O retrato do setor sucroenergético - OpAA25

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ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, açúcar, etanol & bioeletricidade sugarcane, sugar, ethanol & bioelectricity jul-set 2010

o retrato do setor sucroenergético The sugar and ethanol system at a glance




índice

o doretrato setor sucroenergético 05

Editorial de abertura da Edição: Fernando Henrique Cardoso

Ex-Presidente da República Federativa do Brasil

Especialistas e Consultores:

10 16 22 28 34 38 42 46 52 96

Eduardo Pereira de Carvalho Diretor da Expressão

Maurílio Biagi Filho Presidente da Maubisa

Júlio Maria Borges

Diretor Executivo da JOB Economia e Planejamento

Plinio Mário Nastari

Presidente da Datagro Publicações

Ana Paula Malvestio

Entidades:

56 60 64 66 70 74

Sócia da PricewaterhouseCoopers

Antoninho Marmo Trevisan

Presidente da Trevisan Escola de Negócios

Produtores: Pedro Isamu Mizutani

78 82

Presidente da Cosan Açúcar e Álcool

José Carlos Grubisich

Presidente da ETH Bioenergia - Grupo Odebrecht

Igor Montenegro Celestino Otto Diretor Executivo do Grupo USJ

Ensaio Especial: Marcus Vinicius Pratini de Moraes

86 90 92

André Luiz Baptista Lins Rocha

Presidente do Sifaeg e do Sifaçúcar - Goiás

Pedro Robério de Melo Nogueira Presidente do Sindaçúcar - Alagoas

Miguel Rubens Tranin

Presidente da Alcopar - Paraná

Luiz Custódio Cotta Martins

Presidente do Siamig e do Sindaçúcar - Minas Gerais

Renato Augusto Pontes Cunha

Presidente do Sindaçúcar - Pernambuco

Edmundo Coelho Barbosa Presidente Executivo do Sindalcool - Paraíba

Governo: Welber Oliveira Barral Secretário de Comércio Exterior do MIC Manoel Vicente Fernandes Bertone Secretário de Produção e Agroenergia do MAPA

Bancos e Fundos: Alexandre Enrico Silva Figliolino Diretor Comercial do Itaú BBA

Andy Duff Chefe de Pesquisas de Agronegócios do Rabobank Carlos Eduardo Cavalcanti Chefe do Dpto de Biocombustíveis do BNDES

Ex-Ministro da Agricultura, Minas & Energia e Industria e Comércio

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editorial

Opiniões editorial

a falta de uma

política energética " A energia é assunto sério demais para viver no embalo da propaganda e das precipitações eleitorais. O Brasil dispõe de matriz energética equilibrada. A hidroeletricidade continua sendo a base de nosso sistema. Sua complementação pelo etanol tem demonstrado viabilidade. " Fernando Henrique Cardoso Ex-Presidente da República Federativa do Brasil Former President of the Federative Republic of Brazil

Lack of an energy policy

Poucos temas aparecem mais na mídia atual do que a questão energética. O mundo todo está discutindo a matriz energética, as questões de sustentabilidade, os efeitos das várias formas de produzir energia sobre o meio ambiente e por aí vai. No Brasil, não poderia ser diferente. Com uma peculiaridade: aqui a discussão está envolta em um manto inconsútil de ufanismo. De fato, especialmente no governo atual, passamos a gabar não só a diversidade de nossa matriz energética (que é real e vem de longe) como a variar as apostas sobre qual a melhor alternativa energética para o futuro. As preocupações com os eventuais efeitos da energia obtida sobre o meio ambiente parecem entusiasmar menos os debates. Em uma espécie de volta à época do ufanismo dos regimes militares, as autoridades foram lançando programas sobre programas e, de tempos em tempos, anunciam novos caminhos de prosperidade. Não bastasse o etanol – esse sim, verdadeira proeza brasileira –, fala-se no uso do bagaço da cana, na energia eólica, no biodiesel e assim por diante. Houve até governador com a língua picada pelos espinhos da mamona diante do sorriso presidencial que descobrira a salvação das agruras energéticas do País e da alegria das coletoras do fruto com a eventual produção do combustível. Em seguida, silêncio: nem se sabe onde foram parar as usinas de biodiesel da Petrobras. Mas, como Deus é brasileiro, a antiga descoberta de campo profundo de petróleo foi rebatizada e o pré-sal, se não vai salvar a lavoura, redimirá a escassez de óleo e de recursos do País em moeda forte, pensam os entusiastas da terra abençoada. Apressadamente, novas leis foram enviadas ao Congresso para mudar o sistema de exploração do petróleo, para criar nova estatal encarregada de controlar o

Few subject matters appear more in the media of our time than the energy issue. The whole world is debating the energy matrix, the issue of sustainability, the impact on the environment of different ways of producing energy and so on and so forth. This ought not be any different in Brazil, with the distinguishing factor that here the debate takes place in the context of exacerbated nationalism. In fact, especially under the current government, we started to boast not only about the diversity of our energy matrix (a long-time reality) but also to place bets on which may be the best energy alternative for the future. It appears that concerns about possible effects on the environment caused by the energy produced are less enticing to the debate. In what resembles a return to the time of exacerbated nationalism during the military governments, public authorities became engaged in launching program after program and in every now and then announcing new paths to prosperity. Not satisfied only with ethanol – truly a Brazilian accomplishment – the debate encompasses sugarcane bagasse, wind energy, biodiesel and other forms of energy. There was even a governor - who, in view of presidential laughter and the happiness of castor-oil plant pickers, pricked his tongue with the plant’s thorns -, that discovered the solutions for the country’s energy problems. After that, silence: nobody knows what became of Petrobras’ biofuel plants. But, since God is Brazilian, the discovery of what used to be known as deep oil fields was renamed so that even if the pre-salt oil doesn’t make the country’s day, it will offset Brazil’s shortage of oil and hard currency, in the opinion of the blessed land enthusiasts. New legislative bills were

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editorial editorial novo sistema e para definir como capitalizar as empresas incumbidas da exploração e comercialização do pré-sal – na verdade, a empresa, porque, havendo tanta riqueza, melhor voltar ao monopólio... No açodamento de tudo, rebatizando e transformando em “projeto de impacto”, como nos velhos tempos do autoritarismo, o Governo atropelou os equilíbrios de repartição da renda do petróleo entre os estados, e, por isso, a matéria emperrou no Congresso. Para que todo o projeto não ficasse bloqueado, resolveu-se subdividi-lo em quatro, com prioridade para a capitalização da Petrobras, mediante entrega, pela União, de 5 bilhões de barris a serem extraídos de campos ainda inexplorados. Ainda assim, as operações de capitalização se atrasaram e, agora, com a Petrobras tendo perdido cerca de um terço de seu valor, em um mercado enfraquecido pela crise financeira internacional, teme-se que a grande empresa seja rebaixada em sua avaliação de solvência. Talvez tenha que se endividar em montante superior a 35% do patrimônio para obter os recursos necessários ao empreendimento do pré-sal. A energia é assunto sério demais para viver no embalo da propaganda e das precipitações eleitorais. O Brasil, reitero, dispõe de matriz energética equilibrada. A hidroeletricidade, a despeito da instabilidade do regime de chuvas (já remediada pelo cordão de geradoras a gás ou a diesel construídas depois da escassez energética de 2001), continua sendo a base de nosso sistema. Sua complementação pelo etanol é necessária e tem demonstrado viabilidade. As experiências com energia eólica vêm se processando com modéstia, mas persistentemente. Por fim, não devemos nos esquecer do que quase sempre se esquece, do aumento da eficiência energética e da poupança de consumo. Não digo isso para diminuir a importância de explorarmos o pré-sal nem porque imagine que o petróleo, por poluidor que seja, venha a ser descartado como alternativa energética em tempo previsível. Não. Digo porque os vaivéns da questão mostram a falta do essencial: uma verdadeira política energética. Em vez de estarmos a nos gabar do que ainda não fizemos, melhor seria consolidar o que já obtivemos: ampliar a produção do etanol e criar condições para transformá-lo em commodity de exportação; implementar os programas de eficiência energética e poupança de consumo; prezar a diversidade e a limpeza de nossa matriz energética e não descuidar de seus efeitos sobre o meio ambiente. Mereceria também se fazer melhor avaliação sobre se não é mais conveniente avançar com a produção do petróleo existente em águas menos profundas enquanto se aperfeiçoam as técnicas de exploração em áreas mais difíceis. E, sobretudo, enquanto não se definem normas de segurança para evitar desastres ecológicos. Mais importante do que se fazer ginásticas financeiras para explorar apressadamente campos profundos de petróleo, utilizando tecnologia de risco desconhecido, seria dar maior eficácia às agências reguladoras, unificá-las para lidarem em conjunto com a regulação energética e, sobretudo, despartidarizá-las. Só com independência política e competência técnica a agência reguladora (hoje a ANP, amanhã, quem sabe uma agência energética única) será capaz de oferecer ao País, e mesmo ao mundo, o que dela mais se necessita: confiança na existência de uma política energética de verdade e certeza de que os interesses coletivos de preservação do meio ambiente serão respeitados.

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Opiniões Opiniões quickly submitted to the Congress to change the oil exploration system, setting up a new state-owned company entrusted with controlling the new system and defining how to capitalize companies created to explore and market the pre-salt oil – actually, one company, because, since there is so much wealth, it’s better to return to a monopoly... In the haste to rename everything, bringing about “impact projects” like in the old days of authoritarian governments, the balance of oil wealth partitioning among the states is done away with by the government, wherein lies the reason for the matter having gotten stuck in the Congress. To avoid the entire project from getting blocked, it was decided to divide it in four, with the priority on Petrobras’ capitalization, in exchange for the delivery, by the Federal Union, of 5 billion barrels to be extracted from as yet unexplored oil fields. Even so, the capitalization endeavors got delayed, so now with Petrobras having lost about one third of its value, in a market weakened by the international crisis, one must fear that this great company may be rated down in its solvency evaluation. It may have to incur debt in excess of 35% of its equity to obtain the funds needed for the pre-salt undertaking. Energy is a too serious matter to be left to the swaying resulting from electoral propaganda and precipitations. Brazil, I reiterate, has a balanced energy matrix. Hydroelectricity, notwithstanding the instability of rainfall (which has been remedied by the gas or diesel generators put in place after the energy shortage of 2001) continues to be the basis of our system. Its complementation through ethanol is necessary and has shown to be feasible. Experiments with wind power are being conducted at a modest pace, albeit persistently. Finally, let us not forget what one almost always forgets, i.e., the increase in energy efficiency and savings in consumption. I don’t say this to diminish the importance of exploring the pre-salt oil or because I believe that oil, no matter how polluting it is, will be thrown out as an energy alternative in the foreseeable future. No. I say this because the back-andforths of the matter show the lack of the essential: a true energy policy. Rather than boast about what we haven’t yet accomplished, it would be better to consolidate what we have already achieved: increase the production of ethanol and create conditions to make it an export commodity; implement energy efficiency and consumption saving programs, value the diversity and cleanness of our energy matrix and not neglect its impact on the environment. It would also be worthwhile to better evaluate whether it is more convenient to go ahead with the existing oil production in less deep waters until techniques for exploring in more difficult areas are perfected, and more importantly, as long as safety norms are not created to avoid environmental disasters. More important than doing financial gymnastics to hastily explore deep oil fields using technology of unknown risk, would be to make the regulatory agencies more efficient and above all, to untie them from their links to political parties. Only with political independence and technical competence the regulatory agency (currently “ANP” – the National Oil Agency -, tomorrow, who knows, perhaps a single energy agency) will be capable of offering the country and even the world what most is expected of it: reliability in a truly existent energy policy and certainty that collective interests in preserving the environment will be respected.





especialistas e consultores

da euforia à

Opiniões

ressaca From euphoria to desolation

Ufa! Passou a tempestade! Os últimos anos confirmaram, mais uma vez, que o setor sucroalcooleiro (ou, como querem os moderninhos, sucroenergético) não é para qualquer um, salvo os mais fortes. Enorme volatilidade. Quedas vertiginosas. Subidas aceleradas. Emoções à flor da pele. Tudo começa, nesta década, com a descoberta de um novo mercado para o nosso etanol: os carros flex. E, por causa do fantástico crescimento dessa nova frota de veículos, surge novo ciclo de expansão da indústria. Números para espantar qualquer um: mais de 80 projetos efetivamente implementados, novinhos em folha, de gigantescas dimensões. Qualquer número abaixo de 3 ou 4 milhões de toneladas anuais de cana esmagada era (ou é) considerado fraco. Dos 60 ou 70 dólares de investimento inicialmente projetados por tonelada de cana moída aos 100 a 120 efetivamente gastos. De certo desprezo pelo velho açúcar ao brilho da nova energia, agora enriquecida pelo novo paradigma da cogeração. Como pagar a conta, dada a conhecida escassez de recursos próprios dos usineiros tradicionais? Aparece o sistema financeiro, cheio de liquidez, ávido por emprestar recursos: bancos, tradings, fundos de variadas nomenclaturas, todos fortemente engajados no financiamento desse processo. Como não há bem que sempre dure, veio o setembro negro, com a maior tromba de água fria jamais vista desde os anos 1930. Percorremos, em curto espaço de tempo, a estrada da plena euforia à mais completa ressaca. Haja cabeça inchada! Muitas lições apreendidas. Muitas, ainda, a apreender. Milhares de páginas a serem escritas para descrever esse penoso processo. Qual o balanço, fora as quebras já contabilizadas? Como também não há mal que nunca acabe, o açúcar veio, mais uma vez, demonstrar sua pujança, ao lado da continuada expansão do mercado interno de etanol. Isso tudo com um ambiente regulatório ainda incerto para a cogeração, especialmente nos retrofits, sem falar da inexistência de mercados externos firmes para etanol combustível; do brutal crescimento dos custos de investimento e produção; da extraordinária apreciação cambial; das difíceis reestruturações financeiras.

" Haja cabeça inchada! Muitas lições apreendidas. Muitas, ainda, a apreender. Milhares de páginas a serem escritas para descrever esse penoso processo. Qual o balanço, fora as quebras já contabilizadas? " Eduardo Pereira de Carvalho

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Diretor da Expressão Director of Expressão

Wow! The storm is over! Recent years have confirmed, once again, that the sugar and ethanol industry (or, as the modernites would say, the sugar-based energy industry is not for anyone other than the strongest. Huge volatility. Vertiginous decreases. Accelerated increases. Skin deep emotions. Everything began in the current decade with the discovery of a new market for our ethanol: dual-fuel cars, and with the astonishing growth of this new vehicle fleet a new expansion cycle for this industry began. Numbers that amaze everyone: more than 80 projects actually implemented, brand new, of gigantic size: any number under 3 or 4 million tons/year of crushed sugarcane was (or is) considered small. From 60 or 70 dollars of the initially projected investment per ton of crushed sugarcane to the 100 to 120 dollars actually spent. From a certain disdain of good old sugar to the shine of the new energy, now enriched by the new paradigm of co-generation. How to foot the bill, given the known lack of own funds of traditional mill owners? Next comes the financial system, with all its liquidity, keen on making loans: banks, trading companies, funds with a variety of names, all heavily engaged in financing this process. Since nothing lasts forever, Black September came about, with the greatest disillusion ever, since the thirties. In a short period, we went down the road from total euphoria to the most absolute desolation. What a headache! Many lessons learned. Many still to be learned. Thousands of pages to be written to describe this painful process. What is the balance, apart from the bankruptcies already accounted for? Since there also never is a malady that does not end, sugar once again showed its strength, alongside the continuous expansion of the domestic ethanol market. All of this in the context of a still uncertain regulatory environment for co-generation, especially in retrofits, not to mention the inexistence of strong foreign



especialistas e consultores Com isso (ou apesar disso..., como queiram) assistimos a um dos mais rápidos, violentos e consistentes processos de consolidação setorial até hoje vistos no país, em uma indústria até ontem das mais pulverizadas, tradicionais e familiares. Hoje, difícil não reagirmos com certa ironia às perspectivas otimistas de curto e médio prazo. Não há como escapar dos prognósticos de falta de produtos. No mercado açucareiro, apesar do aumento na próxima safra indiana, o Brasil não será capaz de colocar toda a quantidade necessária para atender a demanda. As reformas do setor açucareiro na União Europeia, previstas para 2013, trarão mais uma forte redução de sua produção. Os rumores – tidos como certos por especialistas no setor – do inicio de processo de desregulamentação dessa indústria na Índia trará, igualmente, forte impacto negativo na disponibilidade de cana, pela retirada (ou diminuição) dos preços de sustentação, quer federais, quer estaduais. Na ausência de novos projetos no Brasil, fora aqueles poucos em processo de implantação, difícil escapar das perspectivas bullish para o produto. No etanol, assistimos a situação inusitada: aumento de preços no mercado interno em pleno pico de safra. Tais preços, no entanto, estão a reduzir, de forma significativa, a proporção de carros flex que estão efetivamente consumindo o produto: talvez não mais do que uns sessenta por cento. Lembramos que as exportações de etanol, neste ano, estão extremamente baixas, perto dos 1,5 milhão de metros cúbicos, sem nenhuma esperança de retomada no curto prazo. Claras as mudanças na atuação comercial que a recente consolidação criou. Não podemos esquecer, todavia, que os preços internos de gasolina estão em patamares bastante altos, quando comparados com os internacionais, o que nos dá, no momento, excelente guarda-chuva para o etanol. Quando é que voltaremos a novo ciclo de expansão? Há, em primeiro lugar, necessidade fundamental em reduzir nossos custos. Num cenário de 120 ou 140 dólares a tonelada de cana moída anualmente como parâmetro para os novos investimentos, os preços de açúcar e álcool necessários para viabilizar tais projetos são sonho de uma noite de verão. Nossos custos de produção perderam igualmente grande parte da propagada vantagem competitiva que tínhamos no passado. Mas o problema é mais grave: passamos a acreditar no nosso próprio discurso de que a expansão da produção das duas commodities só pode se dar no Brasil. Isso não é verdade: os norte-americanos produzem hoje o dobro de nossa produção de etanol, a custos mais baratos que os nossos. Os indianos podem expandir sua produção de açúcar a preços menores que aqueles necessários para viabilizarmos nossas expansões. E, no mundo competitivo das commodities, há uma só grande verdade quanto ao processo de formação de preços: eles tendem a se igualar aos custos marginais de sua produção. E agora, José? No passado – e falo das décadas de 1970 e 1980 –, apenas um enorme esforço conjunto, do governo e do setor produtivo foi capaz de modernizar e tornar competitivo nosso parque produtor. E o nome do jogo foi tecnologia. Estamos fazendo muito pouco, mas muito pouco mesmo, nesse sentido. Mas sabemos quanto está se fazendo lá fora. Oxalá exista tempo ainda para nos recuperar e readquirir nossa liderança e competitividade!

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Opiniões markets for ethanol as fuel: the outrageous growth of investment and production costs; the extraordinary foreign exchange appreciation; the difficult financial restructurings. With that (or, if one should prefer, in spite of that), what we witness is one of the quickest, most impressive and consistent industry-wide consolidation processes ever to have taken place in the country, in an industry that just recently was one of the most widespread, traditional and family-owned of all industries. Nowadays, it is difficult to not react with some irony in light of optimistic forecasts for the short and medium term. There is no way to ignore the forecast of lack of product. In the sugar market, notwithstanding the increase in the harvest of India, Brazil will not be able to supply the entire quantity needed to meet demand. Reforms in the sugar industry in the European Union, set for 2013, will result in a further strong reduction in Brazil’s production. Rumors – viewed by industry specialists as realistic – about the beginning of deregulation of this industry in India will also have a strong adverse impact on the availability of sugarcane, due to the elimination (or decrease) of sustainability prices, whether federal or at the state level. Given the lack of new projects in Brazil, apart from the few currently in the process of being implemented, it will not be easy to ignore a bullish outlook for the product. In ethanol, we see an unusual situation: the increase in the domestic market at the height of the harvest season. Such prices, however, significantly reduce the proportion of dual-fuel cars that are actually consuming the product: perhaps no more than 60%. One should bear in mind that ethanol exports, this year, are extremely low, close to 1.5 million cubic meters, with no chance of picking up in the short term. The changes brought about in commercial performance by the recent consolidation are quite clear. We cannot forget, however, that domestic gasoline prices are at much higher levels in comparison with international levels, currently providing us excellent protection for ethanol. So, when will a new expansion cycle take place? First of all, it is essential that we reduce our costs. In a scenario of 120 or 140 dollars per ton of crushed sugarcane as the parameter for new investments, the sugar and ethanol prices needed to make such projects viable are a Summer night’s dream. Our costs also lost a major share in the propagated competitive advantage we had in the past, but the problem is even bigger: we began believing in our discourse that the production increase of the two commodities could only take place in Brazil. This is not true: the Americans currently produce double our ethanol production, at lower costs than ours. India can increase its sugar production at lower costs than those necessary for us to make our exports viable. Furthermore, in the competitive world of commodities, there is only one truth about price formation: it tends to equal the marginal production costs. So, what now? In the past – I refer to the seventies and eighties –, only a major joint effort by the government and the productive sector was capable of modernizing and making our industrial sector competitive. The game played was called technology. We are doing very little, very little indeed, in this regard. But we know how much is being done abroad. Let’s hope there is still time for us to recover and to again lead and be competitive.



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especialistas e consultores

Opiniões

a globalização do

etanol The globalization of ethanol

" Tanto na lavoura canavieira quanto na indústria de açúcar e álcool, somos tão eficientes que poderíamos até descansar, como fez o coelho na fábula sobre a corrida com a tartaruga. É aí que mora o perigo. " Maurílio Biagi Filho Presidente da Maubisa - Maurilio Biagi Consultoria & Negócios President of Maubisa - Maurilio Biagi Consultoria & Negócios

Um dos mais abalados pela crise financeira mundial, o setor sucroalcooleiro passou por grande turbulência nos últimos 24 meses, mas não há como negar que as perspectivas continuam muito boas – talvez até melhores do que antes, se levarmos em conta a intensidade das mudanças climáticas e o acirramento da competição global. Não fosse a mais competitiva do mundo, nossa agroindústria canavieira não teria atraído alguns dos maiores investidores globais, cuja visão estratégica deve servir de lição a todos nós, que acompanhamos os altos e baixos do setor, durante as últimas décadas. Quando o Proálcool foi criado, em 1975, analistas e pesquisadores de diversos países estiveram aqui, e a maioria fez mais questionamentos do que elogios ao programa. Durante vários e vários anos, dizia-se que os canaviais cresceriam ocupando áreas de lavouras alimentícias. Passadas mais de três décadas, a cana ocupa quase 9 milhões de hectares, mais de 200% acima do patamar de 1975. Com uma expansão baseada principalmente na ocupação de pastagens (e não de grãos), a agroindústria canavieira produz o açúcar e o etanol mais baratos do mundo. No mesmo período, a agricultura e a pecuária do Brasil aumentaram sua produção de forma espetacular, estabilizando a oferta interna de alimentos e gerando um grande saldo na balança comercial.

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One of the most affected by the global financial crisis, the sugar and ethanol industry experienced much turbulence in the past 24 months, but one cannot ignore that the outlook is still very good – perhaps even better than before, if we take into account the intensity of climate change and increased global competition. If it were not the most competitive in the world, our sugarcane agro industry would not have attracted some of the world’s largest investors, whose strategic vision should be a lesson for all of us who monitor the ups and downs of the industry, in the course of the last few decades. When the Proálcool program was created in 1975, analysts and researchers of several countries visited Brazil and most of them questioned the program rather than praised it. For many, many years, one argued that sugarcane plantations would expand occupying food plantations. After more than three decades, sugarcane occupies almost 9 million hectares, more than 200% above the 1975 level. With its expansion based mainly on the occupation of grazing lands (rather than land used for grain plantations), the sugarcane agro industry produces sugar and ethanol at the lowest cost worldwide. In the same period, agriculture and cattle breeding in Brazil increased production at an astonishing rate, stabilizing the domestic food supply and bringing about a major leap in the country’s trade balance.


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especialistas e consultores Tanto na lavoura canavieira quanto na indústria de açúcar e álcool, somos tão eficientes que poderíamos até descansar, como fez o coelho na fábula sobre a corrida com a tartaruga. É aí que mora o perigo. Em 2011, pela primeira vez após dez anos de crescimento ininterrupto, a produção de cana será menor do que a da safra anterior. Bom momento para um balanço desapaixonado da situação, agora que cerca de metade do processamento de cana está nas mãos de grandes players mundiais de commodities alimentícias e energéticas. Essas empresas estudam muito para entrar num setor novo. Suas decisões são técnicas. Antes de investir na Usina Guarani, a francesa Tereos levou seus parceiros cooperativos a diversos países do mundo durante cinco anos. Processo semelhante de decisão aconteceu com a ADM, Cargill, Dreyfus, Odebrecht, Petrobras, Shell e a própria Cosan, cuja origem é canavieira. Um executivo do porte de Pedro Parente não aceitaria presidir a Bunge se não concordasse com o plano de negócios de longo prazo da companhia. Por tudo isso, não tenho dúvida de que nossa agroindústria sucroenergética entrou num processo irreversível de globalização. O que é muito bom para o Brasil. Temos, porém, um longo caminho para aprender a administrar de forma equilibrada essa nossa emergente e revolucionária mercadoria híbrida – de origem agrícola e fins energéticos –, ofertada a quatro grandes grupos de demanda. O mais antigo consumidor de etanol é a indústria brasileira; o mais novo, o mercado internacional, crescentemente explorado por tradings que, nos últimos anos, tomaram posse de diversas usinas e destilarias, numa ação positiva sob todos os pontos de vista. As outras duas formas de consumo – o álcool anidro adicionado à gasolina e o etanol hidratado, responsáveis pelo desaparecimento de cerca de dois terços da produção – estão sujeitas a diversas oscilações. Entre elas, destacam-se a cotação internacional do açúcar e o preço da gasolina, que permanece, há vários anos, no mesmo patamar no mercado interno, independentemente das enormes variações do custo do petróleo no mercado mundial. O futuro do etanol está garantido por parcerias extremamente confiáveis e eficazes com a engenharia agronômica, a indústria de equipamentos de processamento de cana, o setor de petróleo e a engenharia de motores, mas precisamos superar deficiências na logística de abastecimento do etanol no território brasileiro. Falta uma política de armazenagem capaz de ajudar na estabilização dos preços, que se elevam nas entressafras e baixam durante as safras. Ainda podemos melhorar nosso status nos aspectos ambiental, agrícola, energético e industrial, mas, de imediato, o item mais promissor é o potencial de cogeração de eletricidade a partir do melhor aproveitamento do bagaço e da utilização da palha da cana, hoje queimada ou deixada no campo. Ficam, para um futuro mais distante, os derivados canavieiros de nova geração, como o diesel, o querosene e o plástico biodegradável, entre outros. Todos dependem de grandes investimentos em pesquisas, pois ainda são mais caros do que os derivados do petróleo. Por enquanto, está fora do nosso alcance saber quando os fósseis serão substituídos pelos renováveis, mas parece claro que logo a sustentabilidade do planeta vai exigir a supremacia do ambiental sobre a economia.

