A tecnologia da produção da cana-de-açúcar - OpAA28

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www.revistaopinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade sugarcane, sugar, ethanol & bioelectricity abr-jun 2011

a tecnologia da produção da cana-de-açúcar Sugarcane production technology


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a tecnologia da produção da cana-de-açúcar

Editorial da Edição:

índice

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08 12 16 19

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Tadeu Luiz Colucci de Andrade Diretor de P&D do CTC

Prepado do Solo: Tomaz Caetano Cannavam Rípoli

Professor de Engenharia Rural da Esalq-USP

Fernando José Prati

Gerente Agrícola do GrupoToniello

Dib Nunes Jr.

Presidente do IDEA

Victório Laerte Furlani Neto Diretor da Qualimec Consultoria

Custos de Produção: Heloisa Lee Burnquist

Plantio Mecanizado:

28 31 34 37 40 43 46 49

Auro Pereira Pardinho

Gerente de Marketing da DMB

Mário Ortiz Gandini

Diretor Agroindustrial da São Martinho

Adézio José Marques Presidente do CEISE Br

Daniel Bachner

Diretor Global de Cana-de-Açúcar da Syngenta

Gilson Christofoli Junior

Diretor Agrícola da Renuka - Equipav

José Guilherme Perticarrari

Coordenador de Pesquisa Tecnológica - CTC

Jaime José Stupiello

Diretor Agrícola da Açúcar Guarani

Luciano Rodrigues Menegasso

Engenheiro Especialista Agroindustrial - CTC

Professora de Economia da Esalq-USP

Reforma da Lavoura:

Ivan Chaves de Sousa

Diretor da Chaves Consultoria

Ensaio Especial: Ismael Perina Junior Presidente da Orplana

54 56 59

Luiz Antonio Paiva

Diretor Agrícola do Grupo Cerradinho

William Lee Burnquist Gerente-geral da Ceres

Frederico Ozanan Machado Durães Chefe Geral da Embrapa Agroenergia

Tratos Culturais:

62 65 68 71 74 77 80 83 86 89 92 95

Leila Luci Dinardo-Miranda Diretora de P&D do IAC

Enrico De Beni Arrigoni

Coordenador de Pesquisa Tecnológica - CTC

Paulo Roberto de Camargo e Castro Professor de Fisiologia Vegetal da Esalq-USP

João Paulo Pivetta

Gerente de Cana-de-Açúcar da Bayer

Fábio Bertoldi Carretto

Diretor de Vendas da Embraer - Ipanema

Felipe Barros Macedo

Engenheiro Agrônomo da Stoller

Colheita: Márcio Souza Leão Bastos

Gerente de Vendas da CNH Latin America

Luiz Carlos Dalben

Presidente da Agrícola Rio Claro

Paulo Lordelo Novaes Presidente da GAtec

Adriano Thiele

Diretor de Operações da JSL

Alberto Menoni

Diretor da Auteq Telemática

João Eduardo Azevedo Ramos da Silva Professor de Logística da UFSCar

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: opinioes@revistaopinioes.com.br Diretor de Operações: William Domingues de Souza - 16 3965-4660 - wds@revistaopinioes.com.br - Coordenação Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Domingues de Souza - 16 3965-4606 - vrds@revistaopinioes.com.br - Vendas: Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 3965-4698 - pbsc@revistaopinioes.com.br – Beatriz Furukawa - 16 3965-4616 - bf@revistaopinioes.com.br - Apoio a Vendas: Susana Albertini Agazarian - 16 3965-4696 - saa@revistaopinioes.com.br - Jornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@revistaopinioes.com.br Freelancer da Editoria: Aline Gebrin de Castro Pereira – Priscilla Araujo Rocha - Projetos Futuros: Julia Boniceli Rolo - 16 9777-0508 - JuliaBR@revistaopinioes.com.br - Correspondente na Europa (Alemanha): Sonia Liepold-Mai - +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de - Correspondente na Índia: Marcelo Gonçalez - mg@revistaopinioes.com.br - Correspondente em Taiwan: Wagner Vila - wv@revistaopinioes.com.br - Jornalista Fotográfica na Ásia: Marcia Maria Ribeiro - mmr@revistaopinioes.com.br - Expedição: Donizete Souza Mendonça - dsm@revistaopinioes.com. br - Estruturação Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 9132-9231 - boniceli@globo.com - Copydesk: Roseli Aparecida de Sousa - ras@revistaopinioes.com.br - Tradução para o Inglês: Benno Kialka - BeKom Comunicação Internacional - Fone: 11 6398-0825 - bkialka@bekom.com.br - Agência de Propaganda: Agência Chat Publicom - Fone: 11 3849-4579 - Tratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) - Finalização: Douglas José de Almeida - Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP - Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões de seus autores - Fotografias dos Articulistas: Acervo pessoal - Foto da Capa: Usina São Martinho, Pradópolis - Fernando Battistelli – 16 7812-5800 – Fernando@fbfoto.com.br - Foto do Índice: Revista Opiniões - Periodicidade: Trimestral - Tiragem da Edição: 8.000 exemplares - Veiculação: Comprovada - Leia a revista impresa na versão online no site www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano

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editorial

Opiniões editorial

a reconquista da

liderança

" Cabe aos envolvidos com o setor sucroenergético uma ação efetivamente coordenada, para conseguirmos a liderança na exploração do potencial energético da cana. A perda da liderança mundial na produção de etanol é apenas o primeiro sinal do quanto essa coordenação é vital. " Tadeu Luiz Colucci de Andrade Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do CTC Research and Development Director at CTC

Reconquering the leading role

Temos, nesta edição da Revista Opiniões, especialistas de diferentes áreas mostrando os desafios vencidos e a vencer no setor hoje chamado de sucroenergético. Entre os principais desafios a vencer, estão: expansão da área cultivada, materiais genéticos mais adequados às novas áreas de plantio, novos produtos que poderão ser obtidos a partir da cana, exploração mais sustentável ambiental, social e economicamente, logística do corte, carregamento e transporte, formação de profissionais especializados, etc. Cada um deles exigirá novos processos tecnológicos, e alguns estão nos colocando na fronteira do conhecimento já adquirido no longo período de exploração comercial dessa cultura. A expansão da cultura para a chamada fronteira agrícola ocorreu com a utilização de variedades desenvolvidas para as antigas áreas produtoras. Isso significa que não necessariamente as produções serão obtidas nos níveis atuais, pois esse material genético não é específico aos novos ambientes de produção. O suprimento de materiais adequados só ocorrerá no futuro como frutos de seleções regionalizadas que só agora estão ocorrendo. Nas áreas tradicionais, a adoção de tecnologias já desenvolvidas e não aplicadas poderá, de imediato, alavancar a produtividade. Isso mostra, por incrível que pareça, que, se o setor produtivo ainda não usa adequadamente o potencial tecnológico disponível, dá para imaginar os desafios que terá com a revolução tecnológica que está a caminho. Ainda nesse cenário, temos a produção de etanol utilizando como matéria-prima a biomassa da cana. No início do desenvolvimento dessa tecnologia, considerávamos apenas o uso do bagaço, pois este já estava na indústria como subproduto da produção de açúcar e etanol de primeira geração. Com o advento da colheita de cana ►

In this edition of Opiniões Magazine, we have specialists of different areas showing the challenges overcome and still to overcome in the industry that we today refer to as the sugarcane-based sector. Among the main challenges to overcome are: expansion of cultivated areas, more adequate genetic materials for new planting areas, new products that may be obtained from sugarcane, more sustainable, environment friendly social and economic exploitation, logistics of cutting, loading and transporting, training of specialized professionals, etc.. Each of them will require new technological processes, and some will place us on the frontier of the knowledge already acquired in the long period in which this crop has been commercially exploited. Expansion of this crop to the new agricultural frontier occurred by using the varieties developed for the old production areas. This means that not necessarily will production be achieved at current levels, because this genetic material is not specific for the new production environments. The supply of adequate materials will only occur in future as the result of regional selections that only now are taking place. In traditional areas, the adoption of already developed but not applied technologies may immediately boost productivity. As incredible as this may seem, it shows that the production sector still does not make adequate use of the available technological potential, so one can well imagine the challenges it will face with the coming about of the imminent technological revolution. In this same scenario we also find ethanol production using sugarcane biomass as raw material. At the beginning of the utilization of this technology, one only considered using bagasse, because it already was in the industry as a by-product of first generation production of sugar and ethanol. With the introduction of green sugarcane ►

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editorial editorial crua, uma nova matéria-prima nos foi disponibilizada, a palha. Se o bagaço já estava na indústria, a palha tornou-se um elemento estranho quanto ao seu aproveitamento. Não tínhamos máquinas adequadas para sua coleta e transporte. Seu processamento industrial era uma incógnita e, hoje, ainda, é um grande desafio. Os questionamentos ambientais colocaram as práticas agrícolas que, até então, haviam feito o sucesso dessa cultura, sob intensas críticas. As práticas trabalhistas deixaram de atender às demandas atuais. Novas pragas e doenças continuam a desafiar nossos cientistas, em busca de alternativas eficientes e sustentáveis. O corte, carregamento e transporte, tanto da cana como da palha, desafiam pesquisadores a buscar sua otimização e desenvolver novos equipamentos. Para a cana, já temos definidos a distância máxima economicamente viável para seu uso, equipamentos de corte e carregamento com boa oferta no mercado. Para a palha, ainda estamos no início dos estudos, que deverão definir os parâmetros econômicos de sua utilização. Ainda quanto à palha, teremos que definir o quanto será tecnicamente correto retirarmos da área colhida e como iremos solucionar a grande quantidade de terra que levamos para a indústria. O transporte ainda é refém do modal rodoviário, e essa prática é, cada vez mais, questionada em nossas rodovias, principalmente quando próximo aos centros urbanos. E a busca de novos modais está estagnada no âmbito da pesquisa. Quanto à disponibilidade de técnicos especializados em processos agrícolas e industriais, já houve a crise na última onda de crescimento da cultura, e, agora, se considerarmos a necessidade futura de suprimento que o mercado terá que atender, fica claro que nova onda expansionista chegará e não será suportada por oferta adequada de profissionais. No processamento industrial, o consumo de água, a emissão de gases e o destino dos subprodutos passaram a ser questionados e estão em pleno processo de melhorias. As soluções para esses desafios, sem dúvida, serão encontradas, mas nos colocam em uma situação-problema: se aplicarmos todo o esforço na busca de soluções totalmente inovadoras, como a produção de etanol de segunda geração, corremos o risco de, após a hidrólise da biomassa, direcionarmos o processo de fermentação para a mesma tecnologia que produz o etanol de primeira geração, e essa tecnologia tem sido ignorada quanto à atualização pela pesquisa. Outro risco que corremos é a fragmentação da pesquisa nas diferentes áreas, tanto da pesquisa básica quanto da aplicada. Estas, se não passarem por uma coordenação eficaz e transparente, poderão consumir enormes recursos e produzir processos agrícolas e industriais que não sejam aplicáveis na exploração da cana-de-açúcar, e, pior de tudo, poderemos nos tornar concorrentes de nós mesmos na busca de soluções. Portanto cabe a todos os envolvidos com o setor sucroenergético uma ação efetivamente coordenada, para conseguirmos a liderança na exploração do potencial energético dessa cultura. A perda da liderança mundial na produção de etanol é apenas o primeiro sinal do quanto essa coordenação é vital.

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Opiniões Opiniões harvesting, a new raw material, straw, became available. If bagasse was already in the industry, straw became an alien element in terms of its utilization. We lacked the machinery to collect and transport it. Its industrial processing was an unknown and even today is still a major challenge. Environmental issues placed agricultural practices, which, until then, had been the reason for the crop’s success, under heavy criticism. Labor practices no longer met current demands. New pests and diseases still challenge our scientists in the quest for efficient and sustainable alternatives. Cutting, loading and transporting, both of sugarcane and straw, challenge researchers to seek the optimization and development of new equipment. For sugarcane we have already set the maximum economically feasible distance for its use, specified cutting and loading equipment with good supply levels in the market. For straw we are still in early study phases, which are expected to set the economic parameters for its utilization. Still with respect to straw, we will also have to determine how much will be technically appropriate to extract from planted areas and how to solve the problem of the huge volume of earth transported to the mill. Transportation is also the hostage of the road transportation modality, which is increasingly being questioned, particularly its use in the vicinity of urban centers. The search for new modalities is stuck in the research stage. With respect to the availability of technicians specialized in agricultural and industrial processes, a crisis already occurred during the crop’s previous growth wave and now, if we consider the future supply demand the market will face, it becomes clear that a new expansion wave will come about and there will not be adequate supply of professionals. In industrial processing, water consumption, gas emissions and the destination of by-products started to be questioned, and are in the full process of being improved. No doubt solutions for these challenges will be found, but they place us in a problem situation – if we put all efforts into looking for totally innovative solutions, such as, for example, the production of second generation ethanol, we run the risk that after the hydrolysis of biomass, we will direct the fermentation process towards the same technology that produces first generation ethanol, and this technology will have been neglected in terms of updated research. Another risk we face is of fragmenting research into several areas, both basic research and applied research. If these areas are not efficiently coordinated and transparent, they may consume huge amounts of resources and result in agricultural and industrial processes that will not be applicable to sugarcane and, what is even worse, we will become our own competitors in the search for solutions. Therefore, all parties involved in the sugarcane-based industry are called upon to bring about an effective coordinated initiative to be able to lead in exploiting the energy potential of this crop. Losing the leading position in the world in the production of ethanol is but the first signal of just how vital this coordination is.



preparo do solo

Opiniões

a China e o

talhão China and blocks

No final de 2010, a China lançou um programa nacional visando tornar-se, em 2025, o maior produtor de citrus do mundo. Alguém tem dúvidas do sucesso e do reflexo para o Brasil e EUA? É de se esperar que, para o setor sucroenergético, os orientais estão preparando algo semelhante para breve, além do já significativo incremento anual nas áreas canavieiras em anos recentes. Não deve haver dúvidas do que significará ao Brasil, cujo setor continua embevecido, hipnotizado e rindo a larga com nossa capacidade de produção. Nunca se ganhou tanto! Todavia, por de trás dessa euforia, escondem-se questões elementares, do ponto de vista gerencial, agronômico, tecnológico e logístico que, se, ainda hoje, afetam pouco a competitividade brasileira no mercado internacional, não demorarão muito para fazer o “bicho pegar”, e, daí, nem financiamento de BNDES vai resolver. A crise estará instalada, e não como uma bolha, mas como um tsunami. São cinco grupos de fatores que continuam carecendo de maior atenção, de menos “tentativa e erro” e de mais racionalidade, mas que estão sendo mascarados pelo bom momento do setor: 1. Enfoque distorcido dos objetivos das empresas (há maior preocupação com aumento de produção do que com aumento de rentabilidade econômica); 2. Pouco investimento em qualificação profissional (do operador de máquinas ao profissional de ensino superior que atua no campo); 3. Os controles de qualidade das operações de campo são obsoletos, imperfeitos e não atendem ao necessário, não passando de “quebra-galhos”; 4. Os controles de desempenho também padecem do mesmo mal. Esses dois últimos criam milhares de dados... e poucas usinas extraem deles informações que permitem tomadas de decisão com bases confiáveis. Consequência: a “achologia” predomina, baseado em “médias”. Imagine-se duas pessoas almoçando. Uma, um glutão, come tudo, e a outra fica apenas olhando. Na média, os dois estão bem alimentados... Esquecem-se de utilizar ferramentas científicas elementares (correlações, regressões, coeficiente de variação, desvio padrão, estatística básica) por acharem que se trata de academismo... 5. E implantam-se muito as tecnologias inadaptadas ou sofisticadas, quando o correto seria implantarem-se tecnologias adaptadas. ►

At the end of 2010, China launched a national program seeking to become the world’s largest citrus producer in 2025. Can there be any questions concerning the success of this and the reflexes for Brazil and the USA? One might imagine that for the sugarcane-based industry the Orientals are preparing something similar for the near future, apart from the already significant annual increase in sugarcane plantation areas in recent years. There should be no doubt as to what that will mean for Brazil, whose industry continues in a state of enchantment, hypnotized and laughing heartily with respect to our production capacity. Never before were profits so high! However, hidden behind the euphoria are elementary questions concerning management, agronomy, technology and logistics, which, if nowadays they little affect Brazilian competitiveness in the international market, it will not be long before a scenario change will take place, and when that happens, not even BNDES financing will solve the problem. The crisis will occur, not like a bubble, but rather like a tsunami. There are five groups of factors that continue to merit attention, less “trial and error” and more rationality, but they are being masked due to the industry’s good phase: 1. Distorted focus of companies’ objectives (more concern about production increases than about increasing profitability). 2. Little investment in professional qualification (from machine operators to college degree professionals who work in the field). 3. Quality control of field operations is obsolete, imperfect and does not meet essential requirements, being nothing else than makeshift solutions. 4. Performance controls suffer from the same problem. The latter two produce tons of data, but few mills extract information from it to make decisions on reliable bases. The consequence: the “I think approach” prevails, based on “averages”. Imagine two people having lunch. One, a guzzler, eats everything, while the other merely watches. On average, both are well fed… They forget to use elementary scientific tools (correlations, regressions, variation coefficients, standard deviations, basic statistics), because they think this is for the college guys… 5. Many an inappropriate or sophistiis implemented, when the right thing to "cated portechnology ser u operação e do would be to implement adapted technologies. ►

de man-açúcar "

" Por fim, a 'ameaça' chinesa está chegando. Caso não se adotem práticas agronômicas necessárias para aumento de rentabilidade econômica, não iremos importar apenas etanol dos EUA, mas açúcar da China. " Tomaz Caetano Cannavam Rípoli

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Professor de Engenharia Rural da Esalq-USP Professor of Rural Engeneering at Esalq-USP Colaboração: Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, John Deere


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preparo do solo Limitando-se a apenas esse último tópico, um exemplo: é basilar, mas grande parte das usinas não atentou, ainda, ao fato de que uma boa colheita depende de bom plantio... este, por sua vez, depende de um bom preparo de solo, e a melhoria do desempenho de sistemas de colheita mecanizada depende também de uma adequada sistematização dos talhões. Sistematização ampla e não a predominante “meia boca”. Sistematização de talhões para colheita mecânica, na qual as máquinas mais recentes apresentam motores com mais de 300 cv, com órgãos ativos de maior capacidade de recebimento e manipulação de matéria-prima por unidade de tempo, com eletrônica embarcada etc, inicia-se com uma correta formatação de talhões e sistema viário correspondente. Relevos de até 3 a 4% (dependendo do tipo de solo), o palhiço remanescente da colheita é suficiente para ajudar a controlar a erosão, portanto, são desnecessárias as curvas de nível. Os talhões devem ter, no mínimo, 600 m de comprimento (a Austrália já apresenta talhões de 1 a 1,2 km). Chega de “colcha de retalhos”! Em áreas mais declivosas, os talhões devem acompanhar as curvas de nível, buscando eliminar ruas mortas, dentro do viável. Obtêm-se, assim, maiores eficiências de campo. Por melhores que sejam os mecanismos de corte de base das colhedoras para acompanhar as imperfeições do microrrelevo, estes não são suficientes para diminuir a terra “colhida”, o abalo e a destruição de soqueiras, caso não ocorra, durante o preparo do solo, um nivelamento adequado desse microrrelevo (o nivelamento a laser está disponível há décadas). E, conjuntamente com a formatação de talhões e nivelamento do microrrelevo, não deixar de atentar ao nivelamento entre o talhão e o carreador (sua ausência acarreta significativas perdas de tempo em manobras de cabeceiras da colhedora e do transbordo, interferindo, mais uma vez, na eficiência de campo). Espaçamento: se for simples, no mínimo tem que ser de 1,5 m. Muitos, ainda, utilizam 1,4 m, com a ilusão de que 10 cm levarão a uma maior produtividade agrícola. Bobagem! O que são 10 cm quando as variáveis abaixo citadas interagem e levam a uma variabilidade espacial de produtividade agrícola (PA) em um talhão que chega ao absurdo de mais de 50%, quando se considera essa PA por fileiras de plantio? Como: características varietais; número de colmos industrializáveis/m; seus portes, comprimentos e pesos unitários; as falhas de plantio e de brotação; a variabilidade espacial das características físico-químicas do solo; a qualidade do preparo do solo e da sulcação (falta de paralelismo); a variabilidade no número de gemas viáveis plantadas/m; a desuniformidade na cobrição; a irregular distribuição de fertilizantes e as deficiências na aplicação de defensivos (os dois por falta de regulagens, bicos e dosagens adequadas) e o tráfego dentro do sulco e pisoteio de soqueira. Tais condicionantes já foram explicitados por mim e Sérgio Paranhos, desde 1972, quando estudamos e defendemos os plantios alternados (0,90x1,60 m), hoje coqueluche, mas nenhuma novidade. Às novas gerações de técnicos de nível superior fazem falta leituras e informações embasadas na ciência e menos tentar, apenas, descobrir a quadratura do círculo. Por fim, a “ameaça” chinesa está chegando. Caso não se adotem práticas agronômicas necessárias para aumento de rentabilidade econômica, não iremos importar apenas etanol dos EUA, mas açúcar da China. E mais, chega de contar com São Pedro para nossas produções agrícolas. A cana no Brasil continua tendo fome e tendo sede! Irrigação é um encurtamento de caminho para maior competitividade mundial.

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Opiniões Touching only on this last topic, here’s an example: it is basic, and yet most of the mills have still not grasped that a good harvest depends on good planting, which, in turn, depends on good soil preparation, while the improvement of mechanical harvesting systems’ performance depends on the correct systematization of blocks, with systematization meaning a broad one rather than any customary half-done solution. The systematization of blocks for mechanical harvesting, in which the most modern equipment consists of 300 HP engines, actively engaged entities with higher capacities to receive and process raw material per time unit, encompassing onboard electronics, etc., begins with the correct formatting of blocks and the corresponding road system. With terrain inclinations of 3 to 4% (depending on the type of soil), the crop residue left over from harvesting suffices to help prevent erosion, which is why contour lines are not necessary. Blocks must at least be 600 m long (Australia already has blocks measuring 1 to 1.2 km). Enough patchwork! In more inclined areas, lots should be aligned with the contour lines, seeking to eliminate dead rows to the extent possible. Thus, one achieves better field efficiency. Regardless of how good base cutters of harvesters are to align with micro slope imperfections, they are insufficient to diminish the volume of earth “collected”, ratoon damage and destruction, if during soil preparation an adequate leveling of such micro slopes (laser aligning has been available for decades) does not take place. Apart from formatting blocks and aligning micro slopes, one should not neglect the alignment of the lot with the lanes (the lack to do so results in significant losses in over head maneuvering of the harvester and the bin tractor, again interfering with field efficiency). Spacing: If simple, it must at least be of 1.5 m. Many people still use 1.4 m, believing that 10 cm will result in increased agricultural productivity. Nonsense! What are 10 cm when the variables mentioned below interact and result in spatial variability of agricultural productivity (AP) in a lot of more than 50%, which is absurd, when one considers this AP based on the criterion of planting lines? How: variety characteristics; the number of stalks for industrial processing; their sizes, their lengths, their unit weights, planting and shooting errors, spatial variability of physical and chemical characteristics of the soil; soil preparation quality and furrowing (lack of parallelism); variability of the number of viable buds planted per meter; lack of uniformity in the covering process; inadequate distribution of fertilizers, errors in applying pesticides (these two due to the lack of tuning and inadequate nozzles and doses), traffic inside the furrows and treading on ratoons. Such conditions were already clearly shown in research made public by me and Sergio Paranhos, since 1972, when we studied and advocated alternative planting (0.90 x 1.60 m), nowadays an interesting trend, but in no way a novelty. These new college degree generations of technicians should read more, to obtain more information based on scientific knowledge, rather than only try to discover the squaring of the circle. Finally, the Chinese “threat” is coming. Unless one adopts the necessary agronomic practices to increase profitability, we will not only import ethanol from the USA, but also sugar from China. In addition, we should cease to rely on Saint Peter in matters concerning our agricultural production. Sugarcane in Brazil is still hungry and thirsty! Irrigation shortens the path to worldwide competitiveness.



preparo do solo

Opiniões

na contramão da tendência, mas aliado da

técnica

In a countertrend, but allied with technique

" o solo, até então tratado como mero substrato, pois, segundo algumas pessoas, 'a cana aguenta desaforo', passou a ser visto como um fator importante no aumento de produtividade, se mais bem explorado e trabalhado durante o seu preparo " Fernando José Prati Gerente Agrícola Corporativo do Grupo Toniello Corporate Agriculture Manager at Grupo Toniello

O setor sucroalcooleiro sofreu profundas mudanças na última década. A sociedade mundial exige a busca por novas fontes de energia, que sejam renováveis e menos poluentes que as atuais, e, com isso, o etanol surgiu como uma grande opção de mercado. Com o aumento da competitividade e grandes investimentos de capital estrangeiro, a busca por novas tecnologias que proporcionem aumento de produtividade tornou-se de fundamental importância. O solo, até então tratado como mero substrato, pois, segundo algumas pessoas, “a cana aguenta desaforo”, passou a ser visto como um fator importante no aumento de produtividade, se mais bem explorado e trabalhado durante o seu preparo. Ultimamente, com a febre de redução de custos, diminuíram-se muito os gastos com preparo de solo, fazendo-se cultivos mínimos, e, cada vez mais, se deixou de verificar as consequências que isso poderia acarretar. Uma simples planilha de Excel passou a substituir qualquer análise técnica. Um verdadeiro assassinato tecnológico. Não podemos, de forma alguma, confundir redução de custos com redução de investimentos. Como diz um amigo meu: “é possível ganhar mais, gastando mais”. É fácil de explicar, façamos uma analogia. Os nossos filhos, para crescerem fortes e saudáveis, precisaram de uma boa alimentação, balanceada e saudável. Se eles deixassem de ingerir vitaminas, proteínas, carboidratos etc., cresceriam raquíticos e estariam muito mais suscetíveis a doenças, tendo, assim, uma expectativa de vida muito curta. Em contrapartida, se você gastou mais na alimentação e na formação de seu filho, gastará menos com remédios e hospitais e o terá saudável por muito mais tempo. ►

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The sugar and ethanol industry underwent far-reaching change in the last decade. World society demands the search for new energy sources that have to be renewable and less polluting than current ones, and on account of this scenario, ethanol appeared as a great market alternative. With the increase in competitiveness and large foreign capital investments, the quest for new technologies providing productivity increases acquired fundamental importance. Soil, until then treated merely as substratum, given that in the view of some people, “sugarcane supports all abuse”, started to be viewed as an important factor for increasing productivity, provided it is better exploited and cared for during its preparation. In recent times, with the cost reduction rage in progress, expenses with soil preparation decreased considerably, with minimal plantings, while increasingly ignoring the consequences this could bring about. A simple Excel spreadsheet replaced all technical analyses. Truly, technological assassination. By all means, what we cannot do is to confound cost reduction with investment reduction. A friend of mine, Fernando Prati, states “it is possible to earn more while spending more”. This is easy to explain. Let us make an analogy. Our children, in order to grow strong and healthy, need good food, balanced and healthy. If they stop taking vitamins, proteins, carbohydrates, etc., they will grow to be rachitic and will be much more susceptible to diseases, with a shorter life expectation. Consequently, one will have spent more on feeding and educating one’s child, but less on medical drugs and hospitals and the child will be healthy longer. ►



preparo do solo Com a cana é a mesma coisa, se você deixar de corrigir o solo, ou der uma pequena área para exploração radicular, não descompactar, etc., sua cana terá uma produtividade baixa e vida curta (baixa longevidade de soqueira), ocasionando, assim, um aumento nos custos finais, em nome de uma redução aparente e momentânea do custo de preparo do solo. É com essa visão que gostaria de relatar a nossa experiência em preparo de solo para cultura da cana-de-açúcar, que já possui mais de 15 anos de sucesso e é peça fundamental no nosso “Programa de Crescimento Vertical”, implantado nas empresas do Grupo Toniello e que proporcionou sairmos de uma produtividade de 87 ton/ha em 1995 para 105 ton/ha no ano de 2010. Os nossos principais objetivos com o preparo de solo são conseguir uma maior longevidade de soqueira, garantir um stand ideal (sem falhas) ao longo dos cortes (principalmente devido à agressividade do corte mecânico), garantir uma maior resistência a períodos secos, devido à exploração mais profunda das raízes, aumentar a área de nutrientes disponível para a planta e, consequentemente, aumentar a produtividade. Começamos com uma análise de solo bem representativa da área, feita em duas camadas, de 0 a 25 e de 25 a 50 centimetros de profundidade, com o objetivo de “construirmos” uma área de exploração radicular de 50 cm, totalmente corrigida e apta para a planta. De posse dos resultados, corrigimos esse solo através de calagem, gessagem e fosfatagem, de acordo com as necessidades. Esses produtos são homogeneizados através de gradagem e incorporados em profundidade através de aração. Sabemos que tanto o fósforo como o calcário possuem baixa locomoção no perfil do solo e, portanto, se quisermos uma correção em profundidade, teremos que os colocar lá. Cabe aqui ressaltar um benefício muito importante e paralelo, que é a profundidade de sulco. Se tivermos um solo corrigido a 50 cm e que permite um bom desenvolvimento radicular, não precisamos sulcar fundo, 15 a 20 cm bastam, pois as raízes irão buscar os nutrientes e a água em profundidade, formando uma soqueira forte e mais resistente aos abalos mecânicos das colhedeiras; com isso, teremos um gasto menor de potência de trator para sulcar e, consequentemente, para quebrar o lombo e nivelar o terreno. Após a correção do solo, passamos uma plaina, com o objetivo de nivelar esse solo, corrigindo pequenas saliências e depressões. O resultado é fantástico, pois possibilita um grande benefício em futuras operações, como sulcação (uniformidade de plantio), aplicação e ação de herbicidas, quebra de lombo, colheita mecanizada, longevidade da soqueira etc. Em seguida, subsolamos para quebrar qualquer camada compactada existente no solo e que possa impedir uma boa drenagem e aeração. Para finalizar, gradagem niveladora para plantio de cereais, como soja, amendoim, milho etc. Após a colheita dos cereais, é só plantar a cana e colher os frutos desse investimento, que serão altamente compensadores, tanto em produtividade quanto em longevidade do canavial e, consequentemente, financeiros. Tirem as suas conclusões e façam o melhor, só não abdiquem do conhecimento técnico. Para tudo existe uma explicação técnica que nos direciona para um melhor caminho. A cana aguenta desaforos, mas ela lhe agradece e retribui generosamente tudo o que você der em troca.

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Opiniões The same is true for sugarcane. If one neglects correcting the soil, or uses a small area for root expansion, or if one does not decompress the soil, etc., one’s sugarcane will grow to a shallow depth and have a short life, (short ratoon longevity), thus resulting in an increase of end costs, for the sake of an apparent and momentary reduction in soil preparation. Bearing this in mind, I wish to convey our experience in soil preparation for sugarcane agriculture, which already is a 15-year old success story and is the fundamental part of our “Vertical Growth Program”, implemented in companies of the Toniello Group, which allowed us to go from a productivity of 87 tons/ha in 1995, to 105 tons/ha in 2010. Our main objectives concerning soil preparation aim at higher ratoon longevity, to warrant an ideal standard (no errors) in the cuttings (mainly because of the aggressiveness of mechanical cutting), assuring higher resistance in dry periods, due to deeper root expansion, while increasing the available plant nutrition area, and hence, productivity. We begin with a highly representative soil analysis of the area, done in two layers, of between 0 and 25 and 25 to 50 centimeters depth, with the objective of “creating” a root exploration area of 50 cm, totally prepared and ready for the plant. Once we know the result, we correct the soil through liming, and by applying gypsum and phosphates, as required. These products are homogenized by harrowing and incorporated into the ground by furrowing. We know that both phosphorus and lime spread little in the soil, and hence, if in-depth correction is wanted, we need to place them there. At this point, one should emphasize an additional and important benefit, which is the depth of furrows. If we have soil corrected at 50 cm that allows good root development, we need not furrow deeper; 15 to 20 cm suffice, because the roots will search for nutrients and water in depth, allowing for a robust ratoon, more resistant to mechanical blows from harvesters, and thus we will require less tractor power to furrow and to level the terrain. After correcting the soil, we use a trowel to level the ground as best possible, correcting small protuberances and depressions. The outcome is fantastic, because it causes a major benefit for future operations, such as, furrowing (uniformity in planting), application and action of pesticides, terrain leveling, mechanical harvesting, ratoon longevity, etc. Next we plow the ground to break any compact soil layer that might prevent proper drainage and aeration. Finally, we level the ground by furrowing, so as to plant cereal, such as soybeans, peanuts, corn, etc. After harvesting cereal, one plants sugarcane and reaps the fruit of such an investment, which will be highly worthwhile, both in terms of productivity and sugarcane plantation longevity, and hence, from a financial perspective. Reach your conclusions and do your best, but do not abdicate from technical knowledge. For everything there is a technical explanation that directs us along a more suited path. Sugarcane can withstand abuse, but it will respond positively and generously reciprocate everything you give it in exchange.



preparo do solo

Opiniões

é preciso obter o máximo das

variedades Make the most of the varieties

As empresas sucroenergéticas são frequentemente afetadas por crises de preços baixos, que as colocam em situação de graves dificuldades financeiras. O endividamento e a inadimplência levam muitas dessas empresas à transferência de controle acionário e até mesmo ao extremo de entrar com processos de recuperação judicial para evitar a falência. Somente usinas e destilarias muito eficientes suportam períodos de crises, e, quando os preços melhoram, conseguem EBITDAs elevados que superam 30%. Para se preparar para essas turbulências, as empresas precisam buscar, continuamente, ganhos tecnológicos, operacionais e financeiros, dentro de altíssimos padrões de qualidade que lhes conferem competitividade, qualquer que seja a conjuntura de mercado.

Sugarcane-based companies are often affected by low price crises that place them in dire financial situations. Debt and payment default force many of these companies to transfer shareholder control and even to file for court protection from creditors to recover the company and prevent bankruptcy. Only very efficient mills and distilleries can survive in times of crises, achieving EBITDA rates in excess of 30%, once prices increase. In order to be prepared for such turbulence, companies must continuously seek technological, operational and financial gains, pursuant to very high quality standards to make them competitive, irrespective of the market scenario.

