the diversification of the Brazilian sugarcane industry. With respect to the sugar-ethanol production mix, variations have been relevant. Last year, each 1% variation represented 828,000 tons of sugar, or almost 500 million liters of anhydrous equivalent. This diversification process resulted in an incomparable achievement for Brazil, which is the country’s capacity to arbitrate markets according to relative sugar and ethanol prices. Growth in sugarcane production can be divided in two phases. It increased from 68 to 321 Mton until 2002, and then, until 2010, increased to 620 Mton. This 2nd development took place following the perception that Brazil was unbeatable in terms of production cost. In 2002, the FOB production cost of bulk crude sugar was 5.5 dollar cents. The 2nd ranking on the list was at 12.1. Nowadays, the production cost is 21.5 cents per pound of weight, and there are countries that have lower costs. The main reason for this is the foreign exchange rate, in addition to actual cost increases of labor, agricultural operations, losses in mechanical harvesting and costs of inputs. Brazil’s production will continue to grow, even if the country is no longer the most competitive country, essentially because it maintains the advantage of continuing to arbitrate markets, which is a unique opportunity resulting from diversification.
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visão estratégica Devido ao compartilhamento do crescimento e pelas incertezas relacionadas à competitividade, houve uma redução do número de novos projetos de usinas. Somam-se a esse problema todas as vicissitudes enfrentadas nesta safra pelos efeitos do atraso no desenvolvimento fisiológico da cana colhida; do pisoteamento e da compactação de solos advindos da colheita no final da safra de 2009-10; da seca prolongada observada neste ano; do florescimento precoce; da perda de rendimento; do aumento de fibra; da geada. A estratégia de diminuir o ritmo de moagem, natural nessas circunstâncias, precisou ser adiada para que fossem colhidas a cana florescida e a cana geada. Somam-se também as infestações de pestes, que saíram, em algumas regiões, dos aceitáveis níveis de até 1,5% para 15%. Os Sphenoforus, antes circunscritos a Piracicaba, se disseminaram por todo o estado de São Paulo. O Migdolus, típico do Pontal do Paranapanema, começou a aparecer em quase todos os lugares. A ferrugem alaranjada afetou as áreas onde as variedades suscetíveis têm uma participação elevada. Perdas relevantes aconteceram na colheita mecanizada, pelo aumento das áreas sistematizadas, gerado pela falta de treinamento de pessoal, elevando os custos de CCT (corte, carregamento e transporte da cana). A curva de rendimento agrícola desta safra é decepcionante. Há também a considerar o baixo rendimento industrial, agravando o problema de oferta de ATR. Por todos esses motivos, os custos têm se mantido em patamares mais elevados que os dos anos anteriores, refletindo nos preços do anidro, do hidratado e da curva futura de preços dos contratos da BM&F. Mas precisamos evitar a elevada sazonalidade de preços que ainda existe, que causa desconforto para produtores, distribuidores e consumidores. Hoje a prioridade é agrícola, Esse setor tem uma capacidade industrial de quase 700 Mton de cana, 620 no Centro-Sul e 72 no Norte e no Nordeste, e tem moagem estimada entre 490 e 510, e 67, respectivamente. Temos um gap de cana entre 120 e 140 Mton, que deve receber atenção. Embora o foco seja agrícola neste momento, por conta da demanda em expansão do açúcar e do etanol nos mercados interno e externo, dentro de três ou quatro anos, será necessária uma capacidade adicional de moagem. Este é o momento de se planejar essa expansão. Nesse cenário, precisamos reconhecer a importância desse enorme patrimônio constituído pela frota flex, que é uma esponja capaz de absorver grandes volumes de sacarose, desde que os preços relativos assim o permitam. A frota flex é um sumidouro de sacarose, um sugar sink, capaz de regular o mercado, fazendo com que o Brasil seja o elemento regulador pela diversificação e por essa frota. Em 2020, cada 10% de variação na proporção da frota flex que esteja utilizando etanol vai gerar uma variação de demanda de 7 bilhões de litros, o equivalente a 11,3 Mton de açúcar, fazendo com que o açúcar esteja, de forma definitiva, umbilicalmente ligado ao mercado de energia – de etanol, gasolina e petróleo. O risco, nesse momento, é que, caso a oferta de cana e a capacidade de moagem não cresçam o suficiente, podemos ter o uso do etanol caminhando para uma crescente anidrização, como ocorreu na década de 1990, com o lento sucateamento da frota a álcool. Se isso acontecer, estaremos perdendo, como nação, a oportunidade de promover desenvolvimento descentralizado, crescimento da renda, substituição de importações.
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Opiniões Due to the sharing of growth and the uncertainties related to competitiveness, there has been a reduction in the number of new plant projects. One must add to this problem all the vicissitudes faced in the current harvest resulting from the effects of the delay in the physiological development of the harvested sugarcane, from the trampling and compacting of soil that occurred at the end of the 2009-10 harvest, the prolonged drought that occurred this year, the precocious flowering, the loss of productivity, the increase in fiber content, and frost. The strategy to diminish the crushing rate, natural under such circumstances, had to be postponed so that the flowering and frost affected sugarcane could be harvested. Compounding the problems, pest infestations took place, which in some regions exceeded the acceptable levels of up to 1.5%, reaching 15%. The Sphenoforus, previously limited to Piracicaba, disseminated throughout the State of São Paulo. The Migdolus pest, typical of the Pontal do Paranapanema region, started appearing in almost all regions. The orange rust pest affected areas in which susceptible varieties are prevalent. Significant losses occurred due to mechanical harvesting, given the increase in mechanized areas, brought about by the lack of trained personnel, increasing the costs of CCT (from Portuguese for cutting, loading and transporting sugarcane). The agricultural performance curve of the current harvest is disappointing. One should also consider the low industrial performance, worsening the ATR supply problem. Due to all these reasons, costs have remained at higher levels than in previous years, reflecting in the prices of anhydrous and hydrated ethanol, and in the price curve of futures contracts at the BM&F. However, we must avoid the high seasonality of prices that still exists, which causes discomfort for producers, distributors and consumers. Nowadays, agriculture is the priority. This industry has an industrial capacity of almost 700 Mton of sugarcane, 620 in the Center-South and 72 in the North and Northeast, with crushing estimated at between 490 and 510, and 67 Mton, respectively. There is a sugarcane gap of between 120 and 140 Mton, which needs to be looked at. Although the focus now is on agriculture, due to the growing demand for sugar and ethanol in the domestic and foreign markets, within 3 or 4 years, additional crushing capacity will be needed. Now is the time to plan this expansion. In this scenario, we must recognize the importance of this enormous wealth represented by the flex fuel fleet, which is like a sponge capable of absorbing large volumes of saccharose, provided relative prices allow this. The flex fuel fleet is a saccharose sink, a sugar sink, capable of regulating the market, allowing Brazil to play the role of regulator, given its diversification and because of this fleet. In 2020, each 10% variation in the proportion of the vehicle composition of the flex fuel fleet running only on ethanol will cause a demand variation of 7 billion liters, the equivalent of 11.3 Mton of sugar, resulting in that sugar will definitively be intimately linked to the energy market – of ethanol, gasoline and oil. The current risk is that if the supply of sugarcane and the crushing capacity do not increase at the appropriate rate, the use of ethanol may be en route to increasing anhydrization, as was the case in the 1990’s, with the slow scrapping of the ethanol-driven fleet. If this should happen, as a nation, we would forgo the opportunity to promote decentralized development, growth of income and the substitution of imports.
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INOVAÇÃO
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A ETH plantou um sonho e o Brasil está colhendo desenvolvimento sustentável. COMPETITIVIDADE, SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO A ETH é a empresa que mais investiu em bioenergia no Brasil, criando um modelo de negócios moderno, competitivo e que coloca a sustentabilidade e a inovação no centro de suas ações. Em apenas três anos, a ETH Bioenergia cresceu com o país, ampliando a oferta de etanol e energia elétrica a partir da biomassa, com resultados concretos para o setor e para toda a sociedade. Uma empresa que responde acredita na crescente demanda mundial por energia limpa, segura e renovável, e gera desenvolvimento econômico e social. • R$ 8 bilhões investidos no setor até 2012 • 5 Polos de produção localizados nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo com 7 unidades agroindustriais • Inauguração de 2 novas unidades agroindustriais em 2011, elevando a capacidade produtiva para 3 bilhões de litros de etanol por ano • Cogeração de 2.700 GWh de energia elétrica limpa, suficiente para abastecer 4,5 milhões de pessoas • 15 mil empregos diretos e 30 mil empregos indiretos gerados em apenas três anos e meio • Plantio e colheita 100% mecanizados e compromisso com a sustentabilidade ao longo de todo o processo • Parcerias com universidades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias
ETH Bioenergia – Energia que renova o futuro
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Uma empresa da Organização Odebrecht
L E TANO
visão estratégica Fizemos três simulações com a demanda de ATR por segmentos até 2010 e qual seria a projeção dessa demanda até 2020, para diferentes cenários da proporção da frota flex que esteja eventualmente utilizando etanol hidratado. Com 20% de frota flex usando etanol até 2020, a necessidade de cana no Brasil passa a ser de 960 Mton; considerando a produção deste ano, precisamos crescer 400 Mton. Temos oito anos para fazer isso. Com 50% da frota flex usando etanol, a necessidade seria de 1,2 bilhão de ton. E, com 80%, seria de 1,43 bilhão de ton. Considerando 50% como referência, os usos estariam distribuídos dessa maneira: 13 Mton de ATR para o açúcar doméstico; 43 para açúcar de exportação; 70 para o etanol hidratado; 13 para o etanol anidro combustível; 8 para etanol de outros usos e 28 para o etanol de exportação, que, na verdade, é uma premissa bem conservadora, assumindo uma exportação para os EUA de apenas 12 bilhões de litros, que têm um demanda legislada de 136 bilhões de litros e um limite de 57 bilhões de litros para o etanol de milho. Qual é o problema? O que determina o percentual que vai para etanol ou para açúcar é o preço da gasolina. Tendo como referência o preço mundial, vemos o quanto está incorreto o preço da gasolina definido pelo governo, que, de seu lado, não demonstra estar disposto a sacrificar a meta de inflação. Seria uma missão complicada pedir ao governo corrigir o preço da gasolina. Então, o problema é incentivar o consumidor de etanol, sem ferir a meta de inflação, e, ao mesmo tempo, reconhecer que o Brasil conquistou essa condição ímpar de ter um combustível extraordinário, limpo, renovável, que gera tantas vantagens para o País, sem causar uma distorção muito grande. Uma possibilidade seria dar um crédito ao consumidor por utilizar combustível renovável, dentro dos princípios da nota fiscal paulista. Outra seria a criação de um imposto sobre carbono, com medida temporária, reconhecendo as externalidades positivas que o etanol possui. Temos que adotar medidas criativas que não atrapalhem a participação que o Brasil tem no mercado mundial, porque nossos concorrentes estão prontos para acusar o Brasil de criar medidas distorcidas de comércio. A imagem do setor no governo não é boa, embora tivesse razões para ser o contrário. A cana ocupa 8,7 milhões de hectares, o milho, 14,4, e a soja, 21,3. Considerando o Valor da Produção Agrícola (VPA) de todas as culturas, entretanto, a cana é a que mais gera renda, com 20,3%, enquanto a soja gera 17,6% e o milho 11,7%. Se considerarmos o valor da cana transformada em açúcar e álcool, esse VPA salta para 29,4%. Além da renda, a cana teve um papel fundamental de complementação da oferta de combustíveis líquidos, representando, desde 1975, 2,1 bilhões de barris de gasolina equivalentes. Considerando que as reservas do Brasil, antes do Pré-Sal, eram de 13,5 bilhões de barris, esses 2,1 representam, portanto, quase 16% das reservas do País. Pelo preço no mercado mundial, o valor dessa gasolina substituída foi de US$ 261 bilhões, o que representa 75% das reservas internacionais do Brasil, tida como a âncora de salvação do País na turbulência financeira. Não é possível que as autoridades do Brasil não se sensibilizem com essa informação. O estabelecimento de políticas adequadas permitirão fazer com que o Brasil consiga ser líder e referência mundial aos países que podem utilizar a cana como a matéria-prima principal na agricultura energética. Aprendemos a fazer isso nesses últimos 25 anos.
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Opiniões We performed three simulations with ATR demand by segments until 2010, to find out what the projected demand would be until 2020, for different scenarios of ethanol-driven vehicle proportionality in the flex fuel fleet. With 20% of the flex fleet using ethanol by 2020, the demand for sugarcane in Brazil is 960 Mton, so, considering the production in the current year, there would have to be a 400 Mton growth. We have 8 years to accomplish this. With 50% of the flex fuel fleet using ethanol, the demand would be 1.2 billion tons, while at 80%, it would be 1.43 billion tons. Taking 50% as the reference, uses would break down as follows: 13 Mton of ATR for domestic sugar; 43 for export sugar; 70 for hydrated ethanol; 13 for anhydrous ethanol fuel; 8 for other uses of ethanol and 28 for export ethanol, which, in fact, is a very conservative assumption that considers exports of only 12 billion liters to the USA, which has a legislated demand of 136 billion liters, with a limit of 57 billion liters for ethanol from corn. So, what is the problem? What determines the percentage of what becomes ethanol or sugar is the gasoline price? Based on the world price, one can see just how wrong the gasoline price set by the government is, which on its end shows no inclination to sacrificing inflation targets. It would be a difficult mission to ask the government to correct the gasoline price. So, the problem is to foster ethanol consumption, without adversely affecting the inflation target, while at the same time acknowledging that Brazil achieved a unique condition for having an extraordinary fuel, clean, renewable, that brings so many benefits for the country, while not causing a major distortion. One possibility would be to offer credit to the consumer, for using renewable fuel, consistent with the philosophy of the “invoice incentive program” of the State of São Paulo. Another would be to create a tax on carbon, as a temporary measure, acknowledging the positive externalities of ethanol. We must adopt creative measures that do not hurt Brazil’s participation in the world market, because our competitors are ready to accuse Brazil of creating distorted trade measures. The government’s image is not good, albeit there are reasons for the contrary. Sugarcane occupies 8.7 million hectares, corn 14.4 and soybeans 21.3. Considering the Value of Agricultural Production (VPA) of all crops, however, sugarcane is the one generating the most income, at 20.3%, whereas soybeans generate 17.6%, and corn 11.7%. When one considers the value of sugarcane transformed into sugar and ethanol, the VPA increases to 29.4%. Apart from the income it generates, sugarcane played an essential role in complementing the supply of liquid fuels, representing, since 1975, 2.1 billion barrels of gasoline equivalent. Considering that Brazilian reserves, before the pre-salt layer oil discovery, totaled 13.5 billion barrels, these 2.1, therefore, represent close to 16% of the country’s reserves. At the world market price the value of this substituted gasoline was US$ 261 billion, representing 75% of Brazil’s international reserves, and was viewed as the country’s salvation anchor against financial turbulence. It is unimaginable that Brazilian authorities should not be sensitive to this information. Setting appropriate policies will allow Brazil to become a leader and a world reference for countries that can use sugarcane as the main raw material for energy generating agriculture. We learned to do this in the last 25 years.
visão estratégica
Opiniões
a fantástica perspectiva A fantastic outlook
Como nosso assunto é energia, tomo como referência um estudo feito recentemente pela BP sobre perspectivas energéticas para 2030. Temos 20 anos pela frente, o que não é nada. Daqui a dois ou três ciclos de cana, teremos uma população mundial estimada em 7,2 bilhões de habitantes, um crescimento de 24% em relação aos dias atuais. O PIB dos países da OECD (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) chegou, no ano passado, a US$ 40 trilhões, enquanto o dos países não pertencentes à OECD atingiu US$ 30 trilhões, perfazendo um total de US$ 70 trilhões. Para 2030, a BP estima que o PIB dos países ricos passará a US$ 60 trilhões e o dos não ricos, de US$ 30 trilhões para US$ 90 trilhões, perfazendo um total de US$ 150 trilhões, o que é um aumento de 115% do PIB do mundo, se não houver uma catástrofe. O grande desafio será atender às necessidades desses bilhões de habitantes de condições de vida melhores, desejo de cada um de nós. Mas, muito mais do que nós, deseja o habitante rural da China, ou da Índia, ou da África. E como vamos fazer isso de forma sustentável e segura? Esse é um grande desafio. Porque energia não é mais um produto, nem uma brincadeira. Energia é o sangue que corre na veia das economias, tudo depende da energia. Energia tem, portanto, do ponto de vista da economia, uma importância muito maior do que todos nós economistas até hoje atribuímos a ela. Até hoje, a classificação de energia, no contexto da teoria econômica, está muito mal feita. É porque ninguém consegue separar sua essencialidade para a nossa vida, e isso ocorre desde que o homem resolveu criar suas fontes de energia, já desde o antigo Egito. Quando se criam formas artificiais de energia, de captação de energia, passa-se a desenvolver uma sociedade diferente, e a sociedade, a partir do século XVIII , é completamente diferente de tudo que existiu até então. A produção de biocombustível, e aqui estamos falando principalmente de etanol, mas não exclusivamente de etanol, deverá exceder 6,5 milhões de barris/ dia de petróleo equivalente.