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Opiniões In both sugarcane plantations and the production of sugar and ethanol we are so efficient that we could actually relax, just like the rabbit in the fable about its race against the turtle. That is where the danger lies. In 2011, for the first time after 10 years of uninterrupted growth, the production of sugarcane will be smaller than in the previous season. A good point in time to objectively assess the situation, now that about half the sugarcane processing is in the hands of large global players in the food and energy commodity markets. Such companies do a lot of surveying before they enter a new industry. Their decisions are technical. Before investing in the Guarani mill, the French company Tereos, over a period of five years, took its cooperative partners on tours to several countries. A similar decision-making process took place at ADM, Cargill, Dreyfus, Odebrecht, Petrobras, Shell and even Cosan, whose origins lie in sugarcane. An executive of the caliber of Pedro Parente would not accept to be in command at Bunge if he did not agree with the company’s long term business plan. For all these reasons, there is no doubt in my mind that our sugarbased energy agro industry has entered into an irreversible globalization process, which is very good for Brazil. However, we have a long way to go to learn how to manage our emerging and revolutionary hybrid product – of agricultural origin, but directed towards generating energy – in a balanced manner, while offering it to four main large demand groups. The most traditional ethanol consumer is Brazilian industry, and the newest - the international market -, increasingly exploited by trading companies that in recent years took over several mills and distilleries, in what was a positive initiative, regardless of one’s point of view. The two other means of consumption – as anhydrous ethanol added to gasoline or as hydrated ethanol -, are responsible for the consumption of approximately two thirds of the production and subject to a variety of oscillations, such as the international price of sugar and the price of gasoline, which, for many years, has been at the same level in the domestic market, regardless of the enormous oscillations of the oil price in the international market. Ethanol’s future is assured by highly reliable and efficient partnerships with agronomic engineering, the sugarcane processing equipment manufacturing industry, the oil industry and the engine development industry, but we need to overcome logistic shortcomings in distributing the product within Brazil. We lack a policy for storing it that would help to stabilize prices, which increase in the offseason and decrease when harvesting is in progress. We can also improve our ranking from the environmental, energy and industrial points of view, but for the immediate future the most promising is the potential for co-generation of electricity based on better use of bagasse and sugarcane straw that until now has been burned or left on the fields. For a later point in time, one would need to leave the new generation of sugarcane-derived products such as diesel, kerosene and biodegradable plastic, among others. These all depend on large investments in research, given that they are still more expensive than oil derivatives. For the time being we do not know how long it will take for fossil fuel to be replaced by renewable fuel, but it is apparent that the planet’s sustainability will soon require the supremacy of the environment over the economy.



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Opiniões

a fotografia do The industry at a glance

Como temos ressaltado nos últimos anos, o nosso futuro começou no ano de 2004, quando o petróleo iniciou uma trajetória de preços em alta, refletindo um equilíbrio apertado entre oferta e demanda global. Identificamos, naquela ocasião, uma demanda de energia crescente, associada a um crescimento econômico global, cada vez menos dependente dos países ricos. No caso do petróleo, observamos uma oferta restrita, com custos marginais de longo prazo crescentes, devido a novas reservas também com custos crescentes de prospecção, exploração e preservação ambiental. Esse raciocínio aplica-se, igualmente, para eletricidade. Dessa forma, os fundamentos de mercado para açúcar, etanol combustível e eletricidade cogerada nas usinas são muito positivos por uma razão simples: o Brasil, neste momento, apresenta-se com as melhores condições econômicas para atender a crescente demanda mundial de açúcar, de eletricidade e de combustível limpo e renovável. O álcool combustível, que no período 1995-2004 era um produto “tupiniquim”, passou à condição de commodity energética com pretensão global política e ambientalmente correta. Essa condição nada tem a ver com os anos de penúria do produtor durante as décadas de 80 e 90, quando o petróleo, relativamente barato, induzia políticos,

" o álcool combustível, que no período 1995-2004 era um produto “tupiniquim”, passou à condição de commodity energética com pretensão global política e ambientalmente correta " Júlio Maria Borges Diretor executivo da JOB Economia e Planejamento Executive Director of JOB Economia e Planejamento

professores de universidades, empresários e parte do governo, todos com visão míope, a considerar o álcool combustível como um mal desnecessário. Que lições nós, brasileiros, aprendemos no período 1995-2004? Abaixo citamos algumas que nos chamam mais a atenção. 1. A melhor forma de sustentar uma atividade econômica no longo prazo é por meio da competividade. Dessa forma, os produtores investiram em pesquisa e desenvolvimento para reduzir, de forma significativa,

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setor

As we have emphasized in recent years, our future began in 2004, when oil started out on a price increase trajectory, reflecting a tight balance between global supply and demand. At that time, we noticed growing demand for energy, in combination with global economic growth, increasingly less dependent on rich countries. In the case of oil, we noticed restricted supply, with increasing long term marginal costs, due to new reserves also entailing increasing prospection, exploration and environmental preservation costs. This reasoning is equally applicable to electricity. Therefore, market fundaments for sugar, ethanol as fuel and electric power co-generated in the mills are highly positive for a simple reason: Brazil, at this point in time, has the best economic conditions to meet the growing world demand for sugar, electric energy and clean and renewable fuel. Ethanol as fuel, which in the period 1995-2004 was a “native” Brazilian product, became an energy commodity with global aspirations, politically and environmentally correct. This condition in no way is related to the producers’ years of scarcity in the eighties and nineties, when relatively cheap oil induced politicians, university professors, entrepreneurs and areas of the



especialistas e consultores o custo de produção do álcool, enquanto se esperava que o petróleo, recurso natural finito, mostrasse sua impossibilidade de sustentar no longo prazo, com preços relativamente baixos, uma demanda mundial crescente. 2. A estratégia brasileira de substituição de importações (reduzir a dependência do petróleo importado) mostrou-se correta no longo prazo. Tanto que o governo dos EUA está hoje, trinta anos depois, adotando essa mesma estratégia com seu programa de combustíveis renováveis. 3. A presença do Estado na economia mostra-se importante como mecanismo de apoio na fase inicial de qualquer novo setor de atividade econômica. Contudo a perpetuação dessa condição inibe a eficiência econômica e o crescimento dos negócios, a partir do momento de consolidação da atividade. 4. Má gestão é muito eficiente para eliminar empresas do mercado. Uma boa gestão é aquela focada em resultados que se resumem em custos mínimos possíveis e receita máxima possível. A receita do sucesso é simples. Sua prática é difícil. 5. Riscos de mercado existem e podem ser minimizados com um bom monitoramento de seus movimentos e boa estratégia de proteção. Além disso, uma boa administração financeira é fundamental para maximizar lucros no longo prazo. 6. A tentativa de perpetuar um modelo de gestão “tradicional” em um mercado em transformação é suicida. A criatividade, a inovação e a coragem de tentar a mudança acabam sendo bem remuneradas. Que futuro nos espera? 1. Grandes grupos atuando na agroindústria canavieira do País, com gestão profissional e eficiente. A integração vertical do negócio fará parte de suas operações. Neste particular, os grupos econômicos sem esta opção, terão desvantagem competitiva. 2. Empresas e grupos menores têm demonstrado um viés para algum tipo de associação, buscando sua sobrevivência econômica. 3. Empresas e grupos menores isolados, conforme nossa experiência na JOB Economia, terão, como condição básica de sobrevivência, sua operação com a máxima eficiência, aproveitando-se de vantagens comparativas particulares. Com isso, poderão garantir resultados ótimos que podem redundar em boas oportunidades de venda do negócio. 4. A intermediação entre vendedor e comprador tende a diminuir. Os grandes grupos mostram-se com disposição de buscar o cliente final. Os contratos comerciais de longo prazo estão aumentando sua participação nos volumes comercializados de açúcar e álcool. 5. A logística de exportação de açúcar e álcool está melhorando e deve continuar nesse padrão por razões de viabilidade econômica dos investimentos em infraestrutura. 6. A comercialização da safra terá cada vez menor sazonalidade de preços e será cada vez mais nacional e menos regional. Com isso, usinas localizadas em regiões importadoras, como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Nordeste passam a ter vantagens competitivas até então pouco importantes. 7. A terceirização de serviços no agronegócio de açúcar e álcool será crescente. 8. Também crescente será a necessidade de certificação voltada para a preservação da saúde, segurança, meio ambiente e responsabilidade social.

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Opiniões government, sharing a common shortsightedness, to view ethanol fuel as a necessary evil. What are the lessons that we Brazilians learned in the period 1995-2004? Below we mention a few that stand out. 1. The best way to sustain economic activity in the long term is by being competitive. Thus, producers invested in Research and Development to significantly reduce the production cost of ethanol, while waiting for oil, a finite natural resource, to show its impossibility to, in the long term, sustain growing world demand at relatively low prices. 2. The Brazilian strategy of import substitution (reduction of the dependence on imported oil) proved correct in the long term. In fact, the U.S. government is currently, 30 years later, adopting this same strategy for its renewable fuel program. 3. The presence of the State in the economy has proven an important support mechanism in the initial phase of any new economic activity. However, the perpetuation of this condition inhibits economic efficiency and growth of the business when such activity consolidates. 4. Poor management is a very efficient means to eliminate companies from the market. Good management occurs when the focus is on results, translated to minimal possible costs and maximum possible revenues. The recipe for success is simple. Its practice is the difficult part. 5. Market risks exist and can be minimized through good monitoring of movements and a good protection strategy. Furthermore, good financial management is essential to maximize profit in the long term. 6. The attempt to perpetuate a “traditional” management model in a market in transformation is suicide. Creativity, innovation and courage to try to change, in the end are worthwhile. What future can we expect? 1. Large agro industrial groups with activities in the country’s sugarcane industry, professionally and efficiently managed. Their operations will be vertically integrated in their business. In this respect, economic groups lacking this option will have competitive disadvantages. 2. Small companies and groups have been inclined to seek some type of association, seeking their economic survival. 3. Small independent companies and groups, as our experience at JOB Economia shows, will rely on their operation as the basic condition for survival, taking advantage of particular comparative advantages. Thereby they may assure excellent results that may provide them good opportunities to sell the business. 4. Intermediation between seller and buyer tends to decrease. Large groups are willing to look for the end client directly. Long term commercial contracts are increasing their share in traded sugar and ethanol volumes. 5. The export logistics of sugar and ethanol is improving and is expected to remain like this due to economic feasibility reasons of investments in infrastructure. 6. Marketing the harvest will increasingly show less price variability and will increasingly be on a national rather than regional scale. Therefore, mills located in importing regions, as Rio de Janeiro, Espírito Santo and the Northeast, will enjoy competitive advantages that until then will have been of little importance. 7. The outsourcing of services in sugar and ethanol agribusiness will increase. 8. What will also increase is the need for health, safety, environment and social responsibility certifications.





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o retrato atual

Opiniões

Current scenario

" melhor que um retrato, é preciso imaginar um filme em preto e branco que passou gradualmente para o colorido e, agora, caminha rapidamente para uma superprodução em 3D "

Plinio Mário Nastari Presidente da Datagro Publicações President of Datagro Publicações

Ao atingir moagem de cerca de 660 milhões de toneladas de cana em 2010/11, correspondentes a mais de 30% da cana produzida no mundo, o retrato do setor canavieiro e sucroalcooleiro do Brasil é bem diferente daquele observado antes de iniciado o processo de diversificação na direção do etanol. A diferença começa pela escala de produção. Em 1975, quando foram moídas 68 milhões de toneladas, o setor era dominado por usinas tradicionais, recém-modernizadas à época pelo Funproçúcar do agora extinto Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, que distribuiu, em 1974, fartos recursos advindos da bonança de preços internacionais do açúcar, que alimentaram as contas do IAA, via exportações, controladas pelo monopólio do governo. A partir daquele instante, surgiram as destilarias autônomas, com módulos de produção de 120 a 180 mil litros por dia, e representando moagem de 400 a 500 mil toneladas de cana por safra. Na época, eram usinas modernas e consideradas eficientes para os padrões da época. A partir de 1989, a regulação e a intervenção do governo foi sendo eliminada, num processo que durou dez anos. As cotas de produção e comercialização acabaram junto com os planos de safra, foi eliminada a necessidade de autorizações para movimentação de estoques, os preços foram controlados e os financiamentos, favorecidos. Aos poucos, a produção de açúcar foi crescendo, o setor foi se diversificando cada vez mais e os mercados foram expandindo para o açúcar e o etanol. Hoje, nenhum projeto de nova instalação industrial é realizado para uma escala inferior a 2 milhões de toneladas e, via de regra, o planejamento já é feito para duplicação ou triplicação dessas plantas no médio prazo. As atividades agrícolas são desenvolvidas por um modelo de produção de empresa agrícola, em que se busca a otimização do uso da capacidade dos implementos e dos equipamentos de mecanização de plantio e colheita. Essa é a realidade da produção de cana efetivada tanto pelas usinas, quanto pelos fornecedores. Na maior parte dos países canavieiros, no entanto, a produção agrícola ainda é realizada por fazendeiros de pequeno e médio porte, sem o uso de maquinário em três turnos e de programas eficientes de manutenção preventiva.

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As sugarcane crushing reaches approximately 660 million tons in the 2010/11 harvest season, which amounts to more than 30% of the sugarcane produced in the world, the scenario in Brazil’s sugar and ethanol industry is quite different from what it was before the diversification process towards ethanol started. The difference begins with the production scale. In 1975, when 68 million tons were crushed, the industry was dominated by traditional mills, then just recently modernized by the Funproçúcar program of the now extinct IAA - Instituto do Açúcar e do Álcool (Sugar and Ethanol Institute), which in 1974 handed out abundant funds originated from the very high international sugar prices at the time, that in turn fed the IAA’s accounts through exports under control of the government monopoly. At that time, autonomous distilleries started to be installed, with production modules of 120,000 to 180,000 liters per day and representing crushing of 400,000 to 500,000 tons of sugarcane per harvest. These were modern mills at the time, viewed as efficient according to the then prevalent standards. Starting in 1989, government regulations and intervention were eliminated in a process that lasted for 10 years (until 1999). Production and sales quotas were eliminated, along with crop plans, the need for authorizations to move inventories, as well as controlled prices and, in the early days, subsidized financing. Slowly the production of sugar grew, with the industry diversifying at an increased pace and both sugar and ethanol markets expanding as well. Nowadays, no new industrial plant project is undertaken for a scale of less than 2 million tons and usually the planning is already done aiming at doubling or tripling these plants’ capacity in the medium term. Agricultural activities are developed according to a production model of an agricultural enterprise, in which companies seek to optimize the use of the existing capacity of equipment and machinery employed in mechanized planting and harvesting. This is the reality applicable both to mills and suppliers. In most sugarcane producing countries, however, the agricultural production is still brought about by small and medium size planters, without the use of machinery and in three work shifts, along with the use of efficient preventive maintenance programs.



especialistas e consultores Merece reconhecimento a capacidade atual de rapidamente serem desenvolvidos novos projetos em regiões carentes de mão de obra e insumos básicos, sem infraestrutura de estradas e de redes de distribuição de energia. Mesmo assim, estão surgindo novas plantas em regiões pioneiras, com rápido crescimento de moagem, elevado grau de mecanização agrícola e automação industrial. O uso de computadores de bordo em equipamentos agrícolas, de GPS para o plantio e a colheita, de controles online de cada operação, e a possibilidade de controle remoto por um laptop a milhares de quilômetros passaram a ser atividades esperadas e comuns no Brasil canavieiro e sucroalcooleiro atual. Ao mesmo tempo que todas estas modernizações trazem economia e redução de custo, de outro lado está se sofisticando o nível da mão de obra por competição e também por regulamentação. O padrão de remuneração aumentou muito em todos os níveis, o que tem permitido um aumento de renda considerável nas regiões onde este tipo de indústria se instala. Além de gerar muita renda, a produção desenvolve-se em muitos elos de uma extensa cadeia de produção, muito diferente da pecuária ou até de muitas outras atividades agrícolas e agroindustriais. Esse diferencial é observado claramente no desenvolvimento econômico das regiões onde predominam a pecuária extensiva e a produção integrada de cana. O surgimento de grandes grupos econômicos, movimento acelerado pelo processo de consolidação que resultou das recentes crises de preço e liquidez, fez com que surgisse a organização industrial em agrupamentos (clusters) trazendo reduções consideráveis nos custos fixos unitários e permitindo uma administração mais eficiente de compras, logística, utilização de insumos, e aproveitamento de mão de obra chave. Hoje, o setor é, em muitos casos, verticalizado a montante e a jusante, trazendo economias e permitindo a agregação de valor nos vários elos da cadeia de produção e comercialização. A diversificação caminha celeremente na direção do aproveitamento integral da cana, inicialmente com a cogeração, mas podendo evoluir brevemente para a produção de etanol. A conversão de sacarose em produtos de maior valor agregado é uma realidade que começa a despontar no caso do polietileno verde, de hidrocarbonetos avançados e de uma cadeia enorme de ingredientes da indústria alimentícia. Hoje é um setor menos pulverizado, mais profissionalizado e com maior acesso a recursos e financiamentos. O retrato do setor sucroalcooleiro de hoje não é o de uma obra acabada. Ainda está em transformação no seu grau de concentração de produção e comercialização. Está em transformação tecnológica e em transição para se tornar um setor global na área de energia. Na área de alimento, atingiu a condição de líder mundial por não encontrar competição no processo de diversificação implantado há 35 anos, tendo, assim, atingido condições de controlar mais de 50% das exportações mundiais de açúcar. Na área do etanol, o desenvolvimento global tem grandes perspectivas, em particular pelo potencial de redução das atuais barreiras ao livre comércio. Melhor do que um retrato, é preciso reconhecer que, para descrever este setor, é preciso imaginar um filme. E que esse filme, antes rodado em preto e branco, passou gradualmente para o colorido e, agora, caminha rapidamente para uma superprodução em três dimensões.

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Opiniões One should emphasize the current ability to quickly develop new projects in regions lacking labor and basic inputs, that have no infrastructure in terms of roads and energy distribution systems. Nevertheless, new mills are appearing in new regions, resulting in rapid growth of the crushing capacity, a high degree of agricultural mechanization and the use of industrial automation. The use of onboard computers in agricultural equipment, of GPS devices for planting and harvesting, online control of each operation and the possibility to use remote control through a laptop located thousands of kilometers away, started to be expected and became common activities in Brazil’s current sugar and ethanol industry. While all this modernization results in savings and cost reductions, on the other hand labor’s qualification is improving, whether due to competition or regulations. The remuneration standard increased considerably at all levels, allowing a significant increase in revenues in regions where the industry sets up activities. Apart from generating a lot of revenues, production takes place in many links of a long production chain, quite different from that of cattle breeding or even numerous other agricultural and agroindustrial activities. This differential is clearly perceivable in the economic development of regions in which cattle breeding on a broad basis and the integrated production of sugarcane are prevalent. The appearance of large economic groups, a trend accelerated by the consolidation process that resulted from the recent price and liquidity crises, brought about the creation of industrial clusters, with considerable reductions in unitary fixed costs, while allowing for more efficient management of purchasing, logistics, use of inputs and the employment of key workers. Nowadays, the industry is mostly verticalized upwards and downwards, resulting in savings and allowing value aggregation in the various links of the production and sale chain. Diversification is quickly developing towards the full utilization of sugarcane, initially through cogeneration, but it may soon develop to the production of ethanol. The transformation of saccharose into products of higher aggregated value is a reality that is beginning to take shape as in the case of green polyethylene, advanced hydrocarbons and a huge chain of ingredients in the food industry. Nowadays, the industry is less widespread but more professional and with better access to resources and financing. The scenario in the sugar and ethanol industry today is no longer that of an unfinished works. It is still in transformation with respect to its degree of production and sales concentration. It is also undergoing technological transformation and is in the process of becoming a global player in the energy field. In the food industry, it has become a global leader, given that it has not met with competition in the diversification process set up 35 years ago, thus having been able to achieve control over more than 50% of the world’s sugar exports. In the ethanol area, global development has a positive outlook, particularly due to the reduction potential of current barriers to free trade. Better than the scenario, one must acknowledge that to describe this industry one must imagine a movie, and that this movie was previously shown in black and white and then gradually became a color movie. It is now in the process of becoming a 3D mega production.





especialistas e consultores

mudanças pela crise

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Opiniões

mudanças pelo mercado

Changes brought about by the crisis versus changes brought about by the market

A resiliência do atualmente denominado setor sucroenergético a períodos de crise é algo que merece nossa reflexão. Conceito oriundo da física, resiliência refere-se à propriedade de que são dotados alguns materiais, de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Após a tensão cessar, poderá ou não haver uma deformação - como um elástico ou uma vara de salto em altura. Aplicando-se à área de negócios, pode-se definir como a capacidade de alguém ou empresa se adaptar às mudanças. É exatamente isso que se constata no setor quando olhamos para o que aconteceu nas duas últimas grandes crises vividas em 1998-99 e em 2008-09 e suas respectivas causas. A primeira delas iniciou-se pelo mercado de preços baixos do açúcar e do álcool, agravada pela liberação da taxa de câmbio. Incrível é pensar que, dez anos mais tarde, a história se repete e, após dois anos de preços do açúcar e do álcool pouco remuneradores dos custos envolvidos, a crise foi agravada pela crise financeira mundial que resultou no descolamento da taxa de câmbio e escassez de crédito. A resilência foi claramente demonstrada por toda a cadeia do açúcar, álcool e energia, mas, definitivamente, nenhum dos elos saiu ou sairá como entrara na crise. Focando-se nos produtores, em 1998-99, o caminho que as usinas encontraram para sobreviver à crise foi se estruturar e buscar eficiência. Verificou-se nessa época, o início das sucessões familiares, da profissionalização, da busca por redução de custos, do investimento em pessoas e em produtividade. Como resultado, usinas despontavam como referência no setor, valendo citar, apenas para exemplificar, Usina São Martinho, Usina Santa Elisa, Usina Vale do Rosário, Usina Moema, Usina Nova América, o início da atual Cosan, dentre muitas outras. Contudo esse movimento não chegou a atingir todas as usinas/ grupos produtores e verificam-se ainda nos dias de hoje, carências relativas a controles, transparência, orçamentos, estratégias, separação dos patrimônios de empresa e sócio, dentre outros aspectos que podemos denominar como governança corporativa. Já a crise de 2008-09 que pegou muitas usinas/grupos tradicionais e muito entran-

Resilience of the currently so-called sugar-based energy industry to periods of crisis is something that merits our reflexion. A concept derived from physics, resilience relates to the property of some materials, whereby they accumulate energy when used or submitted to stress, without the occurrence of any rupture. After tension ceases, deformation may or may not have occurred – like something elastic or a jumping pole. Applying this to business, one may define it as the capacity of an individual or a company to adapt to changes. This is exactly what one observes in the industry when looking at what happened in the two last big crises of 1998-99 and 2008-09 and their respective causes. The first began due to low sugar and ethanol prices in the market, aggravated by the freeing of the exchange rate. It is quite impressive to think that ten years later the story is the same all over again, with sugar and ethanol prices, after two years went by, reflecting an unattractive remuneration to cover costs, and with the crisis aggravated by the global financial crisis that resulted in the freeing of the exchange rate and the lack of credit. Resilience was clearly shown throughout the sugar, ethanol and energy chain, but certainly none of the links came out or will come out in the same way they went into the crisis. Looking at the producers, in 1998-99 the path taken by mills to survive the crisis was to restructure and seek efficiency. At the time, what started happening were family successions, professionalization, the quest for cost reductions, investment in people and productivity. As a result, mills stood out as a reference in the industry, and to exemplify one may mention the São Martinho, Santa Elisa, Vale do Rosário, Moema and Nova América mills, the latter the origin of nowaday’s Cosan, among many others. However, this trend did not affect all producing mills/ groups and even nowadays one can notice the shortcomings in terms of controls, transparency, budgets, strategies, the separation of partner and company equity, among other aspects one may refer to as corporate governance. The 2008-09 crisis in turn caught many of the traditional mills/groups and a number of newcomers highly leveraged, caused by the outlook for ethanol in the world, and represented a divisor of waters that brought about radical change to the industry’s profile.