" as empresas que negligenciam uma análise permanente de desempenho de variedades, ou não se interessam por ela, provavelmente terão, em futuro próximo, problemas de competitividade "

Dib Nunes Jr. Presidente do IDEA - Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial President of IDEA - Instituto de Desenvolvimento Agroindustrial

A correta utilização das tecnologias disponíveis pode contribuir decisivamente para reduzir os impactos das crises. Uma das mais importantes tecnologias que proporcionam significativos ganhos às empresas são as variedades de cana-de-açúcar, que, se forem bem manejadas, dão muito lucro e sustentação nos períodos de dificuldades. Isso não é tão simples de se conseguir, pois, no cotidiano das usinas, ocorrem muitos fatores que impedem o máximo aproveitamento do potencial das variedades cultivadas, tais como: falta de planejamento na alocação e na colheita, não respeitando as suas exigências e a sua maturação; falta de áreas demarcadas de colheita com variedades de características semelhantes; colheita antecipada ou demasiadamente atrasada, fugindo das características varietais; colheita de variedades de crescimento lento muito tarde; problemas externos prejudicando a melhor época de corte, como liberação de áreas para aplicação de vinhaça ou reforma, canaviais bloqueados por alienação em ►

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The correct use of available technologies may decisively contribute to the reduction of impacts caused by crises. One of the most important technologies that provides significant gains to companies consists of the sugarcane varieties that, when well managed, are highly profitable and provide sustainability in times of hardship. This is not very easy to accomplish, because in mills’ everyday life many factors occur that prevent reaping maximum benefits from the potential of planted varieties, such as: lack of planning in terms of allocation and harvesting, not respecting the varieties’ requirements and maturation; the lack of harvest groupings, comprising varieties with similar characteristics; anticipated or delayed harvesting, ignoring varieties’ characteristics; very late harvesting of slow growth varieties; external problems adversely affecting the best time for cutting, such as: freeing of areas to apply vinasse or to reform them, blocked sugarcane ►



preparo do solo empréstimos bancários; fogo “acidental”; sacrifício de áreas para favorecer o início de safra ou a colheita mecanizada. Enfim, são muitos os problemas que, certamente, reduzem os ganhos que as variedades podem proporcionar. Como reduzir esses problemas e maximizar o resultado econômico no manejo varietal? A resposta deve levar em consideração o conhecimento dos ambientes de produção e das características varietais e a integração com a área de logística para demarcar os blocos ou módulos de produção com as suas melhores épocas de colheita, além de um intensivo programa de seleção e validação de variedades no local. A confrontação de novos cultivares com as variedades mais cultivadas e a introdução, em todos os anos, de novos clones são uma necessidade para as empresas não ficarem defasadas. Um trabalho de acompanhamento e checagem de resultados pode identificar, após as colheitas realizadas, quais variedades estão apresentando os melhores resultados. Os registros de produção são ótimas referências para saber se as variedades devem continuar em cultivo ou ser substituídas. Dessa forma, pode-se enquadrar o uso e o manejo de variedades dentro das metas estabelecidas de melhoria contínua de resultados, importantíssimo para que as empresas canavieiras se mantenham competitivas. No decorrer dos últimos anos, as variedades seguraram a produção e aliviaram a crises do setor, apresentando ganhos contínuos de produtividade. Desde a década de 70, as variedades elevaram as médias agrícolas em mais de 30 toneladas por hectare no estado de São Paulo, responsável por quase 60% de toda a produção canavieira do Brasil. Muitos são os obstáculos para se atingir produtividades economicamente viáveis, tais como ataques de pragas de solo, muitas áreas de produção em solos de baixa fertilidade, a recém-chegada ferrugem alaranjada, falta de variedades precoces para solos fracos, variedades com elevado tombamento, inadequadas à colheita mecanizada, teor de sacarose cada vez mais achatado pela longa extensão das safras, além de falta de variedades selecionadas exclusivamente para as novas fronteiras que são mais secas, mais quentes e onde florescem com maior intensidade. Os programas de melhoramento existentes no Brasil, CTC, IAC, Ridesa e Canavialis, que são poucos para 10 milhões de hectares, atualmente cultivados com cana, têm todos esses desafios pela frente. Além de seus programas tradicionais, prometem variedades transgênicas para futuro muito próximo. Todos os anos, são liberados novos cultivares para a realização de estudos de validação local, muito embora a maioria das usinas não esteja preparada para realização dessa fase final de confrontação com as variedades mais cultivadas na região. Essa é uma das atividades mais importantes, com maior relação custo-benefício para as empresas obterem informações para maximização do desempenho de suas variedades. As empresas que negligenciam uma análise permanente de desempenho de variedades, ou não se interessam por ela, provavelmente terão, em futuro próximo, problemas de competitividade, pois os custos não param de subir. Somente as variedades melhoradas podem garantir produtividades agrícolas cada vez mais elevadas para proporcionar a competitividade desejada e enfrentar as dificuldades sempre presentes. Vale a pena investir nessa tecnologia!

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plantations due to assignments made pursuant to bank loan terms; “accidental” fires; sacrificing of areas to favor harvest starts or mechanical harvesting, among others. Many are the problems that surely reduce gains varieties could bring about. How does one reduce such problems to maximize profit from variety management? The answer must take into consideration knowledge about production environments and characteristics of varieties, along with the integration of the logistics area to set the area limits of harvest groupings or production modules and the respective best times to harvest, and also an intensive program to select and validate varieties at site. The confrontation of new varieties with the most planted ones, and the annual introduction of new clones is necessary so that companies do not become outdated. An effort to monitor and check the results achieved may, after the harvest has taken place, identify which varieties achieved the best results. Production registries are excellent references to know whether the varieties should continue to be planted or replaced. In this manner, one may consider the use and management of varieties in the context of established goals, to continuously improve results, which is very important for sugarcane companies to remain competitive. In recent years, varieties warranted production and attenuated the crisis in the industry, providing continuous gains in productivity. Since the 70’s, varieties increased agricultural averages by more than 30 tons per hectare in the State of São Paulo, which accounts for almost 60% of all sugarcane production in Brazil. There are many obstacles to achieving economically feasible productivity levels, including: soil pest attacks, low soil fertility rates in many production areas, the recently discovered orange-colored rust, lack of precocious varieties for weak soils, varieties with highly inadequate inclination angles for mechanical harvesting, increasingly reduced saccharose content due to long harvest duration, in addition to the lack of varieties exclusively suited for new frontier regions, which are drier, hotter and where plants grow more intensively. Existing improvement programs in Brazil - CTC, IAC, RIDESA and CANAVIALIS – too few for the 10 million hectares of sugarcane planted annually, are faced with all these challenges. Apart from their traditional programs, these institutions have announced transgenic varieties in the very near future. Every year new varieties are approved for local validation studies, although most mills are unprepared to conduct this final confrontation phase with regions’ most planted varieties. This is one of the most important activities, with a better costbenefit relation, so that companies can obtain information to maximize the performance of different varieties. Companies that neglect, or are not interested in, ongoing surveys of varieties’ performance will in future probably face difficulties to compete, given that costs continue to rise. Only improved varieties can warrant increasingly higher agricultural productivity to allow for the desired competitiveness and to face the always existing difficulties. To invest in this technology is worthwhile!


Opiniões

preparo do solo, sistematização,

plantio e colheita mecânica Soil preparation, systematization, planting and mechanical harvesting

" a sistematização correta do plantio e a colheita mecanizada têm por meta alcançar os altos índices de produção mencionados pelos fornecedores dos equipamentos e planejados pelas metas da Unidade, mas, às vezes, ficamos surpresos com os baixos índices obtidos " Victório Laerte Furlani Neto Diretor da Qualimec Director of Qualimec

Uma das ferramentas disponíveis para atender à demanda de expansão do mercado de açúcar e álcool é o preparo dos talhões para a colheita mecânica da cana crua com a mesma qualidade do preparo de solo para plantio de grãos. As análises da fertilidade de subsuperfície obriga-nos a manejos integrados de aplicação de corretivos ou fosfatagens, que, muitas vezes, fogem aos sistemas convencionais com uso de grades ou subsoladores, que buscam reduções nos custos e se esquecem das respostas a um preparo mais profundo com arados convencionais ou aivecas, que permitem incorporar, mais profundamente, as sementeiras, o cálcio no solo, com melhores respostas da planta. Toda modificação exige uma equipe de campo, treinada em regulagens de tratores e implementos, para que se evitem, por exemplo, perdas com retrabalhos: uma gradagem mal feita, por exemplo, gera muitos torrões. Para corrigir as imperfeições no terreno, deve ser feito o nivelamento final de solo com grades niveladoras ou sistematizadoras de lâminas – que permitem um melhor corte mecânico na base dos colmos e evita, mesmo em máquinas de esteiras, os balanços que prejudicam os “copiadores do corte de base”, minimizando as perdas em tocos, após colheita. Nas áreas de expansão, na última operação de nivelamento, podemos utilizar os implementos múltiplos de nivelamento mais a Trifluoralina ao solo, visando à redução das sementeiras de capins que permanecem nos solos e que emergem junto ao novo plantio da cana-planta, necessitando de repasses químicos ou manuais, onerando os custos de produção. Um aspecto que requer atenção na fase de preparo do solo é a sistematização das áreas de plantios, envolvendo as unidades de manejo, a melhor adequação nas áreas, tamanhos e sentidos nos sulcos, formas de conservação de solo, épocas de plantios após chuvas intensas, redução de ►

In order to meet growing market demand for sugar and ethanol, one of the available tools is the preparation of lots for the mechanical harvesting of raw sugarcane with the same quality used in soil preparation for planting grain. Sub-surface fertility analyses make us practice the integrated management of correctives and phosphates, that often enough are out of line compared with the conventional systems that use disk harrows or subsoilers, which seek to achieve cost reductions, but neglect the issue of better in-depth preparation using conventional harrows or moldboard plows that allow seeding at greater depths, the calcification of soil, with better responses from the plant. Each modification requires a field team, trained to tune tractors and agricultural equipment, so as to, for example, avoid losses resulting from reworking: poorly conducted harrowing, for example, results in many large clumps of soil. To correct terrain imperfections, the final soil leveling must be done using graders or systematized blades – that allow better mechanical cutting at the stalk base and prevent the swaying that, even in equipment with tracks, places “floating base cutters” at a disadvantage, minimizing the loss of stumps after harvesting. In expansion areas, in the final leveling operation, one can use a variety of leveling equipment, along with Trifluralin added to the soil, seeking to reduce grass seedlings grass seeding in the ground with grass germinating alongside the new sugarcane plant, thereby requiring chemical and manual treatment, while increasing production costs. Another aspect to take into consideration in the soil preparation phase is the systematization of planting areas, encompassing management units, better adaptation of areas, the size and direction of furrows, ways to preserve the soil, the right times for planting after intense rainfall, the ►

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preparo do solo manobras desnecessárias nas cabeceiras ou dentro dos talhões, fazendo entradas suaves do carreador para os talhões. Deve-se compatibilizar o comprimento das áreas à capacidade dos transbordos, de fertilizantes e de corretivos, autonomia da caçamba de mudas das plantadoras, comprimento dos rolões de fertirrigação e veículos especiais de transporte da cana picada. A sistematização correta do plantio e a colheita mecanizada têm por meta alcançar os altos índices de produção mencionados pelos fornecedores dos equipamentos e planejados pelas metas da Unidade, em todas atividades do ciclo, desde a correção dos solos até a colheita, mas, às vezes, ficamos surpresos com os baixos índices obtidos em relação ao planejado. Vários são os fatores de campo que contribuem para o baixo desempenho operacional. Para o plantio mecânico, recomendamos que se observem, por exemplo: o plantio do viveiro com mudas aptas ao plantio mecânico; quebra-lombo nas áreas para corte mecânico das mudas; idade limite das mudas entre 9 e 11 meses; sistematização das áreas de plantio final – comprimento sulcos x capacidades equipamentos de colheita e plantio; logística de colheita x controle; paralelismo de plantio, entre outros. Devem-se acompanhar os índices necessários ao plantio mecânico, considerando: gemas sadias/m; fertilizantes e defensivos; danos dos rebolos pela colhedora de mudas ou facas gastas e tamanho dos rebolos; profundidade abaixo e sobre os rebolos plantados; standard após plantio, índice de falhas e colmos/m. Devem-se considerar as formas e locais eficientes de abastecimento das mudas, fertilizantes e defensivos; distância das mudas x área de plantio; tipos de carrocerias; potências adequadas de tratores x implementos; treinamento da equipe na busca da qualidade da operação e não a quantidade da produção. Na colhedora de cana picada, deve ser instalado o “kit-cana-muda” (uma adaptação feita na colhedora de cana para a colheita de mudas), totalmente emborrachada para não danificar as gemas das mudas. É importante o transbordo ou caminhões com as mudas irem até a plantadora, e não o inverso, e atentar para as manobras e tráfego, bem como o bom planejamento dos locais de encontro, dentre alguns outros importantes fatores. Com a adoção do corte de cana crua sem queima, o corte de base sem terra tornou-se um desafio. Anteriormente, com as canas queimadas, a maior parte da terra que acompanhava as canas colhidas mecanicamente tinha dentro da colhedora uma ajuda inestimável, pois possibilitava a terra cair na subida entre os rolos condutores, antes do corte pelo rolo picador. Na cana crua sem queima, observa-se que, na subida da cana nos rolos, a palha embrulha a terra junto com os colmos que são jogados no disco de corte. Temos que achar uma forma viável de proceder a essa limpeza. Para reduzir o volume dessa terra, podemos melhorar a câmara de extração da colhedora aumentando a rotação no extrator e reduzindo a velocidade no deslocamento. Podemos também introduzir a limpeza a seco na recepção industrial, entretanto melhor que não se carregue terra ao corte, evitando que as facas de corte toquem o solo. Melhor, de toda forma, é realizar o cultivo da cana-planta na época do quebra-lombo, pois, após as chuvas, esse desnível diminui e facilita o corte mecânico sem terra.

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Opiniões reduction in the number of unnecessary over head maneuvering or inside blocks, allowing for easy access to sugarcane lot rows. The lengths of the areas need to be adjusted to the capacity of bin trucks, fertilizers, correctives, and autonomy resulting from the bucket capacity of seed cane planters, the length of fertirrigation rollers, and of special transportation vehicles of chopped sugarcane. The correct systematization of planting and mechanical harvesting is intended to achieve the high production rates established by equipment suppliers and as planned by the respective production unit, for all activities of a given cycle, from soil correction to harvesting. But even so, at times, we are surprised to see the low rates achieved in comparison with the planned ones. There are several factors in the field contributing to low operational performance. For mechanical planting, for example, we recommend planting seed cane in the nursery appropriate for mechanical planting; soil leveling in areas targeted for the mechanical cutting of seed cane; maximum seed cane age between 9 and 11 months; systematization of final planting areas – length of furrows x harvesting and planting equipment capacities; harvesting logistics x control; parallelism in planting, among others. One should match the rates required for mechanical planting, taking into consideration: healthy buds per meter; fertilizers and defensives; damage caused to billets by the seed cane harvester or due to worn knives and the size of the billets; depth under and above the planted billets; standard after planting, error index and stalks per meter. One should consider efficient ways and places to source seed cane, fertilizers and defensives; the distance between seed cane in relation to the planting area; types of vehicle bodies; adequate power of tractors and equipment; training of staff to seek operational quality rather than quantities produced. On the sugarcane harvester the “seed cane kit” (an adaptation of the sugarcane harvester for seed cane harvesting) should be installed, entirely enveloped with rubber so as to not damage seed cane buds. It is important that bin trucks or trucks with the seed cane go all the way to the planting equipment, rather than the other way round, and that one be watchful of maneuvering and traffic, and also that one properly plan meeting sites, among other few important factors. With the adoption of raw unburnt sugarcane, the base cutter without earth became a challenge. Previously, when cane was burnt, invaluable help was provided inside the collector equipment, since most of the earth that came along with the mechanically harvested cane fell from between the conductor rolls on the way up to being cut by the chopper knife. In raw unburnt cane, one can observe that when the cane is lifted by the feed rolls, the straw bundles the earth together with the stalks that are thrown into the cutting disk . One must find a feasible way to perform this cleaning. To reduce the volume of earth, one may improve the collector equipment extraction chamber by increasing the rotation in the extractor, while also reducing transportation speed. One may also introduce dry cleaning upon entering the industrial unit, although it is better to not transport earth along to the cutting process, thus preventing the knives from coming into contact with the earth. In any case, it is better to do the cultivation of the plant-cane at the time of the soil leveling, because after the rains the unevenness of the terrain decreases, making it easier to perform the mechanical cutting without earth.



custos de produção

Opiniões

colheita mecanizada: o equilíbrio entre

custos e oportunidades Mechanical harvesting: balance between costs and opportunities

A incorporação de inovações tecnológicas e de sistemas mais eficientes de gestão tem exigido revisões contínuas nos modelos de custos do setor sucroalcooleiro. Até os anos 70, a cana era processada no Brasil com a função única de produzir açúcar, tendo passado por um processo de diversificação na industrialização que possibilitou o aproveitamento de seus açúcares também para a produção do etanol. Ao longo da última década, observou-se a evolução de um novo paradigma para a cana, pautado no aproveitamento “integral” e eficiente não apenas de seus açúcares para a obtenção de produtos diversos, como combustíveis (etanol e outros), produtos químicos, plástico verde (PET), como também pelo aproveitamento da biomassa (bagaço e incorporação de palha) para a produção de energia térmica e eletricidade. Nesse mesmo período, outra onda de transformações levou à incorporação da colheita mecanizada da cana. Em face da perspectiva de eliminação da queima no campo já em 2014, conforme estabelecido pelo Protocolo de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável do Setor Canavieiro no Estado de São Paulo, a introdução da mecanização da colheita da cana passou de possibilidade a necessidade real. Em pouco tempo, no entanto, o que a princípio parecia um grande desafio abriu um leque de possibilidades, principalmente no que tange ao aproveitamento da biomassa e ao melhor gerenciamento do item de maior peso no custo de produção de cana, conhecido como CCT (corte, carregamento e transporte). Pressionados pela velocidade com que avança o consumo final pelos produtos da cana, particularmente do etanol para fins carburantes, os produtores buscam equacionar o desafio de um problema que não é novo – a necessidade de rápida expansão na produção para atender à demanda –, porém ocorre em um contexto diferenciado, mais competitivo, que exige não apenas a quebra sucessiva de recordes de produção, a cada ano/safra, mas também capacidade para extrair o máximo retorno de cada tonelada adicional processada. ►

" pressionados pela velocidade com que avança o consumo final pelos produtos da cana, os produtores buscam equacionar o desafio de um problema que não é novo – a necessidade de expansão, que exige a quebra sucessiva de recordes a cada ano/safra " Heloisa Lee Burnquist Professora da Esalq-USP e Pesquisadora do CEPEA Professor at Esalq-USP and Researcher at CEPEA

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The incorporation of technological innovations and more efficient management systems has demanded continuous reviews of cost models in the sugar and ethanol industry. Until the 70’s, sugarcane in Brazil was processed with the sole objective of producing sugar, after having gone through a diversification process in industrialization that made it possible to also use sugars for the production of ethanol. In the course of the past decade, one could observe the development of a new paradigm for sugarcane, based on the “integral” and efficient use not only of its sugars in the production of various products, such as fuels (ethanol and others), chemical products, green plastic (PET), but also by making use of biomass (bagasse and straw) for the production of thermal energy and electricity. In this same period, a wave of transformations resulted in the implementation of mechanical harvesting. In light of the probable elimination of sugarcane burning in fields, beginning in 2014, as set forth in the Cooperation Protocol on Sustainable Development of the Sugarcane Industry in the State of São Paulo, the introduction of the mechanical harvesting of sugarcane went from a possibility to become a concrete need. After a short period, however, what initially seemed to be a major challenge, mainly with respect to the use of biomass and better management of the most important cost factor in sugarcane production, which is the process of cutting, loading and transporting, opened a range of possibilities. Under pressure because of the speed at which sugarcane products are consumed, particularly ethanol as a carburant, producers seek to find a solution for a problem that is not new – the need to ►


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custos de produção Nesse contexto, a mecanização vem-se apresentando como uma oportunidade, permitindo não apenas um incremento na velocidade com que a produção é processada, mas também a possibilidade de reforçar o volume de biomassa que chega à usina, em vez de queimá-lo no campo. Logo se observou que os requisitos para uma transição bem-sucedida da colheita manual para a colheita mecanizada não se restringiam à capacidade de realizar investimentos elevados para a aquisição da máquina. É preciso saber operar a colheita mecanizada. E, para isso, parafraseando o Ripoli, “não existe receita de bolo”. O setor sucroalcooleiro já detém conhecimento suficiente para conduzir a colheita mecanizada como um processo bem consolidado no âmbito técnico. Ainda existem discussões, no entanto, quanto à possibilidade de aumentar a eficiência econômica, reduzindo o período necessário para o pagamento do investimento inicial. O melhor aproveitamento dos resíduos, principalmente através da incorporação da palha como matéria complementar ao bagaço na geração de bioenergia pelas usinas, apresenta-se como a alternativa mais imediata. Para as usinas, além de fonte adicional de receita, a cogeração de energia pode representar uma oportunidade de renovação da planta industrial, com investimentos em novas máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes. Análises já realizadas indicam que, aproximadamente, 50% da palha gerada podem ser retirados do campo sem prejuízo para as atividades agrícolas ou para o meio ambiente. Adicionalmente, evidenciam que o aproveitamento da palha como fonte de energia deverá resultar em significativos ganhos energéticos para a industrialização da cana-de-açúcar. No entanto o transporte da palha para a usina – seja junto com a cana ou separadamente, na forma de fardos – precisa ser cuidadosamente planejado. Esse incremento ocorre por motivos diversos. Quando a palha é transportada para a usina juntamente com a cana, tem-se uma redução na densidade da carga, aumentando o custo de transporte por tonelada de cana. Além disso, ao chegar à usina, a palha deve ser separada da cana e requer limpeza a seco, agregando operações que implicam aumento de custos. Uma opção seria o enfardamento da palha, contudo essa alternativa envolve a agregação de outras operações que acabam onerando o sistema, devendo-se observar também que as enfardadoras ainda não são avaliadas como plenamente eficientes, sendo uma restrição relevante o depósito de terra junto com o fardo. O transporte da cana com a palha também implica custos, pois a palha concorre com a cana por espaço. Além disso, pode interferir no rendimento industrial e reduzir a quantidade de açúcar e álcool que pode ser produzida. Existe espaço, portanto, para ganhos na administração eficiente da cadeia de oferta. Um dos principais desafios a ser superado é o equacionamento logístico eficiente para a transferência do produto de uma operação para a próxima. À medida que o produto evolui ao longo dessa cadeia, os custos aumentam, tornando estratégica a eficiência logística, que identifica operações efetivas em termos de custos e que assegura a qualidade do produto final. Esse tem sido o foco atual das pesquisas, delineando cenários para simular resultados a serem selecionados. Vencido esse desafio, no entanto, o sucroalcooleiro brasileiro estará também preparado para o fornecimento de matéria-prima de baixo custo, essencial para a viabilidade dos projetos de etanol celulósico, o etanol de segunda geração.

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rapidly expand production to meet demand –, which, however, takes place in a different context that is more competitive, requires not only successively breaking production records in each harvest season, but also the capacity to achieve maximum returns on each additionally processed ton. In this scenario, mechanization has been presented as an opportunity, allowing not only to increase production processing speed, but also the possibility to increment the volume of biomass supplied to the mills, rather than to burn it in the field. It was soon noticed that the requirements for a successful transition from manual to mechanical harvesting were not limited by the capacity to heavily invest in the acquisition of the equipment. One must know how to operate mechanical harvesting. To that end, paraphrasing Ripoli, “there is no cake recipe”. The sugar and ethanol industry already has sufficient knowledge to use mechanical harvesting as a well consolidated process from a technical point of view. However, discussions are still ongoing as to the possibility of increasing economic efficiency, reducing the time to pay the initial investment. The better use of residues, mainly by adding straw as complementary material to bagasse for the generation of bioenergy in the mills, stands out as the most immediate alternative. For the mills, apart from generating a new source of income, co-generated energy may represent an opportunity to refurbish industrial units, with investments in new machinery and more modern and efficient equipment. Analyses performed show that approximately 50% of the generated straw can be taken from the field without adversely affecting agricultural activities or the environment. In addition, they show that the use of straw as a source of energy is bound to result in significant energy gains for the industrialization of sugarcane. However, when transporting straw to the mills – either together with the sugarcane or separately in the form of bales – must be carefully planned. This increase takes place for several reasons. When straw is transported to the mill together with sugarcane, the load density diminishes, increasing the transportation cost per ton of sugarcane. Furthermore, upon arriving at the mill, the straw must be separated from the sugarcane and needs to be dry-cleaned, which means performing operations that increase costs. An option is to bale the straw, however this alternative involves aggregating other operations that end up burdening the system, and one should also notice that the baling equipment is as yet not deemed fully efficient, whereas the earth that comes along with the bales constitutes an important restriction. Transporting cane together with straw also translates into costs, because the straw competes for space with sugarcane. In addition, it may interfere in industrial productivity and reduce the volume of sugar and ethanol that can be produced. So, there is room for gains in efficiently managing the supply chain. One of the main challenges to be overcome is to efficiently solve the logistics of transferring the product from one operation to the next. As the product is processed along this chain, costs increase, making logistics efficiency a strategic issue, since it identifies cost effective operations that warrant the end product’s quality. This has been the focal point in research, laying out scenarios to simulate results to be selected. Once this challenge is overcome, however, the Brazilian sugar and ethanol industry will also be prepared to supply low cost raw material, essential to render cellulosic ethanol – second generation ethanol –, projects feasible.


Opiniões

quanto custa uma

tonelada de cana What is the cost of a ton of cane?

Quanto custa produzir uma tonelada de cana? As dificuldades encontradas nas últimas safras foram inúmeras, donde se torna difícil uma resposta adequada a essa questão. Preços aviltantes para a cana, graves adversidades climáticas com frustrações de safras, aguda crise financeira de 2008 constituíram, entre outros, os fatores que abalaram a rotina do processo produtivo, ocasionando elevações de custos nesses últimos anos. Não esqueçamos os projetos recém-implantados, ainda em fase de ajuste operacional. Nesse contexto de turbulência, talvez pudéssemos refazer aquela pergunta, de uma forma inversa: quanto deveria ser o nosso custo de produção à luz dos preços praticados pelo mercado? Relembremos que a cana é paga pela quantidade de açúcares (açúcares totais recuperáveis ou, simplesmente, ATR) contida nessa matéria-prima destinada à produção sucroalcooleira. Pelas regras do Consecana, que norteiam os cálculos para valorização da cana, os preços da ATR oscilam na mesma proporção das variações havidas nos preços dos produtos finais, açúcar e etanol. Assim, eis o melhor dos mundos para produtor de cana: conseguir ótima produtividade de ATR por hectare colhido e obter excelentes preços para a sua produção. É o momento de perguntarmos: que preços o mercado tem proporcionado para o setor nos últimos anos? O ano-safra 2010/11 demonstrou para o estado de São Paulo um preço médio equivalente a R$ 0,4022 por kg de ATR (fonte: Consecana). Como simples comparativo, considerando os dez últimos anos-safras, encontramos algo próximo a R$ 0,37 por kg de ATR como preço médio, a valores de março/2011 (fontes para esses cálculos: circulares Consecana e índices IGPM da revista Conjuntura Econômica, da FGV, para atualização dos valores). ►

" A receita para a melhoria dos resultados é simples: produzir mais açúcar por hectare colhido e a menores custos. Mas como? "

Ivan Chaves de Sousa Diretor da Chaves Planejamento e Consultoria Director of Chaves Planejamento e Consultoria

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How much does it cost to produce a ton of sugarcane? Difficulties faced in recent harvests were numerous, therefore it isn’t easy to find the right answer for this question. Extreme low prices, severe climate adversities affecting harvests, and the acute financial crisis in 2008, were, along with others, the factors that shacked the production process routine, bringing about cost increases in the last few years. Let us not forget recently implemented projects, still in the operational adjustment phase. In this turbulent context, perhaps we should rephrase the question, inverting it: what should our production cost be in light of the prices practiced in the market? Let us remember that sugarcane is paid according to the quantity of sugars (ATR in Portuguese: Total Recoverable Sugars) contained in this raw material destined to the production of sugar and ethanol. According to the rules of Consecana, that guide calculations of sugarcane value, ATR prices vary in the same proportion of variations in the prices of the end products sugar and ethanol. Thus, this is the best of worlds for the sugarcane producer: to achieve excellent ATR productivity per harvested hectare and excellent prices for his production. This is the time to ask: what prices has the market practiced in the industry in recent years? The harvest season 2010/11, in the State of São Paulo, indicated an average price equivalent of R$ 0.4022 per kg of ATR (source: Consecana). A simple comparison, considering the last ten harvest seasons, indicates a value ►


custos de produção Portanto houve, sim, alguma recuperação de preços para o setor em 2010/11. Em tempo: poderíamos admitir como extrapoláveis esses patamares de preços para os demais estados da região Centro-Sul. Posto isso, qual seria a remuneração por tonelada de cana? Dependerá do teor de ATR contido na cana, claro. Considerando uma concentração média de açúcares equivalente a 145kg ATR/t cana, encontraríamos um preço igual a R$ 53,65/t cana (para o preço médio “histórico” da ATR igual a R$ 0,37/Kg), o qual subiria para R$ 58,32/t cana se o cálculo se baseasse no preço médio da ATR relativo ao último ano-safra paulista. Nossas pesquisas realizadas com usinas da região Centro-Sul mostram que os seus custos, na média, nos últimos anos, têm se posicionado algo acima dessa faixa de preços. É forçoso relembrar as dificuldades citadas no início desta matéria, afetando negativamente a performance dessas empresas. Mas há exceções. Assim, consideremos dois patamares de custos e produtividade, com base em nossas observações nessa região. Há um estrato de empresas que, por motivos diversos, tem superado, pelo menos em parte, tais dificuldades: demonstra custos bem administrados para o seu processo produtivo e obtém bons índices de produtividade (por exemplo, 88t/cana/ha-corte). Segundo nossas análises, estaria esse grupo de usinas conseguindo produzir cana a um custo próximo a R$ 52,00/tonelada. Portanto, no confronto com os preços citados, estaria obtendo uma ligeira margem positiva. Mas não é raro – muito pelo contrário – encontrarmos empresas produzindo cana a custos algo mais elevados, inclusive pelas dificuldades citadas. Combinando essa condição com uma produtividade menor (por exemplo, 82t/cana/ha-corte), o custo unitário de produção dessas empresas alcançaria R$ 63,00 por tonelada de cana. Ou até mais, dependendo das circunstâncias. Ou seja, configurando uma situação de prejuízo. Ressalte-se novamente: são usinas localizadas na região Centro-Sul. Nesse contexto, esperar que a recuperação do mercado prossiga firme e favorável? Ou envidar esforços para tornar nossas empresas mais competitivas? A lógica manda concentrarmos todos os esforços na segunda alternativa, uma vez que os humores do mercado estarão fora de nosso controle. A receita para a melhoria dos resultados é simples: produzir mais açúcar por hectare colhido e a menores custos. Mas como? Providenciando um amplo leque de medidas, que abrange o aperfeiçoamento da gestão do negócio, substituição de práticas agrícolas por outras mais eficientes, desenvolvimento de programas de treinamento e motivacionais para a equipe, adoção da melhoria contínua via adoção do benchmarking, etc. E ainda exigir das diversas instituições fornecedoras de seus fatores de produção: variedades de cana mais produtivas e resistentes, equipamentos mais aprimorados e com melhor performance, principalmente para as fases de plantio e colheita e assim por diante. E, se de fato o leitor partir para este processo de busca de fortalecimento da empresa, considere esta recomendação final: seja humilde, porque “sábio é quem recolhe a sabedoria dos demais” (Juan Guerra Caceres).

