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Moçambique receberá investimentos de US$ 369,8 milhões em pesquisas de hidrocarbonetos

O sexto concurso de pesquisa de hidrocarbonetos, entretanto já encerrado, deverá resultar num investimento de perto de 370 milhões de dólares.

A informação prestada pelo Instituto Nacional de Petróleo, INP, aos deputados da Comissão do Plano e Orçamento da Assembleia da República, que visitaram a instituição nesta segunda-feira, 22/05, para junto da direcção obter mais informações que possam contribuir para melhorar a proposta do Fundo Soberano.

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O Administrador do Pelouro de Projectos e Desenvolvimento do Instituto, José Branquinho, deu o ponto de situação do sexto concurso para a concessão de novas áreas de pesquisa e produção de hidrocarbonetos, no qual participaram duas empresas.

“O concurso já foi encerrado e neste momento, prossegue o processo de clarificação com as empresas que foram adjudicadas às áreas. Importa realçar que neste concurso, portanto, há de haver investimento de cerca de 369,8 milhões de dólares e haverá contribuição para a formação de quadros nacionais com cerca de 65 milhões de dólares.

Uma das questões colocadas pelos deputados tem a ver com o nível de preparação dos quadros nacionais para fiscalizar os projectos de petróleo e gás natural, ao que o PCA do INP, Nazário Bangalane, respondeu: “em termos de qualidade, nós estamos satisfeitos”.

“ O que nos preocupa é realmente aumentar o número desses quadros qualificados, mas com os quadros que nós temos hoje e que estão sendo capacitados para responder cabalmente os desafios que o sector de petróleo tem, estamos satisfeitos”, disse Nazário Bangalane.

• Relatório, elaborado em Março último, atesta que a situação de segurança no norte da província de Cabo Delgado evoluiu positivamente em 2022. Está é uma das principais recomendações do relatório sobre a situação humanitária na província, que a petrolífera divulgou nesta terça-feira, 23/05, elaborado pelo consultor Jean-Christophe Rufin a pedido precisamente da petrolífera na perspectiva de avaliar as condições de retoma do projecto.

“A Mozambique LNG estabelecerá uma Fundação dedicada à implementação de um programa de desenvolvimento socioeconómico que abrangerá todo o território da província de Cabo Delgado, como parte de uma estratégia de desenvolvimento consistente e sustentável. A acção da Fundação será orientada por um objectivo de prosperidade partilhada na província, sem esperar pelas receitas durante a fase de produção do projecto”, refere o relatório.

A análise ao relatório sugere que poderá estar para breve a retoma do projecto, inferindo-se que a petrolífera obteve o conforto que precisava para retoma do projecto.

O documento aponta ainda que, efectivamente, com vista a sustentar a sua acção, a referida Fundação, que actuará sob o nome de “Pamoja Tunaweza” (“juntos podemos”, em Kiswahili), será dotada de um orçamento plurianual de 200 milhões de dólares e presidida por uma figura reconhecida no domínio do desenvolvimento económico local e supervisionada por um Conselho de Administração que incluirá representantes da Mozambique LNG e da sociedade civil.

“As suas acções serão conduzidas de forma coordenada com as actividades levadas a cabo pelos outros actores do desenvolvimento presentes na província de Cabo Delgado”.

De acordo com a nota de imprensa divulgada pela Total Energies, o relatório, elaborado em Março último, atesta que a situação de segurança no norte da província de Cabo Delgado evoluiu positivamente em 2022.

Como evidencia da melhoria das condições de segurança nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, diz a Total, o relatório destaca o regresso das populações deslocadas pelo conflito às respectivas vilas distritais e destaca a qualidade de execução das acções desenvolvidas pelo seu Projecto e o impacto positivo que estas trazem na vida da população local.

Segundo o documento, a qualidade de execução das acções levadas a cabo pela Mozambique LNG e o seu impacto (positivo) nas condições de vida da população local “são de destacar”. Assim, no que diz respeito às populações afectadas pelo desenvolvimento da zona industrial de Afungi, o embaixador Jean-Christophe Rufin, autor do relatório, recomenda várias vias de melhoria para finalizar, nas melhores condições, a implementação do plano de reinstalação e assegurar a compensação das pessoas afectadas de acordo com as melhores práticas.

“Estas melhorias dizem respeito, em particular, à actualização dos inventários dos bens das pessoas afectadas, ao calendário de pagamento das compensações, à disponibilização de terras agrícolas e ao acesso às zonas de pesca”, sugere o documento.

Entretanto, as recomendações do relatório quanto às populações afectadas pelo desenvolvimento da zona industrial de Afungi sugerem que “o processo de realojamento e compensação deve ser auditado por forma que identifique as acções correctivas a implementar”. Além disso, “os inventários dos bens das populações afectadas pelo projecto e sujeitos a compensação (construções, terrenos e plantações) serão actualizados, para garantir que as compensações reflictam plenamente a situação actual desses bens”, salientando que “o pagamento das indemnizações às famílias afectadas pelo projecto será acelerado”.