" diferente de uma operação de fusão, onde duas partes normalmente desaparecem para surgimento de outra, ou de uma aquisição, onde uma parte normalmente desaparece para prevalecer outra, o que se propõe é a união, a aglutinação em busca de objetivos comuns " Ana Paula Malvestio

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Sócia da PricewaterhouseCoopers Partner at PricewaterhouseCoopers



especialistas e consultores tes do setor alavancados numa incrível onda expansionista, motivados pelas perspectivas para o etanol no mundo, representa um divisor de águas e ocasionou uma mudança radical na cara do setor. Com movimentos de fusões e aquisições, o Setor Sucroenergético caminhou aceleradamente para sua 1. concentração, 2. verticalização, e 3 internacionalização, o que exigirá dos “sobreviventes”, dos “resilientes”, total disponibilidade para mudanças. Sob outro enfoque, pode-se dizer que a resiliência dos participantes do setor sucroenergético após a crise de 2008-09 dependerá da agilidade para identificar, entender, aceitar e implementar mudanças que passarão a ser ditadas não mais por crises sazonais, mas sim por um mercado dinâmico e competitivo. Portanto, o excelente cenário que se desenha para o futuro do açúcar, do álcool e da cogeração de energia dependerá da aptidão daqueles que desse setor participam em se preparar para essas mudanças de mercado que impulsionarão fortemente o setor, valendo citar: • maior competitividade, marcada pela participação de players onde seus investimentos não mais serão financiados pelo fluxo de caixa da safra anterior, mas, sim, por recursos especialmente oriundos do acesso aos mercados de capitais e a linhas de créditos internacionais; • acesso aos mercados internacionais, com eliminação dos intermediadores, que viabilizarão fidelização e maior remuneração por seus produtos. Nesse contexto, veremos Louis Dreyfuss, Bunge, Renuka, Shell, BP, Petrobras, dentre outras; • acesso à estrutura logística que será essencial para escoamento da produção nas novas fronteiras da cana, bem como nas tradicionais, por intermédio de dutovias, multimoldais, terminais portuários, etc; • adaptação às normas relacionadas ao desenvolvimento sustentável do Brasil e do mundo, especialmente quanto às questões ambientais e trabalhistas; e • gestão cada vez mais transparente e eficiente de custos e de riscos, com busca para ganhos de escala, nos mesmos moldes que alguns grandes grupos atualmente já dispõem. Diante desse enorme desafio de adaptação às mudanças antes mencionadas, cuja lista está longe de ser exaustiva, pode-se antecipar, sem sombra de dúvidas, a enorme dificuldade que enfrentarão pequenos grupos e/ou usinas. Assim, face ao cenário de recuperação que desponta para 2010/11, por que não buscar uma nova ordem onde não se tenham compradores e vendedores, mas, sim, parceiros que irão se unir em busca da resiliência nesse setor de “cara nova”. A reflexão que se propõe é que existe hoje muito mais a unir grupos/usinas do que os separar. Fazer face a tantas mudanças é razão suficiente para buscar uma união, uma aglutinação, que, cercada pelas melhores práticas de governança corporativa hoje disponíveis, proporcionará a perenidade e sustentabilidade de seus negócios. Diferente de uma operação de fusão, onde duas partes normalmente desaparecem para surgimento de outra, ou de uma aquisição, onde uma parte normalmente desaparece para prevalecer outra, o que se propõe é a união, a aglutinação em busca de objetivos comuns – é estar preparado para gozar dos benefícios de um etanol como commodity, de um açúcar com excelente mercado externo, de energia abundante ainda não explorada, o diesel da cana que se desponta e tantas outra excelentes perspectivas para o setor sucroenergético. Enfim, por que não “dar as mãos”?

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Opiniões With the realization of mergers and acquisitions, the sugar-based energy industry quickly developed towards its 1. concentration, 2. verticalization, and 3. internationalization, which will require of the “survivors”, the “resilient” ones, their full commitment to changes. From another perspective, one could say that the resilience of participants in the sugar-based energy industry after the 2008-09 crisis will depend on the agility to identify, understand, accept and implement changes that will be dictated no longer by cyclic crises, but rather by a dynamic and competitive market. Therefore, the excellent scenario projected for the future of sugar, ethanol and co-generation of energy will depend on industry participants’ aptitude to prepare for these changes in the market that will strongly grow the industry. One should emphasize: • more competitiveness, characterized by players taking part in such a way that their investments will no longer be financed by the cash flow from the previous harvest, but rather, by special funds originating from access to capital markets and international lines of credit; • access to international markets that will make customer fidelity and higher product prices possible, along with the exclusion of intermediaries. In this respect, one will see Louis Dreyfuss, Bunge, Renuka, Shell, BP, Petrobras, among others; • access to the logistics organization that will be essential to bring production to market from the new sugarcane frontiers, as well as the traditional ones, by means of pipelines, multi-modal transportation, port terminals, etc; • adaptation to norms related to Brazil’s and the world’s sustainable development, particularly with respect to environmental and labor issues; and • increasingly more transparent and efficient management of costs and risks, with the constant quest for economies of scale, along the same lines of what some of the large groups are currently already practicing. In view of this huge challenge to adapt to the previously mentioned changes, of which only some were listed, one may no doubt predict the enormous difficulty that small groups and/or mills will face. Thus, in light of the recovery scenario expected for 2010/11, why not seek a new order, in which there would be no buyers and sellers, but only partners that would unite to seek resilience in this “new face” industry. The reflexion proposed is based on the notion that nowadays much more exists to unite groups/mills than there is to separate them. To face so many changes is sufficient reason to seek a union, an agglomeration, which, fostered by best practices in corporate governance currently available, will allow for perpetuality and sustainability in their business. Unlike a merger operation, in which two parties usually disappear to make room for a new entity, or an acquisition, in which one of the parties disappears allowing for the other to survive, what one proposes is a union, an agglomeration, in search of common objectives – to be prepared to enjoy the benefits of ethanol as a commodity, of sugar with an excellent foreign market, of abundant energy as yet not explored, of diesel from sugarcane which arises as a possibility, along with so many other excellent perspectives for the sugar-based energy industry. So, why not join efforts?



especialistas e consultores

Opiniões

o fim da bolha do

etanol End of the ethanol bubble

Há cerca de três anos, o setor sucroalcooleiro e seu viés bioenergético voaram alto, mobilizando estratégias econômicas, provocando debates acalorados e ações políticas em todas as esferas governamentais. Agora, os tempos são outros. A constatação é de que a atividade voltou a pisar em terra firme depois de se imaginar em céu de brigadeiro por muito tempo. O mundo virou-se para a produção do etanol como a salvação do planeta em médio prazo, aparentemente disposto a discutir sobre a necessidade de trabalhar com energias mais limpas para frear a incontrolável destruição do meio ambiente. Para nós, isso não é exatamente uma novidade, embora por outros motivos. O programa do etanol no Brasil, o chamado Proálcool, foi criado em resposta à crise do petróleo na década de 1970. A preocupação inicial era encontrar um substituto ao combustível fóssil, cuja política de preço era muito desfavorável ao país em meio a uma condução hostil do produto pelas nações exploradoras de petróleo.

About three years ago, the sugar and ethanol industry, viewed from its bio-energy perspective, enjoyed an excellent phase, drawing up economic strategies, bringing about heated debates and political actions in all government areas. Now times have changed. The assessment is that the activity is back on the ground after its long period of an imaginary blue sky ride. The world turned to the production of ethanol as the planet’s salvation in the medium term, apparently willing to debate the need to work with cleaner energy to slow down the uncontrollable destruction of the environment. For us, this is not exactly a novelty, albeit for other reasons. Brazil’s ethanol program – called Proálcool – was created in response to the oil crisis of the seventies. The initial concern was to find a replacement for fossil fuel, whose price was highly unfavorable for the country, in the context of the hostile handling of the product by oil exploiting nations.

" resta ao nosso álcool mostrar ao mundo sua eficiência e capacidade como novo combustível da humanidade, com empresas mais centradas em seus objetivos alinhados à nova realidade do mercado " Antoninho Marmo Trevisan Presidente da Trevisan Escola de Negócios President of Trevisan Escola de Negócios

A partir daí, o Brasil desenvolvia a matriz energética do etanol sem inibição. Muita pesquisa e polêmica sobre o resultado prático da ação marcaram essa época, já que ninguém acreditava e tão pouco apostava que um dia ela teria peso relevante na economia mundial. Com o álcool destinado à frota veicular ganhando status internacional, terras para o plantio da cana-de-açúcar foram hipervalorizadas, usinas tornaram-se centro do sistema econômico nacional e o capital externo chegou a rodo. Em outra vertente, políticas (algumas oportunistas) foram discutidas e criadas para regular o setor em tempo de expansão. Grupos sociais trataram de reclamar das condições de trabalho dos canavieiros, que de fato eram e ainda são preocupantes.

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Ever since, and with no inhibition, Brazil developed the ethanol energy matrix. This period stood out for the intensive research conducted and the controversy about the initiative’s practical result, given that nobody believed in it and certainly did not bet that some day it would carry relevant weight in the world economy. With ethanol destined for the vehicle fleet gaining international status, the price of land for sugarcane plantations was highly inflated, mills took up center stage positions in the Brazilian economic system and the flow of foreign capital inundated the country. On the other hand, policies (some opportunistic) were discussed and created to regulate the industry in times of expansion. Social groups complained about labor conditions of sugarcane plantation workers, which in fact were and still are reason for concern.



especialistas e consultores Enfim, pelos ingredientes envolvidos, o assunto tornou-se recorrente e irresistível na opinião pública. A especulação correu solta. Falou-se de todas as circunstâncias possíveis em torno do tema. A bolha do setor sucroalcooleiro inflou até explodir alguns meses depois – a crise financeira internacional a partir de setembro de 2008 ajudou a dar mais impacto ao abalo. Ao mesmo tempo, a questão perdeu notoriedade entre os formadores de opinião, mas os destroços ainda estão por aí. O etanol continua ocupando papel importante na linhagem dos combustíveis do futuro, mas não consegue chegar perto da influência, da importância e do posicionamento geopolítico que o petróleo impõe ao mundo – não precisa ser especialista para concluir que boa parte dos conflitos que acontecem hoje no planeta envolve o controle do petróleo. Sem contar que, indiscutivelmente, o combustível fóssil ainda liderará por décadas como matriz energética das grandes nações. Resta ao nosso álcool mostrar ao mundo sua eficiência e capacidade como novo combustível da humanidade, com empresas mais centradas em seus objetivos, alinhados à nova realidade do mercado. Também é preciso provar sua sustentabilidade socioambiental. Caso contrário, cairá por terra seu forte apelo de energia mais limpa e alternativa em relação à alta emissão de gás carbônico provocada pelo consumo de gasolina e óleo diesel de veículos automotores. Quando se trata de demonstrar o seu caráter sustentável, englobam-se principalmente a forma com que define as áreas de plantio da cana-de-açúcar, as relações de trabalho, modelo de colheita e benefícios à sociedade no entorno da unidade produtora. É bem verdade que o setor sucroalcooleiro avançou nas últimas décadas com forte participação de agentes privados e inevitáveis intervenções do Estado. Evoluiu no âmbito da produtividade, mas tropeça ainda na infraestrutura de armazenamento e transporte – um problema, aliás, de todos os setores econômicos, além da questão já citada de compromissos mais sólidos com as práticas de responsabilidade socioambiental no núcleo produtivo. O capital estrangeiro, que abocanhou fatia expressiva do mercado – tanto na hora do boom, quanto depois que a bolha estourou, pagando preços módicos por usinas em estado quase falimentar –, deve dar impulso à internacionalização de tudo o que é produzido na área. O acesso desses grupos de fora no mercado local vai dar novo fôlego a um sistema ainda apoiado no modelo familiar empresarial e pouco profissionalizado. No entanto, isso não acoberta os prejuízos existentes na cadeia produtiva do açúcar e do álcool, principalmente de empresas totalmente nacionais do setor. A falsa ideia de crescimento imediato sem atentar para as intempéries – desde aquelas propiciadas pelo inchaço econômico na área até as condições meteorológicas adversas – gerou incertezas que devem ser supridas neste momento, já que as previsões para o segmento são bastante interessantes. As contas favoráveis são, na verdade, quase as mesmas que existiam há três anos, mas, na época, optou-se pela especulação e euforia em torno da cana-de-açúcar. Isso acabou, e o setor se prepara para o novo momento, agora, com os pés na realidade.

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Opiniões Thus, given the ingredients involved, the subject matter became recurrent and irresistible in the public opinion. Speculation was in everyone’s mouth. All possible angles of the subject matter were talked about. The sugar and ethanol industry’s bubble inflated until it burst a few months later – the international financial crisis that began in September 2008 helped to further enhance the impact. At the same time, the matter became uninteresting for opinion builders, but the debris is still around. Ethanol continues to play an important role in the ranking of fuels for the future, but it is far from exercising the influence and importance, and from having the geopolitical standing, that oil imposes on the world. One need not be a specialist to conclude that a considerable number of the conflicts that nowadays occur around the world involve the control of oil, not to mention that fossil fuel will no doubt, and for decades to come, play the lead role in the energy matrix of the major countries. It is up to our ethanol to show the world its efficiency and capacity as a new fuel for humanity, with companies more focused on their objectives, aligned with the new market reality. It is also necessary to prove its social and environmental sustainability, otherwise its strong appeal as a clean alternative energy with respect to high carbon dioxide emissions caused by gasoline and diesel oil consumption in automobiles will not hold. When the issue is to show its sustainability characteristic, this relates mainly to how sugarcane plantation areas are defined, labor relations, the harvesting model and the benefits for the community living in the vicinity of the production unit. It is true that the sugar and ethanol industry made progress in recent decades, involving intensive participation of private agents and inevitable interventions by the State. It developed in terms of productivity, but it is still subject to shortcomings in storage infrastructure and transportation – actually, a problem for all economic sectors, in addition to the already mentioned issue of more consistent commitments to practicing social and environmental responsibility in any given production center. Foreign capital, which has taken charge of a considerable share of the market – both at the time it boomed and after the bubble burst – paying modest amounts for mills on the verge of bankruptcy -, is expected to boost internationalization of everything produced in this industry. Access by these foreign groups to the local market will provide the system new momentum, supported by a family business model with a low degree of professionalism. However, this will not do away with the existing losses in the sugar and ethanol production chain, mainly in the industry’s fully Brazilian-owned companies. The false notion of immediate growth without taking into consideration the storms – from those caused by the economic bloating of the industry through to adverse climate conditions – caused uncertainties that require taking care of because the outlook for the industry is quite interesting. The favorable accounting is actually almost the same that existed three years ago, but at the time, the option made was for speculation and euphoria with respect to sugarcane. This is now over, and the industry is getting ready for a new time, anchored in reality.


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Opiniões

as soluções .

para um mundo

contemporâneo Solutions for a contemporary world

Consolidado como um dos maiores players do setor sucroalcooleiro, o Brasil tem atraído cada vez mais a atenção internacional, e isso não aconteceu apenas por conta de seus excelentes índices produtivos, terras férteis ou clima privilegiado. Os produtos obtidos a partir da cana-de-açúcar tornaram-se parte da solução em um novo cenário de desenvolvimento sustentável, pois a planta é capaz de produzir energia para as pessoas – por meio de alimentos, para os automóveis – com o etanol, e para as casas – com a cogeração de energia elétrica. A eficiência da cana como solução energética foi reconhecida recentemente por uma das entidades ambientais mais respeitadas do mundo. Após dois anos de pesquisas, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos – EPA, classificou o etanol de cana-de-açúcar como “biocombustível avançado”, com 61% de redução comprovada nos gases de efeito estufa em relação à gasolina. Esse valor é três vezes maior que o obtido pelo etanol de milho, que contou com apenas 21% de redução em relação ao combustível fóssil. É importante ressaltar ainda que, no Brasil, somos detentores das melhores e mais modernas técnicas de pesquisa para o uso do etanol nas mais variadas aplicações. Prova disso é o acordo recentemente firmado entre Cosan e Braskem de fornecimento de etanol hidratado para a produção do chamado “plástico verde”.

" com tantas possibilidades de negócios e um desenvolvimento promissor, é natural que o setor continue atraindo os olhares de grandes investidores e players internacionais, incluindo aqueles que têm interesse em ingressar neste mercado " Pedro Isamu Mizutani

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Presidente da Cosan Açúcar e Álcool President of Cosan Açúcar e Álcool

Consolidated as one of the biggest players in the sugar and ethanol industry, Brazil has increasingly attracted international attention, whereas this has not happened only because of its excellent production indices, fertile land and privileged climate. Products obtained from sugarcane have become a part of the solution in a new scenario of sustainable development, given that the crop is capable of producing energy for people in the form of food, for cars in the form of ethanol and for homes in the form of electric energy obtained from co-generation. The efficiency of sugarcane as an energy solution was recently acknowledged by one of the most respected environmental entities in the world. After two years of research, the Environmental Protection Agency of the United States (EPA) classified ethanol from sugarcane as “advanced biofuel”, with a proven reduction of 61% in greenhouse gases in comparison with gasoline. This figure is three times higher than the corresponding figure for ethanol obtained from corn, in which the reduction was only 21% in relation to fossil fuel. Furthermore, it is important to point out that in Brazil we master the most updated research tech-



produtores Nesse caso, o insumo da Cosan substitui ingredientes provenientes do petróleo, largamente utilizados para a produção de plásticos. Durante cinco anos serão fornecidos, anualmente, 175 milhões de litros deste tipo de etanol à Braskem, e até o transporte será efetuado de maneira menos poluente, por meio do modal ferroviário. Através de uma parceria com a ALL, o transporte será realizado até a planta da Braskem em Triunfo, RS, por meio de trilhos, retirando cerca de quatro mil caminhões das rodovias por ano. A iniciativa contribuirá para uma redução de aproximadamente 90% na emissão de CO2 na atmosfera, comparando-se o transporte ferroviário com o rodoviário. O Brasil também se tornou o maior exportador de açúcar do mundo, em um cenário internacional adverso, com estoques mundiais muito abaixo dos níveis históricos e que precisarão ser recompostos, além dos efeitos ainda sentidos pela quebra de safra da Índia. Neste contexto, o açúcar brasileiro tornou-se a solução para diversos mercados, o que também foi refletido no balanço anual do grupo Cosan. No exercício 2009/2010, mais de três milhões de toneladas da commodity foram comercializadas para o exterior, tendo os destinos mais diversos, como a própria Índia, países árabes e a União Europeia. Todos esses dados mostram que o setor soube atender, de maneira ágil, às necessidades de um mercado consumidor cada vez mais ávido por soluções, sem deixar de suprir as necessidades mundiais de alimentação. E como se isso tudo não bastasse, o bagaço da cana-de-açúcar ainda é convertido em energia limpa e capaz de diversificar as matrizes energéticas brasileiras, especialmente em épocas de seca, quando os reservatórios atingem níveis mínimos. Na safra 2009/2010, a receita obtida com a venda de energia somou R$ 92,4 milhões, totalizando um volume de 569 mil MWh. É importante ressaltar ainda que, mesmo considerando o volume destinado à comercialização, todas as 23 usinas do grupo são autossuficientes em consumo de energia. Atualmente, 11 unidades comercializam seus excedentes por meio de leilão ou de contratos bilaterais, com uma capacidade instalada de 2.500 GWh de energia por ano. Com tantas possibilidades de negócios e um desenvolvimento promissor, é natural que o setor continue atraindo os olhares de grandes investidores e players internacionais, incluindo aqueles que têm interesse em ingressar neste mercado. No entanto, acreditamos que este movimento fortalecerá o setor sucroalcooleiro nacional, possibilitando a criação de multinacionais com características brasileiras, como é o caso de diferentes empresas de outros setores do agronegócio. O Brasil continuará tendo o domínio das técnicas produtivas que revolucionaram este segmento, além das boas práticas de gestão para a retenção dos talentos que levaram o país a se tornar um legítimo representante global do setor. Por isso acreditamos que a chegada de diferentes aportes fortalecerá ainda mais esta área, otimizando as soluções que já oferecemos atualmente e com a chance de ampliar o fornecimento destes serviços (combustível limpo, alimentação de qualidade e energia renovável) a todos os mercados consumidores que buscam soluções renováveis e limpas.

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Opiniões niques for use with ethanol in a variety of applications. Proof hereof is the recently signed agreement between Cosan and Braskem to supply hydrated ethanol for the production of so-called “green plastic”. In this case, Cosan’s input replaces ingredients extracted from oil, which are widely used in plastics. Over a five-year period, 175 million liters of this type of ethanol will be supplied annually to Braskem, and even the transport will take place in a less polluting manner, utilizing the railroad system. By means of a partnership with ALL, the transport will take place to Braskem’s plant in Triunfo (State of Rio Grande do Sul - RS), by rail, thereby removing approximately 4,000 trucks from the roads each year. This initiative will contribute to an approximately 90% reduction in CO2 emissions to the atmosphere, in the comparison of transport by rail versus by road. Brazil has also become the world’s largest sugar exporter, in an adverse international scenario, with worldwide inventory levels far below historical levels, which will need to be replenished, in addition to the still felt effects of a poor harvest in India. In this context, Brazilian sugar became the solution for several markets, which reflected in the Cosan Group’s annual balance sheet. In fiscal year 2009/2010, more than 3 million tons of the commodity were sold abroad, to a variety of destinations, including India itself, Arab countries and the European Union. This data shows that the industry was able to quickly meet the needs of the consumer market, increasingly demanding of solutions, while not neglecting the world’s need for food. On top of all that, sugarcane bagasse is transformed into clean energy and is the factor behind the diversification of Brazilian energy matrixes, especially in times of drought, when reservoirs reach their lowest levels. In the 2009/2010 harvest season, revenues from the sale of energy totaled R$ 92.4 million, with a volume of 569,000 MWh. It is important to point out that even considering the volume destined for sale, all of the group’s 23 mills are self-sufficient in energy consumption. Currently, 11 units sell their surplus in auctions or through bilateral contracts, based on an installed energy capacity of 2,500 GWh per year. With so many possibilities of doing business and a promising development, it is natural that the industry continues attracting the attention of large investors and international players, including those interested in entering this market. However, we believe this trend will strengthen the Brazilian sugar and ethanol industry, allowing the creation of multinational companies with Brazilian characteristics, as is the case of different companies in other areas of agro industry. Brazil will continue to master the production techniques that revolutionized this industry, along with good management practices to retain talent, which made the country a legitimate global representative of the industry. Therefore, we believe the arrival of new entrants will further strengthen this area, optimizing solutions already currently being offered, and with the possibility of expanding the supply of such services (clean fuel, quality food and renewable energy) to all consumer markets in search of renewable and clean solutions.



produtores

Opiniões Opiniões

as conquistas e os

desafios

Achievements and challenges

" Ao final de 2010, praticamente metade da frota brasileira possibilitará ao consumidor decidir abastecer seu automóvel com etanol ou gasolina. Em poucos anos, o país contará com 40 milhões de veículos e 70% deles serão flex. " José Carlos Grubisich Presidente da ETH Bioenergia - Grupo Odebrecht President of ETH Bioenergia - Grupo Odebrecht

O setor de bioenergia brasileiro experimentou grandes conquistas em 2009. O consumo de etanol cresceu 20% e superou pela primeira vez o uso da gasolina no país. Além disso, os elevados investimentos feitos no setor ressaltam a importância desse mercado na economia nacional. Hoje, a cana-de-açúcar está presente em 22 estados brasileiros e emprega mais de 600 mil pessoas. Não por acaso, o segmento representou 1,5% do PIB do ano passado. Em 2010, o cenário não será diferente: a consolidação do setor é uma realidade. Ao mesmo tempo em que o etanol de cana-de-açúcar – energia limpa, renovável e competitiva – está na agenda global de sustentabilidade, a energia elétrica de biomassa, cogerada nas unidades a partir do bagaço da cana, ocupa importante posição na diversificação da matriz energética brasileira, trazendo um panorama novo, promissor e positivo. A consolidação da tecnologia flex, presente em 90% dos novos veículos vendidos atualmente no Brasil, também impulsiona o setor, com a perspectiva de grande crescimento do mercado nos próximos anos. Ao final de 2010, praticamente metade da frota brasileira possibilitará ao consumidor decidir abastecer seu automóvel com etanol ou gasolina. Em poucos anos, o país contará com 40 milhões de veículos e 70% deles serão flex. Internacionalmente, o etanol passou a chamar a atenção de forma positiva. Países que antes utilizavam apenas derivados do petróleo passam a buscar fontes limpas e renováveis de energia em função das suas vantagens ambientais, sobretudo a redução das emissões de CO2. Exemplo disso é o reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) de que o etanol da cana-de-açúcar é um combustível avançado. Soma-se a isso a aprovação, pelo Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia,

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The Brazilian bioenergy industry experienced many achievements in 2009. Ethanol consumption grew 20% and for the first time exceeded the use of gasoline in the country. In addition, the heavy investments made by the industry emphasize the importance of this market for the Brazilian economy. Nowadays, sugarcane is present in 22 of the country’s states and employs more than 600,000 people. It is not by chance that last year this industry represented 1.5% of Gross Domestic Product (GDP). In 2010, this scenario will be no different: the industry’s consolidation is a reality. At the same time that ethanol from sugarcane – a clean, renewable and competitive energy – is on the global agenda of sustainability, electric energy from biomass, co-generated in industrial units from sugarcane bagasse, takes up an important position in the diversification of the Brazilian energy matrix, in what is a new, promising and positive scenario. The consolidation of dual-fuel technology, built into 90% of new vehicles currently sold in Brazil, also fosters the industry, bringing the outlook of much growth in the market in coming years. At the end of 2010, practically half the Brazilian fleet will allow consumers to decide to fill up their car with ethanol or gasoline. In a few years, the country will have 40 million vehicles and 70% of them will run on either fuel. Internationally, ethanol attracted attention in a positive manner. Countries that until then used only oil derivative products started seeking clean and renewable sources due to their environmental advantages, in particular with respect to CO2 emissions. An example hereof is the acknowledgement by the Environmental Protection Agency (EPA) of the United States that sugarcane ethanol is an advanced fuel. In addition, one should consider the approval, by the



produtores da regulamentação do Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono - LCFS, tornando obrigatória a redução em 10% das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, naquele estado, até 2020. Essas medidas do governo norte-americano são importantíssimas e devem favorecer a entrada do etanol brasileiro nesse país. O Japão também vê no etanol da cana uma solução para reduzir a emissão de CO2 e sua dependência em relação a combustíveis fosseis. O governo local trabalha em um projeto para aumentar para até 10% a mistura de etanol na gasolina até 2020, o que criará um mercado potencial de 6 bilhões de litros para o produto brasileiro. Esses movimentos positivos, no âmbito nacional e internacional, apontam para um potencial importante do crescimento da produção e da demanda do etanol. Entre 2006 e 2008, somente o consumo interno brasileiro passou de 12 para 24 bilhões de litros. A tendência é manter esse ritmo, superando os 50 bilhões de litros por ano ao final de 2015. Pensando na demanda que os Estados Unidos poderão gerar, serão mais 15 bilhões de litros em 2022. Aos poucos, a civilização do petróleo abre espaço para combustíveis mais limpos, sustentáveis e, acima de tudo, competitivos. Esse potencial do etanol e suas perspectivas de futuro inauguram uma nova fase de investimentos no setor, estimados em US$ 50 bilhões para os próximos cinco anos. A chegada de novos players, como grandes tradings agrícolas e empresas petrolíferas, além das operações emblemáticas de redesenho do setor - como a associação da Cosan com a Nova América, da francesa Louis Dreyfus com a Santelisa Vale, seguida por Bunge e Moema, Shell e Cosan e pela combinação de ativos da ETH Bioenergia com a Brenco – tomaram conta dos noticiários. Sem falar na entrada da Petrobras no capital da Açúcar Guarani e São Martinho. E não é só isso. Esse movimento deve se intensificar, nos próximos anos, com a consolidação de empresas com escala, tecnologia e grande capacidade de investimentos e confirma a atratividade do negócio e o forte potencial de crescimento do mercado para esse combustível. Hoje, o Brasil é o país mais competitivo na produção de energia renovável e seus derivados, e precisa investir em pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para consolidar e manter essa posição no médio e longo prazo. Os produtores brasileiros precisarão aliar sustentabilidade e competitividade para atingir a alta eficiência necessária para continuar liderando a produção de etanol mundialmente. Além dessa evolução exigida pelo mercado nacional e internacional, o Brasil precisa se estruturar para transportar o etanol para os grandes centros de consumo e facilitar sua exportação. O plano de construção de um alcoolduto que ligará a região produtora de etanol, no Centro-Oeste, ao porto de Santos é hoje a alternativa logística mais competitiva. Os investimentos no projeto estão estimados em R$ 2 bilhões e os benefícios são consideráveis, como a redução no custo do transporte do combustível das novas fronteiras de produção para os mercados consumidores, a diminuição no uso de diesel e a consequente redução na emissão de CO2. Importantes conquistas foram feitas ao longo dos últimos anos, especialmente em 2009 e 2010. Mas, como vimos, o crescimento do setor, nacional e internacionalmente, depende, ainda, de muito trabalho e de significativos investimentos. Chegou o momento de unir forças para que o Brasil possa extrair o máximo desta oportunidade.