Since our topic is energy, I shall take as a reference a study recently conducted by BP on the energy outlook for 2030. We have 20 years ahead of us, which is nothing. In two or three sugarcane cycles from now, we will have a world population estimated at 7.2 billion inhabitants, a 24% growth in comparison with the present time. The GDP of OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) countries last year reached US$ 40 trillion, whereas that of non-OECD countries was US$ 30 trillion, totaling US$ 70 trillion. For 2030, BP estimates that the GDP of the rich countries will increase to US$ 60 trillion and that of the non-rich countries from US$ 30 trillion to US$ 90 trillion, resulting in a total of US$ 150 trillion, a 115% increase in world GDP, provided no catastrophe takes place. The big challenge will be to meet the needs for better living conditions for these billions of inhabitants, a desire common to us all. But, much more than us, it is the rural inhabitant of China, or India or Africa who desires this. And how are we going to do this in a sustainable and safe manner? This is a big challenge, because energy is not just another product or something to be taken lightly. Energy is the blood that flows in the veins of economies. Everything depends on energy. Hence, energy, from the perspective of the economy, ranks much higher on the importance scale than we economists nowadays admit. To this day, the classification of energy, in the context of economic theory, is an unaccomplished task. This is because nobody can separate its essentialness for our life, and this has been so ever since Man decided to create energy sources, way back in ancient Egypt. When one creates artificial forms of energy, of sourcing energy, one starts developing a different society, and society, since the 18th Century, has been completely different than anything that had existed before then. The production of biofuels, and here we are talking mainly (but not only) about ethanol, is expected to exceed 6.5 million barrels/day of oil equivalent.
" Nunca, na história da economia, houve uma oportunidade dessa magnitude. Nunca houve uma coisa tão segura e tão certa. Nunca se ouviu falar em condições de uma demanda dessa natureza que se apresenta como uma oportunidade de negócios. " Eduardo Pereira de Carvalho Especialista do setor sucroalcooleiro Sugarcane industry specialist
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visão estratégica No ano passado, esse número foi de 1,8 milhão de barris/dia de petróleo equivalente, em relação ao consumo de biocombustíveis, incluindo etanol, que é a maior parte. Isso poderá acontecer se continuarem as políticas públicas de suporte a essas alternativas energéticas, se os preços do petróleo continuarem nos patamares dos últimos anos e se as inovações tecnológicas a que todos nós estamos assistindo prosseguirem na velocidade necessária. As previsões continuam confirmando que os Estados Unidos e o Brasil continuarão a ser líderes absolutos na produção de biocombustíveis em 2030. A maioria desses biocombustíveis a serem consumidos em 2030 continuará a ser de primeira geração. Depois de 2020, 40% do crescimento do consumo de demanda de combustíveis líquidos serão de biocombustíveis. No ano passado, esse número era de 13%; passará a 40% em 2020 e a 60% em 2030. Nunca, na história da economia, houve uma oportunidade dessa magnitude. Nunca houve uma coisa tão segura e tão certa. Nunca se ouviu falar em condições de uma demanda dessa natureza que se apresenta como uma oportunidade de negócios. Quem não for capaz de enxergar isso como uma oportunidade única na história vai perder grandes oportunidades: de ficar rico, se for investidor privado; de gerar emprego e renda, se for governo; de gerar bem-estar, para todo mundo. Mas por que nós paramos de crescer? Por que a produção estagnou? Apesar da fantástica perspectiva dos mercados açucareiros, o Brasil, exportou, no ano passado, 53% do total do açúcar comercializado no mundo, ou 28 milhões de toneladas. Em 1975, se exportava 1,2 milhão de toneladas. Apesar dos preços, qualquer curva de preço mostra onde é que estão os preços de açúcar ou de etanol. Escolham. Nós já vimos preços dessa natureza? E, apesar de tudo isso, nós estamos em crise, estagnamos o aumento de produção. A que assistimos nos últimos anos, depois da crise de 2008/2009? A um dramático e fortíssimo processo de concentração da indústria no Brasil, apesar de ela continuar a ser sempre uma indústria otimizada pela sua base rural, tão importante que torna possível unidades não aglomeradas terem sua eficiência na gestão agrícola. Essa concentração foi uma característica muito importante para a melhoria da situação financeira. Segundo dados do Itaú-BBA, a relação de dívida líquida para Ebtida, em 2006, na safra de 2006-07, era de 1,23%, um número baixíssimo, uma dívida baixíssima; no ano de 2007-08, esse indicador pulou para 7,1%, tirando o sono de qualquer banqueiro. Na safra 2008-09, essa relação baixou para 5,5%, e para 3,78% na safra seguinte. Nesta safra, o Itaú estima, com base em uma amostra de mais de 80 clientes do setor – portanto uma amostra muito significativa – uma relação de endividamento sobre Ebtida de 2,2%, uma melhora substantiva na situação financeira, fazendo com que empresários e banqueiros possam dormir tranquilos. Por que, então, essa estagnação, meus Deus? Eu acho que há um elemento importante em tudo isso, que é o câmbio. Em 2002, o real teve a maior desvalorização possível desde o seu surgimento, em 1994, mas depois teve uma valorização fortíssima. Essa valorização do real só vai continuar, porque a posição relativa da economia brasileira perante o resto do mundo só tende a melhorar, porque nós temos condições melhores do que a maior parte dos nossos parceiros no mundo, e, consequentemente, isso reflete num afluxo de recursos importantes para o Brasil.
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Opiniões Last year, this figure was at 1.8 million barrels/ day of oil equivalent in relation to biofuels consumption, including ethanol, which makes up the most part. This may happen if the public support policies for such energy alternatives continue, if oil prices continue at the same levels as in recent years, and if technological innovations we all see occurring continue at the required pace. Projections continue to show that the United States and Brazil will continue being the absolute leaders in the production of biofuels in 2030. Most of these fuels that will be consumed in 2030 will still be of first generation. After 2020, 40% in consumption demand growth for liquid fuels will occur in biofuels. Last year, this figure was at 13%; it will increase to 40% in 2020 and to 60% in 2030. Never before in economic history was there an opportunity of such magnitude. Never before was there anything so safe and certain. Never before did one hear about conditions related to demand of this nature, which presents itself as an opportunity for business. Those who cannot see this as a unique opportunity in history will forgo great opportunities: to become wealthy (if private investors); to generate jobs and income (if governments); to create well-being (for all). But why have we stopped to grow? Why did production stagnate? Notwithstanding the fantastic outlook for sugar markets, Brazil, last year, exported 53% of all sugar marketed in the world, i.e., 28 million tons. In 1975, 1.2 million tons were exported. Even given the prices, any price curve shows where the prices for sugar or ethanol are at. Make your choice. Have we ever seen prices like these before? All this notwithstanding, we are in a crisis, and production increases are stagnated. What did we see happening in recent years after the 2008/2009 crisis? A dramatic and very high concentration process of this industry in Brazil, although it continues to be an industry optimized through its rural base, which is so important that it allows non-aggregated units to be efficient in agricultural management. This concentration was a very important characteristic to improve the financial situation. According to Itaú-BBA data, the relation between net debt and EBITDA, in 2006, in the 2006-07 harvest, was 1.23%, a very low figure; in the year 2007-08, this indicator increased to 7.1%, scaring any banker. In the 2008-2009 harvest, this relation decreased to 5.5% and to 3.78% in the following harvest. In the latter, Itaú, based on a sample of more than 80 clients in the industry, – so, a significant sample – estimates a debt/EBITDA ratio of 2.2%, a significant improvement of the financial situation, allowing entrepreneurs and bankers good nights of sleep. So for all sakes, why do we have all this stagnation? I think there is an important element in all this – the exchange rate. In 2002, the Real experienced its biggest possible devaluation since it was created in 1994, but then underwent a strong valuation. This valuation of the Real will only continue, because the Brazilian economy’s relative position in comparison with the rest of the world tends to improve because we enjoy better conditions than most of our partners in the world, and hence, this reflects in an important flow of funds to Brazil.
OpiniĂľes
visão estratégica Mas o amanhã me assusta ainda mais. Quando começarmos a extrair o petróleo todo dos 30 ou 40 bilhões de barris do Pré-Sal. E oxalá nós não venhamos a ter o fenômeno holandês aqui no Brasil, mas isso está associado a um brutal aumento e custos de 5,5 cents por libra-peso de açúcar bruto no porto de Santos – foi o número a que eu assisti quando eu fui para a Unica, em 2000 – , e eu também me lembro de um litro de álcool de R$ 0,14 centavos, como todos vocês se lembram muito bem. E, portanto, a situação de hoje não remunera? Será? Sim, certamente, existe um número significativo de usinas que não serão remuneradas por qualquer preço, porque elas estão quebradas. Nós sabemos disso. E estão quebradas em um mundo onde, hoje, não dá mais para continuar a ficar assim, como era possível no passado. Eu não tenho nenhum elemento para dizer o quanto isso representa, mas sei que existe um número importante dessas usinas, cuja única solução é uma brutal injeção de capital. Esse recurso tem que vir de fora da unidade, tem que haver um processo qualquer dessa natureza, e isso reflete parte daquela “capacidade ociosa” dos 120 milhões de toneladas de cana que existe para se processar, mas não existe a cana, porque a primeira providência de quem está com o caixa curto é cortar os investimentos na cana. E estamos assistindo, hoje, ao fim de um ciclo que veio de três anos, como assistimos em 2000, ao fim do ciclo 1997-99. Mas, nesse período, perdemos 25% em cana colhida em 2000 e, agora, vamos perder somente uns 10 ou 12%. Portanto, o primeiro problema a resolver é dar um acerto geral na indústria, que está muito bem. Estamos ganhando dinheiro, aliás, há muito tempo não se via tanto dinheiro, por mais altos que estejam nossos custos. É necessário um “clima” diferente, e ele está péssimo, e é isso que, para o economista, complica um pouco. Ele olha os números, analisa e conclui que o negócio tinha que estar “voando”, mas não está, por causa do “clima”. As coisas não estão bem, mas é difícil saber exatamente do que se trata. O governo não se sente bem. Nunca tivemos preços tão altos, e isso o incomoda. O setor privado se incomoda com a reação do governo, que se mostra numa regulamentação absurda proposta pela ANP para autorizar investimentos em álcool – coisa que parece uma volta ao IAA. É um absurdo, um retrocesso, mas eu acho que há elementos mais graves do que isso. Há ameaças institucionais que assustam o capital, que inibe o investimento de etanol, e nos esquecemos de que o etanol está beneficiado por uma diferença na CIDE que incide sobre ele e na CIDE que incide sobre a gasolina. Em São Paulo, se tem um ganho brutal no etanol pelo regime do ICMS, que permite que o estado seja o único onde ainda o etanol hidratado compete com a gasolina. Sabemos que essa situação de preço de gasolina defasado não é tão constante quanto alguns alegam, o que nos faz pensar que já existe uma política importante de benefício ao etanol, a lei da mistura mandatória, que faz parte do nosso complexo. Enquanto setor privado e governo estiverem brigando, não vamos acertar a vida. Porque falamos de um produto para o qual as políticas públicas são relevantes. Se nós queremos um ambiente saudável, sustentável e seguro em energia líquida, cuja única solução até agora viável economica e ambientalmente é o etanol de cana, é preciso que saibamos conversar. Sem isso, não há solução.
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Opiniões However, the future scares me even more, when we start extracting all those 30 or 40 billion barrels from the pre-salt layer reservoirs. Let’s hope we will not experience the Dutch phenomenon here in Brazil, because this results in, and is associated with, an outrageous increase in costs, of 5.5 cents per pound of crude sugar in the port of Santos This was the figure I saw when I joined UNICA in 2000, and I also remember a liter of ethanol at R$ 0.14, as all of you do too. So then, today’s situation is not profitable. Or is it? Yes, for sure there is a significant number of mills that will not be compensated no matter what the price is, because they are broke. We know that. And they are broke in today’s world, in which, unlike the past, one cannot remain in such a situation. I lack elements to assess what that represents, but I know there is quite a number of mills for which the only solution is a tremendous injection of capital. Such funds have to come from outside the unit, there has to be some kind of process in this direction, and this is somewhat reflected in the “idle capacity” of 120 million tons of sugarcane that is out there for processing, but there is no sugarcane because the first thing to do when one runs short on cash is to cut investments in sugarcane. Today, we are watching the end of a cycle of three years, like in 2000, at the end of the 1997-99 cycle. However, in this period, we lost 25% of the cane harvested in 2000 and now we will lose only 10 or 12%. Therefore, the first problem to solve is to fine-tune the industry overall, since it is in quite good shape. We are making money, and in fact, in a long time one hasn’t seen so much money, regardless of how high our costs are. What we need is a different “atmosphere”, which is lousy, and therefore, for an economist, this makes it all a little complicated. An economist looks at the numbers, analyzes them, and concludes that the business should be running well, but it isn’t because of the “atmosphere”. Things aren’t well, but it is difficult to know exactly why. The government does not feel well. Prices have never been so high and this bothers the government. The private sector gets upset by the government’s reaction, engaged in bringing about an absurd regulation proposed by the ANP (National Oil Agency) to authorize investments in ethanol – which actually looks like a return to the days of the IAA (Sugar and Ethanol Institute). It is an aberration, a step backwards, but I believe there are elements that are even worse than that. There are institutional threats that scare capital, inhibiting investments in ethanol, and we tend to forget there is a benefit ethanol derives from the difference in the CIDE rate, which is also true for the CIDE rate on gasoline. In São Paulo there is a tremendous gain on ethanol under the ICMS tax system that makes the State the only one in which hydrated ethanol still competes with gasoline. We know this gasoline price situation is not as constant as some people state, making us think there already is an important policy benefiting ethanol – the mandatory mixture law that is part of our system. As long as the private sector and the government fight we must get our act together, because we are dealing with a product for which public policies are relevant. If we want a healthy, sustainable and safe environment for liquid energy, whose only economically and environmentally viable solution until now is ethanol from sugarcane, we must know how to talk to each other. Otherwise, there is no solution.
visão internacional
Opiniões
alimentos e energia:
nossos desafios Food and energy: our challenges
Índia e Brasil são países fantásticos, ambos são nações emergentes em suas regiões, estáveis, com uma mistura étnica e cultural incríveis. Mais do que isso, agora estamos em uma fase de grande crescimento, somos economias de trilhões de dólares, e as semelhanças entre nós são realmente grande e nos ajudam a nos unirmos em fóruns pelo mundo inteiro. Durante muito tempo, fomos separados pela geografia e também pelo conhecimento mútuo. A Índia sempre foi vista como um país místico, da ioga, de herança cultural antiga e de danças. A imagem que nós tínhamos do Brasil, até recentemente, era a terra do futebol, do samba e do carnaval. Fico feliz em dizer que as imagens estereotipadas estão mudando e que os BRICs (Brasil, Russia, India e China) são realmente os motores do crescimento, enquanto o resto do mundo, infelizmente, sofre.