O documento informa ainda que “será criado um grupo de trabalho em conjunto com as autoridades moçambicanas para permitir que todas as famílias obtenham, até ao final do Verão de 2023, os documentos legais necessários para receberem os pagamentos que lhes são devidos.

A TotalEnergies frisa que Projecto Mozambique LNG fará uma auditoria ao processo de reassentamento para identificar as acções correctivas a serem implementadas. Igualmente, serão concluídas as obras de construção das novas casas da aldeia de reassentamento, em Quitunda, até ao final do Verão de 2023.

Sasol descobre mais gás em Inhambane

A Sasol Mozambique PT5-C, Limitada (SMPT5-C) efectuou uma descoberta de gás natural, em rochas areníticas de idade da Formação de Grudja Inferior, após execução do poço de pesquisa Bonito-1, na Área PT5-C, localizada na parte Sul do distrito de Inhassoro, Província de Inhambane, Bacia de Moçambique, cujos limites cobrem uma área de cerca de 3142 km2, entre os campos de Pande e Temane, revelou o Instituto Nacional de Petróleo (INP).

Segundo o INP, o poço foi executado entre os dias 25 de Março e 5 de Abril de 2023 e atingiu a profundidade de 1934 m MD, em sedimentos do Cretácico Inferior (Horizonte G-12), sendo que a descoberta foi confirmada através de leituras do registo de lama de perfuração, dados cromatográficos, diagrafias eléctricas e testes dinâmicos modulares (MDT).

O poço Bonito-1 é o segundo a ser perfurado na área PT5-C, uma vez que o primeiro foi negativo, e enquadra-se no âmbito das obrigações contratuais estabelecidas no primeiro subperíodo de pesquisa, do Contrato de Concessão para Pesquisa e Produção para a Área PT5-C Onshore, assinado em Outubro de 2018, no âmbito do 5º Concurso de Concessão de Áreas para Pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos.

O INP avança que a SMPT5-C prosseguirá com trabalhos de avaliação do jazigo e respectiva viabilidade comercial.

São concessionários da Área PT5-C a Sasol Mozambique PT5-C LTD, que detém 70% de interesse participativo, e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, E.P (ENH), com 30%.

• “Os gastos actuais com investimento em combustíveis fósseis são mais do que o dobro dos níveis necessários no cenário de emissões líquidas zero até 2050”, revela a Agência Internacional de Energia;

• Por cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de 1,7 dólares estão agora a ser canalizados para energias limpas.

O investimento global em energia deve atingir cerca de 2,8 biliões de dólares em 2023, de acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia. A entidade acrescenta que com mais de 1,7 biliões de dólares desse valor é destinado a tecnologias de energia limpa, como veículos eléctricos, energias renováveis e armazenamento.

Analistas e investidores, entre outros defensores da transição para um futuro sustentável, acolhem com agrado este último número, no entanto, receia-se que provavelmente fiquem desanimados com a projecção da AIE de que carvão, gás e petróleo ainda estão no caminho certo para atrair “um pouco mais” de US$ 1 bilião de dólares em investimentos este ano.

“Os gastos actuais com investimento em combustíveis fósseis são agora mais do dobro dos níveis necessários no cenário de emissões líquidas zero até 2050”, disse o relatório de investimento mundial em energia da AIE para 2023.

“O desalinhamento para o carvão é particularmente marcante: os investimentos de hoje são quase seis vezes os requisitos de 2030 do Cenário NZE”, acrescentou.

Grande debate

Ao longo dos últimos anos, figuras de alto nível, como o secretário-geral da ONU, António Guterres, deram a conhecer os seus sentimentos em relação aos combustíveis fósseis.

Em Junho do ano passado, Guterres criticou novos financiamentos para a exploração de combustíveis

Apesar destas preocupações, a indústria de petróleo e gás continua a desenvolver projectos em todo o mundo.

Em Outubro de 2022, por exemplo: A BP – O chefe Bernard Looney disse que a estratégia de sua empresa estava centrada em investir em hidrocarbonetos e, ao mesmo tempo, colocar dinheiro na transição energética planeada.

Mudança a chegar?

Embora haja preocupações sobre o dinheiro que flui para os combustíveis fósseis, Fatih Birol, director executivo da AIE, procurou destacar o que poderia ser uma mudança significativa no futuro.

“A energia limpa está se movendo rapidamente – mais rápido do que muitas pessoas imaginam”, disse ele em um comunicado divulgado ao lado do relatório da AIE. “Isso é claro nas tendências de investimento, onde as tecnologias limpas estão se afastando dos combustíveis fósseis.”

“Por cada dólar investido em combustíveis fósseis, cerca de 1,7 dólares estão agora a ser canalizados para energias limpas”, acrescentou Birol, explicando que este rácio era de um para um há apenas cinco anos.

“Um exemplo brilhante é o investimento em energia solar, que deve ultrapassar o montante de investimento na produção de petróleo pela primeira vez.”

O mercado mantem-se comprometido com a compra do GNL de Moçambique, mesmo despois do interregno registado. Particularmente, o projecto que inclui o desenvolvimento de campos de gás offshore na Área 1 de Moçambique e uma fábrica de liquefacção de 12,8 mtpa no complexo de Afungi, mantem posição firme dos compradores, isso mesmo deu a entender o CEO do Total Energies, Patrick Pouyanne.