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Opiniões Air Quality Council of the State of California, of the Low Carbon Fuel Standard (LCFS), making it mandatory to reduce CO2 and other greenhouse gas emissions in that state, by 2020. These measures by the U.S. government are very important and are expected to be beneficial for the entry of Brazilian ethanol into the country. Japan also sees sugarcane ethanol as a solution to reduce CO2 emissions and its dependence on fossil fuel. The local government is working on a project to increase by up to 10% the mixture of ethanol in gasoline by 2020, which will create a potential market of 6 billion liters for the Brazilian product. These positive initiatives, both domestically and internationally, point to an important growth potential for the production and demand of ethanol. Between 2006 and 2008, Brazil’s domestic consumption alone increased from 12 to 24 billion liters. The trend is to uphold the pace, exceeding 50 billion liters per year by the end of 2015. Thinking in terms of the demand the United States may generate, this will amount to more than 15 billion liters in 2022. Little by little the oil civilization makes room for cleaner, sustainable, and above all, competitive fuel. This potential of ethanol and its perspectives for the future inaugurate a new phase in the industry’s investments, estimated at US$ 50 billion in the next five years. The entry of new players, such as large agricultural trading companies and oil companies, in addition to the emblematic operations that are redefining the industry – such as the association of Cosan with Nova América; of French company Louis Dreyfus with Santelisa Vale, followed by Bunge with Moema, Shell with Cosan, and by the combination of assets by ETH Bioenergia and Brenco – have filled the news pages, not to mention the acquisition by Petrobras of a share in the capital of Açúcar Guarani and São Martinho. But that is not all. This trend is expected to intensify in coming years, with the consolidation of companies in terms of scale, technology, and large investment capacity, and to reiterate the business’ attractiveness and the market’s strong growth potential for this fuel. Nowadays, Brazil is the most competitive in the production of renewable energy and derivative products and must invest in the research and development of new technologies to consolidate and maintain this position in the medium and long term. Brazilian producers will have to combine sustainability and competitiveness to reach the high efficiency needed to continue to lead in the global production of ethanol. Apart from this development required by the domestic and international markets, Brazil needs to get structured to transport ethanol to the large consumer centers and to facilitate its export. The plan to build a pipeline that will link the ethanol producing region in the Midwest to the port of Santos is currently the most competitive logistic alternative. Investments in the project are estimated at R$ 2 billion and the benefits are impressive, including the reduction in transportation costs of fuel from the new production frontiers to consumer markets, the decrease in diesel consumption and the subsequent reduction in CO2 emissions. Important achievements were attained in recent years, particularly in 2009 and 2010. However, as we saw, the industry’s growth, domestically and internationally, still depends on much work and significant investments. The time has come to combine efforts so that Brazil may benefit the most from this opportunity.





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sua resposta é a sua

sentença .

Your answer is your verdict

A capacidade da humanidade de produzir alimento e energia suficientes para a demanda global futura será colocada à prova nas próximas décadas. Trata-se de um desafio monumental, nunca enfrentado antes pelo ser humano, que é garantir a sustentabilidade do planeta e o respeito aos direitos humanos, com o crescimento previsto da população mundial dos atuais 6,7 bilhões para 9 bilhões em 2050. O crescimento populacional vai incrementar as desigualdades sociais e pressionar o uso dos recursos naturais. Certamente, também aumentará a escassez de água, a degradação da terra, a depleição dos estoques de peixes, o consumo de cereais, grãos e carne e a redução da biodiversidade. Além disso, a produção de biocombustíveis a partir da biomassa (cana, milho, soja e algas) deve pressionar o aumento do uso da terra e das águas para a produção de energia. Os sinais de que tempos difíceis virão já podem ser vistos nos dias atuais, como o inequívoco aquecimento global e o pico dos preços dos alimentos e da energia ocorridos em 2008, que somente foi contido pela crise financeira mundial. Tudo isso tem despertado, mais uma vez, a preocupação mundial para a segurança alimentar e para a segurança energética. Hoje, esses temas voltaram a ser prioridade na agenda internacional juntamente com a mudança climática. A outra face da moeda são as oportunidades que um planeta com 9 bilhões de habitantes pode oferecer. Oportunidades como o crescimento econômico, o aumento do investimento em pesquisa científica, o desenvolvimento de novas tecnologias e novos medicamentos, o surgimento de soluções inovadoras na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços, a criação de alternativas para a erradicação da fome e da miséria e a criação de uma nova cultura de sustentabilidade no planeta.

" O jogo da competição evoluirá rapidamente e mudará profundamente as suas regras nos anos vindouros. Estamos preparados para esse novo jogo? Sua resposta é a sua sentença. " Igor Montenegro Celestino Otto

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Diretor Executivo do Grupo USJ Executive Director of Grupo USJ

Mankind’s ability to produce sufficient food and energy to meet future global demand will be put to the test in coming decades. This is an enormous challenge never faced before by human beings, consisting of guaranteeing the planet’s sustainability and respecting human rights, in light of the expected growth of the world population from currently 6.7 billion to 9 billion by 2050. Population growth will increase social inequity and pressure the use of natural resources. Surely it will also increase the lack of water, the degradation of land, the depletion of fish inventories, the consumption of cereal, grain and meat and bring about a reduction in biodiversity. Furthermore, the production of biofuel from biomass (sugarcane, corn, soya and algae) is expected to pressure the increase in the use of land and water to produce energy. Signs that difficult times lie ahead are already to be seen, such as undeniable global warming and the food and energy price peak in 2008, which only stopped with the global financial crisis. All this has again unleashed global concern with food and energy safety. These issues are again priority items on the international agenda, along with climate change. The other side of the coin are the opportunities the planet, with 9 billion inhabitants, has to offer.



produtores Há mais esperança do que medo para a humanidade, pois o ser humano sempre enfrentou grandiosos desafios em seu processo evolutivo, tendo sido vitorioso na batalha pela sua sobrevivência. O pensador Lester R. Brown afirma que a “opção da humanidade é adotar medidas extraordinárias de demanda e redirecionamento dos negócios, similar em escala e urgência à mobilização de resistência ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial. Para isso, quatro componentes serão fundamentais: um enorme esforço para cortar as emissões de carbono em 80% até 2020 a partir dos níveis de 2006; a estabilização da população mundial em oito bilhões de habitantes por volta de 2040; a erradicação da pobreza; e a restauração das florestas, solos e aquíferos. As emissões de dióxido de carbono líquido podem ser cortadas sistematicamente ao se aumentar a eficiência energética e investir significativamente em fontes de energia renováveis. Também devemos banir o desmatamento mundo afora, assim como o fizeram muitos países, e plantar bilhões de árvores para sequestrar carbono. A transição dos combustíveis fósseis para formas de energia renováveis pode ser conduzida ao impor-se uma taxa sobre o carbono, enquanto se oferece certificados com uma redução do imposto de renda. A estabilização da população e a erradicação da pobreza seguem de mãos dadas. De fato, a chave para acelerar a direção rumo a famílias menores é erradicar a pobreza – e vice-versa. Uma forma é assegurar ao menos educação fundamental a todas as crianças. Outra, é fornecer atendimento de saúde básica no nível de pequenas cidades, de forma que as pessoas possam ter confiança de que suas crianças irão sobreviver até a idade adulta. Mulheres em todos os lugares precisam ter acesso à saúde reprodutiva e a serviços voltados ao planejamento familiar. O quarto componente, restaurar os sistemas e recursos naturais da terra, incorpora uma iniciativa em nível mundial para deter a queda nos níveis dos lençóis freáticos ao aumentar a produtividade da água: a mais útil atividade que puder ser extraída de cada gota. Isso implica seguir na direção de sistemas de irrigação mais eficientes e de culturas mais eficazes no uso da água. Em alguns países, isso implica cultivar (e comer) mais trigo que arroz, considerando que o arroz é uma cultura de uso intenso da água. E, para indústrias e cidades, implica fazer aquilo que algumas já estão fazendo, ou seja, reciclar a água continuamente. Ao mesmo tempo, precisamos lançar um esforço em escala mundial visando à conservação do solo, similar à resposta dos Estados Unidos à Dust Bowl dos anos 30. Criar terraços, plantar árvores que sirvam de cinturão contra a erosão decorrente do sopro dos ventos e praticar o plantio direto, quando o solo não é arado e os resíduos da cultura são deixados no campo, estão entre as mais importantes medidas para a conservação do solo”, conclui Lester Brown. Olhando o tema com uma visão estratégica, o setor sucroenergético brasileiro pode ser classificado como parte da solução para os problemas mundiais de segurança alimentar, de segurança energética e da mudança climática. Primeiro, como maior produtora de açúcar do mundo, a agroindústria canavieira do Brasil contribui diretamente com uma das mais importantes matérias-primas da indústria alimentícia global. Depois, como segunda maior produtora de etanol do planeta e com potencial para voltar a

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Opportunities such as economic growth, increase of investments in scientific research, the development of new technologies and new drugs, the appearance of innovative solutions in agriculture, industry, trade and services, the creation of alternatives to eliminate famine and misery and the creation of a new mentality of sustainability on the planet. There is more hope than fear for humanity, because human beings have always faced overwhelming challenges in their evolutionary process, having been successful in their fight for survival. The philosopher Lester R. Brown states that the “option for mankind is to adopt extraordinary measures concerning demand and the re-directing of business, similar in scale and urgency to the mobilization of the resistance in World War II, and that to that end, four components are essential: a huge effort to reduce carbon emissions by 80% until 2020 in comparison with 2006 levels; the stabilization of the world population at eight billion inhabitants around 2040; the elimination of poverty; and the restoration of forests, soil and water systems. Net CO2 emissions can be systematically reduced by increasing energy efficiency and substantially investing in renewable energy sources. We also need to ban deforestation around the world, like many countries did, and plant billions of trees to sequester carbon. The transition from fossil fuel to renewable forms of energy may be accomplished by imposing a carbon tax, while at the same time awarding certificates to reduce income tax. Stabilizing the population and eliminating poverty go hand in hand. In fact, the key to accelerating in the direction of smaller families is eliminating poverty – and vice versa. A means to at least assure all children basic education. Another is to provide basic healthcare at the small town level, so that people can trust that their children will survive to become adults. Women anywhere in the world must have access to reproductive health and to services involving family planning. The fourth component, to restore the Earth’s natural systems and resources, implies a global initiative to deter the decrease in ground water levels and to increase water productivity: the best use one can make of each extracted drop. This means aiming at more efficient irrigation systems and more efficient crops in terms of water use. In some countries, this means to cultivate (and eat) more wheat than rice, considering that rice is a culture that intensively uses water. For industrial plants and towns this means to do what some are already doing, i.e., to continuously recycle water. At the same time, one needs to launch a global effort aimed at soil preservation, like the Dust Bowl initiative of the thirties. To build terraces, to plant trees that act as barriers against erosion resulting from wind gusts and to practice direct planting, in which the soil is not tilled and plant residues are left in the field, are among the most important measures for soil preservation”, concludes Lester Brown. Looking at the issue from a strategic point of view, the Brazilian sugar-based energy industry may be classified as part of the solution for worldwide problems of food safety, energy safety and climate change. First, because Brazil’s sugarcane agro industry is the largest producer in the world, directly contributing one of the most important raw materials of the global food industry.


Opiniões ser a primeira, esta mesma agroindústria canavieira contribui para a solução da demanda de energia combustível veicular no mercado doméstico, mas com capacidade para ter escala de produção para atender o mercado internacional. E, finalmente, como maior produtor de bioenergia do mundo, o setor sucroenergético do Brasil contribui para redução do consumo de energia fóssil. Vale ressaltar, ainda, que o segmento também contribui fortemente para a redução das emissões de gases-estufa. Em resumo, o setor sucroenergético contribui diretamente em todas as frentes de trabalho, identificadas pelo pensador Lester R. Brown, para salvar o planeta Terra. O cenário macroeconômico futuro apresenta oportunidades e ameaças para todos os segmentos produtivos, mas a agroindústria da cana no Brasil possui perspectivas muito boas. Isso deve acelerar a entrada de novos concorrentes no segmento, bem como aumentar o processo de aquisições e fusões pelas grandes companhias. Outra externalidade importante será o aumento do investimento em pesquisa, em tecnologia e em novas aplicações para a cana, seus produtos e subprodutos. Avanços na forma de gestão das companhias e melhoria do perfil da mão de obra também são esperados. Preços competitivos do etanol e seus benefícios ambientais vão pressionar os governos dos países ricos pela abertura de seus mercados. A face do setor sucroenergético brasileiro será completamente diferente nas próximas duas décadas. O jogo da competição evoluirá de forma rápida e mudará profundamente as suas regras nos anos vindouros. Estamos preparados para esse novo jogo? Sua resposta é a sua sentença.

Then, in its capacity as the second largest ethanol producer on the planet, with the potential to again become the number one, this very sugarcane agro industry contributes to the solution for the demand of fuel for vehicles in the domestic market, while having the production capacity to meet world demand. Finally, as the world’s largest bioenergy producer, Brazil’s sugar-based energy industry contributes to reducing fossil energy consumption. One should further point out that the industry also strongly contributes to the reduction of greenhouse gas emissions. In summary, the sugar-based energy industry directly contributes on all work fronts identified by the philosopher Lester R. Brown, on how to save the planet. The future macro-economic scenario offers opportunities and poses threats for all productive industries, but the outlook for Brazil’s sugarcane agro industry is excellent. This is expected to accelerate the entry of new competitors in the industry, as well as to increase the acquisition and merger process of large companies. Another important development will be the increase of investments in research, technology and new applications for sugarcane, its products and sub-products. Progress in the ways companies are managed and a better labor profile are also expected. Competitive ethanol prices and ethanol’s advantages for the environment will pressure rich country governments to open their markets. The Brazilian sugar-based energy industry’s profile will be completely different in the next two decades. Competition will develop quickly and will fundamentally change its rules in coming years. Are we ready? Your answer is the verdict.


entidades

Opiniões

os desafios e a competência para vencê-los Challenges and the competence to overcome them

" poderemos, somente aqui em Goiás, ofertar até 2013 mais de 1.700 MW de energia (equivalente ao consumo de energia do estado), suficientes para espantarmos o fantasma do racionamento e viabilizar os projetos das usinas " André Luiz Baptista Lins Rocha Presidente do Sifaeg e do Sifaçúcar – Goiás President of Sifaeg and Sifaçúcar – Goiás

Espero que o setor sucroenergético tenha aprendido algumas lições no ano de 2009. O setor não tem um planejamento do total do que precisa ou deva produzir. O produtor, um otimista convicto, aposta que sempre haverá comprador, não obstante as dificuldades para transformar o etanol em uma commodity. A aposta é feita basicamente no mercado interno, diante da crescente demanda da ampliação da frota flex. A produção, este ano, será superior a de 2009, apesar das perdas com a estiagem, devido à entrada em operação de novas unidades e ampliação da produção de outras, havendo um incremento na produção de açúcar e de etanol. Alguns investimentos estão sendo adiados em função da falta de capital de giro do produtor que teve prejuízos com os preços praticados no ano passado. O problema da remuneração deve acelerar a fusão de alguns grupos, levando à concentração do setor, em virtude do cenário econômico que deve inibir o mercado de bolsa de valores e onerar o crédito, fazendo os produtores mais alavancados se aliarem ou venderem suas empresas. E como não bastassem todos esses problemas e desafios, o setor ainda tem que lidar com uma questão extremamente importante e por que não dizer estratégica: a falta de mão de obra qualificada e a dificuldade de fornecedores de máquinas e equipamentos. O setor tem feito parcerias com o Senai e Senar para treinar profissionais, mas enfrenta o “canibalismo” do aparecimento de vários projetos ao mesmo tempo. O cenário, contudo, tende a se estabilizar. Ao mesmo tempo, o setor industrial, que viveu períodos de estagnação no crescimento, não estava preparado para a demanda crescente de encomendas e agora busca ampliar sua produção para atender o crescimento do país. A luz no fim do túnel é a perspectiva do governo federal de se resolverem os problemas da conexão das usinas à rede e, com isso, viabilizar os investimentos em cogeração de energia a partir da queima da palha e do bagaço de cana. Assim, poderemos, somente aqui em Goiás, ofertar até 2013 mais de 1.700 MW de energia (equivalente ao consumo de energia do estado), suficientes para espantarmos o fantasma do racionamento e, com isso, viabilizar os projetos das usinas. Goiás é hoje o segundo estado produtor de energia através da biomassa e a expectativa é que, até 2020, estejamos produzindo cerca de 3.000 MW (2.000 MW para venda).

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I hope the sugar-based energy industry learned some lessons in 2009. The industry lacks the planning of the total it needs or must produce. The producer, a born optimist, always bets there will be a buyer for his production, notwithstanding difficulties faced in transforming ethanol into a commodity. This bet is basically on the domestic market, in light of growing demand resulting from the increase in numbers of the dual-fuel car fleet. Production this year will be higher than in 2009, albeit the losses that will be incurred with the long-lasting drought, due to the start-up of new units and production growth in others, with an increase in the total production of both sugar and ethanol. Some investments are being postponed mainly due to producers’ lack of working capital on account of losses incurred due to the prices practiced last year. This remuneration issue will probably speed up the merger of some groups, resulting in the industry’s concentration, in light of the economic scenario that will inhibit the stock exchange market and make lending more costly, forcing more leveraged producers to unite or sell their companies. Furthermore, as if all these problems and challenges were not enough, the industry must deal with an extremely important – and why not say it – strategic issue, which is the lack of qualified workers and the difficulty faced by suppliers of machines and equipment. The industry celebrated partnerships with Senai and Senar to train professionals, but faces “cannibalism” in the form of several projects appearing at the same time. This scenario, however, tends to stabilize. At the same time, the industrial sector, which experienced periods of growth stagnation, was not prepared for the growing demand in orders and now seeks to grow its production to meet the country’s growth. The light at the end of the tunnel is the federal government’s perspective of resolving problems in hooking-up mills to the network, making it feasible to invest in energy co-generation by burning sugarcane straw and bagasse. Here in Goiás alone, we may be able to, by 2013, supply more than 1,700 MW of energy (equivalent to the State’s energy consumption), and sufficient to scare off the ghost of rationing, thereby rendering mill projects feasible. Goiás, nowadays, is the second energy producing state using biomass and expectations are that, by 2020, we will be producing approximately 3,000 MW (2,000 MW for sale).



entidades Antes disso, em 2015, cerca de 15% da eletricidade gerada no país deverá ser proveniente de biomassa. Podemos dizer que a agroenergia é, literalmente, a salvação da lavoura, pois, além de gerar a energia de que o país precisa, com ela, o empresário consegue viabilizar seus empreendimentos. Hoje, Goiás tem 34 unidades em produção, sendo o quarto maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil (podendo tornar-se o terceiro este ano), o quinto de açúcar e o segundo de etanol. A nossa produção de etanol em 2009, cerca de 2,2 bilhões de litros, foi maior que toda a produção do nordeste brasileiro. Em 2008, nosso setor tInha 92 mil colaboradores diretos. Goiás mais do que triplicou seu PIB, vem gerando empregos acima da média nacional. E o setor sucroenergético é um dos principais agentes desse desenvolvimento. Nas pesquisas do IBGE e nos indicadores do CAGED, sempre os municípios que possuem usinas aparecem como campeões em geração de emprego. Além disso, os investimentos do setor fizeram com que as terras goianas se valorizassem e com que novas oportunidades aparecessem em todo o interior do estado. O setor agora procura investir em eficiência, melhorando sua produtividade no campo (mais toneladas por hectare e mais litros de álcool ou quilos de açúcar por hectare), graças aos investimentos em pesquisa em parcerias com as nossas universidades (destacando-se a UFG - Rede Ridesa), Embrapa e empresas particulares (CTC e Canaviallis), estando agora próximo de obter as primeiras variedades de plantas concebidas para as particularidades de nossa região. As empresas do setor investem, também, para diminuir seus resíduos, aproveitando-os, como a vinhaça e a torta de filtro (utilizados na fertilização), consumindo cada vez menos água. Vale ressaltar que a empresa goiana Jalles Machado recentemente ganhou prêmio da ANA - Agência Nacional de Águas- pelo uso racional de seus recursos hídricos. Neste momento, abre-se uma nova e promissora fronteira para nossas unidades com a utilização da cana-de-açúcar para fabricação de plásticos “verdes” (como nas novas garrafas da coca-cola) e a produção de hidrocarbonetos (produção de gasolina e diesel a partir da cana), viabilizando uma forte indústria alcoolquímica. Devemos ter uma safra recorde este ano: 48 milhões de toneladas de cana (aumento de 20%), 1,8 milhões de toneladas de açúcar (32% de crescimento) e 2,8 bilhões de litros de etanol (aumento de 33%). Tudo isso com um aumento de consumo de 30%. Toda essa produção acontece com a ocupação de pouco mais de 1% das terras de nosso estado (a pecuária ocupa 35% e a soja 8%). A importância do setor torna-se, assim, mais evidente. Temos um grande problema de mercado, pois mais da metade de nossa produção é vendida para fora do estado (principalmente DF, TO e nordeste brasileiro). O tão sonhado alcoolduto tem previsão de ir de Paulínia até Uberaba (não antes de 2012, e esperamos que chegue em breve a Itumbiara, GO). O setor tem feito inúmeros esforços para que esse importante modal de transporte da produção alcooleira chegue pelo menos até Itumbiara. Os dutos, além de mais baratos, são mais eficientes pois reduzem a emissão de CO2 (dos caminhões), além de diminuir o tráfego e, consequentemente, os gastos em conservação de nossas rodovias. Além do alcoolduto, a hidrovia – Tietê-Paraná (a partir de São SimãoGO) e a ferrovia Norte-Sul (com previsão de término até 2011), minimizariam o problema, restando as dificuldades de armazenamento e dos custos portuários. Os desafios são muitos. Maiores do que eles só a certeza que o setor sucroenergético tem da vontade e da competência para superá-los.