India and Brasil are wonderful countries, both are emerging nations in their regions, stable, with an incredible ethnic and cultural diversity. More than that, we now are in a phase of much growth, we are economies of trillions of dollars, and the similarities between us are really huge and help us unite in fora around the world. For a long time, we were separated by geography and also by the mutual understanding one of the other. India has always been viewed as a mystical country, as the place of yoga, ancient cultural heritage, and dances. The image we had of Brazil until recently was that of the land of football, samba and carnival. I am pleased to say that these stereotype images are changing, and that the BRICs (Brazil, Russia, India and China) are really growth drivers, whereas, unfortunately, the rest of the world suffers.
" nós temos uma grande população, e a segurança alimentar é muito importante para nosso país e não podemos usar terras boas, adequadas para a agricultura, para produzir biocombustíveis, porque não podemos nem sonhar em comprometer a segurança alimentar dos bilhões de pessoas no nosso país " Abhilasha Joshi Consulesa-geral da Índia Consul General of India
A balança comercial entre Índia e Brasil está crescendo. Nossos governos estabeleceram um objetivo de chegar a um patamar de US$ 10 bilhões até 2010, embora tenhamos dobrado nos últimos dois anos, nosso comércio atingiu agora US$ 8 bilhões. As nossas listas bilaterias de comércio envolvem várias commodities, cujo item do topo é o açúcar. Mas ainda estamos enfocando bens primários básicos e esperamos que, no futuro, tenhamos um nível político de relações muito boas, e que essas boas relações evoluam para a área comercial também. Quanto às importações e exportações, os principais itens de exportações da Índia para o Brasil são óleo diesel, equipamentos relacionados à energia eólica, carvão, turfa, algodão, fios de poliéster, tintas, produtos químicos, remédios, nafta, peças para tratores e para a indústria automobilística, vacinas para medicina humana, etc. As exportações do Brasil para a Índia são óleo cru, sulfatos de cobre concentrados, açúcar, minério de ferro, óleo de soja, álcool, asbestos, válvulas, motores, bombas, aeronaves, etc. Temos vários investimentos específicos e joint ventures entre nossos países. Essa é só a ponta do iceberg, porque há muitos outros caminhos a serem seguidos para aumentar a balança comercial.
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The trade balance between India and Brazil is growing. Our governments had established an objective – to reach a level of US$ 10 billion by 2010, although it doubled in the last two years, our trade achieved US$ 8 billion. Our bilateral trade lists include numerous commodities, of which one at the top is sugar. However we still focus on basic primary products, hoping that, in the future, we will achieve a very good level of political relations, and that such good relations may also develop in the trade area. As for imports and exports, India’s main exports to Brazil are diesel oil, equipment for wind energy generation, coal, peat, cotton, polyester yarn, paint, chemical products, medical drugs, naphtha, parts for tractors and automobiles, vaccines for humans, etc.. Exports of Brazil to India encompass crude oil, concentrated copper sulfates, sugar, iron ore, soya oil, ethanol, asbestos, valves, engines, pumps, aircraft, etc.. Our countries share several specific investments and joint ventures. However, this is but the tip of the iceberg, because there are many paths to follow to increase the trade balance.
visão internacional Com relação à pauta deste fórum, a energia das nações, o governo da Índia descreve a segurança energética como a habilidade para seguir a demanda para os serviços de energia de todos os setores, inclusive as necessidades domésticas em todas as partes do país; energia conveniente e segura, a custo mais baixo possível, de forma tecnicamente eficiente, economicamente viável e sustentável ambientalmente. Isso é idealista, mas todos os governos gostariam de ter esse objetivo. A política energética da Índia baseia-se nesses parâmetros. Para todos os países, o que significa segurança energética? Geralmente, refere-se à produção e suprimento e consumo de hidrocarbonetos. A política externa de um país baseia-se, principalmente, na segurança de energias. O Brasil, nesse caso, também é muito abençoado com suas reservas recém-achadas de petróleo em águas profundas e que serão exploradas em seu potencial máximo, e ele será um dos maiores exportadores de petróleo no futuro. E por que, de repente, temos esse interesse em desenvolver energias renováveis e combustíveis limpos? Porque nem todos os países têm esses recursos de hidrocarbonetos e todos precisam procurar outras alternativas para assegurar seu crescimento. Sabemos que o que fazemos, hoje, vamos deixar para as futuras gerações. Assim, cada país tem suas próprias responsabilidades em relação ao meio ambiente. No setor de transporte, não temos muitas opções, e o petróleo continua sendo o combustível dominante e assim deverá permanecer ainda por um bom tempo. Mas, no setor de energia, há outras alternativas, temos carvão, gás, hídrica, energia nuclear, solar, eólica, biomassa, etc. Se olharmos para o mix de energia, 35% estão concentrados em petróleo, enquanto 25%, em carvão, e 21%, em gás natural. Nós ainda estamos dependendo dos hidrocarbonetos. As energias renováveis compõem apenas 19% desse mix energético do mundo. Como isso afeta a Índia, que cresceu muito rapidamente, de 7% a 9% nos últimos 3 anos, e tornou-se o quinto maior consumidor de energia no mundo? Embora tenhamos grandes reservas de energia, de carvão e de energias renováveis, como eólica, solar, hidroenergia e biomassa, nossas principais fontes de energia são o petróleo e o gás. Precisamos importar 75% de nossas necessidades de petróleo do exterior. Devido a isso, o carvão continua sendo a espinha dorsal do setor de energia. Temos uma reserva de 256 bilhões de toneladas. Mas, para usar carvão de forma eficiente, é necessário muito investimento para reformar e modernizar as fábricas. O governo da Índia estabeleceu uma política de parcerias com instituições públicas e privadas, para prospecção de reservas de petróleo onshore e offshore, e isso levou a grandes descobertas; assim, esperamos que, no longo prazo, sejam efetivamente benéficas para nós. Uma das vantagens que a Índia tem hoje é ter a quinta maior refinaria no mundo. Exportamos óleo diesel para o Brasil, embora importemos dele óleo cru. Temos, na Índia, uma capacidade instalada de 176.990 MW, dos quais 65,4% de usinas térmicas (54,7% a carvão, 10% a gás e 0,7% a óleo), 21,5% de usinas hidroelétricas, 2,7% de usinas nucleares e 10,4% de fontes de energias renováveis. Essa é uma imagem de contraste em comparação com a matriz energética do Brasil. Todas as fontes de energia estão sendo pesquisadas, para desenvolver novas formas e caminhos.
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With respect to the agenda of this Forum – the energy of nations -, the government of India describes energy security as the ability to meet the demand for energy services in all industries, including household demands throughout the country, with convenient and safe energy, at the lowest possible cost, in technically efficient, economically viable, and environmentally sustainable, ways. This is an ideal scenario, but all governments would like to have this objective. India’s energy policy is based on these parameters. What does energy security mean for all countries? Usually, it means the production, supply and consumption of hydrocarbons. A country’s foreign policy is mainly based on energy security. Brazil, in this case, is also much blessed with its recently discovered deepwater oil reserves, to be exploited to their maximum potential, with Brazil becoming one of the biggest oil exporters in the future. Why is it that all of a sudden we have this interest in developing renewable energy and clean fuels? Because not all countries have these hydrocarbon resources and they all must look for alternatives to assure their growth. We know that what we do today, we will leave for the future generations. Thus, each country has its own responsibilities with respect to the environment. In the transportation industry we do not have many options, so oil continues to be the predominant fuel and it will remain as such for a long time. However, in the energy industry there are other alternatives. We have coal, gas, hydro, nuclear, solar, wind, and biomass energy. If we look at the energy mix, 35% is concentrated in oil, 25% in coal and 21% in natural gas. We still rely on hydrocarbons. Renewable energy represents only 19% of this energy mix in the world. How does this affect India? India grew very quickly from 7% to 9% in the last three years and became the fifth largest energy consumer in the world. Although we have large energy reserves, from coal to renewable energy, such as wind, solar, and hydro energy, our main energy sources are oil and gas. We must import 75% of our oil needs from abroad. Due to this, coal continues to be the backbone of the energy industry. We have reserves in the amount of 256 billion tons. However, to use coal efficiently, it is necessary to invest heavily in revamping and modernizing plants. The government of India established a policy for partnerships between public and private institutions, for prospecting oil reserves on- and offshore, and this led to major discoveries in India, and we hope that in the long term they will benefit us. One of India’s advantages today is that it has the world’s fifth largest refinery. We export diesel oil to Brazil, although we import crude oil from Brazil. In India, we have an installed capacity of 176,990 MW, of which 65.4% are thermal plants (54.7% run on coal, 10% on gas and 0.7% on oil), 21.5% are hydroelectric plants, 2.7% are nuclear power plants and 10.4% run on renewable energy. This contrasts with the energy matrix of Brazil. All energy sources are being researched, to develop new forms and ways.
Opiniões Na Índia, há cinco ministérios vinculados à energia renovável, cuja importância foi reconhecida desde a década de 1970, e o foco, atualmente, será a energia solar, aumentar a eficiência energética e a energia eólica. Em 2010, a Índia tinha 12.000 MW de energia eólica instalada, ocupando a quarta posição mundial. Somos, hoje, o líder global no mercado de equipamentos para energia eólica e temos uma presença marcante no Brasil. Na Índia, os biocombustíveis são derivados de algumas plantas que não existem no Brasil, mas principalmente da cana-de-açúcar. Como vocês sabem, nós temos uma grande população, e a segurança alimentar é muito importante para nosso país e não podemos usar terras boas, adequadas para a agricultura, para produzir biocombustíveis, porque não podemos nem sonhar em comprometer a segurança alimentar dos bilhões de pessoas no nosso país e, portanto, temos que usar subprodutos para produzir energia renovável. Há uma forte necessidade de se usar os biocombustíveis no setor de transportes, porque esse é o setor mais poluente do mundo e que se presta ao uso de biocombustíveis, como é o caso do Brasil, com sua admirável tecnologia de veículos flex-fuel. Temos como alvo a mistura de 20% de biocombustíveis em nossos combustíveis até 2017. Precisamos modernizar e inovar para sermos capazes de atingir essas metas. Parcerias com países como o Brasil são muito úteis, e poderemos aprender muito uns com os outros. Estamos crescendo a uma taxa de quase 9% por ano e, para manter esse crescimento, precisamos de mais energia. O mundo vai precisar de mais comida, muitos outros bens, e, principalmente, mais energia. Estamos cientes desse fato e, portanto, esse tipo de fórum torna-se muito importante para a busca de soluções. Precisamos tirar milhões de pessoas que vivem abaixo do nível de pobreza e precisamos crescer. Precisamos saber, aprender e procurar ver todas as formas possíveis de se produzir energia. Cada tipo de geração de energia tem seus problemas, alguns precisam de mais investimentos, outros, de mais terras. Precisamos tomar cuidado e saber escolher quais terras podemos usar para a produção de biocombustíveis e quais devemos separar para a produção de alimentos. Existem muitos desafios pela frente. Estamos num momento de transição entre as formas tradicionais de se produzir energia e as energias do futuro. Desejamos participar, cooperar, consolidar amigos e parceiros.
We have 5 ministries in India associated with renewable energy. The importance of renewable energy has been acknowledged since the 1970’s, and the focus nowadays is on solar energy to increase energy efficiency, and on wind energy. In 2010, India had 12,000 MW of installed wind energy, ranking fourth in the world. Nowadays, we are the global leader in the equipment market for wind energy and we have a noticeable presence in Brazil. Biofuels in India are derived from some plants that do not exist in Brazil, but mainly from sugarcane. As you know, we have a large population and food security is very important for our country. We cannot even use good land for biofuels, appropriate for agriculture, because we cannot dream of compromising food security of billions of people in our country and hence, we must use or look for sub-products to produce renewable energy. There is strong pressure to use biofuels in transportation, because this is the most polluted industry in the world as it is ideal for such use, as is the case of Brazil, with its admirable flex fuel vehicle technology. It is our goal to mix 20% of biofuels to our other fuels by 2017. We must modernize and innovate to be able to reach those goals. Partnerships with countries such as Brazil are very useful and we could learn a lot from each other. We are growing at a rate of almost 9% per year and, in order to sustain this growth, we need more energy. The world will need more food, many other goods, but mainly more energy. We are aware of this fact and hence, this type of Forum is very important in the quest for solutions. We must relieve millions of people living below the poverty line, and we must grow. We need to know, learn about, and look for all possible ways to produce energy. All types of energy generation will entail problems, some will require more investments, others, more land. We need to be careful and to know what land we can use for the production of biofuels and which to separate for the production of food. There are many challenges ahead. We are in a transition phase between traditional ways of producing energy and the energies of the future. We want to participate, cooperate, and consolidate friendships and partnerships.
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Opiniões
biocombustíveis: podemos competir,
podemos ganhar
Biofuels: we can compete, we can win
Embora eu tenha ouvido aqui no Brasil tantas vezes a palavra “crise”, penso que vocês brasileiros tem todas as razões do mundo para serem muito otimistas. É certo que o sucesso não virá automaticamente, vocês têm que trabalhar, lutar por ele, investir nele, mas a agricultura brasileira tem um potencial tão imenso, que é só seguir esse caminho que vocês escolheram há alguns anos para que tudo dê certo. Há concorrência, sim, claro, mas eu não fiz essa viagem de Berlim para Sertãozinho para ser um oponente. Vim para aprender, para receber e dar informações para que possamos trabalhar em parceria. Conheço o trabalho de vocês e sei que temos, de ambos os lados, muito que aprender. Conheço, por exemplo, o trabalho da Unica e posso dizer que estão trabalhando de uma forma muito eficiente em Bruxelas, às vezes, até bem demais para nossos interesses, e eu gostaria de parabenizá-los por isso. Gostaria de me expressar sobre a indústria do etanol na Alemanha, ou do bioetanol, como nós o chamamos lá. São três as palavras-chave sobre a indústria do bioetanol, tanto para a Alemanha quanto para a União Europeia (UE): a economia de energia, a energia de fontes renováveis e a sustentabilidade dos combustíveis para transporte. Existem outros fatos muitos importantes também a considerar, sobre os quais devemos comentar, como a mudança do uso da terra, as emissões de gases de efeito estufa e o mercado de bioetanol. No Brasil, a indústria do etanol pode ser denominada exclusivamente como a indústria da cana-de-açúcar. Na Alemanha, não, pois o etanol é feito de muitos produtos, como a beterraba, o milho, de cereais e de grãos em geral. Para a indústria alemã, o bioetanol é um coproduto, porque usamos um milhão de toneladas de bioetanol e dois milhões de toneladas de subprodutos, como rações, fertilizantes, alimentos, CO2 e muitas outras coisas. Essa condição ajuda muito a concorrência e no desenvolvimento da tecnologia. Somos líderes na eficiência do biocombustível. É interessante ver o que pode ser feito para melhorar essa situação. A primeira palavra é economia de energia.
