OJORNAL 15/04/2012

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O JORNAL l MACEIÓ, 15 DE ABRIL DE 2012 l DOMINGO

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Opinião

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Um crime grave Sistema Jornal de Comunicação Conselho Consultivo João Lyra (Presidente), Arnaldo Cansanção Antonio Rezende José Alfredo de Mendonça Nelson Ferreira

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O Jornal

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m preso morreu no HGE [Hospital Geral do Estado] após ser torturado no Presídio Baldomero Cavalcanti quando homens do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais] procuravam informações sobre a fuga de três detentos. Pelo menos é a partir dessa suspeita que a Polícia Civil vai iniciar as investigações em torno do caso. O chefe da Polícia Civil em Alagoas [delegado José Edson de Freitas] já disse que o caso será investigado em inquérito policial como um homicídio em consequência de espancamento ou tortura. Seria, então, a morte do reeducando um crime nos moldes daqueles cometidos pela Ditadura Militar. Hoje, dezenas de anos depois do fim da Ditadura, a sociedade em geral tem repulsa a tudo que se refira ao período. Igualmente indignado com o que os efeitos da Ditadura causaram às pessoas consideradas subversivas, o ex-presidente Lula concedeu indenização em dinheiro para familiares daqueles que foram mortos pelo regime militar. Até hoje, muita gente ainda reivindica essa indenização, ou ao menos o direito de enterrar os corpos dos seus entes queridos. Saber como tudo aconteceu para o desaparecimento deste ou daquele “subversivo” ou “comunista” parece querer muito. A viagem na triste história serve para fazer

Editor-Geral Deraldo Francisco deraldo@ojornal-al.com.br

um paralelo entre o regime de ontem e algumas situações semelhantes que ocorrem hoje. Esse caso fatal do Baldomero Cavalcanti pode ser o retalho de uma história igualzinha que, talvez, a sociedade alagoana ainda não tenha o conhecimento pleno. No episódio que resultou na morte do reeducando, há uma série de fatos que depõem contra o Estado. Primeiro, a revista do Bope que teria resultado numa sessão de espancamento. Os hematomas espalhados pelos corpos de dezesseis reeducandos foram mostrados pela imprensa alagoana a partir de um vídeo feito com a câmera de um telefone celular. Em outra situação, um desses presos teria sido gravemente ferido na suposta sessão de espancamentos e, mesmo assim, não teria sido levado imediatamente para receber atendimento médico num hospital. Cinco dias após dar entrada no HGE, o preso morreu na unidade hospitalar. A direção do hospital não teria divulgado o prontuário do paciente e teria informado apenas que o preso morreu de pneumonia provocada por um câncer. O rapaz tinha 21 anos. Para piorar a situação e responsabilizar ainda mais o Estado nesse caso, o laudo cadavérico do IML [Instituto Médico Legal] de Maceió atesta que a morte do preso foi por insuficiência respiratória.

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Frase do dia

“O Titanic é a perfeita tragédia: o homem tentou controlar o universo, mas viu que sua grandeza não é total”. TIM MALTIN, pesquisador inglês que integra a equipe da National Geographic, sobre o naufrágio do transatlântico ocorrido há 100 anos.

Mais médicos para o Brasil João Lyra Deputado federal e presidente do PSD em Alagoas Brasil conta com 1,95 médico por mil habitantes, praticamente empatado com a Venezuela (1,94) e muito abaixo da Argentina (3,16) e do México. O resultado disso é que a assistência médica à saúde do brasileiro é deficiente, bem distante dos padrões mundiais e incompatível com os avanços socioeconômicos que o País tem conquistado nos últimos anos. Preocupada com essa situação, a presidenta Dilma Rousseff determinou aos ministérios da Saúde e da Educação implantarem, no curto prazo, um plano destinado a aumentar o número de formandos de Medicina no País. Por outro lado, a chefe da Nação ainda quer alterações no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Covalida), a fim de facilitar a entrada desses profissionais no Brasil. Essa medida, segundo o governo, contribuiria para reduzir os problemas atualmente registrados no atendimento das instituições públicas à população mais necessitada. Entre as razões para que a presidenta explicite suas apreensões, observa-se que, em 2011, nada menos do que 1.228 municípios pediram ajuda ao Ministério da Saúde para atrair médicos recém-formados. O objetivo era o de preencher cerca de 7.193 vagas abertas para aqueles profissionais, mas somente 1.460 deles demonstraram interesse na função, o equivalente a 20% da oferta de vagas. Por sua vez, balanço do Ministério da Saúde registra que 233 cidades não conseguiram atrair um só profissional na citada convocação. Esses dados não passam desper-

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cebidos, e o governo entende que chegou a hora de agir com a máxima urgência. Nesse contexto, soam positivamente as declarações de Dilma Rousseff, por ocasião da assembleia dos Brics, ocorrida há alguns dias em Nova Délhi, na Índia: “Temos um dos menores coeficientes de médicos por habitante (1,6). A população reclama da falta de médicos e de atendimento. O que o povo quer é médico e atendimento na hora em que precisar”. Depois que a notícia da facilitação do registro de médicos estrangeiros tornou-se pública, associações médicas têm rejeitado a medida, alegando o despreparo daqueles para o exercício de suas funções. Todavia, se alterações no Covalida forem feitas de comum acordo com a categoria - e o governo nada vai fazer sem consultar e ouvir as associações -, o Brasil e a população só terão a ganhar: poderemos chegar a 2020 com um coeficiente de pelo menos 2,5 médicos por mil habitantes, um avanço, sem dúvida, mas ainda insuficiente para, naquele ano, dar suporte à então quinta maior economia mundial.