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Opiniões Before that, in 2015, approximately 15% of the electricity generated in the country may come from biomass. One may say that agro-energy is truly the salvation of the crop, because apart from generating the energy the country needs, with it, entrepreneurs can make their projects viable. Nowadays, Goiás has 34 producing units and is Brazil’s fourth largest sugarcane producer (it may become the third this year), the fifth largest of sugar and the second largest of ethanol. Our ethanol production in 2009, about 2.2 billion liters, was higher than the entire production of Northeast Brazil. In 2008, our industry had a directly employed workforce of 92,000. Goiás more than tripled its GDP and has been growing and generating jobs above the national average. The sugar-based energy industry is one of the main agents in this development. In IBGE surveys and CAGED indicators, it is always the towns that have mills that appear as the champions in job generation. Furthermore, investments in the industry resulted in the valorization of land in Goiás, giving cause to the arising of new opportunities throughout the state’s territory. The industry now seeks to invest in efficiency, improving its productivity in the field (more tons per hectare and more liters of ethanol or kilos of sugar per hectare), thanks to investment in research, in partnership with our universities (foremost, UFG of the Ridesa network), Embrapa and private companies (CTC and Canaviallis), and it is now close to obtaining the first varieties of plants conceived for the peculiarities of our region. Companies in this industry also invest to increasingly decrease its waste, such as lignase and filter cake (used for fertilization), consuming increasingly less water. One should point out the the company Jalles Machado, of Goiás, was recently granted an award by ANA - Agência Nacional de Águas (National Water Agency) for the rational use of its hydric resources. At the current point in time, a new and promising frontier is being opened for our units for utilization of sugarcane to produce “green” plastic (like the material used on Coca-Cola bottle caps) and hydrocarbons (production of gasoline and diesel from sugarcane), making it feasible for a strong ethanol-based chemical industry to develop. We should achieve a record harvest this year: 48 million tons of sugarcane (20% increase) 1.8 million tons of sugar (32% growth) and 2.8 billion liters of ethanol (33% increase). All this, along with a 30% increase in consumption and all this production using only a little more than 1% of our State’s land (cattle breeding uses 35 % and soya 8%). The industry’s importance becomes evident. We have a major market problem, given that more than half our production is sold outside the state (mainly to the Federal District, Tocantins and the Brazilian Northeast). The much desired ethanol pipeline is planned to run from Paulínia to Uberaba (not before 2012 and we hope it will soon reach Itumbiara in Goiás). The industry has made a lot of effort so that this important transportation modality of ethanol production at least reaches Itumbiara. Pipelines, apart from cheaper, are more efficient since they reduce (trucks’) CO2 emissions, and also diminish traffic, and hence, expenses incurred with the maintenance of our highways. Apart from the ethanol pipeline, the waterway Tiete – Paraná (beginning in São Simão-Goiás) and the NorthSouth railroad (scheduled for conclusion by 2011), would attenuate the problem, leaving only the storage problems and port costs. There are many challenges, but bigger than those is only the certainty that the sugar-based energy industry has the will and the competence to overcome them.



entidades

cenário atual

Opiniões

do setor sucroalcooleiro

Current scenario in the sugar and ethanol industry

" tivemos, nas duas últimas safras, a lição, por vezes esquecida, de que a oferta de energia oriunda da biomassa verde requer atenção especial no seu dimensionamento quando se considera a influência climática como redutor ou estimulador da mesma " Pedro Robério de Melo Nogueira Presidente do Sindaçúcar - Alagoas President of Sindaçúcar - Alagoas

A dinâmica que vem sendo observada pelo setor sucroenergético nacional nos últimos anos vem sendo motivada pela expectativa de uns e a certeza de outros sobre a necessidade de se produzir energia e consumi-la de forma sustentável, isto é, sem impor riscos à condição de vida do homem e ao ambiente em que ele vive, sustentando-se, assim, nessa harmonia de convivência entre a produção, seu desenvolvimento, sua eficiência, seu uso e a possibilidade de não agressão ao ambiente e ao ciclo evolutivo natural das espécies. Os energéticos advindos desse processo se constituem na chamada energia alternativa, aquela que se consolidou por séculos a fio, originada nas reservas fósseis que a natureza disponibiliza. Nos últimos tempos, essa opção energética – tida antes apenas como complementar – vem sendo fundamentada em conceitos de eficiência energética, inserção social e autossustentabilidades ambiental. A aptidão brasileira para a produção de cana-de-açúcar em larga escala em bases economicamente competitivas e sustentáveis transformou-nos no maior espaço do globo nessas opções de investimentos. A poupança interna que o setor doméstico havia acumulado no decorrer de muitos anos passou a ser direcionada para a expansão das unidades produtoras existentes e algumas aquisições de unidades em operação, movimento que foi, imediatamente, sequenciado por uma maciça destinação de recursos de investidores institucionais fora do setor, localizados no país e no exterior, sustentada, também, por um forte apoio do BNDES. Esse movimento de aumento de oferta pelo expressivo aumento da produção já era majoritariamente amparado num vigoroso aporte de capitais de investidores externos, que passaram a adquirir participações em empresas e construções de novas unidades produtoras. Em que pese esse aumento de oferta não ter correspondido a um equivalente aumento na demanda por etanol, principalmente pelo exterior, causando uma depressão indesejada nos preços e na receita das empresas, não se constatou um recuo nos investimentos que viessem a colocar em cheque a excelente oportunidade de aplicação de recursos nessa atividade verificando-se, apenas,

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The dynamics taking place in the Brazilian sugar-based energy industry in recent years has been caused by expectations of some, and the certainty of others, about the need to produce energy and consume it in a sustainable manner, i.e., without imposing risks on human life and the environment in which humans live, thereby basing itself on this existential harmony among production, its development, its efficiency, its use and the possibility of not adversely impacting the environment and the natural evolutionary cycle of living beings. Energy resulting from this process is referred to as alternative energy, in contrast to the energy which has consolidated over the centuries, based on fossil reserves made available by Nature. In recent times, this energy option – before accepted as merely supplementary – is in the process of being anchored to concepts of sustainable energy efficiency, social insertion and environmental self-sustainability. The Brazilian capacity to produce sugarcane on a grand scale, in an economically competitive and sustainable manner, made us the host to the world’s largest space for such investment options. Domestic savings, accumulated over many years, started to be directed to the expansion of existing production units and the acquisition of some operational units, in what was a trend immediately followed by a large amount of funds allocated by industry-external institutional investors, both in the country and abroad, and sustained by strong support from the BNDES. The increase in supply due to the significant increase in production predominantly resulted from the major allocation of capital by foreign investors, which started acquiring equity in companies and investing in the construction of new production units. In so far as this increase in supply was not matched by an equivalent increase in demand for ethanol, mainly from abroad, causing prices and company revenues to unwantedly decline, one could not observe a receding in investments that might have endangered the excellent opportunity to invest funds in this activity in Brazil, but only adaptations to investment time schedules and to the start-up of new industrial units.



entidades adequações de cronogramas de investimentos e de início de operação para novas unidades industriais no Brasil. Paralelamente, tivemos, nas duas últimas safras, a lição, por vezes esquecida, de que a oferta de energia oriunda da biomassa verde requer atenção especial no seu dimensionamento quando se considera a influência climática como redutor ou estimulador da mesma. Verificamos, pois, essa verdade inexorável. No primeiro momento, a abundante oferta e não confirmação da opção do exterior pelo etanol na escala prevista. No segundo momento, um ajuste natural pela inibição da oferta de produtos finais pelos efeitos climáticos, normais em atividades agrícolas. Tudo isso acompanhado pelo exuberante acréscimo do mercado interno de etanol, consequência da consolidação do carro flex como opção do consumidor e a plena utilização do etanol como combustível nos mesmos. Assistimos, pois, nos últimos cinco anos, de forma clara, a movimentos pertinentes à expansão do setor sucroenergético, que muito contribuirão para o desenvolvimento setorial: a. forte expansão doméstica nas próprias unidades produtoras em operação; b. vigoroso ingresso de capital de investidores institucionais, proporcionando uma acelerada expansão de ofertas, inclusive com novas plantas industriais implantadas; c. expressiva participação do banco governamental oficial de fomento nos financiamentos, notadamente para aumento da oferta de energia cogerada a partir do bagaço de cana; d. confirmação, pois, por tudo isso, da nossa capacidade nacional de resposta e de viabilidade na expansão da oferta com viabilidade econômica e sustentabilidade; e. constatação da progressiva e não acelerada cadência na conquista de mercados externos para o etanol, quer seja pela remoção de tarifas inibidoras de acessos, quer seja pela progressiva conscientização na adoção de combustíveis de baixo teor de carbono e mais amigáveis ao meio ambiente; f. planificação da oferta levando em conta, não só os projetos, mas, também, uma avaliação acurada da possibilidade climática da produção agrícola, a capacidade de processamento industrial dessa oferta real e o rendimento industrial efetivo que se transforma em produtos industriais disponíveis; g. finalmente, o consistente crescimento da demanda interna pela confirmação do mercado doméstico de etanol consumido pelo crescente uso dos carros flex. Daqui para frente, ficam estas reflexões e as seguintes certezas: a adoção do etanol como combustível alternativo à opção de combustíveis com alto carbono é inexorável, considerando, inclusive, a nossa participação privilegiada na inovação tecnológica de produção nas novas gerações de tecnologia de produção; os novos projetos implantados deverão procurar, daqui para frente, a eficiência de produção, algumas vezes, negligenciada em momentos de forte expansão; o balanço de oferta e demanda de energia elétrica se configura como requerente de um modelo institucional que recepcione, de forma efetiva e duradoura, a energia cogerada pelo bagaço de cana; a melhoria de renda per capita nacional em alguns países nos permite asseverar que o açúcar continuará tendo um crescimento sustentado, inclusive quando se considera a alta competitividade econômica do Brasil frente aos cenários estáveis atuais de preço e a potencialidade da pesquisa genética na obtenção de novas variedades de canas com melhores resultados econômicos. A decisão agora é a otimização dos projetos implantados na procura de eficiência e aumento de produtividade para sequenciar o novo ciclo de expansão.

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Opiniões Concurrently, in the last two harvest seasons, we learned the lesson - forgotten at times -, that the supply of energy resulting from green biomass requires special attention when one goes about quantifying it, since one must take into account climate influence, either as a reducer or enhancer of such energy. This relentless reality stands out. In a first moment, because of the abundant supply and the nonconfirmation of the favorable option for ethanol from abroad, to the foreseen extent. In a second moment, a natural adjustment resulting from the lack of supply of final products due to the influence of the climate takes place, quite normal in agricultural activities. All this in combination with the impressive increase in the domestic ethanol market as a consequence of the consolidation of dual-fuel vehicles as an option for Brazilian consumers and the unrestricted use of ethanol as fuel in such vehicles. Hence, in the past five years, what we saw happening in a very clear manner, were all these trends towards expansion in the Brazilian sugar-based energy industry and we could corroborate realities that will greatly contribute to the industry’s development: a. major domestic expansion of production units in operation; b. vigorous inflow of capital through institutional investors, allowing for the speedy expansion of supply, also with respect to newly installed industrial plants; c. major participation by the official development bank in expansion financing, notably to increase the supply of cogenerated energy from sugarcane bagasse; d. hence, through all this, the confirmation of our local capacity to respond and the feasibility of expanding supply in an economically viable and sustainable manner; e. the observation that foreign markets for ethanol are progressively being opened at a slow pace, be that due to the removal of inhibiting entry tariffs or due to the progressive awareness of the importance of using low carbon content fuel, friendlier to the environment; f. planning supply, taking into account not only projects, but also a stringent assessment of the climatic possibility for agricultural production, the industrial processing capacity of such actual supply and the actual industrial yield that is transformed into available industrial products; and, g. finally, the consistent growth of domestic demand, as asserted by the growing consumption of ethanol in dual-fuel cars. From now on, the following considerations and certainties will remain: the use of ethanol as alternative fuel - to high carbon content alternative is unavoidable, also considering our privileged participation in technological production innovation in new production technology generations; the newly installed projects will, from now on, have to seek production efficiency, at times neglected when intensive expansion is in progress; the balance between supply and demand of electric energy requires an institutional model that, in a long-lasting and effective manner, obtains energy co-generated from sugarcane bagasse and improves Brazilian per capita income, while also assuring that in some countries sugar will continue to grow in a sustainable manner, even in light of high competitiveness from Brazil, given current stable price levels and the potential of genetic research to obtain new sugarcane varieties with better economic results. The decision now is to optimize the implemented projects to achieve efficiency and the increase in productivity aiming at the new expansion cycle.



entidades

indústria da bioenergia:

um cenário

promissor Bioenergy industry: a promising scenario

Como todos os demais setores econômicos, a indústria de bioenergia do Brasil foi bastante afetada pela crise mundial, ocorrida a partir do último trimestre de 2008, e que se estendeu ao longo de 2009, abalando mercados e criando um cenário sombrio que, acreditavase, poderia perdurar por muito mais tempo. Felizmente, o mundo conseguiu superar essa fase difícil, ainda que muitos países continuem a registrar crescimento econômico inexpressivo, mas na expectativa pela chegada de tempos melhores. Para o setor, o impacto da crise foi sentido, principalmente, no adiamento de projetos de expansão, desacelerando-se investimentos como a construção de novas unidades produtoras em vários estados ou mesmo a modernização de estruturas. E se por um lado o mercado internacional de etanol esbarrou na crise, deixando de acontecer da forma como se esperava, no plano interno, a demanda continuou aquecida. Claro que o momento de depressão mundial também atingiu o Brasil – e a própria queda do PIB, em 2009, revela que a pancada foi forte, obrigando a realização de fusões ou incorporações no setor. Mas reagimos mais rapidamente do que outros países, retomando uma escalada de crescimento que pode ser vigorosa em 2010, a se considerar pelo que já se viu no primeiro semestre. De qualquer forma, podemos dizer que, a exemplo do que ocorre em outros segmentos, o atual cenário é promissor para a

Like all other economic sectors, Brazil’s bioenergy industry was considerably affected by the world crisis that took place in the last quarter of 2008 and continued throughout 2009, impacting markets and creating a dark scenario that, so one believed, would last much longer. Fortunately, the world was able to overcome this difficult phase, even though many countries continue to register inexpressive economic growth, while however believing in the coming about of better times. For the industry, the crisis’ impact was felt, mainly due to the postponement of expansion projects, the deceleration of investments, such as in building new production units in several states, or even in the modernization of structures. And, if on the one hand the international ethanol market was faced with the crisis and ceased to develop as expected, in the domestic market demand continued at a high level. Of course the world recession also affected Brazil – and even the decrease in GDP in 2009 shows the impact was strong, forcing mergers and incorporations to take place in the industry. However, we reacted faster than other countries, picking up growth that may be quite vigorous in 2010, based on what one saw in the first semester. Anyhow, one can say that, like in other sectors, the current scenario is promising for the bioenergy industry, taking into account, in this context, ingredients of international scope. The shortfall in the production of India

" no Paraná, a atividade canavieira está presente em mais de 130 municípios, sendo um dos pilares da economia estadual, gerando 85 mil postos de trabalho e cerca de 500 mil indiretos " Miguel Rubens Tranin

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Presidente da Alcopar - Paraná President of Alcopar - Paraná


Opiniões indústria de bioenergia, levando-se em conta, nesse contexto, ingredientes do âmbito internacional. A quebra da produção açucareira na Índia em 2008/2009 fez do Brasil o principal fornecedor mundial, criando uma excelente oportunidade para a recuperação das unidades produtoras. A esse fator juntou-se, mais recentemente, o problema de grandes proporções sob o ponto de vista ambiental, ocorrido com a exploração de petróleo no Golfo do México. Tal fato, levando-se em conta que as fontes de petróleo encontram-se cada vez mais em camadas profundas, estando sujeitas a acidentes como o citado, acabou fazendo com que o etanol voltasse para a vitrine. Combustível renovável, extraído de fonte limpa, o etanol foi revestido, outra vez, do status de alternativa viável e merecedora da atenção por parte da opinião pública internacional, o que coloca os produtores brasileiros em situação privilegiada. Com isso, podemos dizer que hoje as diferentes etapas da cadeia produtiva da atividade canavieira no país estão sendo remuneradas. Não se pode afirmar que seja, ainda, uma remuneração que estimula a retomada de investimentos, mas é um incentivo para quem atua nessa área há décadas e está sempre à mercê de altos e baixos. Sabemos que as dificuldades vão existir sempre. Contudo a preocupação em buscar competitividade e trabalhar com o máximo de profissionalismo leva-nos a pensar que estamos diante do início de uma nova fase para o setor. Se em 2010 já respiramos com algum alívio, acreditamos que o ano de 2011 será muito melhor para os produtores brasileiros. Importante frisar que ainda perduram elevadas taxas para financiamentos e dificuldades de créditos devido à inexistência de garantias. E sobre a cogeração de energia, entendemos que isso deverá ocorrer de forma gradativa, não só pela necessidade de novas fontes de energia, mas, principalmente, como alternativa para a queima da cana, pois o aproveitamento da palha no processo de cogeração otimiza as indústrias e cria uma nova fonte de remuneração. No Paraná, um dos nossos principais desafios para os próximos anos é a construção de um poliduto ligando Maringá, na região norte do estado, ao município de Araucária (centro de distribuição para o mercado interno) e o porto de Paranaguá. Para isso, foi formalizada recentemente uma parceria entre o setor, o governo do Estado, a Copel (companhia de energia elétrica) e a Compagas. Com esse poliduto, cujo estudo de viabilidade encontra-se em andamento, esperamos tornar ainda mais competitivo o etanol paranaense – e a previsão é que fique pronto em 2014, com cerca de 500 quilômetros de extensão e investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. Numa segunda etapa, o setor de bioenergia do estado do Mato Grosso do Sul deverá participar do projeto. Com suas 30 unidades produtoras, sem contar as que atuam com biodiesel, o Paraná avança firmemente, contando com fatores que contribuem para o seu desenvolvimento. A atividade canavieira está presente em mais de 130 municípios, sendo um dos pilares da economia estadual, gerando 85 mil postos de trabalho e cerca de 500 mil indiretos. No mais, resta-nos saber extrair lições da crise e prosseguir adiante. O futuro reserva-nos um papel especial nesse cenário.

in 2008/2009 made Brazil the main world supplier, creating an excellent opportunity for the recovery of production units. In addition, more recently, the enormous problem, from the environmental perspective, caused by oil exploration in the Gulf of Mexico. This fact, considering that oil sources are increasingly to be found at greater depths, and hence, are subject to accidents like the one mentioned before, resulted in that ethanol is back in the showcase. Being a renewable fuel, extracted from a clean source, ethanol again was elevated to the status of a viable alternative that deserves attention of the international public opinion, placing Brazilian producers in a privileged situation. Thus, one may nowadays state that the different phases of the production chain in the sugarcane industry, in Brazil, are being compensated. One cannot, as yet, state that such compensation is adequate to foster the picking up of investments, but it is an incentive for who has been performing in this industry for decades and has always been exposed to the ups and downs. We know there will always be difficulties: however, the preoccupation with seeking competitiveness and working with maximum professionalism, leads us to believe that we are facing the beginning of a new phase for the industry. If in 2010 we were already somewhat relieved, we believe that 2011 will be much better for Brazilian producers. It is important to point out that financing rates are still very high and there are difficulties to obtain credit given the lack of guarantees. As related to the co-generation of energy, we believe this will occur gradually, whether due to the need for new energy sources or mainly as an alternative to burning sugarcane, given that the use of sugarcane straw in the cogeneration process optimizes mills and creates a new source of income. In Paraná, one of our greatest challenges in coming years is to build a multiple-purpose pipeline linking Maringá, in the North of the state (a distribution center for the domestic market) to the port of Paranaguá. To that end, recently a partnership was formalized between the industry, the state government, Copel (the power utility company) and Compagas. With this pipeline, whose feasibility is under assessment, one hopes to make even more competitive the ethanol produced in Paraná – and expectations are the pipeline will be ready in 2014, will be about 500 km long and will require investments of about R$ 1 billion. In a second phase, the bioenergy industry of the State of Mato Grosso do Sul is expected to join the project. With its 30 production units, not to mention the diesel producing ones, Paraná is strongly moving ahead, relying on factors that contribute to its development. Activities in sugarcane take place in more than 130 municipalities and it is one of the pillars of the State’s economy, generating 85,000 jobs and indirectly another 500,000. In addition, we need to learn the lessons the crisis has taught us and move forward. The future reserves us a special role in this scenario.

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entidades

Opiniões

a preparação para um

novo ciclo

Preparing for a new cycle

" O setor caminha para um novo ciclo de investimento. Os grupos empresariais estão muito mais maduros, cautelosos e com maior disciplina. Planejamento é a palavra de ordem." Luiz Custódio Cotta Martins Presidente do Siamig e do Sindaçúcar - Minas Gerais President of Siamig and of Sindaçúcar - Minas Gerais

A safra 2010/11 do setor sucroenergético brasileiro tem tudo para ser uma safra de recuperação. Um fôlego para as empresas, duramente atingidas pela crise financeira de 2008 no meio de um forte ciclo de investimento ocorrido nos anos anteriores. Depois de um período conturbado, o mercado voltou a dar sustentação para o início de um novo período de crescimento. Contudo, tal decisão virá em outro contexto, diferente daquele que impulsionou o último ciclo, marcado por uma estrutura produtiva mais madura, com um nível de profissionalização grande garantindo um melhor planejamento das decisões. O último ciclo de investimentos deixou alguns traumas e, principalmente, lições para o futuro. Para entendê-los, voltemos um pouco ao passado, analisando os fundamentos e as consequências que as decisões empresariais provocaram na estrutura produtiva do setor no Brasil durante esse período. Esse ciclo propiciou ao setor mais que dobrar a produção de cana nos últimos 10 anos e foi baseado em três fundamentos: 1. preço do petróleo com a busca de uma opção ao óleo caro; 2. mercado interno de etanol a partir do lançamento e aceitação pelo consumidor dos veículos flex, e 3. preocupação com as mudanças climáticas e a busca de um combustível renovável e limpo. Com base nesses pilares, todas as usinas do Brasil realizaram algum tipo de expansão. Acreditava-se que o País manteria sua participação no mercado mundial de açúcar, aumentaria fortemente as vendas de etanol no mercado interno e haveria uma forte abertura para o etanol no mercado externo. O setor brasileiro era caracterizado pela forte presença da gestão familiar e uma participação muito tímida do capital estrangeiro. A mudança dessa estrutura deixou um grande trauma para o setor. Diversas empresas administradas por famílias, muitas delas sendo responsáveis pelo status quo da nossa atual produção, tiveram que vender seus negócios. Os fundos de investimentos que entraram no Brasil com grande apetite, as multinacionais que entraram no setor pagando altos valores pelos ativos, além de outros grupos nacionais que viam no setor uma forma de diversifi-

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The Brazilian sugar-based energy industry’s 2010/11 harvest season appears to be one of recovery. A relief harvest for companies hard hit by the 2008 financial crisis, in the course of the strong investment cycle that took place in previous years. Following a turbulent period, the market has rebounded to a sustainable start of a new growth period. However, such decision will take place in another context, different from the one that drove the previous cycle, characterized by a more mature production structure, with a high degree of professionalization warranting better planning of decisions. The previous investment cycle caused some commotion and more importantly, left lessons for the future. In order to understand them, let us go back a little to analyze the fundaments and the consequences that entrepreneurial decisions brought about in Brazil’s production structure in this period. This cycle allowed the industry to more than double sugarcane production in the past 10 years, based on three fundaments: 1. The oil price, with the quest for an alternative to expensive oil. 2. The domestic ethanol market, based on the launching, and consumers’ acceptance, of dual-fuel vehicles. 3. The concern about climate change and the quest for a renewable and clean fuel. Based on these three pillars, all mills in Brazil undertook some kind of expansion. One believed that the country would uphold its share of the world sugar market, that it would greatly increase ethanol sales to the domestic market and that a significant opening of foreign ethanol markets would occur. This Brazilian industry was characterized by predominantly family management and very limited participation of foreign capital. The change of this structure caused major commotion in this industry. Several companies managed by families, many of which were responsible for the current status of our production, had to sell their business. Investment funds that had entered Brazil with much appetite, multinational corporations that had entered the industry paying high amounts for assets they purchased, apart from other national groups that saw in this industry a



entidades cação de seus investimentos, também foram prejudicados. Para os gloriosos sobreviventes, restaram diversas lições que precisam ser mais discutidas pelas empresas: 1. a necessidade de uma maior profissionalização; 2. a diversificação da produção como redução do risco; 3. necessidade de redução de custos com a maximização da produção e o aumento da eficiência, e 4. aceitar que é preciso preparar a estrutura da empresa para um sócio estratégico. Baseado nessas lições, o setor caminha para um novo ciclo de investimento. Os grupos empresariais estão muito mais maduros, cautelosos e com maior disciplina. Planejamento é a palavra de ordem e, para tal, é preciso se ater a alguns pontos importantes no atual ambiente empresarial desse setor. Primeiro, é necessário que o empresário veja a importância da representação institucional valorizando as entidades de classe existentes. Sobre isso, coloco três importantes temas a serem trabalhados nos próximos anos: 1. redução da insegurança jurídica nos temas relacionados à área ambiental (código florestal e burocracia no licenciamento ambiental) e à área trabalhista (terceirização de atividades, ponto eletrônico e trabalho rural); 2. busca de uma maior competitividade econômica do nosso produto, com foco na redução das barreiras tarifárias e dos subsídios em outros países, a unificação das alíquotas de ICMS do etanol em todo o País, privilegiando o combustível renovável em detrimento do combustível fóssil, além do monitoramento das decisões relativas ao preço da gasolina no Brasil, e 3. intensificar as ações institucionais de marketing, conscientizando a população sobre nosso produto renovável, esclarecendo e desmitificando o setor no Brasil e no mundo. O segundo ponto refere-se à estrutura comercial do etanol no Brasil, que atualmente é perversa com o produtor, pois são mais de 200 grupos econômicos vendendo para poucos compradores. É necessário criar musculatura para negociar e, talvez, um modelo associativo na comercialização dos produtos seja uma maneira de sobreviver nesse mercado. O terceiro ponto está muito ligado com o segundo. É a logística, que hoje leva boa parte das margens de lucro dos negócios. A produção está cada vez mais distante dos portos e dos grandes centros consumidores. Investir em terminais ferroviários e em estruturas de dutos pode trazer uma importante contribuição para os resultados das empresas. Em quarto, cito a necessidade fundamental de qualificação dos trabalhadores das usinas no novo contexto do setor automatizado e mecanizado. Por último, não podemos nos esquecer das possibilidades de novos negócios. Em um mundo competitivo, a inovação representa um grande diferencial para as empresas. Diversos players, grandes parceiros estão aparecendo com oportunidades em diversos nichos de mercado, como a alcoolquímica. O Brasil é o único país do mundo capaz de suprir a necessidade mundial de açúcar; a bioeletricidade virou necessidade para a saúde financeira do negócio, da mesma forma que a diversificação da produção. Com mais de 3 milhões de veículos flex novos por ano, o potencial do mercado interno de etanol é muito grande. Acredito que um novo ciclo está vindo. A crença nos nossos produtos ainda continua, contudo vimos que o caminho é um pouco mais longo do que parecia. Novidades virão, mas não podemos esquecer as lições do passado para um bom planejamento do futuro.

