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SÁBADO
12 DE NOVEMBRO
2016
SEM PREJUÍZOS AOS PRODUTORES
A Conferência das Partes para o Controle do Tabaco encerra neste sábado, 12. A produção de tabaco não será afetada
ÍNDIA X ÍNDIA
A ironia de discussão do tratado global sobre o controle do tabagismo, na Índia, em plena crise de poluição, motivou deboches entre os colegas de imprensa no mundo. Além disso, a restrição de acesso fez a mídia menosprezar grande parte das discussões e pressionar os porta-vozes da conferência. A Índia mostrou que está disposta a trabalhar as políticas antitabagistas e quer envolver os países que já implantam medidas neste processo. O Brasil tem sido referência para o governo indiano no quesito diversificação. Exemplos de produção de alimentos em propriedades onde antes se plantava tabaco tem servido de modelo. Entretanto, as entidades ligadas ao setor criticam os exemplos, já que muitos tiveram subsídios do poder público.
CAOS DAS NOTAS
Em plena COP7 o governo indiano retirou de circulação as cédulas de rúpias nos valores de 1.000 e 500. A decisão foi uma surpresa e garantiu o caos para trocar notas de dinheiro. Taxistas, comerciantes e hotéis não aceitam os valores. Com casas de câmbio fechadas e bancos com filas enormes, a alternativa foi a organização da conferência criar um espaço para trocar dinheiro. O objetivo da medida do governo é travar a lavagem de dinheiro numa sociedade onde a maior parte das transações são feitas em dinheiro corrente, mas a decisão, anunciada pelo primeiro-ministro Narendra Modi, deixou os indianos confusos e os estrangeiros também. Vale lembrar que um real equivale a 20 rúpias.
CLASSE MÉDIA
A Índia é um país de contrastes, especialmente nos níveis sociais da sua população. Para ser considerado de classe média, a família precisa ter em casa botijão de gás. Parece pouco, mas 77% da população indiana vive no campo, e esta tem como método de preparação de alimentos a queima de lenha ou esterco de vaca. Quem consegue deixar este método de combustível para os afazeres domésticos, tem um nível melhor de renda. Mesmo após a publicação da Constituição indiana, em 1950, abolindo o sistema de castas para divisão social, o enquadramento segue sendo uma realidade. Por todos os lados do país você encontra pessoas ligadas as suas castas que seguirão o resto das vidas. Por exemplo, recolhendo lixo ou limpando esgoto, porque é o que determina a sua casta e de sua geração. Nós, estrageiros e pregadores da liberdade, não conseguimos compreender este sistema, após 2.300 anos desta forma de divisão. No país de Gandhi, isso é tradição.
Nem o trânsito caótico da Índia, muito menos a poluição, diminuiram o ritmo de trabalho na 7ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). A delegação brasileira manteve a posição de avançar nas políticas públicas de saúde sobre o tema, sem afetar a economia nacional ou a renda dos produtores. O evento global encerra neste sábado, 12, e deve deixar para 2018 temas importantes para análise mais aprofundada. Novamente os artigos 17 e 18 estiveram em discussão no tratado e falam sobre a diversificação de culturas e desenvolvimento sustentável das pequenas propriedades. O documento não irá trazer prejuízos aos produtores de tabaco que já estão na atividade, muito menos restringir o acesso a esta cultura agrícola. Segundo o documento aprovado nesta sexta-feira, 11, os governos devem incentivar alternativas nas pequenas propriedades, com auxílio financeiro para o cultivo de alimentos, mas não eliminar a produção. O texto também favorece as relações bilaterais da região, uma vez que o tratado sugere aos países que não têm produção de fumo, que fiquem de fora desta cultura agrícola. A medida é uma tentativa de frear
as áreas cultivadas com as folhas, buscando fomentar outras plantações. O Brasil é atualmente o maior exportador de tabaco em folhas no mundo. Segundo o integrante da delegação brasileira, representanto o Ministério da Agricultura, Sávio Pereira, o texto não prejudica a produção de tabaco no Brasil. “Estamos falando de renda e isso é que precisa ser levado em cosideração. A decisão de incentivar os países que não produzem a buscarem outras alternativas garante a continuidade do nosso mercado.” O representante do MAPA destaca que o governo brasileiro não teria condições financeiras, atualmente, de incentivar qualquer tipo de projeto para fomentar ações de alternativas nas lavouras. “A renda obtida pelo produtor de fumo não é garantida hoje por nemhuma cultura agrícola, para pequenas propriedades. O governo também não tem recursos para financiar qualquer tipo de programa atualmente,” explica.