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Opiniões close to R$ 0.37 per kg of ATR as the average price, at values of March/2011 (calculation sources: Consecana bulletins and the IGPM index published by FGV’s Revista Conjuntura Econômica, for value updating). Thus, there truly was a price recovery in the industry in 2010/11. In due time: we might admit that these price levels are applicable to all other states of the Center-South region. With that said, what would the remuneration per ton of sugarcane be? It would depend on ATR content in sugarcane, of course. Considering average concentration of sugar equivalent at 145 kg ATR/t cane, one would have a price of R$ 53.65/t cane (for the average “historical” ATR price of R$ 0.37/kg), that would increase to R$ 58.32/t cane if the calculation were based on the average TRS price in the last year of the harvest season in the State of São Paulo. Our surveys conducted in mills in the Center-South region show that their costs, on average, in recent years, have been slightly above this price range. One must recall the difficulties pointed out at the beginning of this article, adversely affecting these companies’ performance. But, there are exceptions. Therefore, let us consider two cost and productivity levels, based on our observations in this region. There is a group of companies that, for several reasons, has at least partially overcome such difficulties: it displays well managed costs of its production process and achieves good productivity ratings (for example, 88.0 t cane/cut ha). According to our analyses, this group of mills is apparently capable of producing cane at a cost close to R$ 52.00/ton. Therefore, in comparison with the mentioned prices, it is apparently slightly ahead in terms of a positive margin. Not seldom – actually quite to the contrary – we find companies producing sugarcane at slightly higher costs, also due to the mentioned difficulties. Combining this condition with lower productivity (for example, 82t/ cane/cut/ha), the unit production cost of these companies would reach R$ 63.00 per ton of sugarcane. Or even more, depending on circumstances, which is to say, they make a loss. Let us re-emphasize: these are mills located in the Center-South region. In this scenario, can one expect market recovery to progress firmly and favorably? Or should we endeavor to make our companies more competitive? Logic tells us to concentrate all our efforts on the second alternative, given that market sensitiveness will be outside of our control. The recipe to improve results is simple: to produce more sugar per harvested hectare at lower costs. But how? By offering a wide range of measures, encompassing the perfecting of the business management model, replacing agricultural practices with new more efficient ones, developing training and motivational programs for staff, bringing about continuous improvement by adopting new benchmarks, etc.. Another measure is to demand of one’s different production input suppliers: more productive and resistant sugarcane varieties, better, and better performing equipment, mainly in the planting and harvesting phases, and so on and so forth. If the reader is to go this route in search of means to strengthen a company, one final recommendation: be humble, because “wise is who captures the wisdom of all others” (Juan Guerra Caçeres).



plantio mecanizado

Opiniões

plantio mecanizado da

cana-de-açúcar Mechanical Planting of Sugarcane

O plantio mecanizado da cana-de-açúcar foi desenvolvido na Austrália na década de 70, num modelo de produção caracterizado por pequenas áreas, condução normalmente familiar, preparo de solo muito bem feito, regime de chuvas bem definido, irrigação bastante utilizada, entre outros fatores que contribuem para um bom desenvolvimento da cultura. As tentativas de introdução do plantio mecanizado no Brasil, nas décadas de 80 e 90, esbarraram nas dificuldades inerentes ao modelo de produção brasileiro, com plantio em grandes áreas, preparo de solo muitas vezes feito às pressas, grande preocupação com a conservação de solo, etc. Mas o sistema não decolou, principalmente, devido à grande disponibilidade de mão de obra braçal. Como grande parte do plantio da cana é feita na entressafra, era prudente para as usinas segurar aquela mão de obra. Com o gradual avanço da colheita mecanizada da cana, começou haver um deslocamento da mão de obra para outras áreas. Como as áreas de plantio eram basicamente pequenas expansões somadas às áreas de reforma, não houve uma percepção desse movimento. Entre 2003/2004, quando começou a corrida para o aumento das áreas de plantio motivada pelas boas perspectivas de mercado, percebeu-se a falta de mão de obra para o plantio. A implantação de novas unidades proporcionou a expansão das áreas de plantio da cana para novas fronteiras, em terras antes ocupadas por grãos ou gado, que utilizavam pouca mão de obra braçal, e foi um agravante significativo. Nesse cenário, a necessidade se fez recorrer ao plantio mecanizado da cana, e, a partir daí, a procura por plantadoras de cana começou a crescer. Atualmente, apenas 10% da área de plantio são feitos por sistema mecanizado, e as projeções prevêem que, em 2020, cerca de 90% da área serão plantados mecanicamente. Esse é um caminho sem volta. O plantio mecanizado tem crescido mais rapidamente do que a colheita mecanizada no seu tempo. A necessidade fez com que produtores, fabricantes, gestores, supervisores, líderes, operadores, etc., ►

" se um dia acreditarmos que já aprendemos tudo, fatalmente estaremos prontos para cometer os nossos grandes erros "

Auro Pereira Pardinho Gerente de Marketing da DMB Marketing Manager at DMB

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The mechanical planting of sugarcane was developed in Australia in the 70’s, in a production model characterized by small areas, usually family-run, very well done soil preparation, a well defined rain season, widely practiced irrigation, among other factors that contribute to the crop’s good development. Attempts to introduce mechanical harvesting in Brazil in the 80’s and 90’s were frustrated by difficulties inherent to the Brazilian production model, involving planting in large areas, with soil preparation often done in a hastily manner, great concern about soil preservation, etc.. However, the system did not take off, mainly due to abundant manual labor availability. Given that much of the sugarcane harvesting takes place in the offseason, it was only prudent that mills sought to retain that workforce. With the gradual introduction of mechanical harvesting of sugarcane, labor started migrating to other areas. Since areas for planting were essentially small plots, in addition to reformation areas, this movement was not perceived. Between 2003/2004, when the race began to increase planting areas, brought about by good market prospects, one noticed the lack of labor for harvesting. The implementation of new units made it possible to expand planting areas for sugarcane to new frontiers, on land previously used for grain or cattle breeding, for which little manual labor was needed, a fact that significantly worsened the problem. In this scenario, necessity made one resort to the mechanical planting of sugarcane, and from then on the search for sugarcane planters started to grow. Currently only 10% of the planted area is serviced by mechanical planting, while projections foresee that in 2020 about 90% of the area will be mechanically planted. This is a no-return route. Mechanical planting grew more quickly than mechanical harvesting did in its days. Need made producers, manufacturers, managers, supervisors, leaders, workers, etc., ►



plantio mecanizado se unissem, se preparassem e aprendessem a trabalhar com essa nova modalidade. Para aderir ao sistema de plantio mecanizado, não basta apenas ter capital e investir em máquinas e infraestrutura. É preciso estar disposto a aprender planejar, executar e controlar um novo sistema de plantar cana. Diferente da cultura de grãos que, após alguns meses, podemos plantar novamente e corrigir possíveis erros cometidos, a cultura da cana não nos dá essa oportunidade. Após o plantio, teremos que trabalhar com os erros ou acertos pelos próximos cinco anos, ou mais. O plantio mecanizado da cana é influenciado por inúmeros fatores, que podem determinar um resultado de ótima ou péssima qualidade. Ele requer especial atenção a quatro importantes itens: preparo do solo, qualidade das mudas, mão de obra envolvida no processo e o plantio propriamente dito. O preparo de solo deve considerar esse tempo. Análise de solo nas profundidades de 25 e 50 centímetros, aplicação de calcário e gesso em profundidade, eliminação de camadas de compactação, aração, gradagem, aplainamento da área são algumas das práticas que devem ser aplicadas para se obter uma base adequada para a implantação do futuro canavial. O preparo de solo bem feito facilita também o trabalho da plantadora, mantendo a uniformidade na profundidade do plantio e na cobertura dos sulcos. A qualidade das mudas é o outro fator de sucesso. A idade deve estar na faixa entre 7 e 10 meses, e a colhedora deve ter emborrachamento das partes metálicas que entram em contato com as gemas da cana para não danificá-las. Não se pode esquecer da limpeza das mudas. O desponte muito alto e o corte muito baixo contribuem para o depósito de muita palha seca e ponteiros verdes dentro do transbordo. Sendo um material mais leve que os rebolos, ao se abastecer a plantadora, ficam por cima, cobrindo as mudas, dificultando a visão do operador, para um controle adequado do fluxo de rebolos nas esteiras da plantadora. Isso causa um gasto excessivo de mudas e grandes alterações na uniformidade da distribuição dos rebolos no sulco de plantio. Deixar de colher algumas gemas a mais compensa o benefício da limpeza da carga de mudas, em função da uniformidade e qualidade do plantio. A qualidade da mão de obra envolvida em todo o processo é de fundamental importância. A regra é formar a equipe. Tem-se que colocar na Sala de Treinamento operadores de plantadora e colhedora, tratoristas, encarregados, líderes de plantio e demais envolvidos no processo, com o objetivo de se criar um comprometimento mútuo na busca de um trabalho de alta qualidade, para se conhecer os conceitos e mecanismos de acompanhamento de desempenho e controles dessa nova modalidade de plantio. Todos os envolvidos devem conhecer os equipamentos, seus mecanismos, suas regulagens, os controles operacionais e as manutenções necessárias. E, por fim, o treinamento deve ir para o campo de plantio. O plantio propriamente dito é onde o processo todo se realiza, e, aqui, o fundamental é o desempenho da plantadora. A DMB trabalha nesse projeto, tomando a experiência de cada cliente como fonte de informação privilegiada para a melhoria contínua e consolidação do sistema. Hoje, a DMB detém 49% na participação do mercado de plantadoras de cana no Brasil. O segredo do sucesso da consolidação desse ainda novo sistema será aceitar fazer parte de um contínuo processo coletivo de aprendizado, tendo, na busca da excelência operacional, uma visão coletiva de conquista. Se um dia acreditarmos que já aprendemos tudo, fatalmente estaremos prontos para cometer os nossos grandes erros.

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unite, to prepare for learning and actually learning how to work with this new modality. In order to adhere to the mechanical planting system, it does not suffice having capital and investing in machinery and infrastructure. It is necessary to be willing to learn how to plan, execute and control a new sugarcane planting system. Unlike planting grain, after a few months, one can plant again and correct possible errors made, whereas the sugarcane crop does not allow this. After planting, one has to live with errors or right decisions for the next 5 years or more. The mechanical planting of sugarcane is influenced by a number of factors, which can have excellent or very poor outcomes. It requires special attention to four important items: soil preparation, quality of seedlings, labor needed in the process and planting as such. Soil preparation has to take this time into account. Soil analyses at depths of 25 to 50 centimeters, the in-depth application of lime and gypsum, the elimination of compacted layers, tillage, harrowing and leveling of the planting area, are some of the practices that must be implemented to obtain an adequate basis for setting up future sugarcane plantations. The well done preparation of soil also greatly facilitates the planter’s work, while maintaining uniformity in planting depth and in covering the furrows. Seed cane quality is another success factor. Seed cane must be between 7 and 10 months old and the harvester must have its metal parts that touch sugarcane buds, enveloped, so as to not damage them. Cleaning seedlings is not to be forgotten. The very high cutting and too low cutting contribute to the accumulation of a lot of dry straw and green tips in the bin tractor. Since this material is lighter than the billets, when filling the planter, it stays on top, covering the seedlings and making it difficult for the operator to see, and to allow for adequate control of the flow of billets on the planter tracks. This results in excessive usage of seedlings and major alterations in the uniformity of billet distribution in the planting furrows. Not to collect some of the buds is compensated by the cleaning procedure of the seedling load, because of uniformity and quality of the planting. Quality of labor involved throughout the process is essential. The rule is to train the team. In the training room, one must gather planter and harvester operators, tractor drivers, supervisors, planting team leaders, and all other parties involved in the process, with the objective of bringing about mutual commitment in the quest for high quality labor, and understanding the concepts and mechanisms to monitor performance and controls of this new planting modality. All parties involved come to understand the equipment, its mechanisms, how to tune it, operational controls and the necessary maintenance requirements. Finally, training must also take place in the planting field. Planting per se is the process’ realization and in this phase the planter’s performance is essential. DMB has worked on this project extracting the experience of each client serviced, viewed as privileged information on how to continuously improve and consolidate the system. Currently, DMB has a 49% market share in sugarcane planters in Brazil. The secret of consolidating the success of this new system lies in accepting the idea of being part of a continuous learning process, with the quest for operational excellence standing out as the collective vision of the conquest to achieve. If some day we shall believe that we already know everything, undoubtedly we shall be ready to make major errors.


Opiniões

a evolução e os desafios do plantio mecanizado

Development and challenges of the mechanical planting of sugarcane

" a partir do momento que obtivermos um minitolete com forma mais próxima de uma esfera, além de diminuirmos a massa a ser transportada e plantada, sua distribuição será extremamente facilitada. " Mário Ortiz Gandini Diretor Agroindustrial da Usina São Martinho Agroindustrial Director of Usina São Martinho

O fato de a cana-de-açúcar somente poder ser propagada vegetativamente confere a essa cultura características próprias no seu plantio. Desde a origem dos cultivos no Brasil, o seu plantio tem sido efetuado, inicialmente, de forma manual, com posteriores auxílios de operações mecanizadas. Durante muito tempo, permaneceu como operação semimecanizada, com abertura e fechamento do sulco, assim como a aplicação de insumos na forma mecanizada, com a colheita, a distribuição e a picação em toletes da muda efetuadas manualmente. Por razões de difícil explicação, a colheita da cana teve a sua mecanização antecipada em relação ao plantio mecanizado. Com o crescimento da colheita mecanizada, as empresas foram, gradualmente, diminuindo o contingente de mão de obra e se viram forçadas a mecanizar o plantio, parcial ou totalmente. Existe, hoje, uma diferença de domínio de tecnologia entre colheita e plantio, com vantagem para a primeira. Durante os últimos quinze anos, os equipamentos de colheita evoluíram sensivelmente, o preparo das áreas foi aperfeiçoado, e ocorreu um grande crescimento na capacitação das pessoas que fazem a gestão e a operação da colheita e a manutenção dos equipamentos. Agora, chegou a vez de mecanizar o plantio. O mesmo processo de aprendizado e desenvolvimento pelo qual a colheita passou será experimentado pelo plantio. Preparar o campo, eleger e desenvolver sistemas e equipamentos e, fundamentalmente, educar as pessoas envolvidas na operação são os alvos das empresas do setor neste momento. O grande desafio do plantio mecanizado começa pela colheita mecanizada da muda. A gema, os primórdios radiculares e o colmo seccionado devem ter a maior integridade possível. A qualidade final do plantio é a função direta da qualidade da muda. ►

The fact that sugarcane can only be propagated vegetatively confers the planting of this crop distinct characteristics. Ever since plantations began in Brazil, its planting was initially done manually and subsequently aided by mechanical means. For a long time, it was a semi-mechanical procedure, with furrows being opened and closed, along with the mechanical application of inputs and with the harvesting, distribution and cutting of seed cane billets being done manually. For reasons difficult to explain, mechanical sugarcane harvesting was anticipated in relation to mechanical planting. Due to increased mechanical harvesting, companies were forced to gradually diminish the workforce and to partially or totally adopt this procedure. Nowadays, there is a difference in terms of technology between harvesting and planting, with a distinct advantage of the former over the latter. During the last fifteen years, harvesting equipment became considerably more modern, field preparation for planting was perfected, and the qualification of people doing the management and operation of a harvest and equipment maintenance improved greatly. Now the time has come to mechanize planting, which will experience the same learning process and development that harvesting did. Preparing the field, choosing and developing systems and equipment and, essentially, training people involved in the operation, are companies’ objectives at this point in time. The biggest challenge of mechanical planting begins with the mechanical harvesting of seed cane. Buds, early roots and stalks must be as much integrated as possible. Planting’s final quality is a direct function of the quality of the seed cane.

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plantio mecanizado Inicialmente, toda a atenção estava voltada para a gema, mas, com o tempo, constatou-se que, com um sistema radicular reduzido, a resistência do broto recém-emergido é muito diminuída e, com danos nos toletes, as infecções proliferam rapidamente. A proteção química dos toletes contra fungos ainda não está dominada. O planejamento da formação dos viveiros deve levar em consideração a distância em relação à área a ser plantada, a variedade, sua sanidade e também a idade, que pode ser decisiva no sucesso do plantio. Localizar os viveiros próximos das áreas de plantio exige planejamento refinado, com um ano de antecedência. A MEIOSI (método intercalar rotacional ocorrendo simultaneamente) mecanizada é também uma nova e excelente opção, facilitando a logística de abastecimento das plantadoras e minimizando os custos. A partir de uma boa semente, temos que distribuí-la de forma adequada para obtermos uma população final satisfatória. Aí reside o segundo grande desafio do plantio mecanizado. Para diminuir os danos nos toletes e na área de exposição, foram escolhidos toletes de 400mm, o que dificulta a sua distribuição. Em nome dessa má distribuição, aumenta-se a quantidade, diminuindo a autonomia da plantadora e aumentando a área de viveiros. Tudo de forma a aumentar os custos da operação. Quantidades elevadas de muda por área nos levam a grandes compartimentos nas plantadoras, com reflexos negativos na operacionalidade, na potência requerida, no raio de giro e no retorno após chuvas. Outros fatores, como preparo do solo, abertura do sulco, aplicação de fertilizantes, inseticidas e a cobertura dos toletes, são igualmente importantes, porém, já considerados dominados, uma vez que eram executados no plantio manual. A partir da forma mecanizada, os cuidados diferenciados não terminam com o fechamento do sulco. A brotação dos toletes que passaram pela colhedora, pelos transbordos e pela plantadora necessita de cuidados especiais, uma vez que, comprovadamente, apresenta menor vigor, menor resistência ao déficit hídrico e grande suscetibilidade aos herbicidas. Sempre mostrando evidentes sintomas de fitotoxidade quando a aplicação não é realizada em pré-emergência total. Vale ressaltar também que a brotação é muito mais afetada pela concorrência de ervas daninhas. A adoção do piloto automático adicionou muita qualidade ao plantio mecanizado, não somente pelo paralelismo das linhas, mas principalmente para facilitar a operação nas manobras de cabeceira. Com a necessidade iminente da opção pelo plantio mecanizado, provocada também pelas novas fronteiras de expansão da cana onde a mão de obra não existe, até pela baixa densidade demográfica, novas tecnologias deverão ter uma evolução mais rápida. A expectativa é que as maiores mudanças acontecerão para obtenção de algo parecido com uma “semente de cana”. Ou seja, substituir os pedaços de colmo que têm papel importante na proteção da gema e primórdios radiculares de infecções, como barreira mecânica e de reserva de nutrientes, por proteção e também reserva química. A partir do momento que obtivermos um minitolete com forma mais próxima de uma esfera, além de diminuirmos a massa a ser transportada e plantada, sua distribuição será extremamente facilitada. Poderemos, então, estabelecer, para cada variedade, a cada época, uma quantidade de gema por metro linear e trataremos o plantio como uma semeadura perfeita, com resultados em população e uniformidade ideais.

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Opiniões Initially, all attention was focused on buds, but over time one noticed that with a diminished radicular system, the resistance of recently emerged sprouts is greatly diminished and damages the billets, with infections spreading quickly. Chemical protection of billets against fungi is still not under control. Planning nurseries must take into consideration the distance to the area to be planted, the variety, its healthiness, and also its age, which may be decisive for the planting’s success. To locate nurseries close to planting areas requires sophisticated planning at least a year ahead of time. Mechanical MEIOSI (interim method occurring simultaneously) is also a new and excellent option, facilitating supply logistics of planters, while minimizing costs. Starting with good seeds, one must distribute them in such a manner as to obtain a satisfactory end population. Therein lies the second great challenge of mechanical planting. To decrease damage to billets in the exposure area, one chose 400 mm billets, making their distribution difficult. Because of this unsatisfactory distribution, quantity increases, planter autonomy decreases and the size of nurseries increases. All this results in the increase of operation costs. Large quantities of seedlings per area result in large compartments in the planters, with negative reflexes on the viable operation, on power requirements, radius of gyration and return after rains. Other factors such as soil preparation, the opening of furrows, the application of fertilizers, pesticides and the covering of billets are equally important, albeit such factors were already viewed as understood, because they were used in manual planting. With the introduction of mechanical planting, special care measures do not end with the closing of furrows. The sprouting of billets processed in the harvester, in the wagons, and the planter, requires special attention, because surely such billets are less vigorous, less resistant to hydric deficit, and highly sensitive to pesticides, at all times showing evident symptoms of pythotoxicity whenever the application is not done prior to total emerging. One should also point out that the sprouting is more affected due to the occurrence of weeds. The introduction of the automatic pilot feature added considerable quality to mechanical planting, not only due to the parallelism of rows, but mainly because it facilitates operations in over head maneuvering. In light of the imminent need for introducing mechanical planting, also caused by the expansion of new sugarcane frontiers where manpower is inexistent as the result even of low demographic density, new technologies will have to be introduced more quickly. Expectations are that one will come up with major changes in terms of developing something like a “sugarcane seed”, i.e., replacing pieces of stalk that play an important role in protecting the buds and early roots from infections, as a mechanical barrier and a reserve of nutrients, and also as a protection and chemical reserve. From the moment when one shall have developed mini-billets, with a shape resembling a sphere, apart from diminishing the mass to be transported, their distribution will become much easier. We will then be able to establish, for each variety, in each period, a bud quantity per linear meter and planting will take place as if it were a perfect seeding, with an ideal outcome in terms of population and uniformity.


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plantio mecanizado

Opiniões

a cadeia produtiva

se repensando Self-reformatting the sugarcane-based industry production chain

A produção mundial de etanol cresceu de 16 bilhões de litros em 2000 para mais de 100 bilhões de litros no ano passado. A Shell, segundo o The Wall Street Journal, estima que os biocombustíveis possam responder por até 20% de todos os combustíveis de transporte daqui a 30 anos, ante os atuais 3%. No Brasil, mais de 80% dos carros novos vendidos podem rodar com qualquer mistura de etanol e gasolina, e o setor de biocombustíveis já representa 21% das fontes energéticas dos transportes, ante 4% dos EUA. Há, entretanto, desafios enormes que precisam ser conhecidos, medidos, avaliados e enfrentados. A Archer Consulting estima que o Brasil precisa de novos investimentos na ordem de US$ 60 bilhões nos próximos seis anos, só para atender à atual demanda de consumo dos carros flex. Até 2020, para cumprirmos nossos compromissos e mantermos nossos mercados abastecidos de açúcar e etanol, precisaremos de, no mínimo, 100 novas usinas e duplicar a atual área agrícola que a cana ocupa. A indústria nacional de máquinas, equipamentos, insumos, bens de capital, serviços e tecnologia também precisa de novos investimentos para atender a essa demanda. Isso sem falar do mercado internacional e das novas fronteiras agrícolas que se abrem para a agroenergia e os biocombustíveis, em toda a América Latina, África e países asiáticos. Ao mesmo tempo, surgem novos biocombustíveis que começam a substituir o diesel e o querosene de aviação. ►

The world’s ethanol production grew from 16 billion liters in 2000 to more than 100 billion liters last year. Shell, according to The Wall Street Journal, estimates that biofuels may account for up to 20% of all fuels for transportation in 30 years from now, in comparison with 3% today. In Brazil, more than 80% of new cars sold can run either on ethanol or gasoline, mixed in any proportion, and the biofuel industry already represents 21% of energy sources for transportation, in comparison with 4% in the USA. However, there are huge challenges that need to be understood, measured, assessed and faced. Archer Consulting estimates that Brazil needs new investments in the magnitude of US$ 60 billion in the next six years, just to meet the current demand for dual-fuel cars. Until 2020, to meet our obligations and keep up supply to our sugar and ethanol markets, we will need at least 100 new mills and will have to duplicate the current planting area required for sugarcane. The Brazilian sectors of machinery, equipment, inputs, capital goods, services and technology also need new investments to meet this demand, not to mention the international market and new agricultural frontiers opening up to agroenergy and biofuels throughout Latin America, Africa and Asian countries. At the same time, new biofuels appear, which start replacing diesel and aviation kerosene. Investments in ethanol and chemical plants are in a crescendo, as is the sugarcane-based plastics industry. Bioelectricity is striding at a fast pace to take up a distinct position ►

" estima-se que o Brasil precisa de novos investimentos na ordem de US$ 60 bilhões nos próximos seis anos, só para atender à atual demanda de consumo dos carros flex "

Adézio José Marques Presidente do CEISE Br President of CEISE Br

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veja com clareza o que lhe dá certeza

A BeKom é a criação de quem conhece o sentido exato das palavras em três idiomas: português, inglês e alemão. Benno Kialka, seu fundador, possui a formação e experiência necessárias para fazer traduções que fazem sentido. Tem o diploma de “Proficiency in English” da University of Cambridge, é graduado e pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (SP), e obteve o grau acadêmico de “Mestre” (Master of Business Administration) pela University of Pittsburgh nos EUA, tendo atuado em cargos administrativos e executivos em diversos países além do Brasil, em empresas como Citibank, Mannesmann, General Motors e Embraer.

• Documentos e relatórios • Contratos, certidões, pareceres jurídicos e textos legislativos • Apresentações comerciais • Sites na internet • Livros e Revistas • Textos de filmes e peças teatrais

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plantio mecanizado Também prosperam os investimentos em plantas de alcoolquímica e a indústria de plásticos a partir da cana-de-açúcar. E a bioeletricidade caminha a passos largos para ocupar lugar de destaque na matriz energética. Enfim, todos os fundamentos e prognósticos da cadeia produtiva de agroenergia e dos biocombustíveis são positivos e altamente animadores. Os próprios vultosos investimentos de grupos internacionais, bem como da Petrobras, no setor, mostram que há um elevado grau de confiança em seu futuro. Com efeito, fazem falta o marco regulatório, a definição de linhas de crédito e a desoneração fiscal em projetos greenfield, de modernização de ampliação de usinas. Há também um gigantesco desafio na formação, qualificação e requalificação da mão de obra do setor. No final de 2010, o CEISE Br - Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis, em parceria com a UNICA - União da Indústria da Cana-de-Açúcar, e a ORPLANA - Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul, lançou a Universidade Corporativa do Setor Sucroenergético UNICEISE. Iniciativa essa que pretende preencher uma lacuna na capacitação de gestores para atuação nas empresas que formam a cadeia produtiva sucroenergética. A UNICEISE é um importante passo para a inovação no setor, que passa por um período de transição, que exige dos profissionais conhecimentos em várias áreas. São programas de extensão, voltados a atender demandas técnicas de formação, MBAs, cursos gerenciais temáticos e um destinado, exclusivamente, a diretores, vice-presidentes e presidentes de empresas do setor. Outra grande inciativa do CEISE Br foi a criação dos Comitês Técnicos (Relações Institucionais & Governamentais, Logística & Transportes, Bioeletricidade, Serviços, Máquinas & Implementos Agrícolas, Tecnologia da Informação & Automação Industrial, Comércio Internacional, Bens de Capital, Insumos & Produtos Químicos e Inovação Tecnológica) e Setoriais (Novos Biocombustíveis, Alcoolquímica, Biodiesel e Sustentabilidade Ambiental), criando uma estrutura e um ambiente propícios para a institucionalização do Núcleo de Inteligência Competitiva do nosso setor, cuja função principal é fomentar a discussão do futuro da cadeia produtiva sucroenergética e dos biocombustíveis. Como resultado desses comitês, já temos agendado o Fórum Nacional dos Setores de Agroenergia, Biocombustíveis e Bioeletricidade, a ser promovido no Auditório Nereu Ramos, da Câmara Federal, em Brasília, nos dias 18 e 19 de agosto. O evento discutirá, com pelo menos dez ministros e as principais lideranças empresariais, sindicais e políticas do setor, aspectos relacionados à sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Entendemos que iniciativas plurissetoriais como essa mostram a disposição para o diálogo e o entendimento, aproximando todos os interesses dessa cadeia produtiva e estimulando a discussão, em alto nível, dos principais problemas e apontando para as suas soluções. A experiência que acumulamos há mais de três décadas no desenvolvimento e produção de biocombustíveis, aliada à necessidade premente de desenvolvimento de novas alternativas energéticas limpas, seguras e renováveis, nos dá a certeza de que estamos no caminho certo.

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in the energy matrix. In summary, all the fundamentals and prognostics in the agroenergy and biofuels production chain are positive and highly promising. Even huge investments by international groups and by Petrobras, made in the industry, indicate the high degree of confidence in the future. In fact, though, what is lacking is the regulatory mark, the definition of credit lines, fiscal benefits for greenfield projects and for updating and expanding existing mills. Another gigantic challenge lies in educating, qualifying and re-qualifying industry’s labor. At the end of 2010, CEISE Br (National Center of Sugarcane-based and Biofuel Industries), in partnership with UNICA (Brazilian Sugarcane Association) and ORPLANA (Sugarcane Planters’ Organization of the Central-Southern Region) launched “Universidade Corporativa do Setor Sucroenergético” - UNICEISE (Corporate University of the Sugarcane-based Industry), an initiative aimed at filling a gap in qualifying managers to perform in companies that comprise the sugarcane-based industry’s production chain. UNICEISE is an important step towards innovation in the industry, which is in the midst of a transition period, requiring of professionals knowledge in several areas. This involves specialization courses, aimed at meeting technical educational requirements, “MBA” courses, theme-specific courses for managers, and a specific course conceived for directors, vicepresidents and presidents of industry companies. Another important CEISE Br initiative was to set up Technical Committees (Institutional & Government Relations, Logistics & Transportation, Bioelectricity, Services, Agricultural Machinery and Equipment, Information Technology and Industrial Automation, Foreign Trade, Capital Goods, Inputs and Chemical Products and Technological Innovation) and Industry-related Committees (New Biofuels, Ethanol and Chemicals, Biodiesel and Environmental Sustainability), creating a structure and environment suited for institutionalizing our industry’s Center for Competitive Intelligence, whose main function is to foster the debate about the future of the sugarcane-based industry’s production chain and on biofuels. As a result of these committees, the realization of several events has been scheduled: “Fórum Nacional dos Setores de Agroenergia, Biocombustíveis e Bioeletricidade”, to take place in “Auditório Nereu Ramos da Câmara Federal”, in Brasília, on the 18th and 19th of August. This event will debate with at least ten ministers and leaders in the industry, in the unions and with industry-related politicians, aspects concerning economic, social and environmental sustainability. We believe that multi-sectorial initiatives such as this one show that there is a predisposition for dialogue and understanding, bringing together all interests in this production chain and encouraging the high-level discussion about the main problems and pointing to their solutions. The experience we obtained in more than three decades in developing and producing biofuels, in combination with the urgent need to develop new, clean, safe and renewable energy alternatives, provides us the certainty that we are on the right path.


Opiniões

cana-de-açúcar

ganha vigor com a

tecnologia

Sugarcane gains strength through technology

Quando analisamos o salto que algumas culturas já alcançaram em produtividade, vemos que ainda há muitas oportunidades em relação à cana-de-açúcar. Na América Latina, de 1960 a 2008, culturas como milho, soja, trigo e arroz aumentaram em mais de 2,5 vezes a produtividade em toneladas por hectare, enquanto a cana saiu de 49 toneladas para 80, ou seja, 1,5 vez. Esse cenário estimulou a Syngenta a ampliar sua aposta no setor sucroenergético, investindo na criação de uma organização focada globalmente em cana, tendo o Brasil como sua principal referência. Com o objetivo de fazer do País um centro de excelência nessa cultura, a empresa se voltará não só a suprir respostas para os atuais desafios do plantio de cana, como a mecanização, mas também ao desenvolvimento de tecnologias de vigor e produtividade e biotecnologia aplicadas a outras plantas.

" o ponto de partida desse novo sistema é a substituição dos tradicionais toletes de 40cm por mudas de apenas 4cm, originadas de viveiros da própria Syngenta e já protegidas por tratamento industrial contra os principais fungos e pragas de solo "

When one assesses the leap some crops have already made in productivity, one sees that there are still many opportunities with respect to sugarcane. In Latin America, from 1960 to 2008, crops such as corn, soybean, wheat and rice increased productivity in tons per hectare by more than 2.5 times, whereas sugarcane went from 49 tons to 80, i.e., 1.5 times. This scenario encouraged Syngenta to raise its bet on the sugarcane-based industry, investing in creating an organization globally focused on sugarcane, with Brazil as its main reference. With the objective of making the country a center of excellence in this crop, the company will focus not only on providing answers for current challenges of planting sugarcane, such as mechanization, but also on developing sturdy and productive technologies and applying biotechnology to other plants.

Daniel Bachner Diretor Global de Cana-de-Açúcar da Syngenta Global Director for Sugarcane at Syngenta

A meta é oferecer soluções para que os canaviais sejam mais produtivos e rentáveis e também contribuam de forma significativa para a questão socioambiental. Nesse contexto, acreditamos que a mecanização do plantio é um dos grandes desafios do setor. ►

The goal is to offer solutions for sugarcane plantations to be more productive and profitable, in order to significantly contribute to the social and environmental issue. In this context, we believe the mechanization of planting is one of the industry’s major challenges. ►

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plantio mecanizado O passo mais recente – e relevante – da empresa, no sentido de suportar o setor nesse desafio, é a tecnologia Plene. O ponto de partida desse novo sistema é a substituição dos tradicionais toletes de 40cm por mudas de apenas 4cm, originadas de viveiros da própria Syngenta e já protegidas por tratamento industrial contra os principais fungos e pragas de solo que prejudicam a planta em estágios iniciais de desenvolvimento, proporcionando mais vigor de crescimento e tornando o plantio muito mais simples. Dessa forma, a usina elimina as operações relacionadas ao plantio e ao cultivo dos viveiros, com economia em insumos, operações e mão de obra. Com as mudas sendo fornecidas pela Syngenta, a usina tem condições de incorporar às lavouras a área antes destinada aos viveiros. Esse aumento de produção tem reflexos diretos no volume de cana colhida e, também, na produção de açúcar, etanol e bioeletricidade. Além disso, foi desenvolvida uma máquina exclusiva para a realização da operação de plantio das mudas de Plene. Menor e mais leve, a plantadora causa menos compactação no solo e é adaptada para o plantio direto. Nesse sistema, a deposição das mudas é mais uniforme do que a distribuição dos toletes nos plantios convencionais e também apresenta maior paralelismo, recebendo tecnologias de georreferenciamento. Como integra várias operações em uma única, traz mais eficiência à atividade de plantio e elimina vários processos. A eficiência também está no aproveitamento das mudas, com base na quantidade por hectare. Historicamente, essa relação vem aumentando no processo de plantio mecanizado, chegando à demanda de 18 toneladas de mudas por hectare, ou até mais. Com o Plene, há uma redução para 2 toneladas por hectare, ou seja, quase 90% a menos. Outro importante aspecto dessa tecnologia é o impacto na colheitabilidade, dado que, por apresentar um enraizamento mais intenso que o convencional, as plantas de Plene têm resistência superior, por apresentarem maior sustentação. O impacto positivo de Plene começa de maneira individual, pelas usinas que optam por essa tecnologia, mas tem repercussão em toda a cadeia. Todo o mercado sucroenergético sai ganhando. Considerando o potencial de crescimento do setor de cana-de-açúcar, principalmente com a demanda global por energias renováveis, essa nova tecnologia pode se transformar em um importante diferencial de competitividade. Mais do que trazer o potencial das plantas à vida, principal conceito da Syngenta, a tecnologia Plene tem como objetivo colaborar para que o setor sucroenergético brasileiro supere os principais desafios do plantio. Da busca por disponibilidade de mão de obra, passaremos à qualificação; ao atingirmos a eficiência operacional, passaremos a nos dedicar à eficiência no uso da água e do solo; a preocupação com a quantidade suficiente de mudas dará espaço à incorporação de tecnologias; e, por fim, finalizada a fase de definições sobre a legislação ambiental, ganhará força o empenho para atendermos aos processos de certificações.