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Opiniões means to diversify their investments, were also adversely affected. For the glorious survivors the outcome was the lessons learned, which need to be discussed by the companies: 1. The need for more professionalization. 2. Production diversification as a means to reduce risk. 3. The need to reduce costs, maximizing production and increasing efficiency. 4. Accepting the fact that one needs to prepare companies’ structure to bring in a strategic partner. Based on these lessons, the industry is advancing towards a new investment cycle. Entrepreneurial groups are more mature, cautious, and more disciplined. Planning is the key word and therefore it is necessary to focus on some important issues in this industry’s business environment. First, it is necessary that entrepreneurs see the importance of institutional representation, valorizing existing class entities. In this respect, I wish to emphasize three important issues to be worked on in coming years: 1. The reduction of legal uncertainty on issues related to the environment (forest code and bureaucracy in environmental licensing) and in labor matters (activity outsourcing, electronic time registry and rural labor). 2. The quest for more economic competitiveness of our product, seeking to diminish tariff barriers and subsidies in other countries, the uniformity of ethanol value added (ICMS) tax rates throughout the country, benefitting renewable fuel as opposed to fossil fuel, in addition to the monitoring of decisions relative to the gasoline price in Brazil. 3. The intensification of institutional marketing initiatives, making the population aware of our renewable product, clarifying and bringing about the demystification of industry myths in Brazil and around the world. The second topic concerns ethanol’s commercialization structure in Brazil, which currently is perverse for the producer, because there are more than 200 economic groups selling to few buyers. One needs to build up the capacity to negotiate and perhaps an associative model for commercializing the product would be a means to survive in this market. The third topic is closely related to the second. It concerns the logistics, which nowadays cuts a considerable chunk off profit margins in this business. Production is increasingly further away from the ports and major consumer centers. To invest in railroad terminals and pipeline systems may be an important contribution to companies’ bottom line. Fourth, there is the essential need to train mill workers for the new context of an automated and mechanized industry. Finally, one should not ignore new business opportunities. In a competitive world, innovation represents a major differential for companies. Several players and large partners are appearing with opportunities in a variety of market niches, such as ethanol-based chemistry. Brazil is the only country in the world capable of supplying the world demand for sugar; bioelectricity has become a requirement for the business’ financial soundness, just as for the diversification of production. With more than 3 million new dual-fuel vehicles per year, the domestic market potential is huge. I believe a new cycle is before us. Our belief in our products holds, but we see that the path is somewhat longer than it seemed. Novelties will appear, but we ought not to forget the lessons of the past for the proper planning of the future.


A VERDADEIRA INOVAÇÃO É SER A PRIMEIRA A C OMERC IALIZAR UMA E NERGIA QUE P RE SERVA O FUTU RO.

Há 10 anos no mercado, a NC Energia está sempre acompanhando a evolução tecnológica e buscando soluções inovadoras para seus clientes em benefício da sociedade. Primeira comercializadora no Brasil a trabalhar com energia produzida a partir da biomassa, agora também se volta para a energia dos ventos e do sol. Energia limpa, renovável e ajustada às suas necessidades. É o compromisso da NC Energia com você e, mais ainda, com o futuro.


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Opiniões

nordeste: incremento de competitividade Northeast: increase in competitiveness

Sabemos, desde a época do Proálcool, que o segmenRenato Augusto Pontes limitada. Cunha to sucroenergético no Nordeste teve expansão Sindaçúcar Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de no Cresceu, sobretudo, nos tabuleiros planos do norte Estado de Pernambuco Alagoas, assim como naqueles, mais arenosos, da Paraíba e Rio Grande do Norte. As áreas mais tradicionais da região, consolidadas em relevo acidentado, conseguem crescer verticalmente, com incrementos paulatinos de produtividade, oriundos do contínuo e consistente trabalho da rede RIDESA. Em maio último, a citada rede de conhecimento efetuou o lançamento de 7 novas variedades de cultivares, vocacionados para o ambiente, mais rústico, de produção do Nordeste, com consequentes maiores resistências a estresse hídrico. A Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, mantém em Carpina, estado de Pernambuco a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar - EECAC. Na EECAC, ocorre, desde o ano de 1998, uma parceria público-privada entre Universidades integrantes da Rede Ridesa e associadas do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool - Sindaçúcar, convênio de pesquisa canavieira, com destaque para melhoramento genético, que tem sido bastante exitoso. Nestes 12 anos de parceria, foram lançadas 18 novas variedades de cana da família “RB”, desenvolvidas para o Nordeste. O contingente de cultivares “RB” já é atualmente de cerca de 60% na região, tendo elevado a produtividade média do estado de Pernambuco em cerca de 15 toneladas por hectare. Por outro lado, a logística tem sido a grande forma de minimizar e neutralizar parte dos custos mais altos do Nordeste, onde prevalecem atividades agrícolas manuais, fortemente sociais, versus aquelas predominantes no centro-sul, onde existe mais estabilidade climática e consequentes reduções de gastos agrícolas nos “CCT’s” - Corte, Carregamento e Transporte (mecanização).

We have known, since the Proálcool program, that the sugar-based energy industry in the Northeast enjoyed limited growth. It grew mostly in the plains in northern Alagoas and in the more sandy plains in Paraíba and Rio Grande do Norte. The region’s more traditional areas, consolidated in a mountainous topography, are capable of growing vertically, with gradual increases in productivity, resulting from the continuous and consistent work performed by the RIDESA network. This year, this knowledge network in May launched 7 new plant varieties, suited for the environment and more robust for production in the Northeast, and hence, more resistant to hydric stress. The Rural Federal University of Pernambuco – UFRPE, operates a Sugarcane Experimental Center in Carpina, in the State of Pernambuco. In this Center – EECAC -, since 1998, a public-private partnership in sugarcane research, between universities that integrate the RIDESA network and members of Sindaçúcar - Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (sugar and ethanol class entity), has been in operation. Its focus is on genetic improvement and it has been quite successful. In the 12 years of this partnership, 18 new varieties of sugarcane of the “RB” family were launched, having been developed for the Northeast. This set of “RB” cultures already accounts for 60% of the region’s inventory, having increased the State of Pernambuco’s average productivity by about 15 tons per hectare. On the other hand, logistics has been the most important means to minimize and partially offset the Northeast’s higher costs. In the region, manual labor in agriculture is predominant, with a strong social focus, in contrast with the reality of Center-South Brazil, where the climate is more stable and, consequently, agricultural expenses incurred with cutting, loading and transporting (mechanization) are lower.

" Os portos de Natal, Cabedelo, Recife, Suape e Maceió apresentam, sobremaneira, menos gargalos do que os existentes nos portos do centro-sul " Renato Augusto Pontes Cunha

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Presidente do Sindaçúcar - Pernambuco President of Sindaçúcar - Pernambuco


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entidades O cenário comparativo entre as duas regiões mencionadas fundamenta-se pró Nordeste, a partir das adequadas condições de escoamento do produto nordestino ao exterior, pois, em média, as usinas distam, apenas, cerca de 60 quilômetros dos terminais portuários. Os portos de Natal, Cabedelo, Recife, Suape e Maceió apresentam, sobremaneira, menos gargalos do que os existentes nos portos do centro-sul. Nesse particular, no zoneamento do eficiente porto de Suape, o mais novo do Nordeste, já ocorrem investimentos para moderno terminal de açúcar refinado a granel, possibilitando-se a originação de maior valor agregado em açúcar com destino ao norte da África e Mediterrâneo, regiões, antes do painel da Organização Mundial do Comércio, movido por Brasil, Austrália e Tailândia em 2004/2005, supridas pela Europa (Antuérpia). O novo terminal de “branco” de Suape trará up grades logísticos efetivos, incrementando equação de vendas, seguramente mais estável e rentável, alicerçada em calados com mais de 15 metros de profundidade, bastante versátil para navios de várias modalidades, acarretando dispatch, prêmios pela rapidez de carregamento. O Terminal Açucareiro de Suape, com capacidade estática de 160 mil toneladas e cadência-hora de embarque de 750 toneladas, escoará branco a granel, permitindo também, em seu pátio, o estufamento de containers, bem como embarques de açúcar ensacado, constituindo-se, assim, em terminal múltiplo. Os investimentos estimados estão na ordem de US$ 60 milhões de dólares e dentro dos próximos três anos já deverá ocorrer o início de operações. O advento combinado com a evolução, ora em curso, de inversões, sobretudo em corte mecanizado de lavouras de cana, pode valorizar consideravelmente as unidades agroindustriais da região no curto prazo. Nesse particular, nossas usinas associadas criaram, sob a gestão financeira do Sindaçúcar-PE, um fundo de Inovação Tecnológica, a partir de iniciativas focadas em sustentabilidade ambiental, com diminuição gradual dos contingentes de corte de cana queimada, mesmo nas ladeiras e encostas das áreas agrícolas. A iniciativa começou na tradicional Usina Petribu. O Fundo de Tecnologia contratou o experiente engenheiro Raul Fernandes, que viajou por mais de trinta dias a vários países do mundo em busca de tecnologia de colhedoras para corte em inclinações íngremes, e o êxito começa a surgir, com testes na Petribu, de máquinas francesas (Ilhas Reunion), japonesas e chinesas, vocacionadas para áreas de várzeas e para inclinações que vão principalmente de 12% a 70%. Vale comentar ainda acerca de outra estratégia estruturante na região, traduzindo-se na elevação, que ora perseguimos, da capacidade de geração de bioeletricidade a partir da biomassa do bagaço de cana, com consequente retrofit das nossas térmicas (caldeiras), na busca de maior geração de MWh com aquisições de térmicas mais modernas e econômicas. Sem dúvida, a geração distribuída de bioeletricidade nas redes tende a crescer, sobretudo se a energia limpa passar a contar com remunerações em tarifas que contemplem as positivas adicionalidades geradas por nosso segmento. É uma questão de tempo, pois o apelo ambiental é forte, verdadeiro e sustentável.

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Opiniões The comparative scenario between the two mentioned regions favors the Northeast, based on adequate conditions to bring its produce to foreign markets, given that, on average, mills are located only 60 km from port terminals. The ports of Natal, Cabedelo, Recife, Suape and Maceió, in particular, have fewer bottlenecks than ports in the Center-South. In this respect, in the zoning of the efficient Suape port, the newest in the Northeast, investments were already made in a modern refined sugar in bulk terminal, resulting in higher aggregated value of sugar destined to North Africa and the Mediterranean, which are regions that, prior to the World Trade Organization panel brought about by Brazil, Australia and Thailand in 2004/2005, were supplied from Europe (Antwerp). Suape’s new “white product” terminal will enjoy an actual upgrading in terms of logistics, improving the sales equation, surely making it more stable and profitable. This is possible because of water depths of more than 15 meters, quite suitable for various kinds of ships, resulting in awards granted for quick loading. The Sugar Terminal of Suape, with a nominal capacity of 160,000 tons and hourly loading rate of 750 tons, will allow processing sugar in bulk, along with container filling in its yard and the loading of filled sugar bags, thereby operating as a multiple-purpose terminal. Investments are estimated at US$ 60 million, with operations scheduled to start within the next three years. The project, in combination with investments currently in progress, particularly in the mechanized cutting of sugarcane plantations, may considerably valorize the region’s agro industrial units in the short term. In this regard, our associated mills, under the financial management of Sindaçúcar-PE, created a Technological Innovation Fund, based on initiatives focused on environmental sustainability, with the gradual reduction in the volume of burned sugarcane, even on slopes of agricultural areas. This initiative began in the traditional Petribu mill. The Technological Fund hired the experienced engineer Raul Fernandes, who travelled to several countries around the world for 30 days in search of technology for harvesting on steep slopes. Success is beginning to show in tests performed at the Petribu mill with French, Japanese and Chinese equipment, suited for lowlands and slope angles varying from 12% to 70%. One should also comment about another structural strategy for the region, intended for the topography we are dealing with, which relates to the capacity of generating bio-electricity from biomass of sugarcane bagasse, with the consequent retrofit of our thermal plants (boilers), seeking higher generation of MWh, by purchasing more modern and economic thermal plants. There is no doubt that the distribution of generated bio-electricity in the networks tends to grow, particularly if clean energy will be remunerated at rates that reflect the benefits brought about by our industry. It is a matter of time, because support for the environment is strong, authentic and sustainable.


Cogeradores:

COMERCIALIZAÇÃO DE EXCEDENTES DE ENERGIA ELÉTRICA Avaliando as formas de comercialização da energia elétrica cogerada por sucroalcooleiros

A

geração de energia elétrica na forma de cogeração já tem grau significativo na matriz energética brasileira, porém, esta energia elétrica excedente não está sendo totalmente colocada à venda na rede do Sistema Interligado Nacional. Por outro lado, nem toda a energia excedente que é colocada para venda na rede produz para o gerador os resultados econômicos esperados. A dificuldade na comercialização da energia elétrica excedente resulta do fato de que a produção é sazonal e a regulamentação legal é muito exigente, assim como os aspectos técnicos relativos à conexão ao sistema de distribuição / transmissão. A comercialização da energia elétrica excedente, para ter bons resultados, deverá levar em conta as INFORME PUBLICITÁRIO

condições da sazonalidade, a garantia de fornecimento, os preços de mercado e o atendimento a toda a regulamentação legal. O Mercado Livre de energia elétrica oferece excelente oportunidade de venda dos excedentes a preços satisfatórios, porém, a comercialização necessita de um planejamento antecipado para a obtenção de contratos adequados tanto em prazo como em preço. Pioneira no mercado livre de energia elétrica no Brasil, a Tradener atua desde 1998 na compra e venda, intermediação de negócios, representação e gestão de agentes, bem como na importação e exportação de energia elétrica. Com vasta experiência em todos os segmentos desse mercado especializado, a empresa paranaense atende cogeradores, geradores e consumidores livres e em todo o território nacional oferecendo:

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Al. Dr. Carlos de Carvalho, 603 - cj. 82 Curitiba - Paraná 80430-180 Fone: 41 3021-1100 - Fax: 41 3021-1111 tradener@tradener.com.br www.tradener.com.br


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Opiniões

Cenários e oportunidades do setor sucroenergético Scenarios and opportunities in the sugar-based energy industry

O cenário atual da produção da cana-de-açúcar mostra um crescimento anual médio de 9%, desde a safra 2006/2007 até a safra 2010/2011, com projeção de 595 milhões de toneladas. Com relação ao açúcar, a produção tem crescido 3% ao ano. O crescimento anual médio da produção de etanol tem sido ao redor de 20%. Um cenário positivo de ganhos em escala e aumentos de produção por aperfeiçoamentos de processos, principalmente no caso do açúcar. No campo, é preciso estabelecer metas de adoção de variedades mais precoces, com melhores níveis de ATR logo nas primeiras quinzenas de corte, porque ainda há um longo período de moagem com baixo rendimento.

The current sugarcane production scenario shows annual average growth of 9% from the 2006/2007 to the 2010/2011 harvest season, totaling projected 595 million tons. Sugar production has grown 3% per year. Annual average ethanol production growth has been around 20% - a positive scenario in terms of gains in scale and production increases due to improvements in processes, mainly in the case of sugar. In the field, one must set targets for the adoption of early growth varieties, with better total recoverable sugar levels, early on in the first 15 days of the cutting periods, because a long low-yield crushing period still lies ahead.

" se, por um lado, nesta safra, é menor o excedente exportável, por outro, o crescimento das vendas de etanol para a indústria alcoolquímica é muito animador "

Edmundo Coelho Barbosa Presidente do Sindalcool - Paraíba President of Sindalcool - Paraíba

A frota flex em 2010 já atinge 13,7 milhões de veículos, representando 43,6% da frota total. Em 2020, deverá ser superior a 31 milhões de veículos, ou seja, 73,8% da frota total, garantindo uma demanda aquecida, tanto para o etanol hidratado como para o anidro. Para atender a esse crescimento de demanda, será necessário manter um crescimento de 40 a 50 milhões de toneladas de cana ao ano, o que representa a instalação de 10 a 15 novas unidades. As projeções para 2020 definem o consumo em 9,3 bilhões de litros de anidro e 32,5 bilhões de litros de etanol hidratado. Os investimentos necessários para esse volume são estimados em US$ 35,3 bilhões, com recursos gerados pela própria atividade, suplementados por financiamentos. Esses financiamentos, no cenário atual, servirão para elevar as áreas cultivadas em mais 4 milhões de hectares de cana-de-açúcar. Se, por um lado, nesta safra, é menor o excedente exportável, por outro, o crescimento das ven-

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The dual-fuel (gasoline and ethanol) car fleet in 2010 is already at 13.7 million vehicles – 43.6% of the total fleet – and is expected to surpass 31 million vehicles in 2020, reaching 73.8% of the total fleet, warranting continuous high demand both for hydrated and anhydrous ethanol. To meet this growth in demand, 40 to 50 million additional tons of sugarcane will be needed per year, i.e., 10 to 15 new mills will have to be installed. For 2020, estimates place consumption at 9.3 billion liters of anhydrous ethanol and 32.5 billion liters of hydrated ethanol. Investments needed for this volume are estimated at US$ 35.3 billion, generated by this business activity and supplemented with financing. Such financing, in the current scenario, will be used to increase areas planted with sugarcane by another 4 million hectares. If on the one hand exportable surplus is smaller in the current harvest, on the other hand growth in ethanol sales



entidades das de etanol para a alcoolquímica é muito animador. A demanda já contratada de etanol a ser convertido em ácido acético, acetato de etila, ETBE, ether glicol e outros derivados, cresce de 323 milhões de litros em 2010 para mais de 2,5 bilhões de litros em 2015. Há ainda 1,9 bilhão de litros de etanol para os bioplásticos. A indústria alcoolquímica passa a ser parceira preferencial diante das atuais barreiras do mercado internacional. Os negócios com a indústria química no etanol começam a acontecer nas operações da BMF-BOVESPA. As importações de ácido acético em 2010 batem a casa das 100.000 toneladas/ano. O setor sucroenergético precisa conquistar esse espaço. A taxa de conversão do etanol para ácido acético é de 1:1. Essas importações podem ser evitadas. A indústria sucroquímica pode nos trazer ganhos maiores. O Brasil ainda não produz comercialmente a goma xantana, produto de fermentação lenta da sacarose, cujo preço no mercado global é superior a US$ 4,5 mil a tonelada. Com a atual euforia do Pré-Sal, o setor deverá se diversificar para reduzir os riscos. No Brasil, o grande importador de goma xantana é a Petrobras, comprada da China. No que se refere ao ácido cítrico, a produção brasileira ainda é pequena. A conversão de 900.000 toneladas de cana em 60.000 toneladas de ácido cítrico rende um faturamento anual de US$ 90 milhões. O furfural é um outro derivado da biomassa. Começou a ser produzido nos Estados Unidos em 1922, período em que o governo americano buscava maior autossuficiência nacional na indústria e melhor utilização dos restos de cultura no campo. A Quaker Oats Company, tradicional empresa do agronegócio, passou a produzí-lo a partir de cascas de aveia e sabugo de milho. O furfural tem várias aplicações de larga escala devido às suas características de solubilidade e fácil recuperação por destilação a vapor. Tem a propriedade de dissolver outras olefinas, aromáticos e insaturados. Hoje, todas as grandes companhias de petróleo usam esse derivado como um solvente seletivo na refinação de óleos lubrificantes. Essa tecnologia possibilita a produção de petróleo de alta qualidade com propriedades melhoradas no binômio viscosidade-temperatura. Os aromáticos mercaptanas, componentes polares, são removidos do petróleo por meio da extração, utilizando o furfural. O derivado pode também ser usado como agente de descoloração para refinar resina de madeira bruta e na fabricação de resinas aeronáuticas. O Brasil ainda não tem produção industrial de furfural nem do álcool furfurílico. Sua matéria-prima seria o bagaço, palhas e pontas. O setor conta ainda com o dióxido de carbono da fermentação que pode ser utilizado no estado supercrítico com grandes vantagens industriais. Essas são algumas possibilidades de ampliação do EBITDA. A tarefa é converter o potencial em caixa. Várias são as ações que a sociedade pode tomar em favor desta energia limpa e renovável: a CIDE precisa consolidarse em um imposto ambiental; o ICMS precisa ser reduzido para o etanol combustível, e a bioeletricidade merece receber uma melhor remuneração. É preciso, ainda,valorizar a geração na ponta, ao invés de térmicas sujas, e apoiar os empregos no campo, através da produção do etanol, do açúcar e da cogeração de eletricidade elétrica.

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Opiniões to the ethanol-based chemical industry are quite encouraging and the already contracted demand of ethanol to be converted to acetic acid, ethyl acetate, ETBE, glycol ether and other derivative products will grow from 323 million liters in 2010 to more than 2.5 billion liters in 2015. Another 1.9 billion liters of ethanol will be used for bio-plastics. The chemical industry will become a preferential partner in view of current barriers in the international market. Business transactions with the chemical industry are beginning to occur through the BMF BOVESPA Stock Exchange. Acetic acid imports in 2010 are at the 100,000 tons/year level. This is a volume the sugar-based energy industry needs to achieve. The ethanol-acetic acid conversion rate is 1:1, so such imports could be avoided. The sugar-based chemical industry could render even higher gains. Brazil as yet does not produce xantham gum, a product resulting from the slow fermentation of saccharose, whose price in international markets is above US$ 4,500/ton. With the current euphoria due to the presalt oil reserves, the industry is expected to diversify to reduce risks. In Brazil, the largest xantham gum importer (from China) is Petrobras. As for citric acid, the Brazilian production is still small. The transformation of 900,000 tons of sugarcane into 60,000 tons of citric acid results in annual revenues of US$ 90 million. Furfural is another biomass derivative, which started to be manufactured in the United States in 1922, when the American government sought more self-sufficiency of industry and better utilization of plantation leftovers in the fields. The Quaker Oats Company, a traditional agribusiness company, started manufacturing it from oat shells and corn cobs. Furfural has several large scale applications, due to its characteristics of solubility and easy recovery by steam distillation. Furfural has the unique characteristic of dissolving other olefins and aromatic and non-saturated products. Nowadays, all large oil companies use furfural as a selective solvent in the refining of lubricant oils. This technology allows the production of high quality oil with improved properties of the viscositytemperature binomial. Aromatic mercaptans, polar components, are extracted from oil using furfural. This derivative can also be used as a discoloring agent to refine unprocessed wood resin, and for manufacturing aeronautical resins. Brazil as yet does not produce furfural on an industrial scale, nor furfuryl alcohol. The raw material for furfural would be bagasse, straw and leftovers. The industry also produces carbon dioxide from fermentation that may be used in the super critical state, with major industrial advantages. These are some of the possibilities to increase EBITDA. The task consists of converting this potential to cash. Society can undertake several initiatives in favor of this clean and renewable energy: the “CIDE” tax must be consolidated as an environmental tax; the ICMS tax on ethanol fuel must be reduced and bio-electricity must pay better prices. One also needs to valorize state-of-the-art technology rather than dirty thermal plants and support employment in agriculture by producing ethanol, sugar and electricity through co-generation.



governo

Opiniões

da intervenção à

livre iniciativa From intervention to free iniciative

" o governo brasileiro vem buscando difundir o uso do etanol como combustível, inclusive por meio de cooperação com outros países em desenvolvimento, que se podem tornar, no futuro próximo, produtores e exportadores " Welber Oliveira Barral Secretário de Comércio Exterior do MIC Secretary of Foreign Trade of MIC

Os produtores brasileiros de cana-de-açúcar, açúcar e álcool estiveram, por mais de seis décadas, a partir de 1930, sob completa intervenção do poder público. Cabia ao Governo Federal decidir sobre as atividades da indústria, o que a mantinha afastada da influência dos mercados. A interferência tinha por objetivo reorganizar a agroindústria, que atravessava período crítico de superprodução e de dificuldades de acesso a mercados externos. A gestão pública estava alinhada com os movimentos internacionais que defendiam a presença firme do Estado na economia. Enquanto esteve sob o controle público, muito pouco restava aos empresários do setor. Todas as decisões eram tomadas pelo governo, como quanto e o que produzir, quanto e a que preços vender e em que quantidades. Mais tarde, a Constituição de 1988 redefiniu o papel do Estado e lhe reservou as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, determinantes para o setor público, mas apenas indicativas para o setor privado. Como consequência, o setor passou da gestão pública à privada, processo iniciado no final da década de 1980 e finalizado quando terminava a de 1990. Hoje, o setor vem crescendo com sustentabilidade devido a apropriadas modificações e adaptações empresariais, desenhadas para o enfrentamento dos atuais desafios. O Brasil e o Mercado Internacional: No contexto internacional, Brasil, Índia, China, Tailândia e México são os países que mais se destacam na produção de cana-de-açúcar, sendo o setor sucroalcooleiro brasileiro o mais independente da intervenção estatal, o maior produtor, com uma participação de 33% do total mundial em 2007, com 514 milhões de toneladas. Na produção de açúcar, o Brasil também se manteve na liderança entre 1999 e 2008, com a exceção de 2000, em que a União Europeia produziu 3,8 milhões de toneladas a mais. Em 2008, o Brasil foi o responsável por 20% da produção mundial, a União Europeia por 12%, a Índia por 10% e a China por 9%.