Although I have so often heard the word “crisis” here in Brazil, I believe you Brazilians have all the reasons in the world to be optimistic. It is certain that success will not come automatically, you have to work, fight for it, invest in it, but Brazilian agriculture has such huge potential, that all it takes is to follow the path you have chosen so many years ago, for everything to work out well. Yes, of course there is competition, but I didn’t make this trip from Berlin to Sertãozinho to be an opponent. I came to learn, to receive and provide information so that we may work together as partners. I know your work and I know there is much to learn, on both sides. For instance, I know the work of UNICA and I can say that they are working very efficiently in Brussels, at times even too efficiently in light of our interests and I wish to congratulate you on this. I wish to speak about the ethanol industry, or bioethanol as we call it, in Germany. There are three key expressions associated with bioethanol in Germany and the European Union (UE): energy savings, energy from renewable sources and the sustainability of fuels for transportation. There are other important facts to consider that we should comment on, such as: change in land use, greenhouse gas emissions and the bioethanol market. In Brazil, the ethanol industry may be exclusively called the sugarcane industry. Not so in Germany, because ethanol is made of many products, such as beet, corn, cereal and grains in general. For German industry, bioethanol is a coproduct, because for one million tons of bioethanol we use two million tons of byproducts, such as animal feed, fertilizer, food, CO2, and many other inputs. This situation greatly enhances competition and the development of technology. We are leaders in biofuels efficiency. It is interesting to see what can be done to improve the situation. The first expression is energy savings.
" Conheço o trabalho de vocês e sei que temos, de ambos os lados, muito que aprender. Conheço, por exemplo, o trabalho da Unica e posso dizer que estão trabalhando de uma forma muito eficiente em Bruxelas, às vezes, até bem demais para nossos interesses. " Dietrich Klein CEO da Associação da Indústria de bioetanol da Alemanha CEO of the German Bioethanol Industry Association
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visão internacional A União Europeia tem como uma decisão mandatória a substituição por fontes renováveis, até 2020, de 20% do total final de consumo de energia da comunidade e de 10% para combustíveis utilizados em todas as formas de transporte. A Alemanha foi ainda mais longe. O governo federal já determinou como meta a substituição por fontes renováveis de 30% do consumo de energia utilizada como eletricidade, calefação e combustíveis até 2030, de 45% até 2040 e de 60% até 2050. Podemos imaginar com isso que tipo de combustíveis serão utilizados pelos filhos dos nossos jovens em 2050? E, destaca-se que, para a humanidade, 2050 é amanhã. Considerando a evolução prevista para o consumo de energia entre 2005 e 2020 e as reduções mandatórias, temos como estimativas uma redução real da ordem de 40% da energia fóssil. Isso não afeta apenas o mercado de combustíveis para transporte, mas todos os setores. Vamos fechar refinarias? O que acontecerá na indústria química? Quais são as indústrias baseadas no petróleo que vão conseguir continuar a funcionar? Não temos essas respostas. Na União Europeia, nós temos uma legislação que dá uma definição muito clara, com critérios muito bem definidos do que seja necessário para definir um produto como sustentável ou não. Sei que o governo brasileiro e a própria Unica participaram das discussões em Bruxelas, e a abordagem decidida foi completamente aceita. Foram considerados como não aceitáveis biocombustíveis produzidos em terras com alto valor de biodiversidade, como áreas protegidas e de florestas primárias, por exemplo, com emissão de gases de efeito estufa; e oriundos de países que não se submetam ao acordo, que pratiquem a mudança indireta do uso da terra – e aqui, cabe uma explicação. Houve um relatório de uma comissão, que ainda está pendente, e em que se verificam as opções políticas, um fator global a ser aplicado aos biocombustíveis, considerando onde eles são produzidos e o vínculo entre a produção de biocombustíveis e o desmatamento. Quero dar destaque à condição de que o crescimento da produção de etanol no Brasil é inversamente proporcional à curva de desmatamento na Amazônia, ou seja, em 2003, o desmatamento na Amazônia era de 27 mil km2, enquanto a produção de etanol era de 14,8 milhões de m3. Em 2010, o desmatamento da Amazônia foi de 6,5 mil km2, enquanto a produção de etanol chegou a 35 milhões de m3. Esses dados comprovam que a produção do etanol está crescendo, e o desmatamento na Amazônia também está caindo. É um efeito adverso, a produção de etanol causa desmatamento? Ou essa produção de etanol está evitando que isso ocorra? Nenhuma dessas duas possibilidades. Eu acho que o ponto crucial é que, no Brasil, as atividades de sucesso protegem a floresta Amazônica e é por isso que essa teoria ou essa hipótese de mudança indireta no uso da terra não tem fundamento. Nós não aceitamos, porque isso é a última batalha de algumas ONGs contra os biocombustíveis em geral. Com relação às emissões de gases de efeito estufa (GEE), no que diz respeito à UE, as ações diretivas a serem aplicadas entre 2009 e 2030 para a qualidade dos combustíveis definem como meta mandatória que os fornecedores de combustíveis devam reduzir o ciclo de vida dos GEE por unidade de energia a partir dos combustíveis e energia utilizadas em 6% até 2020. Na Alemanha, a lei federal de controle de emissões estabelece meta em 3% até 2015, 4,5% até 2017 e 7% até 2020.
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The European Union has made a mandatory decision, i.e., to replace sources of energy with renewable ones by 2020, to the extent of 20% of the community’s total final energy consumption and 10% for fuels used in all means of transportation. Germany went even further. The federal government has set as a target for Germany, to replace 30% of energy used for electricity, heating and fuel, by renewable sources: 30% by 2030, 45% by 2040 and 60% by 2050. We can therefore well imagine what kind of fuels will be used by the children of our children in 2050. I should also point out that for mankind 2050 is tomorrow. Taking into consideration the development predicted for energy consumption between 2005 and 2020 and the mandatory reductions, we come up with actual reduction estimates of 40% of fossil energy. This does not only affect the transportation fuel market, but all sectors. Should we close down refineries? What will happen in the chemical industry? What industries dependent on oil will be able to continue to operate? We lack those answers. In the EU we have legislation that is very clearly defined, with well established criteria concerning what is necessary to qualify a product as sustainable or not. I know that the Brazilian government and even UNICA take part in the discussions in Brussels and the approach taken has been entirely accepted. What was deemed not acceptable are biofuels produced on land with a high value for bio-diversity, such as protected and native forest areas, for example, where there are high greenhouse gas emissions, or when originated in countries not signatories of the treaty, or such that bring about indirect change to the use of land – and at this point I wish to give an explanation. There exists a report by a commission, which is still pending, which looks into political options, a global factor to be applied to biofuels, considering where they are produced and the link between the production of biofuels and deforestation. I wish to emphasize the fact that growth of ethanol production in Brazil is inversely proportional to the deforestation curve in Amazonia, i.e., in 2003, deforestation of Amazonia amounted to 27,000 km2, whereas ethanol production was at 14.8 million m3. In 2010, deforestation of Amazonia was at 6,500 km2, whereas ethanol production reached 35 million m3. This data proves that ethanol production is increasing and that deforestation in Amazonia is decreasing. It this an adverse effect? Does ethanol production cause deforestation? Or is it that ethanol production is preventing this from happening? None of these two possibilities. I believe the crucial aspect is that several successful activities in Brazil protect the Amazon forest and therefore I say that this theory or this hypothesis about indirect change of the use of land has no basis. We do not accept this because this is the last battle stance of some NGOs that are against biofuels in general. With respect to greenhouse gas (GHG) emissions as related to the European Union, the directive actions to be undertaken between 2009 and 2030 for fuel quality set the mandatory target that fuel suppliers must reduce lifecycle GHG emissions per unit of energy from fuel and energy supplied, by 6% by 2020. In Germany the Federal Emission Control Act has defined 3% as the target by 2015, 4,5% by 2017 and 7% by 2020.
Opiniões A UE coloca ainda como metas adicionais indicativas 2% do suprimento de energia para o transporte e qualquer tecnologia (incluindo captura e aprisionamento de CO2) e 2% através de créditos de emissões de gases. A energia renovável deve ser sustentável e certificada como sustentável, esse sistema de verificação foi aceito pela União Europeia, e devemos economizar o máximo possível de GEE; e por que isso? Porque o mais importante para a indústria de combustíveis e de petróleo será a questão de quanto custa para evitar 1 tonelada da CO2. Essa é a questão mais crítica. O preço por litro perde um pouco da sua importância, mas o grande referêncial passa a ser o custo de evitar 1 tonelada de CO2. Com relação ao tamanho do mercado de combustíveis da Europa, se prevê que, em 2020, estejamos utilizando cerca de 344 milhões de toneladas métricas de diesel, 45 de biodiesel, 67 de gasolina e 13 de bioetanol. No que se refere somente à Alemanha, é previsto que, nessa época, nosso consumo seja de 29 milhões de toneladas métricas de diesel, 4 de biodiesel, 12 de gasolina e 2,3 de bioetanol. Quanto ao mercado de etanol, temos duas coisas diferentes a serem avaliadas: a qualidade e a quantidade. Não vamos entrar aqui nos números, mas na essência do fato, ou seja, qual o custo da redução dos GEE. Isso nos leva à concorrência. Muitas pessoas dizem que o etanol deve competir com a gasolina. Acho que não, nós temos que ganhar essa concorrência. Com relação à eletricidade, temos que levar esse assunto a sério, porque também poderemos competir com biogás e temos boas chances. É importante que o Estado estabeça as condições apropriadas para se reduzir o consumo dos combustíveis fósseis e aí o nosso objetivo, o nosso trabalho é concorrer com as oportunidades diferentes, de produtos diferentes e com reais inovações.
The European Union additionally sets as recommended targets, 2% by the supply of energy for transport and any technology (including carbon capture and storage) and 2% by GHG emissions credit. Renewable energy must be sustainable and certified as such, whereas this verification system was accepted by the EU, and one must also reduce GHG emissions as much as possible. Why is that? Because the most important aspect for the fuel and oil industry is the issue of how much it costs to avoid 1 ton of CO2. This is the most critical issue. The price of one liter loses a bit of its importance, while the bigger reference becomes the cost of avoiding 1 ton of CO2. With respect to the size of the fuel market in Europe, one foresees that by 2020, about 344 million metric tons of diesel, 45 million of biodiesel, 67 million of gasoline and 13 million of bioethanol will be consumed. As related only to Germany, one projects that our consumption will be 29 million metric tons of diesel, 4 million of biodiesel, 12 million of gasoline and 2.3 million of bioethanol. With respect to the ethanol market, we have two dif-ferent aspects to assess: quality and quantity. We will not look at the numbers here, but rather at the essence of the fact, i.e., what is the cost of GHG emissions? This brings us to the topic competition. Many people say ethanol should compete with gasoline. I don’t think so. We must win this competition. With respect to electricity, we must take this matter seriously, because we may also compete with biogas and we have good chances. It is important that the State set the right conditions to reduce fossil fuel consumption and then our objective, our work, will be to compete with different opportunities, different products and with actual innovations.
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visão empresarial
Opiniões
crescimento e investimento
em todas as frentes Growth and investment on all fronts
Para qualquer projeção que se faça no Brasil, o crescimento de renda da população se evidencia e, com ele, o crescimento do número de pessoas que passaram a poder ter um carro ou uma moto. Esse crescimento é maior, inclusive, que o crescimento da própria economia em si. Os veículos flex serão a grande parte dos carros novos, e, por mais conservadora que seja a projeção, teremos um crescimento considerável da demanda de etanol para uso automotivo. Se imaginarmos 25% da frota flex rodando com etanol, chegaremos a 2019 com uma demanda de 34 bilhões de litros. Se esse cenário for de 50%, o número saltará para 52 bilhões. O Plano Decenal de Energia enxerga um consumo, para 2020, acima dos 60 bilhões de litros de etanol. Certamente, isso depende de quanto o etanol vai ser competitivo em relação à gasolina. As consultorias da Petrobras projetam que, em 2015, o valor do barril de petróleo estará entre US$ 170 (o valor mais alto) e US$ 60 (o valor mais baixo). A Petrobras trabalha com números conservadores, entre US$ 80-95, como base para seus estudos e projeções. Nossa crença é de que o valor vai estar acima dessa faixa, próxima dos US$ 100/barril. O cenário que temos de futuro é de preços elevados do petróleo, e, cedo ou tarde, isso será trazido para o mercado interno, viabilizando, assim, uma produção competitiva de etanol. A Petrobras tem um compromisso expresso com o desenvolvimento sustentável. Essa é a razão de ela ter estabelecido, há alguns anos, reafirmando ano a ano, como um dos pilares de sua estratégia, ao lado da produção de óleo e gás – de forma sustentável, posicionando a companhia entre as cinco maiores produtoras de petróleo do mundo; ao lado do refino –, assegurando o abastecimento nacional e a liderança na distribuição; ao lado do gás natural – atividade mais nova na qual temos crescido bastante; e, ao lado da petroquímica, temos o quinto suporte da visão estratégica do sistema Petrobras, que é atuar no Brasil e no exterior no segmento de biocombustíveis, de forma integrada a todas as demais operações do sistema Petrobras.
" com relação à expansão com produtividade, numa visão de futuro, acreditamos que possamos sair da média de 6.670 litros, utilizando as tecnologias que já estão ao nosso alcance, e falar em algo em torno de 12.000 litros de etanol por hectare " Ricardo Castello Branco
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Diretor de Etanol da Petrobras Biocombustível Ethanol Director of Petrobras Biocombustível
No matter what projection is made for Brazil, growth of the population’s income becomes apparent, and with it, growth of the number of people that are now capable of buying a car or motorcycle. Said growth is even higher than that of the economy itself. Flexible (flex) vehicles will make up the larger portion of the new car fleet, and even considering that the projection is a conservative one, we will experience considerable growth in ethanol demand for automotive use. If we assume that 25% of the flex fleet will run on ethanol, in 2019 we will reach a demand of 34 billion liters. In the 50% growth scenario, this figure will increase to 52 billion. The 10-year energy plan foresees consumption in excess of 60 billion liters of ethanol by 2020. Surely this will depend on how competitive ethanol will be in comparison with gasoline. Petrobras’ consulting firms project that by 2015 the price of a barrel of oil will be in the range of U$170 (the highest amount) and US$ 60 (the lowest amount). Petrobras is assuming conservative figures between US$ 80-95 as the basis for its studies and projections. I believe this amount will be above said range, close to US$ 100/barrel. The scenario I see for the future is that of high oil prices, and sooner or later this will affect the domestic market, thereby making competition by ethanol production feasible. Petrobras is committed to sustainable development. For this reason, years ago the company set (and has since annually reasserted) sustainable development as one of the pillars of its strategy, along with the production of oil and gas – in a sustainable manner, placing the company among the five largest oil producers in the world –, along with its refining activities – assuring supply for the domestic market and leadership in distribution –, along with natural gas activities – its most recent business, which has grown considerably –, and also along with petrochemical activities. The fifth pillar, supporting its strategic vision, engages the Petrobras system in developing activities in the biofuels segment in Brazil and abroad, in a manner integrated with all other operations of the Petrobras system.
