A força da nossa terra - OpAA44

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visão de associações de fornecedores de cana

um estado de

guerra No Global Agribusiness Forum, o mundo identificou o Brasil como líder, com potencial para abastecer o planeta com 40% dos alimentos, de fibras e de energia. Esse desafio não é só dos agricultores, e sim de toda a sociedade brasileira. "

Eduardo Vasconcellos Romão

Presidente da Associcana Associação de Produtores de Cana-de-Açúcar na região de Jaú

A associação à qual pertenço possui 1.120 produtores de cana e congrega 17 municípios. Em 2011, juntamo-nos aos produtores rurais e líderes regionais para fazer uma boa campanha, lançamo-nos candidatos em uma chapa na eleição da Associcana, em Jaú, e ganhamos. Achávamos que o desafio seria apenas fazer uma boa administração, na qual as prestações de serviços na informação de tecnologias agrícolas, benefícios em sua área social e boas políticas de desenvolvimento pudessem melhorar a capacitação do setor. Afinal, era nosso negócio que estava em jogo. Mal assumimos, e as adversidades econômicas mundiais nos impactaram e foram deixando sequelas por onde passavam. Acrescentem-se a esse quadro os déficits climáticos nesse período e o fim das autorizações para a queima da palha de cana por determinação federal. Esses fatores nos obrigaram a buscar novos conhecimentos para adequar os pequenos e médios produtores que, em relação a outros, de outras regiões, estavam atrasados com a mecanização na nossa área. Blocos de colheitas são as técnicas que a maioria das usinas estão aplicando, então preparamos e distribuímos a informação sobre essas técnicas para nossos associados, pois o processo de colheita mudou e todos tiveram que se adequar. As dificuldades econômicas foram se aprofundando. Além do preço baixo da cana-de-açúcar, algumas unidades tiveram dificuldades nos pagamentos, e os estragos ocorreram: diminuição nos investimentos na produção, queda de produtividade e, por fim, o sucateamento das lavouras. Quem tinha alguma reserva financeira, empenhou-a. Que desafio. Vieram, na sequência, as inciativas dos movimentos reivindicatórios a favor do etanol. A adesão impressionou.

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No movimento de Piracicaba, eram tantos os produtores de nossa região, que nos surpreendemos. A força da crise foi tão grande, que dizíamos que era como se tivessem nos atingido no meio de nossas cozinhas, pois foram mudanças na rotina familiar e, às vezes, alterando hábitos alimentares. De Piracicaba a Sertãozinho, o movimento chegou a Jaú. Caprichamos: nós e as associações vizinhas de Lençóis Paulista, Barra Bonita e Bariri lideramos o manifesto. Tivemos a iniciativa de doar etanol aos motoristas no centro de Jaú; foi um sucesso, paramos o trânsito. Com muito empenho, mobilizamos, no total, milhares de indivíduos e ganhamos destaque em rede nacional. Quem diria que estávamos aprendendo a reivindicar por meio de mobilizações – uma novidade no nosso setor. Na sequência, chegamos ao Congresso Nacional, em Brasília, com representação de quase todas as regionais do estado de São Paulo. Mas ir para lá com os ônibus foi um esforço, e os efeitos dessas mobilizações não foram práticos. As políticas públicas para o setor tardaram demais. Vieram, mas deixaram sequelas severas no campo, de difícil cicatrização. O tempo não tardou a piorar a situação das indústrias das regionais, que já se encontravam em dificuldades. Mas o que fazer diante dessa situação, que mais parece um estado de guerra? Precisamos deflagrar o espírito de liderança que temos dentro de nós na abordagem com os nossos produtores. É pelos nossos familiares, pelo nosso negócio e pelo nosso patrimônio. Vale a pena ter como foco as 40 regionais agrícolas do estado de São Paulo, congregá-las numa ação comum e eficaz e nos orgulhar de nossa população irmanada, nas cidades e no campo, imbricada numa mesma economia.


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