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For more than six decades beginning in 1930, Brazilian producers of sugarcane, sugar and ethanol were under full governmental intervention. The Federal Government decided on the industry’s activities, keeping it from being exposed to the influence of the markets. Intervention’s objective was to reorganize agro industry that was experiencing a critical period of over-production and difficulty in accessing foreign markets. Government management was in line with international movements that defended the strong presence of the State in the economy. For the duration of the intervention by government, very little was left for the industry’s entrepreneurs to undertake. All decisions, such as how much and what to produce, how much and at what prices to sell, were made by the government. Subsequently, the Constitution of 1988 redefined the role of the State, attributing it the functions of inspecting, fostering and planning, which are inherent to the public sector, but merely indicative for the private sector. As a result, the industry went from government to private management, in a process initiated at the end of the eighties and concluded at the end of the nineties. Nowadays, the industry is growing in a sustainable manner due to appropriate entrepreneurial modifications and adaptations, designed to face current challenges. Brazil and the International Market: In the international context, Brazil, India, China, Thailand and Mexico are the countries that stand out most in sugarcane production, whereas the Brazilian sugar and ethanol industry, the most independent of government intervention, is the largest producer, with 514 million tons and a 33% share of the world total in 2007. In terms of sugarcane production, Brazil also held the leading position between 1999 and 2008, except only for 2000, when the European Union produced 3.8 million more tons. In 2008, Brazil accounted for 20% of world production, the European Union for 12%, India for 10% and China for 9%.


Cana-de-açúcar: exemplo de inovação e comunicação.

A cadeia produtiva da cana-de-açúcar está no centro do principal projeto de comunicação institucional do agronegócio brasileiro. As iniciativas do Projeto AGORA geram conhecimento, impactos sociais positivos e esclarecimentos fundamentais para a sociedade, ampliando a conscientização da opinião pública sobre a importância das agroenergias renováveis. Participe.

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Foco no desenvolvimento de uma matriz energética limpa e renovável.

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governo Segundo dados publicados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA, em maio de 2010, a produção mundial para a safra 2010/2011 está estimada em 163,8 milhões de toneladas, 11,6 milhões acima do estimado para a safra 2009/2010 (152,2 milhões de toneladas). Essa revisão foi favorecida pela alta da produção na Índia e no Brasil, para, respectivamente, 24,7 milhões de toneladas (5,2 milhões a mais que a safra anterior) e 40,7 milhões de toneladas (com acréscimo de 4,3 milhões de toneladas). O Brasil consta como o responsável por 25% da produção mundial, e a Ásia (principalmente por conta da Índia, China e Tailândia), com 38%. O desempenho das exportações brasileiras de açúcar, comparado com os dos demais países, também se destaca, e a participação brasileira, em 2008, foi de 41%, seguida da Tailândia, com 11%, e da Austrália, com 8%. A exportação de açúcar, na análise dos últimos três anos, caracterizou-se pelo grande salto ocorrido em 2009, em que as vendas cresceram 53%, ao passar de US$ 5,5 bilhões para US$ 8,4 bilhões. O resultado no primeiro semestre de 2010, comparado com o mesmo período de 2009, registrou uma elevação de 52% no valor exportado, passando de US$ 3,2 bilhões para 4,8 bilhões, e manteve--se equilibrado em relação à quantidade, cujo aumento foi de 0,9%, com 10,4 milhões de toneladas. A evolução das exportações brasileiras de açúcar (açúcar em bruto e refinado), de 1989 a 2008, revela uma linha ascendente, em que se ultrapassou a marca de US$ 2 bilhões a partir de 2001. O ápice foi registrado em 2006, com exportações no valor de US$ 6,1 bilhões. Nos dois anos seguintes, houve leve redução, mas com indicativo de retomada da linha ascendente. Em relação ao álcool, a partir de 2000/2001, houve uma retomada na produção brasileira que se manteve até a safra 2008/2009, com recorde de 27,6 milhões de m3. A exportação brasileira de álcool iniciou seu grande salto a partir de 2004, tendo passado do patamar dos US$ 100 milhões para US$ 500 milhões. Em 2008, houve o maior pico, com as exportações alcançando o valor de US$ 2,4 bilhões. Nesse contexto, o governo brasileiro vem buscando difundir o uso do etanol como combustível, inclusive por meio de cooperação com outros países em desenvolvimento, que se podem tornar, no futuro próximo, produtores e exportadores. Essa iniciativa, juntamente com a busca de padronização e classificação harmonizada do produto, irá permitir a criação de um mercado internacional e agregar outros países interessados em manter a livre circulação internacional do etanol. O futuro do setor com a livre iniciativa: Todo esse panorama deixa transparecer que a agroindústria canavieira nacional encontrou o seu caminho de prosperidade com a livre iniciativa. As mudanças mais significativas começam a ser percebidas com maior clareza, como a entrada do capital estrangeiro num dos setores originalmente mais tradicionais da economia nacional, assim como a produção e a oferta crescentes de agroenergia. A produção da agroindústria canavieira brasileira irá continuar crescendo com o relevante papel que a gestão privada moderna desempenha na garantia do sucesso das empresas e com a introdução de conceitos fundamentais da atualidade, como os de sustentabilidade e de governança corporativa.

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Opiniões Data published by the United States Department of Agriculture - USDA, in May 2010, showed that the world production in the 2010/2011 season is estimated at 163.8 million tons, 11.6 million above the estimate for the 2010/2011 season (152.2 million tons). This increase was due to higher production in India and Brazil, which increased, respectively, to 24.7 million tons (5.2 million more than in the previous season) and 40.7 million tons (additional 4.3 million tons). Brazil accounts for 25% of world production and Asia (mainly India, China and Thailand) for 38%. Brazilian sugar export performance in comparison with that of all other countries also stood out in 2008, with the Brazilian share reaching 41%, followed by Thailand with 11% and Australia with 8%. The analysis of sugar exports in the last three years shows the great leap that occurred in 2009, when sales increased 53%, from US$ 5.5 billion to US$ 8.4 billion. The result in the first semester of 2010, compared with the same period in 2009, showed an increase of 52% in export value, having increased from US$ 3.2 billion to 4.8 billion while, however, stabilizing the quantity, which increased by 0.9%, totaling 10.4 million tons. The development of Brazilian sugar exports (unrefined and refined), from 1989 to 2008, followed an increasing trend, having exceeded the US$ 2 billion mark in 2001. The peak occurred in 2006, with exports totaling US$ 6.1 billion. In the two subsequent years, there was a slight reduction that did not, however, affect the increasing trend. With respect to ethanol, beginning in 2000/2001, Brazilian production picked up again, maintaining output until the 2008/2009 season, with a record volume of 27.6 million m 3. Brazilian ethanol exports began growing exponentially in 2004, from the US$ 100 million level to US$ 500 million. In 2008, the highest peak was reached, with exports amounting to US$ 2.4 billion. In this scenario, the Brazilian government is seeking to encourage the use of ethanol as fuel, also by means of partnerships with other developing countries that may develop to become, in the near future, producers and exporters. This initiative, along with the quest to bring about product standardization and its harmonized classification, will allow creating an international market and attracting other countries interested in upholding global free trade of ethanol. The Industry’s Future with Free Trade: This overall scenario shows that the national sugarcane industry found the path to prosperity with free trade. The most significant changes are beginning to be noticed more clearly, with foreign capital flowing into one of the originally most traditional sectors of the Brazilian economy, and into the growing production and supply of agro energy. Sugarcane agro industry’s output will continue to grow because of the relevant role private initiative plays in modern economics in warranting companies’ success and by contributing updated fundamental concepts, such as sustainability and corporate governance.


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Opiniões

parcerias

estratégicas Strategic partnerships

A indústria sucroenergética está diante de um momento especial. Tudo indica que superamos as principais consequências da crise econômica mundial, que nos levou a uma intensificação do processo de consolidação de empresas e trouxe mais equilíbrio às decisões sobre investimentos. O clima de euforia desmedida foi amenizado – embora tenhamos enormes razões para mantermos nosso otimismo sobre as perspectivas do setor –, dado ao potencial dos mercados de açúcar, etanol, cogeração de energia e indústria química. Podemos dizer que, “da porteira da usina para dentro”, alcançamos níveis de produtividade e eficiência notáveis, com elevado grau de sustentabilidade social, ambiental e econômica, e que permanece em constante e positiva evolução. É também indiscutível a aceitação mundial do produto como um verdadeiro bem ambiental, embora, por razões puramente comerciais, ainda enfrentemos obstáculos a seu consumo nas principais regiões desenvolvidas do planeta. Esse cenário extremamente promissor, no entanto, não indica a menor possibilidade de nos acomodarmos no cumprimento de nossos objetivos estratégicos. Aumentar a produção e abrir novos mercados gerando melhores oportunidades de desenvolvimento econômico, geração de renda e emprego, com lucratividade empresarial compatível com os riscos assumidos, é um desafio a ser perseguido com empenho. As unidades produtoras têm alcançado excelente nível de eficiência, mas alguns aspectos devem ser considerados para aprimoramento da cadeia produtiva e o aumento de sua competitividade. Fundamentalmente, as questões de logística e acesso a mercados devem ser consideradas prioritárias. Embora o governo possa, e tem procurado, desempenhar um importante papel nesses pontos, cabe à iniciativa privada a maioria das ações concretas para alcançar seus objetivos nessas questões. E podemos observar muitas iniciativas promissoras nesse sentido. Associações de empresas que atuam em diferentes segmentos da cadeia produtiva parecem apropriadas e podem ser ampliadas, como a parceria concreta, via participação acionária de empresas do ramo

" Temos trilhado o caminho correto. O futuro é absolutamente promissor. "

Manoel Vicente Fernandes Bertone Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura Secretary of Production and Agro Energy of the Ministry of Agriculture

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The sugar-based energy industry is facing a special moment. It appears we have overcome the main consequences of the global economic crisis that led us to intensify the consolidation process of companies and resulted in more equilibrium when making investment decisions. Unrestrained euphoria eased, although we have innumerous reasons for upholding our optimism concerning the outlook for the industry, given the market potential for sugar, ethanol, energy co-generation and the chemical industry. We could well state that “from the mill gate inwards” we have achieved outstanding productivity and efficiency levels, with a high degree of social, environmental and economic sustainability that continues to positively develop. There is absolutely no doubt about the world’s acceptance of the product as a true environmental asset, although for solely environmental reasons we still face obstacles to its consumption in the planet’s main consumer regions. This highly promising scenario, however, does not allow us to lie back in the fulfillment of our strategic objectives. To increase production and open new markets, generating better opportunities for economic development, income and jobs, with business profitability compatible with incurred risks, is a challenge to be pursued with much effort. Production units have achieved excellent efficiency levels, but some aspects must be considered to improve the production chain and increase its competitiveness. Essentially, the issues of logistics and access to markets must be viewed as priorities. Although the government may, and in fact has, attempted to play this important role concerning these issues, it is up to private initiative to undertake most concrete actions to reach its objectives in such issues. Many promising initiatives can be observed in this respect. Associations of companies that perform in different segments of the production chain are apparently appropriate and may be expanded, such as a concrete partnership via shareholding partici-



governo petrolífero em unidades produtoras, que lhes proporciona melhor acesso ao sistema de distribuição, assim como a participação do capital estrangeiro, que pode proporcionar, no futuro, maior facilidade de acesso a potenciais mercados externos. Da mesma forma, tradicionais empresas de comércio exterior podem participar diretamente da produção e proporcionar melhores condições de comercialização interna e externa, devido à sua experiência em logística e modernos instrumentos de proteção de preços, assim como acesso diferenciado a fontes de financiamento de comércio exterior com taxas de juros hoje mais adequadas ao setor. A redução de custos das transações comerciais obtidas a partir dessas parcerias proporcionará enorme diferencial competitivo aos grupos assim constituídos. Parcerias estratégicas no sistema de logística de armazenagem, transporte e terminais portuários já estão em andamento e podem ser ampliadas com o apoio de financiamentos a juros compatíveis. O transporte por meio rodoviário mostra-se insuficiente e caro, exigindo-se a concretização de um adequado sistema de dutos e a melhor utilização do transporte fluvial. Na verdade, nada disso é novidade para o setor, pois ações concretas nesse sentido já se observam com muita nitidez. Mas se torna necessário ampliar essas ações mediante a concretização de bons projetos, para os quais, certamente, haverá o financiamento adequado, pois esses se viabilizam dada sua importância na alteração da estrutura de mercado que hoje ainda prevalece. Parcerias estratégicas podem ser também o caminho para a questão da cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana, assim como da pesquisa agrícola e industrial, que nos proporcionará variedades mais adequadas a circunstâncias especiais, novos produtos como o “diesel” de cana, o plástico verde, e novas tecnologias industriais e agrícolas, aí incluído o etanol celulósico. Na verdade, é impressionante o potencial de novidades na produção de derivados da cana de açúcar, um produto centenário, cujo mercado e cadeia produtiva não param de evoluir, se aprimorar e criar novas oportunidades de negócios e desenvolvimento sustentável. Muitas das ações acima comentadas diminuem a volatilidade dos preços do etanol e do açúcar, um problema que ainda vai preocupar os investidores enquanto não se consolidem instrumentos de comercialização que se encontram em pleno desenvolvimento, como as companhias de comercialização e os contratos da BM&F. Uma maior flexibilidade na alternância do mix de produção entre açúcar e etanol é também considerada bem vinda, pois os mercados dos dois produtos são igualmente importantes e devem ser adequadamente abastecidos. Assim, é pouco compreensível, embora aceitável para um início de operações, que uma unidade produtora se dedique exclusivamente à produção de etanol e perca eventuais oportunidades no mercado de açúcar. Evidentemente, temos ainda a questão das ações de políticas públicas, imprescindíveis no estratégico mercado de energia, que se caracteriza como um tema de segurança e soberania nacional. Também aí devemos considerar a importância da aliança estratégica entre iniciativa privada e governo, uma parceria imprescindível para que alcancemos nossos objetivos, o que, felizmente, temos observado nos últimos anos. Temos trilhado o caminho correto. O futuro é absolutamente promissor.

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Opiniões pation of companies of the oil business in production units, allowing them better access to the distribution system, as well as the participation of foreign capital that in future may provide easier access to potential foreign markets. By the same token, traditional foreign trade companies participating directly in production may also result in better conditions for selling domestically and abroad, due to their experience in logistics and currently used price protection instruments, as well as differentiated access to financing sources for foreign trade at more adequate interest rates for the industry. The reduction in the cost of commercial transactions done by these partnerships will provide a huge competitive differential to the groups that will thus be organized. Strategic partnerships in the storage, transportation and port terminal logistics system are already well in progress and may be expanded with support in financing at compatible interest rates. Transportation by road has proven inefficient and expensive, making it necessary to implement an adequate pipeline system and better utilization of transportation by river. Actually, none of this is new to the industry, because concrete initiatives in this regard can clearly be seen. However, what is needed is to expand such initiatives by implementing good projects, for which there certainly will be adequate financing, given that they are viable because of their importance for altering the market structure still prevalent today. Strategic partnerships may also be the solution for the issue of co-generation of electric energy from sugarcane bagasse, as well as for agricultural and industrial research, providing us plant varieties more adequate for special circumstances, new products such as “diesel” from sugarcane, green plastic and new industrial and agricultural technologies, including cellulosic ethanol. Actually, the potential for novelties in the production of derivates from sugarcane, a product known for centuries, whose market and production chain is growing incessantly, is impressive and gets better all the time, creating new opportunities for business and sustainable development. Many such initiatives, as commented above, diminish the price volatility of ethanol and sugar, a problem that will concern investors as long as sales instruments under development, such as trading companies and contracts in the BM&F (Brazilian Mercantile and Futures Exchange), are not consolidated. More flexibility in alternating the product mix between sugar and ethanol is also welcome, because the markets of the two products are equally important and must be adequately supplied to. Therefore, it is incomprehensive, albeit acceptable to start up operations, that a production unit focuses exclusively on the production of ethanol and misses out on possible opportunities in the sugar market. Obviously there is still the issue of public policy initiatives, indispensable in the strategic energy market, which is characterized as an issue related to security and national sovereignty. Here too, one must consider the importance of private initiative and government, an essential partnership for meeting one’s objectives, which fortunately has been occurring in recent years. We have followed the right track. The future is absolutely promising.



bancos & fundos

Opiniões

o que esperar para o

futuro ? What to expect for the future?

Desde o segundo semestre de 2008, quando houve o pico da crise no setor sucroalcooleiro, amplificado por uma crise financeira de proporções planetárias, não podemos reclamar de monotonia, já que uma série de episódios na área de fusões e aquisições, e a própria dinâmica altamente volátil dos mercados de açúcar e álcool, têm nos trazido muitas novidades e apontado para um novo tempo. Além de todo o processo de consolidação com a criação de vários grandes grupos, com uma entrada de capitais no setor nunca vista anteriormente, temos um processo muito saudável em andamento no qual a maioria das empresas, sejam de que tamanho for, estão correndo atrás de caminhos e desenvolvendo soluções que lhes permitam permanecer saudáveis e competitivas ao longo desse processo.

Since the second semester of 2008, when the crisis in the sugar and ethanol industry peaked, magnified by a financial crisis of planetary proportions, we cannot complain about monotony, given that a number of merger and acquisition events took place, and even the highly volatile dynamics of sugar and ethanol markets resulted in many novelties pointing towards a new age. Apart from the whole consolidation process involving the creation of several large groups, with an unprecedented inflow of capital to this industry, we are faced with a very healthy process in progress, in which most companies, regardless of their size, are in search of ways and are developing solutions that will allow them to remain healthy and competitive in the course of this process.

" veremos, ainda, por algum tempo, unidades vagando à margem do sistema formal, sendo predadas por abutres financeiros, comerciais e pseudoconsultores, até que o juízo final chegue " Alexandre Enrico Silva Figliolino Diretor Comercial do Itaú BBA Commercial Director of Itaú BBA

Durante os últimos anos, vários grupos optaram por vender a totalidade ou o controle do capital de suas empresas como forma de solucionar problemas que estavam passando, sejam eles de ordem financeira, societária ou sucessória, etc. Nesse mecanismo, mais de uma centena de milhão de toneladas de cana em capacidade de moagem trocou de mãos, o que é bastante significativo. Outro fenômeno interessante tem sido o de vários grupos de porte pequeno, médio ou até grande, procurando um caminho a que chamamos de consolidação porteira para fora, hoje propiciado apenas pelo sistema Copersucar, modelo este muito interessante, pois alia a capacidade de cada um

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recent years, several groups chose to sell all the " OsInpica. " capital or a controlling share of their companies as a means to solve problems they were facing, whether of a financial, corporate or successor-related nature, as well as other difficulties. In this process, more than 100 million tons of sugarcane crushing capacity changed hands, which is highly significant. Another interesting phenomenon concerns several small, medium and large groups seeking a path we refer to as the gate-external consolidation, which currently is Fexas inherent Pralq-USPonly to the Copersucar system, constituting a very interesting model because it combines each one’s ability



bancos & fundos bem tocar seu negócio da porteira para dentro, unindo-se a um grupo inquestionavelmente forte de produtores da porteira para fora – no qual escala é mais que fundamental –, compartilhando logística, grande escala de negociação comercial, estrutura altamente profissionalizada de gestão comercial, de riscos de variação de preços de commodities e de moedas, etc. Apesar de já termos alguns movimentos de empresas procurando união na área de compras, como as realizados pelos grupos Titoto, Santa Adélia e Batatais, e na área de venda, como a Bioagência, decepciona a ausência de um maior número de conversas entre grupos que possuem afinidades filosóficas e regionais que poderiam estar explorando mais a possibilidade de fusões regionais, a que poderíamos chamar de microconsolidação, com a criação de cluster com claros ganhos de escala e aumento de eficiência pela obtenção de óbvias sinergias. Mas, de uma maneira geral, a desalavancagem do setor está em marcha graças a um bom ano safra 2009/10, que possibilitou uma robusta geração de caixa para aquelas empresas bem estruturadas no lado operacional e financeiro. Foi uma safra complexa, principalmente do ponto de vista dos preços, pela enorme volatilidade ocorrida nos mercados de açúcar e álcool, e do ponto de vista operacional, pelo baixo aproveitamento de tempo e baixo rendimento causado pelas chuvas. Esses motivos, entre outros, provocaram uma dispersão muito elevada de resultados operacionais, e, quando olhamos, por exemplo, a margem EBITDA sobre vendas, através de dados contábeis fornecidos pelos nossos clientes, encontramos números oscilando entre zero e 40%, o que, à primeira vista, é surpreendente em se tratando de empresas que produzem quase as mesmas coisas. Essa elevada dispersão de resultados entre os grupos do setor dá uma idéia do quão rico será o cenário para frente em termos de consolidação. Outra coisa muito interessante a se observar também é que, por enquanto, os resultados guardam mais relação com a qualidade da gestão do negócio do que com o tamanho. O que esperar para o futuro? Que se pode arriscar a prever em termos de desenho do setor? 1. Certamente, uma maior concentração, num processo de consolidação comandado pelos grandes grupos com acesso a capital; 2. Aumento dos associados à Copersucar e outros modelos parecidos que possam surgir, e 3. Movimentos de micro-consolidação com fusão de grupos que tenham afinidades ou movimentos na qual empresas mais bem estruturadas absorvem unidades menos estruturadas, contribuindo para a permanência de grupos de médio porte no setor, que precisam encaminhar-se para o estado da arte, em termos de gestão, para competir com os grandes, e é muito importante que tenham bem resolvidas as questões societárias e sucessórias. 4. Por último, veremos, ainda, por algum tempo, unidades vagando à margem do sistema formal, sendo predadas por abutres financeiros, comerciais e pseudoconsultores, até que o juízo final chegue. Curioso que, diferente dos seres humanos, no caso das empresas, os abutres chegam antes do juízo final. Tudo isso leva, certamente, à convicção de que estamos no caminho certo de um setor mais forte, mais competitivo, com empresas mais preparadas para enfrentar os desafios futuros que não são poucos.

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Opiniões to well manage his business gate-inwards, while associating with an undeniably strong group of gate-external producers, for which economy of scale is more than simply essential, and involves sharing logistics, trade negotiations on a grand scale, highly professional trade management structures, commodity price variation risks, currency risks, etc. Notwithstanding the fact that some companies have sought to unite in the purchasing area, as did the Titoto, Santa Adélia and Batatais groups and Bioagência in the sales area, it comes as a disappointment that not more groups sharing philosophical and regional affinities are talking to each other to further explore possibilities of regional mergers one might refer to as micro-consolidation, involving the creation of clusters with evident gains in scale and the increase in efficiency through the attainment of obvious synergies. However, in general terms, the industry is in a deleveraging process due to a good 2009/10 harvest season that allowed for robust cash generation by those companies that were well structured from the operational and financial standpoint. It was a complex harvest, mainly from the price point of view, due to enormous volatility in the sugar and ethanol markets, and from the operational point of view, due to the poor taking advantage of the time factor and the low yields brought about by the rains. These factors, among others, caused much disparity in terms of operational results, and when, for example, one analyzes the EBITDA margin on sales as shown by accounting data submitted by our clients, one finds numbers varying from zero to 40%. This, at first sight, is quite surprising when considering that these companies all produce just about the same products. This high dispersion of results achieved by industry groups provides an idea of how enticing the future scenario may be in terms of consolidation. Another interesting aspect is to notice that for the time being results relate to management quality rather than size. What is there to expect for the future? What predictions can be made concerning the industry’s design? 1. Certainly higher concentration, in a consolidation process conducted by large groups with access to capital; 2. Increase in the number of members in Copersucar and in other similar models that may arise, and 3. Micro-consolidation processes involving mergers of groups sharing affinities, in which better structured companies will absorb less structured organizations, thus contributing to the continued existence of medium size groups in the industry, which will need to adapt to state-of-the-art management practices to compete with the large groups. To that end, it will be important for them to have corporate and succession-related matters well resolved. 4. Finally, for some time yet, we will see company units operating outside the formal system, exposed to financial and commercial vultures and pseudo-consultants, until the time of final reckoning. It is interesting to notice that differently from human beings, in the case of companies, the vultures appear before the time of final reckoning. This all makes us believe that we are on the right track to a stronger industry, more competitive, with companies better prepared to face future challenges that are quite numerous.



bancos & fundos

prever ?

até onde é possivel

Is it possible to predict ?