" estamos prliza e realiza "
visão empresarial Essa integração se desdobra em algumas orientações, dentre as quais destaco a de buscar fazer isso de forma a assegurar o domínio tecnológico para a produção sustentável de biocombustíveis, de forma alinhada às estratégias do negócio. Estamos falando de combustíveis de segunda geração, de outros derivados do açúcar e da cana, levando a produtos de alto valor agregado. Entre 2011 e 2015, a Petrobras vai investir US$ 225 bilhões, sendo que 2% desse valor serão investidos em biocombustíveis. Pode parecer pouco, mas representa US$ 4,1 bilhões, dos quais US$ 1,9 bilhão em etanol, US$ 1,3 bilhão em logística para o etanol, US$ 600 milhões em biodiesel e US$ 300 milhões em P&D. Temos também metas de produção, envolvendo as sociedades das quais a Petrobras Biocombustível participa, chegando a 2015 com 5,6 milhões de metros cúbicos de etanol e 855 milhões de metros cúbicos de biodiesel, o que nos colocará entre os 5 maiores produtores mundiais de biocombustíveis em 2020. Hoje, temos 15 unidades, como operadores ou sócios. Temos 5 usinas de biodiesel em operação – com 2 projetos importantes no Pará, que trabalha com a palma, associada com reflorestamento, plantada em áreas degradadas, com uma produtividade de 5.000 litros por hectare. Temos 4 mil hectares plantados, nos dois projetos, voltados para o mercado nacional e para o mercado europeu. Quanto ao etanol, temos 3 sociedades no Brasil, com um total de 10 usinas. O primeiro movimento foi uma sociedade com a Total Agroindústria, um projeto com um potencial de crescimento muito grande, com uma duplicação em andamento, com moagem plena prevista para 2013-14. O movimento seguinte foi a sociedade com a Guarani, empresa brasileira, pertecente ao grupo francês Tereos, que opera 7 usinas no Brasil, formando um cluster de cerca de 200 mil hectares de canaviais. Nessa sociedade, temos também um projeto na África, em Moçambique, envolvendo uma usina que produzia apenas açúcar, com o melaço exportado para a Europa. Estamos viabilizando as condições econômicas adequadas para adaptar essa usina para a produção de etanol, visando ao desenvolvimento do mercado nacional local. Hoje, Moçambique importa 100% dos produtos de petróleo. Temos uma terceira sociedade com a Nova Fronteira, do Grupo São Martinho, que opera a Usina Boa Vista, em Quirinópolis. Estamos desenvolvendo também o estudo de um projeto greenfield de grande potencial. Estamos investindo em ampliações dos ativos da Guarani, junto com o grupo Tereos, R$ 780 milhões, para o aumento da capacidade de moagem e exportação de energia. Na Usina Boa Vista, na Nova Fronteira, a maior usina de etanol de cana do mundo, os investimentos são da ordem de R$ 520 milhões; vamos aumentar a capacidade de moagem, já para a safra 2014-15, de 2,35 para 8 milhões de toneladas, aumentar a potência instalada de 80 para 155 MW e uma produção de energia de 265 para 600 GWh, dentre outros investimentos operacionais. O fato de a Petrobras estar participando, como sócios, em usinas existentes não quer dizer que não estamos trazendo etanol novo para o sistema. Trouxemos para essas sociedades uma alavancagem de crescimento que, possivelmente, elas não fariam, na mesma proporção, se estivessem sozinhas. Num quadro antes de nossa entrada e depois de realizados os investimentos já aprovados, na Total, a sociedade representa um aumento da capacidade de moagem de cana
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Opiniões This integration results in some orientations, of which I emphasize seeking to do this in a way such as to assure technological control over the sustainable production of biofuels, in a manner synchronized with the business’ strategies. I am talking about second generation fuel, and other sugar and sugarcane derivatives, through to products of high aggregated value. Between 2011 and 2015, Petrobras will invest US$ 225 billion, 2% of which in biofuels. It may appear to be little, but it represents US$ 4.1 billion, of which US$ 1.9 billion for ethanol, US$ 1.3 billion for ethanol logistics, US$ 600 million for biodiesel, and US$ 300 million for R&D. We also have production targets, involving the companies in which Petrobras Biocombustível is a stakeholder, so that by 2015 the system will produce 5.6 million cubic meters of ethanol and 855 million cubic meters of biodiesel. This will place us among the five largest global producers of biofuels in 2020. Nowadays we have 15 units, directly operated by Petrobras, or in which the company is a stakeholder. We operate five biodiesel plants – with 2 important projects in the State of Pará that use the palm plant in combination with reforestation, brought about in degraded areas, with a productivity of 5,000 liters per hectare. In the two projects, 4,000 hectares have been planted, aiming at the domestic and European markets. In terms of ethanol, we operate via 3 joint ventures in Brazil, totaling 10 plants. The first business venture was with Total Agroindústria, a project with a very large growth potential, currently being duplicated, with full-scale crushing activities set to begin in 2013-14. The next association occurred with the company Guarani, a Brazilian company belonging to the French Tereos group, which operates 7 plants in Brazil and forms a sugarcane cluster of about 200,000 hectares. This associated company also manages a project in Africa, in Mozambique, and comprises a plant that before only produced sugar. The molasses is exported to Europe. We are in the process of setting the right economic conditions so that this plant may produce ethanol, aimed at developing the local national market. Mozambique currently imports all its oil products. We are also in a third association with the Nova Fronteira company of the São Martinho group, which operates Usina Boa Vista in Quirinópolis. A greenfield project with a high potential is currently under development. We are investing R$ 780 million in the expansion of assets at the Guarani company, jointly with the Tereos group, to increase the crushing and energy exporting capacity. At Usina Boa Vista, of Nova Fronteira, the world’s largest ethanol-from-sugarcane plant, investments total R$520 million, and we will increase the crushing capacity, already for the 2014-15 harvest, from 2.35 to 8 million tons, increase the installed power capacity from 80 to 155 MW, and energy output from 265 to 600 GWh, among other operational investments. The fact that Petrobras is participating, as a co-owner, in existing plants does not mean that we are not bringing new ethanol into the system. We contributed growth leverage to these companies, which otherwise might not have occurred to the same extent, had they operated by themselves. In a scenario prior to our entry and after the approved investments materialized, in the Total company partnering represents an increase in sugarcane crushing capacity from
visão empresarial de 1,2 para 2,4 milhões de toneladas; na Guarani, de 17,4 para 24,5; e, na Nova Fronteira, de 2,3 para 8,0. No que se refere à produção de etanol, na Total, saímos de 103 para 204 milhões de litros; na Guarani, de 455 para 925; e, na Nova Fronteira, de 121 para 600. Com relação à capacidade de geração de energia, saímos na Total de 32 GWh para 86; na Guarani, de 255 para 1.172; e, na Nova Fronteira, de 121 para 600. Estamos, assim, falando de aumentos expressivos da capacidade de moagem, de produção de etanol e da exportação de energia. Em todas juntas, estamos plantando, neste ano, 60 mil hectares de cana, com crescimento maior ainda no ano que vem, em função dos investimentos aprovados. Tecnologia é um fator importante na forma como a Petrobras vê os biocombustíveis. Na área de etanol, temos investido, desde 2004, num projeto próprio de etanol de segunda geração, junto com uma empresa americana, na Dakota do Sul, numa planta piloto que era voltada para madeira, que recebeu o bagaço de cana, vindo de trem para processar os testes. Os resultados foram muito bons em nível experimental, com 300 litros por tonelada de bagaço seco, o que nos permitirá, em pouco tempo, ter um projeto básico de uma unidade industrial, de forma sinérgica com uma usina existente. Os números dirão se podemos iniciar imediatamente ou se deveremos esperar um pouco mais para viabilizarmos essa operação. Temos também investimentos para a produção de combustível de jato, o biojet, a partir de açúcares. Esse é um combustível que ainda não tem substituto validado, e é o mercado que mais cresce no mundo dentre todos os combustíveis líquidos. Quem chegar lá primeiro vai ter na mão um mercado fantástico, e, por isso, investimos. A melhor, mais eficiente e mais barata fonte de carbono renovável que existe é a cana-de-açúcar, e podemos pensar em cadeias de valores para a produção de lubrificantes, de produtos químicos, de fármacos, e passar a fazer de tudo o que se pode fazer com carbono, a partir de carbono renovável, através da química do açúcar da cana. Temos investimentos em melhorias de processos de etanol de primeira geração: é um ganho marginal, mas enxergamos muita agregação de eficiência, de ecoeficiência, através de uso melhor da água e dos recursos. Estamos trabalhando também da diversificação da matéria-prima, ao lado do etanol. Por exemplo, a São Martinho está fazendo uma safrinha com sorgo, num exercício para aprender, o que será um grande agregador de valor para a capacidade existente. Dando suporte a isso tudo, temos feito investimentos crescentes e importantes em biologia sintética e molecular, pois acreditamos que, com o apoio dela, chegaremos a resultados mais rapidamente. Com relação à expansão com produtividade e sustentabilidade, numa visão de futuro, de como podemos produzir etanol novo através do aporte de recursos de tecnologia e inovação, acreditamos que possamos sair da média atual de 6.670 litros por hectare e ter um ganho de 830 litros com a renovação, de mais 2.000 litros com ganhos tecnológicos, de mais 900 litros com a implantação econômica da safrinha e de mais 1.600 litros com a utilização de parte do bagaço de cana – utilizando as tecnologias que já estão ao nosso alcance, podemos falar em algo em torno de 12.000 litros de etanol por hectare. É o que chamamos de crecimento vertical, crescer na mesma área plantada, o que faz todo o sentido sob o ponto de vista econômico e ambiental.
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Opiniões 1.2 to 2.4 million tons, in Guarani from 17.4 to 24.5 and in Nova Fronteira, from 2.3 to 8.0. With respect to the production of ethanol, in Total we went from 103 to 204 million liters, in Guarani from 455 to 925 and in Nova Fronteira, from 121 to 600. With respect to the energy generation capacity, in Total we went from 32 GWh to 86, in Guarani from 255 to 1,172, and in Nova Fronteira, from 121 to 600. Thus, we are actually talking about considerable increases of the crushing capacity, of ethanol production, and of energy exports. All in all, this year we are planting 60,000 hectares of sugarcane, with even more growth next year, on account of the already approved investments. Technology is an important factor in how Petrobras views biofuels. In ethanol, since 2004, we have invested in a self-managed second generation ethanol project, together with a U.S. company in South Dakota, in what is a pilot plant that was originally set up to process wood, and which receives sugarcane bagasse delivered by train, for the sake of performing tests. At the experimental level, the results were very good, with 300 liters per ton of dry bagasse, which will allow us, after a short period, to have a basic project of an industrial plant in synergy with an existing plant. The figures will show if we can begin immediately or if we need to wait a little to make this operation possible. We are also investing in jet fuel (biojet) production, based on sugars. This is a fuel that lacks a validated substitute, but has a market that is the fastest growing of all liquid fuels. Whoever gets there first will reap the benefits of this fantastic market and that’s why we will invest in it. The best, most efficient and cheapest source of renewable carbon available is sugarcane, so one can think in terms of value chains for the production of lubricants, chemical and pharmaceutical products, and start doing everything that can possibly be done with carbon, based on renewable carbon, applying sugarcane chemistry. We are investing to improve first generation ethanol processes. This represents marginal gains, but we can envision an aggregating effect in terms of efficiency, eco-efficiency and better use of water and other resources. We are also working on the diversification of raw material for ethanol. For example, the São Martinho company is harvesting sorghum in the off-season, in what is an effort to learn, and will be a major factor in aggregating value to existing capacity. In supporting all these initiatives, we have made important and growing investments in synthetic and molecular biology, since we believe that this will provide us the opportunity to more quickly achieve results. With respect to expansion based on productivity and sustainability, in what is a view of the future on how one may produce new ethanol by applying technology and innovation, we believe we may leave the current average of 6,670 liters per hectare, to achieve a gain of 830 liters with renovation, more than 2,000 liters using technology, more than 900 liters with the economically feasible off-season harvest, and in excess of 1,600 liters by partially using sugarcane bagasse. Using all the technology currently already available, one can talk about achieving around 12,000 liters of ethanol per hectare. This is what one calls vertical growth, growing the same planted area, which makes sense from the economic and environmental point of view.
visão de entidades
Opiniões
mania de grandeza com complexo de inferioridade Delusion of grandeur with inferiority complex
" O único biocombustível avançado comercial que existe hoje no mundo chama-se etanol de cana-de-açúcar. Hoje, 40 países têm mandato para mistura de etanol; há muito pouco tempo, eram dois ou três. " Marcos Sawaya Jank Presidente da Unica President of Unica
Há uma famosa frase de Roberto Campos que diz que o Brasil vive uma curiosa mistura de mania de grandeza com complexo de inferioridade. No exterior, os brasileiros enaltessem o Brasil em tudo, mas, quando estão aqui, parece que seu esporte favorito é falar mal do Brasil. E, quando olhamos para o nosso setor, vemos essa mistura: somos fantásticos, temos grandes perspectivas, mas as coisas não vão para frente. O Brasil está crescendo 4% a 5% ao ano, enquanto o mundo desenvolvido está em uma grande recessão; na melhor das hipóteses, a Europa vai ter cinco anos terríveis de recessão ou de baixíssimo crescimento, e os EUA, uma dívida imensa. O consumo do açúcar cresce 4% ao ano nos países em desenvolvimento. Há alguns anos, muitos diziam que ele estava condenado pelos adoçantes sintéticos. Do outro lado, a frota flex cresce 10% ao ano, colocando nas ruas três milhões de carros por ano. O mercado americano está se abrindo muito mais rápido do que nós pensávamos; a tarifa vai a zero. Conseguimos classificar o etanol de cana como biocombustível avançado dentro de um mandato americano de 140 bilhões de litros, dos quais 80 bilhões para biocombustíveis avançados, enquanto a produção brasileira, neste ano, será de 27 bilhões. O único biocombustível avançado comercial que existe hoje no mundo chama-se etanol de cana-de-açúcar. Hoje, 40 países têm mandato para mistura de etanol; há muito pouco tempo, eram dois ou três. O Brasil tem uma das melhores condições para expandir a produção, com terra, água, clima, mas estamos usando apenas 1,5% das nossas terras aráveis para etanol e podemos passar, sem grande esforço, de 7,5 mil litros para 12 mil litros por hectare. Então, eu pergunto: onde está o problema? Eu só vejo oportunidades. O problema está nos ajustes de política privada e pública, no clima que se criou; está nos homens, nas pessoas, não na cana-de-açúcar. Temos perspectivas fantásticas no açúcar, anos consecutivos de preços muito bons e uma infinidade de novos produtos que vão usar sacarose e etanol.