Lei dos resíduos sólidos (III) Alder Flores Advogado, químico, auditor ambiental e membro da Academia Maceioense de Letras

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Poderemos chegar a 2020 com um coeficiente de pelo menos 2,5 médicos por mil habitantes

San or definição, lixo eletrônico são resíduos de aparelhos eletrônicos, comumente chamados sucata de informática, lixo eletrônico ou tecnológico. Vários destes aparelhos elétricos e eletrônicos contêm componentes considerados tóxicos não biodegradáveis. O rápido avanço da tecnologia e o baixo custo de aquisição levam anualmente à substituição de milhares de aparelhos, resultando no avanço deste problema no Brasil e no mundo. É certo que de acordo com a lei os fabricantes são responsáveis pelo recebimento e reciclagem de seus produtos, sem custo para o consumidor final. Devido à responsabilização dos fabricantes, a reciclagem do lixo eletrônico ganhou escala, e empresas especializadas foram criadas para receberem os equipamentos obsoletos entregues pelos consumidores, promovendo uma parceria para o reaproveitamento das matérias primas. O lixo eletrônico é basicamente composto dos seguintes equipamentos: monitores, impressoras, telefones, fax, televisores, aparelhos de som, leitores de cd, torradeiras, aspiradores, brinquedos eletrônicos e aparelhos e instrumentos de uso na medicina, etc. Em sua composição o lixo eletrônico em geral contém várias substâncias tóxicas que podem causar sérios danos ao ser humano e a o meio ambiente, desde que não sejam

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Região e comunicação José Marques de Melo Jornalista, professor universitário, escritor e docente fundador da Escola de Comunicação e Artes da USP

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regionalização comunicacional, prevista no artigo 221 da Constituição Cidadã, permanece letra morta pela displicência parlamentar, que até agora não fixou percentuais nem regulamentou a produção cultural via rádio e televisão. Em consequência, os traços marcantes da identidade brasileira, historicamente plasmados pelo nosso arquipélago cultural, começam a desaparecer ou a se esgarçar. A ausência de iniciativas eficazes e duradouras pode conduzir o país à condição de espelho caricato da aldeia global. Afortunadamente, existem tentativas de governos estaduais no sentido de aplicar o dispositivo constitucional aos sistemas midiáticos que a tutelam. A vanguarda desse movimento regionalista encontra-se no Estado de Alagoas, cujo governo criou em 2001 o primeiro Conselho Estadual de Comunicação no Brasil. Mais do que isso: implantou esse organismo mobilizando as instituições da sociedade civil para pensar modos de resgatar a autoestima regional e fortalecendo os valores culturais enraizados na sociedade. Trata-se de experiência cujo autor se dispõe a reconstituí-la e aplicá-la, sinalizando às demais unidades da Federação para dar passos semelhantes. Joaldo Cavalcante foi arrojado secretário de Comunicação do governo de Alagoas (1999 a 2006). Terminado o duplo mandato de Ronaldo Lessa, voltou à universidade, completando seus estudos de especialização, cuja monografia final ensejou o livro “A gente se vê na comunicação de governo?” (Maceió, Cesmac, 2011). Ali está a fonte inspiradora de novas experiências em território nacional, orientando o cidadão a discernir sua “identidade como essência da informação oficial”. Exercitando uma engenhosa carpintaria textual, ele figura

A ausência de iniciativas eficazes e duradouras pode conduzir o País à condição de espelho caricato da aldeia global ao mesmo tempo como observador participante e como agente da narrativa. Seguindo à risca a lição do artífice de “Caetés”, procede, na escrita, com a mesma destreza que Graciliano Ramos observou nas lavadeiras do sertão para limpar a roupa suja: molhando, torcendo, e enxaguando até alvejar, para só então secar no varal. Outra virtude do jovem escritor é ancorar-se na fortuna cognitiva de outro alagoano ilustre que deixou legado precioso a respeito da tradição do centralismo governamental brasileiro. Trata-se de Tavares Bastos, autor de “A Província” e “Caretas do Solitário”, em que pregou politicamente a descentralização no Brasil, servindo talvez de fundamento para a orientação geocultural adotada pelos constituintes de 1988. O belo estudo de Joaldo Cavalcante defende uma “política de comunicação oficial”, ensejando uma brecha no “pacto federativo”, que, segundo o prefácio do historiador Douglas Apratto Tenório, vem se perpetuando no cenário brasileiro. Daí a necessidade de regionalizá-la para “valorizar as diferenças culturais, fortalecendo a autoestima da população, fator decisivo para instaurar o desenvolvimento”.

Aproximadamente 94% dos materiais contidos nos aparelhos eletroeletrônicos podem ser reciclados manuseados corretamente. Dentre os produtos tóxicos encontrados no lixo eletrônico encontram-se os metais, tais como zinco, ferro, chumbo, mercúrio, entre outros. Os metais são substâncias altamente tóxicas e nocivas à saúde humana, podendo causar sérias lesões ao homem, afetando o sistema nervoso, os rins, fígado, pulmões, etc. Estudos indicam que aproximadamente 94% dos materiais contidos nos aparelhos eletroeletrônicos podem ser reciclados. A título de exemplo, as lâmpadas contêm em seu interior um metal pesado chamado mercúrio metálico, substância tóxica que, se ingerida ou inalada, causa danos ao sistema nervoso, além de impactos ao meio ambiente. No Brasil, estima-se que atualmente 80 milhões de lâmpadas são substituídas, gerando um grande passivo ambiental que necessita de cuidados especiais quanto ao seu manuseio, armazenagem, transporte, descontaminação e destinação final.


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