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Opiniões The company’s most recent – and relevant – step in supporting the industry in this challenge is the Plene technology. The starting point of this new system is the replacement of the traditional 40 cm billets with seed cane of only 4 cm, sourced in Syngenta-own nurseries and pre-protected by an industrial treatment against fungi and soil pests that damage the plant in the initial development phases, allowing for more robust growth and rendering planting much simpler. Thus, the mill eliminates operations related to planting and cultivating in nurseries, while saving inputs, operation costs and labor. With seed cane supplied by Syngenta, the mill can add the area previously used by nurseries to the plantation area. This increase has direct reflexes in the volume of harvested sugarcane and also in the production of sugar, ethanol and bioelectricity. Additionally, an exclusive machine was developed to perform the planting operation of Plene seed cane. Smaller and lighter, this planting equipment causes less soil compacting and has been adapted for direct planting. In this system, the placement of seed cane is more uniform than when the billets are distributed in the conventional way of planting, while also featuring more parallelism and using geo-referencing technologies. Given that it incorporates several operations in a single one, it makes planting more efficient, while doing away with several processes. Efficiency also lies in using seed cane based on their quantity per hectare. Historically, this relation has been increasing in mechanical planting, reaching a demand of 18 tons of seed cane per hectare, or even more. Using Plene, there is a reduction to 2 tons per hectare, i.e., almost 90% less. Another important aspect of this technology is the impact on harvestability, given that, because of deeper roots in comparison with the conventional planting, Plene plants have better resistance, because they have better sustentation. Plene’s positive impact begins at the individual level, in mills opting for this technology, but the repercussion is felt throughout the chain. The entire sugarcane-based market wins. Considering the sugarcane industry’s growth potential, mainly because of global demand for renewable energy, this new technology may become an important differential for competitiveness. More than bringing plants’ potential to life, which is Syngenta’s main concept, Plene technology’s objective is to cooperate with the Brazilian sugarcane-based industry to overcome its main planting challenges. From looking for manpower, we will go on to qualification; upon reaching operational efficiency, we will be dedicated to efficiently using water and soil; the concern about sufficient quantities of seed cane will make room for incorporating new technologies; and lastly, once the definition phase on environmental legislation is concluded, our efforts to go about meeting the requirements of certification processes will gain momentum.



plantio mecanizado

um caminho

Opiniões

sem volta A route of no return

" A eficiência nas operações mecanizadas passa pela integração entre as áreas de operações agrícolas e pela manutenção automotiva. É muito comum acontecer um desgaste no relacionamento entre essas áreas. " Gilson Christofoli Junior Diretor Agrícola da Renuka - Unidade Equipav Agricultural Director of Renuka - Equipav Unit

Até pouco tempo, a boa gestão da mão de obra rural era de fundamental importância para a otimização da produção da cana-de-açúcar. Isso ocorria porque as atividades de colheita e plantio sempre foram predominantemente realizadas de forma manual. Nos últimos anos, fatores como a pressão ambiental pelo fim da queima, problemas trabalhistas e crescimento do setor para regiões com baixa densidade populacional, entre outros, levaram o setor sucroalcooleiro a passar por um rápido processo de mecanização de suas atividades, primeiro com a colheita e, mais recentemente, com o plantio. Com isso, a gestão da mão de obra rural perdeu importância relativa, e hoje estamos buscando eficiência e qualidade nas atividades mecanizadas. A expansão da mecanização da colheita e do plantio, principalmente nos últimos cinco ou seis anos, foi muito maior que a nossa capacidade de formar mão de obra, tanto operacional quanto de manutenção. Hoje, o nosso primeiro e maior desafio é formar operadores de colhedora, mecânicos, eletricistas e lideranças para gerenciar todo o processo mecanizado. A solução são as usinas investirem pesadamente em treinamento e na formação desses profissionais. Porém, como a mecanização ainda está em crescimento e com a entrada de novas unidades produtoras, acredito que essa situação ainda levará muitos anos para se estabilizar. A eficiência nas operações mecanizadas passa, obrigatoriamente, pela integração entre as áreas responsáveis pelas operações agrícolas e pela manutenção automotiva. É muito comum acontecer nas usinas um desgaste no relacionamento entre essas áreas. Somente com a perfeita sinergia entre elas é possível desenvolver procedimentos eficientes de manutenções preditivas e preventivas, combater as quebras operacionais e, consequentemente, reduzir a manutenção corretiva. Assim, poderemos trabalhar com custos baixos e realizar as atividades agrícolas no momento correto. Entrando mais especificamente no plantio mecanizado, tema deste artigo, o que podemos observar é que, ao longo dos últimos anos, ele tem tido uma evolução muito significativa em sua qualidade. ►

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Until recently, good rural labor management was fundamentally important to optimize sugarcane production. This is what occurred because harvesting and planting activities were always predominantly performed manually. In recent years, factors such as environmental pressure to end burning, labor problems and the industry’s expansion to low population density areas, among others, made the sugarcane-based industry go through a quick mechanization process, first in harvesting, and more recently in planting. With that, managing rural labor lost relative importance, so nowadays we are looking for efficiency and quality in mechanized activities. The expansion of mechanical harvesting and planting, mainly in the last 5 or 6 years, was greater than our capacity to train labor, from an operational and maintenance point of view. Nowadays, our first and foremost challenge is to train harvester operators, mechanics, electricians and leaders who can manage the entire mechanization process. The solution lies in mills heavily investing in training and education of such professionals. However, since mechanization is still under development, with the coming on stream of new production units, I trust this situation will still require many years before it stabilizes. Efficiency in mechanized operations necessarily involves integrating the areas responsible for agricultural activities and vehicle maintenance. In mills it is quite common to see relational conflict unfold between these areas. Only with perfect synergy between them is it possible to develop efficient procedures for predictive and preventive maintenance, combat operational breakdowns, and hence, reduce corrective maintenance. In that way, we can work at low costs and realize agricultural activities at the right time. With respect to mechanical planting per se, the subject matter of this article, what one observes is that over the years, it enjoyed significant development in terms of quality. ►



plantio mecanizado Essa evolução se deve, em menor escala, à melhoria tecnológica nas plantadoras e colhedoras de muda e, principalmente, ao aprendizado e ao desenvolvimento contínuo das melhores técnicas agronômicas aplicadas ao plantio mecanizado. Embora existam Unidades onde a qualidade do plantio mecanizado e a do manual estejam muito próximas, ainda temos muito que evoluir. Basta lembrar que a quantidade de muda utilizada no plantio mecanizado é significativamente maior que no manual e, mesmo assim, muitas vezes, sem obter o mesmo resultado em qualidade. Portanto entendo que nosso maior objetivo no plantio mecanizado é o de melhorar, cada vez mais, a qualidade em relação ao plantio manual e, em paralelo, conseguir reduzir a quantidade de muda utilizada. Trata-se realmente de um grande desafio, já que a redução na quantidade de mudas trabalha na direção oposta ao da qualidade do plantio. Não existe solução fácil para atingir esse objetivo, mas muito trabalho, estudo e aprimoramento. Temos que trabalhar com todas as variáveis que interferem na qualidade do plantio mecanizado. As duas principais variáveis a serem trabalhadas são: a redução dos danos nas mudas, tanto nas gemas quanto nos rebolos, e a melhoria no sistema de distribuição das mudas pelas plantadoras. Essas duas variáveis terão influência direta na redução da quantidade de muda utilizada e na redução das falhas de plantio. Para isso, precisamos trabalhar em conjunto com os fabricantes de colhedoras e plantadoras de cana, para que possamos evoluir na tecnologia dos equipamentos e na qualidade das operações. O apoio de uma equipe de controle de qualidade atuante e bem treinada denuncia rapidamente qualquer não conformidade, possibilitando a correção imediata dos problemas. As questões agronômicas têm também grande importância nesse processo, já que a variedade de cana, a sua qualidade e porte no momento da colheita são fundamentais para o sucesso do plantio mecanizado. O sistema de plantio manual se caracteriza pela boa qualidade de distribuição das mudas no sulco de plantio, e, quanto mais o plantio mecanizado se aproximar dessa realidade, maior a chance de sucesso. Existem diversos outros fatores que influenciam na qualidade do plantio e que não podem ser esquecidos, como a qualidade do preparo de solo, a sistematização do terreno, a profundidade do sulco, a qualidade e profundidade da cobrição, a umidade do solo no momento do plantio, entre outros. A importância do treinamento, qualificação e formação da mão de obra já foi citada, porém cabe destacar que o trabalho dos operadores de plantadora é determinante para a qualidade do plantio. Em relação ao paralelismo entre os sulcos, hoje já existe bom avanço tecnológico, através do uso do GPS. É também importante que todos conheçam bem as suas características de solo e clima, bem como as variedades de cana cultivadas e as máquinas utilizadas, para que a tecnologia possa ser corretamente adequada a cada realidade. Uma grande vantagem do plantio mecanizado é que as operações de sulcação e cobrição são simultâneas, não ocorrendo perda de umidade, o que nos permite aumentar o período útil de plantio. Evoluindo-se na qualidade e na redução da quantidade de muda utilizada no plantio mecanizado, este se torna inquestionável, já que tem um custo operacional menor que o manual. Portanto o plantio mecanizado de cana-de-açúcar é um caminho sem volta.

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This evolution occurred to a lesser degree due to technological improvements in seed cane planters and harvesters, and mainly due to continuous learning and development of better agronomic techniques applied to mechanical planting. Although Units exist in which the quality of mechanical and manual planting is very close, there is still a long way to go. Just remember that the quantity of seed cane used in mechanical planting is significantly higher than in manual planting, and even so, quite often one does not achieve the same result in terms of quality. So, I believe our greatest objective in mechanical planting is to increasingly improve quality in relation to manual planting, while at the same time being able to reduce the quantity of seed cane used. This is really a great challenge, since the reduction in the quantity of seed cane goes contrary to planting quality. There is no simple solution for this objective other than much work, study and improvement. One must work with all variables that interfere in the quality of mechanical planting. The two variables to work on are: damage reduction in seed cane, both of buts and billets, and improvement of the seed cane distribution system by planters. These two variables will have direct influence in reducing the quantity of seed cane used and errors made in planting. To that end we must work together with cane harvester and planter manufacturers, so as to develop equipment technology and operational quality. Support from an active and well-trained quality control team quickly signals any non-conformity, allowing for immediate corrective action and problem solving. Agronomic issues are also very important in this process, since cane variety, its quality and size at the time of harvesting, are essential for the success of mechanical planting. The manual planting system is characterized by good distribution quality of seed cane in the planting furrows, and the closer mechanical planting gets to this reality, the greater the chances of success. Several other factors influencing planting quality cannot be overseen, such as soil preparation quality, preparation of the terrain, furrow depth, coverage quality and depth, soil humidity at the time of planting, among others. The importance of training, qualification and education of the labor force has already been mentioned, however, one should emphasize that the work performed by planter operators is determinant for planting quality. With respect to parallelism of furrows, nowadays technological progress has already occurred by using GPS devices. It is also important that everybody well know soil and climate characteristics, as well as the cane varieties cultivated and the machines used, so that technology may be adapted to each reality. Another important advantage of mechanical planting is that furrowing and covering operations take place at the same time, without loss of humidity, allowing us to increase the actual planting period. With progress achieved in quality and with the reduction in the quantity of seed cane used in mechanical planting, it becomes indisputable, given that it has lower operational costs in comparison with manual planting. Thus, mechanical planting is a route of no return.


Opiniões

uma alternativa A viable alternative

viável

" além do desenvolvimento do sistema de plantio, tecnologias inovadoras e não convencionais que Trea contemplem cenários de forte redução do custo, escassez de mão de obra, plantio o ano todo e sustentabilidade já estão sendo desenvolvidas no CTC e deverão estar disponíveis em 4 a 6 anos " José Guilherme Perticarrari Coordenador de Pesquisa Tecnológica do CTC Technical Research Coordinator at CTC

O plantio mecanizado da cana-de-açúcar é mais que uma tendência no setor sucroalcooleiro, é uma das alternativas mais viáveis em substituição ao sistema de plantio manual, que atualmente enfrenta dificuldades, principalmente devido à escassez de mão de obra nas áreas de expansão e em regiões com forte índice de mecanização da colheita. Segundo informações fornecidas pelas usinas participantes do Controle Mútuo Agronômico Anual do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, na safra 10/11, aproximadamente 217 mil hectares foram plantados de forma mecanizada, representando 35% da área total plantada. Na realidade, o plantio mecanizado é uma consequência direta da aceleração da mecanização da colheita, que está crescendo de forma exponencial no Brasil e, principalmente, no estado de São Paulo, onde existe a lei estadual n° 11.241/02, que determina a eliminação das queimadas da cana-de-açúcar até 2017 para as áreas mecanizáveis e 2031 para as áreas não mecanizáveis, e um Protocolo Ambiental assinado pelas unidades produtoras de açúcar e álcool, que antecipa essas datas, respectivamente, para 2014 e 2021. Os altos custos operacionais do plantio manual e a intensificação do cumprimento da legislação trabalhista também são fatores que estão acelerando a adoção do sistema de plantio mecanizado em substituição ao manual. Uma recente pesquisa feita pelo CTC mostra que, em apenas três anos, o plantio mecanizado poderá representar cerca de 60 a 70% da área total de reforma de cana no Centro-Sul, caracterizando uma migração para mecanização bem mais rápida se comparada à mudança da colheita manual para mecanizada. Esse processo de migração caminha a uma velocidade maior se comparado à capacidade do setor produtivo em desenvolver tecnologias de alto desempenho e confiáveis para esse sistema de plantio, colocando em risco a viabilidade econômica e sustentabilidade no longo prazo. No Brasil, a busca por essa tecnologia começou ser expressiva a partir do ano 2000, porém, desde a década de 90, o CTC atua fortemente nessa linha de pesquisa, visando ao ►

The mechanical planting of sugarcane is more than a trend in the sugarcane-based industry. It is one of the most viable alternatives to replace the manual planting system that currently faces difficulties, mainly due to the lack of labor in expansion areas and regions with high mechanical harvesting rates. According to information supplied by the mills comprising the initiative “Controle Mútuo Agronômico Anual” of CTC (Sugarcane Technology Center), in the 10/11 harvest, approximately 217,000 hectares were planted in a mechanized manner, representing 35% of the total planted area. Actually, mechanical planting is the direct consequence of the acceleration of mechanical harvesting that is growing exponentially in Brazil, and mainly in the State of São Paulo, where State Law nr. 11. 241 /02 sets forth the elimination of sugarcane burning by 2027, in all areas in which mechanized processing is possible, and by 2031 in all other areas, and where an Environmental Protocol was signed by sugar and ethanol producers, anticipating these dates to, respectively, 2014 and 2021. High operational costs of manual planting and the intensification of compliance with the law are also factors accelerating the utilization of the mechanical planting system in lieu of the manual one. A recent survey conducted by CTC shows that in only three years mechanical planting might represent about 60 to 70% of the total sugarcane reformation area in the Center-Southern region, evidencing the accelerated migration to mechanical planting in comparison with the switch from manual to mechanical harvesting. This migration process is taking place at higher speed than compared to the production sector’s capacity to develop high performance and reliable technologies for this planting system, putting at risk the long-term economic viability and sustainability. In Brazil, the quest for this technology started to become expressive in the year 2000, but since the 90’s, CTC has strongly been engaged in this line of research, seeking to develop the system as a whole, i.e., ►

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plantio mecanizado desenvolvimento do sistema como um todo, ou seja, compreendendo operações de colheita da muda, transporte e plantio. Além do desenvolvimento das plantadoras, o CTC foi responsável pelo primeiro projeto de adequação das colhedoras comerciais para a colheita da muda, que resultou em uma redução média de 50% das injúrias causadas aos toletes de cana na operação de colheita. Atualmente, esse conceito é utilizado por diversos fabricantes de dispositivos para adequação de colhedoras, denominado de kits de colheita de muda. Atualmente, o maior desafio dessa tecnologia está no controle das operações na plantadora, no desenvolvimento de colhedoras capazes de colher a muda conciliando mínimo de dano e alto rendimento operacional, no aprimorando das práticas de preparo do solo com objetivo de garantir um bom desenvolvimento e longevidade do canavial, com custo competitivo e de forma sustentável. A experiência adquirida na mecanização do plantio mostra que essa prática requer maior cuidado e atenção se comparada ao plantio manual. Objetivando resultados iguais ou superiores à operação manual, além das modificações nas máquinas, algumas técnicas tiveram que ser desenvolvidas, como a metodologia para avaliar aptidão varietal ao plantio mecanizado e a metodologia para avaliar a qualidade do plantio. O CTC destaca-se como pioneiro na elaboração e na condução de ensaios de campo utilizando dessas metodologias. Também um fator importante para o sucesso do plantio mecanizado é a logística do sistema, isso porque, se comparado ao sistema de corte, carregamento e transporte, existe um número muito maior de variáveis e é um sistema mais complexo. Nessa linha, o CTC desenvolveu uma lógica utilizando ferramenta computacional que permite representar e simular o sistema de plantio mecanizado de cana-de-açúcar em um ambiente virtual, possibilitando a otimização de recursos e processos, a redução de custos e a avaliação de novos investimentos e estratégias operacionais. Atualmente, o setor produtivo conta com diversas empresas fabricantes de plantadoras de cana-de-açúcar, sendo que as principais novidades estão relacionadas ao controle das operações do plantio. Também está disponível no mercado um tipo de equipamento denominado Distribuidor de Toletes, que possui a vantagem de aproveitar a estrutura operacional do sistema de plantio manual, como os sulcadores e cobridores, e apenas fazer a distribuição dos toletes no sulco. Trata-se de um equipamento que tem seu lugar no sistema de plantio mecanizado, mas que também precisa ser aprimorado. Além do plantio de toletes colhidos mecanicamente que possuem comprimento médio de 40cm, encontra-se em fase de implantação um sistema comercial de plantio de minitoletes de cerca de 4 a 6cm, contendo apenas uma gema e tratado quimicamente com objetivo de promover mais enraizamento e reduzir as chances de ataque de patógenos. A novidade não está na prática de plantio do minitolete e sim na forma de disponibilização do produto para plantio em escala comercial. Finalizando, com um sistema de plantio mecanizado evoluído, haverá considerável redução dos custos de plantio, maior produtividade e longevidade do canavial e melhores condições de trabalho no campo. Além do desenvolvimento desse sistema de plantio, tecnologias inovadoras e não convencionais de propagação da cana-de-açúcar em escala comercial que contemplem cenários de forte redução do custo da produção agrícola, escassez de mão de obra, plantio o ano todo e sustentabilidade já estão sendo desenvolvidas no CTC e deverão estar disponíveis em 4 a 6 anos.

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Opiniões understanding seed cane harvesting, transporting and planting operations. Apart from developing planters, CTC was responsible for the first adaptation project of harvesters sold on a commercial scale and destined for seed cane harvesting, which resulted in an average reduction of 50% in damage to sugarcane billets during harvesting operations. Currently, this concept is used by several device manufacturers to adapt harvesters, known as seed cane harvesting kits. At this time, this technology’s most important challenges lie in controlling planter operations, in the development of harvesters capable of harvesting seed cane, while balancing minimal damages with high operational performance, perfecting soil preparation practices for the sake of warranting good development and longevity of sugarcane plantations, at competitive cost and in a sustainable manner. Experience obtained from the mechanization of planting shows that this practice requires a great deal of care and attention in comparison with manual planting. Aimed at achieving equal or better results than with the manual operation, apart from modifications made to machines, some techniques had to be developed, such as the method to assess variety aptitude for mechanical planting and the methodology to assess the quality of planting. CTC stands out as a pioneer in elaborating and conducting field studies using these methodologies. Another important factor for the success of mechanical planting is the logistics system, because in comparison with the cutting, loading and transporting system, there is a far higher number of variables and it is a much more complex system. Along this line, CTC developed a logic using a computer tool to simulate the mechanical planting system of sugarcane in a virtual environment, allowing to optimize resources and processes, reducing costs and assessing new investments and operational strategies. Currently, the production sector relies on several sugarcane planter manufacturers, whereas the main novelties are with respect to controlling planting operations. In the market, another type of equipment, called Billet Distributor, is also available, which has the advantage that it uses the operational structure of the manual planting system, such as furrowers and coverers, and only distributes billets to the furrows. This is an equipment that belongs in the mechanical planting system, but also needs improvement. Apart from billets harvested mechanically, with average lengths of 40 cm, there exists a commercial system being implemented, in which mini-billets, approximately 4 to 6 cm long and containing only one bud chemically treated so as to foster deeper roots, while reducing chances of attacks by pathogenic agents. The novelty in not in the practice of planting mini billets, but rather, in how the product is made available for planting on a commercial scale. Finally, with a developed mechanical planting system, considerable planting cost reductions will occur, higher productivity and longevity will be attained in sugarcane plantations, along with better labor conditions in the field. In addition to the development of this planting system, innovative and unconventional sugarcane distribution technologies on a commercial scale, encompassing scenarios of major cost reductions in agricultural production, the lack of labor, the possibility of year round planting, and sustainability are already being developed at CTC and expected to be available in 4 to 6 years.



plantio mecanizado

Opiniões

plantio mecanizado:

um sistema

Mechanical planting: a system

Desde 1992, a Guarani faz experiências com o sistema mecanizado de plantio, tendo, inclusive, projetado, produzido e utilizado, por quatro anos, seu próprio protótipo. Depois de uma visita à Austrália, em 1999, voltamos convencidos de que o plantio mecanizado seria a melhor solução. Na época, os fornecedores de equipamentos não demonstraram muito interesse pelo sistema, forçando-nos a implementar as melhorias de performance que desenvolvíamos. Hoje, 50% da área plantada na Guarani são feitos pelo sistema mecanizado, e temos como meta atingir 90% até a safra de 2015. O sistema de plantio mecanizado da cana vem se aperfeiçoando a cada ano, e o cenário econômico e social do setor sucroalcooleiro confirma que essa é uma opção sem volta, devido à sensível redução de custos da mecanização, além do significativo ganho na eficiência operacional. Todas as etapas envolvidas no sistema de plantio podem ser mecanizadas, dentre as quais a sulcação, a adubação, a distribuição das mudas, a cobertura dos sulcos com aplicação simultânea de inseticida e fungicida. O plantio mecânico inicia-se, de fato, com a colheita da muda de cana na área de viveiro. Essa operação deve ser realizada por uma colhedora equipada com acessórios que preservem a qualidade da gema. A mesma atenção deve se ter no transporte da cana até a área de plantio e no abastecimento das plantadoras. Os cuidados adotados na colheita da muda para proteger as gemas reduzem os danos em até 50%. O plantio mecânico deve ser entendido como um sistema e não como uma atividade: a falta de atenção para esse quesito foi uma das principais razões para seu insucesso no passado. Deve-se também apontar a limitação de uso de algumas variedades no corte mecânico das mudas, em função da suscetibilidade a danos, como é o caso de materiais genéticos com gemas salientes. A escassez por mão de obra é um dos principais fatores responsáveis pela previsão do aumento da utilização do plantio mecanizado nos próximos anos. ►

" a preocupação que fica é se todos os pontos e ajustes que ainda precisam ser feitos, em todas as etapas do plantio mecanizado, serão resolvidos em tempo breve, para que não seja necessário pagar altos custos pela morosa correção " Jaime José Stupiello Diretor Agrícola da Açúcar Guarani - Grupo Tereos Agricultural Director at Açúcar Guarani - Tereos Group

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Since 1992, Guarani has experimented with the mechanical planting system, actually having designed, manufactured, and during four years, operated its own prototype. Following a trip to Australia, in 1999, we came back convinced that mechanical planting would be the best solution. At the time, equipment suppliers showed little interest in the system, obliging us to implement the performance improvements we were developing. Nowadays, 50% of Guarani’s planting area is planted using mechanical planting, and our goal is to reach 90% by the 2015 harvest. The mechanical sugarcane planting system is being perfected each year and the sugar and ethanol industry’s economic and social scenario is such that there is no way back, due to the significant reduction in cost of the mechanical option, along with the relevant gains in operational efficiency. All phases of the planting system can be mechanized, including furrowing, fertilizing, distributing seed cane, and covering furrows, while simultaneously applying pesticide and fungicide. Mechanical planting in fact begins with harvesting seed cane in the nursery. This operation must be performed by a harvester equipped with accessories that preserve bud quality. The same care must be taken in transporting sugarcane to the planting area and in supplying to the planters. Care taken in harvesting seed cane, so as to protect the buds, reduces damage by up to 50%. Mechanical planting must be viewed as a system rather than an activity: lack of attention to this requirement was one of the main reasons for unsuccess in the past. ►



plantio mecanizado O plantio mecanizado reduz a necessidade de mão de obra em até 80%, refletindo diretamente nos custos finais da operação. Considerando apenas os custos operacionais, sem envolver os custos anteriores – com o corte, carregamento e transporte de mudas até a área de plantio –, a mecanização do plantio é altamente vantajosa. Porém, nas operações que envolvem o corte da muda, residem os maiores custos do sistema mecanizado, que, dependendo da distância da área de plantio, podem superar os custos do plantio manual, principalmente em função do maior consumo de muda por hectare – que ainda não foi possível reduzir. Desde a sua introdução, o plantio mecanizado apresentou um custo inferior em relação ao plantio manual. Com o passar dos anos, essa vantagem foi aumentando, principalmente em função do aumento do custo da mão de obra, que subiu, em média, nos últimos dez anos, cerca de 20% ao ano. Alguns fatores críticos devem ser levados em conta para se obter sucesso nesse tipo de plantio, tais como planejamento e sistematização do terreno, planejamento de viveiros e idades das mudas, preparação dos equipamentos, estrutura de apoio e treinamento da mão de obra. Entre os principais desafios do plantio mecanizado, estão a dosagem dos toletes e a sua distribuição no sulco, o plantio no final da linha, os danos nas gemas e toletes e o controle das operações. Os três pontos mais importantes são: 1. operadores bem treinados e comprometidos, pois são os responsáveis pela distribuição de cana no sulco; 2. a escolha da muda; 3. o corte da muda – hoje realizada com a mesma colhedora de cana utilizada na safra, com algumas modificações, porém ainda longe do ideal. Um outro ponto de destaque diz respeito ao baixo tempo de aproveitamento na época do plantio – concentrado nos meses de fevereiro a maio, normalmente chuvosos. Esse baixo rendimento ocorre por se tratar de equipamentos pesados, tanto para colher como para plantar a muda. Em 2011, esse aspecto foi marcante, pois as operações foram muito prejudicadas devido ao excesso de chuvas, principalmente no mês de março. Uma nova tecnologia desenvolvida pela Syngenta, denominada Plene, poderá, na minha opinião, contribuir para eliminar ou minimizar algumas das limitações apontadas. Trata-se de uma técnica sobre a qual ainda existem dúvidas e ajustes, mas a expectativa é muito otimista, no sentido de um benefício enorme, o que deixa o setor eufórico e confiante. Atualmente, o setor dispõe de uma alternativa ao uso de plantadoras: são as chamadas distribuidoras de cana. Esse implemento não realiza a operação de sulcação e cobrição dos toletes, apenas os distribui no sulco. A desvantagem fica por conta da necessidade de se utilizar outros implementos para essas operações, mas, mesmo assim, com custo menor que o plantio manual, principalmente pela redução do uso de mão de obra. A grande vantagem em relação ao plantio mecânico realizado com plantadoras é a possibilidade de avaliação das gemas no sulco, antes de ser coberto. O Grupo Guarani já está fazendo uso dessas distribuidoras. Diante desse cenário, podemos confirmar a necessidade de se migrar rapidamente para o plantio mecanizado, em quase 100% da área. A preocupação que fica é se todos os pontos e ajustes que ainda precisam ser feitos, em todas as etapas do plantio mecanizado, serão resolvidos em tempo breve, para que não seja necessário pagar altos custos pela morosa correção.

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One must also point out that there are limitations to the use of mechanical cutting of some varieties of seed cane, due to its susceptibility to damage, as is the case of genetic material with salient buds. Lack of labor is one of the main reasons indicating that mechanical planting tends to increase in coming years. Mechanical planting reduces the need for labor by up to 80%, directly reflecting in the operation’s end cost. Considering only operational costs and no earlier costs – of cutting, loading and transporting seed cane to the planting area – one sees that mechanical planting is highly advantageous. However, the highest costs in the mechanical system occur in operations involving seedling cutting. Depending on the distance to the planting area, such costs can exceed those of manual planting, mainly because of higher consumption of seed cane per hectare – which until now was not possible to reduce. Since its introduction, mechanical planting has had lower costs in comparison with manual planting. Over the years, this advantage increased, mainly due to the increase of labor costs that, on average, went up by about 20% per year, in the last ten years. Some factors must be taken into consideration to be successful in this kind of planting, such as: planning and organizing plots, planning the nursery and setting seed cane’s age, preparing equipment, the support structure and training the workforce. Among mechanical planting’s main challenges are the dosage of billets and their distribution in the furrows, planting at the end of the line, damaging buds and billets, and controlling operations. The three most important topics are: 1. Well trained and committed operators, because they are who distribute cane in the furrows; 2. Selecting seed cane; 3. Cutting seed cane – nowadays, this is done using the same harvester (with a few modifications) used in harvesting, while still being far from ideal. Another issue to highlight refers to the short time available for planting – concentrated in the months of February to May, usually rainy months. This unsatisfactory performance results from the fact that equipment is heavy, both for harvesting and planting seed cane. In 2011, this aspect stood out, with operations very adversely affected due to excessive rain, mainly in March. New technology developed by Syngenta, called Plene, might, in my viewpoint, contribute to eliminate or minimize some of the mentioned limitations. This is technology that still entails doubts and requires adjusting, but expectations are highly optimistic, in the sense that there is a huge benefit, making the industry euphoric and confident. The industry has an alternative to planters: the so-called cane distributors: This equipment does not perform the furrowing and covering of billets, but only distributes them in the furrows. The disadvantage lies in the need to use other equipment for such operations, but even so, at less cost than manual planting, mainly because of the reduction in labor. The big advantage in comparison with mechanical planting is the possibility to evaluate buds in the furrows, before covering them. The Guarani Group is using such distributor equipment. In light of this scenario, one can confirm the need to quickly migrate to mechanical planting, to the extent of almost 100% of the area. The concern that remains is whether all issues and adjustments that need to be addressed, in all phases of mechanical planting, will be solved shortly, so that one will not have to pay high costs due to such slow correcting.


Opiniões

colheita e transporte de mudas de cana:

foco na qualidade Harvesting and transporting seed sugarcane: focus on quality

Ao falarmos em plantio mecanizado da cana-de-açúcar, pensamos imediatamente nas operações relacionadas à última etapa desse processo, que ocorre na área de plantio, negligenciando muitas vezes as demais operações envolvidas. Dentre essas operações, destacam-se a colheita e o transporte de mudas, que impactam diretamente no custo e na qualidade do material que está sendo propagado. É preciso entender que o conceito da colheita de mudas é diferente do da colheita de cana para moagem, cujo foco é a produtividade sem perda da qualidade (impurezas minerais e vegetais), enquanto, na colheita de mudas, o foco é a qualidade (brotação e vigor) sem perda de produtividade. A colheita mecanizada é um processo de intenso contato físico entre as partes mecânicas da máquina e o tecido vegetal, devendo ser monitorada sistematicamente para minimizar os danos no material a ser propagado. Trata-se de uma interação complexa entre engenharia e biologia, na qual se busca extrair o melhor desempenho da máquina sem comprometer o desenvolvimento da planta. Para avaliar o impacto da mecanização no plantio da cana-de-açúcar, toma-se como base o plantio manual, que utiliza colmos da cana cortados manualmente e que também são plantados de forma manual. Via de regra, esse sistema de plantio utiliza cerca de 10 a 12 toneladas de muda por hectare. Já no plantio mecanizado, utiliza-se aproximadamente de 18 a 22 toneladas de mudas, cujo plantio é feito mecanicamente através de plantadoras de toletes. Isso representa um acréscimo de 100% na quantidade de mudas utilizadas, onerando significativamente os custos dessa operação, uma vez que a muda representa aproximadamente 30 a 40% do custo total de plantio. ►

When talking about mechanical planting of sugarcane, one immediately thinks of operations inherent to the last phase of this process that takes place in the planting process, often disregarding all other operations involved. Among such operations, harvesting and transporting seed cane stand out, since they directly impact cost and quality of the material propagated. It is important to point out that the concept of harvesting seed cane is different from the concept of harvesting cane for crushing, whose focus is productivity with no loss in quality (mineral and plant impurities), whereas in harvesting seed cane, the focus is on quality (growth and vigorousness), with no loss in productivity. Mechanical harvesting is a physical contact intensive process between mechanical parts of a machine and plant tissue, which needs to be systematically monitored to minimize damage to the material to be propagated. This involves complex interacting between engineering and biology, from which one seeks to extract a machine’s best performance, without compromising plant development. To assess the impact of mechanization on sugarcane planting, one starts out with manual planting as the basis, in which sugarcane stalks are cut manually and also planted manually. Usually, this planting system uses from 10 to 12 tons of seed cane per hectare. ►

" é fundamental o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a fim de não perdemos o timing nesse processo e sermos surpreendidos, no futuro, com equipamentos de baixo desempenho e que não atendam às expectativas ou que limitem as estimativas de lucros no setor sucroalcooleiro " Luciano Rodrigues Menegasso Engenheiro Especialista Agroindustrial do CTC Agroindustrial Expert Engineer at CTC

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plantio mecanizado E qual o motivo de se plantar mais mudas no sistema mecanizado em relação ao manual? Seria somente devido ao dano causado à gema, que é a estrutura presente no tolete, responsável pela geração de uma nova planta? A resposta não é tão simples assim. Supondo que a média de gemas danificadas num plantio mecanizado seja da ordem de 10%, justificaria plantar 10% a mais de gemas, ou seja, aumentar a dosagem de mudas de 12 para 13,2 toneladas por hectare. Além da confiabilidade da dosagem da plantadora que ainda precisa ser aprimorada, a resposta para o aumento de 100% da quantidade de muda está na redução do índice de brotação das gemas devido ao dano no sistema fisiológico do tolete, que provém das injúrias ocasionadas nas operações mecanizadas, principalmente na colheita. Esse dano pode ser mínimo e imperceptível, porém suficiente para interferir negativamente no processo fisiológico das gemas. Dependendo da intensidade do dano, o resultado poderá variar desde uma redução na resistência ao estresse do ambiente, como déficit hídrico ou baixa temperatura, até inviabilizar a geração de uma nova planta. Atualmente, não existem colhedoras desenvolvidas especificamente para a colheita de mudas, sendo necessário adaptação das máquinas convencionais. Estimativas do setor apontam que, em 2015, serão necessárias mais de 1.000 colhedoras de mudas, justificando maior atenção a esse tipo de equipamento. Mesmo com os recentes aprimoramentos nessas colhedoras, os ganhos obtidos em termos de qualidade são incrementais, e o setor precisa de um salto tecnológico nessa operação, representando um esforço a mais para conter os avanços do custo da produção agrícola. A expansão das áreas plantadas mecanicamente irá aumentar a necessidade de veículos de transbordo. O impacto desse equipamento na qualidade da muda é bem menor se comparado à colhedora, porém deve-se ter atenção especial na utilização desse equipamento na colheita. Para otimizar o transporte da muda em situações onde o viveiro está distante do plantio, é necessário adotar veículos de transbordo de alta velocidade que possuam pneus rodoviários. Uma vez adentrados na área de colheita, esses veículos causam sérios danos à cultura, devido ao pisoteio da soqueira e à compactação do solo. A substituição dos pneus rodoviários pelos de alta flutuação e baixa pressão reduz o problema da compactação, porém não elimina o pisoteio da soqueira. Uma alternativa é utilizar transbordos acoplados a tratores com bitolas corretamente ajustadas para fazer a transferência da muda recém-colhida para o veículo com pneus rodoviários. O plantio mecanizado ainda é um desafio para a engenharia, porém trata-se de um sistema que, em breve, será adotado na maioria das áreas de cultivo da cana-de-açúcar, devido não só à escassez de mão de obra, mas também às oportunidades de redução de custo e melhoria do canavial. Apesar das dificuldades atuais, a adoção de equipamentos adequados para colheita, transporte e plantio, juntamente com um bom planejamento da reforma do canavial, certamente resultará na opção mais viável em termos logísticos, econômicos e estratégicos para o setor sucroalcooleiro. Nesse contexto, é fundamental o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a fim de não perdemos o timing nesse processo e sermos surpreendidos, no futuro, com equipamentos de baixo desempenho e que não atendam às expectativas ou que limitem as estimativas de lucros no setor sucroalcooleiro.