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There is a famous phrase by Roberto Campos that says that Brazil experiences a curious mixture of delusions of grandeur with an inferiority complex. When abroad, Brazilians praise Brazil in all ways possible, but when they are here it seems their favorite pastime is to badmouth Brazil. When we look at our industry, we see that mixture: we are great, we have high hopes, but things just don’t move ahead. Brazil is growing 4% to 5% per year, while the developed world is in a deep recession; in the best scenario, Europe will face five terrible recession years, or of very little growth, and the U.S.A., tremendous debt. Sugar consumption grows 4% per year in developing countries. Some years ago, many said sugar was doomed because of artificial sweeteners. On the other hand, the “flex” fuel fleet grows 10% per year, annually putting 3 million cars on the streets. The U.S. market is opening up much faster than we had anticipated; tariffs tend to zero. We were able to get ethanol classified as advanced biofuel, within a U.S. mandate for 140 billion liters, of which 80 billion for advanced biofuels, whereas the Brazilian production this year will be 27 billion. The only advanced commercial biofuel in the world today is called sugarcane ethanol. Today, 40 countries have a mandate for mixing ethanol; just a short time ago there were only 2 or 3. Brazil has some of the best conditions to increase production – land, water, climate, but we are only using 1.5% of our tillable land for ethanol, so, without much effort, we could easily reach 7,500 to 12,000 liters per hectare. My question then is: where is the problem? I only see opportunities. The problems lie in making adjustments to private and public policies, in the atmosphere that has arisen, it lies in the individuals, in the people, and not in sugarcane. We are faced with a fantastic outlook for sugar, consecutive years of very good prices, and uncountable new products that will use saccharose and ethanol.
opinioes_1_2011.ai 1 4/11/2011 11:44:29
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visão de entidades Espero que possamos passar o etanol de 7% de exportação para 70% em algum momento, como se faz hoje com o açúcar. A melhor coisa que pode acontecer é fazermos com o etanol o que fizemos com o açúcar historicamente e, ao mesmo tempo, atendermos à frota de carros flex. Seria fantástico se o nosso etanol se tornasse uma commodity global. O Presidente Lula viajou o mundo inteiro tentando convencê-lo a fazer o que o Brasil fez, e isso pode acontecer se o mundo começar a misturar o etanol na gasolina, e, ao mesmo tempo, aqui no Brasil, atendermos ao mercado do flex. Poucos têm ideia do que representam 10% da mistura da gasolina no mundo. É algo inimaginável que não está longe de acontecer. Precisamos ter essa meta. A questão é que essa meta é para os próximos anos, enquanto o problema de curto prazo é que o crescimento da frota de veículos flex tem sido muito superior ao crescimento da produção de etanol hidratado, além de um aumento dos custos do etanol, que fez com que se perdesse competitividade com a gasolina. Estamos produzindo 600 milhões de toneladas de cana; 150 milhões foram perdidos em quebras de safras, que vão retornar naturalmente com a recuperação desses canaviais. Há 200 milhões de toneladas para expandir com nosso parque de usinas, então vamos para 950 milhões. Faltarão ainda 400 milhões, que são os novos greenfields. Esses 400 milhões a mais não podem ser para fazer etanol hidratado para atender a carro flex e competir com a gasolina tabelada, senão teremos problemas. Os novos greenfields custam 150 dólares por tonelada e não se justificam nessas condições. Assim, precisaremos de um diálogo mais produtivo com o governo, sem pensar em exclusões: etanol ou açúcar, mercado interno ou externo. Precisamos pensar em cana para atender a tudo isso. A política tem que ser pública e privada. Temos nossa lição de casa, não é só o governo que precisa mexer na equação de impostos, na maior transparência na política de fixação de preço de gasolina no longo prazo, no critério de mudança desse preço e de variação da CIDE. Não queremos que o preço da gasolina suba, ele já é um dos mais altos do mundo por causa da incidência de impostos, e o aumento teria um impacto inflacionário. Queremos é que haja equidade de ICMS entre os estados? Queremos que se resolva o problema do ICMS interestadual? Quando haverá um IPI que premia o motor flex, que polui menos, que é mais eficiente energeticamente? Essas são as tais políticas públicas que poderiam ser desenhadas numa conversa com o poder público. Da nossa parte, temos que reduzir custos. Como produtores de commodities, não temos controle de preços, vivemos em uma esteira rolante, correndo cada vez mais rápido, para não cair. Essa é a nossa missão: controlar e reduzir custos cada vez mais, melhorar as variedades, trabalhar todo o conjunto de ações que fizeram com que o nosso custo aumentasse nos últimos anos. Temos que viabilizar os novos greenfields. Temos a oportunidade de manter o flex, esse verdadeiro patrimônio nacional, criado em 2003, dado pela indústria automobilística. Estamos no auge do carro flex. Em setembro, chegou-se a 50% de frota flex, e nós devíamos estar comemorando isso, lançando 130 novos greenfields para fazer esse flex chegar à plenitude. Se não conseguirmos fazer isso, a anidrização será inevitável; gasolina e mercado internacional vão demandar anidro.
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Opiniões I hope we can increase ethanol exports from 7% to 70% at some point in time, like one is doing today with sugar. The best that could happen would be to do with ethanol what historically we did with sugar, and, at the same time, meet the needs of the flexible (flex) fuel car fleet. It would be great if our ethanol could become a global commodity. President Lula travelled the world trying to convince people to do what Brazil did, and this could happen if the world starts mixing ethanol to gasoline, and at the same time, here in Brazil, we can cater to the needs of the flex fuel market. Few people understand what a 10% mixture to gasoline represents for the world. It is something unthinkable, but it is not far from actually happening. We need this target. The fact is that this target is for the next few years, whereas the short-term problem is that the flex fuel vehicle fleet’s growth has been much higher than the production growth of hydrated ethanol, in addition to ethanol cost increases that resulted in the loss of competitiveness vis-à-vis gasoline. We are producing 600 million tons of sugarcane, 150 million we lost to crop shortfalls, but which will naturally return with plantation recovery. There are 200 million tons for use in the expansion of our industrial park, so that brings us to 950 million. The missing 400 million correspond to new greenfield projects. These additional 400 million cannot be used for hydrated ethanol in the flex car fleet, competing with price-listed gasoline, otherwise we will face problems. The new greenfield projects cost US$ 150 per ton and would not be justified under these conditions. Therefore, this would require more productive dialogue with the government, ignoring exclusions: ethanol or sugar, the domestic or foreign market. We need to think of sugarcane so as to meet all these requirements. The policy must be public and private. We have homework to do and not only the government needs to go about equating taxes, with more transparency in the price setting policy for gasoline in the long-term, the criterion for changing this price, and in terms of the CIDE contribution’s variation. We don’t want the gasoline price to increase, since it already is one of the highest in the world due to the tax burden, and such increase would have inflationary impact. We want ICMS tax equity among the States. We want a solution for the interstate ICMS tax rates. When will there be an IPI tax rate benefiting flex fuel engines that pollute less and are more energy efficient? These are the said public policies that could be conceived in talks with public authorities. On our side, we must reduce costs. As commodity producers, we lack control over prices, we are constantly on a moving walkway, walking at an increasingly faster pace so as not to fall. That is our mission: to control and increasingly reduce costs, improve varieties, work on the entire set of initiatives that caused our costs to increase in recent years. We must make new greenfield projects feasible. We have the opportunity to go on using the flex technology, this truly national creation of 2003 by the automotive industry. We are at a peak stage of the flex fuel car age. In September, the flex fleet comprised 50% of the total fleet, so we should be commemorating this, launching 130 new greenfield projects so as to make flex reach maturity. If we fail to accomplish this, going over to anhydrous fuel will be inevitable; gasoline and the international market will demand anhydrous fuel.
visão de entidades E o mercado internacional, pelo que estamos aprendendo com Estados Unidos e União Europeia, vai pagar um diferencial pelo anidro. A Califórnia, por exemplo, já está pagando um prêmio pelo anidro brasileiro de 0,72 centavos por galão. O que nós não podemos fazer? Precisamos evitar que o custo do ajuste do etanol seja pago pelo açúcar, por exemplo. A taxação do açúcar é uma política fadada ao fracasso, basta olhar para a Argentina e ver o que a taxação de commodities causou em um país que tem terras férteis, destruído por uma política pública de taxação sobre a agricultura. Também não podemos controlar a exportação de álcool. Saímos pelo mundo dizendo que o Brasil seria um supridor de etanol para o mundo, e, agora, vamos controlar a exportação de álcool com medidas de caráter intervencionista. O clima ruim que se criou nos mêses de março e abril foi gerado pelo temor de faltar etanol – o que não aconteceu, o sistema funcionou bem, mas houve um aumento de preço e uma pressão inflacionária, que depois se diluiu em duas ou três semanas. Nós da Unica trabalhamos sem parar. Eu tenho ido a Brasília sempre, conversado com muitos ministros, com muitos parlamentares, vários orgãos – aliás, são mais de dez que cuidam do setor. Tomamos várias atitudes, dentre as quais o monitoramento quinzenal da situação por produtores, distribuidores e governo. Outra medida foi o aumento sensível da produção de anidro, mesmo em uma safra com quebra, como a que vivemos para garantir a mistura na gasolina. Introduzimos um sistema de pré-contratação de etanol, que dará maior segurança de abastecimento: para cada compra de gasolina, as empresas precisarão comprovar o contrato do etanol correspondente aos 25% de etanol anidro que será misturado à gasolina. Pela primeira vez, estamos olhando para frente para garantir maior segurança de abastecimento e menor volatilidade de preços, procurando reduzir as pressões inflacionárias. Agora, estamos começando a conversar sobre crescimento. Podemos avançar na questão do crescimento mais firmemente. Podemos ter uma proposta setorial, por exemplo, indo a Brasília junto com a indústria de máquinas e equipamentos. Interessa a todos os segmentos o que vai ser negociado, é importante irmos juntos, porque, é claro, estamos falando de 150 novas usinas, o que interessa aos fornecedores, às empresas de máquinas e equipamentos; isso não é só um assunto de abastecimento, mas de crescimento, que não é só das usinas, mas de todo o setor. Queremos um crescimento sustentado, por isso estamos dispostos a conversar sobre isso. O governo vai querer compromissos nossos com o abastecimento, não há dúvida, vai ser um tema muito palpitante. Charles Handy, um filósofo irlandês, disse que “se há algo emocionante no futuro, é justamente a capacidade que temos de moldá-lo”, e eu acho que é isso que se apresenta quando falamos do crescimento do nosso setor, é a chance que temos de construir o nosso futuro. Para quem enxerga crise no lugar de oportunidades, termino com a frase de nosso querido Guimarães Rosa: “a vida é assim, esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta, o que ela requer da gente mesmo é coragem”.
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Opiniões Based on what we have learned in the United States and the European Union, the international market will pay a differential for anhydrous fuel. California, for example, is already paying a US$ 0.72 per gallon premium on Brazilian anhydrous fuel. What can we not do? For example, we must avoid the ethanol adjustment cost burdening sugar. Taxing sugar is a policy destined to fail. Just look at Argentina to see what the taxation of commodities did to a country rich in fertile land, destroyed by a public policy of taxes on agriculture. We can also not control the export of ethanol. We go around telling the world that Brazil is its ethanol supplier, but now we will have to control ethanol exports through interventionist measures. The bad atmosphere created in March and April came about due to the fear of an ethanol shortage – which did not occur, the system functioned well, but there was a price increase and inflationary pressure that disappeared after two or three weeks. At UNICA we worked relentlessly. I have constantly traveled to Brasília, spoken with many ministers, members of parliament, with many government bodies – by the way, more than 10 have a saying in this industry. We have undertaken a number of initiatives, including monitoring the situation of producers, distributors, and the government, twice a month. Another measure was a considerable increase in the production of anhydrous fuel, even when there is a harvest with crop shortfalls such as the one that occurred in order to warrant supply for the mixing with gasoline. We implemented a system to pre-contract ethanol, providing supply more stability: for each gasoline purchase, companies will have to submit proof of the corresponding contract for 25% of anhydrous ethanol that is mixed with gasoline. For the first time, we are looking ahead to secure supply and less price volatility, seeking to diminish inflationary pressures. Now we are starting to talk about growth. We can go forward with the growth issue in a more steadfast manner. We can have an industry-wide proposal, for example, going to Brasília along with the machine and equipment industry. What will be negotiated is in the best interest of all segments, so it is important we go together, because, yes, we are talking about 150 new plants, and this is interesting for the suppliers and the machine and equipment manufacturers. This has nothing to do with the topic supply, but rather with growth, not only of the plants, but of the entire industry. We want sustainable growth, which is why we are willing to talk about this. The government, no doubt, will want us to commit to supplying, so this will be a key subject. Charles Handy, an Irish philosopher, said that “if there is something fascinating about the future, it is precisely our capability of molding it”, and I think this is the case when we talk about growth in our industry, it is the chance we have to build our future. For those who see crises rather than opportunities, I finish with a phrase by our dear Guimarães Rosa: “life is like that, it gets hot, it gets cold, it tightens and then it loosens, it gets calm and then it gets agitated. What it really wants from us is courage”.
visão do fornecedor do sistema
dá para aguentar esse
peso?
Opiniões
Can we stand this burden?
O tema do Fórum deste ano tem sido muito discutido entre os dirigentes das indústrias de Sertãozinho. Somos 550 indústrias instaladas na cidade, e a grande maioria atende de forma representativa ao setor sucroenergético. A relação que existe entre a indústria fornecedora do setor sucroenergético e a indústria sucroenergética é muito antiga, numa saudável relação ganha-ganha. Com o advento do Proálcool, a indústria fornecedora e o setor sucroenergético intensificaram ainda mais essa relação, lastreadas na necessidade do desenvolvimento de soluções.
The theme of this year’s Forum has been much debated among corporate leaders in Sertãozinho. There are 550 industrial companies in town, most of which predominantly cater to the sugar-based energy industry. The relation between suppliers to the sugar-based energy industry and the sugar-based energy industry itself is a very old one, and has been a healthy win-win one. With the introduction of the “Proálcool” program, suppliers to the sugar-based energy industry further intensified this relation, given the need to come up with solutions.