quer buscar, junto ao governo fe ral, o retorno do Programa Nacio de Fortalecimento da Agricult Familiar (Pronaf) para custeio dos micultores. Desde 2005, quando Brasil ratificou a Convenção-Qua para o Controle do Tabaco, os p dutores ficaram de fora das lin de financiamento da produção proposta é de voltar a possibilida de crédito para que os produto possam produzir. Atualmente as dústrias financiam o cultivo das quenas propriedades.
PRONAF
PRÓXIMA COP
A partir da decisão de incentivar que outros países, que não produzem tabaco, não entrem na cultura, Pereira
CONFERÊNCIA
A plenária final com o novo te do tratado global para a redu do tabaco ocorre neste sábado, em Nova Delhi, na Índia. Sengun o chefe da delegação brasileira, e baixador Tovar da Silva Nunes, o B sil sai fortalecido da COP7. “Tem um protagonismo nesta discus e devemos ampliar este debate governo quer manter as políticas saúde, sem prejudicar a ponta m fraca desta cadeia, que é produto
Para a 8º Conferência das Partes Convenção-Quadro para o Contr do Tabaco serão aprofundados
SETOR CLASSIFICA COP7 COMO A MAIS DIFÍCIL EM DIÁLOGO
A Conferência das Partes para o Controle do Tabaco, na Índia, foi marcada pelo grande volume de documentos em debate, além da restrição de acesso do público ao local do evento. As dificuldades de contato com os representantes da delegação brasileira no evento foram apontadas como o principal desafio desta edição. Um aparato militar foi destinado para o espaço da conferência, afim de garantir que pessoas não credenciadas ficassem de fora ou circulassem pelo local. A boa vontade do embaixador brasileiro na Índia, Tovar da Silva Nunes, foi fundamental para o diálogo nas reuniões abertas afim de atualizar os representates da cadeia produtiva, prefeitos e deputados sobre os temas debatidos e posições do Brasil durante a COP7. Entretanto, as restrições de circulação nesta edição, na avaliação do secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e consultor da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva, Romeu Schneider, foram o principal desafio. “Na história das COPs nunca tinha sido tão difícil. Como não consegui-
Guilherme Siebeneichler
A COP7 se aproxima do encerramento. Neste sábado é realizada a plenária final da convenção e a partir disso é publicada a atualização do tratado global de combate ao tabagismo. A semana foi intensa para os representantes da cadeia produtiva, que realizaram esforço extra pra garantir diálogo com a delegação do Brasil. A expectativa é de que as decisões incluídas no tratado não irão afetar a produção de tabaco. Esta, segundo a delegação brasileira, é a posição adotada desde o início da conferência. Marcada pela falta de transparência, desencontros e falta de informações, a COP encerra com a lição de que os representantes do setor precisam se mobilizar mais cedo e garantir apoio de fato dos setores governametais à produção.
Encontros paralelos com representantes do governo objetivaram atualizar informações sobre a conferência deste ano na Índia
mos chegar perto do local, era essencial manter contatos com a Embaixada. Para a próxima edição teremos que nos mobilizar mais e garantir que pelo menos se consiga estar próximo ao espaço de realização. É uma vergonha a falta de transparência deste evento.” No mesmo sentido, o presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, avaliou a conferência como difícil para contato com os representantes brasileiros. “Ficamos sem conta-
to praticamente, mesmo com as reuniões agendadas com o embaixador, a proibição de acesso nos exgiu mobilizações também no Brasil. Acredito que esta foi a pior situação enfrentada na COP7.” A falta de diálogo na Índia, mesmo após mobilizações no Brasil, exigiu dos parlamentares e prefeitos contatos diários com lideranças políticas nacionais, com o objetivo de pressionar a delegação brasileira por informações.
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