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Opiniões In mechanical planting, on the other hand, one uses approximately 18 to 22 tons of seed cane, whose planting is done mechanically by billet planters. This represents a 100% increase in the quantity of seed cane used, thereby greatly increasing the cost of this operation, given that seed cane represents approximately 30 to 40% of the total cost of planting. What is the reason for planting more seed cane in the mechanical system than in the manual one? Is it only because of the damage caused the bud, which is the structure of the billet that actually generates a new plant? The answer is not that simple. Assuming that the average of buds damaged in mechanical planting is about 10%, it would make sense to plant 10% more buds, i.e., to increase the quantity of seed cane from 12 to 13.2 tons per hectare. Apart from the planter equipment’s dosage reliability that still needs to be improved, the response for a 100% increase in the quantity of seed cane consists in reducing the bud shooting rate because of damage to the billets’ physiological system, resulting from mechanical operations, mainly during harvesting. This damage can be minimal and go unnoticed, but sufficient to adversely interfere in buds’ physiological process. Depending on the extent of damage, the result may vary from a reduction in resistance to stress in the environment, such as hydric deficit or low temperature, and may actually even prevent a new plant from being generated. Currently, there are no harvesters developed specifically for harvesting seed cane, so conventional machines need to be adapted. According to industry estimates, in 2015, 1,000 seed cane harvesters will be needed, therefore meriting more attention to this type of equipment. Even with recent improvements made to these harvesters, the achieved quality gains are incremental and the industry is in need of a technological leap concerning this operation, which represents additional effort in diminishing cost increases in agricultural production. The expansion of mechanically planted areas will increase the need for bin tractors. The influence of this kind of equipment on seed cane quality is less in comparison with the harvester, however, one must pay special attention to using this type of equipment for harvesting. To optimize seed cane transportation in situations in which the nursery is far from the plantation, one must use high-speed bin vehicles equipped with road tires. Once in the harvesting area, these vehicles cause severe damage to the crop because of trampling on ratoons and soil compacting. Replacing high fluctuation road tires with low pressure tires diminishes the compacting problem, but does not eliminate trampling on ratoons. An alternative is to use bin vehicles coupled with tractors with properly sized gauges for transferring seed cane just harvested to a vehicle equipped with road tires. Mechanical planting is still an engineering challenge, but it is a system that will shortly be used in most sugarcane planting areas, due to both the lack of labor and the need to reduce costs and improve sugarcane plantations. Notwithstanding current difficulties, using adequate equipment for harvesting, transporting and planting, along with good planning of plantation reformation, will surely result in a more viable alternative from the point of view of logistics, economics and strategy for the sugarcanebased industry. In this context, investment in research and development is essential so as to not miss the timing in this process and be taken by surprise in future with low performance equipment that does not meet, or fully meet, profit expectations of the sugarcane-based industry.



reforma da lavoura

reforma da lavoura de cana-de-açúcar Reformation of sugarcane agriculture

" se considerarmos um canavial estabilizado, do qual de 15 a 20% são destinados para reforma, o fluxo de caixa oriundo dele é sustentável, o que permite uma análise sem aplicação de remuneração financeira, tornando possível visualizar qual seria o ponto ideal de reforma " Luiz Antonio Paiva Diretor Agrícola do Grupo Cerradinho Agriculture Director of Grupo Cerradinho

A reforma da lavoura de cana-de-açúcar deve ser considerada uma oportunidade de potencializar a produção de matéria-prima, adequando e regularizando a demanda quantitativa e qualitativa para a indústria e, indiretamente, reduzindo o custo de produção. Se considerarmos um canavial estabilizado, do qual de 15 a 20% são destinados para reforma, o fluxo de caixa oriundo dele é sustentável, o que permite uma análise sem aplicação de remuneração financeira, tornando possível visualizar qual seria o ponto ideal de reforma. Apresentarei alguns quadros para visualizarmos o efeito dos custos de produção, excluindo a colheita na determinação do ponto ideal de reforma. No quadro, o Cenário 1 faz a simulação da produção em áreas tradicionais de cana, com terras mais caras. O Cenário 2 apresenta a simulação da produção em áreas de fronteira agrícola, com terras mais baratas. Geralmente, quando a produtividade atinge 50% do potencial de produção do 1º corte, o ponto econômico da reforma foi atingido, a partir daí haverá um aumento do custo de produção da cana. Conforme observamos nos Cenários 1 e 2, quanto mais alta a remuneração da terra, mais cedo será o ponto econômico de reforma. Porém, quando a produtividade é menor que 60% da diferença do 1º corte, estamos deixando de maximizar o potencial produtivo do solo que, nesse caso, é em torno de 81 t/ha/ano; à medida que aumentamos o número de cortes, necessitaremos de maior quantidade de terras para suprimento de matéria-prima. Portanto, para aumentar a longevidade de forma sustentável, é necessário desenvolver um sistema produtivo em que ocorra uma estabilização do canavial com alta produtividade, o que, acredito, poderá ocorrer com a canteirização do sistema produtivo como um todo, que tomará um novo impulso com a colheita de rua dupla. Estamos inseridos em uma nova fase no agronegócio, saindo de décadas nas quais convivemos com o excesso de oferta de commodities cuja demanda cresce em um mundo onde os recursos naturais ficam cada vez mais escassos. Temos que verticalizar a produção. Para tanto, temos que desenvolver um sistema de produção com menor custo de implantação e logística, que

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Reformation of sugarcane agriculture must be viewed as an opportunity to potentialize the production of raw material, adapting and regulating quantitative and qualitative demand to industry and indirectly reducing production cost. If one considers a stable sugarcane plantation, of which 15 to 20% are destined for reformation, the resulting cash flow will be sustainable, allowing for an analysis that does not take financial remuneration into account, making it possible to envisage what would be the ideal moment for undertaking the reformation. I shall present some charts to show the effect of production costs, excluding harvesting from the decision on the ideal moment to bring about the reformation. In the chart, Scenario 1 shows the simulation of production in traditional sugarcane areas, with more expensive land. Scenario 2 shows the simulation of production in areas on the agricultural frontier, with less expensive land. Generally, when productivity reaches 50% of the first cut’s production potential, the economic moment for reformation is reached, and from there on sugarcane production costs increase. As one can see in Scenarios 1 and 2, the higher the remuneration of the land, the earlier the economic moment of reformation will be reached. However, when productivity is less than 60% of the difference of the first cut, one ceases to maximize the production potential of soil that, in this case, is at about 81 t/ ha/year. As one increases the number of cuts, one requires more land to supply raw material. Therefore, in order to increase longevity in a sustainable manner, one must develop a production system in which the high productivity sugarcane plantation is stabilized, which I believe may occur by preserving plant lines of the production system as a whole, which will gain increased momentum once double road harvesting is practiced. One is experiencing a new phase in agribusiness, leaving behind decades in which people were used to excess supply of commodities, to live a new era, in which demand grows in a world with increasing scarcity of natural resources. One must verticalize production. To that end, one must develop a production system at minimal implementation and logistics costs, allowing for undertaking large


Opiniões permita realizar grandes plantios em épocas adequadas, temos que ser criativos para chegarmos ao resultado almejado. Nesse contexto, junto à equipe, estamos empenhados em alguns projetos, como: • Plantio de sorgo sacarino em áreas de reforma, com intuito de gerar um incremento de matéria-prima em período de entressafra (março/abril), contribuindo para a redução do custo de reforma da cana; por razões conservacionistas, padronizamos o plantio direto do sorgo na palha da cana; • Desenvolvimento do sistema de Meios (MEIOSI) com a plantação de 2 ruas de cana alternadas com 8 ruas onde serão plantados o sorgo como cultura intercalar e o sistema de Cantos (CANTOSI), onde 20% da área são destinados a um plantio em blocos; • Preparo reduzido com eliminação de terraço e substituição por “bigodes” ou caixas de contenção de água e não deixar o solo descoberto; • Verticalização do preparo de solo, visando à exploração pelo sistema radicular de uma camada mais profunda e criação de zona de tráfego para as operações agrícolas como um todo; • Plantio de inverno utilizando subprodutos industriais (vinhaça, águas residuais e torta de filtro), que conseguimos produzir acima de 110 t/ha no 1º corte. No Quadro, demonstram-se as simulações com a técnica de MEIOSI, com a aplicação de sorgo, com a projeção para 2012 no Cenário 3 e, para 2013 no Cenário 4. Notamos nos quadros que, apesar de mantermos os mesmos níveis de produtividade da cana, a adição na área de reforma de outra cultura, com o intuito de suprir a matéria-prima em período desfavorável para a cana, otimiza a sua utilização. Conseguiremos um incremento de 80 t/ha/ano na condição somente com cana ao redor de 90 t/ha/ano de matéria-prima, com a adição do sorgo sacarino e antecipação da reforma. É notória também a redução de custo em função do aumento de produção por área, que poderá chegar a 9%. A verticalização da produção de cana tende a antecipar a reforma nos patamares atuais de produtividade para o quarto corte. Para que isso seja revertido, haverá necessidade da estabilização da produção em pelo menos 2/3 da produção do 1º corte.

plantings at the right time, and one must be creative to achieve the desired results. In this context, and together with the team, we are engaged in projects such as: • Planting of saccharine sorghum in reformation areas, for the sake of incrementing raw material in the offseason (March/April), contributing to sugarcane plantation reformation cost reduction. Due to environmental preservation aspects, one has standardized the direct planting of sorghum in sugarcane straw; • Developing a system of “middles” (MEIOSI), planting two roads of cane and alternating with 8 roads to be planted with sorghum as an “in between” culture, along with the “corners” (CANTOSI) system, in which 20% of the area is destined to planting in delimited areas (blocks); • Reduced preparation, with the elimination of terraces and replacement by “bigodes” or water containment boxes, while not leaving the soil uncovered; • Verticalization of soil preparation, aiming at exploiting a deeper layer and creation of a traffic zone for agricultural operations as a whole; • Winter season planting using industrial by-products (vinasse, residual water and filter cake), in which one is capable of producing in excess of 110 t/ha in the first cut. The Chart shows simulations using the “MEIOSI” system for the application of sorghum, along with the projection for 2012 in Scenario 3 and 2013 in Scenario 4. One notices in the graphs that although the same sugarcane productivity levels are maintained, the addition in the reformation area of a different crop, with the intent of supplying raw material in unfavorable periods for sugarcane, optimizes its use. One can achieve an increase of 80 t/ha/ year in the sugarcane only scenario of 90 t/ha/year of raw material, by adding saccharine sorghum and anticipating the reformation. The cost reduction that occurs due to the increase in production area, which can reach 9%, becomes evident. The verticalization of sugarcane production tends to anticipate the reformation at current productivity levels for the fourth cut. To revert this scenario, it will be necessary to stabilize production at least at 2/3 of the first cut production.


reforma da lavoura

antecipando a

Opiniões

safra Anticipating the season

Tem-se observado uma evolução significativa em todos os processos de produção de cana-de-açúcar nos últimos trinta anos. Sistemas de plantio, colheita e transporte são muito mais eficientes hoje que no passado. O que dizer de sistemas de aproveitamento de coprodutos? Vinhaça e torta de filtro extraídas no processamento industrial retornam nutrientes à lavoura, um excelente exemplo de produção sustentável. O melhoramento genético praticado por instituições como o Centro de Tecnologia Canavieira, a RIDESA e o Instituto Agronômico de Campinas tem disponibilizado variedades produtivas para inúmeras condições edafoclimáticas. A despeito de todos os progressos, o setor ainda não consegue resolver de forma satisfatória os efeitos nocivos da produção sazonal. É certo que, atualmente, a safra é mais extensa do que há trinta anos, em parte devido ao desenvolvimento de variedades precoces que atingem valores razoáveis de ATR nos primeiros meses de safra. Mesmo assim, ainda temos quase quatro meses de entressafra no Centro-Sul. Entre os problemas causados pela existência da entressafra, destacam-se o elevado custo fixo da unidade industrial e a interrupção da receita para o produtor. Para o consumidor, a sazonalidade da produção cria um desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Além da necessidade de aumentar a oferta de etanol para atender à crescente demanda, há necessidade de equilibrar a oferta durante o ano. Neste ano, mais uma vez, a nossa safra de cana começa com falta de matéria-prima. Condições climáticas do ano anterior dificultaram o planejamento para esta safra, e a falta de matéria-prima impulsionou os preços de etanol neste início do ano. O setor e o governo estudam medidas para equilibrar a oferta de etanol. Discutem-se a estocagem do produto e até sistemas de intervenção fiscal e financeira, de resultado duvidosos. ►

" Plantar 10 mil hectares de cana é um pesadelo. Plantar 10 mil hectares de sorgo sacarino é 'um tapa'. "

William Lee Burnquist Gerente-geral da Ceres Sementes do Brasil General Manager of Ceres Sementes do Brasil

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There has seen a significant evolution in all sugarcane production processes over the last thirty years. Planting, harvesting and transportation systems are much more efficient today than in the past. What about the use of by-products? Vinasse and filter cake resulting from the industrial process are returned to the fields as nutrients: an excellent example of sustainable production. Sugarcane breeding developed by institutions such as the Centro de Tecnologia Canaviera, RIDESA and the Instituto Agronomico de Campinas has made available to producers productive varieties for many soil and climatic conditions. Despite all the progress, the industry has not yet satisfactorily solved the harmful effects of seasonal production. It is true that now the season is longer than thirty years ago, partly due to the development of early varieties that reach reasonable values of ATR (Total Recovered Sugars) in the first months of harvest. Yet, we still have almost four months between harvests in the Central South. Among the problems caused by the existence of the off season, we highlight the high fixed cost of the industry, and the interruption of revenue for the producer. For consumers, the seasonality of production creates an imbalance between supply and demand. Besides the need to increase the supply of ethanol to meet growing demand, there is need to balance supply during the year. Once again the sugarcane harvest this year starts with a deficit of feedstock. Last year’s weather conditions made it difficult to establish a good program for this harvest and the lack of feedstock for ethanol production boosts prices at the beginning of the year. The industry and government study measures to balance supply of ethanol. They discuss the storage of the product and even fiscal and financial intervention policies of dubious consequences. ►


Sistema de limpeza da cana a seco por ventilação A solução econômica e ambientalmente correta para o setor sucroenergético

O sistema de limpeza de cana a seco por ventilação é a opção mais viável em relação aos atuais sistemas com o uso de água. A GBA, em conjunto com a Petersen Engenharia, oferece ao mercado a solução final em sistema de limpeza de cana. O modelo utiliza ar em seu processo, realizando a retirada eficaz das impurezas minerais e vegetais. O sistema de limpeza a seco garante maior produtividade, menor custo e ausência de impactos ambientais.

Principais vantagens: Ganho na extração, o que evita a perda de sacarose; Aumento da moagem (até 10%) decorrente do material processado; Diminuição de equipamentos envolvidos, o que reduz os custos de manutenção; Como o sistema não utiliza água, não há consumo de energia elétrica para o recalque, ou de produtos químicos; Não há circulação de água com elementos contaminantes, o sistema é ecologicamente correto.

Endereço: Rua João Viziack, 340 - Parque Industrial - Guariba - SP - Brasil CEP 14840-000 | Telefone +55 (16) 3251-9900 Email: comercial@gba.ind.br www.gba.ind.br


reforma da lavoura Atualmente, algumas empresas estão adotando uma tecnologia inovadora para antecipar a safra de etanol, o que pode representar uma contribuição expressiva para reduzir os problemas que vêm ocorrendo com a oferta de etanol. Trata-se do emprego do Sorgo Sacarino para a obtenção do biocombustível. Essa cultura tem um ciclo curto, de aproximadamente 120 dias, período em que acumula no seu colmo uma abundante quantidade de caldo com elevados teores de açúcares próprios para a fermentação etanólica, ou mesmo para fermentações mais avançadas, como a produção de butanol ou farneseno. A Ceres tem avaliado inúmeros híbridos de sorgo sacarino em várias condições edafoclimáticas no País nos últimos anos. Esses híbridos, oriundos de cruzamentos de machos e fêmeas de sorgo sacarino, superiores aos cruzamentos realizados entre sorgo sacarino e sorgo forrageiro feitos no passado, têm mostrado potencial de produção de 60 a 80 toneladas por hectare, com teor de açúcar de 120kg por tonelada nos meses de março e abril. Um possível manejo para essa cultura é o plantio em novembro e a colheita em março, 120 dias após o plantio. Dessa forma, a usina pode iniciar a safra processando o sorgo sacarino com teores mais elevados que os da cana e adiar a colheita e início de processamento da sua cana para um período de ATR mais elevado. Esse manejo também permite que a usina utilize sua área de reforma para o plantio do sorgo sacarino, o que resultará em acréscimo da produção de etanol, sem prejuízo para a área de cana, pois a mesma área que recebeu o sorgo pode ser utilizada para o plantio de cana, após a colheita do sorgo. Dessa forma, a produção de etanol de sorgo não substitui a da cana; ao contrário, soma-se a ela, proporcionando um excelente exemplo de produção complementar e eficiência no uso dos fatores de produção, resultando em significativo aumento de receita e equilibrio de fluxo de caixa. O manejo de novembro a março também permite uma maior flexibilidade na programação da safra. No final de uma safra, já é possível prever com certa precisão a falta ou a sobra de cana para a próxima safra. O plantio de sorgo em novembro pode ser recomendado em tempo para suprir a falta de matéria-prima para a próxima safra, algo impossível de se fazer com a cana-de-açúcar, devido ao seu ciclo longo. Nesta safra de 2011-2012, por exemplo, muitas usinas poderiam ter se beneficiado do plantio de sorgo sacarino em novembro de 2010. O sistema de produção de sorgo sacarino, com exceção do plantio por sementes, utiliza os mesmos equipamentos agrícolas já existentes na usina, inclusive na colheita. Recomenda-se colher o sorgo com colheitadeiras de cana convencionais, maximizando o uso delas. Sistemas de transporte utilizados no sorgo sacarino também são os mesmos da cana. Na indústria, o sorgo pode ser processado de forma idêntica à cana, seja em moendas ou nos difusores, não havendo necessidade de investimentos adicionais. O sorgo sacarino pode ser caracterizado como um drop-in feedstock, ou seja, uma matéria-prima que “cai” ou se encaixa no atual sistema de produção e processamento, sem a necessidade de alterações. O plantio através de sementes é uma das grandes vantagens do sorgo sacarino. Uma das grandes frustrações dos produtores de cana é a logística, o custo e a lentidão da expansão da lavoura. Plantar 10 mil hectares de cana é um pesadelo. Plantar 10 mil hectares de sorgo sacarino é “um tapa”. Por essas e outras razões, acreditamos que muitos produtores passarão a adotar essa nova tecnologia nas próximas safras.

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Currently, some companies are adopting an innovative technology to anticipate the crop season, which can contribute greatly to alleviate the imbalance in the supply of ethanol. It is the use of Sweet Sorghum. This crop has a short cycle of about 120 days, in which the stem accumulates abundant juice with high sugars content, suitable for ethanol or more advanced butanol or farnesene fermentations. CERES has evaluated many sweet sorghum hybrids in various soil and climate conditions in the country in recent years. These hybrids, derived from crosses between sweet males and females are superior to crosses made from sweets with forage types made in the past. They have shown yield potential of 60 to 80 tons per hectare with sugar content of 120 kg per ton in the months of March and April. One likely scenario for this crop is a November seeding and March harvest, 120 days after planting. Thus, the industry can start processing the crop with sugar content higher than that of sugarcane at that time, and postpone the harvest of sugarcane for a period of greater ATR. This practice also permits mills to use fallow “renewal areas” for planting of sweet sorghum, which will result in increased production of ethanol, without prejudice to the sugarcane area, because the same area that received the sorghum can be used for planting sugarcane, after the harvest of sorghum. Thus the production of ethanol from sorghum does not substitute cane ethanol, quite the contrary, it adds to it, an excellent example of complementary production and efficiency in the use of production factors, resulting in significant increase in revenue growth and improved cash flow. The November to March cycle also allows greater flexibility in scheduling the harvest. At the end of a season it is already possible to predict fairly accurately the deficit or surplus of sugarcane for the next harvest. Planting of sorghum in November may be recommended in time to address a feedstock deficit for the next crop, something impossible to do with sugarcane, due to the long cycle. In this season of 2011-2012, for example, many companies could have benefitted by planting sweet sorghum in November 2010. The sweet sorghum production system, with the exception of seeding, uses existing agricultural equipment at the mill. Sweet sorghum harvesting is done with conventional sugarcane harvesters, and the same transport systems and logistics are also employed with sweet sorghum. In the mill, whether in mill rolls or diffusers, no changes are needed to process sweet sorghum. The crop can therefore be classified as a “drop-in feedstock”, needing no additional investment in production and industrial processing. Being a seed propagated crop is another important advantage of sweet sorghum. One of the great frustrations of sugarcane producers is the logistics, cost and painfully slow rate of expansion of the crop. Planting 10,000 hectares of sugarcane is a nightmare. Planting 10,000 acres of sweet sorghum is a cinch. For these and other reasons we believe that many producers will look for this new technology in upcoming harvests for their brownfield or greenfield projects. English version by the author


Opiniões

a reforma e o

sorgo

A atividade canavieira no Brasil tem sido modernizada continuamente, por exigências de competitividade dos mercados. Há uma busca contínua por eficiência, produtividade e sustentabilidade. Em todas as etapas do processo de produção da cana-de-açúcar, são requeridas governança empresarial, aplicação de conhecimento técnico-científico e ações cooperativas focadas em resultados e impactos. A reforma periódica da lavoura de cana é uma atividade complexa e implica prática agronômica obrigatória, atrelada à lógica da indústria processadora, e varia com os requerimentos contínuos de resultados econômicos.

The reformation and sorghum

The sugarcane business in Brazil has been continuously updated, as the result of the competitiveness of markets. There is a continuous quest for efficiency, productivity and sustainability. In all phases of the sugarcane production process, certain requirements must be met: business governance, use of technical and scientific knowledge, and cooperative initiatives aimed at results and impacts. The periodic reformation of sugarcane agriculture is a complex activity that implies mandatory agronomic practice, tied to the logic of the processing industry, and varies with the continuous requirements of economic results.

" é uma espécie de ciclo rápido (4 meses), cultura totalmente mecanizável, alta produtividade de biomassa verde (60 a 80 t/ha), com altos rendimentos de etanol (3.000 a 6.000 l/ha), com bagaço utilizável como fonte de energia " Frederico Ozanan Machado Durães Chefe Geral da Embrapa Agroenergia Head of Embrapa Agroenergia

Pragas e doenças de planta e infestação dos solos com plantas invasoras, bem como a oportunidade de novos arranjos produtivos, melhoria da qualidade de solos, aproveitamento de adubos residuais, quebra de ciclo de patógeno ou redução de fonte de inóculo, acrescidos a critérios econômicos que expressam a relação benefício/ custo da atividade de rotação de culturas ou mesmo o custo da terra, são práticas relevantes, dentre os fatores que determinam a escolha de época e operações para a reforma de canaviais. Para isso, não há uma fórmula única, embora se busquem, como propriedade, e se observem em escala regional, alguns procedimentos preferenciais de reforma de canaviais. Oleaginosas (amendoim, girassol, soja) e adubos verdes (Crotalaria juncea L.) são espécies comuns em áreas de reforma. Estudos sobre reforma de canaviais têm demonstrado a complexidade de critérios para a definição do estágio de interrupção do ciclo produtivo. A produtividade em cada corte por talhão tem sido utilizada como indicador de reforma. Genericamente, produtividades observadas entre 135 a 55 t/ha de cana, entre o 1º e o 6º ano do ciclo produtivo, indicam 60 t/ha e o 6º ano como críticos para substituição do canavial. A reforma requer definição prévia de estratégia e práticas para implantação de novas atividades agrícolas. A competitividade do setor sucroenergético tende a maximizar o uso das terras com aumentos de produtividade e relações de critérios técnico-econômicos. ►

Pests and plant diseases and the infestation of soil through invader plants, as well as opportunities for new production scenarios, improvement of soil quality, use of residual fertilizers, interruption of pathogenic cycles or reduction of sources of inoculation, in addition to economic criteria that express the cost/benefit relation of rotating cultures, or even the cost of land, are relevant practices among the factors that determine the choice of time and operations for the reformation of sugarcane plantations. To that end, there is no single formula, even though at the level of individual properties one seeks to find, and at the regional level one observes, preferred procedures for the reformation of sugarcane plantations. Oily crops (peanuts, sunflower, soybeans) and green fertilizers (Crotalaria juncea L.) are common species in reformation areas. Studies on the reformation of sugarcane plantations have shown the complexity of criteria for defining the interruption stage of the production cycle. Productivity in each cutting in each lot has been used as the indicator of reformation. Generally speaking, observed productivities between 135 and 55 t/ha of sugarcane, between the first and the sixth year of the production cycle, show 60 t/ha and the sixth year as critical for replacing a sugarcane plantation. Reformation requires the beforehand definition of strategy and practices for the implementation of new agricultural activities. The sugarcane-based industry’s competitiveness tends to maximize the use of land due to increases in productivity and relations based on technical and economic criteria. ►

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reforma da lavoura A ampliação da oferta de novos cultivares modificados, com características de especificidade e precocidade nas relações genótipo-ambiente, tende a reduzir o ciclo produtivo da lavoura, e alternativas de reforma tomarão caminhos para novos arranjos produtivos, de interesse agrícola e industrial, na escala regional. Uma das alternativas para reforma ou substituição de canaviais, por certo, buscará incorporar a cultura de sorgo aos sistemas produtivos para alimentos e energia. A cultura do sorgo terá expansão assegurada em áreas canavieiras e não canavieiras de diversas regiões do Brasil. O sorgo sacarino, um tipo de Sorghum bicolor (L.) Moench, com alto potencial forrageiro, apresenta colmos com caldo semelhante ao da cana, rico em açúcares fermentescíveis e pode servir para a produção de etanol na mesma instalação utilizada pela cana-de-açúcar. Trata-se de uma espécie de ciclo rápido (quatro meses), cultura totalmente mecanizável (plantio por sementes, tratos culturais e colheita), alta produtividade de biomassa verde (60 a 80 t/ha), com altos rendimentos de etanol (3.000 a 6.000 l/ha), com bagaço utilizável como fonte de energia ou forragem para animais, contribuindo para um favorável balanço energético. Adicionalmente, o sorgo sacarino produz grãos (2 a 5 t/ha) que apresentam características nutricionais similares às do milho, podendo ser utilizados na alimentação humana ou animal. Dados técnicos demonstram possibilidades de produção de etanol de sorgo sacarino durante a entressafra da cana-de-açúcar. Plantios realizados no início do período chuvoso (out/nov) tornam possível a antecipação de 2 a 3 meses do período de moagem das usinas, com colheitas a partir de fevereiro e março, reduzindo, assim, o período de ociosidade das destilarias, que varia de 3 a 5 meses, com impactos na geração de renda. A equipe da Embrapa Milho e Sorgo desenvolveu a cultivar BRS 506, que apresenta boa adaptação a diversas condições edafoclimáticas do Brasil. Também descreveu as características da cultivar e definiu os critérios agronômicos, técnicos e econômicos das boas práticas de manejo da espécie. Parcerias públicas e privadas desenvolvem ações buscando-se otimizar os sistemas de produção do sorgo sacarino, principalmente em áreas de canaviais em renovação e, também, avalia-se o seu rendimento industrial. Observam-se resultados de 50 a 77 litros de etanol por tonelada de massa verde com ATR (açúcares totais recuperáveis), variando de 80 a 127kg de açúcar extraídos por tonelada de massa verde, utilizando-se a mesma tecnologia aplicada nas usinas. Ainda se verifica que é possível ajustar a mesma estrutura para colheita e processamento da biomassa utilizada para a cana. Em síntese, do ponto de vista agronômico e industrial, a cultura do sorgo sacarino apresenta grande potencial para a reforma de canavial. Os estudos demonstram que se buscam opções para a reforma de 10-15% de área anual de cana-de-açúcar, que possam amortizar cerca de 30-40% do custo de implantação de um novo canavial. A rotação de culturas na reforma melhora em até 20% a produtividade do canavial. E a seleção de espécies de expressão econômica deve contribuir para atender aos interesses de produção de alimentos e energia.

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Opiniões The increase in supply of new modified cultures, characterized by specificity and precociousness in genotype-environment relations, tends to shorten the crop’s production cycle, whereas reformation alternatives will go new routes to production arrangements, of interest for agriculture and industry, at the regional level. One of the alternatives for the reformation or replacement of sugarcane plantations surely would seek to incorporate the culture of sorghum into production systems for food and energy. Sorghum will certainly expand in many sugarcane and non sugarcane planting regions throughout Brazil. Saccharine sorghum, a type of Sorghum bicolor (L.) Moench, with high forage potential, has stalks containing juice similar to those of sugarcane, rich in fermentable sugars, which may be suited for the production of ethanol in the same facility used for sugarcane. This occurs in a fast cycle (four months), it is an operation that can be totally mechanized (seed planting, crop treatment and harvesting), high green biomass productivity (60 to 80 t/ha), with high ethanol outputs (3,000 to 6,000 l/ha), with bagasse usable as a source of energy or as forage for livestock, contributing to a favorable energy balance. In addition, saccharine sorghum produces beans (2 to 5 t/ha), that have nutritional characteristics similar to those of corn, and may be used in feeding humans or livestock. Technical data shows the possibilities of producing ethanol from saccharine sorghum during the sugarcane offseason. Planting carried out in the beginning of the rain season (Oct/Nov) makes it possible to anticipate crushing in the mills by 2 to 3 months, with harvesting taking place beginning in February and March, thereby reducing the idle period in distilleries, which varies from 3 to 5 months, with impact on the generation of revenue. The Embrapa Corn and Sorghum team developed culture BRS 506, which has good adaptability to several edaphoclimatic conditions in Brazil. It also described the culture’s characteristics and set agronomic, technical and economic criteria for good practices in managing this species. Public Private Partnerships develop initiatives seeking to optimize saccharine sorghum production systems, mainly in sugarcane plantation areas undergoing renovation, and also assess their industrial productivity. One observes results ranging from 50 to 77 liters of ethanol per ton of green mass with TRS (total recoverable sugars) varying from 80 to 127 kg of extracted sugar per ton of green mass, using the same technology applied in mills. Furthermore, one observes that it is possible to adjust the same structure for harvesting and processing biomass used for sugarcane. In summary, from the agronomic and industrial point of view, the saccharine sorghum crop has great potential for the reformation of sugarcane plantations. Studies show that one looks for options to reform 10-15% of sugarcane areas per year, so as to amortize about 30-40% of the cost of implementing a new sugarcane plantation. When carrying out the reformation, the rotation of cultures improves a sugarcane plantation’s productivity by up to 20%. The selection of economically relevant species must contribute to satisfying the interest of producing food and energy.


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tratos culturais

Opiniões

pragas

e o cenário da cana crua Pests and the green sucarcane scenario

Muito se especulou, e ainda de especula, sobre as alterações relativas à ocorrência de pragas com a mudança do sistema de colheita, passando de colheita manual de cana queimada para colheita mecanizada de cana crua. Em decorrência da colheita de cana crua, ocorre um aumento significativo da quantidade de palhiço em campo, alterando o ecossistema. É de se esperar que essa mudança no ecossistema tenha impactos positivos sobre algumas pragas e negativos sobre outras.

Much has been debated, and still is, about alterations concerning the occurrence of pests due to change in the harvesting system, which from the manual harvesting of burnt sugarcane switched to the mechanical harvesting of green sugarcane. As a result of the harvesting of green sugarcane, there has been a considerable increase in the quantity of straw in the fields, changing the ecosystem. One should expect this change to have positive impacts on some pests and negative ones on others.