" Dos 183 países analisados, Cingapura é o país mais competitivo do mundo com relação à facilidade para se desenvolver negócios. O Brasil está na 126a posição no ranking. Isso quer dizer que, de um total de 183 economias, em 125 é mais fácil fazer negócio do que no Brasil. Paulo Roberto Gallo Diretor da Authomathika, CeiseBr e Ciesp Director of Authomathika, CeiseBr and Ciesp
Dentre todas as indústrias, evidenciam-se a Dedini e a Zanini. Para se ter uma ideia da importância da Zanini para Sertãozinho e para o setor, por exemplo, mais de 70 indústrias instaladas na cidade nasceram da Zanini, especificamente para atender ao setor de açúcar e etanol. Dentro dessa simbiose cliente-fornecedor, nasceu a indústria de bens de capital voltada para o setor agroenergético, que hoje detém toda a tecnologia produtiva do setor. Um orgulho da indústria nacional. Mas há espaço para um ganho maior. Nesse mundo globalizado de hoje, temos que ser competitivos, pois globalização não é mais uma matéria acadêmica, mas uma realidade das operações do dia a dia das nossas empresas. Estamos trabalhando com boa competência, mas nem tudo depende da nossa boa vontade. Frustrante é ter que carregar alguns fardos cada vez mais difíceis de sustentar, infelizmente, para os quais não temos tido solução, nem visto qualquer evolução nesse sentido. Um estudo desenvolvido pelo Banco Mundial chamado Doing Business 2012 (Fazendo Negócios), realizado em parcerias com entidades e organizações locais dos países do mundo todo – que conhecem as dificuldades e as mazelas de cada país –, detalha 10 índices de sustentação do empreendedorismo empresarial, envolvendo legislação e regras para registro de propriedades, obtenção de crédito, proteção dos investidores, impostos e taxas, cumprimento
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Among all the companies, Dedini and Zanini stood out. To have an idea of the importance of Zanini for Sertãozinho and the industry, for example, more than 70 industrial companies, with operations in this town, derived from Zanini, specifically to cater to the sugar and ethanol industry. Of this client-supplier symbiosis resulted the capital goods industry aimed at the agroenergy sector, which nowadays holds all the production technology in the industry. Brazilian industry’s pride. However, there is room for additional gains. In today’s globalized world, we have to be more competitive, because globalization is no longer an academic issue, but rather, the everyday operational reality of our companies. We are competently at work. But not all depends on our good will. What is so frustrating is that one must carry around increasingly heavier burdens and, unfortunately, for which no solution is in sight, and no progress has been made going in that direction. A study developed by the World Bank called “Doing Business in 2012”, in partnership with local entities and organizations of countries around the world – that are familiar with the difficulties and hardships of each country, analyzes and details ten corporate entrepreneurship sustainability indices, involving legislation and rules on the registration of property, obtainment of credit, investor protection,
visão do fornecedor do sistema de contratos, abertura e fechamento de um negócio, dentre outros. Dos 183 países analisados, Cingapura é o país mais competitivo do mundo com relação à facilidade para se desenvolver negócios, seguidos de Hong Kong, China, Nova Zelândia, Estados Unidos e Dinamarca. O Brasil está na 126a posição no ranking. Isso quer dizer que, de um total de 183 economias, em 125 é mais fácil fazer negócio do que no Brasil. Evidentemente, isso afeta nossa indústria de bens de capital, o setor agroenergético, bem como todo o sistema produtivo brasileiro industrial e agrícola. Temos um excesso de tributação, excesso de legislação e excesso de burocracia. Para avaliarmos tal cenário, vamos detalhar três dos entraves mais comuns a toda atividade industrial: questão tributária, legislação trabalhista e acesso ao crédito. Tributação: Quando falamos de reforma tributária, não estamos falando de redução do valor total da arrecadação do Estado, mas sim pagar os impostos de uma maneira mais civilizada, de forma a trazer um maior número de empresas para a base de contribuição e diminuir a carga, porque, hoje, poucos pagam muito, e muitos não pagam nada. Quando é que teremos pessoas com poder de decisão e vontade para solucionar essa questão? Ficamos sempre imaginando que a hora seja agora, mas governo após governo nada acontece. Esperamos que dessa vez seja realmente a hora. Tomara que consigamos sensibilizar este governo a agir verdadeiramente em prol da nossa nação. Esse é um assunto muito velho. Acho que, de tão importante, deveremos passar a chamá-lo de Revolução Tributária. A carga tributária brasileira geral é de 34% do PIB, muito superior a todos os países que compõem o BRIC, nossos competidores diretos no desenvolvimento, pois na Rússia é de 23%, na China é de 20% e na Índia é de apenas 12%. Dá para competir com essa desproporção? Parte desse custo absurdo será transferido para o preço do produto e será absorvido pelo cliente, e a outra parte, pelo produtor, reduzindo sua capacidade de lucro e, consequentemente, de invetimento, de expansão e de pesquisa. Não há o que possamos fazer. Esses custos independem de qualquer ação nossa. Por mais eficientes que sejamos, não há racionalização que possa reduzi-los. Essa é a carga global de tributos em relação ao PIB. No setor de bens de capital, essa penalização é ainda mais escorchante. A carga típica sobre equipamentos dessa indústria se compõe de 15% de IPI, de 18% de ICMS e de 9,25% de PIS/COFINS, somando inacreditáveis 42,25%, impostos diretos, gerados quando da emissão da nota fiscal. Não entram aqui Imposto de Renda da Pessoa Jurídica no final do ano, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que já tunga mais 35% dos resultados das empresas. Não se incluem também os imensos encargos trabalhistas. Existem outras distorções primárias. O ICMS, por exemplo, incide sobre o valor do equipamento já acrescido de IPI, no caso de venda ao consumidor final, caracterizando bitributação, o que é inconstitucional. No caso de equipamentos vendidos instalados, o preço da mão de obra da instalação deve compor a base de cálculo do ICMS, o que, por sua vez, “arrasta” também o custo do IPI para cima. A legislação vigente (LC116/2003) contribui para que ocorra constante disputa entre municípios, em busca do ISSQN, gerando disputas judiciais e custos desnecessários para as empresas, devido às interpretações dúbias da norma. Umas das consequências é a possível tributação em
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taxes and dues, execution of contracts, opening and closing of businesses, among others. Of the 183 countries assessed, Singapore is the most competitive country in the world in terms of business facilitation, followed by Hong Kong, China, New Zealand, the United States, and Denmark. Brazil ranks 126 th. This means that of a total of 183 economies, in 125 it is easier to do business than in Brazil. Obviously, this affects our capital goods industry, the agroenergy industry, as well as the Brazilian industrial production system. We have excessive taxation, excessive legislation, and excessive bureaucracy. To assess such scenario, let us detail three of the more common obstacles of industrial activity: the tax issue, labor legislation and access to credit. Taxation: When talking about tax reform, one does not talk of reducing the total amount of revenues the State collects, but rather, of paying taxes in a more civilized manner, in a way so as to increase the number of companies in the taxpayer universe, while decreasing the tax burden, because nowadays few pay a lot and many pay nothing. When will we have people with the power and the will to decide on a solution for this issue? We are always imagining whether now is the right time, but one government follows another and nothing happens. We hope this time will really be the right time. Let’s hope we can convince this government to truly act in the best interest of our nation. This is a very old issue. Given its importance, I suggest from now on we call it the Tax Revolution. Brazil’s overall tax burden is 34% of GDP, much higher than in all other countries comprising BRIC, our direct competitors in development, given that in Russia it is 23%, in China it is 20%, and in India it is only 12%. How to compete with this disproportion? A part of this absurd cost will be transferred to the product price and absorbed by the client, and the other by the producer, reducing profitability and hence, investment, expansion and research. There is nothing we can do. These costs do not depend on any action we may take. No matter how efficient we are, no rationalization can reduce them. This is the total tax burden in relation to GDP. In the capital goods industry this penalization is even more abusive. The typical tax burden on equipment in this industry is 15% of “IPI”, 18% of “ICMS” and 9.25% of “PIS/ COFINS”, totaling unbelievable 42.25% in direct taxes, generated upon issuance of the invoice. This does not include corporate taxes at the end of the year, the Social Contribution on Net Profit, which already chops off 35% of companies’ net profit. Also not included are the enormous labor obligations. There are other primary distortions. The “ICMS” tax, for example, is applied to the equipment cost that already entails the “IPI” tax in the case of a sale to an end consumer, characterizing double taxation, which is unconstitutional. In the case of equipment sold as installed, labor costs for the installation comprise the “ICMS” tax calculation basis, which then in turn reflects on the IPI tax, increasing it. Current legislation (“LC116/2003”) contributes to the fight of municipalities over the service tax (“ISSQN”), generating legal battles and unnecessary costs for companies, due to dubious interpretations of the legal norm. One of the consequences is the possible taxation in duplicate,
Opiniões duplicidade, tanto no município onde se prestam os serviços, quanto no município-sede da empresa fornecedora. Colocando isso em números, considerando um equipamento no valor de R$ 1 milhão, tomando médias como base, a empresa vai conseguir chegar a um Resultado Operacional Líquido de algo próximo a R$ 46.530,00, ou seja, 4,65%, com um peso final de tributos da ordem de 49,05%. A metodologia do pagamento dos tributos também é complicada, porque o imposto é devido independente da efetivação da receita, já que o fato gerador é a emissão da NF. Os prazos para pagamento são “apertadíssimos”, em dias fixos, sem flexibilidade. O custo financeiro da inadimplência é exorbitante. Em São Paulo, por exemplo, o atraso para o pagamento de ICMS é punido com 3% ao mês, com juros compostos. Esse é o sangramento que empresas que dão uma margem de lucro de 4% enfrentam. Legislação trabalhista: Outro fardo é a legislação trabalhista. Ela foi elaborada em 1943, no tempo da Segunda Guerra mundial. É desatualizada frente à realidade mundial da pós-globalização, não tem flexibilidade das relações capital-trabalho, inviabiliza negociações coletivas no momento em que desconsidera as diferentes realidades entre as empresas. O contencioso trabalhista é amplamente favorável ao empregado; o ônus da prova recai fortemente sobre as empresas, com a presunção antecipada de culpa do empregador, além do rótulo comum de abuso de poder econômico. Tudo isso gera ações judiciais descabidas, muitas vezes caracterizando má-fé. O Brasil tem uma média de 2 milhões de ações trabalhistas/ano, contra 75 mil nos Estados Unidos, 70 mil na França e 2.500 no Japão. Sendo conservador, os encargos trabalhistas somam 59,22%. Mas, se levar em consideração tudo, como DSR, despesas de rescisão, etc, isso vai para 103,46%, portanto, para cada R$ 1.000,00 que vai para o bolso do funcionário, gastam-se outros R$ 1.003,46 de encargos. É uma carga absurdamente elevada. Isso também precisa ser revisto. Crédito: Mais um fardo a abordar é a questão financeira. Depois da crise de 2008, o mundo achou por bem jogar as taxas lá embaixo, vivendo a realidade do momento, chegando a percentuais como 1% ao ano, que, considerando a inflação local, chega a se ter taxas negativas de rendimento. No Brasil, não. Temos as taxas de juros reais mais elevadas do mundo, com exigências de garantias que inviabilizam a maioria dos financiamentos. Temos uma grande falta de interesse dos agentes financeiros em operações com recursos do BNDES onde haja necessidade de repassadores, por exemplo, de Finame abaixo de R$ 10 milhões. O repassador assume o risco e é relativamente mal remunerado, o que torna a operação pouco atraente. Além disso, as restrições nas pessoas físicas afetam desproporcionalmente o crédito das pessoas jurídicas. Os bancos preferem emprestar para o governo, que é um investimento seguro, pois o Brasil está com um bom grau de investimentos e paga um juro altíssimo. Por que ele vai emprestar para a indústria a 2%, se pode ter 14% do governo? Se aliarmos a isso à questão do câmbio... Não é à toa que já começamos a ouvir falar sobre a preocupação com a desindustrialização do Brasil. Vale a pena conversar sobre os assuntos aqui abordados, principalmente nas reuniões de nossas entidades de classe e com a força política mais próxima. Não podemos ficar à espera de que alguém inicie o movimento.
both in the municipality where services are rendered, and in the municipality in which the supplier company is headquartered. To put this into numbers, assuming equipment with a price tag of R$1 million, and based on average figures, the company will be able to achieve a net operational result of about R$46,530.00, i.e., 4.65%, with a final tax burden in the magnitude of 49.05%. The tax payment method is also complicated because the tax is due regardless of whether revenues materialize, given that the tax generating fact is the issuance of the invoice. Payment schedules are very “tight”, set for preset fixed dates, with no flexibility. The financial cost in the event of default is exorbitant. In São Paulo, for example, delay in payment of the “ICMS” tax is penalized at 3% per month, applying a compounded interest rate. This is the bleeding companies making a 4% profit have to endure. Labor legislation: Another burden is the labor legislation. It was enacted in 1943, during World War II. It is outdated in light of the world’s post-globalization reality, it lacks flexibility in terms of capital-labor relations, and makes labor contract negotiations impossible when one considers the different realities facing companies. Labor litigation widely favors employees; the burden of proof is strongly on companies; employers are presumed guilty in advance; there is an underlining common perception that they abusively use their economic power. All this results in ludicrous lawsuits, often bordering on bad faith. Brazil is faced with, on average, 2 million labor lawsuits as compared to 75,000 in the USA, 70,000 in France and 2,500 in Japan. From a conservative perspective, labor obligations add up to 59.22%. However, when taking everything into consideration, such as labor contract rescission costs, etc., this figure reaches 103.46%, so, for each R$1,000.00 paid into an employee’s pocket, R$ 1,003.46 are spent on obligations. This is an absurdly high burden and needs to be reviewed. Credit: Another burden to tackle is the financial issue. After the 2008 crisis, the world decided to bring down the rates to a minimum, experiencing the moment one was living, reaching rates of 1% per year, which, when considering local inflation, resulted in negative return rates. Not so in Brazil. We have the world’s highest real interest rates, along with guarantee requirements that make most loans impossible. There is a lack of interest on the part of financial agents to do transactions with “BNDES” funding, which require intermediaries. For instance, the lack of interest in the FINAME program when it involves amounts under R$ 10 million. The intermediary assumes the risk and is relatively poorly compensated, making the transaction unattractive. Furthermore, restrictions applicable to individuals disproportionately affect the credit of corporations. The banks prefer lending to the government, which is a safe investment, because Brazil enjoys the investment grade ranking and pays very high interest. Why should they lend to industry at 2%, if they can get 14% from the government. Now, when considering the exchange rate issue... Not by chance does one start to hear of the concern about Brazil’s deindustrialization. It is worthwhile talking about these issues touched on here, mainly in meetings of our class associations and that have greater political force. We cannot just wait for somebody to start this movement.
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visão de governo
as respostas
virão, como sempre, do interesse do mercado The answers, as usual, will come with the interest of the market
O desafio do planejamento energético é uma questão complexa. Temos que garantir que haja energia para as pessoas e também que haja alimentos. Óbvio que energia e alimentos têm importâncias diferentes, mas estão em patamares muito próximos. Ambos são necessidades de nosso povo. Essas questões nunca poderão ser conflitantes. Qual é o papel do empresário nesse cenário? Sendo simplista: o empresário tem a missão de produzir algo e de obter lucro. Por outro lado, o papel do governo é equilibrar as demandas de todos os envolvidos. O empresário, tendo lucro, se sentirá motivado a investir, a gerar empregos; o empregado, a comprar, garantindo, assim, a manutenção de todo o circuito. Esse assunto é muito conhecido. Por que devemos investir em biocombustíveis? Das muitas razões, destaco três: as alterações climáticas, a insegurança energética e as dificuldades crescentes na produção do petróleo. O Brasil iniciou o Proálcool por causa da insegurança energética e da dificuldade de produção de petróleo, o que gerou, ao longo dos anos, o cenário atual dos biocombustíveis. Hoje, já caminhamos para um novo patamar e trabalhamos com a opção dos biocombustíveis de segunda geração. De fato, incomodamos muita gente. Na Europa, começaram a propagar que a alta produção de biocombustíveis iria provocar a falta de alimentos. E isso é uma grande verdade, mas para a realidade deles. Se eles fossem produzir o biocombustível requerido por sua necessidade, criariam um imenso problema social, em função da sua escassez de terra, de água e de mão de obra. No caso do Brasil, os biocombustíveis são os responsáveis por um grande benefício social, econômico e ambiental para o País. A EPE - Empresa de Pesquisa Energética estimou que temos 140 bilhões de toneladas de bagaço de cana-de-açúcar nas usinas brasileiras, dos quais apenas 8% são utilizados para a produção de energia elétrica, significando que temos disponíveis quase 130 bilhões de toneladas de bagaço, que não precisa ser comprado ou transportado, pois essa matéria-prima homogênea, pronta, preparada e disponível, numa granulometria fina e seca, já está dentro da indústria. A Unica projetou a expectativa de consumo de etanol nos EUA, considerando o etanol de milho, de
" Na Europa, começaram a propagar que os biocombustíveis iriam provocar a falta de alimentos. E isso é uma grande verdade, mas para a realidade deles. No Brasil, o biocombustível é responsável por benefício social, econômico e ambiental. " Luciano Cunha de Souza
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Secretaria de Inovação do MDIC Innovation Secretariat of MDIC
The challenge of energy planning is a complex issue. We must warrant that there will be energy for everybody, and food as well. Obviously, energy and food have different levels of importance, but they are quite close to each other on the scale. Both are necessities of our people. These issues should never conflict between each other. What role does business play in this scenario? Simply said: does business have the mission to produce something and make a profit? On the other hand, the role of government is to balance the demands of all stakeholders. The business that makes a profit will be encouraged to invest, to generate jobs, employees will be motivated to buy, thus assuring that the system is up and running. This is a well-known issue. Why should we invest in biofuels? Of the many reasons, I highlight three: Climate change, energy insecurity and growing difficulties in oil production. Brazil began the “Proálcool” program because of energy insecurity and difficulty in producing oil, which, over the years, brought about the current biofuels scenario. Nowadays, we are en route to a new level, with the option of second generation biofuels. In fact, this is disturbing for many people. In Europe, a rumor is being spread that high biofuels production will result in food shortages. This is in fact reality – but it is their reality. If they were to produce the biofuels needed for their reality, they would create a huge social problem, given their lack of land, water and labor. In the case of Brazil, biofuels are responsible for a major social, economic and environmental benefit for the country. EPE - Empresa de Pesquisa Energética (Environmental Research Company) has estimated that we have 140 billion tons of sugarcane bagasse in Brazilian plants, of which only 8% are used to produce electric power, meaning that we have almost 130 billion tons of bagasse, that does not need to be bought or transported, given that this homogenous, ready, prepared and available raw material, dry and of fine granulometry, is already in the plant. UNICA has projected expectations on ethanol consumption in the U.S.A., based on ethanol from corn, cellulose and advanced ethanol.