Impulsionado por perspectivas promissoras para açúcar e etanol, em combinação com financiamento barato no período 2005 a 2008, o setor de cana-de-açúcar brasileiro cresceu rapidamente em anos recentes. Com base nas expectativas atuais para a safra 2010/11, o volume de cana processado na região Centro-Sul do Brasil terá aumentado em 73% nos últimos cinco anos – uma taxa anual de crescimento de 12%. Entretanto, essa fase de instalação de novas capacidades está chegando ao fim. Em 2008/09, 30 novas usinas entraram em operação; a estimativa para a safra 2010/11 é de 10 novas usinas e de apenas 5 usinas em 2011/12. Baixos preços de açúcar no mercado internacional, além da valoração da taxa de câmbio em 2007 e em boa parte de 2008, em combinação com o impacto da crise financeira geral ao final de 2008, traduziram-se em deterioração considerável da situação financeira em geral do setor até 2009, não obstante o setor tenha rapidamente aumentado a sua produção. Após a turbulência dos últimos anos, muitos participantes do setor interessam-se atualmente muito mais em aumentar a eficiência de operações existentes do que em buscar nova expansão. Por outro lado, apesar da atual desaceleração em investimentos e na ampliação da capacidade, haverá muito mais crescimento na próxima década. De acordo com projeções da Unica, até 2020, o setor brasileiro de açúcar e etanol deverá processar aproximadamente um bilhão de toneladas de cana por ano. Isso sugere que, entre agora e o ano de 2020, cerca de 350 milhões de toneladas em nova capacidade de produção terá de ser implantada.

" a decidida entrada, há pouco tempo, de duas gigantes do petróleo parece sinalizar que agora elas estão prontas a investir recursos próprios, em montante muito elevado para os padrões do setor da cana, nas atividades envolvendo biocombustíveis " Andy Duff Chefe de Pesquisas de Alimentos e Agronegócios do Rabobank Intl Head of Food & Agribusiness Research of Rabobank International * Texto original em inglês, com tradução para português

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Powered by promising perspectives for sugar and ethanol demand, coupled with cheap funding during the period 2005 to 2008, Brazil´s cane industry has expanded rapidly in recent years. On the basis of current expectations for the 2010/11 season, the volume of cane milled in Brazil´s Centre/South will have increased by 73% in the last five years - an annual growth rate of 12%. However, the wave of new capacity entering the industry is now coming to an end. In 2008/09, 30 new mills were commissioned; the estimate for the current 2010/11 season is 10 new mills, and just 5 mills in 2011/12. Low international sugar prices plus an appreciating exchange rate in 2007 and much of 2008, combined with the impact of the global financial crisis at the end of 2008, have meant that while the industry´s output grew rapidly, its general financial situation had deteriorated considerably by 2009, triggering a wave of mergers and acquisitions, which has continued into 2010.


Opiniões Supondo um custo de investimento aproximado de US$ 90/tm de capacidade (US$ 75/tm em equipamentos fabris e mais US$ 15/tm em investimentos em campo), projeta-se um investimento necessário de aproximadamente US$ 30 bilhões nos próximos 10 anos. De onde virão os recursos e quem terá melhor acesso a eles? Após o ciclo de expansão/recessão dos últimos anos, financiadores e investidores continuam cautelosos. Fatores como: 1. presença e experiência no mercado, 2. elevados níveis de governança corporativa e transparência, 3. balanços financeiros sólidos e fluxo de caixa, 4. garantias sólidas (ativos fixos, contratos de exportação), e 5. mais visibilidade e previsibilidade de fluxos de receitas e de margens (por exemplo, vendas de energia elétrica à rede), provavelmente, serão importantes fatores de influência na disponibilidade de financiamento e no custo. Nessas circunstâncias, os grandes e bem estabelecidos participantes que contam com sofisticada gestão financeira poderão desfrutar de maior vantagem em financiamentos, proporcionando-lhes mais espaço para buscar expandir a produção e a participação de mercado por meio de crescimento orgânico e aquisições. Participantes pequenos e médios poderão enfrentar dificuldades em manter o passo, e poderá ser estimulada uma maior concentração no setor. Essa tendência poderá ser reforçada através da crescente participação do setor de petróleo brasileiro na indústria da cana. A decidida entrada, há pouco tempo, de duas gigantes do petróleo (Shell na Cosan e Petrobras na Açúcar Guarani e na São Martinho) parece sinalizar que agora as empresas de petróleo estão prontas a investir recursos próprios, em montante muito elevado para os padrões do setor da cana, nas atividades envolvendo biocombustíveis. E quanto ao futuro ambiente de negócios? Até onde é possível prever, a demanda por açúcar e etanol guiará o setor – embora, no mais longo prazo, certamente haverá um potencial de novos mercados para desenvolver produtos à base da cana, como biocombustíveis, biorresinas e bioplásticos. Os mercados de açúcar e etanol são tipicamente mercados de commodities e serão, provavelmente, tão voláteis e cíclicos no futuro como foram no passado. Entretanto, a tendência de longo prazo dos preços internacionais de açúcar deverá refletir o custo marginal de produção. Isso, por sua vez, deverá refletir o custo de produção de açúcar em uma usina brasileira nova, porque muito do açúcar adicional que precisará ser produzido para atender à crescente demanda global será produzido no Brasil. Nesse ambiente de negócios, a sustentabilidade e a lucratividade de longo prazo significarão não apenas a sobrevivência diante da tendência de longo prazo do preço, mas também a sobrevivência confortável diante da inevitável volatilidade e dos períodos recessivos cíclicos do mercado. Entre os principais fatores de sucesso necessário para tanto, incluem-se: 1. a liderança em termos de custo, mediante o uso de economias de escala; polos industriais, etc.; 2. a competente gestão de risco, e 3. uma certa diversificação de receitas para mercados que não os de commodities, a exemplo de vendas de energia elétrica.

After the turbulence of recent years, many participants in the industry are currently more interested in investing in increasing the efficiency of existing operations than in pursuing further expansion. Nevertheless, despite the current slowdown in investment and capacity expansion, there is much more growth to come over the next decade. According to Unica’s (the Brazilian Sugarcane Industry Association) projections, by 2020 the Brazilian sugar and ethanol sector should be processing around one billion tonnes of cane a year. This suggests that, between now and then, around 350 million tonnes of new milling capacity needs to be built. Assuming an approximate cost of investment at USD 90/mt capacity (USD 75/mt for factory investment and another USD 15/mt for field investment), this indicates a required investment of some USD 30 billion over the coming ten years. Where will these funds come from and who has the best chance of accessing them? After the boom-and-bust of recent years, lenders and investors are likely to remain cautious. Factors such as: 1. presence & experience in the market; 2. high standards of corporate governance and transparency; 3. strong balance sheet and cash flow; 4. strong guarantees (fixed assets, export contracts), and 5. enhanced visibility/predictability of revenue stream and margins (for example, electricity sales to the grid) are likely to be important influences on funding availability and cost. Under these circumstances, large well-established players with sophisticated financial management may well have an enhanced funding advantage, giving them more scope to pursue expansion and market share via organic growth and acquisitions. Mid-size and small players may find it increasingly hard to keep up, and concentration in the sector could be further encouraged. This trend may be reinforced by the increasing involvement of the petroleum sector in the Brazilian cane industry. The recent decisive entry into the sector of two petroleum giants (Shell with Cosan, and Petrobras with Açúcar Guaraní and with São Martinho) suggests that oil companies are now ready to put their own resources, enormous by the standards of the cane sector, into the biofuels business. What about the future business environment? For the foreseeable future, demand for sugar and ethanol will drive the sector – though in the longer term, there is certainly potential for new markets to develop for cane-based products, such as advanced biofuels, bioresins and bioplastics. The sugar and ethanol markets are typical commodity markets, and are likely to be as volatile and cyclical in the future as they have been in the past. However, the long term trend in world sugar prices should reflect the marginal cost of production. This in turn should reflect the cost of production of sugar in a new Brazilian mill, because much of the additional sugar that needs to be produced to satisfy rising global demand will be produced in Brazil. In such a business environment, long term sustainability and profitability means not just surviving at the long term trend price, but surviving comfortably through the inevitable volatility and cyclical downturns in the market. Among the key success factors required for this are 1. cost leadership, using economies of scale, clusters, etc; 2. solid risk management, and 3. some diversification of revenues outside commodity markets, for example electricity sales.

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bancos & fundos

Opiniões

desafios

para um crescimento sustentável Challenges for sustainable growth

" para o banco, à medida que o setor cresce em competitividade e se profissionaliza, capacidade de gestão e governança serão cada vez mais fatores-chave para o sucesso das empresas " Carlos Eduardo Cavalcanti Chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES Head of the Biofuel Department of BNDES

O recente período de crise que se abateu sobre o setor sucroenergético deixou um conjunto de lições tanto para o empresariado como para seus principais agentes financiadores. Embora algumas dificuldades ainda remanesçam, inclusive no que diz respeito à retomada do nível de crédito pré-crise, já é possível observar um volume de consultas relativas a novos projetos superior ao do primeiro semestre de 2009. Particularmente, neste primeiro momento, notase uma predominância de novos investimentos em capacidade de cogeração de energia. Esta, certamente, é uma das derivadas imediatas da crise, uma vez que a maior estabilidade e previsibilidade dos fluxos de caixa associados à venda de energia se contrapõem às flutuações de preços tão inerentes aos mercados de açúcar e de etanol. Boa parte do ano de 2009 foi dedicada à gestão da crise, resultando em um inédito trabalho coordenado entre BNDES e os principais bancos atuantes no setor. Pode-se dizer que esse trabalho encontra-se hoje praticamente concluído, e de forma bem sucedida. Não obstante, o BNDES manteve, em 2009, praticamente o mesmo volume de desembolsos registrados no ano anterior, na faixa de R$ 6,5 bilhões. Dessa forma, fechou o triênio 2007-09 com um volume global de desembolsos próximo a R$ 17 bilhões para novos projetos ou expansão de capacidade produtiva, o que evidencia um dos maiores apoios setoriais na recente história do Banco. Algumas dimensões norteiam e continuarão norteando a atuação do BNDES junto ao setor sucroenergético. Elas são compostas, principalmente, pelas definições das estratégias empresariais de crescimento, pelos padrões de gestão – sobretudo financeira – e de governança e pelas boas práticas sociais e ambientais. Ademais, o Banco tem procurado atuar de forma proativa junto ao setor no que concerne à introdução de práticas e processos inovadores,

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The recent crisis that impacted the sugar-based energy industry left a set of lessons for the business community and its main financial agents. Although some difficulties remain, also with respect to again attaining the pre-crisis credit levels, one can already notice a bigger number of inquiries relative to new projects, in comparison with the first semester of 2009. Particularly at this point in time, one notices the predominance of new investments in energy cogeneration capacity. This surely is one of the crisis’ consequences, given that higher stability and predictability of cash flows related to the sale of energy stand in contrast to price fluctuations so inherent to the sugar and ethanol markets. Most of 2009 was dedicated to managing the crisis, having resulted in an unprecedented work effort by the BNDES and the main banks that operate in the industry. One may state that in practical terms this work has currently been successfully concluded. Nevertheless, the BNDES in 2009 practically upheld the same level of disbursements as in the previous year, in a magnitude of US$ 6.5 billion. Thus, it closed the 2007-09 triennium with a global disbursement volume of close to R$ 17 billion for new projects or the expansion of production capacity, in what constitutes one of the largest supports provided industry sectors in the Bank’s recent history. Some parameters guide and will continue to guide BNDES’ activities in the sugar-based energy industry. They essentially comprise definitions of business strategies for growth, management standards – mainly financial – and on governance and sound social and environmental practices. Furthermore, the Bank has sought to act proactively in the industry with respect to the introduction of innovative practices and processes that seek to aggregate value to



bancos & fundos que busquem agregar valor ao produto das empresas. Uma última variável sensível para o Banco, de caráter mais exógeno, porém estratégico para o país, diz respeito à consolidação do etanol como solução alternativa para as matrizes energéticas dos demais países e como este aspecto poderá influenciar o processo de internacionalização das empresas brasileiras. No que diz respeito às estratégias empresariais e aos novos padrões de competitividade decorrentes do processo de consolidação, o BNDES vem acompanhando de perto os principais movimentos do setor, procurando apoiá-lo, sempre que possível, por meio de seus instrumentos tradicionais de dívida ou de equity. Não se tem a percepção de um modelo de consolidação vencedor, haja vista o alto grau de pulverização que ainda permeia o setor. Na mais recente onda, cabem alguns destaques para as grandes tradings agrícolas, para as empresas petroleiras e também para a Copersucar, que tem empreendido, com sucesso, um modelo de consolidação da porteira para fora. Para o Banco, à medida que o setor cresce em competitividade e se profissionaliza, capacidade de gestão e governança serão cada vez mais fatores-chave para o sucesso das empresas. No caso dos novos entrantes, ainda que a disciplina financeira e o maior acesso a capital signifiquem um diferencial não desprezível, as empresas terão que demonstrar competência na gestão agrícola, que se torna crítica com o aumento da escala. Esse desafio pode significar uma oportunidade de parcerias ou associações com empresas tradicionais do setor. A política social e ambiental das empresas é outro tema caro ao BNDES. Dentro do Banco, a responsabilidade por essa agenda cabe hoje à área de Meio Ambiente, criada em 2008. Uma das metas dessa nova unidade é introduzir o uso dos chamados Guias socioambientais para os principais setores apoiados pelo Banco. No caso do setor sucroenergético, esse guia encontra-se em fase final de validação interna e externa, devendo ser lançado no início do próximo ano. As iniciativas orientadas para a inovação podem contar com apoio do BNDES com linhas específicas reembolsáveis ou não – estas últimas no âmbito do Fundo Tecnológico - Funtec. Além disso, o Banco está trabalhando, de forma coordenada, com outras instituições de governo, no sentido de criar mecanismos de apoio associados à pesquisa e desenvolvimento de novas rotas tecnológicas de conversão a partir da biomassa da cana. Não se descarta, neste caso, o esforço para atrair para o país centros de pesquisa avançada ou laboratórios de empresas que já elegeram a cana como a biomassa mais competitiva para a obtenção de biocombustíveis avançados, como o diesel de cana, o etanol lignocelulósico e o biobutanol. Por fim, e ademais de todo o foco do Banco no apoio ao investimento de longo prazo, cujo maior objetivo é garantir a oferta de etanol à crescente demanda dos mercados interno e externo, vale mencionar que o BNDES relançou, em 2010, o Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro PASS, com dotação de até R$ 2,4 bilhões, e o pressuposto de assegurar a manutenção de estoques de etanol nas safras deste e do próximo ano, colaborando para a não volatilidade de preços do produto. Acreditamos que este seja, juntamente com outros mecanismos, mais um importante instrumento que auxilie o processo de consolidação do etanol como commodity global no decorrer dos próximos anos.

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Opiniões companies’ products. Another sensitive parameter for the Bank, more exogenous in nature, but strategic for the country, refers to the consolidation of ethanol as an alternative solution for energy matrixes of other countries, and to how this aspect may influence the internationalization process of Brazilian companies. As related to business strategies and new competitiveness standards resulting from the consolidation process, the BNDES is closely monitoring the industry’s main movements, whenever possible, through its traditional debt or equity instruments. One lacks the perception of a winning consolidation model, given the high degree of decentralization that still characterizes the industry. In the most recent tendency wave, a few highlights should be emphasized with respect to large agricultural trading companies, oil companies and also Copersucar, which has been very successful in conducting a gate-external consolidation model. For the Bank, as the industry grows in competitiveness and becomes professional, the management and governance capability will increasingly become key factors for companies’ success. In the case of new entrants, albeit financial discipline and more access to capital constitute a considerable differential, companies will have to show competence in agricultural management, which becomes increasingly more critical as the scale increases. This challenge may result in an opportunity for partnerships or associations with traditional companies in the industry. The social and environmental policy is another issue of great importance for the BNDES. In the Bank, the responsibility for this agenda nowadays lies with the Environmental Department, created in 2008. One of this new unit’s goals is the use of so-called Social and Environmental Guidelines for the main industry sectors supported by the Bank. In the case of the sugar-based energy industry, this guide is in a final stage of internal and external validation and is scheduled for launching next year. Initiatives aimed at innovation may be supported by the BNDES through specific lines of credit, reimbursable or not – the latter of which are offered through Funtec - Fundo Tecnológico (Technological Fund). Furthermore, the Bank is working, in a coordinated manner, with other government institutions to create support mechanisms for research and development of new technological conversion paths resulting from sugarcane biomass. In this case, one does not ignore efforts made to attract to the country advanced research institutes or labs of companies that have already selected sugarcane as the most competitive biomass for obtaining advanced biofuels, such as diesel from sugarcane, lignocellulosic ethanol and biobutanol. Finally, and albeit all efforts by the Bank to focus on long term investments, whose main objective is to assure the supply of ethanol to meet the growing demand of both the domestic and foreign market, one should point out that the BNDES this year re-launched PASS - Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro (the sugar and ethanol industry’s support program), funded with up to R$ 2.4 billion, and intended to assure maintenance of ethanol inventory in this year’s and next year’s harvests, thereby contributing to nonvolatility of prices of the product during the year. We believe this is, along with other mechanisms, another important instrument to assist in the consolidation process of ethanol as a global commodity in years to come.



ensaio especial

Opiniões

marketing, logística,

agregação de valor Marketing, logistics, aggregation of value

" Queremos seguir o modelo proposto pelos concorrentes? Eles pretendem que o Brasil limite sua produção à demanda interna e se transforme numa grande floresta da Amazônia ao Chuí. É isso que queremos? " Marcus Vinicius Pratini de Moraes Ex-Ministro da Agricultura, das Minas e Energia e da Indústria e Comércio Former Minister of Agriculture, of Mines and Energy and of Industry and Trade

O consumo de alimentos, fibras vegetais e matérias--primas agrícolas deve dobrar até 2050, de acordo com estimativas da FAO. No século passado, os processos de crescimento econômico eram sempre comandados pelo mercado norte-americano, europeu e japonês. Desde o final do século XX, a geografia comercial do mundo mudou e hoje os polos dinâmicos de crescimento econômico deslocaram-se para os países emergentes, com a China liderando o processo em todas as áreas. Na área de alimentos, celulose e, sobretudo, proteínas animal e vegetal, a nova liderança cabe ao Brasil, que também tem presença expressiva e crescente no algodão. A expectativa é que a produção agropecuária brasileira duplique e, em alguns setores, triplique nos próximos 40 anos. Nos vários estudos realizados sobre o comportamento da demanda mundial dos produtos agropecuários, verifica-se que o maior crescimento do consumo será no açúcar, álcool, oleaginosas, carnes, lácteos e ovos. O Brasil utiliza apenas 5,4% dos seus 851 milhões de hectares para produzir 145 milhões de toneladas em culturas anuais de grãos e, dos 220 milhões de hectares de pastagens naturais e cultivadas, a pecuária só utiliza 170 milhões de hectares, e esse número tende a cair na medida em que cresce a produtividade da criação bovina. A tendência é o aumento de integração lavoura/ pecuária e o uso dos semiconfinamentos para a terminação dos animais para abate. Dispomos, hoje, de 90 milhões de hectares para novas lavouras, o dobro do que plantamos na atual safra.

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The consumption of food, plant fibers and agricultural raw materials is expected to double by 2050, according to FAO projections. In the past century, economic growth processes were always commanded by the U.S., European and Japanese markets. Since the end of the 20th Century, the world’s trading geography has changed and nowadays the dynamic poles of economic growth have shifted to emerging countries, with China leading the process in all areas. In the field of food, cellulose, and more importantly, animal and plant protein, Brazil plays the new lead role, while also having an expressive and increasing presence in cotton. Expectations are that the Brazilian agro and cattle breeding production will double, and in some industries production may even triple, in the next 40 years. In several studies carried out on trends in world demand for agro and cattle breeding products, one can see that most growth in consumption will be in sugar, ethanol, oleaginous products, meat, dairy products and eggs. Brazil uses only 5.4% of its 851 million hectares to produce 145 million tons of annual grain crops, and of the 220 million hectares of natural and cultivated grazing lands, cattle breeding only uses 170 million hectares, whereas this figure tends to decrease as the productivity of bovine breeding increases. The trend is to increase the agriculture/ cattle breeding integration and the use of quasi confinement for termination of animals to be slaughtered. We nowadays have 90 million hectares for new plantations, twice the figure we planted in the current harvest season.



ensaio especial A agropecuária brasileira tem pela frente uma oportunidade para um novo salto de produtividade e eficiência, como assistimos na primeira década deste século. Não tenho dúvida de que esses novos mercados, que crescem mais pelo aumento de renda, nos países emergentes, do que pela demografia, vão precisar do Brasil para supri-los. Para atender a essa nova demanda, há dois problemas que devemos superar: logística e marketing. Logística, tanto no plano interno como internacional. No plano interno, o problema não se limita apenas ao volume de recursos necessários, mas também à tradicional lentidão das obras públicas, hoje retardadas também pelo tratamento burocrático das questões ambientais. No marketing, há que se definir a ação institucional que é tarefa do setor público, e a ação comercial, que envolve mais o setor privado, mas onde a ação do governo também é importante, na medida em que prosperam os protecionismos tarifário, sanitário e ambiental. A tarefa do setor público é abrir novos mercados e preservar os já existentes quando ameaçados por ações protecionistas nos três formatos referidos anteriormente. Outra prioridade essencial é a necessidade de estimularmos a internacionalização das nossas empresas, de forma a levar suas operações até os mercados consumidores. Em outras palavras, é preciso aumentar a produtividade da distribuição, como fizemos com a produtividade de produção. Na produção, começando com a ampliação das áreas de “plantio na palha” e os bem--sucedidos investimentos na área de genética animal e vegetal, atingimos níveis de produtividade dos mais elevados do mundo. Mas o que se obtém na produção é perdido na logística. Convém lembrar que o Brasil é um país “longe” dos principais mercados e, sobretudo, dos que mais crescem no Sudeste Asiático. Além disso, as nossas principais áreas de produção estão distantes dos portos. O desafio logístico, hoje, é mais complexo, o que demandará mais tempo e recurso, mas é também o que definirá a viabilidade do aumento de produção agropecuária. Outro tema importante é o aumento do valor agregado da produção. Apesar de muitos pretenderem que o Brasil seja exportador de matérias-primas, o nosso avanço em alguns setores, como as carnes, é extraordinário. Isso implica, entretanto, a ampliação das ações de marketing, tanto institucional como comercial. As cadeias da agropecuária precisam operar em maior sintonia. Governo e setor privado precisam atuar juntos para viabilizar o aumento de agregação de valor da produção primária. É claro que o Brasil será sempre exportador de commodities também, mas, com os atuais custos de logística e a moeda sobrevalorizada em pelo menos 20%, vamos gradualmente perder competitividade. No ponto que atingimos é essencial aumentar a exportação de proteína animal, que vale de dez a vinte vezes a proteína vegetal que lhe dá origem e, portanto, suporta custos mais elevados de logística. Esta fase pré-eleitoral, quando se discutem temas estratégicos para o futuro da nação é um bom momento para definir os rumos do agronegócio. Queremos seguir o modelo proposto pelos concorrentes? Eles pretendem que o Brasil limite sua produção à demanda interna e se transforme numa grande floresta da Amazônia ao Chuí. É isso que queremos?

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Opiniões The Brazilian agro and cattle breeding industry faces an opportunity for a new leap in productivity and efficiency, as we had one in the first decade of this century. There is no doubt in my mind that these new markets, which grow through the increase in income in emerging countries rather than through demographics, will need Brazil to be the supplier. To meet this new demand, there are two problems we must overcome: logistics and marketing. Logistics both at the domestic and international levels. At the domestic level, the problem is not limited only to the volume of needed funds, but also to the traditional delay in public works, nowadays further delayed by the bureaucracy involving environmental issues. In marketing, what needs to be defined are institutional actions which are the competence of the government, and trade initiatives that more directly involve private initiative, but for which government actions are also important to the extent tariff, sanitation and environmental protectionism prospers. The public sector’s role is to open new markets and preserve those that already exist, when threatened by protectionist actions in any of the three forms referred to above. Another essential priority is the need to foster internationalization of our companies, to take their operations to the consumer markets. In other words, it is necessary to increase distribution productivity, like we did with production productivity. In production, beginning with the expansion of “in straw planting” areas and successful investments in animal and plant genetics, we reached among the highest productivity levels in the world. But, what is gained in production is lost in logistics. It is appropriate to recall that Brazil is a “far away” country from consumer markets, and, in particular, from those that grow the most, in Southeast Asia. In addition, the main production regions are distant from the ports. Nowadays, the logistics challenge is more complex, requiring more time and money, but it is also the factor that will define the feasibility of increasing agro and cattle breeding production. Another important issue is the increase in production’s aggregated value. Although many would prefer Brazil to be a raw materials’ exporter, our progress in some industries, such as meat, is extraordinary. However, this implies expanding marketing actions, both institutionally and commercially. Agro and cattle breeding links must cooperate more harmoniously. The government and the private sector must perform together to make feasible the increase in aggregated value of primary production. Of course, Brazil will always be an exporter of commodities as well, but at the current costs of logistics and with an overvalued foreign exchange rate of at least 20%, we will gradually lose competitiveness. At the point we have reached, it is essential to increase animal protein exports, which has ten to twenty times the plant protein from which it originates and therefore supports higher logistics costs. In this pre-electoral phase, when one debates strategic topics concerning the future of the Nation, it is the right time to set the direction for agribusiness. Do we intend to follow the model proposed by competitors? They want Brazil to limit its production to domestic demand and to transform itself into a huge forest, reaching from the Amazon region to the southernmost border at Chui. Is that what we want?




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