" estamos prliza e realiza "

" Em decorrência da colheita de cana crua, ocorre um aumento significativo da quantidade de palhiço em campo, alterando o ecossistema. É de se esperar que essa mudança no ecossistema tenha impactos positivos sobre algumas pragas e negativos sobre outras. " Leila Luci Dinardo-Miranda Diretora do Núcleo P&D do Centro de Cana-de-açúcar do IAC Director of the R&D Unit at the Sugarcane Center of IAC

Da mesma forma, alterações no ecossistema podem beneficiar ou prejudicar os insetos benéficos, predadores e parasitoides de pragas e, mais uma vez, interferir nas relações pragas/inimigos naturais, com consequências sobre as populações dos primeiros. Há poucos trabalhos científicos envolvendo o assunto, mas, na prática, duas grandes alterações já foram sentidas e são, sem dúvida, as duas mais importantes consequências da colheita de cana crua na área de pragas. A mais notória delas está relacionada à Mahanarva fimbriolata, a cigarrinha-das-raízes. Essa praga sempre esteve presente em nossos canaviais, mas, até o final da década de 1990, quando a quase totalidade dos canaviais era colhida manualmente após queima, causava danos muito esporadicamente. Em razão disso, era considerada uma praga de importância secundária. ►

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By the same token, changes of the ecosystem may benefit or hurt beneficial insects, predators and pest parasitoids and, again, interfere in relations of pests/ natural enemies, with consequences for the populations of the former. There are few scientific studies on this subject, but, in practice, two major changes have already been noticed that are, undoubtedly, the two most important in terms of consequences for green sugarcane harvesting in pest areas. The best known is the Mahanarva fimbriolata, the spittlebug. This pest has always been present in our sugarcane plantations, but until the end of the 90’s, when almost all sugarcane plantations were harvested manually after they were burnt, it only rarely caused any damage. Due to this, it was considered a pest of secondary importance. ►



tratos culturais Com o aumento da área de colheita da cana crua, as populações aumentaram rapidamente e, hoje, a cigarrinha-das-raízes é encontrada em praticamente todos os canaviais, tanto nas soqueiras de cana crua, como nas de cana queimada e, até mesmo, em cana planta. É praga de grande importância econômica, pois provoca acentuadas reduções na produtividade agrícola e na qualidade da matéria-prima, com interferências marcantes nos processos industriais. Felizmente, é uma praga sobre a qual há bom volume de informações; os parâmetros para um manejo bem-sucedido, tais como métodos de amostragem, nível de dano econômico, eficiência de medidas de controle, são bem conhecidos. Obviamente, ainda há muito a se estudar em relação a essa praga: alguns aspectos, como comportamento de variedades, ocorrência de resistência de insetos a inseticidas etc., precisam ser constantemente investigados, mas as bases para um manejo integrado bem-sucedido estão à disposição de todos. Embora a importância da cigarrinha-das-raízes no cenário de cana crua seja incontestável, a maior preocupação é com Sphenophorus levis. Até o final da década de 1970, essa praga estava restrita à região de Piracicaba, mas foi disseminada para outras regiões produtoras de cana, por meio de mudas retiradas de local infestado. Hoje, ela é encontrada em todo o estado de São Paulo, no norte do Paraná e em Minas Gerais. Provavelmente, também está em Goiás e outros estados, contudo ainda não há registros nessas áreas. Os adultos dessa praga são muito longevos e vivem perambulando pelo solo, onde se protegem sob restos de cultura e de plantas daninhas. Quando se colhia cana queimada, muitos adultos da praga morriam por causa do fogo. Com a colheita de cana crua, além de não haver morte de adultos pelo fogo, o palhiço em campo lhes serve de abrigo. Com isso, as populações aumentaram rapidamente e, em algumas regiões, os canaviais foram dizimados com um ou dois cortes de cana crua. As preocupações com a praga se justificam porque ela é extremamente daninha e porque as medidas de controle não são muito eficientes. A destruição da soqueira infestada e a aplicação de inseticidas, tanto no plantio como nas socas, ajudam a manter o canavial, mas estão longe de ser uma solução definitiva para o problema. O controle biológico também tem sido estudado, mas, até o momento, se apresenta como mais uma medida auxiliar de manejo. Dessa forma, Sphenophorus levis deverá ser o maior entrave nas áreas de cana crua (e não só nelas), pois não há solução fácil a curto e médio prazos. Em relação às demais pragas, incluindo a broca da cana Diatraea saccharalis, cupins, Migdolus, o impacto da cana crua foi bem menor ou quase nulo; tanto é que seus status não se alteraram em áreas de cana crua. As populações de broca, de fato, aumentaram muito nos últimos anos, mas isso deve ser atribuído, principalmente, ao uso de variedades mais suscetíveis e à falta de controle em muitas áreas. A cana crua teve influência menor. É provável que a broca gigante, Telchin licus, também se beneficie do palhiço, pois o controle deverá ser dificultado. Mas ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. Precisamos estudar mais.

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With the growth in the planted green sugarcane harvest area, populations increased quickly and nowadays the spittlebug is found in practically all sugarcane plantations, both in green sugarcane ratoons and in those of plant-cane. This pest is economically very important because it causes considerable reductions in agricultural productivity and in raw material quality, and noticeably interferes in industrial processes. Fortunately, much information is available on this pest. Parameters for successful management, such as sampling methods, economic damage level, efficiency of control measures, are well known. Naturally, there is still a lot to be learned about this pest. Some aspects, such as how certain varieties behave, the occurrence of insect resistance to pesticides, etc., must constantly be investigated, although the groundwork for integrated management is available to all. Although the importance of the spittlebug in the green sugarcane scenario cannot be disputed, reason for greater concern is the Sphenophorus levis. Until the end of the 70’s, this pest was restricted to the region around Piracicaba, but was then disseminated to other production regions through seedlings brought from infested places. Nowadays, it can be found throughout the State of São Paulo, North of the State of Paraná and in the State of Minas Gerais. It is probably also in the State of Goiás and other states, albeit as yet no occurrences have been registered in those areas. Adults of this type of pest live long and are always crawling on the ground protecting themselves under crop leftovers and weeds. In times when burnt cane was harvested, many adults perished because of the fire. With the harvesting of green sugarcane, not only do adults no longer die in the fire, the straw in the fields shelters them. Due to that, populations increased quickly and, in some regions, sugarcane plantations were wiped out after one or two green cane cuts. Concern about this pest are justified because it is extremely damaging and control measures are not very efficient. The destruction of infested ratoons and the application of pesticides, both in plantation and on ratoons, help to maintain the sugarcane plantation, but are far from being a definitive solution for the problem. Biological control has also been assessed, but, until now, it stands as an auxiliary management instrument. Thus, the Sphenophorus levis is likely to become the major obstacle in green sugarcane areas (but not only there), given that there is no simple solution in the short and medium terms. With respect to all other pests, including the cane borer Diatraea saccharalis, woodworms, and Migdolus, the impact on green sugarcane was minor or none, which is why their status remained unchanged in green sugarcane areas. Indeed, borer populations increased greatly in recent years, but this may mainly have been due to the use of more sensitive varieties and the lack of control in many areas. Green sugarcane was less affected. It is quite likely that the giant borer, Telchin licus, also benefits from straw, given that control will probably be more difficult. But, for the time being, nothing can be stated. We need to study the matter in more detail.


Opiniões

as principais pragas do

novo sistema Main pests of the new system

A evolução do setor sucroenergético e o desenvolvimento do sistema de colheita da cana crua, considerando os aspectos ambientais, agronômicos, econômicos e de segurança, permitiram atingir o atual estágio de eficiência. Entretanto essas mudanças causam impactos sobre a fauna e a flora existentes nos canaviais. Especificamente no aspecto relacionado às pragas, a camada de palha que permanece sobre o solo após a colheita e o acúmulo desta nos sucessivos cortes favorecem a ocorrência de algumas espécies. A cigarrinha-das-raízes da cana-de-açúcar, Mahanarva fimbriolata, foi a espécie que melhor se adaptou ao novo sistema de colheita; sendo anteriormente classificada como praga secundária, passou a ocupar o status de praga chave da cultura, exigindo atenção especial em seu manejo e controle, no período quente e úmido do ano. Os principais fatores que interferiram nessa mudança foram: proibição de queima dos canaviais, fator que possibilitou a permanência de ovos da cigarrinha nas bases de touceiras, e a camada de palha, que propiciou o microclima e a proteção adequados para o desenvolvimento das ninfas dessa espécie. Apesar desse aspecto negativo, verifica-se que essas mesmas condições ambientais favorecem a eficiência de controle de agentes microbianos, principalmente o fungo Metarhizium anisopliae, que é empregado por muitos produtores. A segunda espécie, beneficiada pela colheita de cana crua, é o bicudo da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis, que ►

The development of the sugarcane-based industry and of the green sugarcane harvesting system, considering environmental, agronomic, economic and safety aspects, made it possible to reach the current stage of efficiency. However, such changes cause impact on the existing fauna and flora in sugarcane plantations. Specifically as related to pests, the crop residue is left on the ground after the harvest and the accumulation thereof in layers after successive cuts favors the occurrence of a variety of species. The sugarcane spittlebug, Mahanarva fimbriolata, was the species that best adapted to the new harvesting system, and while having previously been classified as a secondary pest, it came to rank as a key pest of the crop, requiring special attention in terms of management and control, during the hot and humid season of the year. The main factors that influenced this change were: the prohibition to burn sugarcane plantations, a factor that allowed spittlebug eggs to remain at the base of the stumps and of the crop residue layer, providing the adequate micro-climate and protection to allow the species’ nymphs to develop. This negative aspect notwithstanding, one observes that these same environmental conditions favor control efficiency of microbial agents, mainly the fungus Metarhizium anisopliae, used by many producers. The second species that benefitted from the green sugarcane harvest is ►

" há necessidade de adequações nos métodos de monitoramento e de controle de pragas na cultura da cana, em função das mudanças no sistema de colheita, variedades e demais tratos culturais " Enrico De Beni Arrigoni

Coordenador de Pesquisa Tecnológica do CTC Technological Research Coordinator at CTC

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tratos culturais encontrou o ambiente e a proteção ideal para seu desenvolvimento e reprodução. A proibição da queima também permitiu a sobrevivência de maior número de adultos, responsáveis pela infestação dos novos brotos e perfilhos das soqueiras em início de safra. Essa praga merece especial atenção, em função dos prejuízos que causa, e exige a aplicação de métodos integrados de controle, para redução de populações e danos. O monitoramento das populações da praga e a atuação no controle desde a reforma dos canaviais infestados, utilização de mudas sadias no plantio – isentas da praga – e a aplicação de inseticidas ou agentes microbianos são métodos de controle que devem ser utilizados. A mudança ocorrida no sistema de colheita também auxiliou no controle de pragas, destacando-se a lagarta Elasmo, Elasmopalpus lignosellus, que não encontrou, sob a camada de palha, condições favoráveis ao seu desenvolvimento, além do fato de os adultos serem menos atraídos para a cultura com a colheita da cana crua, em relação à cana queimada. Ocorreu incremento nas populações de espécies de cupins que atuam nos canaviais como decompositores de material celulósico, sendo, portanto, benéficos ao sistema de produção, não causando qualquer dano à cultura. Quanto às espécies de cupins classificadas como pragas, não se verifica aumento significativo de populações e danos, com níveis equivalentes nos dois sistemas de colheita. Trabalhos experimentais foram realizados comparando as populações da broca da cana, Diatraea saccharalis, e de seus predadores e parasitoides em áreas de cana crua e de cana queimada. Os resultados de campo, obtidos em diversas regiões, indicam a tendência de ocorrerem níveis populacionais mais elevados em áreas de cana crua, e os índices de intensidade de infestação acompanham esses níveis. O eventual aumento na população dessa praga exige a adequação de métodos de monitoramento e aumento no número de espécies e de agentes de controle biológico liberados, nas áreas em que se detecta a praga em densidade populacional de média a alta. As formigas cortadeiras, principalmente as saúvas, são responsáveis por significativas perdas agrícolas e merecem toda a atenção voltada ao seu monitoramento e controle. Nas áreas de colheita de cana crua, verifica-se maior dificuldade na localização e dimensionamento dos formigueiros nas fases iniciais de brotação das soqueiras, sendo necessário aguardar dois a três meses após a colheita para iniciar as atividades de controle. Não se verificou aumento no número de formigueiros em função do método de colheita. Ocorreu aumento no número de escarabeídeos nas áreas de colheita de cana crua, porém observa-se a presença constante da espécie Bothynus medon, que se alimenta exclusivamente da palha presente na superfície do solo, após levá-la para o interior das galerias e das câmaras que abrem a cerca de 50cm de profundidade, não sendo considerado praga. Em relação às demais espécies de pão-de-galinha, estão ocorrendo surtos em algumas áreas, mas faltam estudos taxonômicos e de bioecologia desse grupo. As duas subespécies de broca gigante, Telchin licus licus e Telchin licus laura, poderão ser favorecidas pelo sistema de colheita da cana crua e induzirão à mudança do sistema atual de controle por catação ou espeto, visto que as bases dos colmos cortados ficarão cobertas pela palha. Verifica-se que há necessidade de adequações nos métodos de monitoramento e de controle de pragas na cultura da cana-de-açúcar, em função das mudanças no sistema de colheita, variedades e demais tratos culturais.

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Opiniões the sugarcane weevil, Sphenophorus levis, which found the ideal environment and protection for its development and reproduction. The burning prohibition also allowed for the survival of most adults, responsible for infesting new buds and ratoon tillers at the beginning of the harvest. This pest deserves special attention because of the losses it causes, requiring the application of integrated control methods, to reduce populations and damage. Monitoring pest populations and the control activities starting with the reform of infested plantations, the use of healthy seed cane, free of pests, in the planting, and the application of pesticides and microbial agents, are control methods that should be used. The change made in the harvesting system also helped to control pests, particularly the Elasmo borer, Elasmopalpus lignosellus, which did not find suitable conditions for its development under crop residue layers, along with the fact that adults are less attracted to the green sugarcane crop in comparison with burned sugarcane. There was an increase in population of woodworms living on sugarcane plantations, acting as decomposers of cellulosic material, thereby being beneficial to the production system, while not causing any damage to the crop. With respect to woodworms classified as pests, no significant increase in population and damage was observed, at comparable levels in the two harvesting systems. Experiments were undertaken comparing populations of the sugarcane borer, Diatraea saccharalis, and those of its predators and parasitoids in green sugarcane areas and burned sugarcane areas. Field results obtained in several regions indicate a trend towards higher population levels in green sugarcane areas, with infestation intensity levels in line with such population levels. The possible population increase of this pest requires adapting monitoring methods and increasing the number of species and approved biological control agents, in areas in which the pest’s population density is found to be medium to high. Leaf cutter ants, mainly Atta ants, are responsible for significant losses in agriculture and merit all attention to their monitoring and control. In green sugarcane harvesting areas it is more difficult to localize and measure the size of anthills in the initial stage of ratoon growth, it being necessary to wait two or three months after the harvest before beginning control activities. No increase in anthills was noticed as the result of the harvest method chosen. An increase in the number of Scarab beetles occurred in green sugarcane harvest areas, but one also observes the constant presence of the Bothynus medon species that exclusively feeds on crop residues to be found on the ground, after taking them inside underground galleries and chambers that open up at a depth of about 50 cm, and which is not considered a pest. With respect to other larvae species, outbreaks occur in some areas, but there is a lack of taxonomic and bioecologic studies of this group. The two giant borer sub-groups, Telchin licus licus and Telchin licus laura, may be favored by the green sugarcane harvesting system and may induce a system change from the current control system based on grabbing or spearing, given that the base of the cut off stalks will be covered by crop residues. One sees that there is a need for adapting pest monitoring and control methods in sugarcane plantations, due to changes in the harvesting system, varieties and other crop characteristics.



tratos culturais

Opiniões

aspectos fisiológicos e agroquímicos

de ação hormonal

em cana-de-açúcar

Physiological and agro-chemical aspects of hormonal action in sugarcane

Além de uma série de processos de manejo capazes de melhorar o desempenho e a produtividade da cana-de-açúcar, agroquímicos de ação hormonal têm sido importantes nos sistemas de produção da cultura, para preservar características fisiológicas e estabelecer técnicas adequadas ao cultivo. A profundidade de plantio dos toletes de cana-de-açúcar variando de 2,5 a 5cm mostra-se ideal para a melhor emergência das plântulas. Um fato nem sempre levado em consideração refere-se ao ângulo da gema do tolete, que deve ficar entre 0° e 45°, para melhor emergência. Alguns trabalhos mostraram que o aminoácido arginina pode incrementar o desenvolvimento inicial e o desempenho da cana-de-açúcar. Aplicação do bioativador Actara (tiametoxam) nos toletes e após o corte da touceira da cana, além de proteger contra pragas iniciais, possibilita incremento no vigor da cana-de-açúcar.

Apart from innumerous management processes capable of improving sugarcane performance and productivity, agro-chemicals with hormonal action have been important for the crop’s production systems, in the preservation of physiological characteristics, and for applying adequate techniques for its cultivation. The planting depth of sugarcane stalks varying from 2.5 to 5.0 cm has proven ideal for better emergence of plantlets. One fact not always taken into consideration refers to the stalk bud angle, which must be between 0° and 45°, for better emergence. Some studies showed that amino acid arginin can increment sugarcane’s initial development and performance. The application of the bio-activator Actara (tiametoxam) on the stalks and after the cutting of the sugarcane stumps, apart from protecting against early pests, allows incrementing sugarcane’s sturdiness.

" os sistemas de implantação do cultivo e outras técnicas de manejo, estabelecidas a partir do conhecimento da fisiologia da cana-de-açúcar, e a disponibilização de novos agroquímicos tendem a elevar o potencial produtivo da cultura "

Paulo Roberto de Camargo e Castro Professor de Fisiologia Vegetal da Esalq-USP Professor of Plant Physiology at Esalq-USP

Manter as condições do solo próximas da capacidade de campo evita danos ao sistema radicular causados pelo déficit ou pelo excesso de água no solo. É evidente a necessidade da disponibilização dos nutrientes essenciais para a cana-de-açúcar, desde a emergência até o maior desenvolvimento, sendo que, sob condições tropicais, as plantas respondem eficientemente aos nutrientes, principalmente sob plena insolação. A radiação solar e altas temperaturas tropicais favorecem o desenvolvimento e a produtividade da cana-de-açúcar, planta C4, adaptada a essas condições. O número de colmos produzidos se altera de acordo com a variedade, mas pode chegar a 20 colmos por metro quadrado aos 6 meses; após o plantio, decrescendo para 12 colmos, após 12 meses, devido à ocorrência de morte por autossombreamento. ►

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To keep soil conditions consistent with field capacity avoids damage to the root system caused by too little or too much water in the soil. The need to make nutrients available for the sugarcane crop is evident, from the time of emergence until it is more developed, whereas under tropical conditions, plants react efficiently to nutrients, mainly with total insolation. Solar radiation and high tropical temperatures favor sugarcane’s development and productivity, the C4 plant, adapted to these conditions. The number of stalks produced changes according to the variety, but may reach 20 stalks per square meter 6 months after planting, decreasing to 12 stalks after 12 months, due to demise caused by self-shading. ►


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tratos culturais Algumas características morfológicas da cana-de-açúcar podem ser associadas a altas produtividades do cultivo. Após a emergência, consideramos que a formação de numerosos perfilhos verticais possibilitam maior penetração de luz na touceira e melhor desenvolvimento foliar. O biorregulador Ethrel (ethephon) melhora o perfilhamento da cana-de-açúcar, podendo ser aplicado, principalmente, em variedades que produzem poucos perfilhos. Variedades com folhas espessas, curtas e eretas também possibilitam melhor iluminação do dossel e maiores produções. Os colmos da cana-de-açúcar devem ser firmes para evitar o acamamento e possuir alta força de dreno para açúcar, levando a altas produtividades. Certas variedades de cana-de-açúcar diminuem significativamente o comprimento do entrenó sob as baixas temperaturas do inverno, sendo que podem ser pulverizadas com Pró-Gibb (giberelina) a partir de maio, para manter o crescimento e a força de dreno, de maneira a aumentar a produtividade. Variedades com baixo florescimento são preferidas, porque os órgãos reprodutivos vão competir e atrair açúcares que não serão disponibilizados nos entrenós, sendo que a inflorescência aumenta a porcentagem de parênquima sem caldo (isopor). Conseguimos inibir o florescimento com aplicação de subdoses de Diquat, sendo que a aplicação de maturadores (Moddus, Curavial e Ethephon) também restringem a floração. Os maturadores químicos são utilizados para induzir a maturação precoce da cana-de-açúcar, de modo a sistematizar a colheita das diferentes variedades. Os maturadores promovem a síntese de sacarose, causando a senescência e abreviando o tempo para a colheita da cana. Os sistemas de implantação do cultivo e outras técnicas de manejo, estabelecidas a partir do conhecimento da fisiologia da cana-de-açúcar, e a disponibilização de novos agroquímicos tendem a elevar o potencial produtivo da cultura.

Some morphological characteristics of sugarcane may be associated with the crop’s high productivity. After emergence, we deem that the formation of numerous vertical tillers allows for higher penetration of light in the stump and better leaf development. The bio-regulator Ethrel (ethephon) improves sugarcane tillering, and can be mainly applied on varieties that produce few tillers. Varieties with thick, short and straight leaves also allow for better illumination of the canopy and higher outputs. Sugarcane stalks must be sturdy to preclude laying and they must have high sinking power for sugar, resulting in high productivity. Some sugarcane varieties significantly diminish internode length under low temperature conditions in Winter, whereas they can be sprayed with Pro-Gibb (gibberellins) beginning in May, to maintain growth and sinking power, so as to increase productivity. Varieties with low flowering are preferred, because the reproductive organs will compete and attract sugars that will not become available in the internodes, whereas flowering increases the percentage of parenchyma without broth (styrofoam). We can inhibit flowering by applying sub-doses of Diquat, and the application of maturators (Moddus, Curavial and Ethephon) also restricts flowering. Chemical maturators are used to induce premature maturation of sugarcane, so as to systematize the harvesting of the various varieties. Maturators bring about sucrose synthesis, causing senescence and shortening the time until the cane is harvested. The crop’s implantation systems and other management techniques, implemented following the obtainment of knowledge about sugarcane physiology and availability of new agro-chemicals, tend to increase the crop’s production potential.

Observamos, nesse esquema, que o solo, o clima e os agroquímicos de ação hormonal afetam o cultivo de maneira a alterar sua expressão/repressão gênica, atuando, portanto, na síntese de proteínas e alterando os níveis hormonais. Além disso, notamos que a ação hormonal promove modificações bioquímicas, funcionais e estruturais nas plantas, de modo a alterar sua tolerância/suscetibilidade aos estresses e à produtividade.

In the above graph one observes that soil, climate and agro-chemicals with hormonal action affect the crop in a way so as to alter its genic expression/repression, thus acting in the synthesis of proteins and changing hormonal levels. In addition, one also notices that hormonal action brings about bio-chemical, functional and structural modifications in plants in such a way that it changes its tolerance/ susceptibility to stress and its productivity.

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Opiniões

manejo adequado contribui para a

qualidade

Proper management contributes to the quality

" A broca causa a redução de peso da cana (tonelada/hectare), além de inversão da sacarose e contaminação do caldo, gerando perdas de açúcar e álcool em quantidade e qualidade "

João Paulo Pivetta

Gerente de cultura de cana-de-açúcar da Bayer CropScience Manager for Sugarcane Agriculture at Bayer CropScience

De acordo com a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento, a produtividade média da safra 2010/2011 de cana no País foi de 77,8 toneladas por hectare, sendo que 46,2% da produção total serão destinados à produção de açúcar e 53,8% à produção de álcool. A cultura é uma das mais antigas no País, se expandiu pelo território brasileiro e hoje ocupa 8.033 hectares de área colhida destinada à atividade sucroalcooleira. Apesar de seu longo tempo de cultivo, a cana sempre sofreu com os danos causados por pragas como a broca (Diatraea sacharalis) e a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), ambas conhecidas na indústria sucroalcooleira por sua abrangência no território nacional e pelos visíveis prejuízos diretos e indiretos que causam. A broca causa a redução de peso da cana (tonelada/ hectare), além de inversão da sacarose e contaminação do caldo, gerando perdas de açúcar e álcool em quantidade e qualidade. Já a intensidade dos danos causados pela cigarrinha depende de fatores como o estágio de desenvolvimento da cana no momento do aparecimento da praga, o nível populacional e o período de convivência da cigarrinha com a cultura. As plantações colhidas no início/meio de safra sofrem danos menores do que aquelas colhidas no final da safra, por estarem mais desenvolvidas no momento em que a praga aparece no campo. ►

According to Conab - Companhia Nacional de Abastecimento, average productivity in the country’s 2010/2011 sugarcane harvest was 77.8 tons per hectare, whereas 46.2% of total production were destined to sugar and 53.8% to ethanol. The crop is one of the oldest in Brazil, it spread throughout the country, and today occupies 8,033 hectares of land used for sugar and ethanol production. Although it has been cultivated for so long, sugarcane has always suffered damage caused by pests such as the sugarcane borer (Diatraea sacharalis) and the sugarcane spittlebug (Mahanarva fimbriolata), both well-known in the sugarcane industry due to their widespread presence in the whole country and the visible direct and indirect losses they cause. The borer causes the sugarcane plant to lose weight (tons/hectare), causes sucrose inversion, and contaminates the broth, causing losses of sugar and ethanol, both in quantity and quality. The intensiveness of damage caused by the spittlebug depends on factors such as the sugarcane’s development stage at the time the pest appears, population count, and the amount of time the crop is exposed to the pest. Plantations harvested in the beginning and halfway through the season suffer less damage than those harvested at the end, given that they are more developed when the pest appears in the field. ►

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tratos culturais Já a cana colhida no final da safra está pouco desenvolvida no início do período das chuvas e, por isso, pode sofrer danos muito mais severos. Nos anos 90, devido ao controle biológico intenso e ao maior investimento em tecnologias, a incidência da broca diminuiu de maneira significativa. De acordo com informações divulgadas pelo CTC - Centro de Tecnologia Canavieira, à medida que os investimentos em laboratórios de controle biológico cresciam, os ataques da praga recuaram, o que diminuiu a taxa de infestação da broca. Porém, na mesma década, ainda segundo o CTC, com a mudança do sistema de colheita para cana crua, algumas pragas, como a cigarrinha-das-raízes, que, em pouco tempo, se tornou um problema para a cultura, encontraram condições de sobrevivência mais favoráveis. Para ter prejuízos minimizados, cabe ao produtor buscar alternativas de controle eficazes que garantam a qualidade e a produtividade das lavouras. Para o manejo da broca, a integração do controle químico e biológico é a alternativa mais viável, pois demanda menos tempo e custos. Entretanto, para um manejo adequado, é importante que o produtor opte por um inseticida seletivo aos agentes naturais, como a vespa Cotesia, e também saiba qual o melhor momento de aplicação. Antes de optar pelo inseticida a ser aplicado, o produtor deve levar em conta a seletividade do produto, para aliar sua ação à atuação do inimigo natural da broca. Conhecendo a importância do manejo integrado e da vespa para o controle da praga, a Bayer CropScience, desenvolveu um inseticida fisiológico, inibidor da síntese de quitina, pertencente ao grupo benzoilureia e conhecido comercialmente como Certero. Este é compatível com o manejo integrado, porque tem como diferencial a seletividade, ou seja, não afeta o agente natural importante (a vespa) para o controle biológico da broca nos canaviais. Já para o manejo da cigarrinha, o rápido efeito de choque no controle é fundamental. Quanto mais tempo a praga estiver em contato com a cana, maiores são os danos de produtividade e comprometimento da qualidade da matéria-prima. O controle das pragas deve estar associado a um manejo sustentável, e prevenir a resistência é um princípio básico para assegurar a sustentabilidade e a produção. Para atuar diretamente no controle de cigarrinhas, a Bayer Cropscience desenvolveu um inseticida pertecente a um novo grupo químico (Fenilpirazol), comercializado como Curbix e que contribui diretamente para o manejo da resistência da cultura. É comum haver reinfestações, que variam de acordo com as condições climáticas e regiões produtoras, e Curbix, em função de seu prolongado efeito residual, realiza um controle constante. Ou seja, mesmo em condições de clima favoráveis à praga, não ocorrem oscilações, nem aumento da população de cigarrinhas nos canaviais onde foi aplicado o produto. Quando corretamente utilizados, os inseticidas promovem bom controle das pragas, com significativos incrementos de produtividade de colmos e de açúcar. Cabe ao produtor estar atento, conduzir um manejo adequado da lavoura e utilizar corretamente as ferramentas que tem à disposição, que podem contribuir para a obtenção de mais qualidade e rentabilidade no final da safra.

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Opiniões Sugarcane harvested at the end of the season, however, is little developed when the rain season begins and can therefore suffer more severe damage. In the 90’s, due to intensive biological control and higher investments in technology, the occurrence of the borer decreased quite significantly. According to information published by CTC – Sugarcane Technology Center, as investments in biological control labs increased, attacks by the pest declined, diminishing the borer infestation rate. In that same time period, however, still according to CTC, with the change in the harvesting system to green sugarcane, some pests, such as the spittlebug, which in a short period became a problem for the crop, found more favorable survival conditions. To minimize losses, producers must look for efficient control alternatives that warrant quality and productivity of plantations. To manage the borer, chemical and biological control integration is a more viable alternative, given that it takes less time and costs less. However, for proper management, it is important that producers choose a selective pesticide in lieu of natural agents such as the Cotesia flavipes wasp, and that they know when it is the right time to apply the pesticide. Before choosing the pesticide to be applied, producers must consider the product’s selectivity, so as to combine its action with that of the borer’s natural enemy. Aware of the importance of integrated management of this wasp type and of pest control, Bayer CropScience developed a physiological pesticide, a chitin synthesis inhibitor belonging to the “benzoilureia” group and known by the trade name Certero, compatible with integrated management because its differential is selectiveness, i.e., it does not affect the important natural agent (the wasp) in biological control of the borer in sugarcane plantations. For the spittlebug, on the other hand, the quick effect of shock application in pest control is essential. The longer the pest stays in touch with the cane, the greater is damage in terms of productivity and compromising raw material quality. Pest control must be associated with sustainable management, and to prevent resistance is a basic principle to assure sustainability and production. To directly act in controlling the spittlebug, Bayer Cropscience developed a pesticide belonging to a new chemical group (Fenilpirazol), sold under the trade name Curbix, which directly contributes to managing crop resistance. Reinfestations are quite common and vary according to climate conditions and production regions, whereas Curbix, thanks to its prolonged residual effect, performs constant control. This is to say that even under favorable climate conditions for the pest, no variations occur, nor does the spittlebug population increase in plantations in which the product is applied. When properly used, pesticides bring about good pest control, with significant gains in terms of stalk and sugar productivity. Producers must be alert and must properly manage their crop using the instruments available, which can contribute to achieve better quality and profitability at the end of the harvest.



tratos culturais

Opiniões

longevidade no campo Longevity in the field

" desde seu lançamento, foram entregues 125 aeronaves a etanol e 200 kits de conversão, totalizando uma frota de 325 aviões voando no Brasil com esse tipo de combustível "

Fábio Bertoldi Carretto

Diretor de Vendas da Embraer para a Aeronave Ipanema Sales Director at Embraer for the Ipanema Aircraft

Com o processo de modernização do campo iniciado no Brasil na década de 1930, identificou-se a necessidade, cada vez maior, da precisão nos equipamentos e tecnologias utilizados pelos produtores agrícolas. As ações de combate a pragas e doenças que afetavam diretamente o sucesso da produção tiveram atenção redobrada. A partir de então, intensificaram-se as pesquisas sobre o uso de máquinas e implementos que não só auxiliassem, mas trouxessem um resultado mais assertivo no combate a essas adversidades, gerando ganhos de tempo e economia para o produtor. No ano de 1946, um ataque maciço de gafanhotos no Rio Grande do Sul foi combatido pela primeira vez com a utilização de aeronaves agrícolas. O sucesso dessa primeira operação no estado gaúcho teve repercussão nacional, dando início à prática da aviação agrícola no País. Em 1969, surge o Ipanema. Um projeto desenvolvido a partir de uma parceria entre o Ministério da Agricultura e o então CTA - Centro Técnico Aeroespacial. Com a criação da Embraer, parte dos projetos do CTA foi transferida para a Empresa, que assumiu o desenvolvimento do Ipanema. A aeronave foi homologada naquele mesmo ano, e, já em 1972, iniciaram-se as entregas, destinadas tanto ao mercado nacional como ao mercado externo. A primeira exportação foi feita, em 1975, ao Ministério da Agricultura do Uruguai, e, nos anos seguintes, o avião seria também comercializado para Paraguai, Argentina e Senegal. Com a aquisição da Neiva pela Embraer, na década de 1980, o Ipanema passou a ser produzido em Botucatu, interior de São Paulo. No início de sua produção, a aeronave utilizava como combustível a gasolina de aviação, assim permanecendo por mais de 30 anos, até que, em 2004, a Embraer lançou um modelo da aeronave movida 100% a etanol, fazendo do Ipanema o primeiro avião produzido em série, no mundo, homologado para voar com esse tipo de combustível. Esse projeto, desenvolvido em parceria entre a Embraer e o CTA, tinha como objetivo dar novo impulso às atividades ►

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With the modernization process that began in Brazil in the 30’s, the need for increasing the precision of equipment and technologies used by producers in agriculture was identified. Initiatives to combat pests and diseases that directly impacted successful production merited increased attention. Since then, research was intensified to find ways to use machinery and equipment that not only was helpful, but resulted in concrete means to combat such adversities, providing producers gains in terms of time and savings. In 1946, a massive attack by grasshoppers in Rio Grande do Sul was, for the first time, combated using agricultural aircraft. The success of this first operation in that State had a nationwide echo, inaugurating the practice of agricultural aviation in the country. The Ipanema was launched in 1969. A project developed as the result of a partnership between the Ministry of Agriculture and the then called CTA – Technical Aerospace Center. With the creation of Embraer, some projects were transferred from the CTA to the company, which took over the development of the Ipanema. The aircraft was certified that same year and deliveries began in 1972, destined to both the domestic and foreign markets. The first export occurred in 1975, to the Ministry of Agriculture of Uruguay, and in subsequent years the aircraft was also sold to Paraguay, Argentina and Senegal in Africa. When Embraer bought Neiva in the 80’s, the Ipanema then started to be manufactured in Botucatu, in the interior of the State of São Paulo. When production began, the airplane used aircraft gasoline as fuel, and this continued for more than 30 years, until in 2004 Embraer launched a new aircraft model driven entirely by ethanol, making the Ipanema the first airplane built in series in the world to fly using this type of fuel. This project, developed in partnership between Embraer and the CTA, had the objective of providing air-agricultural activities a new boost, given that studies showed that the ►


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tratos culturais aeroagrícolas, uma vez que os estudos indicavam que a aeronave, com uso do etanol – o mesmo utilizado em automóveis –, além de apresentar um ganho de potência no motor, apresentaria uma redução considerável no seu custo operacionais. Além da economia de 65% nos seus custos de operação, o novo Ipanema consolidou expressivas vantagens para o meio ambiente, visto que passou a operar com combustível renovável. Traduzindo em números, considerando-se a combinação de toda a frota de aviões Ipanema a etanol durante o seu período de operação, houve uma economia superior a 15 milhões de Reais em custos diretos, além de evitar que cerca de 8 toneladas de chumbo tetraetila fossem emitidas na atmosfera, afetando diretamente a camada de ozônio. Desde seu lançamento, foram entregues 125 aeronaves a etanol e 200 kits de conversão, totalizando uma frota de 325 aviões voando no Brasil com esse tipo de combustível. A evolução tecnológica desse produto tem relevância principalmente porque as questões relativas a combustíveis alternativos e biocombustíveis passaram a ser consideradas fundamentais para o futuro próximo da aviação. Essa foi uma das mais importantes inovações implementadas desde o início da produção da aeronave. As qualidades tecnológicas da aeronave, somadas às vantagens da pulverização aérea, trazem mais precisão e flexibilidade ao produtor, pois possibilitam maior agilidade à operação, permitindo ainda a aplicação de defensivos logo após as chuvas, em áreas alagadas e em terrenos irregulares. Também aumentam a produtividade, pois não há amassamento da lavoura, compactação do solo e disseminação de pragas e doenças, por não haver contato direto com as plantas atingidas. Atualmente, o Ipanema é comercializado nas versões a gasolina de aviação e a etanol, visando, com essas alternativas, atender às necessidades dos produtores localizados nas diversas regiões do Brasil. Além dos custos de aquisição e de operação competitivos, o Ipanema possui linhas de crédito com taxas bastante atrativas oferecidas pelos principais bancos brasileiros. O Ipanema é um exemplo de longevidade e inovação. Líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, com cerca de 75% de participação, chegou a 2010 à marca de 1.100 aeronaves entregues. Nesses 41 anos, o Ipanema foi utilizado na aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas, semeadura, repovoamento de rios, no combate a insetos e vetores, no combate primário a incêndios, dentre outras aplicações. Mostra, ao longo dessas quatro décadas, ser uma ferramenta para o desenvolvimento e crescimento do agronegócio brasileiro.