Opiniões celulose e o etanol avançado. Considerando que o etanol de cana já conseguiu ser classificado como etanol avançado, temos definido e aberto um mercado gigantesco para atender, supondo que vamos voltar a crescer largamente. Queremos ficar somente no etanol avançado, ou temos que aproveitar esse outro mercado? Na Europa, a legislação ainda não está bem clara, pois cada país está regulamentando as suas exigências ambientais, e a situação é ainda um pouco complexa. Mas ela migra cada vez mais para exigir o etanol celulósico. A demanda existe, está formada, está prevista nos mecanismos regulatórios deles. Com relação à tecnologia, um estudo do CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, tomando por base uma usina de ponta, mostrou que a expectativa de ganhos de eficiência industrial nos atuais processos de produção de etanol é muito pequena, porque já trabalhamos no ápice da tecnologia. Apesar disso, possuímos uma grande quantidade de usinas que ainda possuem equipamentos com tecnologia mais antiga e que têm muito a ganhar ainda com o etanol de primeira geração com a melhoria de seus processos. Na área agrícola, temos um maior potencial de ganho de produtividade do que na área industrial, com a implantação de novas variedades, melhoramentos genéticos, defensivos, manejos, um grande número de ações que permitirão ganhos maiores do que a tecnologia industrial de ponta. Isso é uma imensa motivação para o etanol de segunda geração, pois, sem aumentar um hectare sequer, poderemos produzir um volume gigantesco de etanol. Dentro da pirâmide de remuneração do etanol, colocam-se na ordem do maior para o menor valor de venda os álcoois destinados a cosméticos e farmacêuticos; depois, os para alimentação; depois, os para bioplásticos e polímeros; depois, os químicos a granel e combustíveis; e, no final da escala, os destinados a energia e aquecimento. A teoria para se produzir biocombustíveis avançados existe há décadas; os desafios são, na verdade, o desenvolvimento de projetos que permitam melhor economicidade. É por isso que os projetos mais avançados têm sido os focados em produtos de maior valor agregado. Assim, a opção que nos cabe é escolher em qual segmento investir. Precisamos pensar um pouco mais à frente. Por exemplo, como vamos conviver com o carro elétrico? Independentemente de nos prepararmos ou não, ele virá. Estamos investindo em pesquisa em praticamente tudo o que é relacionado à agroenergia, tanto no que se refere ao etanol quanto ao diesel. Historicamente, fizemos isso de forma pulverizada. Atualmente, estamos com focos muitos mais definidos, como é o caso da Dedini, do CTC, da Novozymes, do CTBE, da Petrobras, da Fapesp-Bioen, a maioria deles centrados em hidrólise enzimática, porque isso é o que mais combina com nossas usinas. O bagaço, que já está na usina, passará por um processo de hidrólise e voltará para a fermentação ou algo parecido. O setor de agroenergia é um dos que mais recebem investimento de P&D no Brasil. Quando vamos ter biocombustíveis avançados? Essa é uma resposta que o mercado vai dar. Por enquanto é melhor produzir outros produtos de maior valor agragado. Em um determinado momento, a gasolina poderá atingir um valor que viabilize a produção do etanol de segunda geração. Essa será, certamente, uma decisão de mercado com olhos na viabilidade econômica e no retorno dos investimentos a serem realizados.
Considering that sugarcane ethanol has already been classified as advanced ethanol, we are faced with the opening of a gigantic market to supply to, if we assume we are going to grow again at a considerable pace. Do we only want to be in the advanced ethanol market, or should we make use of this other market? In Europe, legislation is still not quite clear, given that each country is regulating its own environmental requirements, and the situation is still somewhat complex. It is, however, increasingly tending towards demand for cellulosic ethanol. This demand exists, it has been specified, and is foreseen in Europe’s regulatory mechanisms. With respect to technology, a study by CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (Strategic Management and Study Center), based on a state-of-the-art plant, showed that expectations about industrial efficiency gains in current ethanol production processes are very modest, because we are already operating at this high level of technology. Even so, we have a large number of plants still equipped with older technology, which stand to gain a lot from first generation ethanol when improving their processes. In the agricultural field, we have larger potential productivity gains than in industry, with the implementation of new varieties, genetic improvements, pesticides, handling procedures, i.e., a great number of initiatives that will allow more gains than just state-of-the-art industrial technology. This is a major stimulus for second generation ethanol because, without adding even a single hectare, we will be able to produce a huge volume of ethanol. On the ethanol remuneration pyramid, in a descending order from the highest to the lowest sale price, we have alcohol used in cosmetics and pharmaceuticals, then in food, then in bioplastics and polymers, then in bulk chemicals and fuel, and then at the end of the scale in energy and heating. The theory on the production of biofuels has existed for decades, and in fact the challenges are in developing the projects that allow the best economics. That is why the most advanced projects have been those focused on products with the highest aggregated value. Thus, what we must decide is in which segment to invest. We must think a little ahead. For example, how will we deal with the electric car? Whether we are prepared or not, it will come. We are investing into research on practically everything related to agroenergy, both as related to ethanol and diesel. Historically, we have done this in a widespread manner. Currently, we are much more focused, as is the case of Dedini, CTC, Novozymes, CTBE, Petrobras, Fapesp-Bioen, most of which focused on enzymatic hydrolysis, because this is what best fits our plants. Bagasse that already is in a plant will undergo a hydrolysis process and will return for fermentation or something like that. The agroenergy industry is one that receives most R&D investment in Brazil. When will we have advanced biofuels? This is an answer the market will give. For the time being, it is better to produce other products of higher aggregated value. At a given moment, gasoline may reach a price that will make the production of second generation ethanol feasible. Certainly this will be a market decision with an eye toward economic feasibility and return on the investments to be made.
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visão de parceiros
o sentido da
Opiniões
parceria
The meaning of partnership
A CPFL é uma empresa conhecida pela distribuição e comercialização de energia, desde a década de 1990. A partir de agosto, passou a operar a CPFL Renováveis, um braço exclusivamente dedicado a energias renováveis, na qual serão concentrados os esforços e os investimentos ligados a geração de energia por fonte de biomassa de cana-de-açúcar, por pequenas centrais hidrelétricas, por energia eólica e solar. Um ponto importante na criação dessa empresa é exatamente o sentido da parceria. A CFPL não é uma empresa do setor sucroalcooleiro, mas tem desenvolvido formas de incentivar investimentos em energia elétrica, elevando o potencial da exploração da biomassa da cana-de-açúcar – envolvendo o bagaço, a palha e a ponta – e da biodigestão da vinhaça, uma outra fronteira que está sendo explorada, agora em processo de P&D. O objetivo é aumentar a eficiência desse setor e possibilitar, efetivamente, o crescimento da oferta de energia de forma sustentável. A CPFL juntou os ativos de energia renováveis que possuía no portfólio da CPFL Energia com os da ERSA Energia Renováveis, que explorava PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas), e criou a CPFL Renováveis. Até o final deste ano, já terá em operação quase 700 MW, dos quais um expressivo percentual instalado no setor sucroenergético, representados por uma planta, já em operação, em parceria com a Usina Baldin, de Pirassununga, e mais quatro empreendimentos que entram em operação ainda neste ano, representando um investimento de quase R$ 1 bilhão. Nossos planos prevêem que, até o final de 2012, devamos atingir 906 MW de capacidade instalada.
CPFL has been known as a company that sells and distributes energy since the 1990’s. Since August, it has been running CPFL Renováveis, a subsidiary exclusively dedicated to renewable energies, which will concentrate efforts and investments in the generation of energy from sugarcane biomass, wind and solar sources, as well as small hydroelectric plants. One important feature of the creation of this company is precisely the meaning of partnership. CFPL is not a company of the sugar and ethanol industry, but it has developed ways to encourage investments in electric energy, increasing the potential of exploring sugarcane biomass -, encompassing bagasse, straw and plant tops –, the biodigestion of vinasse, which is yet another source being explored and is currently in an R&D process. The objective is to increase efficiency in this industry and actually make it possible to increase energy supply in a sustainable manner. CPFL took the renewable energy assets it owned in CPFL Energia and combined them with those of ERSA Energia Renováveis, which exploited small hydroelectric plants, to create CPFL Renováveis. By the end of this year, it will be operating almost 700 MW, of which a considerable percentage is installed in the sugar-based energy industry, in the form of a plant in operation in partnership with Usina Baldin, of Pirassununga, and four other business projects that will come on stream still in 2011, representing an investment of almost R$ 1 billion. Our plans foresee that by the end of 2012, we expect to attain an installed capacity of 906 MW.
" o melhor aproveitamento do potencial da bioeletricidade esbarra em 3 pontos críticos: o desconhecimento da operacionalidade do setor, a competição com os investimentos na produção de açúcar e álcool e a conexão ao sistema de transmissão " Alessandro Gregori Filho Diretor da CPFL Renováveis Director of CPFL Renováveis
Até 2020, a CPFL planeja investir R$ 4,5 bilhões especificamente na produção de energia a partir de biomassa. A CPFL tem em operação 278 MW em PCH, 160 MW em biomassa e 210 MW em eólica. Estão em fase de construção projetos equivalentes a 20 MW em PCH, 170 MW de biomassa e 296 MW em eólica. Estão em fase de estudos projetos equivalentes a 508 MW em PCH, 1.361 MW em biomassa e 1.472 MW em eólica. O total envolvendo todas as áreas, considerando todas as fases, soma 4.375 MW.
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By 2020, CPFL plans to invest R$ 4.5 billion, specifically in the production of energy from biomass. CPFL operates PCH (small hydroelectric plants) with 278 MW of capacity, 160 MW from biomass, and 210 MW from wind energy. There are projects under construction totaling 20 MW in PCH energy, 170 MW from biomass, and 296 MW from wind energy. In a study phase there are PCH projects totaling 508 MW, 1,361 MW from biomass, and 1,472 MW from wind power. The overall total, involving all projects, amounts to 4,375 MW.
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visão de parceiros Anteriormente, a política da CPFL era comprar energia das usinas, garantindo PPAs de longo prazo. Com o dinheiro desse PPA, com a garantia de contrato de energia por 20 anos, a usina tinha condição de ir ao BNDES e captar recursos, para poder fazer os investimentos necessários para ter essa energia, investindo em equipamentos, moagem e lavoura. Em 2007, a CPFL começou a explorar o segmento de forma diferente, sendo mais do que um parceiro, e passou a investir no setor, procurando usinas que tivessem interesse em deixar que a CPFL investisse no setor de cogeração, modernizando os equipamentos, e usasse a energia para rentabilizar esse investimento. Em 2008, foi fechado o primeiro projeto, que já está em operação. O melhor aproveitamento do potencial da bioeletricidade esbarra em 3 pontos críticos: 1. O desconhecimento da operacionalidade do setor, dado não ser viável a manutenção de uma equipe dedicada à gestão da energia, mesmo considerando que a regulação do setor elétrico e as formas de comercialização de energia são complexas. 2. Decisão de investimento na cogeração compete diretamente com os investimentos na produção de açúcar e álcool. 3. Conexão ao sistema: os custos da conexão tendem a ficar cada vez mais altos, dado que as usinas estão mais distantes das linhas de transmissão. Há um mercado livre no qual se consegue vender energia de uma forma mais competitiva, com contratos de menor prazo, mas isso é um acesso difícil para uma usina isolada gerenciar, em função do conhecimento específico que o assunto requer. Se ela for um player com geração e uma série de contratos de venda de energia, estará exposta a um risco da não geração. Mas, se ela participar de um grande portfólio de geração de energia, começa a diversificar esse risco, o que acaba mitigando os problemas e viabilizando mais projetos. A ideia da parceria é concentrar e localizar os investimentos e a gestão de risco numa empresa de gestão específica do setor elétrico. Quando se trabalha com escala, fazendo uma linha de transmissão 50km para 138KV, exportando energia só na safra, durante 6 meses, efetivamente é um investimento que não consegue remunerar adequadamente, porque é muito capital para pouca energia. Mas, quando o investimento amplia o aproveitamento da biomassa, reúne esforços e eleva as condições de performance, o retorno do investimento passa a ser viável. Essa parceria é interessante na medida em que a CPFL faz o investimento em caldeiras e turbinas, moderniza o parque gerador de energia e a cogeração, enquanto a usina concentra sua atenção específica na produção do açúcar e do etanol, recebendo a energia e o vapor necessários para a sua produção e disponibilizando o excedente para rentabilizar o investimento. A CPFL fará a gestão voltada para a otimização da geração da energia, investindo nos equipamentos dentro da planta da usina, para melhorar a capacidade e reduzir o consumo de vapor, maximizando a condição de exportação de energia. Pelo fato de melhor gerenciar o momento da venda, não necessariamente vendendo em leilão, forma simples de se desfazer dessa energia, a usina consegue rentabilizar, ter contratos de operação, manutenção, participação da própria energia excedente, de forma que ela tenha um maior benefício com a operação de cogeração.
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Opiniões Previously, CPFL’s policy was to buy energy from plants, warranting long-term PPAs. With the money from such PPAs and the guarantee of a 20-year energy contract, CPFL was able to source funds from the BNDES (Brazilian nacional foment bank), and to make the necessary investments in equipment, crushing and agriculture, to have the energy available. In 2007, CPFL began exploring this segment in a different manner, being more than just a partner, and began investing in the industry, looking for plants interested in CPFL investing in the cogeneration business, modernizing equipment, and using energy to make the investment profitable. In 2008, the first project materialized and is currently in operation. Better use of bioelectric potential is hindered in 3 critical ways: 1. Lack of knowledge on how the industry operates, given that it is impossible to have a team dedicated to energy management, even considering the complexity of the electric industry’s regulations and the ways in which energy is marketed. 2. The decision to invest in cogeneration directly competes with investments in the production of sugar and ethanol. 3: Connection to the system: connection costs tend to increase ever more, given that the plants are farther away from transmission lines. There is a free market in which one can market energy in a more competitive manner, with shorter term contracts, but it is difficult for an alone-standing plant to accomplish, given the specific knowledge required in this matter. If the plant is a player that has generation and a number of energy sales contracts, it will be exposed to the non-generation risk. However, if the plant takes part in a large energy generation system, it will start to diversify this risk, mitigating the problems and making more projects feasible. The idea of partnering is to concentrate investments and risk management in a specific electric industry management company, which will have to be identified. When one works according to a scale, setting up a 50km, 138KV transmission line, exporting energy only during the 6-month harvest period, then in fact this is an investment with inadequate returns, because too much capital is employed for too little energy. However, when the investment increases the use of biomass, joining efforts and increasing performance conditions, the return on investment is made feasible. This partnership is interesting to the extent that CPFL invests in boilers and turbines, modernizes its energy generating industrial park and cogeneration, while the plant concentrates its attention specifically on the production of sugar and ethanol, receiving energy and steam needed for its production and making the surplus available to render the investment profitable. CPFL will manage the operation so as to optimize energy generation, investing in equipment in the plant, improving capacity and reducing steam consumption, maximizing energy exports. Since it can better manage the time of sale, not necessarily resorting to auctions, it can more easily market this energy, the plant becomes profitable, celebrating contracts for operating and maintaining the plant, it shares its own surplus energy, and it can reap more benefits from the cogeneration operation.
THE WORLD NEEDS ENERGY Reducing the use of fossil fuels that add to climate change is a hot issue. The world needs energy and will need even more of it in the future – and bioenergy, including starch and cellulosic ethanol, biodiesel, and other biogas, will be increasing components of our future © Novozymes A/S · Customer Communications · No. 2011-14953-01
energy mix. The job of bioenergy industry leaders, policy makers, and the agricultural sector is to ensure that we meet the need for food, as well as energy – and do it in a sustainable way. Bioenergy is one of the options for helping the world to meet this challenge successfully; Novozymes strongly supports the sustainable production of bioenergy and invests in developing the business.
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