Além da TotalEnergies, outros parceiros no projecto são a japonesa Mitsui, a moçambicana ENH, a tailandesa PTT e as indianas ONGC, Bharat Petroleum e Oil India.

A TotalEnergies reiterou que quase 90 produções do projecto de GNL de Moçambique são vendidas através de contratos de longo prazo com os principais compradores de GNL na Ásia e na Europa. A Anteriormente, a empresa planejava começar a enviar cargas em 2024.

Apesar do atraso, todos os compradores de GNL continuam comprometidos com seus contratos de offtake, de acordo com Pouyanne.

“Os compradores não exerceram nenhuma cláusula contratual com o projecto”, disse.

Ele disse que a TotalEnergies também reservou cerca de 0,7 milhão de toneladas por ano do projecto.

“Se alguns compradores preferirem retirar, estamos prontos para levar mais, então estamos abertos a isso, mas alguns compradores japoneses também estão prontos para levar mais”, disse ele, acrescentando que a Mitsui está entre eles.

Disse que há “algum apetite no mercado”, uma vez que o GNL moçambicano tem enormes reservas e o projecto está “bem localizado” directamente no Oceano Índico.

Em finais de Abril, o CEO da TotalEnergies, quando procedia a apresentação dos resultados trimestrais da Total Energies, apelou aos empreiteiros de GNL em Moçambique a serem “razoáveis” em relação aos custos, em contexto de reavaliação da retoma do projecto

Em Fevereiro, Pouyanne disse que a Total “não tinha pressa” em reiniciar o projecto, apontando que segurança, direitos humanos e manutenção de custos são os três principais elementos para tomar a decisão de regressar à unidade de Afungi, na província de Cabo Delgado.

O CEO também confiou a JeanChristophe Rufin, especialista em acção humanitária e direitos humanos, uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província.

O contratante EPC do projecto é a CCS JV, um empreendimento entre Saipem, McDermott e Chiyoda.

A Saipem disse em Fevereiro que espera reiniciar os trabalhos no projecto de GNL de Moçambique em Julho deste ano, enquanto o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, terá dito mais ou menos no mesmo período que é seguro para a TotalEnergies continuar a trabalhar no projecto.

Patrick Pouyanne falava em teleconferência de resultados do primeiro trimestre da Total Energies,, onde sublinhou que os termos de custo são o último passo antes de reiniciar o projecto.

“Comentei recentemente que precisamos que as empreiteiras sejam razoáveis. Alguns não o são. Por isso, vamos repetir alguns dos pacotes porque não há como aceitarmos alguns custos indevidos”, disse.

“Pagámos o que tínhamos de pagar porque parámos o projecto e temos de reiniciar o projecto que teve impacto, obviamente. Não vemos por que devemos pagar mais do que isso”, disse Pouyanne.

Eskom está sendo substituída

A electricidade gerada pelo sector privado excederá a produção da frota de geração da Eskom até 2025, substituindo do mercado, efectivamente, a empresa estatal Eskom.

A revelação é de uma pesquisa do RMB Morgan Stanley, feita em organizado pela Anchor Capital.

O CEO da Anchor Capital, Peter Armitage, observou que a Eskom é o maior risco actual para a economia sul-africana.

O desempenho da empresa se deteriorou acentuadamente nos últimos anos, com 2023 registando níveis recordes de redução de carga.

No entanto, Armitage observou que a narrativa em torno da geração de electricidade e da redução de carga está a começar a mudar, tornando-se gradualmente mais positiva.

O sector privado está a preencher o vazio deixado pela Eskom de forma semelhante à forma como as companhias aéreas privadas preencheram o vazio deixado pelo colapso da South African Airways.

Por exemplo, no primeiro trimestre de 2023, a África do Sul importou cinco vezes mais baterias do que em todo o ano de 2022.

As importações de painéis solares também atingiram um recorde histórico de R3,6 bilhões na África do Sul durante os primeiros três meses de 2023.

Estima-se que isso acrescente 667MW a 1.000MW de capacidade de geração.

Dados do RMB Morgan Stanley mostram que o sector privado, através de energias renováveis, vai gerar mais electricidade do que a Eskom até 2025.

Tal baseia-se no pressuposto de que a Eskom manterá um factor de disponibilidade de electricidade (FEA) de 53%, o que é pouco provável, uma vez que o FEA se deteriorou acentuadamente nos últimos 12 meses.

Em 2025, o RMB estima que a Eskom gerará cerca de 25.200MW de electricidade, pouco mais de 47% de sua capacidade nominal.

As fontes de energia alternativas produzirão 26.600MW em 2025 – contra 13.300MW no final de Março de 2023.

No entanto, isso não significa que a redução de carga chegará ao fim.

O RMB estima que o défice de oferta será significativamente reduzido, mas permanecerá em torno dos 400MW em 2025.

Até 2030, mesmo com fontes de energia alternativas produzindo acima de 36.000MW, um déficit de mais de 1.000MW permanecerá.

Tal dever-se-á principalmente à deterioração adicional da frota geradora da Eskom.

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