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aircraft, using ethanol – the same used in cars – apart from having a gain in terms of engine HP, would also entail a considerable reduction in its operational cost. In addition to 65% in operational cost savings, the new Ipanema consolidated significant environmental advantages, given that it started running on renewable fuel. Expressed in numbers, considering the operation of the entire Ipanema aircraft fleet running on ethanol, savings in excess of 15 million Reais in direct costs were achieved, in addition to the non-emission of some 8 tons of tetraethyl lead to the atmosphere, directly impacting the ozone layer. Since its launch, 125 ethanol driven aircraft units were delivered, as well as 200 conversion kits, totaling a fleet of 325 airplanes flying in Brazil and using this type of fuel. The technological development of this product is relevant mainly because issues related to alternative fuels and biofuels began to be viewed as essential for the near future of aviation. This was one of the most important innovations implemented after the aircraft’s production started. The plane’s technological qualities, in addition to the advantages of aerial spraying, provide producers more precision and flexibility, allowing for more operational expediency, and also for applying pesticides immediately after the rains, in flooded areas and on uneven terrain. They also increase productivity, because the plantations do not get crushed, the soil is not compacted and pests and diseases are not spread, given that no direct contact takes place with the affected plants. The Ipanema is marketed in aviation gasoline and ethanol versions, and these alternatives seek to meet the needs of producers in all regions of Brazil. Apart from competitive acquisition and operation costs, the Ipanema counts on attractive credit lines offered by major Brazilian banks. The Ipanema stands out as an example of longevity and innovation. Leader in the Brazilian agricultural aviation market, with a share of about 75%, in 2010 it reached the total of 1,100 aircraft units delivered. In these 41 years, the Ipanema was used for applying pesticides and agricultural fertilizers, for seeding, re-populating rivers, combating insects and vectors, in the primary combating of fires, among other applications. Over these four decades, it has shown to be an instrument for the development and growth of Brazilian agribusiness.


Opiniões

biorreguladores em

cana-de-açúcar Bioregulators for sugarcane

No atual quadro da agricultura mundial, a palavra chave é eficiência. Em função disso, há uma busca contínua por aumentos de produtividade e, ao mesmo tempo, redução de custos, para que a atividade tenha rentabilidade. Somado a isso, é crescente a preocupação de reduzir os impactos ao ambiente, para um desenvolvimento mais sustentável. Para isso, torna-se estratégico o emprego de novas tecnologias que proporcionem aumentos em produtividade e que melhorem o aproveitamento dos recursos disponíveis. Atualmente, com o avanço das técnicas de cultivo agrícola da cana-de-açúcar, aumentos quantitativos e qualitativos na produção podem ser obtidos com o uso de biorreguladores. Esses compostos tornam as plantas mais eficientes, adaptadas a explorar melhor o ambiente e com maior capacidade de expressão do potencial genético. A produtividade média de cana-de-açúcar no Brasil é de 80 t/ha, está muito abaixo do potencial produtivo biológico de aproximadamente 300 t/ha. Isso ocorre devido às interferências do clima (principalmente temperatura, radiação solar, umidade e precipitação), manejos adotados para cultura, ambiente de produção, pragas, doenças e outros. Esses fatores promovem estresses nas plantas, que param de se desenvolver em função da maior concentração de hormônios inibidores (Ácido abscísico). A aplicação de biorreguladores, que fornecem hormônios promotores (Citocininas, Giberelinas e Auxinas), minimiza os efeitos dos estresses e promove o equilíbrio hormonal. Plantas equilibradas conseguem expressar melhor seu potencial e possuem plenas condições de desenvolver sistema radicular e parte aérea, o que as levam a novos patamares de produtividade, condição essencial para a maior rentabilidade do setor canavieiro. Possuem efeitos similares aos hormônios vegetais e podem ser aplicados diretamente nas plantas. ►

In the world’s current agricultural scenario, the keyword is efficiency. Due to this, there is a continuous quest for productivity increases, and at the same time, for cost reductions, so that the activity is profitable. In addition, there is growing concern about reducing impact on the environment, to achieve more sustainable development. To that end, the use of new technologies is strategic, since they allow for increases in productivity and improve the use of available resources. Nowadays, with the development of new techniques in sugarcane agriculture, quantitative and qualitative increases in production can be attained by using bioregulators. These compounds make plants more efficient, are adapted to making better use of the environment, and are better suited to express genetic potential. Average sugarcane productivity in Brazil is 80 t/ ha, well below the biological production potential of approximately 300 t/ha. This is due to climate interferences (mainly temperature, solar radiation, humidity and rainfall), the management modality used for the crop, the production environment, pests, diseases and others. These factors cause stress in the plants, which stop developing due to higher concentration of inhibitor hormones (abscisic acid). The application of bioregulators, which supply promoter hormones (Citocinines, Gibberellines and Auxines), minimizes stress effects and brings about hormonal equilibrium. Plants that are in equilibrium can better express their potential and are totally capable of expressing their potential and developing their radicular system and the above-ground part, allowing them to reach the highest profitability in the sugarcane industry. They entail similar effects as those of plant hormones and can be directly applied to plants. ►

" a produtividade média de cana-de-açúcar no Brasil é de 80 t/ha, está muito abaixo do potencial produtivo biológico de aproximadamente 300 t/ha "

Felipe Barros Macedo

Engenheiro Agrônomo de Cana e Citrus na Stoller do Brasil Agronomy Engineer of Cane and Citrus at Stoller do Brasil

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tratos culturais Uma combinação de “hormônios vegetais” registrada junto ao Ministério da Agricultura para a cultura da cana-de-açúcar, muito estudada nessa cultura, tem demonstrado efetivo aumento de produtividade de colmos e de açúcar, tanto em cana-planta quanto em cana-soca. O produto é composto por 90 mg/L de cinetina, 50 mg/L de ácido giberélico e 50 mg/L de ácido 4-indol-3-ilbutírico. Importante salientar que o registro do biorregulador garante segurança ao usuário quanto à sua real composição e eficiência, pois, em se tratando de “hormônios vegetais”, é preciso saber quando, como, onde e, principalmente, quanto aplicar. Em cana-de-açúcar, resultados de pesquisa têm demonstrado que a aplicação desse biorregulador em cana-planta, com jato dirigido nos rebolos no sulco de plantio, tem aumentado a produtividade de 6 a 21%. Em cana-soca, os ganhos em produtividade de colmos com a aplicação foliar, na fase de perfilhamento da soqueira, têm variado de 8 a 25%. Além disso, como os incrementos de produtividade podem ser obtidos desde os primeiros cortes das soqueiras, o uso dessa tecnologia, ao longo de todo o ciclo, torna-se uma alternativa importante para aumentos das médias de produtividades das unidades produtoras. Tais aumentos devem-se especialmente a: 1. estímulo à brotação de gemas, permitindo redução de falhas e aumento da homogeneidade de brotação, grande preocupação hoje em plantios mecanizados; 2. maior desenvolvimento do sistema radicular, que favorece a maior exploração do ambiente e permite melhor aproveitamento de água (tolerância à seca), nutrientes e maior tolerância ao arranquio; 3. aumento no número de perfilhos e de colmos (onde se encontra armazenado o açúcar); 4. canavial mais homogêneo, com colmos de maior diâmetro e uniformidade em altura, favorecendo a colheita mecanizada e o rendimento das colhedoras. Alta produtividade é o resultado final de uma equação complexa que se inicia com o potencial genético das variedades, inclui o ambiente favorável para as plantas produzirem e termina na capacidade destas em explorar esse ambiente. O equilíbrio hormonal adequado, gerado pelo uso de biorreguladores, define a eficiência das plantas em aproveitar tais recursos disponíveis.

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Planta sem aplicação de biorreguladores Plant without bioregulator application

Opiniões A combination of “plant hormones”, registered at the Ministry of Agriculture for the cultivation of sugarcane, which was studied in detail for this crop, showed actual increase in stalk and sugar productivity, both in the case of plant-cane and ratoons, with the product consisting of 90 mg/l of citocinine, 50 mg/l of gibberellic acid and 50 mg/l of 4-indol-3-ylbutyric acid. It is important to point out that the registration of the bioregulator assures the user certainty as to the actual composition and efficiency, given that since it is a plant hormone, one needs to know when, how, where and mainly how much to apply. Sugarcane research results have shown that the application of this bioregulator on plant-cane, with the spray directed to the billets in the furrows, increased productivity from 6 to 21%. On ratoons, productivity gains with stalks that received applications on leaves, in the ratoon tillering phase, varied from 8 to 25%. However, since productivity increases can only be achieved on first ratoon harvests, the use of this technology throughout the cycle becomes an important alternative to increase productivity averages of production units. Such increases are especially due to: 1. bud shooting stimuli, allowing for the reduction of errors and the increase in shooting homogeneity, which is a major concern these days in mechanical planting; 2. more intense development of the radicular system, beneficial for better exploitation of the environment and better use of water (drought tolerance), nutrients and better tolerance of the pull-off; 3. Increase in the number of tillers and stalks (where sugar is stored); 4. more homogenous sugarcane plantation, with larger diameter stalks and more uniformity in height, benefitting mechanical harvesting and the productivity of harvesting equipment. High productivity is the final result of a complex equation that begins with the genetic potential of varieties, includes a favorable environment so that plants can produce, and ends with their capacity to exploit the environment. Adequate hormonal equilibrium, obtained by using bioregulators, defines plant efficiency in making use of such available resources.

Planta com aplicação de biorreguladores Plant with bioregulator application



corte, carregamento e transporte

Opiniões

colheita da

palha de cana Sugarcane straw harvesting

" a estimativa é que, em aproximadamente dez anos, a bioeletricidade (no setor sucroenergético) gere o equivalente em energia a três usinas Belo Monte "

Márcio Souza Leão Bastos

Gerente de Vendas Especiais - Cana-de-Açúcar da CNH Latin America Special Sales Manager for Sugarcane at CNH Latin America

A parceria entre a New Holland e o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) busca uma nova forma de geração de energia, por meio da biomassa da cana-de-açúcar. A intenção é que, com a experiência e máquinas da marca aliadas ao conhecimento de cana-de-açúcar do CTC, o projeto consiga gerar uma energia limpa e, ainda, diminuir os custos do processo da indústria. As vantagens da bioeletricidade, como é chamada, são várias. Dentre elas, o fato de ser renovável, ter risco e prazo de execução menores e reduzir as emissões, além da sua geração distribuída – quando se produz energia próximo aos centros consumidores –, evitando, assim, perdas por transmissão. A biomassa usada nesse processo é a palha seca da cana-de-açúcar (apenas com 10% de umidade), que permanece no canavial após a colheita. Há cerca de 150 quilos de palha seca para cada tonelada colhida, o que totaliza, aproximadamente, 15 toneladas de palha por hectare por ano. O Brasil está caminhando para um cenário de colheita 100% mecanizada, sem queima, então, é fundamental o aproveitamento da biomassa na geração de energia. Segundo dados da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), a estimativa é que, em aproximadamente dez anos, a bioeletricidade gere o equivalente em energia a três usinas Belo Monte. ►

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The partnership between New Holland and CTC (Sugarcane Technology Center) looks for new ways to produce energy, from sugarcane biomass. The idea is to combine the manufacturer’s experience and equipment with CTC’s sugarcane know-how, so that the project may produce clean energy, while diminishing process costs in the mill. The advantages of bioelectricity, as it is called, are numerous. Among them, the fact that it is renewable, that it is less risk-prone, has shorter execution periods and emits less, in addition to the fact that it allows decentralized generation – producing energy close to consumer centers, thereby avoiding losses resulting from transmission. The biomass used in this process is dry sugarcane straw (only 10% humidity), that is left over after harvesting. There are about 150 kg of dry straw for each harvested ton, which totals approximately 15 tons of straw per hectare per year. Brazil is headed towards full mechanical harvesting, with no burning, so it is essential that one make use of biomass in the generation of energy. According to data of UNICA (Sugarcane Industry Association), estimates are that in approximately ten years bioelectricity will generate the equivalent of three Belo Monte power plants. ►



corte, carregamento e transporte É possível utilizar alguns processos diferentes para recolher a palha no campo e levá-la à usina. No caso da parceria entre a New Holland e o CTC, a fase escolhida para o estudo foi o enfardamento, pela oferta de equipamentos que a marca tem. O modo escolhido também possibilita um custo menor por Megawatt do que outros métodos, trazendo maiores vantagens ao produtor agrícola. Assim, a colheita da cana é feita normalmente. A palha é deixada no solo do canavial, ainda úmida. É preciso que ela permaneça exposta ao tempo por um período de até dez dias para que seque. Depois do período de secagem da palha, a biomassa é organizada em linhas através do Aleirador. Logo após, a enfardadora aparece, para formar os fardos propriamente ditos, chamados de “gigantes” – cada um tem cerca de 2,20m de comprimento e 450kg. Por último, a carreta recolhedora de fardos encaminha o material para o ponto de carregamento, de onde seguem para a usina. A New Holland dispõe ao mercado uma enfardadeira, que se destaca pela facilidade na remoção do material, em função dos dedos recolhedores curvos, com pequeno espaçamento, que, combinados com as rodas limitadoras, ajudam a limpar o campo, mesmo em altas velocidades. Seu sistema de amarração duplo possibilita uma maior densidade de fardo, menor esforço sobre o sistema de amarração e maior confiabilidade nos nós. Além dos nós duplos, seis fios mantêm a integridade do fardo, mesmo ao se produzirem fardos de alta densidade. É importante salientar, no entanto, que somente parte da palha é retirada do solo – de 25 a 50% do total. Essa quantidade varia de acordo com condições climáticas e do solo, pois a biomassa da cana é de suma importância para sua cultura. Em locais mais secos, por exemplo, precisam de mais palha no solo, para manter a umidade da terra. Solos com menos matéria orgânica também. Em outros casos, no inverno, palha em excesso pode atrapalhar o crescimento da cana. Definida a quantidade a ser retirada e enfardada, já na usina, antes da queima da biomassa em caldeira, é feita a trituração da palha. É necessário que seu tamanho se assemelhe ao do bagaço da cana, com o qual será mesclada para a queima. Assim, é gerado vapor que, por meio de um gerador, é transformado em energia. Parte da energia produzida é consumida na própria usina, e o excedente é vendido. A produção dessa energia acontece durante os períodos mais secos, de safra complementar, quando os níveis das barragens das hidrelétricas estão mais baixos. Dessa forma, é possível economizar a energia produzida por meio do método mais comum da qual o Brasil é o segundo maior produtor do mundo, segundo informações da Unica. A nossa busca é pelo menor custo possível para produzir um Megawatt/hora. Assim, além de produzir uma energia limpa e renovável, por meio de um processo pouco complexo e de fácil implantação, é gerada uma receita extra para a indústria, o que barateia os custos de produção do açúcar e do etanol. A parceria da New Holland com o CTC tem dado frutos e despertado a atenção de grupos que se preocupam com esse tipo de projeto de energia renovável, de fontes não frequentemente utilizadas.

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Several different processes can be used to collect straw in the field and take it to the mill. In the case of the New Holland – CTC partnership, the phase selected for study was baling, due to the equipment variety the company has to offer. The selected method, in comparison with other methods, also allows achieving lower cost per Megawatt, resulting in more advantages to the agricultural producer. Thus, the harvesting of sugarcane is carried out normally. The straw is left on the ground in the sugarcane plantation area, when it is still wet. It needs to be left exposed to the weather for ten days, so that it can dry. After the straw drying period, the biomass is lined up using an windrower. Next comes a baling machine that makes the actual bales, called “giants” – each is about 2.2 meters long and weighs 450 kg. Finally, the bale wagon forwards the material to the loading site, from where it goes on to the mill. New Holland offers the market a baling machine that stands out for the easiness with which it removes material, thanks to its curved pickup tines, with short spaces between them, which, in combination with pickup wheels, help clean the field, even at high speeds. Its dual lashing system allows for higher bale density, less force applied to the lashing system and higher reliability of knots. Apart from double knots, six cords hold bales together, even in the case of high density bales. It is important, however, to point out that only some of the straw is collected from the ground – from 25% to 50% of the total. This quantity varies according to weather and soil conditions, given that sugarcane biomass is very important for this crop. In drier places, for example, more straw on the ground is needed, to keep the soil humid. Also in the case of soil with higher organic material content. In other cases, during winter, too much straw can stand in the way of sugarcane’s growth. Once the defined quantity is collected and baled in the mill, before the biomass is burned in the boilers, the straw is grinded. It is necessary that it be of about the same size as sugarcane bagasse, with which it will be blended for burning. Thus, steam is generated which, through a generator, is transformed into energy. Some of the energy produced is consumed in the mill itself, while the surplus is sold. This energy is produced during the dry season, when the complementary harvest takes place and water levels in the hydroelectric power plant dams are low. In this manner, it is possible to save energy produced in the most common of methods, in which Brazil ranks as the world’s second largest producer, according to UNICA data. Our quest is for the lowest cost possible to produce Megawatts/hour. Thus, apart from producing clean and renewable energy, in a process of little complexity and easy to implement, it generates revenue for the mill, lowering sugar and ethanol production costs. The partnership of New Holland and CTC has been productive and has attracted the attention of groups concerned about this type of projects involving renewable energy from rarely used sources.


Opiniões

palha da cana como biomassa para a

geração de energia Sugarcane straw as biomass in the generation of energy

É notória a crescente necessidade do uso de energia nas diversas atividades da sociedade, assim como a preocupação em utilizar energia limpa em substituição às fontes geradoras de poluentes, como carvão mineral, petróleo e outras. A cana-de-açúcar surge novamente como uma boa opção nesse segmento, pois, com o crescente aumento das áreas com cana e a privilegiada localização dos canaviais em relação aos grandes centros consumidores de energia, associados a outros fatores que catalisam esse processo, vemos claramente uma opção viável na cultura canavieira. Com a legislação ambiental impedindo a queima da palha da cana para colheita e o uso maciço de colhedoras, temos um grande volume de matéria-prima que necessita ser estudado e trabalhado da melhor forma, tanto para condução da lavoura como utilização desse potencial energético. Atualmente, após a colheita de cana crua efetuada pelas colhedoras, sobram de 12 a 15 toneladas de palha por hectare, variando com época de corte, estágio do canavial, variedade da cana, etc. Essa atividade traz vantagens e desvantagens regionais, de acordo com o período da colheita. ►

The growing demand for energy in various activities of society is well-known, as is the concern about using clean energy in lieu of pollution-generating sources such as coal, oil and others. In this development, sugarcane again appears as a good alternative, given that with growth in areas planted with sugarcane and the favorable location of sugarcane plantations in relation to large energy consumption centers, along with other factors, it acts as a catalyst of the process, so that one can clearly view the sugarcane crop as a feasible alternative. With environmental legislation preventing the burning of straw resulting from the sugarcane harvesting and the intensive use of harvesters, one ends up having a large volume of raw material that needs to be better studied and used in the best way possible, both in plantation management and as a source of energy. Nowadays, following the harvest of green sugarcane using a harvester, a volume of 12 to 15 tons of straw per hectare is left over, which varies according to the time of cutting, the plantation’s development phase, sugarcane variety, etc. This activity results in regional advantages and disadvantages depending on the time of harvesting. ►

" atualmente, após a colheita de cana crua efetuada pelas colhedoras, sobram de 12 a 15 toneladas de palha por hectare, variando com época de corte, estágio do canavial, variedade da cana, etc. "

Luiz Carlos Dalben

Presidente da Agrícola Rio Claro President of Agrícola Rio Claro

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corte, carregamento e transporte Existe, por exemplo, maior dificuldade de brotação da soqueira, em locais de temperatura mais baixa nos meses de maio, junho, julho e meados de agosto, em parte de SP, PR e MS, com quedas de produtividade por atraso na germinação. Nesse período, notamos até 15ºC de diferença na temperatura do solo nas áreas com e sem palha, nas quatro primeiras horas do dia. Pragas como cigarrinhas, que aparecem com maior intensidade, dificuldades de cultivar, possibilidades de fogo na soca e outros fatores levaram a novas técnicas. O tráfego na lavoura para manejo da palha é ponto negativo que deve ser observado. Podemos dizer que há vantagens em deixar parte da palha no solo, como alteração na biologia e na química de solo, melhor conservação da umidade, variações na utilização de herbicidas etc. Buscando alternativas que possam ser viáveis, tanto para lavoura, com receita nesse novo produto, quanto para indústria, estamos há cinco safras em parceria com a Zilor, em um projeto pioneiro para geração de energia, recolhendo parte dessa palha, misturada ao bagaço da cana. Fazemos esse processo no campo, através de aleiramento, após 7 a 10 dias da colheita, quando a umidade da palha está próxima de 13%. Normalmente, recolhemos de 60 a 70% do volume por hectare, para permitir ganhos com umidade no solo e menor impureza mineral nos fardos. Após aleiramento, estamos trabalhando com enfardadoras, que fazem fardos redondos e quadrados, com vantagens no quadrado, pois o rendimento operacional é maior. São fardos de 400 kg, contra 120 a 160kg dos redondos; nos quadrados, o processo é de prensagem, já nos redondos, “amarração,” tendo este último maior dificuldade em desenfardar para trituração e perdas em densidade de carga no transporte por acomodação destes na carroceria e carretas. Acredito que o sistema de recolhimentos por fardos e a trituração, com mistura no bagaço na indústria, são atualmente mais viáveis. Trabalhamos com material de baixa umidade, tendo uma matéria-prima com mais de 3.200 kg cal/ kg, contra o bagaço com umidade de 50% a 1.800 kg cal/kg. Na safra de 2010, a Agrícola Rio Claro recolheu 12.300 toneladas, utilizando, para aleiramento, um trator de 70cv em período parcial; para enfardar no sistema redondo, três tratores de 75 a 90cv, ou um trator acima de 140cv; para enfardadora no sistema fardos quadrados, uma carregadora de cana e um caminhão com quatro carretas. A venda da palha tem proporcionado um lucro no final da atividade, para o produtor e, principalmente, para a indústria com geração de energia. Estamos também estudando outros produtos para utilização da palha in natura, como briquetes e pellets. A baixa umidade conseguida naturalmente no campo dispensa a secagem artificial, que é necessária e agrega custos em outros materiais, como madeira ; a dificuldade está na trituração, e ainda estamos procurando melhor opção, extrusar ou prensar para utilização no processo escolhido é “fácil”, acreditamos em mercado e boa remuneração devido a facilidades de sua utilização em caldeiras, queimadores e fornos.

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Opiniões For example, ratoons shoot with more difficulty in places with lower temperatures in the months of May, June, July and mid August, in regions of the states of São Paulo, Paraná and Mato Grosso do Sul, with reductions in productivity due to the delay in germination. During this period, one observes soil temperature differences of up to 15ºC in areas with and without straw, during the first four hours of the day. Pests such as the spittlebug appear more frequently, difficulties occur in plantations, with the possibility of ratoons catching fire, and other factors, all of which resulted in new techniques. Traffic on plantations, as a result of how straw is handled, is a negative aspect that needs to be watched. One can state that there are advantages in leaving some of the straw behind on the ground, as a means to change soil biology and chemistry, to better preserve humidity, in terms of changes in how pesticides are used, etc. Seeking viable alternatives both in agriculture, with revenues resulting from this new product, and in industry, in the last five harvests we partnered with Zilor, making use of some of the straw mixed with sugarcane bagasse, in a pioneer energy generation project. This process takes place 7 to 10 days after harvesting by windrowing, when straw humidity is close to 13%. Normally, 60 to 70% of the volume per hectare is collected, allowing for gains due to humidity in the soil and less mineral impurities in the bales. After windrowing, baling equipment straps the material in round or square bales, the square bales being more advantageous because operational productivity is higher. The square bales weigh 400 kg, compared with 120 to 160 kg of round ones. Furthermore, square bales are pressed, whereas round ones are strapped. Round bales are more difficult to unstrap for grinding, and there is a loss of load density during transportation due to the accommodation that takes place on trucks and trailers. I believe the collecting system using bales, along with grinding, and with bagasse being added in the mills, is currently more feasible. We are handling low humidity material, raw material with more than 3,200 kg cal/kg, as compared with bagasse that has 50% humidity at 1,800 kg cal/kg. In the 2010 harvest, Agrícola Rio Claro collected 12,300 tons, using a 70 HP tractor for part time windrowing, baling in round bales, three 75 to 90 HP tractors, or one tractor of 140 or more HP for baling equipment producing square bales, a sugarcane loader and a truck with four trailers. Selling straw has made it possible to achieve a profit at the end of the activity, for the producer and mainly for the industrial unit, through energy generation. We are also assessing other products to use straw “in natura”, for instance, as briquettes and pellets. Low humidity naturally achieved in the field, makes artificial drying unnecessary, adding costs to other materials, such as wood and others. The difficulty lies in grinding and we are still looking for the best alternative, either to extrude or press, using the selected method. It is quite “easy” to believe there is a good market and high revenues because the product can easily be used in boilers, burners and furnaces.


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corte, carregamento e transporte

Opiniões

gestão de planejamento e

logística de transporte

Planning management and transportation logistics

" Um software de planejamento otimizado da colheita fornece um plano mensal de colheita de todos os talhões da usina. Estudos indicam que as usinas usuárias conseguem um acréscimo de 4 a 7% na pol%cana média de safra " Paulo Lordelo Novaes

Presidente da GAtec President of GAtec

Com o advento da globalização da economia, constatamos alguns acontecimentos econômicos, sociais e ambientais que vêm alterando o cenário empresarial do setor sucroenergético, principalmente no que se refere ao surgimento de grandes fusões e incorporações. As empresas estão sentindo o reflexo dessas transformações e entendemos que esse novo cenário exige o uso de novas estratégias e ferramentas. Na gestão do Planejamento e Controle da Produção – PCP, dispõe-se, atualmente, de softwares com excelentes condições de flexibilidade – que consideram as características particulares de cada empresa, e de integração – que permitem a troca de informações entre os sistemas agrícolas, industriais e administrativos já existentes, dentre uma série de outros efetivos benefícios. Visando ao atendimento desses quesitos, as empresas dedicadas à tecnologia da informação têm disponibilizado uma série de soluções informatizadas que englobam as atividades desde a fase de planejamento da lavoura, até a contabilização das atividades agrícola e industrial de produção e apuração dos custos envolvidos no processo, além de integrar os softwares de gestão administrativa (ERPs). Tomando como base a vivência adquirida em mais de 130 empresas parceiras e colaboradoras, detalhamos algumas soluções de apoio ao planejamento e logística agrícola para as unidades sucroenergéticas. Planejamento otimizado da colheita: Um software de planejamento otimizado da colheita deve se utilizar de técnicas de programação linear, tendo como objetivo principal o fornecimento de um plano mensal de colheita de todos os talhões da usina. Estudos realizados indicam que as usinas usuárias desse tipo de sistema conseguiram, através da utilização de um plano otimizado, um acréscimo de 4 a 7% na pol%cana média de safra, o que se reflete diretamente na maximização da margem de contribuição ao lucro do complexo agroindustrial e no aumento da rentabilidade da empresa. ►

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With the coming about of globalization of the economy, one notices that some economic, social and environmental events are changing the business environment in the sugarcane-based industry, mainly as related to major mergers and acquisitions. Companies perceive the reflex of such transformations and in our view this new scenario requires using new strategies and instruments. In Production Planning and Control one currently has software with excellent flexibility features – which consider particular characteristics of each company, as well as integration features, allowing for the exchange of information between existing agricultural, industrial and administrative systems, along with a series of other benefits. With the intent of meeting such requirements, companies engaged in information technology have been making available a series of informatics solutions that encompass activities from the crop planting phase to accounting entries of agricultural and industrial production activities and calculating costs involved in the process, in addition to integrating management software (Enterprise Resource Planning software). Based on experience obtained in working with more than 130 partner and allied companies, we have detailed some of the solutions for supporting planning and agricultural logistics solutions for sugarcane-based energy operation units. Optimized harvest planning: An optimized harvest planning software must use linear programming techniques, while aiming principally at delivering a monthly harvest plan for all lots belonging to a given mill. Studies show that mills using this kind of system, and an optimized plan, achieved a 4 to 7% increase in average harvest pol%cane, which directly reflected in the maximization of the profit contribution margin in the agro industrial complex and of the companies’ profitability. ►



corte, carregamento e transporte O software deve ter como base informações por talhão extraídas de um banco de dados agrícola (área, estimativa de produção, distância, estágio de corte, datas de plantio e de último corte, etc.) e considerar uma série de restrições operacionais, agronômicas e industriais, tais como capacidade máxima e mínima de moagem e processamento de caldo, disponibilidade de frentes de corte e frota para transporte, distância média por frente de colheita, balanço energético (% fibra mínima por período da safra), etc. Administrando tais informações, o software deverá definir a melhor data de colheita das variedades, baseando-se no conceito da Mínima Perda, verificando a pol%cana de todas as variedades, em todos os meses da safra, e explorar os potenciais de cada variedade para cada mês de safra. Além dessa funcionalidade, o software de planejamento da colheita deve permitir análises, como a verificação da viabilidade da aplicação de maturadores em determinados talhões, a quantificação mensal ideal de aplicação de vinhaça, a determinação de distâncias médias máximas por frente de colheita e indicar a melhor roteirização logística da colheita por mês. Logística de transporte: Após fazer todo o planejamento agrícola e adotar os melhores sistemas de controle operacional da safra, nada mais frustrante do que se deparar com a falta de matéria-prima na moenda, devido à falha no transporte da cana. São comuns os relatos de casos de excesso de caminhões em uma determinada frente de corte e carregamento, enquanto outras estão ociosas. Aumentar a frota disponível nem sempre é a solução, além de causar o aumento dos custos com o transporte – caso a frota seja própria – ou gerar o descontentamento e a inviabilização do serviço por parte dos fretistas, que serão penalizados pelo excesso de filas, tanto no campo quanto na balança ou no pátio de descarregamento. Uma ferramenta que facilita muito a administração de tais operações são os softwares de logística de transporte que distribui, de maneira inteligente, a frota de caminhões entre as frentes de corte, de forma a manter constante o fluxo de matéria-prima na indústria, evitando a indesejada formação de filas e ociosidade de frentes de carregamento com um correto dimensionamento da frota. A utilização de tais ferramentas pode gerar redução de até 5% nos custos de corte, carregamento e transporte, além de benefícios, como a gestão da troca de turno dos motoristas, controle e autonomia de abastecimento, dimensionamento das frentes de colheita. Conclusão: A tecnologia disponível avançou rapidamente, e os consumidores têm se tornado cada vez mais exigentes, pois sabem que a boa decisão, bem como a velocidade necessária para que ela seja tomada, passou a ser uma questão de sobrevivência das empresas. O dirigente atual sabe que o sucesso não ocorre por acaso. Habilidades pessoais dos gerentes em comando são fundamentais, porém serão bastante reduzidas se não dispuserem de ferramentas de gestão eficazes e modernas. Nessa linha, a adoção de softwares de planejamento e logística tornou-se indispensável, visto que o volume de informações administrado nessas operações é muito grande, sendo quase impossível bem administrá-lo sem o uso de softwares especialistas. Entretanto, como em qualquer investimento, a compra de softwares deve ser conduzida com cautela, avaliando os custos e benefícios de cada opção disponibilizada pelo mercado, assegurando-se da efetiva capacidade de cumprimento das facilidades oferecidas.

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The software’s base information is extracted from an agricultural database classified by lot (area, production estimate, distance, cutting phase, planting dates, the last cut, etc.) and considers a series of operational, agronomic and industrial restraints, such as the maximum and minimum crushing and juice processing capacity, the existence of cutting fronts and the fleet available for transportation, the average distance to each harvest front, the energy balance (% of minimum fiber per harvest period), etc. In processing such information, the software is expected to define the best harvest date of all varieties based on the Minimum Loss concept, checking the pol%cane rate of all varieties, in all harvest months, while exploring the potential of each variety in each harvest month. Apart from such functionality, the harvest planning software must allow for analyses such as verifying the feasibility of using maturators on certain lots, the ideal monthly quantity of applied vinasse, determining maximum average distances per harvest front, and showing the best logistics sequencing for the month’s harvest. Transportation Logistics: After doing the entire agricultural planning and adopting the harvest’s best operational control systems, there is nothing more frustrating than being faced with the lack of raw material in the crusher, due to errors in transporting sugarcane. There are often reports of cases involving excessive trucks at any given cutting and loading front, while others are idle. To increase the available fleet may not always be the solution, apart from causing an increase in transportation costs – if the fleet is your own – or resulting in discontent and rendering the service performed by freight forwarders unfeasible, because they will be penalized by too many lines of trucks in the field and at the weighing equipment or unloading yard. A tool that greatly facilitates running such operations is transportation logistics software, which intelligently distributes the truck fleet to cutting fronts, so as to maintain a constant flow of raw material to the mill, avoiding the formation of unwanted lines and idleness at the loading fronts by properly dimensioning the fleet. Using such tools can result in cutting, loading and transporting cost savings of up to 5%, in addition to benefits such as managing truck driver shift changes, supply control and autonomy, and dimensioning harvest fronts. Conclusion: The available technology developed rapidly and consumers have become increasingly more demanding, because they know that a right decision, made in the right timeframe, has become a matter of survival for companies. Today’s manager knows success does not happen by chance. Personal abilities of managers in charge are essential, but will significantly be reduced if they lack effective and modern management tools. Along this line, adopting planning and logistics software has become essential, in light of the huge volume of information processed in such operations, which is almost impossible to manage without using specialty software. However, like in every investment, buying software must be done carefully, assessing costs and benefits of each option available in the market, making sure it actually complies with its stated capacities.


Opiniões

reduzindo emissões na

logística

Reducing emissions in logistics

" Esses equipamentos permitem definir os parâmetros ideais de cada veículo (RPM, freio motor, velocidade, freada, arrancada, marcha, pressão, temperatura, etc). Definidos os parâmetros, esses computadores passam a monitorar a operação em tempo real e a registrar eventuais violações. " Adriano Thiele

Diretor executivo de Operações da JSL Executive Director of Operations at JSL

Tanto o setor produtivo quanto o mercado financeiro tendem a, cada vez mais, privilegiar empresas preparadas para uma economia de baixo carbono. No setor sucroalcooleiro, como os processos de CCT – Corte, Carregamento e Transporte – da cana-de-açúcar fazem parte da cadeia do produto final, seja ele o etanol, o açúcar ou a energia elétrica gerada a partir da queima do bagaço, as empresas precisam pesquisar oportunidades de redução das emissões nessas operações. Enquanto as montadoras ainda não oferecem alternativas comerciais para o uso sistemático de combustíveis mais “limpos” nos equipamentos do CCT, a solução é desenvolver meios para uma operação mais eficiente destes, por exemplo, investindo na renovação e na modernização da frota de caminhões, bem como na melhoria das máquinas. Calcula-se que um caminhão de 40 toneladas consumia cerca de 55 litros de diesel para percorrer 100km em 1966. Após 20 anos, para a mesma distância, eram necessários 36 litros e, entre 2001 e 2010, apenas 34 litros. Reduzir o consumo significa economia e menor nível de emissões. O transporte da cana-de-açúcar das fazendas até as usinas comumente ocorre em condições operacionais adversas e severas, muitas vezes em estradas de terra mal conservadas e topografias desfavoráveis. A evolução da engenharia e da tecnologia tem permitido que empresas especializadas ►

The productive sector, as well as the financial market, increasingly tend to favor companies ready for the low carbon economy. In the sugar and ethanol industry, given that sugarcane cutting, loading and transporting (CLT) processes are part of the end product’s production chain, regardless of whether the end product is ethanol, sugar or electric energy obtained by burning bagasse, companies need to do research on opportunities to reduce emissions in such operations. As long as vehicle manufacturers are unable to offer commercial alternatives that allow for the systematic use of “clean” fuels in CLT equipment, the solution is to develop means to achieve a more efficient operation of CLT equipment by, for example, investing in the renewal and modernization of the truck fleet, as well as in the improvement of machinery. One estimates that a 40-ton truck used to consume about 55 liters of diesel to travel 100 km in 1966. Twenty years later, to travel that same distance, 36 liters were needed and, between 2001 and 2010, only 34 liters. To reduce consumption means economy and lower emission levels. The transportation of sugarcane from farms usually takes place under adverse and severe operational conditions, often on poorly maintained dirt roads and unfavorable topography. The development of engineering and technology has made it possible for companies ►

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corte, carregamento e transporte nesse tipo de transporte otimizem a configuração do caminhão para cada operação, em parceria com a montadora, que faz os cálculos através de programas de computador específicos. As customizações permitem que a velocidade desejada esteja dentro da melhor faixa possível de rotação do motor. Assim, o caminhão trafega a maior parte do tempo dentro das rotações ideais para funcionamento do motor e na melhor condição de consumo de combustível, ou seja, uma maior média de diesel por quilômetro. Como ilustração, na JSL, para as operações de transporte florestal e sucroalcooleiro, que utilizam o mesmo tipo de veículo, uma categoria específica de caminhão 6x4, com mesma potência, foi customizada em 5 configurações diferentes, para diferentes terrenos e topografias. As principais customizações ocorrem na relação diferencial, na redução, no câmbio, na distância entre eixos e na quinta roda. Há uma configuração de caminhão ideal para cada região e para cada operação. Com isso, conseguimos a condição ideal de rotação de motor, velocidade média, trocas de marcha, desgaste de embreagem, entre outros, permitindo o máximo de eficiência em produtividade, consumo de combustível e custo de manutenção. Porém ter frota nova e com a melhor configuração para cada tipo operação não é garantia de sucesso. É preciso operar corretamente o equipamento, com rotações, marchas e velocidades ideais. Isso evita o desgaste prematuro dos componentes, reduzindo ainda mais o consumo de combustíveis. Além disso, uma operação eficaz reduz fortemente o risco em questões de segurança. Chegamos ao nosso terceiro fator crítico de sucesso: ter mão de obra preparada. E, novamente, podemos nos aliar à tecnologia. Computadores de bordo de alta performance em telemetria custam entre 1% e 2% do valor do caminhão. Esses equipamentos permitem que sejam definidos os parâmetros ideais de operação de cada veículo (RPM, utilização de freio motor, velocidade, freada brusca, arrancada brusca, utilização de marcha, pressão, temperatura etc). Depois de definidos os parâmetros, esses computadores passam a monitorar a operação em tempo real e a registrar eventuais violações. Com isso, podemos identificar os operadores que precisam ser treinados e quais os principais tipos de não conformidades. Experiência recente dessa tecnologia em 40 caminhões mostrou que, nas primeiras semanas, 12% dos motoristas cometeram 55% das violações dos parâmetros preestabelecidos. Com os treinamentos específicos e direcionados, em três meses, as violações mensais foram reduzidas de quase 30 mil para muito próximo de zero. Com os equipamentos sendo operados em parâmetros quase ideais, a redução do consumo de combustível foi de 17,3%. Menos combustível queimado significa menos CO2e (gás carbônico equivalente) na atmosfera. De acordo com a FBDS (Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável), a queima de 1 litro de diesel emite 2,68kg de CO2e. Um hectare de floresta, entre 20 e 30 anos, captura o equivalente a 290 toneladas de CO2e. Com economia dos 17,3% no consumo de diesel dos 40 equipamentos, durante 5 anos, deixaram de ser jogadas na atmosfera 8,9 mil toneladas de CO2e . Seriam necessários 310 mil m2 de floresta para capturá-lo, durante 20 a 30 anos. Frequentemente, pensamos que as alternativas para aumento de produtividade e redução dos custos estão sempre na direção oposta à preservação ambiental. Essa experiência nos mostra que podemos unir esses dois objetivos das empresas responsáveis.

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Opiniões specialized in this type of transportation to optimize truck configurations for each application, in partnership with the auto companies, which run the calculations on specific computer programs. Customization allows adjusting the desired speed to the best possible engine rotation. Thus, trucks operate most of the time at ideal engine operating conditions and with minimal fuel consumption, i.e., at a better diesel per kilometer average. To illustrate: at JSL, for transportation in forestry and sugar and ethanol applications using the same type of vehicle – a specific 6X4 truck category, with the same HP capacity, five different categories were defined for different types of terrain and topography. Customization focuses mainly on gear relations, reduction rates, type of gearbox, between axle distance and the fifth wheel. There is an ideal truck configuration for each region and each type of operation. We thereby achieve ideal engine rotation, average speed, gear shifting, clutch wear, among other factors, allowing maximum efficiency in productivity, fuel consumption and maintenance cost. However, to have a new fleet with the best configuration for each type of operation is no certainty of success. The equipment must be properly operated, at ideal rotations, gear relations, and speeds. This prevents premature wear of components, further reducing fuel consumption. In addition, efficient operating greatly reduces risks related to safety. That brings us to the third critical success factor: availability of qualified manpower. Here, again, we can associate with technology. High performance onboard computers for telemetry cost between 1 and 2% of a truck’s price. This kind of equipment allows defining ideal operation parameters for each vehicle (RPM, engine braking utilization, speed, emergency braking, high-speed acceleration from standstill, gear use, pressure, temperature, etc). After defining the parameters, these computers monitor the operating in real time and register possible violations. We can thus identify operators that need training and the main nonconformities. Recent application of this technology on 40 trucks showed that in the first weeks 12% of drivers committed 55% of the pre-established parameter violations. With specific targeted training, after 3 months, the monthly violations were reduced from almost 30,000 to close to zero. With equipment being operated according to almost ideal parameters, the fuel consumption reduction was of 17.3%. Less burnt fuel means less CO2e (carbon dioxide equivalent) in the atmosphere. According to the FBDS (Brazilian Foundation of Sustainable Development), burning 1 liter of diesel emits 2.68 kg of CO2e. One hectare of forest, aged 20 to 30 years, sequesters the equivalent of 290 tons of CO2e. With savings of 17.3% in diesel consumption by the 40 trucks, in a five-year period, 8,900 tons of CO2e were prevented from being expelled to the atmosphere. To sequester that amount, 310,000 m2 of forest would be needed over a 20 to 30 year period. We often think that alternatives to increasing productivity and reducing costs always go in the opposite direction of environmental preservation. This experience shows us that we can combine these two objectives of responsible companies.



corte, carregamento e transporte

Opiniões

automação agrícola gera

economia Automation in agriculture results in savings

Não é de hoje que a automação chegou ao campo. Embora a automação agrícola não seja uma novidade, diversos elementos têm contribuído para seu recente desenvolvimento, como conexão com a rede CAN das máquinas e veículos, maior capacidade de processamento dos equipamentos embarcados, georreferenciamento das áreas trabalhadas, melhor cobertura GPRS no campo e adoção de tecnologias web na interface com os usuários. A automação agrícola traz diversos benefícios ao processo produtivo da cana-de-açúcar, como redução do consumo de combustível e das despesas de manutenção de máquinas e veículos, aumento da produtividade das máquinas, veículos e seus operadores, melhor qualidade dos boletins de máquina e de operador e do certificado de cana, telemetria, rastreamento, melhor controle dos serviços prestados por terceiros e melhor alocação dos caminhões canavieiros para as frentes de corte. Todos esses benefícios se traduzem, em última instância, em redução nos custos da operação agrícola. Porém, pelo fato de ser um processo essencialmente biológico, a agricultura é complexa, o que torna muito difícil identificar o impacto das mudanças decorrentes da automação agrícola, em qualquer variável, de forma isolada. A dimensão do impacto também depende da situação anterior à implantação da automação agrícola na usina. Contudo temos registro de informações de clientes com reduções de 5 a 19% no consumo de combustível e 15 a 35% nas despesas de manutenção da frota de máquinas e " Todo o trtir tais resultados. veículos pesados. Redução de Custos: Não basta investir em grandes máquinas para aumentar a produtividade no campo. A automação agrícola possibilita entender melhor todo o processo de motomecanização, auxiliando as empresas a reduzir seu custo. Com ela, é possível responder a perguntas como: Qual é a produtividade de cada máquina e de cada operador? ►

" O gestor precisa medir para gerenciar e, considerando o desafio enfrentado pelo administrador da motomecanização de uma usina, com talvez 800 máquinas e veículos para gerenciar, a implantação de uma solução de automação agrícola torna-se um assunto que requer uma atenção especial. " Alberto Menoni

Diretor da Auteq Telemática Director of Auteq Telemática

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It has been a while since automation was introduced in the field. Although automation in agriculture is no novelty, several elements have contributed to its recent development, such as the connection to the CAN machine and vehicle network, increased processing capacity of onboard equipment, geo-referencing of exploited areas, better GPRS coverage in the field, and the adoption of “Web” technologies when interfacing with users. Automation in agriculture entails several benefits for the sugarcane production process, such as, for example, the reduction of fuel consumption and of maintenance expenses of machines and vehicles, the productivity increase of machines, vehicles and their operators, better quality of machine and operator reports and of the sugarcane certificate, of telemetry, tracking and better control of services rendered, along with better allocation of sugarcane trucks to the cutting work fronts. All these benefits ultimately result in the cost reduction of agricultural operations. However, given that it is essentially a biological process, agriculture is complex, making it difficult to identify the impact of changes resulting from automation in agriculture with respect to any variable considered individually. The dimension of the impact also depends on the situation prior to the implementation of automation in agriculture in the mill. We dispose of reports of clients informing of reductions between 5% and 19% in fuel consumption and 15% to 35% in fleet maintenance costs of machines and heavy equipment. Cost Reductions: It does not suffice to invest in large machines to increase productivity in the field. Automation in agriculture makes it possible to better understand the entire process of motor mechanization, helping companies reduce costs. With it, it is possible to answer questions such as: How productive is each machine and each operator? ►



corte, carregamento e transporte Onde está e o que está fazendo agora a colhedora Z? Há quanto tempo? Por que o trator X parou? Para que frente despacho este treminhão vazio? O terceiro contratado está executando o serviço? No local certo? Com boa qualidade? Etc. Uma boa solução de automação agrícola é tipicamente composta por computadores de bordo, computadores de mão, bases de radiocomunicação (Bluetooth e W-LAN), painéis eletrônicos, softwares de comunicação, software de análise, software de telemetria e rastreamento, interfaces com diversos sistemas corporativos (PIMS, GAtec, SAP etc.) e pelos serviços de implantação, suporte técnico, assistência técnica e consultoria, tendo diversas funcionalidades: registro de informação de sensores; registro de informações administrativas no campo; telemetria e rastreamento; e suporte à logística. Registro de informação de sensores: A automação agrícola permite o registro, segundo a segundo, de todas as variáveis das máquinas ou veículos e a comunicação imediata dos desvios em relação aos parâmetros de operação preestabelecidos pela usina. Com isso, é imediata a redução dos custos de combustível e manutenção, além da redução do risco de acidentes. O período de retorno do investimento é sempre inferior a seis meses. A experiência mostra também que os benefícios desse sistema se potencializam com a implementação de programas de incentivo e/ou remuneração variável atrelados às notas de avaliação de motoristas e operadores geradas a partir das informações coletadas pelos computadores de bordo. Registro de informações no campo: Com o registro de informações no campo, é possível obter dados validados do certificado eletrônico de carga, dos boletins por turno do operador/motorista e dos boletins diários das máquinas e veículos. Dessa maneira, não se fica mais à mercê de uma anotação errada ou do extravio de um papel ou etiqueta; permite alocar o balanceiro para outras atividades, agilizando um processo no qual cada segundo é importante, já que a balança é um gargalo para a entrada de cana na indústria; possibilita o controle preciso da origem da cana (para pagamento de fornecedores de cana, por exemplo) e a rastreabilidade da carga, permitindo uma alocação da produção por talhão, obtendo, assim, um mapa de produtividade aproximado. Telemetria e rastreamento: As funções de telemetria possibilitam a comunicação imediata a longa distância dos desvios em relação aos parâmetros de operação preestabelecidos pela usina e de todas as mudanças de operação. O pacote de rastreamento, geralmente, inclui código, marca e modelo do veículo/máquina, código e nome do operador/ motorista, atividade ou motivo de parada, tempo nessa atividade e localização da máquina/veículo. Suporte à logística: A automação agrícola permite também suprir informações atuais para um sistema de despacho de caminhões de forma dinâmica (tempo real), possibilitando o despacho de veículos baseado em informações reais e não em tempos de deslocamento teóricos. Isso permite aumentar a produtividade da frota e, eventualmente, redimensionar o investimento em caminhões canavieiros. O gestor precisa medir para gerenciar e, considerando o desafio enfrentado pelo administrador da motomecanização de uma usina, com talvez 800 máquinas e veículos para gerenciar, a implantação de uma solução de automação agrícola torna-se um assunto que requer uma atenção especial.

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Where is harvester Z at this moment and what is it doing? For how long? Why did tractor X stop? In what direction should I send this empty trailer truck? Is the contracted third party rendering the service? In the right place? With the right quality? Etc. Typically, a good automation solution in agriculture comprises onboard computers, handheld computers, radio communication stations (Bluetooth and W-LAN), electronic panels, communication software, analysis software, telemetry and tracking software, interfaces with different corporate systems (PIMS, GAtec, SAP, etc.) and implementation services, technical support and consulting services, encompassing several functions: registration of sensor information; registration of administrative information in the field; telemetry and tracking and logistics support. Registration of sensor information: Automation in agriculture allows registering, minute by minute, all variables on machines or vehicles and the instant relaying of deviations with respect to operation parameters pre-established by the mill. It is thus possible to immediately reduce fuel and maintenance costs, along with the reduction of accident risk. The return on investment always occurs in less than six months. Experience also shows that the benefits of the system are multiplied with the implementation of incentive and/or variable compensation programs tied to grades drivers and operators obtain, based on information collected by onboard computers. Registration of information in the field: Through the registration of information in the field, it is possible to obtain validated data on the electronic cargo certificate, reports on operator/driver shifts, and daily reports on machines and vehicles. Thus, one need not depend on any incorrect annotation or the loss of a paper or label. It also allows assigning the weighing machine operator to other activities, expediting a process in which each second counts, given that the weighing machine is a bottleneck for the entry of sugarcane into the mill. Furthermore, it also allows the control of the sugarcane’s origin (for the sake of paying sugarcane suppliers, for example), and tracking cargo classified by production on individual lots, thereby obtaining an approximate productivity map. Telemetry and tracking: Telemetry functions allow for instant long distance communication on deviations relative to operation parameters pre-established by the mill and on all changes in operation. The tracking package usually includes code, brand and model of vehicles/machines, the code of operators/drivers, the activity or reason for a stop, the time required for such activity and the machine/vehicle location. Logistics support: Automation in agriculture also allows providing current information for the truck allocation system in a dynamic manner (real time), based on actual information rather than theoretical travel times. This allows increasing fleet productivity and possibly re-dimensioning investment in sugarcane trucks. Management must measure in order to manage, and in light of the challenge faced by the motor mechanization manager in a mill, who handles perhaps 800 machines and vehicles, the implementation of a solution for automation in agriculture becomes a matter requiring special attention.


Opiniões

planejamento de operações agrícolas com suporte de

simulação de eventos discretos

Planning of agricultural operations with discrete event simulation

" as técnicas da Pesquisa Operacional permitem uma análise diferenciada, particularmente útil no caso de gestão de sistemas complexos "

João Eduardo Azevedo Ramos da Silva Professor de Logística da UFSCar Professor of Logistics of UFSCar

Os processos utilizados na produção da cana-de-açúcar, como preparo do solo, plantio, cultivo, colheita e transporte, são realizados por meio de equipamentos de grande porte e alto custo de aquisição. O planejamento desses processos é uma tarefa complexa dos gestores das usinas, uma vez que, além do investimento, há o risco operacional de os objetivos de produção não serem atingidos. De maneira especial, o sistema de corte, carregamento e transporte de cana-de-açúcar – CCT, requer um planejamento minucioso, uma vez que o abastecimento contínuo de cana na safra depende do bom gerenciamento dessas operações. Em algumas empresas, as operações agrícolas sempre foram planejadas individualmente, de maneira fragmentada e sem considerar o conceito de que as capacidades dos estágios intermediários devem estar submetidas à capacidade da etapa final. No caso específico do CCT, a moagem da usina deve estabelecer o ritmo de todas as operações precedentes, formando uma sequência de processos cadenciados. Com base nessa premissa, a visão sistêmica procura explorar as potencialidades de ganho para todo o conjunto de operações e não apenas para uma etapa isolada. Uma regra recorrente da análise de sistemas lembra que o ótimo global não corresponde obrigatoriamente à soma dos ótimos locais. Com foco na visão sistêmica, uma das maneiras de se efetuar o planejamento operacional de sistemas produtivos é fazer uso de modelos de simulação. Tais modelos visam representar operações em computador e promover experimentações de interesse para compreender como ocorre a dinâmica dos sistemas produtivos. A Simulação de Eventos Discretos faz parte do conjunto de conhecimentos da ►

Processes used in the production of sugarcane, such as soil preparation, planting, cultivation and transportation, are performed using large equipment of high acquisition cost. Planning such processes is a complex task for mill managers, given that apart from the investment, there is the operational risk that production objectives may not be achieved. In particular, the sugarcane cutting, loading and transportation system – CLT, requires detailed planning, given that the continuous supply of sugarcane during harvesting depends on good management of these operations. In some companies, agricultural operations were always planned individually, in a fragmented manner, and while not considering the concept by which the capacities of intermediary stages must be subjected to the capacity of the end stage. In the specific case of CLT, crushing at the mill must set the pace of all preceding operations, forming a sequence of rhythmic processes. Based on this premise, the systemic viewpoint seeks to explain gain potentials for the entire set of operations and not only for an isolated phase. A recurrent rule of systems’ analysis states that the global optimum does not necessarily correspond to the sum of individual optima. With focus on the systemic view, one of the manners in which to go about operational planning of production systems is to resort to simulation models. Such models seek to represent operations in a computer and to undertake experiments of interest to understand how the dynamics of production systems take place. The Simulation of Discrete Events is part of the knowledge package of ►

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corte, carregamento e transporte Pesquisa Operacional – PO, que busca a resolução de problemas de natureza operacional por meio de métodos científicos. A técnica foi aplicada originalmente em processos de manufatura, sendo, posteriormente, disseminada para outros setores produtivos, como agricultura e siderurgia, e prestadores de serviços, como hospitais e bancos. Os modelos de simulação respeitam a variabilidade dos sistemas reais, com os tempos dos processos representados por meio de distribuições teóricas de probabilidade. A partir de dados coletados em campo, a transferência da cana de um transbordo para um veículo poderia ser representada por uma distribuição triangular com tempo mínimo de 1,5 minuto, moda de 2 minutos e tempo máximo de 3 minutos. Na simulação desse processo, os tempos ocorreriam com maior frequência em torno dos 2 minutos, porém tempos maiores ou menores poderiam ser selecionados com menor probabilidade, dentro do limite de 1,5 a 3 minutos. A maior vantagem da simulação é a possibilidade de avaliar a operação de sistemas de interesse previamente à sua implantação, principalmente quando os diferentes equipamentos possuem relações de interdependência. Por exemplo, um sistema de colheita mecanizada pode ser formado por três tipos de equipamentos com suas características operacionais, ou seja: 1. Colhedoras: tempo de colheita, velocidade e procedimentos de manutenção (troca de facas, lubrificação, etc.); 2. Tratores transbordo: quantidade de transbordos tracionados, tempos de deslocamento e de transferência da cana, capacidade volumétrica e procedimentos de manutenção (abastecimento, manutenção mecânica, etc.); e 3. Veículos: tipo (treminhão, rodotrem, etc.), carga transportada/viagem, velocidades, distância frente-usina e procedimentos de manutenção (abastecimento, borracharia, etc.). Considerando as três operações, suas características operacionais e outros fatores próprios de cada sistema de jornadas, turnos de trabalho, moagem da usina, etc., é possível explorar questões do tipo: • Qual a operação gargalo que restringe as demais operações? Como superá-la? • Se a distância média for aumentada em 10%, a frota manterá a usina abastecida? • Como o sistema reagiria frente a uma ampliação do volume dos transbordos? • Os pontos de descarga são suficientes para suportar um aumento do mix de cana picada? • Quais os motivos para filas excessivas e/ou falhas de abastecimento? Modelos de simulação desenvolvidos para o setor sucroalcooleiro já foram utilizados no planejamento de processos de CCT, plantio mecanizado, transporte de açúcar e dimensionamento de estoques de etanol, dentre outros. Para esses processos, os estudos visavam ao dimensionamento da frota, à avaliação comparativa de equipamentos, à alteração de procedimentos de manutenção, ao estabelecimento de turnos e jornadas de trabalho, aos procedimentos de troca de operadores, ao planejamento de paradas para refeições e a outras questões operacionais. Nas situações em que o planejamento de sistemas produtivos envolve risco operacional e demanda investimentos de grande vulto, a abordagem minuciosa dos processos é recomendada, para que as tomadas de decisões ocorram com maior precisão. Muito embora as técnicas da Pesquisa Operacional requeiram maior tempo para apontar uma recomendação em comparação com métodos tradicionais, elas permitem uma análise diferenciada, particularmente útil no caso de gestão de sistemas complexos.

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Opiniões Operational Research (OR), which seeks to resolve problems of operational nature using scientific methods. This technique was originally applied in manufacturing processes, having subsequently been disseminated to other production sectors, such as agriculture and steelmaking and to the service sector – hospitals and banks, for example. Simulation models respect the variability of actual systems, in which the times of the represented processes are expressed based on theoretical distribution probabilities. Based on data collected in the field, the transference of sugarcane from a bin to a vehicle could be represented by a triangular distribution with a minimum time of 1.5 minutes, mode of 2.0 minutes, and a maximum time of 3.0 minutes. In simulating this process, times would occur more frequently around 2.0 minutes, however, longer or shorter times could be selected with less probability, within the limit of 1.5 and 3.0 minutes. The biggest advantage of simulation is the possibility to assess operation systems of interest prior to their implementation, mainly when different equipment units have interdependent relations. For example, a mechanical harvesting system can consist of three types of equipment, with their operational characteristics, i.e.: 1. Harvesters: Harvesting time, speed and maintenance proceedings (blades replacement, lubrication, etc); 2. Tractors with bins: Number of bins pulled, travel and sugarcane transference times, load capacity and maintenance procedures (fuel supply, mechanical maintenance, etc.); and 3. Vehicles: Type (truck with two trailers, B-doubles, etc.), transported cargo/trip, speeds, distance from work front to mill and maintenance procedures (fuel supply, tire repair shop, etc.). Considering the three operations, their operational characteristics and other intrinsic factors of each system of working hours, working shifts, mill crushing procedures, etc., it is possible to look at issues such as: • Which is the bottleneck operation that holds up all others? How to eliminate it? • If the average distance is increased by 10%, will the fleet suffice to uphold supply to the mill? • How would the system cope with an increase in bin loads? • Are the unloading stations sufficient to support a volume increase of grinded sugarcane? • What causes too long lines and/or supply shortcomings? Simulation models developed for the sugar and ethanol industry have already been used in planning CLT processes, mechanical planting, transportation of sugar, and the dimensioning of ethanol inventory levels, among others. For these processes, studies aimed at sizing the fleet, equipment comparative evaluations, alteration of maintenance procedures, setting of working shifts and working hours, operator replacement procedures, interruption schedule for meals, and other operational issues. In situations in which the planning of production systems involves operational risk and requires large investments, detailed analyses of processes are recommended so that decisions may be made with more precision. Albeit Operational Research techniques require more time to come up with a recommendation, in comparison with traditional methods, they make it possible to do a differentiated analysis, which is particularly useful when dealing with the management of complex systems.


ensaio especial

Opiniões

a união será determinante para a sobrevivência do

pequeno produtor To unite will be the determinant survival factor for small producers

" Quando se pensa no setor sucroenergético, no gigantismo que ele vem alcançando, imagina-se um ambiente em que pequenos produtores não têm espaço, que a produção de cana-de-açúcar é desenvolvida somente pelas usinas ou grandes produtores rurais. Mero engano. " Ismael Perina Junior Presidente da Orplana President of Orplana

O setor sucroenergético apresentou, nesses últimos anos, crescimentos espetaculares, invejáveis a qualquer outro setor, da ordem de 10% ao ano, promovendo uma enorme movimentação nas regiões onde esse desenvolvimento vem acontecendo. Os números são assustadores, pois praticamente dobramos a nossa produção de cana-de-açúcar nos últimos dez anos. Esse crescimento permitiu a geração de inúmeros empregos diretos e indiretos nos centros produtores e nas cidades vizinhas, que tiveram implantação de pequenas indústrias e fortalecimento do comércio local. A qualidade de vida das pessoas também, sem sombra de dúvidas, apresentou uma melhora considerável, pois a renda aumentou. Boa parte desse crescimento foi promovido por um batalhão de produtores rurais que vislumbraram nessa atividade melhorias de desenvolvimento, quer no âmbito profissional ou mesmo pessoal. A classe dos produtores de cana-de-açúcar possui algumas características peculiares, e talvez a mais interessante delas seja o grande número de pequenos produtores que, ainda hoje, têm nessa atividade a sua fonte de renda. Quando se pensa no setor sucroenergético, no gigantismo que ele vem alcançando e na sua exposição na mídia, imagina-se um ambiente em que pequenos produtores não têm espaço, que a produção de cana-de-açúcar é desenvolvida somente pelas usinas ou grandes produtores rurais. Mero engano. Se considerarmos os dados da Orplana, aproximadamente 90% dos agricultores produzem individualmente abaixo de 12.000ton de cana-de-açúcar. Esse contingente, que, via de regra, desenvolve essa atividade há anos, representa pequenas empresas, onde o trabalho é feito pelos próprios familiares. ►

In recent years, the sugar-based industry enjoyed spectacular growth, in the magnitude of ten percent per year, was reason for envy of all other industries, and brought enormous momentum to regions in which this development is taking place. The figures are impressive, given that we practically doubled our sugarcane production in the last ten years. This growth allowed generating a large number of direct and indirect jobs in the production centers and neighboring cities, which witnessed the implementation of small industrial businesses and the strengthening of local trade activities. People’s quality of life undoubtedly also improved considerably, given that income increased. Much of this growth was brought about by legions of rural producers that saw in this activity means to improve development, whether at the professional or personal level. The sugarcane producer class has some peculiar characteristics, and the most interesting might possibly be the large number of small producers that, even today, make their living from this activity. When one thinks of the sugar-based energy industry, of the gigantism it represents, and its exposure in the media, one would tend to imagine a scenario in which there is no room for small producers, and sugarcane production is only the result of activities of mills or large rural producers. Absolutely wrong. Looking at Orplana data, approximately 90% of farmers individually produce less than 12,000 tons of sugarcane. This universe of people, which for the most part have worked in this activity for many years, represents small companies, in which the work is done by their own family members. ►

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ensaio especial Além disso, há geração de empregos diretos e indiretos, em quantidade bastante interessante, o que é responsável pelo movimento da economia em diversas regiões. Além disso, é notória a movimentação que essas pessoas promovem no comércio local, permitindo melhor distribuição de renda e diminuindo as possibilidades de migração para as cidades ou para os grandes centros urbanos. Com esse novo cenário de produção de cana sem queima, esses produtores têm de ficar muito atentos se quiserem continuar produzindo. É importante saber que as condições da lavoura mudaram, que as dificuldades aumentaram e que os custos sobem a cada ciclo. Uma gestão profissional será determinante para a sua própria permanência na atividade. E, dessa forma, é necessária uma mudança de postura. Em um passado recente, pequenas áreas de cana-de-açúcar podiam ser facilmente colhidas. O produtor realizava a queima e o corte manual. Agora, com o advento da colheita de cana crua, é necessário glebas maiores e mais uniformes. Os talhões devem ser maiores e, provavelmente, os vizinhos deverão acompanhar essa mesma situação. Portanto é imprescindível a organização em grupos, o que facilitará o desenvolvimento da atividade e, principalmente, a colheita. No passado, já tivemos a formação de diversos consórcios de produtores que facilitaram esses trabalhos de colheita e também de plantio. Agora, é o momento de o produtor se preparar para essa nova situação. Outro ponto que vejo também com bastante apreensão é a concentração por parte das indústrias, movimento a que estamos assistindo acontecer em uma velocidade impressionante. A formação de grupos de produtores pode influenciar num outro importante aspecto, que é o da comercialização. Não temos dúvidas de que as pressões negociais aumentarão e não trataremos mais com o dono da usina, como foi comum para muitos até agora. Iremos negociar com seus representantes, que, muitas vezes, são substituídos de uma safra para outra. Dessa forma, o histórico de relacionamento deixa de ter a importância que tinha no passado, e o foco deve ser dado a uma negociação mais profissional. Assim, grupos de negociação podem representar algum ganho para o produtor, que enfrenta cada vez mais problemas com o resultado de sua atividade. Vejamos, então: se nos organizarmos para a realização de trabalhos conjuntos, iremos colaborar, e muito, para a diminuição de custos, que hoje é um fator fundamental a ser trabalhado. Com isso, será possível um aumento em nossa renda, e, por outro lado, se esse agrupamento permitir que façamos uma melhor negociação, ficaremos com melhores resultados. Temos a obrigação de buscar esse novo tipo de comportamento. Independente disso, quando olhamos para as usinas, no aspecto mais abrangente, percebemos que temos que participar mais de nossas entidades representativas e fortalecê-las. Nossas associações de produtores de cana e cooperativas certamente continuarão sendo o grande respaldo para os produtores e serão elas que ajudarão esses produtores a continuar desenvolvendo sua atividade canavieira. A história já mostrou o alto grau de importância dessas organizações nas regiões produtoras deste País.

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Opiniões In addition, direct and indirect jobs are generated in sufficiently large numbers, which drive the economy in many regions. Furthermore, it is well-known that these people drive local trade, allowing better distribution of income and diminishing possible migration to cities or to large urban centers. With this new no-burning sugarcane production scenario, these producers must be alert if they want to continue producing. It is important to point out that conditions in agriculture have changed, difficulties have increased, and costs go up with every new cycle. Professional management will be determinant for their remaining in this business. Thus, a change in attitude is called for. In a recent past, small sugarcane areas could easily be harvested. The producer did the burning and the manual cutting. Now, in times of green sugarcane harvesting, larger and more uniform plots of land are required. The lots must be bigger, and this is true for the neighbors who also have to adapt to this same situation. Therefore, to organize in groups is absolutely mandatory and will facilitate developing the activity and, more importantly, the harvesting. In the past, it was quite common for various producers to organize themselves in consortia, facilitating the harvesting and the planting. Now, the time has come for producers to prepare for this new situation. Another aspect I see as reason for concern is the concentration process affecting the mills. This phenomenon is occurring right before our eyes, at impressive speed. Forming producer groups may influence another important aspect, i.e., the sales process. No doubt pressure to negotiate will increase and one will no longer deal with the mill owner, as has been the case for many until now. We will negotiate with their representatives, that often a time may be replaced from one harvest to the next. Thus, the relationship history will cease to have the weight it used to have, with focus shifting towards a more professional negotiation. Negotiation groups may represent some gain for producers, who increasingly face more problems related to the end result of their activity. So, what do we have? If we get organized to work together, we will greatly contribute to decreasing costs, nowadays an essential factor to be considered, which will allow us to increase our income and, on the other hand, if this getting together shall allow us to negotiate better, we shall achieve better results. We are obliged to pursue this new type of attitude. Irrespective of the above, when looking at the mills in a broader manner, we will notice that we need to be more actively engaged in our representative entities, strengthening them. Our sugarcane producer associations and cooperatives will undoubtedly continue supporting the producers, and they will be the institutions that will continue assisting producers in developing their sugarcane activity. History has already shown what important role these institutions play in the country’s production regions.



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